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1 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Apresentação ................................................................................................................................ 3 Aula 1: Fase postulatória ............................................................................................................... 4 Introdução ........................................................................................................................4 Conteúdo ................................................................................................................................ 5 Dissídio individual e dissídio coletivo .........................................................................5 A fase postulatória do processo ....................................................................................... 5 Espécies ............................................................................................................................... 5 Registros das reclamações ............................................................................................... 6 Requisitos ............................................................................................................................ 6 Valor da causa .................................................................................................................... 7 Custas do processo ............................................................................................................ 7 O pedido .........................................................................................................................8 Outras definições de petição inicial ............................................................................9 Audiência ........................................................................................................................... 10 Audiência de conciliação ...........................................................................................11 Depoimento das partes ..............................................................................................12 Sentença ............................................................................................................................ 13 Limites e elementos da sentença ................................................................................... 14 Ata de audiência e coisa julgada ................................................................................... 14 Prática dos tribunais ......................................................................................................... 15 Referências .......................................................................................................................... 15 Exercícios de fixação ........................................................................................................ 15 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 19 Aula 1 ..................................................................................................................................... 19 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 19 Aula 2: Comparecimento das partes ........................................................................................... 21 Introdução ......................................................................................................................21 Conteúdo .............................................................................................................................. 22 Audiência contínua .....................................................................................................22 Presença das partes à audiência ................................................................................... 22 Do não comparecimento das partes e suas consequências ..................................... 23 O jus postulandi ............................................................................................................... 24 Atividade proposta ......................................................................................................25 2 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Referências .......................................................................................................................... 25 Exercícios de fixação ........................................................................................................ 25 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 29 Aula 2 ..................................................................................................................................... 29 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 29 Aula 3: Conceito de provas .......................................................................................................... 31 Introdução ......................................................................................................................31 Provas no Processo do Trabalho .............................................................................32 Fatos e normas ................................................................................................................. 32 Ônus da prova ................................................................................................................... 32 Princípio da persuasão racional do juiz e fatos ......................................................35 Depoimento pessoal ...................................................................................................36 Confissão ........................................................................................................................... 36 Prova documental .......................................................................................................37 Referências .......................................................................................................................... 38 Exercícios de fixação ........................................................................................................ 38 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 41 Aula 3 ..................................................................................................................................... 41 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 41 Aula 4: Provas em espécie ........................................................................................................... 43 Introdução ......................................................................................................................43 Conteúdo .............................................................................................................................. 44 Prova testemunhal ............................................................................................................ 44 Quem é a testemunha e quem não pode ser testemunha ....................................44 Número de testemunhas ............................................................................................45 Ata de audiência ............................................................................................................... 46 Compromisso ....................................................................................................................46 Prova pericial e laudo pericial ...................................................................................47 Momento da produção da prova pericial .................................................................48 Sobre a obrigatoriedade da prova pericial, art. 195, § 2º CLT .................................. 49 Atividade proposta ......................................................................................................50 Exercícios de fixação ........................................................................................................ 50 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 52 Aula 4 ..................................................................................................................................... 52 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 52 Conteudista ................................................................................................................................. 54 3 AUDIÊNCIA TRABALHISTA A disciplina de audiência trabalhista, definida doutrinariamente como um ato complexo, abordará os diversos conceitos e procedimentos relativos à sequência dos seus atos processuais, que integram a sistemática jurídica, visando o deslinde de um conflito travado pelas partes, por meio do processo judicial. No que concerne a disciplina de prova, serão examinados vários meios definidos pelo direito como idôneos para convencer o juiz da ocorrência ou não de determinados fatos, bem como seus diferentes tipos e procedimentos, realizados no bojo do processo para o justo cumprimento da tutela jurisidicional por parte do Estado-Juiz, por meio de uma decisão definitiva ou terminativa de mérito. Por fim, será definida a clássica distinção entre conciliação e transação, examinando os sujeitos da Relação jurídica processual e às regras a eles aplicáveis; bem como o termo de conciliação, a sua irrecorribilidade pelas partes e a natureza das parcelas envolvidas no objeto do acordo. Sendo assim, ao final desta disciplina, com base em seus objetivos: 1. O aluno deverá ser capaz de identificar os requisitos básicos de petição inicial, por via das noções gerais apresentadas; 2. O aluno deverá ser capaz de identificar os efeitos do comparecimento ou não das partes em audiência, e suas consequências; 3. O aluno deverá ser capaz de diferenciar as espécies de prova, mormente no que tange o ônus da prova e o cerceamento de defesa no caso concreto. 4 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Introdução Olá, Pessoal! Sejam bem- vindos! Hoje é nossa primeira aula e vamos iniciar o estudo sobre Audiência Trabalhista com uma abordagem ampla acerca da teoria e da pratica concernente ao Instituto apresentando, um conceito para a disciplina, assim como seus fundamentos, natureza jurídica e princípios. A seguir, trataremos da Fase postulatória e sequência de atos da audiência. Objetivo: 1. Conhecer a fase postulatória: petição inicial, requisitos, custas. Ritos. Audiência de conciliação, instrução e julgamento, sequência de atos da audiência. Prática dos tribunais. 5 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Conteúdo Dissídio individual e dissídio coletivo Dissídio Individual: Em termos de organização judiciária e de competência, de um modo geral, o Processo do Trabalho se divide em dissídio individual, quando as partes envolvidas no conflito são identificadas pelo empregado e empregador. Dissídio Coletivo: E em dissídio coletivo quando as partes são as entidades sindicais ou outras Instituições como Ministério Público do Trabalho. Neste estudo trataremos do dissídio individual do trabalho, veja a seguir. A fase postulatória do processo Vamos iniciar com a petição inicial: a prestação jurisdicional depende de provocação do interessado, princípio da inércia, mas o processo se desenvolve por impulso oficial. É o instrumento pelo qual o autor exerce o seu direito ao acesso a justiça. A petição inicial é a peça inaugural do processo, sendo também denominada de “peça exordial”, “peça vestibular”, “peça de ingresso”. Na justiça do trabalho a denominação jurídica da petição inicial é reclamação trabalhista. Princípios: da inércia/dispositivo ou da demanda – artigo 2º (primeira parte), do NCPC C/C artigo 319 do NCPC e 769 da CLT. Espécies Espécies (art. 840, §§1º e 2º, CLT) A reclamação poderá ser escrita ou verbal: 1.Verbal (arts. 786 e 731 CLT) 2.Escrita (art. 787 CLT) 6 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Designação do juiz do direito ocorre quando em uma localidade não tem vara do trabalho (§1º). Registros das reclamações Para a distribuição, da petição inicial, a CLT estabelece procedimento nos seguintes dispositivos legais: (art. 837, CLT), (art. 838 c/c 783 e 788, CLT). (art. 783, CLT). As reclamações serão registradas em livro próprio (art. 784, CLT , art. 785, CLT). Todavia, a partir de setembro de 2009, foi implantado o Processo Eletrônico (Pje), pelo Conselho Nacional de Justiça. A Justiça do Trabalho aderiu por meio de convênio firmado com o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os quais firmaram, por sua vez, convênios com todos os tribunais regionais do trabalho. Porém, algumas Varas do Trabalho ainda estão em processo de implantação do sistema, permanecendo com o processo físico. A reclamação trabalhista poderá ser proposta pelos empregados e empregadores pessoalmente (jus postulandi), pelos sindicatos, pelo MPT. (Art. 839, CLT). Requisitos Requisitos (art. 840 CLT c/c art. 319 do NCPC): devem ser atendidos os requisitos da justiça do trabalho e do CPC, pois o CPC tem mais requisitos do que os citados no art. 840, tal como a informação acerca da audiência de mediação, o que entende-se integralmente aplicável ao processo do trabalho, tendo em vista o princípio conciliatório. Por certo, o art. 840 CLT não prevê a citação do reclamado, pois é automática, feita pelo cartório. O juiz tem conhecimento do processo no dia da audiência. Também não há o protesto por produção de provas porque as provas serão produzidas em audiência. 7 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Observação, igualmente, o NCPC, ao contrário do Código Adjetivo de 1973, não prevê mais o pedido de citação como um dos requisitos da petição inicial, mas isso não indica a sua desnecessidade, na medida em que este pedido ainda é um requisito que decorre da compreensão dos artigos 246 e seguintes do NCPC. Valor da causa E o valor da causa? O valor é fundamental para a determinação de alçada: a lei 5.584/70 criou novo procedimento, criticado doutrinariamente, mas mantido pelos tribunais, o procedimento de alçada. Então o valor da causa vai se relacionar com os ritos: Rito Sumário: a lei 5.584/70 criou o procedimento de alçada. Nesse rito, só cabe recurso por violação à Constituição, e é aplicado se o valor da causa for de até dois salários mínimos. A lei permitiu que, se a parte não indicasse o valor, o juiz fizesse essa fixação. Rito Sumaríssimo: lei 9.957/00 (arts. 852-A ao 852-I da CLT). O valor da causa é de 40 salários mínimos. Não traz a informação de que o juiz deve dar o valor da causa. Portanto, passou a ser necessário. Para alguns doutrinadores, atualmente, só existe o rito sumaríssimo e ordinário na seara justrabalhista. Rito Ordinário – rito inicial da CLT.Custas do processo E as custas do processo? De acordo com o art. 789, §1º, as custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal, quando o reclamante distribui a reclamação, não paga custas, para não inviabilizar o acesso à justiça. De acordo com o art. 832, §2º 8 AUDIÊNCIA TRABALHISTA O art. 832, §2º, CLT preceitua que as custas devem sempre ser determinadas na sentença, no cômputo de 2% sobre o valor da condenação (art. 789, CLT). Quem paga as custas processuais? Quem paga as custas processuais? A jurisprudência trabalhista entende que, se o empregado ganhar um pedido, o empregador deve pagar as custas, pois o art. 789 §1º não trata da procedência parcial, logo o fundamento aplicado é a hipossuficiência do empregado. Se a parte que tem interesse em recorrer, se reclamante, pelo indeferimento total do pedido ou o Reclamado pela procedência em parte, devem pagar as respectivas custas processuais, no prazo do recurso. O pedido O Pedido: O pedido é o objeto da ação, é um resumo do que o autor pretende receber. É o próprio mérito, é o bem da vida deduzido em juízo. Aplica-se o CPC de modo supletivo, pela omissão da CLT. A interpretação dos pedidos é feita restritivamente (art. 293, CPC), mas os pedidos podem ser implícitos, sendo deferidos pelo juiz de ofício, como os juros legais (art. 293, CPC) e a correção monetária. O pedido deve ser certo e determinado (art. 286, CPC). O pedido pode ser genérico, (art. 286, CPC). Classificação dos pedidos: 1 - Simples ou cumulados: simples é o que contém uma única postulação. Cumulado é a cumulação de pedidos numa mesma ação; 9 AUDIÊNCIA TRABALHISTA 2 - Principal e acessório: segue-se a mesma regra das obrigações principais e acessórias; 3 - Alternativos: pode ser cumprido de mais de uma forma (Art. 288, CPC); 4 - Sucessivos: o primeiro pedido é prejudicial em relação ao segundo (Art. 289, CPC e art. 496, CLT); 5 - Líquidos e ilíquidos; 6 - Pedidos cominatórios: refere-se às obrigações de fazer ou de não fazer (art. 287, CPC). No procedimento sumaríssimo, o pedido há de ser necessariamente líquido (852-B, CLT). Sob pena de extinção sem resolução do mérito (§1º, 852-B,CLT). Outras definições de petição inicial Conheça mais informações sobre a Petição Inicial: A petição inicial apócrifa: É tida como inexistente no processo do trabalho. Juiz, verificando a ausência de assinatura, deve determinar a intimação da parte para que corrija a inicial, no prazo determinado. Valor da causa: Apesar de haver controvérsia a respeito do valor da causa, parte da doutrina entende que é obrigatório apenas para as causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo (art. 852-A e 852-B), nos outros procedimentos, se não indicado o valor da causa o juiz deve, de ofício, fixá-lo (p. ex.: art. 2º, Lei 5584/70). Da citação: Nomenclatura: a doutrina chama de notificação citatória. Se necessário alterar a petição inicial por emenda ou aditamento, deve ser procedido tal ato antes da citação (art. 329, inciso I, NCPC c\c art. 769, CLT). No processo trabalhista, a 10 AUDIÊNCIA TRABALHISTA citação é feita pelo Diretor de Secretaria (art. 841, CLT). Citação automática, independentemente de requerimento. Na seara trabalhista, a citação se aperfeiçoa com o comparecimento das partes em audiência, oportunidade em que o réu apresentará sua defesa. Por isso, o entendimento é que o requerimento do Reclamante para alteração da inicial seja deferida pelo magistrado até a hora da audiência, isto é, antes da leitura ou entrega da contestação ao advogado do autor, por ausência na Justiça do Trabalho de momento específico de saneamento do processo. De todo modo, a audiência será adiada para que o Réu tenha oportunidade de impugnar os novos fatos alegados pelo autor, mas isso se ocorrer modificação substancial em sua defesa, a fim de respeitar o princípio da ampla defesa e do contraditório, mas sempre resguardando a celeridade e economia processual. Espécies: 1. Citação postal (default): art. 841, §1º CLT, art. 774, § único CLT, súmula 16 TST. Se não ocorrer, a citação será feita por edital. 2. Citação por edital: art. 841, §1º CLT. 3. Citação por oficial de justiça: art. 880, §2º CLT: a. Para o início da execução; b. Fora do alcance do serviço postal: apesar de não prevista em lei, os juízes em muitos casos autorizam a citação por oficial de justiça quando encontra-se dificuldades na citação postal (quando se observa que criam obstáculos, se for difícil de encontrar a pessoa). Audiência Agora falaremos de Audiência de Conciliação, Instrução e Julgamento. O que vem a ser Audiência? Audiência é o ato determinado pelo juiz para conhecer, instruir e julgar dissídio individual de sua competência. É um ato concentrador. A audiência 11 AUDIÊNCIA TRABALHISTA de instrução e julgamento pauta pela celeridade processual e oralidade dos atos. No processo do trabalho, as audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho são públicas e realizadas na sede do juízo ou Tribunal, em dias úteis, entre 8 e 18 horas, não podendo ultrapassar 5 horas seguidas, salvo matéria urgente. Em casos excepcionais, poderá ser designado outro local para as audiências, desde que se faça tal comunicado com antecedência de 24 horas. A publicidade dos atos processuais estão assegurados no art. 93, IX, ressalvados os casos excepcionais legalmente previstos. Nos moldes do art. 849 da CLT, a audiência trabalhista é única, mas não impede a sua subdivisão, no caso de força maior. Dessa forma, a audiência trabalhista é um ato complexo do processo, cujo objetivo maior é o comparecimento das partes para que se reconciliem, mediante concessões mútuas. Mas, não sendo possível a conciliação, inicia-se a instrução do processo, com a produção de provas documentais e pericias interrogatório das partes e testemunhas. Audiência de conciliação E o que vem a ser audiência de conciliação? Audiência de conciliação (art. 846,§§ 1° e 2§, da CLT): É destinada apenas à tentativa de conciliação. Impondo ao juiz que promova a tentativa de conciliação no início e final da instrução do processo, inclusive em qualquer fase processual. O termo lavrado valerá como decisão irrecorrível. (Súmula 259,TST). Vale lembrar que o princípio da conciliação é inerente ao Processo do Trabalho. Assim, o juiz deverá proceder à tentativa de conciliação do conflito no início e ao final da audiência, sob pena de nulidade dos atos praticados em audiência. (art. 831, CLT). 12 AUDIÊNCIA TRABALHISTA E se não houver acordo? Caso não haja acordo, há a apresentação da defesa. Apresentação da defesa (art. 847 CLT) - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes (art. 799,CLT). Na contestação compete ao réu alegar, toda a matéria defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir (art. 336, NCPC). Deve ser assinada por advogado com procuração nos autos. Na contestação, deve constar toda a matéria de defesa (princípio da eventualidade ou da concentração). Aplica-se no processo do trabalho o art. 341, do NCPC, pois o réu manifesta-se precisamente sobre todos os fatos narrados na petição inicial, (ônusda impugnação especificada dos fatos ou não admissão da defesa por negativa geral), presumindo-se verdadeiros aqueles que não forem impugnados, mas esta veracidade dos fatos pode ser afastada por prova em sentido contrário existente nos autos (juris tantum). Depoimento das partes O procedimento probatório comporta diversas fases (arts. 846, 847 e 848 da CLT). Assim, encerrada a audiência de conciliação, com a apresentação da resposta do réu, terá início a instrução, que é a fase destinada à produção da prova dos fatos controversos. Não há necessidade do juiz do trabalho fixar os pontos controvertidos logo de início, ficando a critério. Portanto, terminada a defesa, inicia-se a instrução do processo, podendo o juiz, de ofício, interrogar as partes. O interrogatório é uma faculdade do juiz às partes, cabe requerer o depoimento pessoal da outra. (art. 880, CLT – art. 385 do NCPC). Depoimento de testemunhas (arts. 820/821 CLT), peritos e assistentes técnicos, se necessário (art. 848, §2º CLT). 13 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Alegações finais (art. 85 e 851, ambos da CLT): Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão. Pelo princípio da oralidade, não é obrigatório consignar em ata o debate trazido nessa fase pelas partes, por se tratar de uma faculdade. Tentativa final de conciliação (art. 850 CLT): No caso do rito sumaríssimo, a proposta conciliatória será realizada na forma do art. 852-E da CLT. Alegações finais (art. 85 e 851, ambos da CLT): Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão. Pelo princípio da oralidade, não é obrigatório consignar em ata o debate trazido nessa fase pelas partes, por se tratar de uma faculdade. Tentativa final de conciliação (art. 850 CLT): No caso do rito sumaríssimo, a proposta conciliatória será realizada na forma do art. 852-E da CLT. Sentença Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos (art. 203 NCPC). A Sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, ambos do NCPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. O conceito legal, ora exposto, é aplicável subsidiariamente no Processo do Trabalho. Veja como as sentenças são classificadas, segundo o entendimento trinário: Sentença declaratória É aquela que se encerra em uma declaração de existência ou inexistência de uma relação jurídica. 14 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Sentença constitutiva Tem como efeito criar, modificar ou extinguir a relação, alterando uma determinada situação jurídica. Sentença condenatória Assim, a sentença condenatória impõe ao réu uma condenação de dar, de fazer ou de não fazer, conforme o objeto da pretensão. Limites e elementos da sentença Limites da sentença: é defeso ao juiz, ressalvados alguns casos especiais, decidir acima, fora ou aquém dos limites da lide, ou seja, do pedido. Daí falar- se em proibição de julgamentos ultra petita, extra petita ou citra petita. (arts. 141 e 140 NCPC c/c 769, CLT). Deve-se observar as exceções legais. Relatório: Sentença sem relatório: nula de pleno direito (832, CLT c/c 489, I, NCPC). O procedimento sumaríssimo dispensa o relatório (852-I). Fundamentação: São as razões de decidir do juiz - Art. 93, IX, CRFB/88, e artigo 489, II, NCPC. Dispositivo: É a conclusão, ou seja, a parte final da sentença, a qual transita em julgado. (art. 489, III, NCPC.). Intimação da sentença: art. 852, CLT - partes serão intimadas da sentença na própria audiência. (art. 841, §1º, CLT.). Ata de audiência e coisa julgada Ata de audiência: deve ser juntada em 48 horas. Se não for observado o prazo para juntada, as partes serão novamente intimadas da sentença. 15 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Súmula 30, TST: INTIMAÇÃO DA SENTENÇA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003: Quando não juntada a ata ao processo em 48 horas, contadas da audiência de julgamento (art. 851, § 2º, da CLT), o prazo para recurso será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença. Coisa julgada: a doutrina a define como a qualidade conferida à sentença judicial contra a qual não cabem mais recursos, tornando-a imutável e indiscutível. O fundamento da coisa julgada reside na segurança nas relações jurídicas e pacificação dos conflitos. Prática dos tribunais Prática dos Tribunais: 1. Audiência inicial (conciliação): se não tiver acordo, junta a defesa, intima as partes e marca nova data (fases 1 e 2); 2. Prosseguimento ou instrução – fases 3 a 6; 3. Sentença. Tire suas dúvidas no Fórum e participe do debate proposto. Referências JUNIOR, José Cairo. Curso de direito processual do trabalho. 8ª ed. Bahia: Juspodivm. PINTO, José Augusto Rodrigues. Processo de conhecimento. 5. ed. São Paulo: Editora LTR. Exercícios de fixação Questão 1 Considere as assertivas abaixo a respeito do termo lavrado na audiência de conciliação. I. É decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social. 16 AUDIÊNCIA TRABALHISTA II. Deverá sempre indicar a natureza jurídica das parcelas, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso. III. Passa a ser título executivo judicial. É correto o que se afirma em: a) I, II e III b) I, apenas c) III, apenas d) II, apenas e) I e II, apenas Questão 2 Hércules após quatro anos de contrato de trabalho com a empresa Alfa Beta Engenharia foi dispensado sem receber saldo salarial e verbas da rescisão. Ajuizou reclamação trabalhista, sendo designada audiência UNA (conciliação, instrução e julgamento) após dois meses da distribuição da ação. Ocorre que Hércules sofreu acidente na véspera da audiência, ficando hospitalizado e, portanto, impossibilitado de se locomover até a Vara do Trabalho. Com base nas normas previstas em lei trabalhista, nessa situação: a) O advogado de Hércules fará toda a sua assistência em audiência, inclusive com poderes para depor pelo reclamante e realizar demais atos processuais. b) O reclamante Hércules poderá fazer-se representar na audiência por outro empregado que pertença a mesma profissão ou pelo Sindicato Profissional. c) O processo será arquivado ante a ausência do reclamante, que poderá ajuizar novamente a demanda quando estiver em condições plenas de saúde. d) A lei processual trabalhista não prevê a hipótese de substituição de empregado reclamante ausente, razão pela qual fica a critério do Juiz adiar a audiência ou arquivar o processo. 17 AUDIÊNCIA TRABALHISTA e) A esposa, companheira ou algum parente até o terceiro grau poderão representar o trabalhador ausente com amplos poderes para inclusive prestar depoimento pelo reclamante. Questão 3 Sobre audiência Trabalhista marque a resposta incorreta, à luz da legislação e da jurisprudência em vigor: a) As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houvermatéria urgente. b) O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os assistentes que a perturbarem. c) Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus da prova do destinatário. d) Existe previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte à audiência. e) O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua publicação. Questão 4 Em relação a petição inicial trabalhistas, é correto afirmar: a) O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. b) Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, desde que conste do pedido inicial ou na condenação. 18 AUDIÊNCIA TRABALHISTA c) A decisão não homologada judicialmente - em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem qualquer ressalva, alcança não só o objeto da inicial, como também todas as demais parcelas referentes ao extinto contrato de trabalho, violando a coisa julgada, a propositura de nova reclamação trabalhista. d) Considera-se inepta a petição inicial quando da narração dos fatos decorrer logicamente a conclusão. e) A reclamação trabalhista apresentada pessoalmente pelo empregado não precisa ser redigida a termo pelo escrivão ou chefe de Secretaria. Questão 5 Maria ajuizou reclamação trabalhista em face da empresa DEDE. João, proprietário da empresa, cientificado da respectiva reclamação, contratou advogado na véspera da data designada para a realização da audiência, em que será obedecido o procedimento ordinário. O advogado advertiu João de que teria que apresentar defesa oral em razão da proximidade da contratação. Neste caso, de acordo com a CLT, o advogado: a) Não poderá apresentar defesa oral em razão do procedimento ordinário da respectiva reclamação trabalhista. b) Poderá apresentar defesa oral e terá o prazo de 20 minutos para aduzir sua defesa. c) Poderá apresentar defesa oral e terá o prazo de 10 minutos para aduzir sua defesa. d) Não poderá apresentar defesa oral por expressa disposição legal, independentemente do procedimento adotado pela ação reclamatória. e) Poderá apresentar defesa oral e terá o prazo de 30 minutos para aduzir sua defesa. 19 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - A Justificativa: O Art. 831, parágrafo único da CLT dispõe que a decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação. E, no caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. A Justiça do Trabalho passou a ter competência para executar contribuições previdenciárias decorrentes das sentenças que proferir (art. 195, I, a, e II - Emenda Constitucional n. 20/98, art. 114, inciso VIII da CRFB\88 pela EC n. 45/2004), motivo pelo qual se tornou necessário definir no termo de acordo a natureza das parcelas envolvidas, como salarial ou indenizatória, bem como a responsabilidade das partes pelos recolhimentos das parcelas que integram o salário contribuição, devendo ser intimada a União. (arts 832, §§ 3° ao 7°, da CLT), que valerá como título executivo judicial. (art. 876, parágrafo único) Questão 2 - B Justificativa: Preceitua o art. 843, § 2°,da CLT que na audiência deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos de litisconsórcio ativo, denominada de reclamações plúrimas ou ações de cumprimento cujo objeto é o cumprimento de sentença normativa, quando os trabalhadores poderão ser representados pelo Sindicato de sua categoria profissional . No caso de doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. Questão 3 - D Justificativa: Com fulcro na Súmula 197 do TST inexiste previsão em lei autorizando as partes a comparecem além do horário marcado para a 20 AUDIÊNCIA TRABALHISTA audiência, a legislação trabalhista cuidou da questão ao determinar que o não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.E, se ocorrer motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento, designando nova audiência.(art. 844, parágrafo único, da CLT). Questão 4 - A Justificativa: A pergunta retrata o texto literal contido na Súmula 263 do TST. Vale mencionar que a petição inicial trabalhista deve preencher os requesitos do art.319 e 320 do CPC/2015, por força do art. 769, da CLT, pela informalidade preceituada no art. 840 da CLT sobre a matéria e, em especial, a existência de omissão normativa a cerca do tema na legislação trabalhista. O art. 330 trata de indeferimento da inicial. Questão 5 - B Justificativa: Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes (art. 847, da, CLT). 21 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Introdução Olá, Pessoal! Sejam bem- vindos! Hoje é nossa segunda aula e vamos iniciar o estudo sobre Audiência Trabalhista com uma abordagem ampla acerca da teoria e da prática concernente ao Instituto apresentando, um conceito para a disciplina, assim como seus fundamentos, natureza jurídica e princípios. A seguir, trataremos das partes na Audiência Trabalhista. Objetivo: 1. Conhecer as partes na audiência: comparecimento das partes, arquivamento, revelia, confissão, representação do empregado e do empregador. 22 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Conteúdo Audiência contínua Ainda sobre o Dissídio Individual, você verá nesta aula aspectos gerais e especiais da Audiência, além de informações sobre presença das partes. Audiência Contínua (art. 849 da CLT): A audiência deve ser contínua, mas se não for possível concluir a audiência por motivo de força maior, marca-se para a primeira data possível, independentemente de notificação, pois as partes são intimadas na própria audiência para a data seguinte. Hoje, o fracionamento é realizado em função do grande volume de processos. Presença das partes à audiência Comparecimento obrigatório das partes (art. 843 da CLT): regra geral. A CLT, no entanto, permite a representação das partes: Representação do empregador (art. 843, § 1º, da CLT e Súmula 377 do TST): de acordo com a lei, o empregador pode indicar preposto que tenha conhecimento do fato, mas, se o preposto fizer alguma declaração indevida, a responsabilidade será do empregador. Ou seja, o preposto não pode comparecer à audiência e dizer que não sabe nada. Se não tiver conhecimento dos fatos, isso é uma confissão ficta, presumida dos fatos declarados pela outra parte. O preposto não presta compromisso com o juízo para dizer a verdade. O representante do empregador pode prestar depoimento no seu nome, quer dizer, a representação é ampla. Segundo a súmula doTST, o preposto deve ser empregado da empresa. As partes são qualificadas nos moldes das informações dadas pelo reclamante (em conjunto com os documentos fornecidos e que se referem ao caso, como CTPS, recibo de salário, TRCT, extrato do FGTS e outros). 23 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Em relação à Reclamada: • LITISCONSÓRCIO PASSIVO – grupos de empresas, empreitada, terceirização (Súmula 331 do TST), subempreitada (art. 455 da CLT); • SÓCIOS – fase de conhecimento: exceção (art. 2º da CLT); fase de execução: desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do CC e art. 28 do CDC); • MASSA FALIDA – deve indicar nome e endereço do administrador judicial. Mencionar a razão social da empresa, precedida de MASSA FALIDA DE.... (Lei 11.101/2005 – artigo 75, V, do NCPC); • RECLAMADO FALECIDO – o nome deve preceder de ESPÓLIO DE... Representação do empregado (art. 843, §2º, da CLT e art. 844, § único, da CLT): aquele que representa o empregado não presta depoimento. O mais comum é tentar ter a audiência tirada de pauta antes de iniciá-la. Trata-se de modalidade de representação limitada, destinada, tão somente, a evitar a penalidade resultante da ausência injustificada. Do não comparecimento das partes e suas consequências Conheça as consequências para as partes que não comparecerem em audiências. Reclamante: arquivamento (art. 844 e 732 da CLT e súmula 268 do TST). A natureza do arquivamento é de extinção do processo sem julgamento do mérito. O empregado pode entrar novamente com a reclamação, mas o reclamante será penalizado caso falte a duas reclamações sem justificar- se, só podendo entrar novamente com a reclamação seis meses depois. Reclamado: revelia e confissão quanto à matéria de fato (art. 844 da CLT e Súmula 122 do TST). Parte da doutrina entende que, estando presente o advogado da parte, não se considera o reclamado revel, pois o animus de se defender está presente. O TST não entende assim, conforme a súmula 122. 24 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Art. 861 – É facultado ao empregador fazer-se representar na audiência pelo gerente, ou por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do dissídio, e por cujas declarações será sempre responsável. Súmula nº 377 do TST PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova redação): Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 05.05.2008 – Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Obs.: se foi adiado o prosseguimento e a audiência marcada para nova data, incorre a confissão de qualquer das partes que faltarem – súmulas 9 e 74 do TST. Não é porque houve confissão que será julgado improcedente o pedido. O jus postulandi O jus postulandi – previsão: art. 791 da CLT (facultativo). Pela CLT, no processo trabalhista, a parte detém os jus postulandi para facilitar o acesso ao poder judiciário. Os honorários advocatícios somente são devidos quando o trabalhador recebe salário inferior a duas vezes o salário mínimo e está assessorado pelo órgão sindical. Controvérsia – acerca do art. 133 da CF/88: o advogado é indispensável à administração da justiça, nos limites da lei, ou seja, o texto constitucional admitiu a restrição da regra pelas normas infraconstitucionais. Entretanto, vários autores entendiam que o art. 791 da CLT havia sido revogado. Interpretação do TST – Súmula 425: não se limitou à interpretação literal da CLT. O TST considerou que deveria haver uma atenuação do art. 791 da CLT, porque a parte não consegue realizar alguns atos sozinha. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação 25 AUDIÊNCIA TRABALHISTA rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Observação: honorários advocatícios de sucumbência – súmulas 219 do TST (nova redação dada pela resolução 174 do TST) e 329 do TST: honorários de sucumbência, em regra, não são devidos. As exceções estão na Súmula 219 do TST: se a parte estiver sendo representada por sindicato e for hipossuficiente; em ação rescisória, quando o ente sindical figura como substituto processual; e se as lides não derivarem da relação de emprego. Assistência judiciária: Art. 14 da Lei 5.584/70. Como não há previsão de defensoria, quem presta assistência é o sindicato de classe. Atividade proposta O Banco Alfa S/A não enviou preposto para a audiência designada logo após a distribuição da reclamação, embora estivesse presente o seu advogado, com procuração. Informe o seu entendimento sobre a situação do reclamado, em relação à matéria fática. Referências JUNIOR, José Cairo. Curso de Direito Processual do Trabalho. Bahia: Juspodivm, 2015. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2015. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2015. TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de Direito Processual do Trabalho. Vol. I e II. São Paulo: LTr, 2009. 26 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Exercícios de fixação Questão 1 Em se tratando de dissídio individual, a norma processual trabalhista prevê, como regra, a realização de audiência UNA, ou seja, em um determinado ato processual, será realizada a tentativa de conciliação, a instrução processual e o julgamento. Nesse sentido: a) Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, sendo ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos (se houverem) e, em seguida, será efetuado o interrogatório dos litigantes. b) Caso o reclamante não compareça à audiência inaugural, mesmo presente seu advogado, a sessão deverá necessariamente ser adiada. c) É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, mas cujas declarações não obrigarão o proponente. d) Aberta a audiência, o Juiz proporá a conciliação, sendo que, se não houver acordo, o reclamado poderá apresentar defesa oral no tempo máximo de 10 (dez) minutos. e) Deverão estar presentes o reclamante e o reclamado na audiência de julgamento, independentemente do comparecimento de seus representantes. Questão 2 Considere: I. O reclamante juntou documento com a petição inicial, cuja assinatura foi impugnada pelo reclamado na contestação. II. O reclamado alega ter terminado o contrato de trabalho e o reclamante sustenta a continuidade de sua vigência. III. O reclamante pleiteia horas extras que o reclamado alega não serem devidas em razão do exercício de cargo de direção. Em tais situações, o ônus da prova é do: a) Reclamado. b) Reclamante, reclamado e reclamante, respectivamente. c) Reclamado, reclamante e reclamado, respectivamente. 27 AUDIÊNCIA TRABALHISTA d) Reclamante, reclamado e reclamado, respectivamente. e) Reclamante. Questão 3 Assinale a alternativa INCORRETA. a) Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. b) Na audiência, é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o preponente. c) Na audiência inicial, não havendo acordo, o reclamadoterá vinte minutos para aduzir sua defesa. d) A reclamação trabalhista do menor de 16 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público Estadual ou curador nomeado em juízo. e) No procedimento sumaríssimo, não se fará a citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado. Questão 4 Dina, empregada da empresa X, foi dispensada sem justa causa. Com a rescisão de seu contrato de trabalho, na semana seguinte, ajuizou reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora. Na data da audiência UNA, Dina não compareceu por ter se confundido com o horário marcado e, sendo assim, processo foi arquivado. No dia seguinte, seu advogado ajuizou nova reclamação trabalhista. Neste caso, esta nova reclamação trabalhista. a) Será extinta com resolução do mérito, uma vez que Dina deveria aguardar o prazo de seis meses para ajuizamento de nova reclamação. b) Será extinta sem resolução do mérito, uma vez que Dina deveria aguardar o prazo de seis meses para ajuizamento de nova reclamação. c) Não precisará aguardar nenhum prazo para ajuizar nova ação. 28 AUDIÊNCIA TRABALHISTA d) Será extinta sem resolução do mérito, uma vez que, em razão de entendimento. Sumulado pelo Tribunal Superior do Trabalho, Dina deveria aguardar pelo menos cinco dias para o ajuizamento de nova reclamação. e) Não precisará aguardar nenhum prazo para ajuizar nova ação.terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, sendo ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver, e após será efetuado o interrogatório dos litigantes. Questão 5 Conforme legislação específica, sobre as audiências trabalhistas, o comparecimento das partes e as consequências de suas ausências, é INCORRETO afirmar: a) As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas como regra, sendo que o juiz manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os assistentes que as perturbarem. b) Nas audiências trabalhistas, é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. c) Se por doença ou qualquer outro motivo, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente na audiência, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão ou pelo seu sindicato. d) O não comparecimento do reclamado à primeira audiência designada como UNA, importa em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. e) O não comparecimento do reclamante à primeira audiência designada como UNA, importa na confissão quanto à matéria fática, não ocorrendo o arquivamento da ação. 30 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - E Justificativa: Dispõe o artigo 844 da CLT que o não comparecimento do reclamante à audiência importa em arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. Assim, a jurisprudência do TST estabeleceu em sua Súmula 212 que é revel a empresa que deixa de enviar seu representante ou preposto à audiência, mesmo estando presente seu advogado, devidamente constituído. Dessa forma, não se trata apenas da ausência de defesa, mas pela ausência do representante legal. Pois, a OAB veda a atuação simultânea do advogado, na qualidade de patrono e de preposto da empresa, no mesmo processo (Lei nº 8.906/94, Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, artigo 3º, Código de Ética e Disciplina da OAB, artigo 23). Questão 2 - D Justificativa: O legislador trabalhista estabeleceu, com fulcro no art. 818 da CLT, que “a prova das alegações incumbe à parte que as fizer”, adotando a teoria dinâmica da prova. De acordo com essa teoria, o ônus da prova será estabelecido diante do caso concreto, repassando tal encargo para a parte com condições possíveis de suportá-lo, sob a ótica da celeridade, economia e eficácia. Portanto, na seara trabalhista, a relação não se estabelece entre o ônus da prova e a posição da parte na relação processual, ou com a natureza do fato afirmado, como constitutivo, impeditivo, modificativo ou extintivo, conforme preceitua o art. 333 do CPC. Este diploma legal adotou a teoria estática da prova, ao determinar o plano de quem tem o dever do ônus da prova, afirmando que cabe ao autor a prova do fato constitutivo e, ao réu, a dos fatos impeditivo, modificativo e extintivos do direito do autor, independentemente da análise do caso concreto. 31 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Questão 3 - D Justificativa: Consoante o art. 793 da CLT, a reclamação trabalhista do menor de 16 anos ou pessoa destituída de capacidade será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público Estadual ou curador nomeado em juízo. Questão 4 - C Justificativa: Segundo a CLT, no caso, não haverá necessidade de aguardar prazo para o ajuizamento de uma nova Reclamação trabalhista. Ademais, não se trata de apresentação de contestação, pois esta deve ser apresentada no ato da primeira audiência, e tampouco de perempção, já que não se trata da hipótese dos artigos 731 e 732 da CLT. Questão 5 - E Justificativa: Conforme o art. 844, parágrafo único, da CLT, o não comparecimento do reclamante à audiência importa em arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento, designando nova audiência. 32 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Introdução Olá, Pessoal! Sejam bem-vindos! Hoje é nossa terceira aula e vamos iniciar nossos estudos sobre produção de provas no Processo do Trabalho. Objetivo: 1. Identificar os meios de provas admitidas no Processo do Trabalho. 33 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Conteúdo Provas no Processo do Trabalho O que é prova? É o meio pelo qual as partes buscam fixar a convicção do juízo acerca dos fatos e fundamentos do processo. O que será objeto de prova no Processo do Trabalho? Serão objetos de prova fatos e normas. Fatos e normas Dos fatos: com relação aos fatos, aplica-se o art. 374, NCPC, c/c art. 769, CLT. Em resumo, serão objeto de prova os fatos controvertidos. Das normas: o art. 376, NCPC, é aplicável ao Processo do Trabalho. Somado a isso, deverão ser juntados aos autos as convenções e acordos coletivos e as sentenças “normativas” (art. 872, § único, CLT). Se houver pedido no processo originado de convenções e acordos coletivos, é necessária a juntada desses. Embora o artigo 872, § único, da CLT refira-se, apenas, à sentença normativa, a jurisprudência entende que a regra deve ser aplicada também aos acordos e convenções. Ônus da prova Sobre o ônus da prova no Processo do Trabalho (art. 818, CLT, c/c art. 373, NCPC), a CLT estabelece no art. 818 que, em regra, quem alegou deve provar. Assim sendo, entende a corrente majoritária que o artigo 818 da CLT deve ser aplicado “em conjunto” com a lógica do art. 373 do NCPC. Dessa forma, caberá ao autor provar o fato constitutivo do direito. E, ao réu, cabe a prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito. 34 AUDIÊNCIA TRABALHISTA A doutrina entende que o art. 818 da CLT é insuficiente para oProcesso do Trabalho, pois há situações nas quais ambas as partes fazem alegações. Identificar de quem seria o encargo da produção de prova é impossível. Por sua vez, a corrente minoritária entende que se deve inverter o ônus da prova na esfera trabalhista conforme art. 6º do CDC. Entende essa corrente que o empregador é detentor das provas documentais do contrato, logo tem o ônus de provar. Caso a parte não se desincumba de seu ônus, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos (artigo 373, §1º, do NCPC). Os tribunais têm invertido o ônus da prova na esfera trabalhista em casos específicos. Isso porque, na verdade, a desigualdade entre as partes pode ser atenuada levando-se em consideração o princípio da boa-fé, do devido processo legal e da confiança, aliados a teoria da carga dinâmica do ônus probatório, insculpido nos parágrafos do artigo 373 do NCPC. Tendo em vista que a produção de prova também se relaciona com algumas presunções do direito material, destacam-se as seguintes súmulas acerca do tema: 6, VIII; 212, 16, 43, 74 e 338 - todas do TST). O exposto ocorreria, inclusive, com fundamento no princípio da aptidão para a prova, segundo o qual o encargo de produzir a prova deve ser atribuído a quem tem os meios para fazê-lo, independentemente de se tratar de fato constitutivo, modificativo, impeditivo ou extintivo do direito da parte. A jurisprudência trabalhista vêm mitigando a rigidez das normas acima citadas, passando a admitir a inversão do ônus da prova (súmula 338, TST). Prova do término da relação de emprego: compete ao empregador (súmula 212, TST) – princípio da continuidade da relação de emprego. 35 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Ônus de prova horas extras: é do empregado – excepcionada a hipótese da súmula 338, I, II, III, TST. Ônus da prova atinente à equiparação salarial: é do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial (súmula 6, TST). No que concerne à inversão do ônus da prova, vale mencionarmos a inversão judicial do ônus da prova prevista no artigo 6º, VIII, da Lei 8.078/1990, que autoriza o juiz inverter o ônus da prova em favor do consumidor, com base em sua verossímil alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. Esse critério concedido por lei ao juiz consiste em facilitar o direito do hipossuficiente, uma vez que transfere para a parte contrária o ônus da prova que inicialmente caberia ao autor. Apesar de ainda haver celeumas em torno da questão, de um modo geral, os juslaboralistas consideram compatível o referido dispositivo legal com as regras que regulam o Processo do Trabalho, haja vista a omissão da CLT no trato da matéria. Nesse diapasão, merece destaque a lição de Cândido Rangel Dinamarco1 a respeito da matéria, a saber: “inversão judicial do ônus da prova é a alteração do disposto em regras legais responsáveis pela distribuição deste, por decisão do juiz no momento de proferir a sentença de mérito”. Provas em espécie: Art. 818 - CLT; Art. 819 - CLT; Art. 821 - CLT; 1 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. Volume III. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 79. 36 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Art. 823 - CLT; Art. 824 - CLT; Art. 829 - CLT; Art. 373, I,II - CPC; Art. 447, §§ 4º e 5º - NCPC; Art. 6º - CDC. Meios de provas (todas em direito permitidas): Documental; Depoimento pessoal; Testemunhal; Pericial; Inspeção judicial. Informante: valoração da informação pelo juiz, em relação ao conjunto, com caráter probatório (art. 447, §§ 4º e 5º - NCPC). Princípio da persuasão racional do juiz e fatos Princípio da persuasão racional do juiz: o juiz tem liberdade nas constatações quanto aos elementos da prova. O juiz decide com base nas provas ou apenas pelo seu convencimento. Deve motivar a decisão do juiz, a fim de dar conhecimento às partes e à sociedade das razões as quais o levaram a tomar tal decisão, sob pena de nulidade do ato processual (art. 93, IX, CRFB/88). Fato negativo: no caso de negativa geral, tradicionalmente, não havia necessidade de fazer provar. Atualmente, deve ser provado, pois, na verdade, há um fato positivo inverso. A doutrina aponta para a prova diabólica, que é aquela impossível ou muito difícil de ser demonstrada pela parte, principalmente em relação ao empregado, mormente quando se trata de fato negativo indeterminado. 37 AUDIÊNCIA TRABALHISTA A jurisprudência predominante, por meio da súmula 254 do TST, traz um dos diversos exemplos de fatos que ocorrem no dia a dia das relações de trabalho: a tentativa de entrega da certidão de nascimento de filho por parte do empregado quando o empregador se recusa a recebê-la. Considera-se, pela doutrina, fato negativo indeterminado que dificulta o trabalhador de demonstrar o seu direito em juízo, isto é, o de lograr êxito em seu pleito referente ao pagamento de salário família, pela dificuldade de demonstrar a veracidade de suas alegações (pela sua hipossuficiência de produzir as provas necessárias). Exemplo: se a empresa alega que o empregado não fez horas extras porque cumpriu o horário legal, deve fazer prova de tal alegação. Fatos incontroversos: há estabilidade e equilíbrio da litiscontestação, razão pela qual não precisa ser provado. Depoimento pessoal Depoimento pessoal: previsto nos artigos 848, CLT, c/c art. 820, CLT, o depoimento pessoal é prestado pelas partes em audiência. Alguns autores entendem que ouvir o depoimento das partes é prerrogativa do juiz. Na prática, essa divergência foi ultrapassada, pois tanto o juiz ouve depoimento da parte de ofício quanto a requerimento de qualquer das partes. O depoimento é prestado com a finalidade de tentar extrair a confissão das partes. Confissão É aquela em que a parte declara efetivamente o que está sendo indagado. É a mãe de todas as provas. Prevalecerá pelo que será declarado pelas testemunhas. Pode ser confissão do preposto. Ocorre em razão do silêncio da parte, por não responder ou por não comparecer à audiência. O preposto deve ter conhecimento do fato segundo a 38 AUDIÊNCIA TRABALHISTA CLT, senão não pode ser preposto. Se ele não sabe as respostas para as perguntas que lhe são feitas, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela outra parte (súmula 74, TST). A súmula 74 teve sua redação ampliada para esclarecer os efeitos dessa confissão. Em caso de fracionamento de audiência, se na “audiência de instrução” alguma das partes não aparecer, está caracterizada a confissão ficta. O juiz julgará os pedidos de acordo com o princípio da unidade. Assim, a despeito da confissão ficta, podem existir no processo elementos que indiquem o contrário da confissão feita. Imagine-se, à guisa de exemplo, empregado que peça indenização por doença laboral: a empresa é confessa. Quando o juiz vai julgar, depara-se com laudo demonstrando que a doença era pré-existente. A confissão, assim, deverá ser apreciada em conjunto com a prova pré- constituída. Prova documental Conheça os tipos de prova documental: Noção Corresponde aos registros físicos dos fatos do processo. Pode ser contracheque, cartão de ponto, fotografia, etc. Juntada Art. 787, CLT, c/c 845, CLT: o momento é com a petição inicial. Quanto à documentação do reclamado, a doutrina entende que deve ser juntada com a defesa. Juntada posterior 39 AUDIÊNCIA TRABALHISTAArt. 397, CPC: trata da juntada posterior quando acontecem fatos novos (serve para documentos ou fatos). Na esfera trabalhista, pode ocorrer, por exemplo, para provar o nascimento de um bebê delimitando o período da estabilidade. Forma Art. 830, CLT (alterado em 2009): o documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos. Referências LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 15ª ed. São Paulo: SARAIVA, 2015. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. São Paulo: Atlas, 2015. MOURA, Marcelo. CLT comentada. 3ª ed. 2013. PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de direito individual do trabalho: noções fundamentais de direito do trabalho, sujeitos e institutos do direito individual. 5ª ed. São Paulo: LTR, 2003. 40 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Exercícios de fixação Questão 1 Conforme previsão legal e jurisprudência sumulada do TST, em relação às audiências trabalhistas é correto afirmar: a) A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em audiência, importa arquivamento do processo. b) Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto em audiência deve ser necessariamente empregado do reclamado. c) Não se aplica a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor desde que esteja presente o seu advogado. d) Aberta a audiência, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa oral ou apresentá-la por escrito e, em seguida, o juiz proporá a conciliação. e) Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, devendo o juiz, ex officio, interrogar os litigantes, sob pena de nulidade; sendo que, findo o interrogatório, não poderão os litigantes retirar-se, até o término da instrução com a oitiva de testemunhas. Questão 2 A empresa Deuses do Olimpo Produções S/A foi citada para responder reclamatória trabalhista que tramita pelo procedimento ordinário e comparecer à audiência UNA (conciliação, instrução e julgamento), designada trinta dias após a sua notificação. Entretanto, o representante legal da empresa reclamada, por mero esquecimento, não compareceu à audiência designada. E o reclamante compareceu à audiência sem a presença de seu advogado. O advogado da reclamada, presente em audiência, pretendeu apresentar defesa oral. Nessa situação, com fundamento na lei e em jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o juiz deverá: a) Arquivar a reclamatória diante da ausência de uma das partes e do advogado do reclamante, tendo em vista que esse não pode atuar pessoalmente na Justiça do Trabalho. 41 AUDIÊNCIA TRABALHISTA b) Adiar a audiência para outra data, possibilitando o comparecimento do advogado do reclamante e do representante legal da reclamada. c) Permitir ao patrono da empresa a apresentação de defesa oral e adiar a audiência para que o advogado do reclamante tome ciência da defesa e apresente réplica nos autos. d) Aplicar à revelia e consequente confissão quanto à matéria de fato à reclamada ausente, não permitindo que seu advogado apresente defesa oral, diante do motivo da ausência não ser relevante e prosseguir com o processo sem adiar a audiência. e) Autorizar que o patrono da reclamada apresente defesa por escrito, em 15 dias, diretamente no protocolo da Secretaria da Vara e adiar a audiência para nova data. Questão 3 No que tange aos dissídios individuais, assinale a opção correta. a) A notificação é realizada em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, deverá ser realizada notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da junta ou juízo. b) Na audiência de julgamento, deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, necessariamente acompanhados de seus advogados. Nos casos de reclamatórias plúrimas ou ações de cumprimento, os empregados podem ser representados pelo sindicato de sua categoria. c) A reclamação trabalhista pode ser ajuizada apenas pelo empregado. d) A reclamação trabalhista não pode ser apresentada por intermédio das procuradorias da justiça do trabalho. e) A notificação será sempre realizada por meio de mandado. Questão 4 Conforme a jurisprudência pacífica do TST sobre ônus da prova, é CORRETO afirmar: a) O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negado o 42 AUDIÊNCIA TRABALHISTA despedimento, é do empregado. b) A não apresentação injustificada dos controles de frequência pelo empregador que tem mais de dez empregados gera presunção absoluta de veracidade da jornada alegada na inicial. c) A presunção de veracidade da jornada de trabalho, salvo se prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. d) Os controles de jornada com horários invariáveis são imprestáveis como meio de prova, devendo, porém, o empregado alegar a nulidade dos mesmos, sob pena de serem os mesmos considerados válidos. e) A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. Aula 3 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: Conforme artigo 843,§ 1º, CLT, e súmula nº 377, TST, exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Questão 2 - D Justificativa: O artigo 844 da CLT preceitua que o não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. E, o art. 319, CPC, dispõe que se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Assim, a jurisprudência do TST estabeleceu em sua súmula 212 que é revel a empresa que deixa de enviar seu representante ou preposto à audiência, mesmo estando presente seu advogado devidamente constituído. Dessa forma, não se trata apenas da ausência de defesa, mas pela ausência do representante legal. Pois, a OAB veda a atuação simultânea do advogado, na qualidade de patrono e de preposto da empresa, no mesmo processo (Lei nº 8.906/1994, Regulamento 43 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB; artigo 3º, Código de Ética e Disciplina da OAB, artigo 23). Questão 3 - A Justificativa: O artigo 841, §1º, CLT, regulamenta a citação inicial no Processo do Trabalho, que é nomeada de notificação citatória, pois com a notificação do reclamado que se constitui a relação jurídica processual. Como regra, é feita em registro postal, por meio do Correio, visando o legislador trabalhista a celeridade e a economia processual. A súmula 16 do TST estabelece que se presume recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário. A notificação é realizada pelo Diretor de Secretaria, sem prévio despacho do juiz (art. 841 da CLT). A modalidade de notificação citatóriapor meio de edital, está prevista no art. 256 do CPC/2015 c\c art. 769, CLT, sendo indevida a sua aplicação no procedimento sumaríssimo (art. 852-B, II, da CLT). Questão 4 - E Justificativa: A questão tem como fundamento a súmula 338, item I, do TST, a qual determina ser ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. 44 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Introdução Olá, Pessoal! Sejam bem-vindos! Hoje é nossa quarta aula e vamos iniciar nossos estudos de prova testemunhal e pericial. Objetivo: 1. Apresentar as noções de prova testemunhal, a condição para ser testemunha bem como a substituição de testemunha no processo do Trabalho. Além, do estudo da prova técnica pericial, a sua colocação na instrução, os prazos legais e a aplicação subsidiária do CPC sobre a matéria no Processo do Trabalho. 45 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Conteúdo Prova testemunhal A prova testemunhal é a mais importante e a mais utilizada no Processo do Trabalho, até por força do princípio da primazia da realidade. Contudo, a doutrina afirma se tratar de meio de prova mais inseguro, tendo em vista a subjetividade dos relatos das testemunhas, cabendo ao juiz à valoração e autenticidade dos depoimentos, os quais constituem elementos para a formação de sua convicção, nos moldes do art. 371 do NCPC. Quem é a testemunha e quem não pode ser testemunha Quem é a testemunha? Será o terceiro neutro que presenciou o fato. Testemunha presta compromisso, e responde por falso testemunho (artigos 378 c/c 405 do NCPC e artigo 342 do CP), as partes não. Porém, essas tem o dever de participar do processo com ética e princípios morais (artigo 77 do NCPC). Quem não pode ser testemunha? Parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes - art. 829, CLT, e 447 §§ 1º e 2º, CPC, c/c art. 1591 a 1595, CCB. Os incapazes, impedidos ou suspeitos não prestarão compromisso, serão considerados informantes (art. 228, CCB). A testemunha serve para auxiliar o poder judiciário, portanto, presta um serviço fundamental ao Estado-Juiz na busca da verdade real. Empregado que tem em curso processo contra a empresa: não torna suspeita a testemunha (súmula 357 do TST). Os juízes não admitem, considerada a prática como troca de favores, se A prestar depoimento para B e B prestar depoimento para A. Para configurar ainda mais a suspeição, a jurisprudência aponta para a hipótese da existência de processo no qual testemunha e reclamante sejam patrocinadas por um único advogado. 46 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Número de testemunhas Sobre o número de testemunhas, no art. 821, CLT menciona-se: no rito ordinário, cada parte não pode indicar mais de três testemunhas ou, no caso de inquérito para justa causa, máximo de seis. E no art. 852-H, CLT, tem-se o seguinte: no rito sumaríssimo, a lei prevê duas testemunhas para cada parte. Em relação aos litisconsortes, pelo princípio da razoabilidade, é possível haver uma mitigação do número de testemunhas, quando os interesses forem conflituosos. Ademais, o magistrado é o destinatário da prova, e pelo princípio inquisitivo poderá determinar a intimação de pessoas mencionadas no momento da instrução pelas partes ou pelas testemunhas, cuja oitiva seja essencial para o deslinde da controversa, na qualidade de “testemunhas do Juízo”, conforme art. 461, I, do NCPC c/c art. 769, CLT. De acordo com a ausência legal (art. 822, CLT): aquele que comparece para depor não pode sofrer qualquer desconto no salário pelo período que está à disposição. Na ressalva que a vara fornece há o horário da audiência. Procedimento independente de notificação: art. 825, caput e parágrafo único, CLT, e art. 852-H, § 3º e 4º, CLT (rito sumaríssimo). Não é necessária notificação ou intimação para comparecimento da testemunha à audiência. Mas, se a testemunha não comparecer espontaneamente, quando convidada pela parte interessada, será intimada de ofício pelo juiz ou a requerimento da parte, mas essa terá que provar que a convidou, sob o risco de perda da prova. Contudo, reiterada a ausência da testemunha, essa poderá ser conduzida coercitivamente e sujeita ao pagamento de multa (art. 730, CLT). 47 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Os dispositivos acima são normas restritivas de direito, assim, em relação ao rito ordinário ou sumário, há julgados afastando essa comprovação, sendo aceitável apenas a simples afirmação, em Juízo, de tal providência pela parte. Mas, pelo princípio da celeridade, alguns magistrados exigem tal prova, antes da intimação da testemunha, sob pena de preclusão da produção da prova. Peculiaridades: no Processo do Trabalho cabe a substituição de testemunhas, mesmo que arroladas previamente, sem as formalidades do artigo 451 do NCPC: trata-se da substituição de testemunhas após o término do prazo de cinco dias para apresentação do rol. Pois, no Processo do Trabalho não há obrigatoriedade de apresentação do rol (arts. 825 e 845, CLT). Ata de audiência No que diz respeito à ata de audiência, no procedimento sumaríssimo os depoimentos das testemunhas serão registrados resumidamente (art. 852-F, CLT). Já no procedimento ordinário serão resumidos pelo juiz e deduzidos a termo (art. 828, CLT). E no sumário é dispensado o resumo dos depoimentos, constando apenas a conclusão do juiz quanto a matéria de fato (art. 2º, § 3º, Lei 5.584/1970). O depoimento de uma testemunha não pode ser ouvido pelas demais que irão depor no processo (art. 824, CLT). Assim, como não consta uma exigência na CLT de observância da ordem de depoimento, aplica-se subsidiariamente o art. 456 do NCPC c/c art. 769 da CLT. Art. 456. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente, primeiro as do autor e depois as do réu, e providenciará para que uma não ouça o depoimento das outras. Compromisso Antes de a testemunha prestar depoimento, deve ser qualificada, por meio de seus documentos pessoais, e, tão logo, prestar o compromisso legal de dizer a 48 AUDIÊNCIA TRABALHISTA verdade sobre o que lhe for perguntado. Caso não observe tais preceitos, poderá, incorrendo em falso testemunho, ficar submetida ao comando das leis (art. 828, CLT, e art. 457, § 1º, NCPC). Contradita: instrumento utilizado pela parte para impugnar o depoimento da testemunha. Cria incidente no processo, pois a parte que apresentou a impugnação terá a oportunidade de produzir prova; e poderá a testemunha, antes de sua oitiva: Reconhecer a contradita e ser ouvida apenas como depoente ou substituída por decisão do juiz; Negar a contradita e haverá a oportunidade de provar a contradita. Prova pericial e laudo pericial A prova pericial será realizada sempre que houver necessidade de um conhecimento técnico ou científico no processo. O Juiz será assistido pelo perito (art. 156, NCPC). Consiste a prova pericial em exames, avaliação ou vistoria, cujo laudo com as considerações do expert serão submetidos ao juiz para análise dos fatos. Em regra, é produzida antes da prova testemunhal – art. 848, § 2º, CLT. Sobre o laudo pericial o magistrado não está adstrito aos limites conclusivos contido no laudo, pois poderá fazer uso de outros meios de provas admissíveis em direito, para formar o seu convencimento
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