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introdução aos estudos teológicos I

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SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 2 
UNIDADE 2 – TEOLOGIA ESSENCIAL ................................................................ 5 
2.1 ORIGENS, HISTÓRIAS E CONCEITOS ESSENCIAIS EM TEOLOGIA ............................ 6 
2.2 TIPOS DE TEOLOGIA....................................................................................... 11 
2.3 OBJETO DA TEOLOGIA .................................................................................... 13 
UNIDADE 3 – PRESSUPOSTOS PARA / DA TEOLOGIA.................................. 15 
3.1 PRESSUPOSTOS BÁSICOS ............................................................................... 15 
3.2 PRESSUPOSTOS INTERPRETATIVOS ................................................................. 15 
3.3 PRESSUPOSTOS SISTEMÁTICOS ...................................................................... 17 
3.4 PRESSUPOSTOS PESSOAIS ............................................................................. 18 
UNIDADE 4 – DOUTRINAS E DOGMAS ............................................................ 20 
UNIDADE 5 – APOLOGÉTICA ............................................................................ 26 
5.1 OS FINS DA APOLOGÉTICA .............................................................................. 26 
5.2 APOLOGÉTICA X APOLOGIA – DESFAZENDO CONFUSÕES ................................... 28 
5.3 IMPORTÂNCIA ................................................................................................ 29 
UNIDADE 6 – TEOLOGIA PASTORAL ............................................................... 34 
6.1 AS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE ............................................................ 35 
6.2 PERSPECTIVA TEOLÓGICA DA PASTORAL .......................................................... 38 
6.3 A FÉ E A JUSTIÇA COMO INSTRUMENTOS DO MINISTÉRIO DA PASTORAL ............... 40 
6.4 CATEQUESE – A INICIAÇÃO CRISTÃ .................................................................. 44 
UNIDADE 7 – TEOLOGIA MORAL ..................................................................... 46 
UNIDADE 8 – SACRAMENTOLOGIA ................................................................. 49 
8.2 AS PARTES COMPONENTES DO SACRAMENTO ................................................... 55 
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 58 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional 
de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por 
meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de 
armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
2
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Discurso sobre Deus e as coisas divinas! 
Se considerarmos o uso das palavras, a assertiva acima é uma definição 
bem simples e concisa para Teologia. Assim como ‘Pneumatologia’ seria a 
doutrina acerca dos espíritos e ‘Astrologia’, o estudo dos astros. 
Ainda em se tratando de palavras e elementos de composição como, por 
exemplo, “logia”, sinônimo de discurso, linguagem, estudo, ciência, veremos ao 
longo de alguns módulos vários estudos compostos por ela, afinal de contas, “as 
coisas divinas” passam por anjos e demônios (Angelologia e Demonologia), 
pecado e salvação (Hamartiologia e Soterologia), sacramentos 
(Sacramentologia), Jesus Cristo (Cristologia), Maria (Mariologia), fim dos tempos 
(Escatologia), entre outros. 
Pontual e enciclopedicamente temos vários tipos ou ramificações da 
Teologia, melhor dizendo, áreas de estudo, tais como: 
� Teologia apofática que seria a teologia negativa, aquela que afirma o que 
Deus não é; 
� Teologia catafática, afirmativa, em cujas proposições se diz o que Deus é; 
� Teologia da crise ou neo-ortodoxia; 
� Teologia da cultura que é uma tentativa de analisar a teologia que está por 
trás de todas as expressões culturais cuja substância é a religião; 
� Teologia da demitologização também chamada de teologia da 
interpretação existencial; 
� Teologia fundamental que perseguiremos mais de perto, definida como a 
ciência que pergunta pelas bases, pelos fundamentos da teologia, 
explicando que sob fundamento e base se entendem os pressupostos e 
condições da possibilidade de teologia. Lembremos 1 Pedro 3:15 (“estando 
sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da 
 
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esperança que há em vós”) é tido na conta de expressão clássica da 
questão com que se ocupa a teologia fundamental. 
Pois bem, para que “estudar” Teologia e onde aplicar os conhecimentos 
advindos dela? Quem nos responde de maneira bem didática é o Guia de 
Carreiras. 
O profissional formado no curso de Teologia encontra diversas áreas de 
atuação no mercado de trabalho. Vejamos: 
� ministério – o preparo para o ministério religioso é o objetivo de grande 
parte dos estudantes de Teologia. Os profissionais formados pode prestar 
assistência e realizar cultos em comunidades religiosas, conventos, 
colégios, universidades, hospitais, presídios, corporações militares e outras 
organizações ou corporações; 
� pesquisa – o profissional da área de Teologia pode trabalhar fazendo 
pesquisas históricas, estudando as tradições religiosas ou interpretando 
doutrinas, textos sagrados e dogmas religiosos. Pode fazer também 
análise e interpretação da influência que a religião exerce sobre 
determinado grupo social; 
� ensino – o profissional licenciado em Teologia pode dar aulas de religião 
em todos os níveis de ensino, ou ainda atuar em projetos educacionais de 
Organizações Não Governamentais (ONGs) e centros religiosos; 
� empresas – diversas empresas empregam estes profissionais para dar 
apoio e aumentar a eficiência das equipes. A Petrobras, por exemplo, 
contrata Teólogos para dar suporte às equipes das plataformas marítimas; 
� mercado editorial – o profissional de Teologia pode atuar também como 
escritor, produzindo livros e revistas voltados para temas religiosos. 
Segundo o Pastor Cristiano Moreira (2013), ao contrário do que muitos 
pensam o estudo da Teologia não se restringe apenas aos intelectuais e 
acadêmicos. A Teologia é tarefa para todos. Não é um meio de se destacar entre 
os sábios e entendidos em matéria de religião, também não é um estudo 
 
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direcionado em conhecer a totalidade da revelação de Deus ao Homem, pois 
certamente isto não irá acontecer, visto que nossa limitação não pode 
compreender a revelação de Deus de forma completa, pois ele é eterno e infinito, 
ao passo que somos pecadores limitados (1 Cor.13.9-12). Podemos dizer que é 
um meio de termos um relacionamento mais próximo com o Eterno, de 
conhecermos seus atributos, sua vontade. 
A Teologia nos leva ao encontro da graça de Deus. Não somente um 
meio de exercício do intelecto, numa tentativa de conhecer a vontade de Deus 
para nós, mas uma dádiva de Deus com propósito de se fazer conhecido por meio 
das Escrituras, e isto é para todos que desejarem se esmerar no estudo dela. 
Enfim, nos propomos mais a lançar reflexões do que ensinamentos 
fechados propriamenteditos e desejamos boas-vindas ao curso de Teologia. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha 
como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, 
fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os 
temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação 
das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não 
se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático 
da obra, não serão expressas opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo 
modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo 
dos estudos. 
 
 
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UNIDADE 2 – TEOLOGIA ESSENCIAL 
 
Estudos de Zilles (2013) afirmam que o termo teologia, que significa 
discurso sobre Deus, não é criação bíblica nem cristã. Desde a Antiguidade 
grega, foi usado com o tríplice significado: 
a) Mitológico, como discurso mítico, no qual se fala dos deuses. 
b) Filosófico-cosmológico, pois a partir de Aristóteles passou a ser usado 
como equivalente à “filosofia primeira” ou metafísica. 
c) Cultual público, no sentido do que se diz dos deuses no culto oficial. 
Por causa dessa origem pagã do termo, os primeiros cristãos evitavam 
seu uso. Passou a ser adotado por Justino, Clemente e Orígenes, entre outros, 
tornando-se de uso corrente a partir do século IV para designar a doutrina sobre 
Deus uno e trino. Na Idade Média, passou a ter o significado de explicação 
racional da revelação divina. 
Mais adiante, teremos uma unidade para tratarmos do assunto 
especificamente na idade antiga e fazer uma retrospectiva até os tempos mais 
atuais para entendermos melhor as questões que nos levam a refletir e muitas 
vezes nos atordoar mais do que clarificar os mistérios da vida. 
Fato é que a teologia teve que percorrer um longo caminho antes de ser 
acolhida, de modo explícito e reflexo, no horizonte da fé cristã e da revelação. Ela 
legitima-se na alta Idade Média como scientia fidei, fundamentada sobre a 
natureza racional do homem e sobre a automanifestação de Deus, no testemunho 
da Sagrada Escritura, pois ela é obra da razão e da fé. Quando a teologia, como 
pergunta nascida no coração da própria fé, deixa de filosofar, ela facilmente cai 
num biblicismo fundamentalista ou num positivismo dogmático. Talvez, a atual 
crise da metafísica grega possa oportunizar à teologia cristã um estudo mais 
criativo do encontro histórico entre a revelação judeu-cristã e o pensamento 
filosófico e científico contemporâneo. 
A fé inclui a capacidade de compreender e conhecer o que Deus revela 
ao homem, ou seja, inere à fides quaerens intellectum e, por isso, credo ut 
 
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intelligam, ou seja, para crer o homem não precisa nem deve renunciar à sua 
razão. 
Também veremos que em tempos atuais, o velho problema se formula na 
questão “fé-ciência”, indo, portanto, “bater de frente” para além da Filosofia, ou 
seja, com áreas que se baseiam na maioria das vezes em métodos científicos 
para explicar “as coisas” do universo. 
Certo é que a teologia trata da experiência de Deus, de nossa experiência 
de Deus enquanto membros de uma comunidade de fé. É o esforço de reflexão 
sistemática e científica, para compreender e interpretar a experiência de fé de 
uma comunidade e expressar essa experiência em linguagem compreensível em 
seu contexto histórico-cultural concreto (ZILLES, 2013). 
 
2.1 Origens, histórias e conceitos essenciais em Teologia 
Pontualmente ou como origem real, podemos dizer que Teologia é o 
resultado da pergunta do crente por seu próprio ser e situação de fiel. Por 
conseguinte, Teologia fundamental se reporta a uma reflexão sistemática e 
científica a partir da atitude espontânea que surge em todo fiel: a fé que procura 
entender (fides quaerens intellectum). 
Historicamente, a Teologia nasce a partir da apologética, substituindo 
esta como uma nova orientação de sua tarefa, motivada pela evolução da ciência, 
a cultura e o pensamento filosófico e teológico (URBINA, 1998). 
Para Matos (2008), a teologia histórica ou história da teologia ou ainda 
história da doutrina, tem estreita conexão com duas áreas muito importantes: a 
história da Igreja e a teologia cristã. Levanta-se então a seguinte pergunta: A 
teologia histórica é primordialmente história ou teologia? Qual das duas ênfases é 
predominante? Variam as posições dos autores sobre essa questão, mas não 
seria incorreto dizer que ela tem estreita e igual conexão com essas duas áreas 
correlatas. Inicialmente, é necessário considerar como a teologia histórica se 
encaixa nas subdivisões dos estudos históricos do cristianismo. 
Vejamos as explicações de Matos: 
 
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A história da Igreja é a mais ampla das disciplinas que tratam do passado 
cristão. É o estudo da caminhada e do desenvolvimento da Igreja através dos 
séculos, em muitas áreas diferentes: missões e expansão geográfica; culto, 
liturgia e sacramentos; espiritualidade e vida cristã prática; organização, estrutura 
e forma de governo; pregação, arquitetura e arte sacra; relacionamento com a 
sociedade, a cultura e o Estado. Enfim, pode-se afirmar que a história da Igreja ou 
do cristianismo inclui tudo o que a Igreja faz no mundo, sendo essencialmente um 
estudo e uma narrativa de eventos, personagens e movimentos. Inclui o que hoje 
se denomina história institucional e história social. 
Todavia, a história da Igreja, além de analisar a prática da Igreja, também 
aborda seu pensamento, aquilo que ela ensina. Isto se relaciona mais 
concretamente com a teologia histórica. Os tópicos acima podem ser 
considerados com base em duas perspectivas. Por exemplo: a prática da Igreja 
na área de missões (história da Igreja) e a reflexão que ela faz sobre sua missão 
(história da teologia), ou a evolução de suas práticas litúrgicas (história da Igreja) 
e a reflexão sobre o significado do culto e da liturgia (teologia histórica). Esse 
estudo do pensamento e do ensino da Igreja pode ter várias abordagens. 
A história do dogma é a análise de certos temas doutrinários particulares 
que receberam uma definição oficial e normativa da Igreja. Alguns historiadores 
entendem que apenas três áreas de doutrina se inserem na história do dogma: a 
doutrina da Trindade (definida nos Concílios de Nicéia e de Constantinopla), a 
doutrina da pessoa divino-humana de Cristo (Concilio de Calcedônia) e a doutrina 
da graça ou, mais especificamente, a relação entre a graça divina e a vontade 
humana no que se refere à salvação. 
No outro extremo está a história do pensamento cristão, que identifica um 
vasto campo de investigação, incluindotópicos que estão além dos limites da 
teologia clássica, como certas questões filosóficas, éticas, políticas e sociais. Os 
estudiosos também empregam os termos “história das ideias” e “história 
intelectual” para se referir a esse contexto mais amplo dentro do qual se insere a 
teologia histórica. 
 
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A história da teologia não tem um campo tão limitado como a história do 
dogma, nem tão amplo como a história do pensamento cristão, mas usa ambas 
as áreas em sua elaboração. Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas 
existente na vida da Igreja em cada período da história. 
Em contrapartida, é necessário verificar como a teologia histórica se 
posiciona no outro campo de estudo com o qual está relacionada: a teologia 
cristã. Ao se considerar a chamada “enciclopédia teológica”, ou seja, o conjunto 
de disciplinas que se dedicam ao estudo da teologia, é comum fazer a seguinte 
classificação: 
� Estudos bíblicos – trata-se do estudo do texto das Escrituras — a fonte 
primordial da teologia cristã — nos aspectos literários, históricos e 
teológicos, o que inclui sua interpretação através da hermenêutica e da 
exegese. Aqui também pode ser incluída a “Teologia bíblica”, que é o 
esforço de identificar as ideias teológicas de cada documento ou autor das 
Escrituras: a teologia dos salmos, a teologia de Paulo, entre outros; 
� Teologia sistemática – é o esforço de apresentar os dados da teologia de 
maneira organizada, até mesmo para fins didáticos. No seu sentido 
tradicional, busca apresentar um panorama claro e ordenado dos principais 
temas da fé cristã, seguindo com frequência o padrão do Credo dos 
apóstolos, ou seja, indo desde a doutrina de Deus até a das últimas coisas 
ou escatologia; 
� Teologia filosófica – é o ramo da teologia que busca encontrar um terreno 
comum entre a fé cristã e outras áreas de atividade intelectual. 
Historicamente, tem havido aproximação entre a teologia e a filosofia em 
alguns períodos específicos (patrístico, escolástico, moderno) e em torno 
de certos tópicos particulares, como a doutrina de Deus. 
Em contrapartida, em todas as épocas, destacados pensadores cristãos 
têm expressado reservas em relação à filosofia (dois exemplos antigos são Irineu 
de Lião e Tertuliano de Cartago; um exemplo moderno é o teólogo neo-ortodoxo 
Karl Barth); 
 
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� Teologia pastoral – esse aspecto da teologia preocupa-se em aplicar os 
dados da teologia bíblica e sistemática às necessidades do ministério 
pastoral, especialmente na orientação e no cuidado dos indivíduos que 
compõem a Igreja ou que são objeto da sua atuação. Também é chamada 
teologia prática e inclui a pregação, a educação cristã e o aconselhamento; 
� finalmente, chega-se à Teologia histórica, que, na definição do autor 
irlandês Alister McGrath, “é o ramo da investigação teológica que objetiva 
explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e identificar os 
fatores que influenciaram sua formulação”. Em outras palavras, a história 
da teologia documenta as respostas às grandes questões do pensamento 
cristão e ao mesmo tempo procura explicar os fatores que contribuíram 
para a elaboração dessas respostas. Esse campo de estudos surgiu no 
século XVI, no contexto da Reforma Protestante, principalmente por razões 
polêmicas. Nos intensos debates sobre o que era autenticamente cristão, 
tornou-se decisivo verificar a continuidade entre as reformas protestante e 
católica e a Igreja antiga. 
A história da teologia é uma ferramenta pedagógica tendo em vista que 
oferece informações sobre o desenvolvimento dos grandes temas teológicos, os 
pontos fortes e fracos das diferentes abordagens e os marcos mais notáveis do 
pensamento cristão, em termos de autores e documentos. E também uma 
ferramenta crítica, pois permite ver as falhas, as limitações e os condicionamentos 
de certas formulações doutrinárias, o que possibilita seu contínuo 
aperfeiçoamento. 
Geoffrey W. Bromiley (s.d. citado por Matos, 2008) observa que a teologia 
histórica não é simplesmente uma história da teologia cristã, mas ela mesma 
implica fazer teologia. A teologia ou a doutrina cristã pode ser conceituada como a 
palavra da Igreja sobre Deus em resposta à Palavra de Deus à Igreja, ou como as 
palavras humanas com as quais a Igreja procura testemunhar da Palavra de 
Deus. Portanto, a tarefa teológica envolve quatro polos: Deus, as Escrituras, a 
Igreja e o mundo. Sendo a teologia uma tarefa da Igreja e dos cristãos, ela exige 
 
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envolvimento e participação responsável, objetivando engrandecer a Deus, 
valorizar sua revelação e contribuir para o ministério e a missão da Igreja. 
Ainda conceituando a teologia, Roger Olson (2000) faz algumas 
observações pertinentes: 
 
A teologia é inevitável na medida em que o cristão (ou qualquer outra 
pessoa) procura pensar de modo coerente e inteligente a respeito de 
Deus. E não somente é inevitável e universal, como também valiosa e 
necessária. Sem a reflexão formal a respeito do significado do evangelho 
da salvação que é parte da teologia, ele se degeneraria rapidamente 
para a condição de mera religião folclórica e perderia toda a sua 
convicção da verdade e sua influência sobre a igreja e a sociedade. 
 
Guarde... 
Quando se diz que um livro trata de teologia, isso implica mostrar sua 
extensão, ênfase e limitações. A palavra “teologia” é formada de duas partes: 
theos, que quer dizer “Deus”, e logos, a expressão racional, os meios da 
interpretação racional da fé religiosa. Então, podemos dizer que teologia significa 
“a interpretação racional da fé religiosa”. A teologia cristã, portanto, é “a 
interpretação racional da fé cristã”. 
Existem pelo menos três elementos incluídos no conceito geral de 
teologia. 
1) Teologia é inteligível: ela pode ser compreendida pela mente humana 
de maneira ordenada e racional. 
2) Teologia requer explicação: isso, por sua vez, envolve a exegese 
(análise dos textos no original) e a sistematização das ideias. 
3) A fé cristã tem sua base na Bíblia, por isso a teologia cristã é um 
estudo baseado na Bíblia. Logo, teologia é a descoberta, a sistematização e a 
apresentação das verdades a respeito de Deus. 
 
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2.2 Tipos de Teologia 
No livro “Teologia básica ao alcance de todos”, Charles Ryrie (2004) 
cataloga diferentes tipos de teologia. Vejamos alguns destes tipos: 
1) Por época: por exemplo, teologia patrística, teologia medieval, teologia 
reformada e teologia contemporânea. 
2) Por pontode vista: por exemplo, teologia arminiana (defendida por 
Armínio), teologia calvinista (defendida por João Calvino), teologia católica, 
teologia barthiana (defendida por Karl Barth), teologia da libertação, entre outras. 
3) Por ênfase: por exemplo, teologia histórica, teologia bíblica, teologia 
sistemática, teologia apologética, teologia exegética, entre outras. Algumas 
dessas diferenças são muito importantes para todo aquele que estuda teologia. 
Vamos analisar mais um pouco alguns destes tipos?! 
 
� A teologia histórica aborda o que os estudiosos, individual ou 
coletivamente, pensam sobre os ensinos da Bíblia, conforme os 
pronunciamentos dos concílios realizados pela Igreja. Mostra como a Igreja 
estabeleceu tanto o que é verdadeiro quanto o que é errado e serve para 
guiar a teologia em seu próprio entendimento e declarações doutrinárias. 
Um estudante é capaz de chegar, de maneira mais eficiente, a suas 
próprias conclusões a respeito da verdade quando conhece as 
contribuições e os erros da história da Igreja. 
� Apesar de a expressão “teologia bíblica” ter sido usada de várias 
maneiras, ela serve para rotular uma ênfase específica no estudo da 
teologia. De maneira não-técnica, pode referir-se à teologia pietista (em 
contraste com a teologia filosófica), ou a uma teologia baseada na Bíblia 
(em contraste com uma que interage com os pensadores 
contemporâneos), ou ainda à teologia exegética (em contraste com a 
teologia especulativa). 
 
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Algumas teologias bíblicas contemporâneas, de perspectiva liberal, 
enquadram-se nesta última categoria, exegética, mesmo que sua exegese não 
represente fielmente o ensino bíblico. Muitas vezes, seus escritos são apenas 
comentários a respeito de tudo o que a Bíblia diz sobre assuntos como o Reino de 
Deus, as alianças. Deus (se for teologia bíblica do Antigo Testamento) ou 
questões como os ensinamentos de Jesus, de Paulo e do cristianismo primitivo 
(quando se trata de teologia bíblica do Novo Testamento) (RYRIE, 2004). 
Tecnicamente, a teologia bíblica tem um enfoque bem mais penetrante do 
que esse. Ela lida de modo sistemático com o progresso historicamente 
condicionado da autorrevelação de Deus na Bíblia. Quatro características surgem 
dessa definição: 
1) Os resultados do estudo da teologia bíblica devem ser apresentados de 
maneira sistemática. Nesse aspecto, ela é como as outras áreas dos estudos 
bíblicos e teológicos. O sistema ou maneira por meio da qual a teologia bíblica é 
apresentada não utiliza, necessariamente, as mesmas divisões que a teologia 
sistemática. Não tem de usá-las, tampouco precisa evitá-las. 
2) A teologia bíblica é centrada no contexto histórico e geográfico no qual 
ocorreu a revelação de Deus, Investiga a vida dos escritores da Bíblia, as 
circunstâncias que os motivaram a escrever e a situação histórica dos 
destinatários de seus escritos. 
3) A teologia bíblica estuda a revelação na sequência progressiva em que 
ela foi dada. Essa teologia reconhece que a revelação não foi completada por 
Deus de uma só vez, mas foi apresentada aos poucos, numa série de estágios 
sucessivos e utilizando diversos grupos de pessoas. A Bíblia é um registro do 
progresso dessa revelação, e a teologia bíblica concentra-se nela. A teologia 
sistemática, em contraste, considera a revelação como algo completo e fechado. 
4) A teologia bíblica tem na Bíblia a sua fonte. Na verdade, as teologias 
sistemáticas ortodoxas fazem o mesmo. Isso não quer dizer que a teologia bíblica 
ou a sistemática não possam ou não retirem material de outras fontes, mas a 
teologia ou a doutrina, por si só, não provém de outra fonte que não seja a Bíblia. 
 
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� A teologia sistemática correlaciona os dados da revelação bíblica como 
um todo, para exibir sistematicamente a imagem completa da 
autorrevelação de Deus. 
A teologia sistemática pode incluir o contexto histórico, a apologética 
(defesa da fé) e o trabalho exegético, mas concentra-se na estrutura total da 
doutrina bíblica. 
Em resumo: teologia é descobrir, sistematizar e apresentar as verdades a 
respeito de Deus. 
• A teologia histórica faz isso ao concentrar-se no que outros têm dito a 
respeito dessas verdades ao longo da história. 
• A teologia bíblica faz isso ao considerar a revelação progressiva das 
verdades de Deus. 
• A teologia sistemática apresenta sua estrutura total. 
 
 
2.3 Objeto da Teologia 
Deus. Este é o objeto de estudo da Teologia. 
Se pensarmos de maneira científica, ou seja, via ciência, esta distingue o 
objeto material do objeto forma. 
Em teologia, o objeto material é Deus e depois tudo o mais. Portanto, tudo 
pode ser teologizável. Quanto ao objeto formal: é a partir de onde se fala de 
Deus. E aqui, trata-se pois, da fé e da revelação. Objeto formal diz respeito ao 
aspecto, a dimensão, a face. É o ponto de vista, a ótica sobre o qual se fala de 
Deus. 
Zampieri (2004) explica que o interesse específico, a perspectiva, a visão, 
o enfoque é a forma de captar o mesmo objeto material. E a perspectiva é o que 
caracteriza o objeto formal. Isso é de extrema importância porque conforme a 
perspectiva, temos teologias diferentes e ciências diferentes. O físico não vê o 
universo numa perspectiva de fé. Deus é uma hipótese inútil, dizem os cientistas. 
O cientista vai ver o universo a partir das leis próprias da funcionalidade material. 
 
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Em síntese, o objeto formal da teologia é Deus enquanto revelado e recebido na 
fé. Fazer teologia é diferente do que fazer filosofia da religião ou teodiceia que 
procura provar Deus pela razão. 
O objeto material é o sobre o que se processa o conhecimento. Em 
teologia o objeto material é DEUS. Mas não só Deus. É Deus e tudo o mais. Tudo 
pode ser objeto quando lido a luz da fé e da revelação. A teologia não tem por 
objeto um objeto entre outros. E aqui se distingue a teologia de outras ciências 
que sempre tem um objeto particular e não vê a partir do todo. Deus é 
determinante de tudo, e então qualquer objeto pode ser objeto do teólogo (uma 
flor, um ato, um ente da criação, um acontecimento da história). 
É evidente que Deus é o primeiro objeto. O mundo, o homem são objetos 
segundos. Como diz São Tomás: “A teologia não trata por igual de DEUS e das 
criaturas, mas de Deus principalmente, e das criaturas na medida em que se 
relacionam com Deus como a seu princípio ou fim”. É aqui que entra a teologia da 
libertação e que fala da história e das lutas dos pobres dizendo que estão falando 
de DEUS. Se não se tem essa compreensão pode-se achar que o homem e a 
história não são lugares teológicos. Sob o enfoque de Deus toda a criação pode 
ser tratada (ZAMPIERI, 2004). 
 
 
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UNIDADE 3 – PRESSUPOSTOS PARA / DA TEOLOGIA 
 
3.1 Pressupostos básicos 
Segundo Ryrie (2004), de maneira consciente ou inconsciente, todos 
agem baseados em alguns pressupostos básicos e outros mais específicos. 
Vejamos: 
� ao afirmar que Deus não existe, o ateu precisa acreditar nesse pressuposto 
básico. Por acreditar nisso, encara o mundo, a humanidade e o futuro de 
modo completamente diferente de um teísta; 
� o agnóstico afirma que não podemos conhecer a Deus, mas precisa crer 
nisso, pois é a base de sua visão de mundo e da vida. Se é possível 
conhecer o Deus verdadeiro, então todo esse sistema cai por terra; 
� o teísta acredita que existe um Deus. Reúne evidências para confirmar e 
apoiar essa crença, mas a base de tudo é sua fé; 
� o trinitariano acredita que Deus é uma triunidade. Sua fé está baseada na 
Bíblia, portanto também acredita que a Bíblia é verdade. 
Esses são os pressupostos fundamentais. Se a Bíblia não é verdadeira, 
então o triunitarismo é falso, e Jesus Cristo não é quem afirmava ser. Nada 
aprendemos sobre a trindade ou sobre Cristo apenas por meio da natureza ou 
com a mente humana. Não podemos ter certeza de que aquilo que aprendemos 
na Bíblia sobre o Deus triuno é verdade a menos que acreditemos que nossa 
fonte é digna de confiança. Logo, a crença na veracidade da Bíblia é um 
pressuposto básico. 
 
3.2 Pressupostos interpretativos 
Se nossa fonte é tão importante, então devemos nos preocupar com a 
maneira como a encaramos e como a utilizamos. Uma teologia correta baseia-se 
na exegese correta. Os estudos exegéticos devem ser feitos antes de uma 
sistematização teológica, assim como os tijolos precisam ser fabricados antes de 
serem usados na construção de um prédio. 
 
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São três os pressupostos que nos interessam: 
a) A necessidade da interpretação simples e normal: ou seja, precisamos 
entender a importância da interpretação normal como a base da exegese correta. 
Ao revelar a si mesmo a nós, Deus desejava comunicar a verdade, não escondê-
la, por isso, faremos uma interpretação bíblica pressupondo o uso dos cânones 
normais da interpretação. Mas, lembre-se de que a existência de símbolos, 
parábolas, tipos, entre outros, dependem de um sentido literal. Além disso, sua 
interpretação sempre deve estar fundamentada no conceito de que Deus 
comunica-se de maneira normal, simples ou literal. Se ignorarmos isso, 
acabaremos caindo no mesmo tipo de exegese confusa que caracterizou os 
intérpretes patrísticos e medievais. 
b) A prioridade do Novo Testamento: toda Escritura é inspirada por Deus 
e útil. Porém, como fonte de doutrina, o Novo Testamento recebe prioridade. A 
revelação do Antigo Testamento foi parcial e serviu de preparação, enquanto a do 
Novo Testamento é completa, podendo ser considerada o ápice da revelação. A 
doutrina da Trindade, por exemplo, mesmo que possa ser identificada no Antigo 
Testamento, só foi revelada no Novo Testamento. Ou, então, pense nas grandes 
diferenças entre o que é ensinado no Antigo e no Novo Testamento a respeito da 
expiação, da justificação e da ressurreição. Afirmar isso não é minimizar os 
ensinamentos do Antigo Testamento, nem pressupor que ele seja menos 
inspirado. 
O que estamos querendo dizer é que, na revelação progressiva de Deus, 
cronologicamente, o Antigo Testamento vem antes e, portanto, é teologicamente 
incompleto, ocupando uma posição preparatória. A teologia do Antigo Testamento 
tem sua importância, mas acaba sendo incompleta sem a contribuição da verdade 
do Novo Testamento. 
c) A legitimidade das Escrituras: os liberais e os neo-ortodoxos, muitas 
vezes, criticam os conservadores por usarem somente as Escrituras para 
embasar suas conclusões. Por que reclamam tanto? Apenas porque mencionar 
as Escrituras vai levá-los a conclusões conservadoras e não liberais. Alegam que 
 
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essa é uma metodologia ilegítima, não erudita, porém não é mais ilegítima do que 
as notas de rodapé das obras eruditas! 
Para provar isso, as Escrituras devem ser empregadas de maneira 
correta, assim como as notas de rodapé. Na verdade, devem ser usadas para 
revelar o que realmente querem dizer, nunca fora de contexto nem em citações 
parciais quando a relação com o todo puder alterar o significado. De maneira 
especial, os textos do Antigo Testamento não devem ser forçados para incluir 
verdades que somente foram reveladas posteriormente no Novo Testamento 
(RYRIE, 2004). 
 
3.3 Pressupostos sistemáticos 
São necessários um sistema e ao mesmo tempo suas limitações. 
Vejamos: 
a) A necessidade de um sistema: 
A diferença entre a exegese e a teologia é o sistema utilizado. A exegese 
analisa o significado dos textos; a teologia correlaciona essas análises. O exegeta 
luta para apresentar o significado da verdade; o teólogo, por sua vez, o sistema 
da verdade. O objetivo da teologia, seja ela bíblica ou sistemática, é a 
organização dos ensinamentos considerados. 
b) As limitações de um sistema teológico: 
Em resumo, as limitações de um sistema teológico devem coincidir com 
as limitações da revelação bíblica. No esforço de apresentar um sistema 
completo, os teólogos, muitas vezes, são tentados a preencher as lacunas 
existentes nas evidências bíblicas com lógica e deduções que não podem ser 
comprovadas. 
A lógica e as deduções têm seu lugar apropriado. A revelação de Deus é 
ordeira e racional, portanto, a lógica possui um lugar assegurado na investigação 
científica dessa revelação. Quando as palavras são reunidas formando frases, 
assumem implicações que os teólogos devem procurar entender. No entanto, 
quando a lógica constitui um meio de criar a verdade, como se assim fosse, então 
 
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o teólogo será culpado de impor seu sistema sobre as limitações da verdade 
bíblica. Às vezes, isso é motivado pelo desejo de responder a questões que as 
Escrituras não tratam claramente. Nesses casos (e existe uma série deles na 
Bíblia), a melhor resposta é o silêncio, não um exercício lógico habilidoso, 
deduções sem bases consistentes nem um sentimentalismo bem-intencionado. 
Alguns exemplos de áreas que constituem uma tentação especial são a relação 
entre a soberania divina e a responsabilidade humana; o alcance do sacrifício de 
Jesus e a salvação das crianças que morrem (RYRIE, 2004). 
 
3.4 Pressupostos pessoais 
Enfim, também podem ser estabelecidos alguns pressupostos a respeito 
do estudante de teologia. 
a) Ele deve crer: 
Os ímpios certamente podem escrever e estudar teologia, mas um cristão 
tem um entendimento e uma perspectiva sobre a verdade de Deus de que 
nenhum incrédulo é capaz. As questões mais profundas emrelação a Deus são 
ensinadas pelo Espírito, algo que o incrédulo não possui (1 Co 2:10-16). 
Os cristãos também precisam ter fé, pois algumas áreas da revelação de 
Deus não podem ser totalmente compreendidas por nossa mente finita. 
b) Ele deve pensar: 
O cristão sempre deverá tentar pensar teologicamente. Isso envolve 
raciocinar de maneira exegética (para entender seu significado preciso); pensar 
de maneira sistemática (para conseguir correlacionar os fatos de maneira 
adequada); pensar criticamente (para avaliar a prioridade das evidências 
relacionadas) e pensar de maneira sintética (para combinar e apresentar os 
ensinamentos como um todo). 
A teologia e a exegese sempre devem interagir. A exegese não apresenta 
todas as respostas. Quando houver mais de uma opção exegética legítima, a 
teologia indicará a opção a ser adotada. Algumas passagens, por exemplo, 
aparentemente podem ensinar que a segurança eterna existe, outras não. Nesse 
 
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caso, o sistema teológico do intérprete fará com que ele tome uma decisão. Por 
outro lado, nenhum sistema teológico deve ser tão rígido que não esteja aberto a 
mudanças ou ao refinamento das revelações da exegese. 
c) Ele deve depender: 
Somente o intelecto não forma um teólogo. Se acreditarmos na realidade 
do ministério de ensino do Espírito Santo, então certamente esse deve ser um 
elemento considerado no estudo da teologia (Jo 16:12-15). O conteúdo do 
“currículo do Espírito” inclui toda a verdade, enfatizando especialmente a 
revelação do próprio Cristo que, claro, encontra-se nas Escrituras. Experimentar 
isso requer uma atitude consciente de dependência do Espírito, que será refletida 
na humildade do intérprete e no estudo diligente daquilo que o Espírito ensinou a 
outros ao longo da história. Segundo Ryrie (2004), o estudo bíblico indutivo é uma 
boa maneira de estudar, mas fazer apenas isso é ignorar os resultados do 
trabalho de outros, e fazer isso sempre pode ser uma repetição ineficiente do que 
outros já fizeram. 
d) Ele deve adorar: 
Estudar teologia não é um mero exercício acadêmico, embora muitos 
pensem assim. É uma experiência que muda, convence, expande, desafia e, por 
fim, leva a uma grande reverência a Deus. Adoração implica o reconhecimento do 
valor daquilo que é adorado. 
Reflitam: Como um mortal pode dedicar-se a estudar Deus sem 
reconhecer ainda mais o valor do Senhor? 
 
 
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UNIDADE 4 – DOUTRINAS E DOGMAS 
 
O dicionário Aurélio define Doutrina a um conjunto de princípios que 
servem de base a um sistema, que pode ser literário, filosófico, político e religioso. 
Doutrina também pode ser uma fonte do direito. 
Doutrina está sempre relacionada à disciplina, a qualquer coisa que seja 
objeto de ensino, e pode ser propagada de várias maneiras, através de 
pregações, opinião de pessoas conhecidas, ensinamentos, textos de obras, e até 
mesmo através da catequese, como uma forma de doutrina da Igreja Católica. 
Doutrina também está presente nas ciências jurídicas, onde também é 
chamada de direito científico, que são estudos desenvolvidos por juristas, com o 
objetivo de compreender os tópicos relativos ao Direito, como normas e institutos. 
Segundo o dicionário de significados, Doutrina religiosa é o conjunto de 
princípios que sustentam um sistema religioso. São encontradas em todas as 
religiões e igrejas. 
Dogma, por sua vez, é um termo de origem grega que significa 
literalmente “o que se pensa é verdade”. Na antiguidade, o termo estava ligado ao 
que parecia ser uma crença ou convicção, um pensamento firme ou doutrina. 
Posteriormente, passou a ter um fundamento religioso em que caracteriza 
cada um dos pontos fundamentais e indiscutíveis de uma crença religiosa. Pontos 
inquestionáveis, uma verdade absoluta que deve ser ensinada com autoridade. 
Em se tratando da Espiritismo, o seu dogma ou princípio fundamental é 
acreditar na reencarnação, enquanto que para o primeiro dogma da Igreja, dos 
cristãos é afirmar que Deus existe. 
Além do cristianismo, os dogmas estão presentes em outras religiões 
como o judaísmo ou islamismo. Os princípios dogmáticos são crenças básicas 
pregadas pelas religiões, que devem ser seguidas e respeitados pelos seus 
membros sem nenhuma dúvida. 
Quem os rejeita pode incorrer em crimes variáveis de acordo com a 
religião. Na Igreja Católica, o crime de heresia aconteceu no período da Idade 
 
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Média, em que as pessoas acusadas eram excomungadas ou perseguidas 
através da Inquisição. 
Para a Igreja Católica, dogma é uma verdade de fé revelada por Deus. 
Logo, um dogma é imutável e definitivo; não pode ser mudado nem revogado, 
pois Deus, sendo Perfeito e Eterno, não está sujeito à mudança. – O SENHOR é 
o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13,8). 
Os dogmas proclamados pela Igreja Católica devem ser aceitos como 
verdades reveladas por Deus através da Bíblia. São irrevogáveis e nenhum 
membro da Igreja, nem mesmo o Papa, tem autoridade para alterá-los. 
Uma verdade divinamente revelada só pode ser considerada dogma 
quando proposta diretamente à fé cristã católica, através de uma definição solene 
(clarificação ou esclarecimento da Sã Doutrina), portanto infalível, do Magistério 
da Igreja. Para que tal aconteça, são necessárias duas condições: 
a) O sentido deve ser suficientemente manifestado como sendo uma 
autêntica verdade revelada por Deus. 
b) Essa verdade ou doutrina deve ser proposta e definida solenemente 
pela Igreja, Corpo de Cristo como um todo, como sendo verdade revelada e parte 
integrante da fé católica. 
São 43 dogmas proclamados pela Igreja, que os divide em 8 categorias 
distintas: 
1) Dogmas sobre Deus: 
- a existência de Deus; 
- a Existência de Deus como objeto de fé; 
- a unicidade de Deus; 
- Deus é eterno; 
- a Santíssima Trindade. 
2) Dogmas sobre Jesus Cristo: 
- Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência; 
 
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- Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam; 
- cada uma das duas naturezas em Cristo possui uma própria vontade 
física e uma própria operação física; 
- Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho natural de Deus; 
- Cristo imolou-se a si mesmo na cruz como verdadeiro e próprio 
sacrifício; 
- Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do sacrifício de sua 
morte na cruz; 
- ao terceiro dia depois de sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os 
mortos; 
- Cristo subiu em corpo e alma aos céus e está sentado à direita de Deus 
Pai.3) Dogmas sobre a Criação do Mundo: 
- tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada; 
- caráter temporal do mundo; 
- conservação do mundo. 
 
4) Dogmas sobre o Ser Humano: 
- o homem é formado por corpo material e alma espiritual; 
- o pecado de Adão se propaga a todos seus descendentes por geração, 
não por imitação; 
- o homem caído não pode redimir-se a si próprio. 
 
5) Dogmas Marianos: 
- a Imaculada Conceição de Maria; 
 
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- Maria, Mãe de Deus; 
- a Assunção de Maria; 
- a Virgindade de Maria. 
 
6) Dogmas sobre o Papa e a Igreja: 
- a Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo; 
- Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos 
e como cabeça visível de toda Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente o 
primado de jurisdição; 
- o Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda Igreja, 
não somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo 
da Igreja; 
- o Papa é infalível sempre que se pronuncia ex cátedra; 
- a Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes. 
 
7) Dogmas sobre os Sacramentos: 
- o Batismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo; 
- a confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento; 
- a Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos 
após o Batismo; 
- a Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e 
é necessária para a salvação; 
- a Eucaristia é o verdadeiro Sacramento instituído por Cristo; 
- Cristo está presente no Sacramento do altar pela Transubstanciação de 
toda a substância do pão em seu corpo e toda substância do vinho em seu 
sangue; 
 
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- a Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por 
Cristo; 
- a Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo; 
- o matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento. 
8) Dogmas sobre as últimas coisas (Escatologia): 
- a morte e sua origem; 
- o céu (Paraíso); 
- o inferno; 
- o purgatório; 
- o fim do mundo e a segunda vinda de Cristo; 
- a ressurreição dos Mortos no Último Dia; 
- o juízo universal. 
 
Vale lembrarmos a distinção entre dogma teológico e dogma filosófico. 
Enquanto no primeiro caso não vale questionamentos, discussões ou por-se à 
prova, que é o caso da Igreja Católica, na qual colocar um dogma em dúvida 
transforma a pessoa em um herege; no caso do dogma filosófico, até mesmo a 
ciência o adota. Ela não é inflexível, os dogmas propostos são aceitos quando 
compreendidos e se forem exequíveis. 
 
Guarde... 
Dogmas são definições teológicas formais de enunciados fundamentais 
da verdade cristã, proclamadas por concílios universais ou, na Igreja Católica 
Romana, desde meados do século XIX, também por papas. Trata-se de 
enunciados fundamentais normativos que comprometem a todos(as), dentro da 
própria igreja. São verdades doutrinárias definidas pela igreja como expressões 
legítimas e necessárias da fé. Nesse sentido, o conceito de “dogma” tem seu 
 
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lugar apropriado nas igrejas que representam o cristianismo dogmático, ou seja, 
as Igrejas Ortodoxas e a Católica Romana (FISCHER, 2008). 
 
 
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UNIDADE 5 – APOLOGÉTICA 
 
No dicionário Aurélio, apologética significa autodefesa, mas em se 
tratando da Teologia, devemos, para começo de conversa, perguntar quem está 
sendo defendido e quais tipos de acusações estão sendo levantadas, correto? 
Greggersen (2000) atenta para que notemos que a autodefesa, ao 
mesmo tempo em que envolve um forte aspecto emocional, parece ser uma 
característica própria de qualquer raciocínio humano. Ele considera o seguinte 
exemplo: 
 
Quando nos sentimos convidados e suficientemente motivados para 
refletir sobre qualquer assunto de interesse, entre amigos ou em algum 
debate, acadêmico ou não, normalmente não resistimos à tentação de 
tomar um posicionamento, declarado ou não. E quando resolvemos 
assumi-lo em público, somos logo reconhecidos como alguém que está 
defendendo algo, ainda que, a princípio pelo menos, não tenhamos sido 
confrontados ou acusados de absolutamente nada. Sempre que há uma 
ideia em disputa, temos a tendência de, por algum motivo, levantar a 
nossa bandeira. Não resistimos ao ímpeto de participar de discussões e 
tomar partido de ideias, ainda que nada nos obrigue a isso. Como se 
explica esse gosto natural pela disputa? Não bastaria cada um manter as 
suas ideias para si, simplesmente respeitando as dos outros? Que 
impulso é esse que nos leva ao debate? 
 
Questiona Greggersen. 
Apesar de querermos sempre achar uma resposta para tudo, de achar 
sempre coerência nas coisas mesmo que sejam absurdas, não vamos nesse 
momento enveredar por essa seara, deixaremos para a Filosofia! 
Vamos direto para a apologética cristã que é nosso interesse no curso 
tomando como base o Manual de Apologética de Boulenger. 
 
5.1 Os fins da apologética 
Se por definição Apologética é a justificação e defesa da fé católica, ela 
encerra exatamente esses dois fins ou dois objetos de estudo. 
a) Justificar a fé católica: 
 
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Considerando a religião no seu fundamento (isto é, no fato da revelação 
cristã, de que a Igreja Católica se diz a única depositária fiel), a apologética expõe 
os motivos de credibilidade que provam a sua existência. Deve, portanto, resolver 
este problema: havendo neste mundo tantas religiões, qual será a verdadeira? 
Ora o apologista católico sustenta que só a sua fé é verdadeira, e que o é na 
realidade; deve, pois, provar esta asserção. Este primeiro trabalho constitui a 
apologética demonstrativa ou construtiva. 
b) Defender a fé católica: 
A apologética não só apresenta os títulos que tornam a Igreja Católica 
credora da nossa adesão, mas também enfrenta os adversários, respondendo 
aos seus ataques. E, como os ataques variam com as épocas, segue-se que deve 
evolucionar e renovar-se incessantemente, pondo de parte as objeções 
antiquadas e apresentando-se no campo escolhido pelos adversários, para os 
combates da hora presente. Sob este segundo aspecto, a apologética tem um 
caráter negativo, e chama-se apologética defensiva.Em outras palavras, a apologética é demonstrativa quando se dirige ao 
crente, ao ateu e ao indiferente. Ao indiferente e ao ateu: ao primeiro, para o 
convencer da importância da questão religiosa e da sem-razão da indiferença 
acerca deste assunto; ao segundo, para o arrancar a incredulidade; a ambos, 
finalmente, para os levar à reflexão, ao estudo e à conversão. Quer se dirija aos 
crentes, quer se dirija aos incrédulos, a apologética tem sempre em vista levar as 
almas à certeza do fato da revelação. Ora, há muitas escolas filosóficas que 
negam ao homem a capacidade de atingir a verdade. Será, pois, conveniente, 
resolver o problema da certeza. 
Enquanto defensiva, a apologética visa só os anticrentes e tem por fim 
refutar os seus preceitos e objeções. Dizemos anticrentes e não incrédulos, 
porque ordinariamente os incrédulos se limitam a não crer, ao passo que os 
anticrentes têm uma religião especial – a religião da ciência, da humanidade, da 
democracia, da solidariedade, entre outras – que dirigem contra a religião católica 
(BOULENGER, 1955). 
 
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Como diz Stanley (1998), obviamente não se pode citar as Escrituras 
quando falamos com um pagão, e não deveríamos citar o Novo Testamento 
quando estamos falando com um Judeu. Quando nos dirigimos àqueles não-
Católicos que pensam que estão seguindo Cristo ao aderir “somente à Bíblia”, 
podemos basear nossos argumentos na própria Escritura Sagrada. Se pudermos 
mostrar-lhes que estão totalmente equivocados a respeito de um ponto principal, 
utilizando-nos das Escrituras nas quais eles alegam acreditarem, fizemos um bom 
trabalho de apologética para expor a verdade do Catolicismo. Isso não quer dizer 
que você deva ir para todo lado provocando discussões com todos que puder, 
mas sim que você precisa estar “sempre pronto a responder para vossa defesa a 
todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança” (I Pedro 3,15). 
 
5.2 Apologética x apologia – desfazendo confusões 
Apologética e apologia não são sinônimos! 
A palavra “Apologética” vem do Grego “Apologetikos”, que significa 
defesa. 
Muitos versículos da Bíblia se referem à Apologética: 
� 1Pedro 3,15: “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo 
aquele que vos pedir a razão de vossa esperança.” 
� At 17,2: “e Paulo dirigiu-se a eles, segundo seu costume, e por três 
sábados disputava com eles com base nas Escrituras.” 
� At 22,1: “Irmãos e pais, ouvi o que vos tenho a dizer em minha defesa.” 
� 1 Coríntios 9,3: “Esta é a minha defesa contra os que me denigrem”. 
Segundo Stanley (1999), os católicos tem a verdade e podem confiar o 
que dizem com documentos; têm ao Papa e o Magistério, detentores da verdade 
e têm ao Espírito Santo guiando a Igreja e não permitindo que Ela ensine algo 
errado. 
 
 
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Apologética significa propriamente ciência da apologia, do mesmo modo 
que dogmática significa ciência do dogma. A apologética é a defesa 
científica do Cristianismo pela exposição das razões em que se apoia. 
Uma apologia é uma defesa oposta a um ataque (HETTINGER, Théol. 
Fond. t. I. s.d apud BOULENGER, 1955). 
 
O objeto da apologética é, portanto, mais geral. A apologia limita-se a 
defender um ponto da doutrina católica no campo do dogma, da moral ou da 
disciplina. Prova, por exemplo: 
� que o mistério da Santíssima Trindade não é absurdo; 
� que acusar de interesseira a moral cristã é injusto; 
� que o celibato cristão não é instituição digna de censura, mas rica em 
vantagens inestimáveis; e, 
� chega até a reabilitar a memória de um santo. 
A apologia remonta às primeiras eras do Cristianismo; a ciência 
apologética aparece mais tarde, e está sempre em via de formação ou, pelo 
menos, de aperfeiçoamento (BOULENGER, 1955). 
 
5.3 Importância 
A importância da apologética deduz-se de dois motivos: ser o preâmbulo 
da fé e condição necessária da Teologia, porque: 
a) A fé exige o concurso da inteligência, da vontade e da graça. Ora, a 
missão da Apologética é levar o homem até o limiar da fé, torná-la possível, 
provando que é racional. As provas, que o apologista nos fornece acerca do fato 
da revelação, devem levar-nos a formar dois juízos: a revelação manifesta-se-nos 
com evidência objetiva e, portanto, é digna de crédito (credibile est), juízo de 
credibilidade; se é digna de crédito, há obrigação de crer (credendum est), juízo 
de credendidade. 
O primeiro é de ordem especulativa, dirige-se só à inteligência; o segundo 
vai mais longe, atinge a vontade: é um juízo prático. Se considerarmos os fatos, a 
questão para nós não existe, está resolvida antes da discussão, porque, seja qual 
 
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for a religião a que pertençamos, todos a recebemos do nosso meio e da nossa 
educação; veio-nos por intermédio dos nossos pais e dos nossos mestres. Muitos 
há que a aceitam sem discussão nenhuma, fundados somente na autoridade. 
Mas pode chegar um momento em que a dúvida assalte o espírito, e seja 
necessário armar a fé contra os ataques inimigos. Não recomendava já S. Pedro 
aos primeiros cristãos que andassem preparados para dar razão de sua crença 
quando lha pedissem? (I Ped. 3, 15). 
Hoje, ainda mais do que então, devem os católicos conhecer os motivos 
da sua fé e saber explicá-los aos outros. É bom advertir que não se pode duvidar 
da fé, embora seja permitido sujeitá-la a exame. Segundo o Concílio Vaticano I, 
“os que receberam a fé pelo magistério da Igreja nunca podem ter razão 
suficiente para a abandonar, ou pôr em dúvida” (CONST. DEI FILIUS, Can. III e 
Can. VI). 
Aos que dizem que é preciso fazer primeiro tábua rasa da fé para chegar 
à verdade, responde Leibniz: 
 
Quando se trata de dar a razão das coisas, a dúvida para nada serve... 
Que se faça um exame para passar a dúvida..., passe. Mas que, para 
examinar. Seja necessário começar por duvidar, é isso o que eu nego 
(BOULENGER, 1955). 
 
c) A apologética é a condição necessária da Teologia. Com efeito, a 
exposição da doutrina da fé católica já supõe a fé, e só têm em vista 
os crentes. Donde se segue que apesar de terem pontos de contato e 
de se ocuparem igualmente da revelação, diferem, contudo, no ponto 
de partida e no desenvolvimento. De fato, o apologista, só com o 
instrumento da razão, eleva-se das criaturas ao Criador, a um Deus 
revelador, e chega ao fato da Igreja docente; ao passo que a Teologia 
segue a ordem inversa: partindo do ponto em que chega a 
apologética, isto é, do magistério infalível da Igreja, expõe os 
ensinamentos da fé (BOULENGER, 1955). 
 
 
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5.4 Divisões da apologética 
Segundo Boulenger (1955), como as relações entre Deus e o homem são 
o fundamento da religião católica, a apologética deve tratar de Deus, do homem e 
das suas relações mútuas. Ora, a solução dos problemas, que dizem respeito a 
este tríplice objeto, pertence ao domínio da filosofia e da história. Daí as duas 
grandes divisões: a parte filosófica e a parte histórica. 
1) Parte filosófica: 
À Filosofia pertencem os problemas relativos a Deus, ao Homem e suas 
mútuas relações. Vejamos: 
a) A Deus. Esta primeira seção trata da existência de Deus, da sua 
natureza e da sua ação (Criação e Providência). 
b) Ao homem. A segunda seção deve provar a existência da alma 
humana, duma alma espiritual, livre e imortal. 
c) Às suas relações mútuas. A terceira seção é a conclusão das duas 
primeiras. Parte da natureza de Deus e do homem, e tem por fim provar, não só 
as suas relações mútuas e necessárias, mas ainda aquelas cuja existência é 
possível presumir-se. As três seções da primeira parte constituem o que se 
chama preâmbulos racionais da fé. 
 
2) Parte histórica: 
Na segunda parte entramos na questão de fato. Ora, os fatos pertencem 
à história. É, portanto, com documentos históricos que o apologista deve provar a 
existência da revelação primitiva e mosaica, e finalmente da revelação cristã feita 
por Jesus Cristo, da qual a Igreja é depositária. 
A parte histórica subdivide-se, pois, em duas seções: a demonstração 
cristã, e a demonstração católica. 
a) Demonstração cristã. Nesta primeira seção trata-se de provar a origem 
divina da religião cristã, por sinais ou critérios, que nos levem ao assentimento. 
São de duas espécies: 
 
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a.1) critérios externos ou extrínsecos, isto é, todos os fatos, milagres e 
profecias que, não podendo ter outro autor senão Deus, nos foram dados por Ele 
mesmo, para determinar e confirmar a nossa fé; 
a.2) critérios internos ou intrínsecos, isto é os que são inerentes à 
doutrina revelada. 
b) demonstração católica. Uma vez provada a origem divina da religião 
cristã, o apologista deve demonstrar que só a Igreja Católica possui as notas da 
verdadeira Igreja fundada por Jesus Cristo. 
Também poderíamos fundir numa só as duas seções da parte histórica e 
fazer imediatamente a demonstração da parte católica, sem passar pela 
demonstração intermediária. O apologista que adota este método vai diretamente 
à Igreja Católica. Apresenta-a “ornada de tais caracteres que todos podem 
facilmente vê-la e reconhecê-la como a guarda e única possuidora do depósito da 
revelação”. E isso pelo fato de só ele conservar “o imenso e maravilhoso tesouro 
das obras divinas, que mostram até à evidência a credibilidade da fé cristã”, e por 
ser ela mesmo um fato divino, “um grande e perene motivo de credibilidade, pela 
sua admirável propagação, eminente santidade, fecundidade inesgotável em toda 
espécie de bens, unidade católica e invencível estabilidade” (CONST. DE FIDE, c. 
III.). 
Tal é, a largos traços, a apologética demonstrativa. Caminha sempre ao 
lado da apologética defensiva, que lhe prepara o terreno, refutando as objeções 
dos adversários na parte filosófica e histórica (BOULENGER, 1955). 
 
Guarde... 
A missão da apologética cristã é combater os movimentos que negam e 
combatem a fé cristã e promover a primazia de Cristo e a suficiência das 
escrituras como norma de fé e prática para todo cristão, indo muito além de um 
básico evangelismo, e oferecendo respostas para as dúvidas e questionamentos 
que são levantados contra nossas convicções. 
 
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Na sua segunda carta aos cristãos de Corinto, o Apóstolo Paulo nos 
apresenta qual o objetivo de nossa apologética: “Nós aniquilamos todo raciocínio 
e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo 
pensamento e o reduzimos à obediência a Cristo” (II Coríntios 10:5). 
E o Apóstolo Pedro arremata sabiamente sobre a necessidade, meios e 
finalidade da apologética: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso 
coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir 
razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor...” 
(1 Pedro 3:15-16). 
 
 
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UNIDADE 6 – TEOLOGIA PASTORAL 
 
Por definição, Teologia Pastoral é o estudo teológico sobre o ministério 
cristão abordando específica e detalhadamente o dom de pastor: sua chamada, 
vida e ministério. 
A Teologia Pastoral ou do ministério cristão seria enquadrada no ramo da 
Teologia Prática, apesar de podermos abordá-la em várias perspectivas 
diferentes (holística), dando maior relevância a perspectiva bíblica e prática 
(MATTOS; SILVA, 2012). 
Por ação pastoral, entende-se a totalidade da ação da Igreja e dos 
cristãos, a partir da prática de Jesus, para instaurar o Reino de Deus. A pastoral, 
portanto, é o serviço salvífico da Igreja, cujo fundamento encontra-se no desígnio 
universal de salvação de Deus. Em Jesus Cristo, Deus confiou à Igreja a 
realização desse serviço como continuidade da obra pascal e escatológica de 
Cristo, por meio do Espírito em Pentecostes, na esperança da realização plena do 
Reino de Deus na parusia. 
Essa atuação implica uma interpretação do mundo e da história e, 
igualmente, uma concepção sobre a adequada ação pastoral diante da realidade. 
Duas hermenêuticas, portanto, se entrecruzam na pastoral: a eclesial e a social. 
O pastoreio, desse modo, relaciona-se sempre com as duas partes envolvidas na 
história da Salvação: Deus e o ser humano. Por ser responsável diante de Deus e 
da sua revelação, a pastoral deve ser também um serviço ao ser humano 
(BRUSTOLIN, 2014). 
A teologia prática e pastoral ocupa-se com a reflexão teológica e análise 
sobre a ação da Igreja, compreendendo a prática das comunidades eclesiais e 
das pessoas que professam a fé cristã, na perspectiva maior do povo de Deus e 
da vocação batismal comum a todos os seus membros, a serviço da missão 
evangelizadora da Igreja. Contempla tanto as práticas que afetam a vida interna 
da Igreja quanto a presença da Igreja no mundo (ANDREATTA, 2014). 
 
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Essa área da Teologia envolve-se com temas, situações, demandas e 
desafios atuais que requerem uma tomada de posição por parte da teologia e da 
Igreja, é uma área de produção de saber teológico que promove a interação entre 
diferentes disciplinas teológicas e a práxis da fé cristã, numa mútua fecundação. 
Pode ser considerada também uma teoriada ação e para a ação da Igreja nos 
mais diversos contextos de sua presença, à luz da revelação e do magistério da 
Igreja, em diálogo com outras áreas de conhecimento. Ao mesmo tempo em que 
promove uma reflexão crítica que objetiva iluminar a ação da Igreja, busca 
também aprofundar e explicitar a relevância da teologia e da ação eclesial no 
mundo de hoje. 
São temas importantes na Teologia Pastoral: evangelização, 
pastoral/pastoreio, catequese (iniciação cristã), fé e justiça, prática ecumênica, 
teologia pública, comunidades eclesiais de base e opção pelos pobres. 
Falar em pastoral quase que de imediato nos vemos envolvidos por toda 
América Latina, Caribe e Brasil, onde nasceram as Comunidades Eclesiais de 
Base, por volta de fins da década de 1950 e início de 1960. 
 
6.1 As Comunidades Eclesiais de Base 
As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) surgem na conjuntura da 
sociedade contemporânea que produziu uma atomização da existência, um 
anonimato geral das pessoas e uma fragmentação em praticamente todos os 
níveis da convivência humana, devido aos desafios vindos de uma sociedade 
globalizada e urbanizada na qual a vivência comunitária parecia não ter mais 
espaço para existir. Como reação a este fenômeno, há uma tendência de se 
retomar as relações primárias entre as pessoas e buscar relacionamentos de 
reciprocidade. As CEBs representam esta reação no interior da(s) Igreja(s) 
(FERRARO, 2014). 
Houve um longo período de preparação do terreno para o aparecimento 
das CEBs e o batismo se com Medellín (1968). Inicialmente eram chamadas de 
Comunidades Cristãs de Base. 
 
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Assim, a comunidade cristã de base é o primeiro e fundamental núcleo 
eclesial, que deve, em seu próprio nível, responsabilizar-se pela riqueza e 
expansão da fé, como também pelo culto que é sua expressão. É ela, portanto, 
célula inicial de estruturação eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fator 
primordial de promoção humana e desenvolvimento. 
A confirmação se deu em Puebla (1979), mas antes as CEBs já haviam 
encontrado sua legitimidade na palavra do magistério universal na Evangelii 
Nuntiandi, n.58: “(…) São solidárias com a vida da mesma Igreja e alimentadas 
pela sua doutrina e conservam-se unidas aos seus pastores”. O Documento de 
Puebla assim se expressa: 
 
As comunidades eclesiais de base que em 1968 eram apenas uma 
experiência incipiente amadureceram e multiplicaram-se, sobretudo em 
alguns países. Em comunhão com seus bispos e como o pedia Medellín, 
converteram-se em centros de evangelização e em motores de 
libertação e de desenvolvimento (PUEBLA, nº 97; cf. também nº 641-
642). 
 
As pastorais sociais, fruto do engajamento dos cristãos e cristãs na 
concretização da opção pelos pobres, colaboram na compreensão do 
engajamento político, na importância de uma Igreja comprometida com as lutas 
populares e iniciam o processo de cidadania nas comunidades. Este processo se 
dá pela ligação das pastorais sociais com os movimentos sociais populares. A 
partir da pastoral da saúde, abre-se a possibilidade de participação nos conselhos 
de saúde local, municipal, estadual. Assumindo a pastoral da terra (CPT), os 
cristãos e cristãs têm a possibilidade de participar do Movimento dos Sem Terra 
(MST). Participando da Pastoral Operária (PO), há a abertura para a participação 
nos sindicatos. Estando na pastoral carcerária, abre-se a possibilidade de 
participação no Movimento Nacional de Direitos Humanos, Anistia Internacional, 
de relacionamento com o Ministério Público. Da pastoral da Mulher Marginalizada 
(PMM) entra-se no movimento da mulher, tem-se abertura para a Marcha Mundial 
das Mulheres. Ao participar da Pastoral da Criança, vislumbra-se a participação 
nos conselhos da criança e do adolescente, como também no conselho tutelar. 
 
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Da pastoral de fé e política, ética e política, abre-se o horizonte para a 
participação nos partidos políticos. Dessa mesma forma, podemos ver a 
participação de cristãos e cristãs das CEBs na Semana Social Brasileira, no Grito 
dos Excluídos, nas romarias da Terra e das Águas, nas romarias dos 
trabalhadores(as) (FERRARO, 2014). 
Em nome da fé, os cristãos e cristãs saídos das CEBs assumem e apoiam 
as lutas dos movimentos populares, dos povos indígenas, dos negros, das 
mulheres. Participam dos movimentos ecológicos. À luz do Ensinamento Social 
da Igreja, participam do movimento sindical, dos partidos políticos ligados aos 
interesses da classe trabalhadora e, em alguns casos específicos, frente à 
violência institucionalizada (MEDELLÍN, nº 16) e ao pecado social (PUEBLA, nº 
28), há a recorrência à luta armada em alguns países da América Latina e Caribe. 
As CEBs procuram manter os pontos essenciais para a construção de um 
novo modelo eclesial e de um novo modelo de sociedade que tenham as marcas 
do Reino de Deus anunciado por Jesus de Nazaré. São eles: 
a) Manutenção da opção pelos pobres: 
Diante da vulnerabilidade presente em nossa sociedade e frente ao 
neoliberalismo, a opção pelos pobres é fundamental para a resistência dos povos 
e defesa da vida. 
b) Teologia da Libertação: 
A Teologia da Libertação é também fruto da opção pelos pobres e 
necessita de novos aprofundamentos diante das novas exigências do momento 
histórico atual, buscando dar respostas para as questões relacionadas com as 
culturas, a bioética, a sexualidade, a ecologia. 
c) Ministérios e a presença da mulher na Igreja e nas CEBs: 
Há uma presença majoritária de mulheres nos serviços e coordenações 
nas CEBs, mas há uma contradição entre a proclamação da igualdade e a 
realidade de desigualdade nas relações entre homens e mulheres no seio das 
Igrejas cristãs, mas especialmente no seio da Igreja católica, na qual a mulher, 
 
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por ser mulher, não pode assumir determinadas tarefas e postos de decisão, 
contrariando o princípio do sacerdócio comum dos fiéis. 
d) O diálogo inter-religioso e a luta pela defesa da vida e da natureza: 
Este desafio é o de todas as Igrejas e de todas as religiões, pois não 
haverá paz no mundo, se não houver paz entre as religiões (HANS KÜNG, 2004). 
 
6.2 Perspectiva teológica da pastoral 
A fonte de toda a pastoral é a Santíssima Trindade: do Pai procede o 
desígnio da salvação; o Filho é enviado para revelar esse projeto de amor, sendo 
o sacerdote, pastor eterno e mensageiro do Reino; e o Espírito Santo é quem 
atualiza a ação salvífica do Pai e do Filho, para que todos tenham vida em 
abundância (cf. Jo 10,10). A ação pastoral de Cristo pretende “reunir em um só 
povo todos os filhos de Deus que estão dispersos” (cf. Jo 11,52), para que haja 
“um só rebanho e um só pastor” (cf. Jo 10,18). 
A Igreja é sacramento de salvação, e todas suas ações estão marcadas 
pelo amor cuidador e salvífico da Trindade. O resultado da ação pastoral traduz-
se na conversão

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