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SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 2 UNIDADE 2 – TEOLOGIA ESSENCIAL ................................................................ 5 2.1 ORIGENS, HISTÓRIAS E CONCEITOS ESSENCIAIS EM TEOLOGIA ............................ 6 2.2 TIPOS DE TEOLOGIA....................................................................................... 11 2.3 OBJETO DA TEOLOGIA .................................................................................... 13 UNIDADE 3 – PRESSUPOSTOS PARA / DA TEOLOGIA.................................. 15 3.1 PRESSUPOSTOS BÁSICOS ............................................................................... 15 3.2 PRESSUPOSTOS INTERPRETATIVOS ................................................................. 15 3.3 PRESSUPOSTOS SISTEMÁTICOS ...................................................................... 17 3.4 PRESSUPOSTOS PESSOAIS ............................................................................. 18 UNIDADE 4 – DOUTRINAS E DOGMAS ............................................................ 20 UNIDADE 5 – APOLOGÉTICA ............................................................................ 26 5.1 OS FINS DA APOLOGÉTICA .............................................................................. 26 5.2 APOLOGÉTICA X APOLOGIA – DESFAZENDO CONFUSÕES ................................... 28 5.3 IMPORTÂNCIA ................................................................................................ 29 UNIDADE 6 – TEOLOGIA PASTORAL ............................................................... 34 6.1 AS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE ............................................................ 35 6.2 PERSPECTIVA TEOLÓGICA DA PASTORAL .......................................................... 38 6.3 A FÉ E A JUSTIÇA COMO INSTRUMENTOS DO MINISTÉRIO DA PASTORAL ............... 40 6.4 CATEQUESE – A INICIAÇÃO CRISTÃ .................................................................. 44 UNIDADE 7 – TEOLOGIA MORAL ..................................................................... 46 UNIDADE 8 – SACRAMENTOLOGIA ................................................................. 49 8.2 AS PARTES COMPONENTES DO SACRAMENTO ................................................... 55 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 58 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Discurso sobre Deus e as coisas divinas! Se considerarmos o uso das palavras, a assertiva acima é uma definição bem simples e concisa para Teologia. Assim como ‘Pneumatologia’ seria a doutrina acerca dos espíritos e ‘Astrologia’, o estudo dos astros. Ainda em se tratando de palavras e elementos de composição como, por exemplo, “logia”, sinônimo de discurso, linguagem, estudo, ciência, veremos ao longo de alguns módulos vários estudos compostos por ela, afinal de contas, “as coisas divinas” passam por anjos e demônios (Angelologia e Demonologia), pecado e salvação (Hamartiologia e Soterologia), sacramentos (Sacramentologia), Jesus Cristo (Cristologia), Maria (Mariologia), fim dos tempos (Escatologia), entre outros. Pontual e enciclopedicamente temos vários tipos ou ramificações da Teologia, melhor dizendo, áreas de estudo, tais como: � Teologia apofática que seria a teologia negativa, aquela que afirma o que Deus não é; � Teologia catafática, afirmativa, em cujas proposições se diz o que Deus é; � Teologia da crise ou neo-ortodoxia; � Teologia da cultura que é uma tentativa de analisar a teologia que está por trás de todas as expressões culturais cuja substância é a religião; � Teologia da demitologização também chamada de teologia da interpretação existencial; � Teologia fundamental que perseguiremos mais de perto, definida como a ciência que pergunta pelas bases, pelos fundamentos da teologia, explicando que sob fundamento e base se entendem os pressupostos e condições da possibilidade de teologia. Lembremos 1 Pedro 3:15 (“estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 3 esperança que há em vós”) é tido na conta de expressão clássica da questão com que se ocupa a teologia fundamental. Pois bem, para que “estudar” Teologia e onde aplicar os conhecimentos advindos dela? Quem nos responde de maneira bem didática é o Guia de Carreiras. O profissional formado no curso de Teologia encontra diversas áreas de atuação no mercado de trabalho. Vejamos: � ministério – o preparo para o ministério religioso é o objetivo de grande parte dos estudantes de Teologia. Os profissionais formados pode prestar assistência e realizar cultos em comunidades religiosas, conventos, colégios, universidades, hospitais, presídios, corporações militares e outras organizações ou corporações; � pesquisa – o profissional da área de Teologia pode trabalhar fazendo pesquisas históricas, estudando as tradições religiosas ou interpretando doutrinas, textos sagrados e dogmas religiosos. Pode fazer também análise e interpretação da influência que a religião exerce sobre determinado grupo social; � ensino – o profissional licenciado em Teologia pode dar aulas de religião em todos os níveis de ensino, ou ainda atuar em projetos educacionais de Organizações Não Governamentais (ONGs) e centros religiosos; � empresas – diversas empresas empregam estes profissionais para dar apoio e aumentar a eficiência das equipes. A Petrobras, por exemplo, contrata Teólogos para dar suporte às equipes das plataformas marítimas; � mercado editorial – o profissional de Teologia pode atuar também como escritor, produzindo livros e revistas voltados para temas religiosos. Segundo o Pastor Cristiano Moreira (2013), ao contrário do que muitos pensam o estudo da Teologia não se restringe apenas aos intelectuais e acadêmicos. A Teologia é tarefa para todos. Não é um meio de se destacar entre os sábios e entendidos em matéria de religião, também não é um estudo Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4 direcionado em conhecer a totalidade da revelação de Deus ao Homem, pois certamente isto não irá acontecer, visto que nossa limitação não pode compreender a revelação de Deus de forma completa, pois ele é eterno e infinito, ao passo que somos pecadores limitados (1 Cor.13.9-12). Podemos dizer que é um meio de termos um relacionamento mais próximo com o Eterno, de conhecermos seus atributos, sua vontade. A Teologia nos leva ao encontro da graça de Deus. Não somente um meio de exercício do intelecto, numa tentativa de conhecer a vontade de Deus para nós, mas uma dádiva de Deus com propósito de se fazer conhecido por meio das Escrituras, e isto é para todos que desejarem se esmerar no estudo dela. Enfim, nos propomos mais a lançar reflexões do que ensinamentos fechados propriamenteditos e desejamos boas-vindas ao curso de Teologia. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 5 UNIDADE 2 – TEOLOGIA ESSENCIAL Estudos de Zilles (2013) afirmam que o termo teologia, que significa discurso sobre Deus, não é criação bíblica nem cristã. Desde a Antiguidade grega, foi usado com o tríplice significado: a) Mitológico, como discurso mítico, no qual se fala dos deuses. b) Filosófico-cosmológico, pois a partir de Aristóteles passou a ser usado como equivalente à “filosofia primeira” ou metafísica. c) Cultual público, no sentido do que se diz dos deuses no culto oficial. Por causa dessa origem pagã do termo, os primeiros cristãos evitavam seu uso. Passou a ser adotado por Justino, Clemente e Orígenes, entre outros, tornando-se de uso corrente a partir do século IV para designar a doutrina sobre Deus uno e trino. Na Idade Média, passou a ter o significado de explicação racional da revelação divina. Mais adiante, teremos uma unidade para tratarmos do assunto especificamente na idade antiga e fazer uma retrospectiva até os tempos mais atuais para entendermos melhor as questões que nos levam a refletir e muitas vezes nos atordoar mais do que clarificar os mistérios da vida. Fato é que a teologia teve que percorrer um longo caminho antes de ser acolhida, de modo explícito e reflexo, no horizonte da fé cristã e da revelação. Ela legitima-se na alta Idade Média como scientia fidei, fundamentada sobre a natureza racional do homem e sobre a automanifestação de Deus, no testemunho da Sagrada Escritura, pois ela é obra da razão e da fé. Quando a teologia, como pergunta nascida no coração da própria fé, deixa de filosofar, ela facilmente cai num biblicismo fundamentalista ou num positivismo dogmático. Talvez, a atual crise da metafísica grega possa oportunizar à teologia cristã um estudo mais criativo do encontro histórico entre a revelação judeu-cristã e o pensamento filosófico e científico contemporâneo. A fé inclui a capacidade de compreender e conhecer o que Deus revela ao homem, ou seja, inere à fides quaerens intellectum e, por isso, credo ut Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 6 intelligam, ou seja, para crer o homem não precisa nem deve renunciar à sua razão. Também veremos que em tempos atuais, o velho problema se formula na questão “fé-ciência”, indo, portanto, “bater de frente” para além da Filosofia, ou seja, com áreas que se baseiam na maioria das vezes em métodos científicos para explicar “as coisas” do universo. Certo é que a teologia trata da experiência de Deus, de nossa experiência de Deus enquanto membros de uma comunidade de fé. É o esforço de reflexão sistemática e científica, para compreender e interpretar a experiência de fé de uma comunidade e expressar essa experiência em linguagem compreensível em seu contexto histórico-cultural concreto (ZILLES, 2013). 2.1 Origens, histórias e conceitos essenciais em Teologia Pontualmente ou como origem real, podemos dizer que Teologia é o resultado da pergunta do crente por seu próprio ser e situação de fiel. Por conseguinte, Teologia fundamental se reporta a uma reflexão sistemática e científica a partir da atitude espontânea que surge em todo fiel: a fé que procura entender (fides quaerens intellectum). Historicamente, a Teologia nasce a partir da apologética, substituindo esta como uma nova orientação de sua tarefa, motivada pela evolução da ciência, a cultura e o pensamento filosófico e teológico (URBINA, 1998). Para Matos (2008), a teologia histórica ou história da teologia ou ainda história da doutrina, tem estreita conexão com duas áreas muito importantes: a história da Igreja e a teologia cristã. Levanta-se então a seguinte pergunta: A teologia histórica é primordialmente história ou teologia? Qual das duas ênfases é predominante? Variam as posições dos autores sobre essa questão, mas não seria incorreto dizer que ela tem estreita e igual conexão com essas duas áreas correlatas. Inicialmente, é necessário considerar como a teologia histórica se encaixa nas subdivisões dos estudos históricos do cristianismo. Vejamos as explicações de Matos: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 A história da Igreja é a mais ampla das disciplinas que tratam do passado cristão. É o estudo da caminhada e do desenvolvimento da Igreja através dos séculos, em muitas áreas diferentes: missões e expansão geográfica; culto, liturgia e sacramentos; espiritualidade e vida cristã prática; organização, estrutura e forma de governo; pregação, arquitetura e arte sacra; relacionamento com a sociedade, a cultura e o Estado. Enfim, pode-se afirmar que a história da Igreja ou do cristianismo inclui tudo o que a Igreja faz no mundo, sendo essencialmente um estudo e uma narrativa de eventos, personagens e movimentos. Inclui o que hoje se denomina história institucional e história social. Todavia, a história da Igreja, além de analisar a prática da Igreja, também aborda seu pensamento, aquilo que ela ensina. Isto se relaciona mais concretamente com a teologia histórica. Os tópicos acima podem ser considerados com base em duas perspectivas. Por exemplo: a prática da Igreja na área de missões (história da Igreja) e a reflexão que ela faz sobre sua missão (história da teologia), ou a evolução de suas práticas litúrgicas (história da Igreja) e a reflexão sobre o significado do culto e da liturgia (teologia histórica). Esse estudo do pensamento e do ensino da Igreja pode ter várias abordagens. A história do dogma é a análise de certos temas doutrinários particulares que receberam uma definição oficial e normativa da Igreja. Alguns historiadores entendem que apenas três áreas de doutrina se inserem na história do dogma: a doutrina da Trindade (definida nos Concílios de Nicéia e de Constantinopla), a doutrina da pessoa divino-humana de Cristo (Concilio de Calcedônia) e a doutrina da graça ou, mais especificamente, a relação entre a graça divina e a vontade humana no que se refere à salvação. No outro extremo está a história do pensamento cristão, que identifica um vasto campo de investigação, incluindotópicos que estão além dos limites da teologia clássica, como certas questões filosóficas, éticas, políticas e sociais. Os estudiosos também empregam os termos “história das ideias” e “história intelectual” para se referir a esse contexto mais amplo dentro do qual se insere a teologia histórica. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 8 A história da teologia não tem um campo tão limitado como a história do dogma, nem tão amplo como a história do pensamento cristão, mas usa ambas as áreas em sua elaboração. Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas existente na vida da Igreja em cada período da história. Em contrapartida, é necessário verificar como a teologia histórica se posiciona no outro campo de estudo com o qual está relacionada: a teologia cristã. Ao se considerar a chamada “enciclopédia teológica”, ou seja, o conjunto de disciplinas que se dedicam ao estudo da teologia, é comum fazer a seguinte classificação: � Estudos bíblicos – trata-se do estudo do texto das Escrituras — a fonte primordial da teologia cristã — nos aspectos literários, históricos e teológicos, o que inclui sua interpretação através da hermenêutica e da exegese. Aqui também pode ser incluída a “Teologia bíblica”, que é o esforço de identificar as ideias teológicas de cada documento ou autor das Escrituras: a teologia dos salmos, a teologia de Paulo, entre outros; � Teologia sistemática – é o esforço de apresentar os dados da teologia de maneira organizada, até mesmo para fins didáticos. No seu sentido tradicional, busca apresentar um panorama claro e ordenado dos principais temas da fé cristã, seguindo com frequência o padrão do Credo dos apóstolos, ou seja, indo desde a doutrina de Deus até a das últimas coisas ou escatologia; � Teologia filosófica – é o ramo da teologia que busca encontrar um terreno comum entre a fé cristã e outras áreas de atividade intelectual. Historicamente, tem havido aproximação entre a teologia e a filosofia em alguns períodos específicos (patrístico, escolástico, moderno) e em torno de certos tópicos particulares, como a doutrina de Deus. Em contrapartida, em todas as épocas, destacados pensadores cristãos têm expressado reservas em relação à filosofia (dois exemplos antigos são Irineu de Lião e Tertuliano de Cartago; um exemplo moderno é o teólogo neo-ortodoxo Karl Barth); Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 9 � Teologia pastoral – esse aspecto da teologia preocupa-se em aplicar os dados da teologia bíblica e sistemática às necessidades do ministério pastoral, especialmente na orientação e no cuidado dos indivíduos que compõem a Igreja ou que são objeto da sua atuação. Também é chamada teologia prática e inclui a pregação, a educação cristã e o aconselhamento; � finalmente, chega-se à Teologia histórica, que, na definição do autor irlandês Alister McGrath, “é o ramo da investigação teológica que objetiva explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e identificar os fatores que influenciaram sua formulação”. Em outras palavras, a história da teologia documenta as respostas às grandes questões do pensamento cristão e ao mesmo tempo procura explicar os fatores que contribuíram para a elaboração dessas respostas. Esse campo de estudos surgiu no século XVI, no contexto da Reforma Protestante, principalmente por razões polêmicas. Nos intensos debates sobre o que era autenticamente cristão, tornou-se decisivo verificar a continuidade entre as reformas protestante e católica e a Igreja antiga. A história da teologia é uma ferramenta pedagógica tendo em vista que oferece informações sobre o desenvolvimento dos grandes temas teológicos, os pontos fortes e fracos das diferentes abordagens e os marcos mais notáveis do pensamento cristão, em termos de autores e documentos. E também uma ferramenta crítica, pois permite ver as falhas, as limitações e os condicionamentos de certas formulações doutrinárias, o que possibilita seu contínuo aperfeiçoamento. Geoffrey W. Bromiley (s.d. citado por Matos, 2008) observa que a teologia histórica não é simplesmente uma história da teologia cristã, mas ela mesma implica fazer teologia. A teologia ou a doutrina cristã pode ser conceituada como a palavra da Igreja sobre Deus em resposta à Palavra de Deus à Igreja, ou como as palavras humanas com as quais a Igreja procura testemunhar da Palavra de Deus. Portanto, a tarefa teológica envolve quatro polos: Deus, as Escrituras, a Igreja e o mundo. Sendo a teologia uma tarefa da Igreja e dos cristãos, ela exige Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 envolvimento e participação responsável, objetivando engrandecer a Deus, valorizar sua revelação e contribuir para o ministério e a missão da Igreja. Ainda conceituando a teologia, Roger Olson (2000) faz algumas observações pertinentes: A teologia é inevitável na medida em que o cristão (ou qualquer outra pessoa) procura pensar de modo coerente e inteligente a respeito de Deus. E não somente é inevitável e universal, como também valiosa e necessária. Sem a reflexão formal a respeito do significado do evangelho da salvação que é parte da teologia, ele se degeneraria rapidamente para a condição de mera religião folclórica e perderia toda a sua convicção da verdade e sua influência sobre a igreja e a sociedade. Guarde... Quando se diz que um livro trata de teologia, isso implica mostrar sua extensão, ênfase e limitações. A palavra “teologia” é formada de duas partes: theos, que quer dizer “Deus”, e logos, a expressão racional, os meios da interpretação racional da fé religiosa. Então, podemos dizer que teologia significa “a interpretação racional da fé religiosa”. A teologia cristã, portanto, é “a interpretação racional da fé cristã”. Existem pelo menos três elementos incluídos no conceito geral de teologia. 1) Teologia é inteligível: ela pode ser compreendida pela mente humana de maneira ordenada e racional. 2) Teologia requer explicação: isso, por sua vez, envolve a exegese (análise dos textos no original) e a sistematização das ideias. 3) A fé cristã tem sua base na Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo baseado na Bíblia. Logo, teologia é a descoberta, a sistematização e a apresentação das verdades a respeito de Deus. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 11 2.2 Tipos de Teologia No livro “Teologia básica ao alcance de todos”, Charles Ryrie (2004) cataloga diferentes tipos de teologia. Vejamos alguns destes tipos: 1) Por época: por exemplo, teologia patrística, teologia medieval, teologia reformada e teologia contemporânea. 2) Por pontode vista: por exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio), teologia calvinista (defendida por João Calvino), teologia católica, teologia barthiana (defendida por Karl Barth), teologia da libertação, entre outras. 3) Por ênfase: por exemplo, teologia histórica, teologia bíblica, teologia sistemática, teologia apologética, teologia exegética, entre outras. Algumas dessas diferenças são muito importantes para todo aquele que estuda teologia. Vamos analisar mais um pouco alguns destes tipos?! � A teologia histórica aborda o que os estudiosos, individual ou coletivamente, pensam sobre os ensinos da Bíblia, conforme os pronunciamentos dos concílios realizados pela Igreja. Mostra como a Igreja estabeleceu tanto o que é verdadeiro quanto o que é errado e serve para guiar a teologia em seu próprio entendimento e declarações doutrinárias. Um estudante é capaz de chegar, de maneira mais eficiente, a suas próprias conclusões a respeito da verdade quando conhece as contribuições e os erros da história da Igreja. � Apesar de a expressão “teologia bíblica” ter sido usada de várias maneiras, ela serve para rotular uma ênfase específica no estudo da teologia. De maneira não-técnica, pode referir-se à teologia pietista (em contraste com a teologia filosófica), ou a uma teologia baseada na Bíblia (em contraste com uma que interage com os pensadores contemporâneos), ou ainda à teologia exegética (em contraste com a teologia especulativa). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 12 Algumas teologias bíblicas contemporâneas, de perspectiva liberal, enquadram-se nesta última categoria, exegética, mesmo que sua exegese não represente fielmente o ensino bíblico. Muitas vezes, seus escritos são apenas comentários a respeito de tudo o que a Bíblia diz sobre assuntos como o Reino de Deus, as alianças. Deus (se for teologia bíblica do Antigo Testamento) ou questões como os ensinamentos de Jesus, de Paulo e do cristianismo primitivo (quando se trata de teologia bíblica do Novo Testamento) (RYRIE, 2004). Tecnicamente, a teologia bíblica tem um enfoque bem mais penetrante do que esse. Ela lida de modo sistemático com o progresso historicamente condicionado da autorrevelação de Deus na Bíblia. Quatro características surgem dessa definição: 1) Os resultados do estudo da teologia bíblica devem ser apresentados de maneira sistemática. Nesse aspecto, ela é como as outras áreas dos estudos bíblicos e teológicos. O sistema ou maneira por meio da qual a teologia bíblica é apresentada não utiliza, necessariamente, as mesmas divisões que a teologia sistemática. Não tem de usá-las, tampouco precisa evitá-las. 2) A teologia bíblica é centrada no contexto histórico e geográfico no qual ocorreu a revelação de Deus, Investiga a vida dos escritores da Bíblia, as circunstâncias que os motivaram a escrever e a situação histórica dos destinatários de seus escritos. 3) A teologia bíblica estuda a revelação na sequência progressiva em que ela foi dada. Essa teologia reconhece que a revelação não foi completada por Deus de uma só vez, mas foi apresentada aos poucos, numa série de estágios sucessivos e utilizando diversos grupos de pessoas. A Bíblia é um registro do progresso dessa revelação, e a teologia bíblica concentra-se nela. A teologia sistemática, em contraste, considera a revelação como algo completo e fechado. 4) A teologia bíblica tem na Bíblia a sua fonte. Na verdade, as teologias sistemáticas ortodoxas fazem o mesmo. Isso não quer dizer que a teologia bíblica ou a sistemática não possam ou não retirem material de outras fontes, mas a teologia ou a doutrina, por si só, não provém de outra fonte que não seja a Bíblia. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 � A teologia sistemática correlaciona os dados da revelação bíblica como um todo, para exibir sistematicamente a imagem completa da autorrevelação de Deus. A teologia sistemática pode incluir o contexto histórico, a apologética (defesa da fé) e o trabalho exegético, mas concentra-se na estrutura total da doutrina bíblica. Em resumo: teologia é descobrir, sistematizar e apresentar as verdades a respeito de Deus. • A teologia histórica faz isso ao concentrar-se no que outros têm dito a respeito dessas verdades ao longo da história. • A teologia bíblica faz isso ao considerar a revelação progressiva das verdades de Deus. • A teologia sistemática apresenta sua estrutura total. 2.3 Objeto da Teologia Deus. Este é o objeto de estudo da Teologia. Se pensarmos de maneira científica, ou seja, via ciência, esta distingue o objeto material do objeto forma. Em teologia, o objeto material é Deus e depois tudo o mais. Portanto, tudo pode ser teologizável. Quanto ao objeto formal: é a partir de onde se fala de Deus. E aqui, trata-se pois, da fé e da revelação. Objeto formal diz respeito ao aspecto, a dimensão, a face. É o ponto de vista, a ótica sobre o qual se fala de Deus. Zampieri (2004) explica que o interesse específico, a perspectiva, a visão, o enfoque é a forma de captar o mesmo objeto material. E a perspectiva é o que caracteriza o objeto formal. Isso é de extrema importância porque conforme a perspectiva, temos teologias diferentes e ciências diferentes. O físico não vê o universo numa perspectiva de fé. Deus é uma hipótese inútil, dizem os cientistas. O cientista vai ver o universo a partir das leis próprias da funcionalidade material. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 Em síntese, o objeto formal da teologia é Deus enquanto revelado e recebido na fé. Fazer teologia é diferente do que fazer filosofia da religião ou teodiceia que procura provar Deus pela razão. O objeto material é o sobre o que se processa o conhecimento. Em teologia o objeto material é DEUS. Mas não só Deus. É Deus e tudo o mais. Tudo pode ser objeto quando lido a luz da fé e da revelação. A teologia não tem por objeto um objeto entre outros. E aqui se distingue a teologia de outras ciências que sempre tem um objeto particular e não vê a partir do todo. Deus é determinante de tudo, e então qualquer objeto pode ser objeto do teólogo (uma flor, um ato, um ente da criação, um acontecimento da história). É evidente que Deus é o primeiro objeto. O mundo, o homem são objetos segundos. Como diz São Tomás: “A teologia não trata por igual de DEUS e das criaturas, mas de Deus principalmente, e das criaturas na medida em que se relacionam com Deus como a seu princípio ou fim”. É aqui que entra a teologia da libertação e que fala da história e das lutas dos pobres dizendo que estão falando de DEUS. Se não se tem essa compreensão pode-se achar que o homem e a história não são lugares teológicos. Sob o enfoque de Deus toda a criação pode ser tratada (ZAMPIERI, 2004). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzidaou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 UNIDADE 3 – PRESSUPOSTOS PARA / DA TEOLOGIA 3.1 Pressupostos básicos Segundo Ryrie (2004), de maneira consciente ou inconsciente, todos agem baseados em alguns pressupostos básicos e outros mais específicos. Vejamos: � ao afirmar que Deus não existe, o ateu precisa acreditar nesse pressuposto básico. Por acreditar nisso, encara o mundo, a humanidade e o futuro de modo completamente diferente de um teísta; � o agnóstico afirma que não podemos conhecer a Deus, mas precisa crer nisso, pois é a base de sua visão de mundo e da vida. Se é possível conhecer o Deus verdadeiro, então todo esse sistema cai por terra; � o teísta acredita que existe um Deus. Reúne evidências para confirmar e apoiar essa crença, mas a base de tudo é sua fé; � o trinitariano acredita que Deus é uma triunidade. Sua fé está baseada na Bíblia, portanto também acredita que a Bíblia é verdade. Esses são os pressupostos fundamentais. Se a Bíblia não é verdadeira, então o triunitarismo é falso, e Jesus Cristo não é quem afirmava ser. Nada aprendemos sobre a trindade ou sobre Cristo apenas por meio da natureza ou com a mente humana. Não podemos ter certeza de que aquilo que aprendemos na Bíblia sobre o Deus triuno é verdade a menos que acreditemos que nossa fonte é digna de confiança. Logo, a crença na veracidade da Bíblia é um pressuposto básico. 3.2 Pressupostos interpretativos Se nossa fonte é tão importante, então devemos nos preocupar com a maneira como a encaramos e como a utilizamos. Uma teologia correta baseia-se na exegese correta. Os estudos exegéticos devem ser feitos antes de uma sistematização teológica, assim como os tijolos precisam ser fabricados antes de serem usados na construção de um prédio. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 São três os pressupostos que nos interessam: a) A necessidade da interpretação simples e normal: ou seja, precisamos entender a importância da interpretação normal como a base da exegese correta. Ao revelar a si mesmo a nós, Deus desejava comunicar a verdade, não escondê- la, por isso, faremos uma interpretação bíblica pressupondo o uso dos cânones normais da interpretação. Mas, lembre-se de que a existência de símbolos, parábolas, tipos, entre outros, dependem de um sentido literal. Além disso, sua interpretação sempre deve estar fundamentada no conceito de que Deus comunica-se de maneira normal, simples ou literal. Se ignorarmos isso, acabaremos caindo no mesmo tipo de exegese confusa que caracterizou os intérpretes patrísticos e medievais. b) A prioridade do Novo Testamento: toda Escritura é inspirada por Deus e útil. Porém, como fonte de doutrina, o Novo Testamento recebe prioridade. A revelação do Antigo Testamento foi parcial e serviu de preparação, enquanto a do Novo Testamento é completa, podendo ser considerada o ápice da revelação. A doutrina da Trindade, por exemplo, mesmo que possa ser identificada no Antigo Testamento, só foi revelada no Novo Testamento. Ou, então, pense nas grandes diferenças entre o que é ensinado no Antigo e no Novo Testamento a respeito da expiação, da justificação e da ressurreição. Afirmar isso não é minimizar os ensinamentos do Antigo Testamento, nem pressupor que ele seja menos inspirado. O que estamos querendo dizer é que, na revelação progressiva de Deus, cronologicamente, o Antigo Testamento vem antes e, portanto, é teologicamente incompleto, ocupando uma posição preparatória. A teologia do Antigo Testamento tem sua importância, mas acaba sendo incompleta sem a contribuição da verdade do Novo Testamento. c) A legitimidade das Escrituras: os liberais e os neo-ortodoxos, muitas vezes, criticam os conservadores por usarem somente as Escrituras para embasar suas conclusões. Por que reclamam tanto? Apenas porque mencionar as Escrituras vai levá-los a conclusões conservadoras e não liberais. Alegam que Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 17 essa é uma metodologia ilegítima, não erudita, porém não é mais ilegítima do que as notas de rodapé das obras eruditas! Para provar isso, as Escrituras devem ser empregadas de maneira correta, assim como as notas de rodapé. Na verdade, devem ser usadas para revelar o que realmente querem dizer, nunca fora de contexto nem em citações parciais quando a relação com o todo puder alterar o significado. De maneira especial, os textos do Antigo Testamento não devem ser forçados para incluir verdades que somente foram reveladas posteriormente no Novo Testamento (RYRIE, 2004). 3.3 Pressupostos sistemáticos São necessários um sistema e ao mesmo tempo suas limitações. Vejamos: a) A necessidade de um sistema: A diferença entre a exegese e a teologia é o sistema utilizado. A exegese analisa o significado dos textos; a teologia correlaciona essas análises. O exegeta luta para apresentar o significado da verdade; o teólogo, por sua vez, o sistema da verdade. O objetivo da teologia, seja ela bíblica ou sistemática, é a organização dos ensinamentos considerados. b) As limitações de um sistema teológico: Em resumo, as limitações de um sistema teológico devem coincidir com as limitações da revelação bíblica. No esforço de apresentar um sistema completo, os teólogos, muitas vezes, são tentados a preencher as lacunas existentes nas evidências bíblicas com lógica e deduções que não podem ser comprovadas. A lógica e as deduções têm seu lugar apropriado. A revelação de Deus é ordeira e racional, portanto, a lógica possui um lugar assegurado na investigação científica dessa revelação. Quando as palavras são reunidas formando frases, assumem implicações que os teólogos devem procurar entender. No entanto, quando a lógica constitui um meio de criar a verdade, como se assim fosse, então Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 o teólogo será culpado de impor seu sistema sobre as limitações da verdade bíblica. Às vezes, isso é motivado pelo desejo de responder a questões que as Escrituras não tratam claramente. Nesses casos (e existe uma série deles na Bíblia), a melhor resposta é o silêncio, não um exercício lógico habilidoso, deduções sem bases consistentes nem um sentimentalismo bem-intencionado. Alguns exemplos de áreas que constituem uma tentação especial são a relação entre a soberania divina e a responsabilidade humana; o alcance do sacrifício de Jesus e a salvação das crianças que morrem (RYRIE, 2004). 3.4 Pressupostos pessoais Enfim, também podem ser estabelecidos alguns pressupostos a respeito do estudante de teologia. a) Ele deve crer: Os ímpios certamente podem escrever e estudar teologia, mas um cristão tem um entendimento e uma perspectiva sobre a verdade de Deus de que nenhum incrédulo é capaz. As questões mais profundas emrelação a Deus são ensinadas pelo Espírito, algo que o incrédulo não possui (1 Co 2:10-16). Os cristãos também precisam ter fé, pois algumas áreas da revelação de Deus não podem ser totalmente compreendidas por nossa mente finita. b) Ele deve pensar: O cristão sempre deverá tentar pensar teologicamente. Isso envolve raciocinar de maneira exegética (para entender seu significado preciso); pensar de maneira sistemática (para conseguir correlacionar os fatos de maneira adequada); pensar criticamente (para avaliar a prioridade das evidências relacionadas) e pensar de maneira sintética (para combinar e apresentar os ensinamentos como um todo). A teologia e a exegese sempre devem interagir. A exegese não apresenta todas as respostas. Quando houver mais de uma opção exegética legítima, a teologia indicará a opção a ser adotada. Algumas passagens, por exemplo, aparentemente podem ensinar que a segurança eterna existe, outras não. Nesse Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 caso, o sistema teológico do intérprete fará com que ele tome uma decisão. Por outro lado, nenhum sistema teológico deve ser tão rígido que não esteja aberto a mudanças ou ao refinamento das revelações da exegese. c) Ele deve depender: Somente o intelecto não forma um teólogo. Se acreditarmos na realidade do ministério de ensino do Espírito Santo, então certamente esse deve ser um elemento considerado no estudo da teologia (Jo 16:12-15). O conteúdo do “currículo do Espírito” inclui toda a verdade, enfatizando especialmente a revelação do próprio Cristo que, claro, encontra-se nas Escrituras. Experimentar isso requer uma atitude consciente de dependência do Espírito, que será refletida na humildade do intérprete e no estudo diligente daquilo que o Espírito ensinou a outros ao longo da história. Segundo Ryrie (2004), o estudo bíblico indutivo é uma boa maneira de estudar, mas fazer apenas isso é ignorar os resultados do trabalho de outros, e fazer isso sempre pode ser uma repetição ineficiente do que outros já fizeram. d) Ele deve adorar: Estudar teologia não é um mero exercício acadêmico, embora muitos pensem assim. É uma experiência que muda, convence, expande, desafia e, por fim, leva a uma grande reverência a Deus. Adoração implica o reconhecimento do valor daquilo que é adorado. Reflitam: Como um mortal pode dedicar-se a estudar Deus sem reconhecer ainda mais o valor do Senhor? Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 UNIDADE 4 – DOUTRINAS E DOGMAS O dicionário Aurélio define Doutrina a um conjunto de princípios que servem de base a um sistema, que pode ser literário, filosófico, político e religioso. Doutrina também pode ser uma fonte do direito. Doutrina está sempre relacionada à disciplina, a qualquer coisa que seja objeto de ensino, e pode ser propagada de várias maneiras, através de pregações, opinião de pessoas conhecidas, ensinamentos, textos de obras, e até mesmo através da catequese, como uma forma de doutrina da Igreja Católica. Doutrina também está presente nas ciências jurídicas, onde também é chamada de direito científico, que são estudos desenvolvidos por juristas, com o objetivo de compreender os tópicos relativos ao Direito, como normas e institutos. Segundo o dicionário de significados, Doutrina religiosa é o conjunto de princípios que sustentam um sistema religioso. São encontradas em todas as religiões e igrejas. Dogma, por sua vez, é um termo de origem grega que significa literalmente “o que se pensa é verdade”. Na antiguidade, o termo estava ligado ao que parecia ser uma crença ou convicção, um pensamento firme ou doutrina. Posteriormente, passou a ter um fundamento religioso em que caracteriza cada um dos pontos fundamentais e indiscutíveis de uma crença religiosa. Pontos inquestionáveis, uma verdade absoluta que deve ser ensinada com autoridade. Em se tratando da Espiritismo, o seu dogma ou princípio fundamental é acreditar na reencarnação, enquanto que para o primeiro dogma da Igreja, dos cristãos é afirmar que Deus existe. Além do cristianismo, os dogmas estão presentes em outras religiões como o judaísmo ou islamismo. Os princípios dogmáticos são crenças básicas pregadas pelas religiões, que devem ser seguidas e respeitados pelos seus membros sem nenhuma dúvida. Quem os rejeita pode incorrer em crimes variáveis de acordo com a religião. Na Igreja Católica, o crime de heresia aconteceu no período da Idade Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 21 Média, em que as pessoas acusadas eram excomungadas ou perseguidas através da Inquisição. Para a Igreja Católica, dogma é uma verdade de fé revelada por Deus. Logo, um dogma é imutável e definitivo; não pode ser mudado nem revogado, pois Deus, sendo Perfeito e Eterno, não está sujeito à mudança. – O SENHOR é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13,8). Os dogmas proclamados pela Igreja Católica devem ser aceitos como verdades reveladas por Deus através da Bíblia. São irrevogáveis e nenhum membro da Igreja, nem mesmo o Papa, tem autoridade para alterá-los. Uma verdade divinamente revelada só pode ser considerada dogma quando proposta diretamente à fé cristã católica, através de uma definição solene (clarificação ou esclarecimento da Sã Doutrina), portanto infalível, do Magistério da Igreja. Para que tal aconteça, são necessárias duas condições: a) O sentido deve ser suficientemente manifestado como sendo uma autêntica verdade revelada por Deus. b) Essa verdade ou doutrina deve ser proposta e definida solenemente pela Igreja, Corpo de Cristo como um todo, como sendo verdade revelada e parte integrante da fé católica. São 43 dogmas proclamados pela Igreja, que os divide em 8 categorias distintas: 1) Dogmas sobre Deus: - a existência de Deus; - a Existência de Deus como objeto de fé; - a unicidade de Deus; - Deus é eterno; - a Santíssima Trindade. 2) Dogmas sobre Jesus Cristo: - Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 22 - Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam; - cada uma das duas naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma própria operação física; - Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho natural de Deus; - Cristo imolou-se a si mesmo na cruz como verdadeiro e próprio sacrifício; - Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do sacrifício de sua morte na cruz; - ao terceiro dia depois de sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos; - Cristo subiu em corpo e alma aos céus e está sentado à direita de Deus Pai.3) Dogmas sobre a Criação do Mundo: - tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada; - caráter temporal do mundo; - conservação do mundo. 4) Dogmas sobre o Ser Humano: - o homem é formado por corpo material e alma espiritual; - o pecado de Adão se propaga a todos seus descendentes por geração, não por imitação; - o homem caído não pode redimir-se a si próprio. 5) Dogmas Marianos: - a Imaculada Conceição de Maria; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 - Maria, Mãe de Deus; - a Assunção de Maria; - a Virgindade de Maria. 6) Dogmas sobre o Papa e a Igreja: - a Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo; - Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e como cabeça visível de toda Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente o primado de jurisdição; - o Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda Igreja, não somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo da Igreja; - o Papa é infalível sempre que se pronuncia ex cátedra; - a Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes. 7) Dogmas sobre os Sacramentos: - o Batismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo; - a confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento; - a Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o Batismo; - a Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é necessária para a salvação; - a Eucaristia é o verdadeiro Sacramento instituído por Cristo; - Cristo está presente no Sacramento do altar pela Transubstanciação de toda a substância do pão em seu corpo e toda substância do vinho em seu sangue; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 24 - a Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo; - a Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo; - o matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento. 8) Dogmas sobre as últimas coisas (Escatologia): - a morte e sua origem; - o céu (Paraíso); - o inferno; - o purgatório; - o fim do mundo e a segunda vinda de Cristo; - a ressurreição dos Mortos no Último Dia; - o juízo universal. Vale lembrarmos a distinção entre dogma teológico e dogma filosófico. Enquanto no primeiro caso não vale questionamentos, discussões ou por-se à prova, que é o caso da Igreja Católica, na qual colocar um dogma em dúvida transforma a pessoa em um herege; no caso do dogma filosófico, até mesmo a ciência o adota. Ela não é inflexível, os dogmas propostos são aceitos quando compreendidos e se forem exequíveis. Guarde... Dogmas são definições teológicas formais de enunciados fundamentais da verdade cristã, proclamadas por concílios universais ou, na Igreja Católica Romana, desde meados do século XIX, também por papas. Trata-se de enunciados fundamentais normativos que comprometem a todos(as), dentro da própria igreja. São verdades doutrinárias definidas pela igreja como expressões legítimas e necessárias da fé. Nesse sentido, o conceito de “dogma” tem seu Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 25 lugar apropriado nas igrejas que representam o cristianismo dogmático, ou seja, as Igrejas Ortodoxas e a Católica Romana (FISCHER, 2008). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 26 UNIDADE 5 – APOLOGÉTICA No dicionário Aurélio, apologética significa autodefesa, mas em se tratando da Teologia, devemos, para começo de conversa, perguntar quem está sendo defendido e quais tipos de acusações estão sendo levantadas, correto? Greggersen (2000) atenta para que notemos que a autodefesa, ao mesmo tempo em que envolve um forte aspecto emocional, parece ser uma característica própria de qualquer raciocínio humano. Ele considera o seguinte exemplo: Quando nos sentimos convidados e suficientemente motivados para refletir sobre qualquer assunto de interesse, entre amigos ou em algum debate, acadêmico ou não, normalmente não resistimos à tentação de tomar um posicionamento, declarado ou não. E quando resolvemos assumi-lo em público, somos logo reconhecidos como alguém que está defendendo algo, ainda que, a princípio pelo menos, não tenhamos sido confrontados ou acusados de absolutamente nada. Sempre que há uma ideia em disputa, temos a tendência de, por algum motivo, levantar a nossa bandeira. Não resistimos ao ímpeto de participar de discussões e tomar partido de ideias, ainda que nada nos obrigue a isso. Como se explica esse gosto natural pela disputa? Não bastaria cada um manter as suas ideias para si, simplesmente respeitando as dos outros? Que impulso é esse que nos leva ao debate? Questiona Greggersen. Apesar de querermos sempre achar uma resposta para tudo, de achar sempre coerência nas coisas mesmo que sejam absurdas, não vamos nesse momento enveredar por essa seara, deixaremos para a Filosofia! Vamos direto para a apologética cristã que é nosso interesse no curso tomando como base o Manual de Apologética de Boulenger. 5.1 Os fins da apologética Se por definição Apologética é a justificação e defesa da fé católica, ela encerra exatamente esses dois fins ou dois objetos de estudo. a) Justificar a fé católica: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 27 Considerando a religião no seu fundamento (isto é, no fato da revelação cristã, de que a Igreja Católica se diz a única depositária fiel), a apologética expõe os motivos de credibilidade que provam a sua existência. Deve, portanto, resolver este problema: havendo neste mundo tantas religiões, qual será a verdadeira? Ora o apologista católico sustenta que só a sua fé é verdadeira, e que o é na realidade; deve, pois, provar esta asserção. Este primeiro trabalho constitui a apologética demonstrativa ou construtiva. b) Defender a fé católica: A apologética não só apresenta os títulos que tornam a Igreja Católica credora da nossa adesão, mas também enfrenta os adversários, respondendo aos seus ataques. E, como os ataques variam com as épocas, segue-se que deve evolucionar e renovar-se incessantemente, pondo de parte as objeções antiquadas e apresentando-se no campo escolhido pelos adversários, para os combates da hora presente. Sob este segundo aspecto, a apologética tem um caráter negativo, e chama-se apologética defensiva.Em outras palavras, a apologética é demonstrativa quando se dirige ao crente, ao ateu e ao indiferente. Ao indiferente e ao ateu: ao primeiro, para o convencer da importância da questão religiosa e da sem-razão da indiferença acerca deste assunto; ao segundo, para o arrancar a incredulidade; a ambos, finalmente, para os levar à reflexão, ao estudo e à conversão. Quer se dirija aos crentes, quer se dirija aos incrédulos, a apologética tem sempre em vista levar as almas à certeza do fato da revelação. Ora, há muitas escolas filosóficas que negam ao homem a capacidade de atingir a verdade. Será, pois, conveniente, resolver o problema da certeza. Enquanto defensiva, a apologética visa só os anticrentes e tem por fim refutar os seus preceitos e objeções. Dizemos anticrentes e não incrédulos, porque ordinariamente os incrédulos se limitam a não crer, ao passo que os anticrentes têm uma religião especial – a religião da ciência, da humanidade, da democracia, da solidariedade, entre outras – que dirigem contra a religião católica (BOULENGER, 1955). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 28 Como diz Stanley (1998), obviamente não se pode citar as Escrituras quando falamos com um pagão, e não deveríamos citar o Novo Testamento quando estamos falando com um Judeu. Quando nos dirigimos àqueles não- Católicos que pensam que estão seguindo Cristo ao aderir “somente à Bíblia”, podemos basear nossos argumentos na própria Escritura Sagrada. Se pudermos mostrar-lhes que estão totalmente equivocados a respeito de um ponto principal, utilizando-nos das Escrituras nas quais eles alegam acreditarem, fizemos um bom trabalho de apologética para expor a verdade do Catolicismo. Isso não quer dizer que você deva ir para todo lado provocando discussões com todos que puder, mas sim que você precisa estar “sempre pronto a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança” (I Pedro 3,15). 5.2 Apologética x apologia – desfazendo confusões Apologética e apologia não são sinônimos! A palavra “Apologética” vem do Grego “Apologetikos”, que significa defesa. Muitos versículos da Bíblia se referem à Apologética: � 1Pedro 3,15: “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança.” � At 17,2: “e Paulo dirigiu-se a eles, segundo seu costume, e por três sábados disputava com eles com base nas Escrituras.” � At 22,1: “Irmãos e pais, ouvi o que vos tenho a dizer em minha defesa.” � 1 Coríntios 9,3: “Esta é a minha defesa contra os que me denigrem”. Segundo Stanley (1999), os católicos tem a verdade e podem confiar o que dizem com documentos; têm ao Papa e o Magistério, detentores da verdade e têm ao Espírito Santo guiando a Igreja e não permitindo que Ela ensine algo errado. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 29 Apologética significa propriamente ciência da apologia, do mesmo modo que dogmática significa ciência do dogma. A apologética é a defesa científica do Cristianismo pela exposição das razões em que se apoia. Uma apologia é uma defesa oposta a um ataque (HETTINGER, Théol. Fond. t. I. s.d apud BOULENGER, 1955). O objeto da apologética é, portanto, mais geral. A apologia limita-se a defender um ponto da doutrina católica no campo do dogma, da moral ou da disciplina. Prova, por exemplo: � que o mistério da Santíssima Trindade não é absurdo; � que acusar de interesseira a moral cristã é injusto; � que o celibato cristão não é instituição digna de censura, mas rica em vantagens inestimáveis; e, � chega até a reabilitar a memória de um santo. A apologia remonta às primeiras eras do Cristianismo; a ciência apologética aparece mais tarde, e está sempre em via de formação ou, pelo menos, de aperfeiçoamento (BOULENGER, 1955). 5.3 Importância A importância da apologética deduz-se de dois motivos: ser o preâmbulo da fé e condição necessária da Teologia, porque: a) A fé exige o concurso da inteligência, da vontade e da graça. Ora, a missão da Apologética é levar o homem até o limiar da fé, torná-la possível, provando que é racional. As provas, que o apologista nos fornece acerca do fato da revelação, devem levar-nos a formar dois juízos: a revelação manifesta-se-nos com evidência objetiva e, portanto, é digna de crédito (credibile est), juízo de credibilidade; se é digna de crédito, há obrigação de crer (credendum est), juízo de credendidade. O primeiro é de ordem especulativa, dirige-se só à inteligência; o segundo vai mais longe, atinge a vontade: é um juízo prático. Se considerarmos os fatos, a questão para nós não existe, está resolvida antes da discussão, porque, seja qual Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 30 for a religião a que pertençamos, todos a recebemos do nosso meio e da nossa educação; veio-nos por intermédio dos nossos pais e dos nossos mestres. Muitos há que a aceitam sem discussão nenhuma, fundados somente na autoridade. Mas pode chegar um momento em que a dúvida assalte o espírito, e seja necessário armar a fé contra os ataques inimigos. Não recomendava já S. Pedro aos primeiros cristãos que andassem preparados para dar razão de sua crença quando lha pedissem? (I Ped. 3, 15). Hoje, ainda mais do que então, devem os católicos conhecer os motivos da sua fé e saber explicá-los aos outros. É bom advertir que não se pode duvidar da fé, embora seja permitido sujeitá-la a exame. Segundo o Concílio Vaticano I, “os que receberam a fé pelo magistério da Igreja nunca podem ter razão suficiente para a abandonar, ou pôr em dúvida” (CONST. DEI FILIUS, Can. III e Can. VI). Aos que dizem que é preciso fazer primeiro tábua rasa da fé para chegar à verdade, responde Leibniz: Quando se trata de dar a razão das coisas, a dúvida para nada serve... Que se faça um exame para passar a dúvida..., passe. Mas que, para examinar. Seja necessário começar por duvidar, é isso o que eu nego (BOULENGER, 1955). c) A apologética é a condição necessária da Teologia. Com efeito, a exposição da doutrina da fé católica já supõe a fé, e só têm em vista os crentes. Donde se segue que apesar de terem pontos de contato e de se ocuparem igualmente da revelação, diferem, contudo, no ponto de partida e no desenvolvimento. De fato, o apologista, só com o instrumento da razão, eleva-se das criaturas ao Criador, a um Deus revelador, e chega ao fato da Igreja docente; ao passo que a Teologia segue a ordem inversa: partindo do ponto em que chega a apologética, isto é, do magistério infalível da Igreja, expõe os ensinamentos da fé (BOULENGER, 1955). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento porescrito do Grupo Prominas. 31 5.4 Divisões da apologética Segundo Boulenger (1955), como as relações entre Deus e o homem são o fundamento da religião católica, a apologética deve tratar de Deus, do homem e das suas relações mútuas. Ora, a solução dos problemas, que dizem respeito a este tríplice objeto, pertence ao domínio da filosofia e da história. Daí as duas grandes divisões: a parte filosófica e a parte histórica. 1) Parte filosófica: À Filosofia pertencem os problemas relativos a Deus, ao Homem e suas mútuas relações. Vejamos: a) A Deus. Esta primeira seção trata da existência de Deus, da sua natureza e da sua ação (Criação e Providência). b) Ao homem. A segunda seção deve provar a existência da alma humana, duma alma espiritual, livre e imortal. c) Às suas relações mútuas. A terceira seção é a conclusão das duas primeiras. Parte da natureza de Deus e do homem, e tem por fim provar, não só as suas relações mútuas e necessárias, mas ainda aquelas cuja existência é possível presumir-se. As três seções da primeira parte constituem o que se chama preâmbulos racionais da fé. 2) Parte histórica: Na segunda parte entramos na questão de fato. Ora, os fatos pertencem à história. É, portanto, com documentos históricos que o apologista deve provar a existência da revelação primitiva e mosaica, e finalmente da revelação cristã feita por Jesus Cristo, da qual a Igreja é depositária. A parte histórica subdivide-se, pois, em duas seções: a demonstração cristã, e a demonstração católica. a) Demonstração cristã. Nesta primeira seção trata-se de provar a origem divina da religião cristã, por sinais ou critérios, que nos levem ao assentimento. São de duas espécies: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32 a.1) critérios externos ou extrínsecos, isto é, todos os fatos, milagres e profecias que, não podendo ter outro autor senão Deus, nos foram dados por Ele mesmo, para determinar e confirmar a nossa fé; a.2) critérios internos ou intrínsecos, isto é os que são inerentes à doutrina revelada. b) demonstração católica. Uma vez provada a origem divina da religião cristã, o apologista deve demonstrar que só a Igreja Católica possui as notas da verdadeira Igreja fundada por Jesus Cristo. Também poderíamos fundir numa só as duas seções da parte histórica e fazer imediatamente a demonstração da parte católica, sem passar pela demonstração intermediária. O apologista que adota este método vai diretamente à Igreja Católica. Apresenta-a “ornada de tais caracteres que todos podem facilmente vê-la e reconhecê-la como a guarda e única possuidora do depósito da revelação”. E isso pelo fato de só ele conservar “o imenso e maravilhoso tesouro das obras divinas, que mostram até à evidência a credibilidade da fé cristã”, e por ser ela mesmo um fato divino, “um grande e perene motivo de credibilidade, pela sua admirável propagação, eminente santidade, fecundidade inesgotável em toda espécie de bens, unidade católica e invencível estabilidade” (CONST. DE FIDE, c. III.). Tal é, a largos traços, a apologética demonstrativa. Caminha sempre ao lado da apologética defensiva, que lhe prepara o terreno, refutando as objeções dos adversários na parte filosófica e histórica (BOULENGER, 1955). Guarde... A missão da apologética cristã é combater os movimentos que negam e combatem a fé cristã e promover a primazia de Cristo e a suficiência das escrituras como norma de fé e prática para todo cristão, indo muito além de um básico evangelismo, e oferecendo respostas para as dúvidas e questionamentos que são levantados contra nossas convicções. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 33 Na sua segunda carta aos cristãos de Corinto, o Apóstolo Paulo nos apresenta qual o objetivo de nossa apologética: “Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e o reduzimos à obediência a Cristo” (II Coríntios 10:5). E o Apóstolo Pedro arremata sabiamente sobre a necessidade, meios e finalidade da apologética: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor...” (1 Pedro 3:15-16). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 34 UNIDADE 6 – TEOLOGIA PASTORAL Por definição, Teologia Pastoral é o estudo teológico sobre o ministério cristão abordando específica e detalhadamente o dom de pastor: sua chamada, vida e ministério. A Teologia Pastoral ou do ministério cristão seria enquadrada no ramo da Teologia Prática, apesar de podermos abordá-la em várias perspectivas diferentes (holística), dando maior relevância a perspectiva bíblica e prática (MATTOS; SILVA, 2012). Por ação pastoral, entende-se a totalidade da ação da Igreja e dos cristãos, a partir da prática de Jesus, para instaurar o Reino de Deus. A pastoral, portanto, é o serviço salvífico da Igreja, cujo fundamento encontra-se no desígnio universal de salvação de Deus. Em Jesus Cristo, Deus confiou à Igreja a realização desse serviço como continuidade da obra pascal e escatológica de Cristo, por meio do Espírito em Pentecostes, na esperança da realização plena do Reino de Deus na parusia. Essa atuação implica uma interpretação do mundo e da história e, igualmente, uma concepção sobre a adequada ação pastoral diante da realidade. Duas hermenêuticas, portanto, se entrecruzam na pastoral: a eclesial e a social. O pastoreio, desse modo, relaciona-se sempre com as duas partes envolvidas na história da Salvação: Deus e o ser humano. Por ser responsável diante de Deus e da sua revelação, a pastoral deve ser também um serviço ao ser humano (BRUSTOLIN, 2014). A teologia prática e pastoral ocupa-se com a reflexão teológica e análise sobre a ação da Igreja, compreendendo a prática das comunidades eclesiais e das pessoas que professam a fé cristã, na perspectiva maior do povo de Deus e da vocação batismal comum a todos os seus membros, a serviço da missão evangelizadora da Igreja. Contempla tanto as práticas que afetam a vida interna da Igreja quanto a presença da Igreja no mundo (ANDREATTA, 2014). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 35 Essa área da Teologia envolve-se com temas, situações, demandas e desafios atuais que requerem uma tomada de posição por parte da teologia e da Igreja, é uma área de produção de saber teológico que promove a interação entre diferentes disciplinas teológicas e a práxis da fé cristã, numa mútua fecundação. Pode ser considerada também uma teoriada ação e para a ação da Igreja nos mais diversos contextos de sua presença, à luz da revelação e do magistério da Igreja, em diálogo com outras áreas de conhecimento. Ao mesmo tempo em que promove uma reflexão crítica que objetiva iluminar a ação da Igreja, busca também aprofundar e explicitar a relevância da teologia e da ação eclesial no mundo de hoje. São temas importantes na Teologia Pastoral: evangelização, pastoral/pastoreio, catequese (iniciação cristã), fé e justiça, prática ecumênica, teologia pública, comunidades eclesiais de base e opção pelos pobres. Falar em pastoral quase que de imediato nos vemos envolvidos por toda América Latina, Caribe e Brasil, onde nasceram as Comunidades Eclesiais de Base, por volta de fins da década de 1950 e início de 1960. 6.1 As Comunidades Eclesiais de Base As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) surgem na conjuntura da sociedade contemporânea que produziu uma atomização da existência, um anonimato geral das pessoas e uma fragmentação em praticamente todos os níveis da convivência humana, devido aos desafios vindos de uma sociedade globalizada e urbanizada na qual a vivência comunitária parecia não ter mais espaço para existir. Como reação a este fenômeno, há uma tendência de se retomar as relações primárias entre as pessoas e buscar relacionamentos de reciprocidade. As CEBs representam esta reação no interior da(s) Igreja(s) (FERRARO, 2014). Houve um longo período de preparação do terreno para o aparecimento das CEBs e o batismo se com Medellín (1968). Inicialmente eram chamadas de Comunidades Cristãs de Base. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 36 Assim, a comunidade cristã de base é o primeiro e fundamental núcleo eclesial, que deve, em seu próprio nível, responsabilizar-se pela riqueza e expansão da fé, como também pelo culto que é sua expressão. É ela, portanto, célula inicial de estruturação eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fator primordial de promoção humana e desenvolvimento. A confirmação se deu em Puebla (1979), mas antes as CEBs já haviam encontrado sua legitimidade na palavra do magistério universal na Evangelii Nuntiandi, n.58: “(…) São solidárias com a vida da mesma Igreja e alimentadas pela sua doutrina e conservam-se unidas aos seus pastores”. O Documento de Puebla assim se expressa: As comunidades eclesiais de base que em 1968 eram apenas uma experiência incipiente amadureceram e multiplicaram-se, sobretudo em alguns países. Em comunhão com seus bispos e como o pedia Medellín, converteram-se em centros de evangelização e em motores de libertação e de desenvolvimento (PUEBLA, nº 97; cf. também nº 641- 642). As pastorais sociais, fruto do engajamento dos cristãos e cristãs na concretização da opção pelos pobres, colaboram na compreensão do engajamento político, na importância de uma Igreja comprometida com as lutas populares e iniciam o processo de cidadania nas comunidades. Este processo se dá pela ligação das pastorais sociais com os movimentos sociais populares. A partir da pastoral da saúde, abre-se a possibilidade de participação nos conselhos de saúde local, municipal, estadual. Assumindo a pastoral da terra (CPT), os cristãos e cristãs têm a possibilidade de participar do Movimento dos Sem Terra (MST). Participando da Pastoral Operária (PO), há a abertura para a participação nos sindicatos. Estando na pastoral carcerária, abre-se a possibilidade de participação no Movimento Nacional de Direitos Humanos, Anistia Internacional, de relacionamento com o Ministério Público. Da pastoral da Mulher Marginalizada (PMM) entra-se no movimento da mulher, tem-se abertura para a Marcha Mundial das Mulheres. Ao participar da Pastoral da Criança, vislumbra-se a participação nos conselhos da criança e do adolescente, como também no conselho tutelar. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 37 Da pastoral de fé e política, ética e política, abre-se o horizonte para a participação nos partidos políticos. Dessa mesma forma, podemos ver a participação de cristãos e cristãs das CEBs na Semana Social Brasileira, no Grito dos Excluídos, nas romarias da Terra e das Águas, nas romarias dos trabalhadores(as) (FERRARO, 2014). Em nome da fé, os cristãos e cristãs saídos das CEBs assumem e apoiam as lutas dos movimentos populares, dos povos indígenas, dos negros, das mulheres. Participam dos movimentos ecológicos. À luz do Ensinamento Social da Igreja, participam do movimento sindical, dos partidos políticos ligados aos interesses da classe trabalhadora e, em alguns casos específicos, frente à violência institucionalizada (MEDELLÍN, nº 16) e ao pecado social (PUEBLA, nº 28), há a recorrência à luta armada em alguns países da América Latina e Caribe. As CEBs procuram manter os pontos essenciais para a construção de um novo modelo eclesial e de um novo modelo de sociedade que tenham as marcas do Reino de Deus anunciado por Jesus de Nazaré. São eles: a) Manutenção da opção pelos pobres: Diante da vulnerabilidade presente em nossa sociedade e frente ao neoliberalismo, a opção pelos pobres é fundamental para a resistência dos povos e defesa da vida. b) Teologia da Libertação: A Teologia da Libertação é também fruto da opção pelos pobres e necessita de novos aprofundamentos diante das novas exigências do momento histórico atual, buscando dar respostas para as questões relacionadas com as culturas, a bioética, a sexualidade, a ecologia. c) Ministérios e a presença da mulher na Igreja e nas CEBs: Há uma presença majoritária de mulheres nos serviços e coordenações nas CEBs, mas há uma contradição entre a proclamação da igualdade e a realidade de desigualdade nas relações entre homens e mulheres no seio das Igrejas cristãs, mas especialmente no seio da Igreja católica, na qual a mulher, Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 38 por ser mulher, não pode assumir determinadas tarefas e postos de decisão, contrariando o princípio do sacerdócio comum dos fiéis. d) O diálogo inter-religioso e a luta pela defesa da vida e da natureza: Este desafio é o de todas as Igrejas e de todas as religiões, pois não haverá paz no mundo, se não houver paz entre as religiões (HANS KÜNG, 2004). 6.2 Perspectiva teológica da pastoral A fonte de toda a pastoral é a Santíssima Trindade: do Pai procede o desígnio da salvação; o Filho é enviado para revelar esse projeto de amor, sendo o sacerdote, pastor eterno e mensageiro do Reino; e o Espírito Santo é quem atualiza a ação salvífica do Pai e do Filho, para que todos tenham vida em abundância (cf. Jo 10,10). A ação pastoral de Cristo pretende “reunir em um só povo todos os filhos de Deus que estão dispersos” (cf. Jo 11,52), para que haja “um só rebanho e um só pastor” (cf. Jo 10,18). A Igreja é sacramento de salvação, e todas suas ações estão marcadas pelo amor cuidador e salvífico da Trindade. O resultado da ação pastoral traduz- se na conversão
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