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CAPÍTULO 4 Componentes de Hardware e Software A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Pesquisar técnicas de Hardware e de Software para o gerenciamento de conhecimento de configuração de componentes utilizados na manufatura. 3 Conhecer técnicas de Hardware e Software para a configuração de sistemas flexíveis, projetados com a metodologia de Sistemas Orientados à Aplicação na manufatura. 94 Automação industrial 94 95 Componentes de Hardware e Software 95 Capítulo 4 Contextualização A utilização de recursos inteligentes e a tecnologia de informação são facilidades apresentadas nos dias atuais para a inserção dos indivíduos/ empresa na era da informação, exigindo das organizações uma gestão estratégica eficiente. A tecnologia de informação oferece recursos tecnológicos e computacionais para a geração de informações e os sistemas de informação estão cada vez mais sofisticados, propondo mudanças nos processos, estrutura e estratégia de negócios. Não se admite hoje uma empresa que queira competir com vantagem, sem a utilização dessas ferramentas. Estes fatos abrem lacunas para que os novos gestores, com novas visões, busquem o aperfeiçoamento contínuo para suas empresas. O desenvolvimento e a crescente evolução das organizações é fruto da evolução do conhecimento e da informação. As transformações decorrentes do desenvolvimento tecnológico nas áreas de informação e comunicação afetaram significativamente a sociedade. Para acompanhar essas transformações tanto as pessoas quanto as organizações têm procurado formas mais rápidas para inserir-se nesse modelo atual de mercado. Tal modelo é chamado “Era da informação”, a qual tem em mente a tecnologia de informação e os sistemas de informação como grandes precursores e responsáveis pelo valor adicional às tomadas de decisões. Nesse sentido, o presente capítulo tem por objetivo avaliar a importância dos sistemas de Arquiteturas básicas de computadores para controle em tempo real; unidades de entrada, saída e interfaces, controladores programáveis; engenharia de programas e desenvolvimento de software; sistemas operacionais para controle em tempo real; aspectos básicos de programação em tempo real; fundamentos da comunicação industrial; modelos OSI, interfaces homem-máquina e integração de sistemas de informação gerencial na gestão empresarial para a tomada de decisões. arquiteturas BásiCas de Computadores para Controle em tempo real Nesta seção vamos conhecer as arquiteturas de computadores para controle em tempo real. 96 Automação industrial 96 a) Classificação de arquiteturas Segundo Ricarte (1999), no projeto de sistemas computacionais no nível de processador (trabalhando com grupos de palavras), os tipos de componentes considerados são processadores, memórias, dispositivos de entrada e saída e meios de interconexão. • Processadores Contemplam componentes, tais como, CPU, controladores e co- processadores. Têm um conjunto de instruções (de propósito geral para a CPU, especializado para co-processadores) operando sobre instruções e dados (obtidos e armazenados externamente) organizados em palavras. • Memórias Inclui dois subsistemas principais, memória principal e memória secundária. O custo associado à memória está diretamente relacionado à sua capacidade de armazenamento e à sua velocidade de operação. • Dispositivos de entrada e saída São conversores de representação física de dados. Em geral, são lentos quando comparados com o processador. • Meios de interconexão Estabelecem a comunicação entre componentes através de barramentos sob seu controle. Um problema crítico na utilização dos meios de interconexão é a contenção, a disputa pelo uso simultâneo de recursos compartilhados. Segundo Seixas (2009), o primeiro passo ao se conceber uma solução qualquer de automação é desenhar a arquitetura do sistema, organizado seus elementos vitais: • Aquisição de dados. • Sistemas de Supervisão. • A escolha da arquitetura que irá determinar o sucesso de um sistema em termos de alcançar os objetivos de desempenho, modularidade, expansibilidade, etc. 97 Componentes de Hardware e Software 97 Capítulo 4 As soluções dependerão das limitações de cada projeto em particular. Existem vários pontos que o projetista deve verificar ao iniciar o projeto.O melhor é estabelecer um check list de pontos importantes a serem verificados: • Quantas são as áreas de processo? Quais as distâncias entre as áreas? Qual o layout da instalação industrial? • Haverá uma sala de controle centralizada ou apenas púlpitos de comando locais? • Existe necessidade de um sistema de backup? A que nível? • Quais são as condições ambientais? • Existe campo magnético intenso nas proximidades? • Existe interferência eletromagnética? • O cliente está familiarizado com novas tecnologias de redes de campo para instrumentação, sensores e acionamentos? • Existem sites fora da área industrial que devam ser conectados à planta? • Escritório central, centros de distribuição, unidades remotas, como britagens móveis, instalações portuárias, etc.? • Quais as necessidades dos dispositivos em termos da velocidade de transmissão de dados? • Qual a capacidade de expansão dos módulos prevista para os próximos anos? • Existe preferência quanto ao atendimento aos padrões internacionais ou preferência por redes proprietárias? A seguir iremos estudar sobre as redes de informação e redes de controle, assim como serão apresentadas as definições e sua utilidade. 98 Automação industrial 98 b) Rede de informação De acordo com Seixas (2009), o nível mais alto dentro de uma arquitetura é representado pela rede de informação. Em grandes corporações é natural a escolha de um backbone de grande capacidade para interligação dos sistemas de ERP (Enterprise Resource Planning), Supply Chain (gerenciamento da cadeia de suprimentos) e EPS (Enterprise Production Systems). Este backbone pode ser representado pela rede ATM ou GigaEthernet ou mesmo por uma Ethernet 100-BaseT, utilizando como meio de transmissão cabo par trançado nível 5. Esta última rede vem assegurando uma conquista de espaço crescente no segmento industrial, devido à sua simplicidade e baixo custo. c) Rede de controle Interliga os sistemas industriais de nível 2 ou sistemas SCADA (Supervisory Control and Data Aquisition) aos sistemas de nível 1 representados por CLPs e remotas de aquisição de dados. Também alguns equipamentos de nível 3 como sistemas PIMS (Plant Information Management System) e MES (Manufacturing execution Systems) podem estar ligados a este barramento. Até poucos anos o padrão mais utilizado era o Ethernet 10Base-T (figura 33). Hoje o padrão mais recomendado é o Ethernet 100 Base-T. Quase todos os grandes fabricantes de equipamentos de automação já possuem este padrão implementado. Figura 33 - Arquitetura de uma rede de duas camadas – Unifilar Fonte: Seixas (2009). O nível mais alto dentro de uma arquitetura é representado pela rede de informação. 99 Componentes de Hardware e Software 99 Capítulo 4 Segundo Seixas (2009) as estações clientes se comunicam com seus servidores através da rede de informação. As estações Servidoras se comunicam com os CLPs através da rede de controle. Do ponto de vista de segurança, é interessante isolar o tráfego de controle de informação através de equipamentos de rede. O equipamento utilizado para este fim é o switch Ethernet e o padrão mais utilizado é o 100 Base-T. Além de evitar os problemas de divisão de banda, típicos da arquitetura barramento, oswitch segmenta a rede. O switch assegura a criação de uma rede Ethernet livre de colisões. Esta nova concepção de rede é denominada de rede Ethernet Industrial (Figura 34). Figura 34 - Arquitetura de uma rede de duas camadas (figura incluindo equipamentos de rede) Fonte: Seixas (2009). A seguir iremos estudar os equipamentos de integração de redes, que são: o repetidor, distribuidores de conexão, ponte, roteador e a comporta, assim como compreenderemos a função de cada um desses equipamentos. EQUIPAMENTOS DE INTEGRAÇÃO DE REDES Repetidor (Repeater): Dispositivo não inteligente que simplesmente copia dados de uma rede para outra, fazendo com que as duas redes se comportem logicamente como uma rede única. Distribuidores de conexão (Hubs): Servem para conectar os equipamentos que compõem uma LAN (local área network). Os equipamentos interligados a um hub pertencem a um As estações clientes se comunicam com seus servidores através da rede de informação. As estações Servidoras se comunicam com os CLPs através da rede de controle. O switch assegura a criação de uma rede Ethernet livre de colisões. 100 Automação industrial 100 mesmo segmento de rede, isto é, os usuários do hub dividem a largura da banda. Se tivermos 10 usuários em um segmento de 100Mbps, cada usuário usufruirá em média de 10Mbps de banda de passagem. Cada hub possui de 4 a 24 portas 10Base-T com conectores RJ-45 (MORAES; CASTRUCCI, 2007). Ponte (Bridge): Segmenta uma rede local em sub-redes com o objetivo de reduzir tráfego ou converter diferentes padrões de camadas de enlace (Ethernet para Token Ring). Roteador (Router): Usado para interligar duas redes que possuem a mesma camada de transporte, mas camadas de rede diferentes. Os roteadores decidem sobre qual caminho o tráfego de informações (controle e dados) deve seguir. Comporta (Gateway): Permite a ligação inter-rede acima da camada 4 (transporte). São componentes indispensáveis para alcançar as comunicações entre terminais ligados a redes heterogêneas que usam protocolos diferentes. Switch são os dispositivos de mais amplo espectro de utilização para segmentar a rede a baixo custo, sem necessidade de roteamento. Sua maior limitação está em não permitir broadcasting entre segmentos. Broadcast (do Inglês, “transmitir”) ou Radiodifusão é o processo pelo qual se transmite ou difunde determinada informação, tendo como principal característica que a mesma informação está sendo enviada para muitos receptores simultaneamente. Este termo é utilizado em rádio, telecomunicações e em informática. Em Redes de computadores, um endereço de broadcast é um endereço IP (e o seu endereço é sempre o último possível na rede) que permite que a informação seja enviada para todas as máquinas de uma LAN, MAN, WAN e TANS, redes de computadores e sub-redes. A RFC (Request for comments), RFC 919 é a RFC padrão que trata deste assunto. Essas redes podem ser divididas em quatro categorias: estáticas, dinâmicas, centralizadas e descentralizadas. Fonte: Disponível em:<http://www.qualid.com.br/?cat=35>. Acesso em: 20 jan. 2011. 101 Componentes de Hardware e Software 101 Capítulo 4 d) Arquitetura de rede única As redes de controle e informação também podem estar fundidas em uma rede única, conforme a figura 35. Esta topologia apresenta os seguintes inconvenientes: • O tráfego na rede de controle é de natureza diversa do tráfego na rede de informação, caracterizando-se por mensagens curtas e muito frequentes. • O tráfego da rede de informação é em geral representado por arquivos maiores transmitidos com baixa frequência. • Os requisitos de performance e segurança das duas redes também são diferentes. Embora este tipo de topologia seja muito utilizado, a topologia anterior é mais recomendada por segmentar cada tipo de tráfego. (SEIXAS, 2009). Figura 35 - Barramento único Fonte: Seixas (2009). e) Sistemas híbridos Atualmente os SDCDs (Sistema Digital de Controle Distribuído) têm um sucesso peso leve. Conhecido como sistema híbrido, este novo sistema alia a versatilidade e performance de um SDCD com o baixo custo de uma solução SCADA + CLP (Figura 36). O tráfego da rede de informação é em geral representado por arquivos maiores transmitidos com baixa frequência. 102 Automação industrial 102 Figura 36 - Esquema Básico de um SDCD Fonte: Adaptado Seixas (2009). f) Middleware Softwares que são executados entre as aplicações e os sistemas operacionais. Facilitam o desenvolvimento de aplicações distribuídas, sendo utilizados para trocar informações entre programas, ocultando diferenças de protocolos de comunicação, plataformas e sistema operacional. Middleware ou mediador, no campo da computação distribuída, é um programa de computador o qual faz a mediação entre software e demais aplicações. É utilizado para mover ou transportar informações e dados entre programas de diferentes protocolos de comunicação, plataformas e dependências do sistema operacional. É geralmente constituído por módulos dotados com APIs de alto nível, que proporcionam a sua integração com aplicações desenvolvidas em diversas linguagens de programação, e interfaces de baixo nível, que permitem a sua independência relativamente ao dispositivo. Seu objetivo é mascarar a heterogeneidade e fornecer um modelo de programação mais produtivo para os programadores de aplicativos. O mediador é composto por um conjunto de processos ou objetos em um grupo de computadores que interage entre si de forma a implementar comunicação e oferecer suporte para compartilhamento de recursos e aplicativos distribuídos. O mediador é composto por um conjunto de processos ou objetos em um grupo de computadores que interage entre si de forma a implementar comunicação e oferecer suporte para compartilhamento de recursos e aplicativos distribuídos. 103 Componentes de Hardware e Software 103 Capítulo 4 g) O Protocolo OPC Um dos grandes problemas de se interfacear equipamentos e sistemas no chão de fábrica reside em se compatibilizar os protocolos da camada de aplicação. O MMS - Manufacturing Message Specification foi uma tentativa de padronização que, entretanto, fracassou por falta de adeptos. O padrão OPC foi inicialmente liderado pela Microsoft e especificado pela OPC Foundation. Este protocolo é hoje o padrão de fato da indústria (SILVA et al., 2007). Algumas são as consequências do uso do OPC como Interface na indústria, dentre as principais podemos citar: • Padronização das interfaces de comunicação entre os servidores e clientes de dados de tempo real, facilitando a integração e manutenção dos sistemas. • Eliminação da necessidade de drivers de comunicação específicos (proprietários). • Melhoria do desempenho e otimização da comunicação entre dispositivos de automação. • Interoperabilidade entre sistemas de gestão empresarial (Enterprise Resource Planning - ERP), de execução de manufatura (Manufacturing Execution System - MES) e aplicações Windows (Excel, etc.). • Redução dos custos e tempo para desenvolvimento de interfaces e drivers de comunicação, com consequente redução do custo de integração de sistemas. • Facilidade de desenvolvimento e manutenção de sistemas e produtos para comunicação em tempo real. • Facilidade de treinamento. Na prática, nós teríamos que utilizar ou desenvolver um drive que atendesse perfeitamente à combinação: Sistema SCADA (existem dezenas) / sistema operacional (várias opções), cartão de comunicação PC/CLP (várias fontes e possibilidade de rede). Isto implica a existência de centenas de drives de comunicação, que só atendem a versõesespecíficas da combinação de fatores apresentada anteriormente. O protocolo OPC elimina esta situação. Um fabricante de CLP sempre fornecerá com o seu equipamento um servidor OPC. O fabricante de SCADA 104 Automação industrial 104 também fornecerá ao cliente o OPC. O mesmo acontece com um fornecedor de inversores, de relés inteligentes ou de qualquer outro dispositivo industrial inteligente. Um sistema SCADA também pode oferecer um servidor OPC para comunicação com outro sistema de aquisição de dados, por exemplo, um PIMS (Process Information Management Systems) (SILVA, et al., 2007). PIMS é um software que contém um repositório no qual são concentradas todas as informações relevantes das células de produção, diretamente ligadas aos sistemas de supervisão e controle. O PIMS coleta informações dos sistemas de supervisão, CLPs, SDCDs e sistemas legados e os armazena em uma base de dados real time. Tal base tem características não encontradas nos bancos de dados convencionais, como: grande capacidade de compactação (tipicamente de 10:1) e alta velocidade de resposta a consulta em sua base histórica. Devido a isto, é capaz de armazenar um grande volume de dados com recursos mínimos se comparado às soluções convencionais. SDCD - Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados ou abreviadamente SCADA (proveniente do seu nome em inglês Supervisory Control and Data Aquisition) são sistemas que utilizam software para monitorar e supervisionar as variáveis e os dispositivos de sistemas de controle conectados através de drivers específicos. Como as aplicações precisam apenas saber como buscar dados de um servidor OPC, ignorando a implementação do dispositivo, e o servidor precisa fornecer dados em um formato único: servidor OPC, a tarefa de escrever drives de comunicação fica muito facilitada (ALBURQUERQUE; ALEXANDRIA, 2007). O OPC é um padrão de comunicação aberto que tem por principal objetivo permitir a interoperabilidade vertical entre sistemas dentro de uma organização. A primeira versão funcional do OPC foi desenvolvida por volta de 1996, resultado do trabalho conjunto entre fornecedores de sistemas para automação industrial. Deste esforço conjunto surgiu a OPC Foundation, organização que define os padrões do OPC e que busca constantemente sua melhoria e evolução. Desde seu surgimento as novas especificações são elaboradas com o objetivo de agregar mais funcionalidades ao padrão OPC. A sigla OPC significa OLE for Process Control ou OLE para Controle de Processos. Baseado nas tecnologias Microsoft OLE COM (Component Objetc Model) e DCOM (Distributed Component Object Model), o OPC é um conjunto comum de interfaces, métodos e propriedades de comunicação, agregados dentro de uma especificação padronizada e aberta para acesso público. Teoricamente qualquer pessoa com conhecimentos de programação pode desenvolver seus aplicativos OPC, basta acessar as especificações contidas na web site da OPC Foundation e desenvolver uma interface compatível. PIMS é um software que contém um repositório no qual são concentradas todas as informações relevantes das células de produção, diretamente ligadas aos sistemas de supervisão e controle. A primeira versão funcional do OPC foi desenvolvida por volta de 1996, resultado do trabalho conjunto entre fornecedores de sistemas para automação industrial. OPC é um conjunto comum de interfaces, métodos e propriedades de comunicação, agregados dentro de uma especificação padronizada e aberta para acesso público. 105 Componentes de Hardware e Software 105 Capítulo 4 Para ficar mais claro o que é o OPC, podemos fazer uma analogia com um driver comum de impressora. Na época do MS-DOS, o desenvolvedor de um software, como um editor de textos, precisava desenvolver um driver de comunicação para cada uma das impressoras existentes no mercado: um para a Epson-FX, um para a HP LaserJet, entre outras impressoras. No mercado de automação industrial isso fica evidente até hoje. Se tomarmos como exemplo um software de supervisão, veremos que ele tem seus próprios drivers para cada um dos CLPs (Controladores Lógico Programáveis) existentes no mercado. No entanto, estes drivers não podem ser utilizados em outro software de supervisão: este outro deve possuir seus próprios drivers para os mesmos CLPs. PIMS ou Process Information Management Systems são sistemas que adquirem dados de processo de diversas fontes, os armazenam num banco de dados relacional/temporal e os disponibilizam através de diversas formas de representação. O PIMS nasceu na indústria de processos contínuos mais propriamente na indústria química e petroquímica para resolver o problema da fragmentação de dados e proporcionar uma visão unificada do processo. Numa primeira fase, o PIMS passa a se constituir na ferramenta fundamental para o engenheiro de processos. A partir de uma estação ele pode visualizar tanto os dados de tempo real como históricos da planta. Segundo Silva e colaboradores (2007), pode-se mostrar tabelas, gráficos de tendência e sinópticos e eliminar as ilhas de informação, concentrando em uma única base de dados informação sobre todos os aspectos de uma planta. A implantação de um PIMS facilita a implantação de outros módulos de software, como reconciliador de dados, sistema especialista, Supply Chain Manager e facilita a integração de sistemas ERP com o chão de fábrica. A capacidade de gerar outros dados através de cálculos e de armazená-los por longos períodos de tempo sem ter que enviá-los a um mainframe constitui um grande ganho para o analista de processos. Ele deixa de depender do pessoal do departamento de informática e passa a gerar relatórios sem ter que se preocupar se o dado se origina num CLP, num sistema SCADA ou SDCD. Segundo Seixas (2009), as indústrias químicas e petroquímicas constituem o principal nicho para o PIMS, mas outros mercados foram rapidamente conquistados: papel e celulose, siderurgia, cimento, mineração, enfim todos os processos contínuos. Hoje existem novas ferramentas que farão com que o PIMS seja uma ferramenta indispensável também nos mercados de processos por batelada e até manufatura, mas a trajetória do PIMS se confunde com a trajetória do SDCD e podemos dizer que os dois formam um par perfeito (Figura 37) . PIMS são sistemas que adquirem dados de processo de diversas fontes, os armazenam num banco de dados relacional/temporal e os disponibilizam através de diversas formas de representação. 106 Automação industrial 106 Figura 37 - Sistemas PIMS Fonte: Seixas (2009). h) PIMS e MES Seixas (2009) comenta que existe uma grande confusão no mercado sobre o real papel dos PIMS. PIMS são ferramentas de gerenciamento de informações. Embora seja possível definir gráficos sinópticos e de tendência com uma ferramenta PIMS, PIMS não substituem sistemas SCADA, isto é, podem desempenhar esta função na ausência de um supervisório, mas não foram projetados com este propósito. Também não substituem um MES, já que não possuem as principais funções destes sistemas. É normal que algumas funções típicas de MES venham a ser incorporadas a alguns sistemas PIMS, dando-lhes maior versatilidade, como tracking, genealogia, interfaceamento com sistemas de ERP e outras. Isto, entretanto, não torna estes sistemas especialistas nestas atividades. A grande máxima do MES e que vem dificultando a produção de ferramentas de alto grau de generalidade, é que MES é específico para um tipo de processo. Um MES de manufatura de semicondutores não é apropriado para a manufatura de bens de consumo ou de alimentos, por exemplo. Atividade de Estudos: 1) Porque a empresa precisa de um sistema de supervisão?_________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 107 Componentes de Hardware e Software 107 Capítulo 4 2) Descreva com suas palavras o que você entendeu sobre PIMS (Process Information Management Systems). ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ unidades de entrada, saída e interfaCes, Controladores programáveis Os Controladores Lógicos Programáveis ou CLPs são equipamentos eletrônicos utilizados em sistemas de automação flexível. São ferramentas de trabalho muito úteis e versáteis para aplicações em sistemas de acionamento e controle e, por isso, são utilizados em grande escala no mercado industrial. Permitem desenvolver e alterar facilmente a lógica para acionamento das saídas em função das entradas. Dessa forma, podemos associar diversos sinais de entrada para controlar diversos atuadores ligados nos pontos de saída (SILVA FILHO, 2008). Segundo Moraes e Castrucci (2007), atualmente existe uma preocupação em padronizar protocolos de comunicação para os CLPs, de modo a proporcionar que o equipamento de um fabricante “converse” com o equipamento de outro fabricante, não só CLPs, como Controladores de Processos, Sistemas Supervisórios, Redes Internas de Comunicação, etc., proporcionando uma integração a fim de facilitar a automação, gerenciamento e desenvolvimento de plantas industriais mais flexíveis e normalizadas, fruto da chamada Globalização. Cada fabricante estabelece um protocolo para fazer com que seus equipamentos troquem informações entre si. Os protocolos mais comuns são Modbus (Modicon - Schneider Eletric), EtherCAT (Beckhoff), Profibus (Siemens), Unitelway (Telemecanique - Schneider Eletric) e DeviceNet (Allen Bradley), entre muitos outros. Os Controladores Lógicos Programáveis ou CLPs são equipamentos eletrônicos utilizados em sistemas de automação flexível. 108 Automação industrial 108 Redes de campo abertas como PROFIBUS-DP são de uso muito comum com CLPs permitindo aplicações complexas na indústria automobilística, siderúrgica, de papel e celulose, e outras. Vantagens do uso de controladores lógicos programáveis: • Ocupam menor espaço. • Requerem menor potência elétrica. • Podem ser reutilizados. • São programáveis, permitindo alterar os parâmetros de controle. • Apresentam maior confiabilidade. • Manutenção mais fácil e rápida. • Oferecem maior flexibilidade. • Apresentam interface de comunicação com outros CLPs e computadores de controle. • Permitem maior rapidez na elaboração do projeto do sistema. a) Estrutura interna do CLP Segundo Moraes e Castrucci (2007), o CLP é um sistema microprocessado, ou seja, constitui-se de um microprocessador (ou micro controlador), um Programa Monitor, uma Memória de Programa, uma Memória de Dados, uma ou mais Interfaces de Entrada, uma ou mais Interfaces de Saída e Circuitos Auxiliares (Figura 38). O CLP é um sistema microprocessado, ou seja, constitui-se de um microprocessador (ou micro controlador), um Programa Monitor, uma Memória de Programa, uma Memória de Dados, uma ou mais Interfaces de Entrada, uma ou mais Interfaces de Saída e Circuitos Auxiliares. 109 Componentes de Hardware e Software 109 Capítulo 4 Figura 38 - Composição de um CLP Fonte: Prizon (2009). Para compreender a figura 38, na sequência você encontra a descrição dos principais itens da composição de CLP, dentre os quais serão explicados e exemplificados a fonte de alimentação, a unidade de processamento, a bateria, a memória do programa monitor, a memória do usuário, a memória de dados, a memória de imagens das entradas e saídas, os circuitos auxiliares e os módulos ou interfaces de entrada. b) Fonte de alimentação A Fonte de Alimentação tem normalmente as seguintes funções básicas: • Converter a tensão da rede elétrica (110 ou 220 VCA) para a tensão de alimentação dos circuitos eletrônicos (+ 5VCC para o microprocessador, memórias e circuitos auxiliares e +/- 12 VCC para a comunicação com o programador ou computador). • Manter a carga da bateria nos sistemas que utilizam relógio em tempo real e Memória do tipo RAM (Random Access Memory). • Fornecer tensão para alimentação das entradas e saídas (12 ou 24 VCC). c) Unidade de processamento Também chamada de CPU é responsável pelo funcionamento lógico de todos os circuitos. Nos CLPs modulares a CPU está em uma placa (ou módulo) separada das demais, podendo-se achar combinações de CPU e Fonte de 110 Automação industrial 110 Alimentação. Nos CLPs de menor porte, a CPU e os demais circuitos estão todos em único módulo. As características mais comuns são: • Microprocessadores ou Microcontroladores de 8, 16 bits ou mais (INTEL 80xx, MOTOROLA 68xx, ZILOG Z80xx, PIC 16xx). • Endereçamento de memória de até 1 Mega Byte. • Velocidades de CLOCK variando de 4 a 30 MHZ. • Manipulação de dados decimais, octais e hexadecimais. d) Bateria As baterias são usadas nos CLPs para manter o circuito do Relógio em Tempo Real, reter parâmetros ou programas (em memórias do tipo RAM), mesmo em caso de corte de energia, guardar configurações de equipamentos, etc. Normalmente são utilizadas baterias recarregáveis do tipo Ni-Ca ou Li. Nestes casos, incorporam-se circuitos carregadores. e) Memória do programa monitor O Programa Monitor é o responsável pelo funcionamento geral do CLP. Ele é o responsável pelo gerenciamento de todas as atividades do CLP. Não pode ser alterado pelo usuário e fica armazenado em memórias do tipo PROM (programmable read-only memory), EPROM (erasable programmable read-only memory) ou EEPROM (Electrically-Erasable Programmable Read- Only Memory). Ele funciona de maneira similar ao Sistema Operacional dos microcomputadores. É o Programa Monitor que permite a transferência de programas entre um microcomputador ou Terminal de Programação e o CLP, o gerenciamento do estado da bateria do sistema, o controle dos diversos opcionais, etc (MORAES; CASTRUCCI, 2007). Uma EPROM (sigla do inglês erasable programmable read-only memory, significando “memória programável apagável somente de leitura”) é um tipo de chip de memória de computador que mantém seus dados quando a energia é desligada. Em outras palavras, é não-volátil. Uma EPROM é programada por um dispositivo eletrônico que dá voltagens maiores do que os usados normalmente em circuitos elétricos. Uma vez programada, uma EPROM pode ser apagada apenas por exposição a uma forte luz ultravioleta. O Programa Monitor é o responsável pelo funcionamento geral do CLP. Ele é o responsável pelo gerenciamento de todas as atividades do CLP. Uma EPROM é um tipo de chip de memória de computador que mantém seus dados quando a energia é desligada. 111 Componentes de Hardware e Software 111 Capítulo 4 Uma EEPROM (Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory) é um chip de armazenamento não-volátil usado em computadores e outros aparelhos. Ao contrário de uma EPROM, uma EEPROM pode ser programadae apagada várias vezes, eletricamente. Pode ser lida um número ilimitado de vezes, mas só pode ser apagada e programada um número limitado de vezes, que variam entre as 100.000 e 1 milhão. Esse limite é causado pela contínua deterioração interna do chip durante o processo de apagamento que requer uma tensão elétrica mais elevada. Como cada novo dado gravado no chip requer o apagamento do anterior, considera- se apagamento e gravação como uma só operação, porém seria possível gravar o mesmo endereço de memória um bit de cada vez, fazendo, então, oito gravações com um só prévio apagamento. Entretanto, a maioria das memórias EEPROM faz o apagamento do conteúdo do endereço automaticamente antes da gravação. A memória flash é uma variação moderna da EEPROM, mas existe na indústria uma convenção para reservar o termo EEPROM para as memórias de escrita bit a bit, não incluindo as memórias de escrita bloco a bloco, como as memórias flash. As EEPROM necessitam de maior área que as memórias flash porque cada célula geralmente necessita de um transistor de leitura e outro de escrita, ao passo que as células da memória flash só necessitam de um. f) Memória do usuário É onde se armazena o programa da aplicação desenvolvido pelo usuário. Pode ser alterada por ele, já que uma das vantagens do uso de CLPs é a flexibilidade de programação. Inicialmente era constituída de memórias do tipo EPROM , sendo hoje utilizadas memórias do tipo RAM (cujo programa é mantido pelo uso de baterias), EEPROM e FLASH-EPROM, sendo também comum o uso de cartuchos de memória, que permitem a troca do programa com a troca do cartucho de memória. A capacidade desta memória varia bastante de acordo com marca/modelo do CLP, sendo normalmente dimensionadas em Passos de Programa (PRUDENTE, 2007). g) Memória de dados É a região de memória destinada a armazenar os dados do programa do usuário. Estes dados são valores de temporizadores, valores de contadores, códigos de erro, senhas de acesso, etc. São normalmente partes da memória RAM do CLP. São valores armazenados que serão consultados e ou alterados durante a execução do programa do usuário. É a região de memória destinada a armazenar os dados do programa do usuário. 112 Automação industrial 112 Em alguns CLPs, utiliza-se a bateria para reter os valores desta memória no caso de uma queda de energia (PRUDENTE, 2007). h) Memória imagem das entradas/saídas Sempre que a CPU executa um ciclo de leitura das entradas ou executa uma modificação nas saídas, ela armazena os estados de cada uma das entradas ou saídas em uma região de memória denominada Memória Imagem das Entradas/Saídas. Essa região de memória funciona como uma espécie de “tabela” onde a CPU irá obter informações das entradas ou saídas para tomar as decisões durante o processamento do programa do usuário (MORAES; CASTRUCCI, 2007). i) Circuitos auxiliares São circuitos responsáveis para atuar em casos de falha do CLP. Alguns deles são: POWER ON RESET: Quando se energiza um equipamento eletrônico digital não é possível prever o estado lógico dos circuitos internos. Para que não ocorra um acionamento indevido de uma saída, que pode causar um acidente, existe um circuito encarregado de desligar as saídas no instante em que se energiza o equipamento. Assim que o microprocessador assume o controle do equipamento esse circuito é desabilitado (MORAES; CASTRUCCI, 2007). POWER-DOWN: O caso inverso ocorre quando um equipamento é subitamente desenergizado. O conteúdo das memórias pode ser perdido. Existe um circuito responsável por monitorar a tensão de alimentação e, em caso do valor desta cair abaixo de um limite predeterminado, o circuito é acionado, interrompendo o processamento para avisar o microprocessador e armazenar o conteúdo das memórias em tempo hábil (MORAES; CASTRUCCI, 2007). WATCHDOG TIMER: Para garantir, no caso de falha do microprocessador, que o programa não entre em “loop”, o que seria um desastre, existe um circuito denominado “Cão de Guarda“, que deve ser acionado em intervalos de tempo predeterminados. Caso não seja acionado, ele assume o controle do circuito, sinalizando uma falha geral (MORAES; CASTRUCCI, 2007). j) Módulos ou interfaces de entrada São circuitos utilizados para adequar eletricamente os sinais de entrada para que possam ser processados pela CPU (ou microprocessador) do CLP. Temos dois tipos básicos de entrada: as digitais e as analógicas. POWER ON RESET: Quando se energiza um equipamento eletrônico digital não é possível prever o estado lógico dos circuitos internos. POWER-DOWN: O caso inverso ocorre quando um equipamento é subitamente desenergizado. WATCHDOG TIMER: Para garantir, no caso de falha do microprocessador. 113 Componentes de Hardware e Software 113 Capítulo 4 • Entradas digitais São aquelas que possuem apenas dois estados possíveis, ligado ou desligado, e alguns dos exemplos de dispositivos que podem ser ligados a elas são: – Botoeiras. – Chaves (ou micro) fim de curso. – Sensores de proximidade indutivos ou capacitivos. – Chaves comutadoras. – Termostatos. – Pressostatos. – Controle de nível (boia), etc. As entradas digitais podem ser construídas para operarem em corrente contínua (24 VCC) ou em corrente alternada (110 ou 220 VCA). Podem ser, também, do tipo N (NPN) ou do tipo P (PNP). No caso do tipo N, é necessário fornecer o potencial negativo (terra ou neutro) da fonte de alimentação ao borne de entrada para que ela seja ativada. No caso do tipo P, é necessário fornecer o potencial positivo (fase) ao borne de entrada. Em qualquer dos tipos é de praxe existir uma isolação galvânica entre o circuito de entrada e a CPU (MORAES; CASTRUCCI, 2007). Esta isolação é feita normalmente através de oito acopladores. As entradas de 24 VCC são utilizadas quando a distância entre os dispositivos de entrada e o CLP não excedam 50m. Caso contrário, o nível de ruído pode provocar disparos acidentais. • Entradas analógicas As entradas analógicas, permitem que o CLP possa manipular grandezas analógicas, enviadas normalmente por sensores eletrônicos. As grandezas analógicas elétricas tratadas por estes módulos são normalmente tensão e corrente. No caso de tensão as faixas de utilização são: 0 à 10 VCC, 0 à 5 VCC, 1 à 5 VCC, -5 à +5 VCC, -10 à +10 VCC ( no caso as interfaces que permitem entradas positivas e negativas são chamadas de Entradas Diferenciais ), e no caso de corrente, as faixas utilizadas são : 0 à 20 mA , 4 à 20 mA. 114 Automação industrial 114 Uma informação importante a respeito das entradas analógicas é a sua resolução. Esta é normalmente medida em Bits. Uma entrada analógica com um maior número de bits permite uma melhor representação da grandeza analógica. Por exemplo: Uma placa de entrada analógica de 0 á 10 VCC com uma resolução de 8 bits permite uma sensibilidade de 39,2 mV , enquanto que a mesma faixa em uma entrada de 12 bits permite uma sensibilidade de 2,4 mV e uma de 16 bits permite uma sensibilidade de 0,2 mV. Atividade de Estudos: 1) O CLP nasceu praticamente dentro da indústria automobilística, especificamente na Hydronic Division da General Motors, em 1968, sob o comando do engenheiro Richard Morley e seguindo uma especificação que refletia as necessidades de muitas indústrias manufatureiras. Descreva resumidamente as suas características: _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 2) Automação industrial é a aplicação de técnicas, softwares e/ou equipamentos específicos em uma determinada máquina ou processoindustrial, com o objetivo de aumentar a sua eficiência, maximizar a produção com o menor consumo de energia e/ ou matérias primas, menor emissão de resíduos de qualquer espécie, melhores condições de segurança, seja material, humana ou das informações referentes a esse processo ou, ainda, de reduzir o esforço ou a interferência humana sobre esse processo ou máquina. É um passo além da mecanização, onde operadores humanos são providos de maquinaria para auxiliá-los em seus trabalhos. Entre os dispositivos eletro- eletrônicos que podem ser aplicados estão os: _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 115 Componentes de Hardware e Software 115 Capítulo 4 engenharia de programas e desenvolvimento de Software O desenvolvimento de software para automação industrial foi impulsionado pela adoção dos protocolos digitais, tanto sob a forma de software embarcado, dada a necessidade de drivers de comunicação para os dispositivos, quanto de ferramentas de software para supervisão, controle, calibração e configuração remota de instrumentos de campo. Surgiu, também, a oportunidade de criação de programas para tratamento da grande quantidade de dados que passou a ser transmitida do campo para a sala de controle, bem como para geração de informações úteis para outros setores da empresa (MORAES; CASTRUCCI, 2007). Os tipos de software mais comumente empregados no controle e na automação industrial são listados abaixo e brevemente descritos. Supervisório ou software de supervisão: Software que se presta a fazer a comunicação entre um computador e uma rede de automação, trazendo ferramentas padronizadas para a construção de interfaces entre o operador e o processo. Sua função básica é permitir a visualização e a operação do processo de forma centralizada. O supervisório mais conhecido é o SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition). Proporciona os recursos e o ambiente para a criação de aplicações de controle e para a definição de funções de rede de protocolos específicos. Trata-se de ferramentas voltadas à criação de aplicativos de controle baseados na lógica PID, sistemas especialistas para controle de processos e aplicativos de execução de lógicas fuzzy e neuro fuzzy. Voltadas também à configuração de redes para aplicação de protocolos industriais, como o FeildBus Fundation ou o Profibus. MES (Manufacturing Execution System): Controlam todo o fluxo produtivo, incluindo estoques de matérias-primas, produtos em processamento e disponibilidade de máquinas. Através do MES podem ser calculados os KPI (Key Performance Indicators), que contribuem para a melhoria do desempenho da planta. (SEIXAS, 2009). PIMS (Plant Information Management System). Software utilizado para armazenamento de todas as informações relevantes do processo. Coleta informações dos sistemas de supervisão, sistemas de controle e sistemas legados (já existentes) e os armazena em uma base de dados, que se distingue dos bancos de dados convencionais por ter grande capacidade de compactação e alta velocidade de resposta à consulta (SEIXAS, 2009). O desenvolvimento de software para automação industrial foi impulsionado pela adoção dos protocolos digitais, tanto sob a forma de software embarcado, dada a necessidade de drivers de comunicação para os dispositivos, quanto de ferramentas de software para supervisão, controle, calibração e configuração remota de instrumentos de campo. Supervisório ou software de supervisão: Software que se presta a fazer a comunicação entre um computador e uma rede de automação MES (Manufacturing Execution System): Controlam todo o fluxo produtivo, incluindo estoques de matérias- primas, produtos em processamento e disponibilidade de máquinas 116 Automação industrial 116 EAM (Enterprise Asset Management): Software empregado no gerenciamento dos equipamentos de uma planta. EAM - Gestão Ativos Empresariais - permite a gestão otimizada durante toda a vida útil dos ativos físicos de uma organização para maximizar o valor. O sistema oferece gestão dos dados de ativos, manutenção preventiva, controle de ordens de serviço, gestão de diagnósticos e análises estatísticas, que podem aprimorar significativamente a gestão dos ativos operacionais. CMMS (Computerized Maintenance Management System): Software de gerenciamento da manutenção que aproveita os dados e sinais transmitidos pela rede de automação e controle para registrar anomalias de funcionamento de equipamentos e agilizar a atuação das equipes de manutenção. Existe a utilização também de outros tipos de software para, por exemplo, monitoramento e avaliação de desempenho das malhas de controle, tais como variabilidade da qualidade da produção, desgaste de atuadores e maior consumo de utilidades e matérias-primas. Podem ser incluídas nessa relação ainda as ferramentas de programação de CLPs e IHMs, bem como os softwares de auxílio ao projeto, à engenharia e à manufatura CAD/CAE/CAM (GROOVER, 2008). sistemas operaCionais para Controle em tempo real Os sistemas operacionais de tempo real foram projetados para resposta a eventos e sistemas de controle de malha fechada. Aplicações de resposta a eventos, como um sistema de airbag automotivo, necessitam de uma resposta a um estímulo em um determinado espaço de tempo. Sistemas de controle de malha fechada, como um sistema de controle de velocidade automotiva, processam continuamente o feedback do sistema para ajustar uma saída. Ambos os sistemas exigem a realização de uma operação dentro de um tempo determinado. Esse tipo de desempenho é chamado de determinístico (ALBUQUERQUE; ALEXANDRIA, 2007). Sistemas de tempo real podem ser classificados como “soft” ou “hard”. Para sistemas de tempo real do tipo soft, a utilidade de um sistema geralmente é inversamente proporcional ao tempo de resposta após um determinado prazo ter sido perdido. Por exemplo, quando pressionamos um botão do telefone para atender uma chamada, a conexão deve ser estabelecida logo após o botão ter sido apertado. Contudo, o prazo não é tão crítico e pequenos atrasos podem ser tolerados. EAM - Gestão Ativos Empresariais - permite a gestão otimizada durante toda a vida útil dos ativos físicos de uma organização para maximizar o valor. 117 Componentes de Hardware e Software 117 Capítulo 4 Sistemas de tempo real do tipo “hard” são aqueles em que a utilidade do sistema se torna zero em caso de perda do prazo. Uma unidade de controle de motores automotivos (ECU - automotive engine control unit) deve processar sinais de entrada e calcular a temporização da faísca da vela dentro de um prazo. Se houver perda desse prazo o motor não irá operar corretamente. A utilidade de uma tarefa após a perda de prazo depende se o sistema de tempo real é do tipo “soft” (amaciado) ou do tipo “hard” (rígido), como mostrado na figura 39. (NATIONAL, 2010). Figura 39 - Diferença entre tecnologia de tempo real Hard e Soft Fonte: National (2010). Sistemas operacionais como o Microsoft Windows e o MAC OS fornecem uma excelente plataforma para desenvolvimento e execução de aplicações não críticas de medição e controle. Contudo, por serem sistemas operacionais projetados para um propósito geral, eles não são ideais para executar aplicações que necessitem de um desempenho determinístico ou de um maiortempo sem falhas. Sistemas operacionais de propósito gerais são otimizados para executar uma variedade de aplicações simultaneamente, assegurando que todas as aplicações recebam um tempo de processamento. Esses sistemas operacionais também devem responder a interrupções de periféricos como mouse e teclado. O usuário tem controle limitado sobre o modo como essas tarefas são manipuladas pelo processador. Como resultado, tarefas de alta prioridade podem ser interrompidas para que tarefas de baixa prioridade sejam executadas, fazendo com que seja impossível garantir um tempo de resposta constante para suas aplicações críticas. Sistemas operacionais de propósito gerais são otimizados para executar uma variedade de aplicações simultaneamente, assegurando que todas as aplicações recebam um tempo de processamento. 118 Automação industrial 118 Em contraste, sistemas operacionais de tempo real proporcionam a capacidade de priorizar tarefas para que as mais críticas possam sempre ter controle do processador quando necessário. Essa propriedade possibilita a criação de aplicações com resultados que podem ser previstos. Sistemas operacionais de tempo real são necessários quando o processador está envolvido em operações como controle de malha fechada e tomada de decisão em tempo crítico. Essas aplicações necessitam que decisões temporizadas sejam feitas baseadas em dados recebidos. Por exemplo, um equipamento de entradas e saídas amostra um sinal de entrada e o envia diretamente para a memória. Então, o processador deve analisar o sinal e enviar a resposta adequada ao equipamento de entradas e saídas. Nessa aplicação, o software deve estar envolvido na malha. Portanto, você precisa de um sistema operacional de tempo real para garantir resposta dentro de um espaço de tempo fixo. Além disso, aplicações que necessitam de tempo de execução entendido ou operações autônomas são geralmente implementadas com sistemas operacionais de tempo real (NATIONAL, 2010). a) Desempenho em Tempo Real O equívoco mais comum associado ao desempenho em tempo real é dizer que ele aumenta a velocidade de execução do programa. Apesar de ser verdade em alguns casos, a aplicação é melhorada proporcionando temporização precisa e previsível. Com essas melhorias, você pode determinar o tempo exato em que certo evento ocorrerá. b) Controle em Tempo Real Com controle em tempo real, é possível monitorar e simular continuamente um sistema físico. Aplicações de controle em tempo real executam repetidamente uma tarefa definida pelo usuário com um intervalo de tempo específico entre cada execução. A maioria dos sistemas de controle em tempo real monitora um sistema físico, compara o estado atual com o estado desejado e, então, simula o sistema físico, baseando-se nessa comparação. O tempo que leva para que essa malha execute é considerado o tempo de ciclo da malha. O tempo de ciclo da malha de controle varia baseado na complexidade do sistema. O determinismo mede a consistência do intervalo de tempo especificado entre os eventos. Muitos algoritmos de controle, como o PID, requerem um comportamento muito determinístico. Por exemplo, um elevador se move A maioria dos sistemas de controle em tempo real monitora um sistema físico, compara o estado atual com o estado desejado e, então, simula o sistema físico, baseando-se nessa comparação. 119 Componentes de Hardware e Software 119 Capítulo 4 gradualmente para o andar correto por causa do comportamento determinístico da malha de controle. Sem o determinismo, o elevador chega ao andar correto, porém sem estabilidade. Em todos os sistemas de tempo real há uma quantidade de erro chamada jitter (variação de latência). O jitter é outra maneira de medir o determinismo de um sistema de tempo real. Você pode calculá-lo como a diferença máxima entre qualquer atraso individual de tempo e o atraso de tempo desejado em um sistema, como mostrado na figura 40. Figura 40 - Um Exemplo de Diagrama de Jitter Fonte: National (2010). c) Resposta a eventos em Tempo Real Com resposta a eventos em tempo real é possível responder a um simples evento dentro de um dado espaço de tempo. O sistema de tempo real garante algum tempo máximo de resposta a um evento único. O evento pode ser tanto periódico quanto aleatório. Um exemplo de uma aplicação de resposta a um evento em tempo real é um sistema de monitoração de segurança. Se uma planta entra em um estado de perigo, o sistema de tempo real deve responder a este evento dentro de um espaço de tempo garantido (NATIONAL, 2010). A latência é usada para descrever o tempo que leva para se responder a um evento. É similar ao determinismo em aplicações de controle em tempo real. Com resposta a eventos em tempo real, é garantido o pior caso de latência. Atualmente nos deparamos com uma quantidade crescente de aplicações, de importância na sociedade, que apresentam comportamentos definidos segundo restrições temporais. Alguns exemplos dessas aplicações se encontram no controle de plantas industriais, de tráfego aéreo ou ferroviário, O jitter é outra maneira de medir o determinismo de um sistema de tempo real. 120 Automação industrial 120 de aquisição de dados, nas telecomunicações, na eletrônica embarcada em carros e aviões, na robótica, em equipamentos médicos, em sistemas de multimídia, etc. Aplicações que apresentam tal característica, de estarem sujeitas a restrições temporais, são comumente identificadas como Sistemas de Tempo Real (NATIONAL, 2010). As necessidades de segurança num número cada vez maior de aplicações com restrições temporais colocam à prova as metodologias e ferramentas convencionais, sob pena de perdas em termos financeiros, ambiental ou humano. Nesse sentido, surge toda uma demanda por algoritmos de suporte computacional e por metodologias para o desenvolvimento de tais aplicações. d) Sistemas e aplicações de tempo real Um sistema computacional de tempo real é um sistema cuja correção depende não somente do resultado lógico dos processamentos, mas também do instante em que os resultados são produzidos. Os sistemas de tempo real, portanto, devem ter a habilidade de executar um comando ou instrução e disponibilizar a resposta em um tempo previsível, ou seja, é possível estimar o tempo de processamento necessário. e) Aplicações típicas de tempo real Muitos sistemas de computadores possuem requisitos de tempo real, pelo menos de soft real-time. Isto significa que existem restrições temporais associadas à operação de tais sistemas. Alguns exemplos de aplicações que possuem requisitos de tempo real são: • Controle automobilístico. • Equipamentos médicos. • Aplicações militares, controle aéreo e espacial. • Jogos. • Automação industrial. • Aquisição de Dados. • Robótica. Um sistema computacional de tempo real é um sistema cuja correção depende não somente do resultado lógico dos processamentos, mas também do instante em que os resultados são produzidos. 121 Componentes de Hardware e Software 121 Capítulo 4 • Servidores web. • Telefone celular, voz sobre ip, TV digital, vídeo conferência, etc. Exemplos: Hard – real time - O detector de proximidade de veículo automático detectou um objeto na sua trajetória, mas este acontecimento não foi processado no intervalo de tempo de ½ segundo. Infelizmente esse objeto era uma pessoa! Soft – real time - Um controlador de processos não conseguiu cumprir a sua meta temporal no intervalo de amostragem corrente. Provavelmente é aceitável esperar pela próxima amostra, devendo, porém, ser garantido que a próxima amostra será processada. Num sistema automático depagamento, o tempo médio de atendimento é o fator temporal mais importante. Se uma determinada transação demora muito tempo, continua a ser preferível continuar com a transação a interrompê-la. fundamentos da ComuniCação industrial Algumas metodologias de comunicação devem ser entendidas quando se fala de comunicação digital. Mestre/Escravo ou Cliente/Servidor (Master/Slave or Client/Server) – Esta seria uma das mais simples formas de comunicação, na qual o mestre faz a pergunta e o escravo destino responde (PRIZON, 2009). A figura 41 ilustra um controle para tarefas específicas, com as relações entre sistemas deste tipo. O barramento compara a transferência de informações que é aceita de acordo com a priorização do controlador principal, no caso, o mestre. Neste tipo de sistema somente ocorrem diálogos entre o controlador mestre e os escravos. Figura 41 - Sistema de controle centralizado na configuração Barramento Fonte: Adaptado de Prizon (2009). 122 Automação industrial 122 Produtor/Consumidor– Esta é a forma ideal para comunicação cíclica, em que o equipamento produtor envia a informação via broadcast, a qual é, então, utilizada por todos os equipamentos interessados (consumidor). (PRIZON, 2009). Este sistema é caracterizado pelos transdutores, atuadores e controladores espacialmente distribuídos. A ideia principal é usar uma rede de comunicação serial para conectar as partes e, portanto, minimizar a complexidade do cabeamento, principalmente em grandes instalações. Este tipo de rede é chamado Fieldbus (barramento de campo). No sistema apresentado na figura 42, o controlador coleta informações dos vários transdutores e, baseado nas informações do sistema (algoritmo dos programas aplicativo), controla um atuador ou um grupo de atuadores. Em relação à distribuição das tarefas de controle, este sistema é completamente centralizado. Somente as atuações de baixo nível e as informações dos sensores são distribuídos. (ALBUQUERQUE; ALEXANDRIA, 2007). Figura 42 - Sistema Fieldbus Fonte: Adaptado de Prizon (2009). a) Topologia: barramento Source/Sink (Origem/Canal) – Neste modo, a transmissão só será efetuada pela origem caso houver uma alteração na informação (Figura 43). Transmissão por exceção. Figura 43 - Transmissão por exceção Fonte: Adaptado de Prizon (2009). A ideia principal é usar uma rede de comunicação serial para conectar as partes e, portanto, minimizar a complexidade do cabeamento, principalmente em grandes instalações. 123 Componentes de Hardware e Software 123 Capítulo 4 b) Interoperabilidade Um problema potencial com comunicação digital reside no fato de que há muitas maneiras de executar esta comunicação. Os métodos de representação, codificação e transmissão dos dados são definidos pelos protocolos. Cada fabricante tem a tendência de inventar o seu protocolo. Um dos objetivos dos comitês de padronização é definir um padrão que todos possam seguir. c) Áreas de aplicação das redes de automação São basicamente as áreas de Manufatura e Processo contínuo. Há também outras áreas (Predial, Residencial, Comercial). (ALBUQUERQUE; ALEXANDRIA, 2007). Na Manufatura predomina o controle lógico e intertravamento. Em controle de processo contínuo geralmente são utilizadas variáveis analógicas. Em ambos, as instalações estão localizadas em áreas inóspitas, sujeitas a interferências do chão de fábrica, diferentes da automação predial. d) Manufatura Em Manufatura (exemplo: Indústria Automobilística), o tipo ideal de rede é aquela que tem alta velocidade de troca de dados, utilizando de pequenos pacotes de informação. Os típicos padrões adotados nesta área são as redes Interbus e AS-i, que são também denominadas redes de Sensores. Os padrões DeviceNet, ControlNet e Profibus-DP também são utilizados e são conhecidos como redes de Devices. e) Processo Contínuo Em Processo Contínuo (exemplo: Refinarias, Papel e Celulose, Energia, Química), as variáveis predominantes são analógicas e exigem controle de malha fechada através de algoritmos especialistas e/ou de controle PIDs (Proporcional, Integral e Derivativo). Os típicos padrões adotados nesta área são Foundation Fieldbus, Profibus-PA e HART. Também são conhecidos como redes de campo ou fieldbus. Estas redes foram projetadas para suprir a comunicação dos equipamentos através do mesmo barramento, além disso, os parâmetros e comandos permitem diagnóstico, calibração, identificação, etc. (MORAES; CASTRUCCI, 2007). Os métodos de representação, codificação e transmissão dos dados são definidos pelos protocolos. Na Manufatura predomina o controle lógico e intertravamento. Manufatura o tipo ideal de rede é aquela que tem alta velocidade de troca de dados, utilizando de pequenos pacotes de informação. 124 Automação industrial 124 f) Modelos OSI, interfaces homem-máquina, integração de sistemas Numa função de comunicação homem-máquina, o operador tem um papel extremamente importante no processo. Em função das informações de que dispõe, o operador deve efetuar ações que permitam o bom funcionamento das máquinas e das instalações. As soluções de sistemas automatizados requerem o acesso à informação certa, no lugar certo e no momento certo. O objetivo da comunicação homem- máquina (Interface Homem-Máquina) é permitir a comunicação entre o homem e a máquina de um modo simples. A comunicação do homem-máquina envolve sinais que tanto podem ser do tipo lógico como analógico. Este é estabelecido através de elementos que permitam a intervenção direta do operador (teclados, botoeiras, sinalizadores, consoles de visualização, comando e sistemas avançados de supervisão). A máquina informa o operador, através de sinalizadores sonoros ou luminosos e de monitores, sobre o seu estado de funcionamento. (BORGES, 2009). O operador tem, desse modo, uma maior facilidade de análise e diagnóstico ao nível da instalação ou da máquina, evitando-se erros de atuação. g) Comunicação homem-máquina A comunicação homem-máquina utiliza dois fluxos de informação que circulam no sentido: • máquina-homem; • homem-máquina. Estes dois fluxos são simultaneamente independentes e associados: • Independentes porque podem apresentar níveis de riqueza diferentes. É quem concebe o automatismo que define estes níveis em função das necessidades do processo e do utilizador (por exemplo sinais tudo ou nada do operador para a máquina, mensagens alfanuméricas ou sinópticas animados da máquina para o operador). • Associados porque a intervenção do operador numa interface de comando se traduz no nível do automatismo por uma ação bem definida e pela emissão de uma informação que depende da boa execução ou não desta ação. A intervenção do operador pode ser voluntária (paralisação da produção, modificação de dados, etc.) ou consequência de uma mensagem emitida pela máquina (alarme, fim de ciclo, etc.). (BORGES, 2009). 125 Componentes de Hardware e Software 125 Capítulo 4 h) Papel do operador A comunicação homem-máquina reúne todas as funções de que o operador necessita para comandar e vigiar o funcionamento de uma máquina ou de uma instalação. Conforme as necessidades e a complexidade do processo, o operador pode executar: • tarefas que correspondem ao desenrolar normal do processo: comandar o início de operação e a parada, podendo estas duas fases incluir, eventualmente, procedimentos de funcionamento e paradas confiados ao automatismo, executados manualmente ou em modo semiautomático sob a responsabilidade do operador; • tarefas ligadas a ocorrências imprevistas: detectar uma situação anormal e acionar uma ação corretiva antes que a evoluçãodesta situação provoque o agravamento das perturbações (por exemplo: em caso de prealarme de sobrecarga de um motor, restabelecer as condições normais de carga antes que o relé de proteção dispare); • falha do sistema, parando a produção ou passando para um modo de funcionamento gradual que substitua a totalidade ou parte dos comandos automáticos por comandos manuais para manter a produção; • garantir a segurança das pessoas e dos equipamentos, intervindo, se necessário, nos dispositivos de segurança. A análise destas tarefas demonstra a importância do papel do operador. Em função das informações de que dispõe pode ser levado a tomar decisões e medidas fora do âmbito dos procedimentos de condução em condições normais e que influenciam diretamente a segurança e disponibilidade das instalações. O sistema de comunicação não deve limitar-se a um simples meio de troca de informações entre o homem e a máquina. Deve igualmente ser concebido de modo a facilitar a tarefa do operador e a permitir-lhe uma condução segura em quaisquer circunstâncias. (BORGES, 2009). Além da comunicação homem-máquina descrita anteriormente, podemos ainda optar por efetuar a supervisão da nossa aplicação através de um PC, em que se instalou previamente um software de supervisão a que designamos por sistema SCADA (Software for Control And Data Acquisition). Estes sistemas podem assumir topologia mono-posto, cliente-servidor ou múltiplos servidores-clientes. Atualmente tendem a libertar-se de protocolos A comunicação homem-máquina reúne todas as funções de que o operador necessita para comandar e vigiar o funcionamento de uma máquina ou de uma instalação. 126 Automação industrial 126 de comunicação proprietários, como os dispositivos PACs (Controladores Programáveis para Automação), módulos de entradas/saídas remotas, controladores programáveis (CLPs), registradores, etc., para arquiteturas cliente-servidor OPC (OLE for Process Control). A tendência dos sistemas de supervisão será a supervisão remota usando sistemas de telemetria através de tecnologias sem fios (tele móvel, rádio ou satélite). Através destas tecnologias os sistemas SCADA terão a capacidade de controlar processos industriais localmente ou em zonas diferenciadas. Aplicações de logística e controle de frotas são um bom exemplo prático, assim como controle de distribuição de serviços públicos, como água, esgotos, gás ou energia. SCADA indica precisamente um sistema com cobertura geográfica, em alternativa à topologia DCS (Distributed Control System), que atua no mesmo campo, mas com características locais. A diferença é importante porque o SCADA implica a gestão dos protocolos de transmissão típicos de uma rede WAN (Wide Area Network) e com dados temporais mais complexos. Como exemplo, podemos comentar que o sistema de controle e supervisão de uma rede elétrica é tipicamente um SCADA, um sistema do mesmo tipo dedicado a uma refinaria é um DCS. São sistemas digitais de controle em que os elementos de controle não estão centralizados em um local, mas distribuídos pelo sistema, formando sub- sistemas interconectados por uma rede para comunicação e monitoramento. O software de supervisão permite-nos a criação da nossa aplicação e o controle-comando do processo aplicativo. Estes softwares oferecem uma sinergia perfeita entre a web e a HMI (interface homem-máquina). Inicialmente, os sistemas SCADA permitiam informar periodicamente o estado do processo industrial, monitorando sinais representativos de medidas e estados de dispositivos através de um painel de lâmpadas e indicadores, sem qualquer interface operacional com o operador. Com a evolução tecnológica, os computadores assumiram um papel de gestão na coleta e tratamento de dados, tornando possível a sua visualização e a geração de comandos de programação para execução de funções de controles complexos. Os sistemas SCADA melhoram a eficiência do processo de monitoramento e controle, disponibilizando em tempo útil o estado atual do sistema através de um conjunto de previsões, gráficos e relatórios, de modo a permitir a tomada de decisões operacionais apropriadas, quer automaticamente, quer por iniciativa do operador. O software de supervisão permite- nos a criação da nossa aplicação e o controle- comando do processo aplicativo. Com a evolução tecnológica, os computadores assumiram um papel de gestão na coleta e tratamento de dados, tornando possível a sua visualização e a geração de comandos de programação para execução de funções de controles complexos. 127 Componentes de Hardware e Software 127 Capítulo 4 • Características A supervisão é uma forma evoluída do diálogo homem-máquina, com possibilidades muito mais vastas do que as funções de condução e vigilância mencionadas anteriormente. De um modo geral, responde à necessidade de capacidade de tratamento elevada e: • assegura a comunicação entre os equipamentos de automatismo e os instrumentos de ordenamento e gestão da produção para lançar e gerir os diversos programas utilizados na manufatura; • coordena o funcionamento de um conjunto de máquinas interligadas, constituindo uma ilha ou uma linha de produção, assegurando a execução de ordens comuns (funcionamento, paradas, etc.) e de tarefas, tais como a sincronização e a pilotagem de funcionamento graduais; • assegura uma gestão qualitativa e quantitativa da produção, implicando a coleta em tempo real de numerosas informações e respectivo arquivo, bem como o tratamento imediato ou diferido; • assiste o operador nas operações de diagnóstico de manutenção preventiva e corretiva. Atividade de Estudos: 1) Descreva as principais características e Fundamentos da comunicação industrial. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 128 Automação industrial 128 Considerações Neste capítulo foram vistos requisitos dos sistemas informáticos para a automação. Algo que muitos autores comentam como sendo um conjunto de características interessantes para um profissional da área de Automação Industrial, para quem o conhecimento a respeito de redes, sobretudo aquelas utilizadas no ambiente industrial é importante. Os Sistemas de Integração da Manufatura são demonstrados em três níveis. O nível mais alto, nível de informação da rede, é destinado a um computador central que processa o escalonamento da produção da planta e permite operações de monitoramento estatístico da planta, sendo implementado, geralmente, por softwares gerenciais. O nível intermediário, nível de controle da rede, é a rede central, localizada na planta, incorporando PLCs, PCs. A informação deve trafegar neste nível em tempo real para garantir a atualização dos dados nos softwares que realizam a supervisão da aplicação. O nível mais baixo, nível de controle discreto, refere-se geralmente às ligações físicas da rede. Este nível de rede conecta os equipamentos de baixo nível entre as partes físicas e de controle. Nele se encontram os sensores discretos, contatores e blocos de entradas e saídas. Assim, o conhecimento em redes industriais também é muito importante, sobretudo nos temposatuais, em que o sistema de automação não só controla um determinado processo ou equipamento, mas também pode alimentar todo um sistema gerencial de manutenção ou mesmo em relação ao negócio da empresa, com dados de produção, matérias-primas consumidas, disponibilidade de equipamento, etc., atualizados em um curto espaço de tempo. Para que isso seja possível, as redes de comunicação são um forte aliado. referênCias ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga de; ALEXANDRIA, Auzuir Ripardo de. Redes Industriais, Aplicações em Sistemas Digitais de Controle Distribuidos. Fortaleza: Livro Técnico, 2007. BORGES, Fátima. Documento Técnico: Diálogo Homem-Máquina. Portugal: Centro de Formação da Schneider Electric, 2009. 129 Componentes de Hardware e Software 129 Capítulo 4 CAMPOS, Mario Cesar M.; TEIXEIRA, Herbert C. G. Controles Típicos de Equipamentos e Processos Industriais. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. GROOVER, Mikell P. Automation, production systems, and computer- integrated manufacturing. Publisher: Prentice-hall Of India Pvt Ltd., 2008. MORAES, Cícero Couto de; CASTRUCCI, Plínio de Lauro. Engenharia de Automação Industrial. Rio de Janeiro, RJ: Editora LCT, 2007. NATIONAL. O que é a Tecnologia de Tempo Real?, Disponível em: <http:// zone.ni.com/devzone/cda/tut/p/id/9896>. Acesso em: 05 mai. 2010. PRIZON, Delcio. Redes de Automação Industrial. Unilins – Centro Universitário de Lins, 2009. (Apostila). PRUDENTE, Francesco. Automação Industrial, PLC- Teoria e Aplicações. Rio de Janeiro: Editora LCT, 2007. SEIXAS , Constantino Filho. Arquiteturas de sistemas de automação - Uma introdução. Departamento de Engenharia Eletrônica, Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. (Apostila desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais). SILVA FILHO, Bernardo Severo da. Curso de Controladores, Lógicos Programáveis. Universidade do Rio de Janeiro, 2008. SILVA , Christian Farias da et al. Protocolo OPC: Introdução e Aplicações na Automação Industrial. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2007. (Apostila). 130 Automação industrial 130