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Pratica trabalhista EAD U4 1

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PRÁTICA JURÍDICA EM DIREITO TRABALHISTA
UNIDADE 1 - FASE POSTULATÓRIA
Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas
 (
- 
2
 -
)
Introdução
O estudo da prática trabalhista depende de regras constantes no direito material e processual do trabalho, conteúdo extenso, que não será totalmente retomado nesse momento, por falta de tempo. Contudo, ao longo da explanação das instruções para feitura das peças profissionais, pretende-se chamar atenção para a atualização de institutos essenciais ao presente estudo.
A primeira unidade é demasiadamente importante, não só por ser o alicerce do estudo proposto – a prática trabalhista – mas também por tratar de duas peças muito cobradas no Exame da OAB – FGV – a contestação, preferida pela banca examinadora; e a petição inicial, 3ª peça mais exigida desde 2016. Portanto, não perca tempo e mantenha o estudo direcionado para o Exame da OAB.
A propósito, transcrevo um levantamento estatístico das peças mais exploradas pela Banca do Exame de ordem – FGV, representados, numérica e graficamente:
1º Contestação – 40%.
2º Recurso ordinário – 36,7%.
3º Reclamatória trabalhista – 16,7%. 4º Embargos à execução – 3,3%.
5º Ação de Consignação em pagamento – 3,3%.
Assim, não obstante a banca examinadora possa sempre nos surpreender, verifica-se da representação gráfica que a compreensão do conteúdo proposto na unidade I é essencial para sua preparação para o Exame da OAB. Nesta unidade, serão apresentadas as regras para a interposição de uma Ação Trabalhista, nos procedimentos comum e sumaríssimo, bem como as disposições afetas à resposta do réu na Justiça do Trabalho. Aqui, faremos duas peças importantíssimas: uma petição inicial e uma contestação ou defesa.
Feitas tais considerações, inicia-se o estudo pela petição inicial de uma Reclamatória Trabalhista.
1.1 Petição Inicial
A Reclamação trabalhista pode ser apresentada de forma oral, reduzida a termo pela Secretaria, ou escrita, devendo, nesse último caso, respeitar as regras dispostas no art. 840 da CLT, aplicando-se, subsidiariamente, o art. 319 do CPC, nos termos do art. 769 da CLT.
Quer saber mais sobre a petição inicial? Clique nos itens abaixo e confira!
A petição inicial trabalhista é o instrumento pelo qual o interessado apresenta o seu conflito para ser dirimido pelos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho – Juiz do trabalho, Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho, conforme o art. 111 CR/88.
Em outras palavras, para que se tenha início o processo de conhecimento trabalhista, cabe à parte autora – Reclamante – levar o seu respectivo conflito de interesses ao conhecimento dos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho, por meio de uma petição inicial, a qual deverá expor, de forma lógica e coerente, todas as suas pretensões, bem como os meios pelos quais se pretende demonstrar e comprovar o seu direito. Trata-se de uma peça importante, composta de uma estrutura básica a qual, dependendo da situação, pode ser adaptada a outras espécies de ações, como uma ação de consignação em pagamento ou mesmo um mandado de segurança.
Assim, na elaboração da peça inicial, é imprescindível a utilização de redação e linguagem clara, concisa, precisa e polida, de modo a ser facilmente compreendida a articulação dos fatos, dos fundamentos e dos pedidos realizados pelo autor na ação.
Passa-se a analisar os requisitos da petição inicial, previstos no art. 840 da CLT, c/c art. 319 do CPC.
1.1.1 Requisitos da petição inicial
Comparada ao processo civil, a inicial trabalhista é simplificada, apresentando poucos requisitos essenciais – a designação do juízo, a qualificação das partes (Reclamante e Reclamada), uma breve exposição dos fatos, o pedido, o valor da causa, a data e a assinatura do reclamante (ou de seu representante legal), a seguir reproduzidos e esmiuçados:
· Endereçamento (o Juízo)
O endereçamento é importante, pois define o órgão jurisdicional perante o qual a demanda será processada.
Em regra, o dissídio individual – conflito entre o tomador de serviços (pessoa física ou jurídica) e o trabalhador (pessoa física); entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores, nas ações que envolvam representação sindical (art. 114 da CR/88) -, é remetido a uma Vara do Trabalho, órgão de primeiro grau ou de primeira instância da Justiça do Trabalho.
A legislação determina que, nos locais desprovidos de Vara do Trabalho, a ação trabalhista poderá ser remetida aos juízos de direito (Justiça Comum Estadual), de conformidade com o art. 112 da CR/88 e o art. 668 da CLT. No entanto, o mais comum é a jurisdição de uma Vara do Trabalho ser estendida, por meio de lei federal, para as localidades não servidas pela Justiça do Trabalho.
Assim, a petição inicial deve ser dirigida ao Juiz do Trabalho e não ao Juiz Federal ou ao Juiz de Direito, em regra, de onde o serviço foi prestado pelo trabalhador (art. 651 da CLT). Se o enunciado da questão de elaboração da peça profissional não mencionar o local da competência jurisdicional, sugere-se a utilização de reticências (...).
 (
Você
 
sabia
 
que,
 
no
 
exame
 
da
 
OAB,é
 
possível
 
inventar
 
dados
 
nas
 
peças?
 
No
 
entanto,
 
você
 
não pode
 
inventar
 
dados
 
ao
 
elaborar
 
a
 
peça
 
processual
 
do
 
exame
 
da
 
OAB,
 
sob
 
pena
 
de
 
anulação
 
da prova, em decorrência da suspeita de identificação. No exame da OAB, mencione apenas os fatos
 
que
 
constam
 
na
 
avaliação.
 
Se
 
a
 
questão
 
não
 
informar
 
todos
 
os
 
dados,
 
utilize
 
reticências ou
 
insira
 
entre
 
parênteses
 
a
 
nomenclatura
 
da
 
informação
 
a
 
ser
 
transmitida,
 
como
 
por
 
exemplo, (nome
 
completo),
 
(nacionalidade),
 
(estado
 
civil),
 
(profissão).
)VOCÊ SABIA?
Além disso, nas localidades em que houver mais de uma Vara do Trabalho, é necessário observar a existência da figura de um distribuidor (arts. 713 e 714 da CLT) e, nesses casos, é necessário lançar mão do recurso de deixar um espaço assinalado com reticências para a posterior inclusão do número da Vara do Trabalho.
 (
O endereçamento ao juiz deve ser assim redigido:
“Excelentíssimo
 
Senhor
 
Doutor
 
Juiz
 
da
 
...
 
Vara
 
do
 
Trabalho
 
de
 
Salvador”
 
ou “Excelentíssimo
 
Senhor
 
Doutor
 
Juiz
 
do
 
Trabalho
 
da
 
...
 
Vara
 
de
 
.
 
..”
)
· Qualificação das partes
Feito o endereçamento correto, deixe um espaço de 10 a 15 linhas até a qualificação das partes.
Dica: na prova da OAB, escreva a palavra “espaço” entre o endereçamento e a qualificação do reclamante, deixando apenas uma linha em branco.
Para conhecer outros aspectos relacionados a qualificação das partes, clique nas abas abaixo.
Reclamante
O reclamante ou autor é a parte que dá início à ação trabalhista. A qualificação do autor – reclamante – deve conter: nome completo, estado civil, profissão, data e local de nascimento, nome da mãe, cédula de identidade RG, inscrito no CPF nº, CTPS nº e série, PIS/PASEP/NIT endereço completo com CEP, além de outros dados pertinentes a sua identificação (art. 319, II, CPC). Se o reclamante for beneficiário da prioridade na tramitação processual, conforme previsto no Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003), é importante registrar a seguinte observação logo abaixo do endereçamento: “Processo com prioridade nos termos do Estatuto do Idoso (art. 71 da Lei n. 10.741/2003)”.
Reclamado
A qualificação do réu ou reclamado (a) – empresa ré, polo passivo da demanda trabalhista, deverá conter o nome completo e CPF, em se tratando de pessoa física, ou razão social e CNPJ (pessoa jurídica de direito público ou de direito privado) e endereço completo com CEP (art. 319, II, CPC), já que a citação inicial é feita, em regra, via postal (Súmula n. 16 TST).
No caso de falência reconhecida judicialmente, na forma prevista no art. 99 da Lei n. 11.101/2005, na qualificação da empresa reclamada deve ser utilizada a expressão “Massa Falida de/da” antes do nome da empresa, exemplo: Massa Falida de Pink link Ltda.
Seguindo essa linha, segue um modelo de qualificação das partes: “A”,nacionalidade, estado civil, profissão, data de nascimento, número do RG, número do CPF, número e série da CTPS, número do PIS, endereço completo com CEP, por seu advogado que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 840 da CLT e 319 do CPC, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, pelo rito comum ou especial (inquérito para apuração de falta grave ou ação de cumprimento) 	, em face de “B”, pessoa jurídica de direito privado, número do CNPJ, endereço completo com CEP, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:”
Em caso de ação movida pelo espólio de empregado falecido, representado pelo inventariante (inciso VII do art. 75 do CPC), deve ser inserida na qualificação a informação: “Espólio de (...), representado pela inventariante (...), (nacionalidade), (estado civil) etc.”.
 (
Em caso de direitos personalíssimos dos herdeiros a ação trabalhista não pode ser movida pelo espólio do falecido? Sim, a ação deve ser manejada pelos próprios herdeiros, com qualificação específica na petição inicial.
)VOCÊ SABIA?
Espólio não se confunde com os herdeiros. O espólio constitui a totalidade dos bens deixados pelo falecido, ou seja, a herança propriamente dita, representado em juízo, ativa e passivamente, pelo inventariante (inciso VI do art. 75 do CPC) ou pelo administrador provisório, caso o inventariante ainda não tenha prestado compromisso (arts. 613 e 614 do CPC).
Assim, postulados direitos ordinários decorrentes da relação de trabalho prestada pelo empregado falecido, a ação deverá ser movida pelo espólio do de cujus, representada pelo seu inventariante. Exemplo: ação pleiteando as verbas rescisórias do falecido.
Por outro lado, em caso de postulação de direitos personalíssimos dos herdeiros, como no caso de pedido de indenização por dano moral e material, decorrente de acidente de trabalho que teve por consequência a morte do empregado, a ação deverá ser movida pelos próprios herdeiros do empregado falecido. Nesse caso, sugere-se a qualificação da (o) viúva (o) e de cada um dos filhos, nos termos já informados.
Em se tratando de trabalhador menor de 18 anos, a reclamação trabalhista deverá ser ajuizada pelos seus representantes ou assistentes e, na falta deles, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo Sindicato, pelo Ministério Público Estadual ou pelo curador nomeado em juízo (art. 793 da CLT).
Vale lembrar, por fim, que na petição inicial é obrigatória a indicação da procuração e o endereço completo do advogado com CEP.
 (
Exercite o que aprendeu até aqui e redija de forma correta o endereço completo de um advogado.
Você pode usar a seguinte forma: [...] por seu advogado devidamente constituído que esta subscreve,
 
instrumento
 
procuratório
 
anexo
 
(documento
 
n.
 
...),
 
com
 
escrit
ório
 
profissional
 
na 
Rua..., 
n. 
..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., 
local onde recebe 
intimações, 
vem, respeitosamente,
 
à
 
presença
 
de
 
V.
 
Exª,
 
propor
 
a
 
presente
 
PETIÇÃO
 
INICIAL
 
(REDINZ,
 
2019).
)
· Os fatos (causa de pedir)
A petição inicial trabalhista deve conter uma breve, clara e precisa exposição dos fatos, de que resulte o dissídio, correspondente à causa de pedir, base para a formulação dos pedidos.
Nesse tópico, é importante informar uma breve história do contrato de trabalho, respeitando a ordem cronológica dos fatos, fazendo, obrigatoriamente, constar os seguintes dados: a data da admissão e da rescisão do contrato do empregado; o motivo da rescisão; o cargo ou a função exercida; o valor do último salário; a jornada de trabalho cumprida; os dias de trabalho; o intervalo cumprido (se era de uma hora, duas horas ou 15 minutos) etc.
Em suma, é desejável que se faça um breve histórico de todas as informações pertinentes ao pedido (causa de pedir).
 (
O
 
tópico
 
denominado
 
“fatos”
 
deve
 
ser
 
assim
 
redigido,
 
em
 
caso
 
o
 
obreiro
 
dispensado
 
sem
 
justa causa:
)
Acompanhe como deve constar no modelo abaixo.
Figura 1 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Segue outro modelo, levando-se em conta a prestação de jornada suplementar:
Figura 2 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
· O pedido
O pedido é a pretensão do autor e se relaciona diretamente àquilo que foi suscitado na causa de pedir, ou seja, o objeto do processo que pode se constituir em verba principal, como por exemplo: férias anuais vencidas, acrescidas do 1/3 constitucional; décimo terceiro salário integral; aviso prévio trabalhado ou indenizado e em verbas acessórias, juros de mora, correção monetária e honorários advocatícios, por exemplo.
A partir da reforma trabalhista, o art. 840 da CLT sofreu alteração tendo sido inserido no §1º, a informação de que “[...] o pedido deverá ser certo determinado e com indicação de valor [...]”, causando dúvidas se seria necessário liquidar os pedidos, sob pena de julgamento sem resolução do mérito, inteligência do novo § 3º, do mesmo dispositivo (BRASIL, 1943).
No entanto, a Instrução Normativa n. 41 do TST esclareceu, no seu art. 12, § 2º que: “[...] para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil.” (BRASIL, 2018).
 (
Leia a Instrução Normativa n. 41 do TST, na íntegra. Ela esclarece vários pontos da reforma trabalhista. Veja lá: <
https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/13894
9
/2018_res0221_in0041.pdf?sequence=1&isAllowed=y
>.
)VOCÊ QUER LER?
O pedido pode ser alternativo (art. 325, caput, CPC), quando houver mais de uma forma de ser cumprida a obrigação, ou subsidiário (art. 326, caput, CPC), aquele que será examinado se o principal não puder ser deferido. Exemplo: pedido principal – declaração da nulidade da dispensa sem justa causa e reintegração no emprego, em razão de garantia de emprego; pedido subsidiário: se não for possível a reintegração, requer o pagamento da indenização correspondente ao período de garantia de emprego (art. 496 da CLT).
Vale dizer que, mesmo que os pedidos já tenham sido realizados no tópico da causa de pedir, ao final da petição inicial, devem ser repetidos em forma de lista, devidamente liquidados.
Figura 3 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
· Provas (319 do CPC e art. 818 da CLT)
Aplicando-se, subsidiariamente, o art. 319 do CPC ao processo do trabalho, por força do art. 769 da CLT, a petição inicial indicará “[...] as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados.” (BRASIL 2015).
Figura 4 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
No tocante ao ônus da prova, o art. 818 da CLT determina que incumbe ao reclamante comprovar o fato constitutivo de seu direito, ao passo que ao reclamado, cabe apontar a existência de fato impeditivo ou extintivo do direito do reclamante (BRASIL 1943).
A novidade inserida pela Lei n. 13.467, de 2017 no art. 818, § 1º da CLT é que o Magistrado poderá inverter o ônus da prova, de forma fundamentada, nos casos previstos em lei ou se houver impossibilidade ou a excessiva dificuldade para a parte cumprir o encargo. A empresa tem maior facilidade de obtenção da prova. Nesse caso de inversão do ônus da prova, o juízo “[...] deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.” (BRASIL, 1943).
· Citação (art. 841 da CLT)
A notificação postal terá caráter citatório na seara trabalhista, ou seja, a notificação é o termo que se aplica ao chamamento do réu ao juízo laboral.
Neste tópico, além de requerer a citação da reclamada, o autor pode requerer a aplicação da pena de confissão ficta, a teor da Súmula n. 74 do TST, senão vejamos:
Figura 5 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
· Valor da causa
Ainda que não haja previsão específica na CLT, o valor da causa deve obrigatoriamente ser indicado na petição inicial (caput do art. 2º da Lei n. 5.584/70), sendo indispensável para definir o procedimento a ser seguido.
Assim, se o valor for igual ou inferior a dois salários mínimos deveráser observado o rito sumário (§§ 3º e 4º da Lei n. 5.584/70) – pouco utilizado na prática trabalhista; se for superior a dois e inferior a 40 salários mínimos, o rito pode ser o sumaríssimo; por sua vez, se o valor for superior a 40 salários mínimos, o rito a ser seguido deve ser o ordinário.
No caso do rito ordinário, pode-se inserir nos pedidos a expressão “a apurar”, dando à causa um valor por estimativa. Nessa hipótese, no Exame da OAB, sugere-se a utilização de reticências (...), por exemplo: “Dá-se à causa o valor de R$... (extenso) para fins de alçada”.
Figura 6 - Cálculo do valor da causa por estimativa. Os pedidos devem ser liquidados Fonte: © karelnoppe /Shutterstock.
Em caso de rito sumaríssimo, por sua vez, para a fixação do valor da causa, devem ser liquidados e somados todos os valores dos pedidos pretendidos na petição inicial.
· Fechamento da petição inicial (pedido de deferimento)
Chegamos ao fechamento da petição inicial, trata-se do pedido de deferimento, realizado nos seguintes termos:
Figura 7 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
 (
Diferentemente do Processo Civil, não há a obrigatoriedade de se apontar os fundamentos jurídicos dos pedidos na petição inicial trabalhista, tanto pelo rito ordinário quanto pelo 
sumaríssimo. Contudo, 
na peça da prova 
prático-profissional 
do 
Exame 
da 
OAB, 
os fundamentos
 
de
 
fato
 
e
 
de
 
direito
 
devem
 
ser
 
bem
 
articulados,
 
sendo
 
necessária
 
a
 
indicação
 
do dispositivo legal correspondente ou a jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho (Súmulas, Orientações Jurisprudenciais e Precedentes Normati
vos), aspectos que detêm
 
peso
 
substancial
 
na
 
correção
 
pela
 
Banca
 
Examinadora.
)VOCÊ SABIA?
1.2 Petição Inicial do Rito Sumaríssimo
O procedimento sumaríssimo, criado pela Lei n. 9.957/2000, tem por objetivo dar maior celeridade aos processos trabalhistas, cujo valor da causa não exceda a 40 salários mínimos.
Assim, visando atender o princípio da simplicidade inerente ao procedimento, o legislador estabeleceu regras mais simples para a elaboração da petição inicial, dispostas no §1º do art. 840 da CLT, no art. 852-A da CLT e nos incisos I e II do art. 852-B da CLT, no inciso V do art. 319 do CPC, bem como nos arts. 1º e 2º da Lei n. 5.584/70 (valor da causa).
Em suma, os requisitos específicos do procedimento sumaríssimo estão descritos abaixo. Clique e confira!
Aplica-se apenas aos dissídios individuais.
Estão excluídas do procedimento as demandas em que são parte a Administração pública direta, autárquica e fundacional.
Estão incluídas no procedimento as demandas em que são parte as sociedades de economia mista e as empresas públicas que explorem atividade econômica (inciso II do § 1º do art. 173 da CR/88).
O valor da causa não pode exceder a 40 salários mínimos vigentes na data do ajuizamento da ação.
O pedido deve ser certo, determinado e liquidado, ou seja, o pedido deve ser delimitado em sua qualidade (horas extras), quantidade e valor especifico (10 horas extras mensais que equivale ao montante R$...), sob pena de arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa.
A propósito, embora o §1º do art. 852-B da CLT preveja expressamente o arquivamento da ação trabalhista em caso de pedidos sem valores, tem se observado, na prática, a concessão de prazo para emenda da petição inicial, quando não forem observados os requisitos contidos nos incisos I e II do art. 852-B da CLT.
Vale esclarecer que, uma vez observados os requisitos específicos de pedido certo, determinado e liquidado, a petição inicial seguirá a mesma lógica do procedimento ordinário.
1.3 Resposta do Réu
Na relação processual, a reação à ação é uma consequência dos princípios do contraditório e da ampla defesa, garantias fundamentais e constitucionais, de qualquer litigante.
Nesse sentido, a segunda etapa da fase postulatória é a de apresentação de resposta do réu, momento de a Reclamada se manifestar, apresentar a sua versão dos fatos e formular eventuais pretensões em juízo.
O direito de resposta do réu, portanto, encontra-se fundamentado na Constituição Federal consubstanciando-se nos princípios do devido processo legal (art. 5º, LIV, CR/88), da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CR
/88), do contraditório e da ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, CR/88).
No processo do trabalho, nos termos do art. 847 da CLT, as partes devem comparecer à audiência inicial, na qual, não havendo conciliação, será concedido à reclamada o tempo de 20 minutos para que apresente oralmente sua resposta, que seria reduzida a termo. No entanto, na prática, as partes têm se valido da apresentação de resposta escrita.
Seguindo essa linha de raciocínio e considerando que a audiência inaugural ocorrerá, em tese, cinco dias depois do recebimento da notificação citatória (art. 841 da CLT), observa-se que o réu pode ter um prazo mínimo para organizar a sua defesa. (LEITE, 2018).
Quais são as consequências da ausência das partes em audiências trabalhistas, após o advento da Lei n. 13.467
/2017? Clique nas setas abaixo e aprenda mais sobre o tema.
A Lei n. 13.467/2017 – reforma trabalhista – trouxe algumas mudanças quanto à ausência das partes em audiência. Devem comparecer à audiência: o reclamante e o reclamado. Em caso de ausência do Reclamante temos duas consequências: a) ausência na 1ª audiência – arquivamento da ação com pagamento de custas; b) na 2ª audiência – confissão ficta, pela qual se consideram verdadeiros os fatos alegados pelo réu em contestação.
No entanto, a Lei n. 13.467/2017 inovou e incluiu o § 2°, no art. 844 da CLT, concedendo ao Reclamante a oportunidade, no prazo de 15 dias do arquivamento, de comprovar que sua ausência ocorreu por motivo “legalmente justificável”.
Por sua vez, a ausência do Reclamado ou de seu preposto na 1ª audiência gera a revelia, por não ter comparecido e confissão ficta, pela qual são presumidamente verdadeiros os fatos alegados pelo autor na exordial; na 2ª audiência, por sua vez, apenas a confissão ficta.
Contudo, a revelia pode ser afastada, nos termos do art. 844, §5°, CLT, pelo qual ainda que ausente a reclamada, presente o advogado na audiência, serão aceitas a contestação e os documentos eventualmente apresentados. Esses detalhes são cobrados pela OAB.
Por fim, esclareça-se que o termo defesa, mencionado pela CLT, é gênero que apresenta como espécies: a contestação e a exceção, as quais se passam a verificar.
1.3.1 Contestação
No processo do trabalho, a CLT se refere à contestação pelo termo “defesa”, peça que deverá ser entregue em audiência, nos termos do art. 847 da CLT: “[...] não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.” (BRASIL, 1943).
Conforme já destacado, a contestação, no processo do trabalho, diferentemente do processo civil, em que é apresentada à seção do Protocolo, pode ser formulada oralmente em audiência (art. 847 da CLT). Contudo, normalmente é apresentada por meio de petição escrita, entregue na audiência inaugural.
 (
Você sabia que a contestação pode ser divida em duas partes?
1ª parte
: Defesa indireta ou preliminar.
2ª parte
: Defesa de mérito indireta (prejudiciais de mérito) e direta.
)VOCÊ SABIA?
Seguindo essa linha de raciocínio, o réu ou a reclamada deverá arguir na contestação:
Defesa indireta ou preliminar
Preliminar, no direito processual, diz respeito às objeções, aos vícios ou aos fatos impeditivos levantados pela reclamada, os quais não se referem, diretamente, ao mérito da causa, cumprindo ao juiz solucioná-la de plano. A controvérsia pode ser relacionada a uma espécie de obstáculo utilizado pelo sucumbente, para tentar impedir que o juízo examine o mérito da ação proposta, objetivando, principalmente, por fim ao processo sem resolução do mérito. Vale transcrever o dispositivo, para melhor análise:
O art. 337 do Código de Processo Civil enumera as preliminaresde contestação que devem ser arguidas pela reclamada, antes das alegações de mérito, ou seja, antes de impugnar especificamente a cada um dos pedidos pretendidos pelo autor na petição inicial, são elas:
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial; V - perempção;
VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral (BRASIL, 2015).
Aplicando-se subsidiariamente o dispositivo supramencionado ao processo do trabalho, podem ser arguidas as seguintes preliminares:
a) Inexistência ou nulidade de citação
A citação é ato processual necessário e essencial ao processo constitucional democrático, conforme determina o art. 239 do CPC. No processo trabalhista, a citação se dá por meio do ato de notificação postal, havendo presunção de recebimento 48 horas após a postagem, nos termos da Súmula n. 16 do TST. O não recebimento ou a entrega após o decurso de tal prazo constitui ônus de prova do destinatário.
Assim, a falta de citação comprovada pode ser alegada em sede preliminar de contestação e implica nulidade ab initio (desde o início) de todo o processado (arts. 238 e seguintes do CPC).
b) Inépcia da Inicial:
É inepta a petição inicial que contenha defeitos e irregularidades que impedem o julgamento do mérito da causa. Ocorre quando a inicial é ininteligível, em razão de erros, lacunas ou narração ilógica, quando faltar causa de pedir ou quando o pedido for indeterminado, incompatível ou inexistente, ressalvadas as hipóteses legais em que se permita o pedido genérico (§ 1º do art. 330 do CPC).
Tais circunstâncias impossibilitam o exercício do direito de defesa. Contudo, é necessário ressaltar que os elementos da petição inicial – causa de pedir, a exposição dos fatos e o direitos sobre os quais o autor da demanda fundamenta o litígio -, devem ser analisados sob a perspectiva simplista inerente à norma especial do art. 840, § 1º, da CLT, que exige apenas uma “breve exposição dos fatos do qual decorra o litígio”.
Exemplo de preliminar de inépcia: “A teor do inciso I do art. 485 do CPC deverá ser extinto o presente processo, sem resolução do mérito, em relação ao pedido de vale-transporte, pois o Reclamante, na petição inicial, apenas elencou a verba, sem informar a causa de pedir, deixando de explicar as razões pelas quais formulou o pedido.”
c) Perempção
A perempção é a perda do direito de pleitear direitos perante o judiciário, em decorrência da inércia da parte. No processo do trabalho, a perempção se manifesta de duas formas: a primeira está prevista no art. 731 da CLT, pelo qual:
aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do artigo 786, à Junta ou Juízo para fazê-la tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de seis meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho (BRASIL, 1943).
Em respeito à simplicidade inerente ao direito do trabalho, as reclamações trabalhistas podem ser realizadas verbalmente. Nesse caso, o autor se dirige à Secretaria da Vara do Trabalho e expõe seus argumentos. O secretário ou o escrivão distribuirá a reclamação e o reclamante terá o prazo de cinco dias para retornar à Vara, a fim de reduzir a termo sua reclamação. Caso não compareça nesse prazo, o reclamante perderá o direito de interpor a mesma ação perante a Justiça do Trabalho, pelo prazo de seis meses, em razão da perempção.
Por outro lado, se o reclamante, por duas vezes seguidas, der causa ao arquivamento da reclamação, em decorrência de falta à audiência inaugural, também ficará impedido de interpor a mesma ação, na Justiça do Trabalho, pelo prazo de seis meses, porquanto operada a perempção, nos termos do art. 732 da CLT.
Em sendo constatada a perempção, o juiz deve extinguir o feito sem resolução de mérito, com fundamento no inciso V do art. 485 do CPC.
d) Litispendência:
A litispendência ocorre quando se repete ação que está em curso, ou seja, com as mesmas partes, com a mesma causa de pedir e com o mesmo pedido (§3º do art. 337 do CPC).
Assim, uma vez confirmado o trâmite simultâneo de demandas idênticas, o juiz deve extinguir o processo sem resolução do mérito, a teor do inciso V do art. 485 do CPC.
Vale esclarecer que a preliminar de litispendência pode ser alegada em relação a todos os pedidos formulados na petição inicial ou a um ou a somente alguns deles.
 (
Você sabia que em ca
so de litispendência é necessário juntar prova? Para comprovar a litispendência, o advogado deve juntar fotocópias dos autos do processo que estão em andamento, demonstrando a duplicidade de ação idêntica em trâmite.
)VOCÊ SABIA?
Confira abaixo um exemplo de arguição de preliminar de litispendência.
Figura 8 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
e) Coisa Julgada
Coisa julgada, basicamente, é a matéria já apreciada pela Justiça do Trabalho, em processo que não caiba mais recurso, alegação prevista no art. 337, VII, do CPC.
Ocorre quando a demanda é renovada, com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido, em processo autônomo, impondo-se a extinção do feito sem resolução do mérito, nos termos do inciso V do art. 485 do CPC. Pode haver a coisa julgada parcial ou total, em relação à parte dos pedidos ou a todos os pedidos, respectivamente.
Vale dizer que apenas, excepcionalmente, haverá a possibilidade de desconstituição da coisa julgada, por meio do manejo de ações rescisórias, desde que se amolde às hipóteses do art. 966 do CPC.
A figura a seguir, apresenta um exemplo de preliminar de coisa julgada. Acompanhe!
Figura 9 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
f) Conexão
Ocorre conexão quando duas ou mais ações possuírem em comum o pedido ou a causa de pedir (art. 55 do CPC), bastando à coincidência de um só dos elementos da ação (causa de pedir ou pedido).
Em sendo assim, ante aos elementos da ação (partes, pedido e causa de pedir), a conexão aparece entre demandas que tenham o mesmo pedido ou a mesma causa de pedir (requisitos alternativos), ou seja, que tratem da mesma relação jurídica, da mesma lide sociológica subjacente ao processo.
A conexão visa à pacificação social, por meio da reunião de todos os conflitos existentes entre as partes, com o objetivo de evitar decisões conflitantes.
Um exemplo de preliminar de conexão consta na figura abaixo. Confira!
Figura 10 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
g) Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização
Em regra, quando há incapacidade de parte, defeito de representação da parte ou falta de autorização, o juiz pode conceder prazo para a parte sanar o processo, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do inciso IV do art. 485 do CPC. Clique nas abas e aprenda mais sobre o tema.
	
Capacidade no processual trabalhista
	A propósito, a capacidade no processual trabalhista é adquirida aos 18 anos (art. 792 da CLT), ocasião em que o trabalhador poderá postularde forma independente na Justiça do Trabalho. No entanto, no caso de menores de 18 anos, as reclamações trabalhistas devem ser interpostas pelo representante legal ou, na falta deles, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho (art. 793 da CLT).
	
Defeito	de representação
	O defeito de representação, a seu turno, pode se dar em razão da ausência de juntada de procuração por instrumento público ou privado, quando for o caso. Ocorre ainda quando não for juntado o contrato social da empresa demandante. A teor da Súmula 456 do TST, é inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não contenha, pelo menos, o nome do outorgante e do signatário da procuração, pois esses dados constituem elementos que os individualizam.
	
Irregularidade d	e
representação
	No entanto, compatibilizando-se ao CPC, verificada a irregularidade de representação da parte no 1º grau, o juiz designará prazo de cinco dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, extinguirá o processo, sem resolução de mérito, se a providência couber ao reclamante, ou considerará revel o reclamado, se a providência lhe couber (CPC/2015, art. 76, § 1º). O mesmo ocorrerá em grau de recurso (Súmula 456 do TST).
A falta de autorização é outra situação que poder ocorrer, sobretudo, quando o sindicato ajuíza o dissídio coletivo, sem juntar a ata da assembleia geral na qual consta a autorização para o ajuizamento da ação coletiva em nome da categoria (art. 859 da CLT).
Todas essas circunstâncias ensejam a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do inciso IV do art. 485 do CPC.
h) Arbitragem
A arbitragem é uma forma de heterocomposição, no qual um terceiro é nomeado para resolver um conflito existente entre as partes. Cuida-se de técnica que depende exclusivamente da vontade das partes, que elegem determinado árbitro para solucionar o litígio.
A arbitragem pode ser celebrada de duas formas: por cláusula compromissória, firmada pela vontade das partes, as quais estipulam que, no caso de um conflito futuro, se socorrerão do juízo arbitral, e não do Poder Judiciário e por meio do compromisso arbitral, que ocorre depois da ocorrência do conflito.
Trata-se de um pressuposto negativo que, uma vez interposta à ação judicial, levará a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VII do Código de Processo Civil, salvo se ficar demonstrado que a vontade na pactuação da cláusula foi viciada, o que implicará sua anulação.
 (
Você
 
sabia
 
que
 
a
 
reforma
 
trabalhista
 
inseriu
 
a
 
possibilidade
 
de
 
arbitragem
 
para
 
o
 
empregado hipersuficiente? Trata-se do empregado, portador de diploma de nível superior, que percebe salário
 
mensal
 
igual
 
ou
 
superior
 
a
 
duas
 
vezes
 
o
 
limite
 
máximo
 
dos
 
benefícios
 
do
 
Regime
 
Geral de Previdência
 
Social.
)VOCÊ SABIA?
A Reforma Trabalhista – Lei n. 13.467/2017 – introduziu parágrafo único, ao art. 444, da CLT, permitindo a livre estipulação das condições contratuais do empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social – é o chamado trabalhador hipersuficiente.
Somado a isso, o art. 507-A da CLT, incluído também pela Lei n. 13.467/2017 – estipulou que, para os empregados cuja remuneração seja superior a duas vezes o teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), será facultada a pactuação de cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa própria ou concordância expressa deles, nos termos previstos na Lei n. 9.307/1996 (Lei de Arbitragem).
A partir de então, a arbitragem que, conforme o art. 114, § 1º, da CR/88, era admitida pela jurisprudência trabalhista apenas em sede de dissídios coletivos, passou a ser aceita também em demandas individuais de empregados.
Assim, em caso de existência de cláusula compromissória ou quando um conflito existente entre as partes já houver sido decidido por um árbitro, essa convenção pode ser arguida pelo réu, em sede preliminar de contestação. Trata-se de defesa processual peremptória, que levará o processo a ser extinto sem julgamento do mérito, nos termos do art. 485, VII do CPC.
No entanto, a ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, em sede de preliminar de contestação, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral, a teor do art. 337, § 6º do CPC.
i) Ausência de legitimidade ou de interesse processual
A legitimidade ou legitimação é a aptidão que o sujeito tem para figurar no polo ativo ou passivo da demanda trabalhista, ou seja, um atributo jurídico conferido a algum sujeito a discutir/defender determinada situação jurídica.
A exigência da legitimação se relaciona ao fato de impedir que uma pessoa venha a propor ação ou oferecer defesa em nome de outrem, ou seja, somente tem legitimidade ativa quem invoca a tutela jurisdicional em defesa de seu próprio interesse, de direito próprio.
O interesse processual, a seu turno, refere-se ao binômio – utilidade e necessidade de litigar. O art. 337, XI do CPC menciona apenas a possibilidade de o réu arguir ausência de legitimidade e interesse processual, haja vista que a impossibilidade jurídica do pedido pressupõe análise de mérito, de modo a formar coisa julgada material e não coisa julgada formal, como ocorria sob a égide do Código Civil de 1973.
Assim, verificando-se ausentes a legitimidade da parte e o interesse processual (inciso XI do art. 337 do CPC), deve-se arguir a extinção do processo sem resolução do mérito, com fundamento no inciso VI do art. 485 do CPC.
j) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar
A lei pode determinar, em algumas situações específicas, que o autor tome algumas medidas para que a relação processual seja regularmente firmada, pode ser o pagamento de determinadas custas e despesas especiais, constituição de garantias, dentre outros casos.
Assim, caso o réu verifique a ausência de uma medida desse tipo exigida pela lei, há de ser alegada em preliminar de contestação. O magistrado, ao ser alertado sobre esse vício, deve determinar ao autor que regularize a situação. Caso o autor cumpra o determinado, a defesa processual utilizada pelo réu será dilatória. Já se o autor ficar inerte, e nada fizer nesse sentido, a defesa processual tornará peremptória, pois vai ocasionar a extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 485 do CPC).
· Exceções
A exceção é uma defesa processual ou indireta contra defeitos, irregularidades ou vícios do processo, que impedem seu desenvolvimento normal, sem discutir o mérito da questão. Podem alegar exceções quaisquer das partes e não apenas o réu.
Assim, no processo trabalhista, as exceções de suspeição e incompetência devem ser apresentadas em preliminares da peça contestatória e decididas antes do exame do mérito.
Não obstante as exceções de suspeição ou incompetência suspendam o curso do processo, a teor do art. 799 da CLT, a regra é que, em respeito ao princípio da concentração dos atos processuais, as peças de contestação, reconvenção e exceções sejam protocoladas juntas, no ato da audiência inaugural, sob pena de preclusão.
Exceções de suspeição
As exceções são institutos disponíveis às partes que pretendem apontar circunstâncias objetivas e subjetivas, que denotam a ausência de “isenção de ânimo” do Magistrado, que vai analisar e julgar a sua demanda, ou seja, o juiz da causa não pode ter interesse na lide.
As causas de suspeição do juiz, aplicáveis também ao órgão do Ministério Público, aos serventuários da justiça e aos peritos (art. 148 do CPC), estão estabelecidas no art. 801 da CLT, e se resumem em: a) inimizade pessoal; b) amizade íntima; c) parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil; d) interesse particular na causa; e) ser credor ou parente de credor.
Vale dizer que o juiz poderá se declarar suspeito por motivo de foro íntimo, sem a necessidade de informar suas razões (§ 1º do art. 145 do CPC), caso não o façaa parte pode alegá-la, utilizando-se do seguinte modelo:
Figura 11 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Assim, apresentada a exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal designará audiência dentro de 48 horas para instrução e julgamento da exceção (caput do art. 802 da CLT). Uma vez procedente, será convocado o juiz substituto para continuar no feito até decisão final (§ 1º do art. 802 da CLT).
Exceção de incompetência
A incompetência do juízo pode ser absoluta, quando se tratar da matéria e da hierarquia ou relativa, relacionada ao território e valor da causa, sendo que ambas devem ser alegadas como questão de preliminar de contestação (art. 64 CPC).
A incompetência absoluta pode ser arguida a qualquer tempo e deve ser declarada de ofício pelo juiz. Caso a alegação seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente (§ 3º do art. 64 do CPC). Modelo de requerimento:
Figura 12 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Por sua vez, a incompetência relativa, em razão do lugar, por exemplo, pode ser prorrogada, se não for suscitada pela parte após cinco dias a contar da notificação da inicial ou até mesmo oralmente na audiência, permanecendo no juízo até o julgamento.
No caso de incompetência relativa, o art. 800 da CLT, alterado pela Lei 13.467/2017, estabelece que se “[...] apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação [...]” (art. 800, caput, da CLT), “[...] será suspenso o processo e não se realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção.” (Art. 800, § 1o, caput da CLT).
Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz, que intimará o excepto (reclamante) para manifestação (impugnação) no prazo de cinco dias, nos termos do § 2º do art. 800 da CLT. “Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, garantindo de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo indicado como competente na exceção [...]” (BRASIL, 1943), conforme determina o § 3º do art. 800 da CLT.
Por fim, “[...] decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente.” (BRASIL, 1943). É que dita o§ 3º do art. 800 da CLT.
Modelo de requerimento de incompetência absoluta:
Figura 13 - Modelo
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
1.3.2 Defesa de mérito
Depois de arguidas as preliminares, passa-se à defesa de mérito, que pode ser subdividida em defesa de mérito indireta ou prejudicial de mérito e defesa direta de mérito direta ou propriamente dita.
· Defesa de mérito indireta ou prejudicial de mérito
Defesa de mérito indireta ou prejudicial de mérito é aquela de conteúdo meramente processual, ou seja, envolve causas que obstam a tutela jurisdicional pretendida, por exemplo, a prescrição e a decadência –, as quais geram a extinção do processo com resolução do mérito, na forma do art. 487 do CPC.
No direito do trabalho, a prescrição poderá ser total, quando o ajuizamento da ação ocorrer depois de dois anos da extinção do contrato de trabalho, ou parcial, quando se tratar da possibilidade de discutir apenas os últimos cinco anos do contrato, nos termos do art. 7º, XXIX, da CR/88 e art. 11 da CLT.
Assim, pode a reclamada requerer o reconhecimento da prescrição total ou bienal das pretensões do Reclamante, nos termos do inciso XXIX do art. 7º da CR/88 e no item I da Súmula 308 do TST, em razão do transcurso de mais de dois anos entre a data do seu desligamento da empresa e a data da propositura da presente ação trabalhista, devendo ser decretada a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do inciso II do art. 487 do Código de Processo Civil.
Cumpre esclarecer que o prazo prescricional de dois anos para o ajuizamento da ação trabalhista começa a ser contado a partir do término do aviso prévio, inclusive, considerando a sua projeção em caso de aviso-prévio indenizado.
Além disso, a teor do inciso XXIX do art. 7º da CR/88 e do item I da Súmula 308 do TST, a Reclamada pode requerer o reconhecimento da prescrição quinquenal ou parcial, de todas as pretensões anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da ação.
A decadência, por sua vez, ocorre, por exemplo, no inquérito para apuração de falta grave (art. 853 da CLT), em que o empregado é suspenso e o empregador tem o prazo de 30 dias para ajuizar a referida ação (Súmulas 62 e 379 do TST e Súmula 403 do STF).
· Defesa de mérito propriamente dita
A defesa de mérito direta é aquela em que a parte rechaça as pretensões do reclamante, pedido a pedido, tais como aviso prévio, horas extras, adicional noturno, 13º salário etc.
Especificamente, na segunda fase do Exame da OAB, deve-se apontar uma norma jurídica – um dispositivo da CLT ou do CPC, uma Súmula, uma Orientação Jurisprudencial etc. – que possa fundamentar a impugnação do pedido realizado pelo reclamante na petição inicial.
Quando o magistrado julgar a demanda acolhendo ou rejeitando o pedido do autor, a lide será extinta com resolução do mérito, nos termos do art. 487 do CPC.
Clique nos itens abaixo e conheça observações gerais sobre a defesa de mérito propriamente dita.
Toda a matéria de defesa deverá ser apresentada na contestação, ainda que em pedido sucessivo, utilizando-se das expressões: “na eventualidade, ...” ou “sucessivamente, requer...”
A reclamada tem o ônus processual da impugnação específica de todos os pedidos elencados na petição inicial, sob pena de confissão ficta, nos termos do art. 341 do CPC.
Requerimento de gratuidade da Justiça: a parte que não tiver condições de pagar as custas advindas do processo sem prejuízo do sustento próprio e de sua família podem solicitar o benefício da justiça gratuita, nos termos do art. 790, § 4o, do CLT e art. 98 e seguintes do CPC.
Todavia, após a reforma trabalhista, a simples declaração de pobreza como única condição para a concessão da justiça gratuita deixou de existir. Isso porque o art. 790, §3º, da CLT, dispõe que a gratuidade de justiça poderá ser concedida àqueles que percebem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, incumbindo à parte interessa comprovar tal condição. Vale dizer que a empregadora, beneficiária da justiça gratuita, não está dispensada de efetuar o depósito recursal.
Síntese
Concluímos a unidade introdutória e aprendemos detalhes importantes da fase de conhecimento trabalhista. Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
· Aprender os detalhes que devem ser observados no ato de interposição de uma Ação Trabalhista;
· Compreender as consequências da ausência das partes em audiência;
· Entender a possibilidade de arbitragem para o trabalhador hipersuficiente;
· Aprender a confeccionar uma petição inicial do procedimento ordinário e sumaríssimo;
· Conhecer como redigir uma contestação ou defesa no processo do trabalho;
· Compreender como manejar as exceções de suspeição e incompetência.
Bibliografia
ALMEIDA, A. L. P. Prática trabalhista. 1ª e 2ª fases da OAB. 12. ed. São Paulo: Editora Rideel, 2019. ALMEIDA, C. L. Direito processual do trabalho. 7. ed. São Paulo: Juspodivm, 2019.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 02 jul. 2019.
BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 02 jul. 2019. CAETANO, D.; SANDES, F. Prática trabalhista. Passe na OAB 2ª Fase. FGV Completaço. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
JORGE NETO, F. F.; MOTA, L. C.; CAVALCANTE, J. Q. P. Prática da reclamação trabalhista. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
LEITE, C. H. B. Curso de direito processual do trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2018. MARTINS, S.P. Prática trabalhista. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
PEREIRA, L. Prática trabalhista. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
REDINZ, M. A. Passo a passo para elaboração de petições trabalhistas. 5. ed. São Paulo: Saraiva. 2017.

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