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Tipos de Entrevista na Pesquisa Social

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ENTREVISTA
Andrea Trindade de Lima Carvalho (andreatlc@gmail.com)
Andresa de Oliveira Leite (andresa.leite@hotmail.com)
Juciélia Rodrigues Ferreira (juciellia@yahoo.com.br)
Elciene Alves Ferreira de Oliveira (elcienealves@yahoo.com.br)
 
INTRODUÇÃO
 A entrevista como coleta de dados é a técnica mais 
utilizada no processo de trabalho de campo. Essa é 
uma estratégia de pesquisa importante para subsidiar 
uma pesquisa ou ação.
 Best (1972:120) ressalta que a entrevista quando 
realizada por um investigador experiente "é muitas 
vezes superior a outros sistemas de obtenção de 
dados". 
 Chama-se de coleta de dados à fase do método de 
pesquisa cujo objetivo é obter informações da 
realidade. De acordo com o tipo de informações que se 
deseja obter, há uma variedade de instrumentos que 
podem ser utilizados. Neste caso, abordaremos a 
entrevista. 
 
INTRODUÇÃO
 O tipo de pesquisa (qualitativas ou quantitativas) é que vai 
definir o tipo de instrumento adequado para a coleta de 
dados. 
 Segundo informações do IBOPE, para as pesquisas de 
caráter qualitativo (aquelas que estimulam o entrevistado 
a pensar sobre determinado tema, objeto ou conceito) é 
indicado a entrevista em profundidade que são as pré-
agendadas e individuais ou a entrevista em grupo que são 
aquelas feitas em salas especiais com a gravação em 
áudio e vídeo. Já para as pesquisas de caráter 
quantitativo (cuja abordagem varia de acordo com o 
desenho do projeto, que pode ser definido por sexo, idade, 
classe, atividade etc.) as entrevistas podem acontecer em 
casa , na rua, por telefone, Internet, correios o importante 
é que sejam aplicadas individualmente.
 
ORIGEM
 As técnicas de pesquisa começaram a se desenvolver a partir do 
final do século XIX quando alguns antropólogos, como: o 
americano, Lewis Henry Morgan (1818-1881); o alemão, Franz 
Boas (1858-1942); e o polonês, Bronislaw Malinowski (1884-1942) 
realizaram diversos estudos sobre as sociedades tradicionais. 
 No século XX, em 1910, surge nos Estados Unidos, na 
Universidade de Chicago, o departamento de Sociologia e 
Antropologia que se tornando o principal centro de estudos de 
pesquisas sociológicas da época.
 GOODE E HATT (1977) afirmam que “A entrevista assumiu grande 
importância na pesquisa contemporânea, devido à revalidação da 
entrevista qualitativa. Os cientistas sociais do princípio do século 
usaram quase que exclusivamente este tipo de entrevista.” Porém, 
por não serem padronizados, foram criados formulários, (como por 
exemplo, entrevista sobre eleições) desenvolvendo-se entrevistas 
mais quantitativas. 
 
CONCEITO
 A Entrevista é uma técnica muito importante de investigação 
social que visa a coleta de dados em pesquisas educacionais e 
em projetos de ação.
 Segundo Lakatos e Marconi (2001:195), a entrevista "é um 
procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de 
dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um 
problema social".
 Godoe e Hatt (1969:237) afirmam que a entrevista "consiste no 
desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e 
validade de certo ato social como a conversação".
 Galliano (1986) entende a entrevista como um processo de 
interação que articula quatro eixos em conjunto: entrevistador, 
entrevistado, situação da entrevista e roteiro da entrevista. Esse 
método flexível permite a obtenção de informações qualitativas 
sobre um projeto. 
 
TIPOS DE ENTREVISTA
Lakatos e Marconi (2001:197), descrevem os diferentes tipos de 
entrevista:
 Padronizada ou estruturada - Visa à obtenção de dados “uniformes” entre 
os entrevistados, permitindo assim uma comparação imediata a partir do 
tratamento estatístico. Ex: Tendências eleitorais.
 Despadronizada ou não-estruturada (aprofundada) - o entrevistador tem 
liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere 
adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma questão. 
Ander-Egg apud Lakatos (2001:197) apresenta três modalidades desse tipo:
a) Entrevista focalizada - há um roteiro de tópicos relativos ao problema que 
se vai estudar e o entrevistador tem direito de fazer as perguntas que quiser: 
sonda razões e motivos, dá esclarecimentos, não obedecendo a uma 
estrutura formal; 
b) Entrevista clínica - estuda os motivos, sentimentos e a conduta das 
pessoas. Aqui pode ser usada uma série de perguntas específicas; 
c) Não dirigida - Há liberdade total por parte do entrevistado que poderá 
expressar suas emoções e sentimentos. O entrevistador conduz o informante 
a falar sobre determinado assunto, sem forçá-lo a responder. 
3) Painel - consiste na repetição de perguntas, de tempo em tempo, às mesmas 
pessoas, a fim de estudar a evolução das opiniões em períodos curtos. 
 
TIPOS DE ENTREVISTA
Além dos tipos já citados, existem outras descrições quanto aos tipos 
de entrevistas:
 Semi-estruturada – Desenvolve-se a partir de um esquema ou roteiro 
básico, porém não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça 
as necessárias adaptações para cada caso. O pesquisador organiza um 
conjunto de questões sobre o tema que está sendo estudado, mas permite, e 
às vezes até incentiva, que o entrevistado fala livremente sobre assuntos que 
vão surgindo como desdobramentos do tema principal.
 Orientada – O entrevistador focaliza sua atenção sobre uma experiência 
dada e os seus efeitos – isto quer dizer que sabe por antecipação os tópicos 
ou informações que deseja obter com a entrevista.
 Entrevista em grupo – Pequenos grupos de entrevistados respondem 
simultaneamente as questões, de maneira informal. As respostas são 
organizadas posteriormente pelo entrevistador, numa avaliação global.
 Entrevista Informal – É geralmente utilizada em estudos exploratórios, a fim 
de possibilitar ao pesquisador um conhecimento mais aprofundado da 
temática que está sendo investigada. Pode fornecer pistas para o 
encaminhamento da pesquisa, seleção de outros informantes, ou mesmo a 
revisão das hipóteses inicialmente levantadas.
 Projetiva – é centrada em técnicas visuais. O entrevistador pode mostrar 
cartões, fotos, filmes, ao informante; evita respostas diretas.
 
ASPECTOS IMPORTANTES
DE UMA ENTREVISTA
1. PLANEJAMENTO 
 Para que o pesquisador obtenha qualidade na informação que será prestada pelo 
entrevistado, é preciso se cercar de cuidados, tanto no que se refere à idoneidade ou 
ao perfil do entrevistado como também quanto à habilidade do entrevistador. 
Portanto, qualquer entrevista requer um bom planejamento prévio e habilidade do 
entrevistador para seguir um roteiro de questionário com possibilidades de introduzir 
variações que se fizerem necessárias durante sua aplicação. 
 O Contato Inicial entre entrevistado e entrevistador é de grande importância, no 
sentido de preparar o informante para que obtenha dele respostas realmente sinceras 
e adequadas.
 Sugestões de planejamento:
 Quem deve ser entrevistado - devem-se selecionar pessoas que realmente tenham 
conhecimento para satisfazer as necessidades de informação;
 Plano da entrevista e questões a serem perguntadas - preparam as perguntas 
com antecedência;
 Pré-teste - realizar uma entrevista com alguém que possa fazer uma crítica antes da 
entrevista em si;
 Postura diante do entrevistado - evitar debates de idéias, manter uma relação 
amistosa, não demonstrar insegurança ou admiração excessiva, deixar que as 
perguntas fluam normalmente, ser objetivo, encorajar as respostas do entrevistado, 
pedir permissão para o uso de gravador, caso necessário.
 Relatório
 
ASPECTOS IMPORTANTES
DE UMA ENTREVISTA
2. No desenvolvimento de questões para entrevista deve se 
considerar alguns aspectos, para que seja efetiva, tais 
como:
 a) adaptar a linguagem ao nível do entrevistado;
 b) evitar questões longas;
 c) manter um referencial básico (objetivo) para entrevista;
 d) sugerir todas as respostas possíveis para uma pergunta, ou 
não sugerir nenhuma (para evitar direcionara resposta).
3. Habilidades desejáveis no entrevistador:
 - Conhecimento do assunto objeto da entrevista;
 - Capacidade de síntese e decisão;
 - Boa comunicação oral;
 - Colocação imparcial perante o entrevistado;
 - Autocontrole emocional.
 
VANTAGENS E DESVANTAGENS
 Segundo Minayo (1996:109), "o que torna a 
entrevista instrumento privilegiado de coleta 
de informações é a possibilidade de a fala ser 
reveladora de condições estruturais, de 
sistemas de valores, normas e símbolos 
(sendo ela mesma um deles) e ao mesmo 
tempo ter a magia de transmitir, através de um 
porta-voz, as representações de grupos 
determinados, em condições históricas, sócio–
econômicas e culturais específicas".
 
VANTAGENS E DESVANTAGENS
 VANTAGENS DA ENTREVISTA
 A entrevista pode ser utilizada com todos os segmentos da 
população;
 a pessoa entrevistada não precisa saber ler ou escrever, por isso 
essa técnica fornece uma amostragem muito melhor da população 
geral;
 possibilita captar a expressão corporal do entrevistado. 
 é uma técnica flexível que permite ao entrevistador esclarecer ou 
repetir perguntas até que seja compreendido;
 é eficiente para se obter informações (dados) em profundidade;
 é possível obter maior número de respostas, pois é mais fácil se 
negar responder a um questionário do que ao ser entrevistado;
 permite a obtenção de dados que não se encontram em fontes 
documentais;
 é possível conseguir informações mais precisas que possam ser 
comprovadas de imediato;
 Os dados obtidos podem ser quantificados e submetidos a 
tratamento estatístico. 
 
VANTAGENS E DESVANTAGENS
DESVANTAGENS DA ENTREVISTA
 A primeira desvantagem refere-se a entrevistador e entrevistado: 
dificuldade de expressão e comunicação de ambos; 
 o entrevistado pode ser influenciado pelo entrevistador, através do 
seu aspecto físico, suas atitudes ou idéias; 
 o entrevistado pode não estar disposto a dar as informações 
necessárias, omitindo ou retendo dados importantes por temer que 
sua identidade seja revelada. 
 falta de habilidade do entrevistado para responder - o entrevistado 
pode não compreender as perguntas e essa falsa interpretação 
conduzir a respostas equivocadas; 
 O entrevistado pode fornecer respostas falsas;
 tempo despendido
 custos de treinamento de pessoal e aplicação das entrevistas;
 
DIFERENÇAS ENTRE AS TÉCNICAS DE 
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
 Na observação pode-se “identificar e obter provas a respeito de objetivos 
sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu 
comportamento” (LAKATOS, 1996:79). O pesquisador é obrigado a ter um 
contato mais direto com a realidade. Na observação participante o 
pesquisador deixa de ser um observador e passa a fazer parte do grupo que 
investiga. Muitos cientistas desaconselha, pois, acham que o pesquisador 
deve manter certa distância entre ele e o seu objeto de pesquisa.
 O Questionário é constituído por uma série ordenada de perguntas pré-
elaboradas, sistemática e seqüencialmente dispostas em itens que 
constituem o tema da pesquisa, que devem ser respondidas por escrito. 
Auto-aplicada, isto é, o próprio informante responde e não o expõe a 
influência de opiniões externas. Garante o anonimato do informante. Exclui 
pessoas que não sabem ler e escrever.
 Na Entrevista o pesquisador conseguir informações ou coletar dados que 
não seriam possíveis através da pesquisa bibliográfica e da observação; há 
um contato direto do pesquisador com o pesquisado; possibilita que todos 
participem, inclui quem não sabe ler e escrever. Portanto, é a técnica de 
coleta de dados mais utilizada na pesquisa social. Muitos autores a 
consideram como a técnica de investigação social por excelência.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 BECKER, Howard S. Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. Tradução de Marco 
Estevão. 3a edição. São Paulo: Editora Hucitec, 1994. BOURDIEU, Pierre. O poder 
simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. 2a edição. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998. 
BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Tradução de Mateus S. Soares. 3a edição. 
Petrópolis: Vozes, 1999. 
 BELLO, José Luiz Paiva. Metodologia Científica. Rio de Janeiro, 2004. 
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met06.htm
 BUNGE, Mario. Teoria y realidad. Barcelona: Ariel, 1972. 
 GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986.
 GOLDENBERG, Mirian. A arte de Pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências 
Sociais. 2ª edição. Rio de Janeiro: Record, 1998.
 GOODE, William Josiah, HATT, Paul K. Métodos em Pesquisa Social. 6ª edição. São 
Paulo: Nacional, 1977.
 IBOPE - Conheça os tipos de pesquisa realizados pelo grupo IBOPE. www.ibope.com.br, 
acesso em 14 de novembro de 2006.
 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 2ª edição. 
São Paulo: Atlas, 1991.
 LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia 
Científica. 4.ed. rev e ampl - São Paulo: Atlas 2001.
 RUDIO, Franz Victor. Introdução ao Projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 
1978.
 VERA, Armando Asti. Metodologia da pesquisa científica. Porto Alegre: Globo, 1976. 
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