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Didática / Aula 4: Correntes pedagógicas progressistas

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08/09/2020 Estácio
estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4844263C264ABAF19BC7C43506325E665AFB93885296A7EE2627EA668E1825… 1/17
Disciplina: Didática
Aula 4: Correntes pedagógicas progressistas
Apresentação
Nesta aula, apresentaremos as tendências pedagógicas progressistas que se dividem em libertadora, libertária e crítico social dos
conteúdos, sendo importante compreender porque esses três modelos foram agrupados dentro da perspectiva progressistas de ensino.
Além disso, destacaremos para cada uma dessas tendências, a função da escola, como a escola se organiza, o papel do professor e do
aluno, a relação aluno-professor, os pressupostos da aprendizagem, os objetivos educacionais, a metodologia e a avaliação escolar.
Bons estudos!
Objetivos
Diferenciar as tendências pedagógicas progressistas de ensino;
Identificar os pontos comuns entre as tendências progressistas de ensino, se apropriando criticamente acerca dos modelos
teóricos;
Reconhecer o sentido da didática nos diversos contextos sócio-históricos;
Analisar porque as tendências progressistas de ensino contribuem para a transformação da sociedade;
Reconhecer que a docência é um ato político e está articulada ao modelo de sociedade que se deseja contribuir para
construir.
08/09/2020 Estácio
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Professores progressistas e tradicionais
O fato do professor se considerar progressista, crítico, não significa que não possa adotar uma prática mais tradicional, mas,
apesar disso, você sabe qual é a diferença entre esses dois tipos de professores?
Vejamos:
 Diferenças entre professores. (Fonte: Africa Studio / Shutterstock)
Professor pesquisador
O professor pesquisador aprendeu a ser autor do que faz, não reproduzindo modelos pedagógicos, não replicando
conhecimentos, de modo que, ao adotar uma prática mais tradicional, ele terá consciência sobre o que está fazendo, conseguirá
se responder sobre o sentido de sua prática e, em caso de ser questionado, argumentará com fundamento.
Professor reprodutor
Eis, aí, a diferença entre o professor pesquisador, crítico, transformador em relação ao professor reprodutor que, se for
perguntado sobre sua prática, sobre o porquê de trabalhar um determinado assunto, responderá que o motivo é porque está no
livro, no programa, na ementa, no planejamento determinado pela escola .Esse professor reprodutor, diferente do crítico, não
interiorizou o conceito de pesquisador, de sujeito autônomo.
Professor Reprodutor
Trata-se do professor fazer a escuta trabalhada, partir do óbvio, da realidade do educando e devolver de forma sistematizada,
científica, sob risco de submetê-lo à condição de opressão (velada ou não) ao sonegar a ciência a ele. Essa não deve ser a
proposta quando se compreende a educação como instrumento de libertação, de transformação de realidades sociais.
Nesse sentido, cabe ao professor indissociar escola e sociedade, ensino e pesquisa, tendo como objeto de estudos a sua própria
prática, o cotidiano escolar.
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 Professor reprodutor. (Fonte: dotshock / Shutterstock)

A opção pela metodologia da contradição é justificável, uma vez que não é possível prever
teoricamente todos os casos e situações didáticas no desenrolar do processo educativo. Para
que exista unidade entre escola e vida, entre instrução e educação, entre saber cotidiano e
saber elaborado, é preciso que o educador e o educando tenham uma postura consciente e
crítica dos contrastes sociais refletidos no processo de ensinoaprendizagem.
Rays, 2011, p. 104.
 O professor pesquisador. (Fonte: Africa Studio / Shutterstock)
Professor Pesquisador
Eis, aí, o papel do professor pesquisador, crítico, transformador, que é aquele que se inquieta diante do desconhecido, do
concreto ainda não pensado teoricamente e que investiga, que busca respostas para sua prática, que exercita a práxis (ação-
reflexão-ação).
A práxis tem um caráter intencional e não se refere a qualquer prática, mas uma prática pensada, fundamentada. Na práxis:
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
Está contida a teoria por se tratar de uma prática de um ser consciente — o que equivale a
dizer que se trata de uma prática dirigida por finalidades que são produtos da consciência;
finalidades estas que para se efetivarem exigem um mínimo de conhecimento.
Ribeiro, 1991, p. 30.
O professor crítico, progressista não fica aprisionado ao “mito do porto seguro”, nem a uma única resposta sobre um
determinado fato, fenômeno estudado. Ele indaga mais e responde menos, instiga o pensamento crítico do aluno, provoca a
reflexão, a dúvida, administra os conflitos e não os evita; aponta as contradições sociais, adota o método da contradição entre
o que se discursa academicamente e o que se vive, de fato; a metodologia contextualizada que:

[...] nasce e renasce da situação didática em desenvolvimento, de uma situação didática
específica que envolva (em termos de proximidade) a totalidade das contradições, da
problematicidade do mundo educacional e do mundo social [...] a contradição é, sem dúvida, o
elemento gerador que leva a ação didática a proporcionar a assimilação crítica e criativa do
conhecimento e à elaboração de conhecimentos em situações didáticas específicas e às
manifestações [...] a elaboração do conhecimento é relevante para toda e qualquer situação
didática, uma vez que está diretamente ligada a sua própria possibilidade dialética de
promover mudanças na realidade que gerou a situação de contradição e sua subsequente
superação, em face do aparecimento de novos fenômenos de natureza instrucional,
educacional, política, social, cultural e econômica.
Rays, 2011, p.100-103.
Prática Pedagógica
A prática pedagógica pressupõe uma relação teórico-prática, pois a teoria e a prática encontram-se em indissolúvel unidade, e
só por um processo de abstração podemos separá-las. Em outras palavras, separadas quando o professor disserta um
conhecimento como verdade absoluta, não incluindo o aluno no processo de aprendizagem, determinando de fora para dentro,
sem endereço, sem contexto.
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Como atividade humana, a prática pedagógica pode se constituir em atividade de prática, em uma visão utilitarista, imediatista,
ativista, espontaneísta e pragmatista, com um fim em si mesmo, tomando como referência exclusivamente a própria prática ou
em uma práxis guiada por intenções conscientes. De um lado, temos uma prática pedagógica repetitiva que o professor
reproduz ano após ano e não se questiona e, de outro lado, temos a prática reflexiva.
Prática pedagógica repetitiva
A unidade teoria e prática é rompida, a fragmentação do conhecimento encontra espaço para efetivar-se, havendo
dificuldades para a introdução do novo. Nesse terreno, a prática do professor vai se efetivando na estagnação, na
continuidade de uma mesma ação, mecanizada, burocratizada, formal, o que poderá leva-lo à alienação do seu trabalho e
de seus pares, parceiros de aprendizagem, correndo-se o risco de não se reconhecerem no que realizam.
Prática reflexiva
É aquela enunciada por Paulo Freire (1975, p. 9): “Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si
mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.
Tendências progressistas
A prática pedagógica reflexiva tem como pontos de partida e chegada a prática social, tendo como preocupação produzir
mudanças qualitativas e, para isso, procura-se munir-se de um conhecimento crítico e aprofundado da realidade. Caracteriza-se
como fonte e geradora de novos conhecimentos. Dentro dessa perspectiva, expomosa seguir as três tendências progressistas:
Libertadora
Década de 1960
Libertária
Década de 1980
Crítico social dos conteúdos
Trataremos de cada uma delas a seguir...
Libertadora: Década de 1960
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Esse modelo de Pedagogia tem Paulo Freire (1921-1997) como referência, considerado um dos maiores educadores brasileiros
do século XX.
Para esse pensador, a educação deve ser instrumento de libertação do estado de opressão. Ele defende uma prática educativa
transformadora, fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando.
Nas condições de verdadeira aprendizagem, os alunos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente, sujeito do processo.
 Foto de Paulo Freire. (Fonte: Counter Currents
<https://countercurrents.org/2017/04/26/securing-sweetness-for-
sugarcane-souls-a-tribute-to-paulo-freire/> )

Atenção
Nessa linha de pensamento, o professor deve incentivar a curiosidade, a liberdade de expressão, a criatividade,
o pensamento crítico através da pesquisa; viver e aprender com o diferente, criar possibilidades e saber
escutar;
Nesse modelo, o professor deve dialogar sobre a negação do próprio diálogo. Ensinar exige a convicção de que
a mudança é possível. A prática pedagógica deve ser problematizadora e dialógica; levar o sujeito à reflexão
sobre o mundo, a reconstrução crítica do mundo. É um ato de criação que se estabelece entre aluno e
professor. O diálogo deve ser autêntico.
 Educação libertária. (Fonte: Odua Images / Shutterstock)
Paulo Freire é adepto do método da conscientização, da humanização, da politização. Acredita que a educação é uma prática
libertadora.
https://countercurrents.org/2017/04/26/securing-sweetness-for-sugarcane-souls-a-tribute-to-paulo-freire/
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Através da educação, o homem pode criar sua possibilidade de ser livre, de romper com o estabelecido, com a ordem atual.
Sem um trabalho pedagógico libertador, sem o reconhecimento do outro, encontramos homens oprimidos na luta para serem
opressores e não para reverter uma situação histórica, de dominados e dominantes.

Comentário
O autor cita, em sua obra literária, o exemplo da Reforma Agrária onde os camponeses que se tornam capatazes passam a
ser mais duros que seus antigos opressores. Isso significa dizer que a situação concreta vigente de opressão não foi
transformada. O oprimido passa a ser assim porque tem introjetado nele o opressor.
Um homem novo deve se libertar desse ciclo vicioso de opressor e oprimido. O oprimido acomodado, adaptado,
conformado teme a liberdade, enquanto não se sente capaz de correr o risco de assumi-la. O homem novo, para Paulo
Freire, é aquele que consegue, através da incessante busca, transformar uma realidade social, é aquele que se liberta em
comunhão, nutrindo-se do amor à vida e não à morte (violência).
Importante ressaltar que a opressão não ocorre apenas no contexto escolar, na relação aluno-
professor e sim em todos os setores da sociedade, tais como saúde, transporte, segurança, ou
seja, em diversas situações do nosso cotidiano. A educação libertadora teria como função formar
cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, despertando nos alunos o desejo de intervenção
social a partir das inquietações que fazem com que saíamos do lugar, da zona de conforto.
01
Sobre a pedagogia libertadora de Paulo Freire, importante salientar que não se trata, apenas, de ficarmos no senso comum, no
saber popular, mas, articulá-lo ao saber científico, partindo de temas geradores e fazendo a “ponte” entre escola e sociedade;
02
“Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (p. 25). Sua proposta de ensino volta-se para a
necessidade de estabelecer intimidade entre os saberes curriculares (conhecimento científico / propedêuticos) e os saberes dos
alunos (conhecimento espontâneo);
03
Para Freire, a história é um tempo de possibilidades, portanto, não deve ser compreendida como determinada e acabada.
Alunos e professores são sujeitos ativos que fazem história e não simplesmente passam por ela.
Exemplo de prática respaldada na pedagogia libertadora
Imaginemos a seguinte situação...
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Situação do cotidiano escolar...
Os alunos estão estudando sobre alimentação, sobre a importância das frutas para o funcionamento do organismo, quando
ocorre uma pergunta:— “Professora, o que acontece se você comer manga e depois tomar leite?”— “Minha mãe dizia que
comer manga e depois tomar leite fazia mal. Ela até conheceu um rapaz que morreu por isso. Pode até ser que não faça
mal, mas eu não arrisco”.
Saber científico...
— “Mas o médico não fala que faz mal misturar leite com manga. Ele fala que depende do organismo de cada um. Então,
como a gente fica? Essa ideia vem do tempo da escravidão. Para os escravos não comerem muito, os donos das fazendas
falavam que comer manga com leite fazia mal. Eles colocavam medo nos escravos e isso chegou até nós” (professor).

Atenção
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Como se vê, a partir do diálogo entre aluno e professor, a finalidade é partir do óbvio, segundo Freire e devolver de forma
científica, desvelando-se os fatos, desocultando realidades.
Libertária: Década de 1980
O modelo da pedagogia libertária não se afasta muito do modelo libertador. Não é à toa que foi classificado também como
progressista, na medida em que seus representantes criticam todas as formas de autoritarismo, impessoalidade, formalidade e
distanciamento.
Na tendência libertária, há um sentido expressamente político, à medida que se afirma o indivíduo como produto do social e
que o desenvolvimento individual somente se realiza no coletivo.
Essa corrente foi pensada com a intenção de incentivar a participação grupal em assembleias, conselhos, eleições, reuniões,
associações, grêmios, DCE, DA(s), de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições externas, levará para a escola
tudo o que aprendeu.
A ideia básica da pedagogia libertária é introduzir modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida,
vão contaminando todo o sistema.
Quanto aos conteúdos de ensino, eles estariam presentes a partir das disciplinas, mas, não seriam exigidos. Importante é o
conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica
(LIBÂNEO, 1987).
 Grupo de estudantes em grêmio. (Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock)
Célestin Freinet (1896-1966)
Entre 1921 e 1924, Célestin Freinet pensou em práticas pedagógicas que pudessem originar atividades de aula voltadas para os
interesses dos alunos. A Pedagogia de Freinet influencia, até os dias de hoje, diversas escolas no mundo, incluindo as
brasileiras.
As suas ideias são marcadas por alguns pressupostos básicos, dentre os quais:
01
O desenvolvimento do senso de responsabilidade dos alunos;
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02
O desenvolvimento do respeito e da cooperação entre alunos, professores e funcionários e;
03
A preocupação com a socialização do grupo e o desenvolvimento do julgamento, da autonomia pessoal, da expressão livre de
ideias, da criatividade, da comunicação, da reflexão crítica e da afetividade entre todos que convivem no ambiente escolar.
A pedagogia proposta por Freinet, diz que:
1
As notas e as classificações atribuídas aos alunos se constituem como um errono sistema de ensino.
2
Os professores devem falar o menos possível; possibilitando mais a fala dos alunos.
3
A ordem e a disciplina são necessárias, mas não devem ser impostas, mas sim, discutidas e votadas democraticamente pelo
grupo.
4
A vida escolar supõe cooperação e gestão e a democracia não é um conceito que se aprende, mas sim, que se vivencia na
escola.
Para Freinet o regime autoritário (tanto nas escolas, como na vida) não é capaz de formar
cidadãos democratas. Assim, uma das primeiras condições para a renovação das escolas deveria
estar relacionada ao respeito às crianças que, por sua vez, deveriam respeitar os professores e os
funcionários.
A seguir, encontram-se os principais aspectos metodológicos da pedagogia criada por Freinet:
Aula Passeio
Seu objetivo principal era motivar os alunos para a construção de novos conhecimentos em um ambiente não escolar.
Texto livre e correção
Partiam da livre expressão, podendo ser realizada através de desenhos, poemas, textos ou pinturas. Os alunos
estabeleciam a forma, o tema e o tempo para sua realização. Porém, caso um aluno desejasse publicar seu texto no jornal
escolar, ele deveria passar pela correção coletiva e pela autocorreção, pois para Freinet o "erro" deveria ser trabalhado
com e pelo os alunos.
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Imprensa escolar
Partiam de entrevistas, pesquisas, vivências e aulas passeio. Freinet utilizou o tipógrafo para o processo de impressão do
jornal escolar em construção coletiva.
Livro da vida
Funcionava como um diário de classe, onde se registrava, livremente, os diferentes modos de compreender a aula e a
vida.
Fichário de Consulta
Freinet criticava duramente os livros didáticos por estarem desvinculados da realidade dos alunos. Ele propôs a elaboração
de exercícios e apostilas construídos pelos professores, em parceria com os alunos, destinados à aquisição dos
mecanismos de Cálculo, Ortografia, Gramática, História e outros conteúdos das diversas áreas do conhecimento.
Plano de trabalho
O currículo escolar é seu ponto de partida, os alunos deveriam escolher as estratégias das atividades que poderiam ser
realizadas em grupos, duplas ou individualmente. E, para o registro do plano de trabalho, deveriam ser elaboradas fichas
com as atividades semanais.
Correspondência interescolar
Atividade que permitia a correspondência entre os alunos da própria escola e entre alunos de escolas diferentes.
Autoavaliação
Os alunos registravam os resultados dos trabalhos em fichas, permitindo o acompanhamento dos seus progressos e de
suas dificuldades. Para Freinet, a avaliação deveria ser um processo contínuo entre professores e alunos na perspectiva da
aprendizagem e não da punição.
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 Autonomia no estudo. (Fonte: ESB Professional / Shutterstock)
Maurice Tragtenberg (1929-1998)
Através de uma crítica incisiva ao modelo pedagógico burocrático, Tragtenberg chega à teoria da pedagogia libertária, que se
expressa pelo questionamento de toda e qualquer relação de poder estabelecida no processo educativo e das estruturas que
proporcionam as condições para que essas relações se reproduzam no cotidiano das instituições escolares.
Em sua visão, a própria prática de ensino pedagógica-burocrática permite a dominação na medida em que reduz o aluno ao
papel de mero receptáculo de conhecimento e fixa uma hierarquia rígida e burocrática na qual o principal interessado encontra-
se em uma posição submissa. E nessa ordem o professor é o ‘símbolo vivo’ da dominação.
Em resposta a tudo isso, a pedagogia libertária propõe uma série de mudanças nas instituições de ensino, fundadas na:
Autogestão da educação pelos diretamente envolvidos no processo educacional e a ‘devolução do processo de
aprendizagem às comunidades onde o indivíduo se desenvolve (bairro, local de trabalho)’;
Autonomia do indivíduo, solidariedade, crítica permanente de todas as formas educativas que estimulam ou
fundamentem-se na competição e incentivo a liberdade de organização para os trabalhos da educação.
Miguel Arroyo
Formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é doutor em Educação pela Stanford University
na Califórnia, além de ser professor titular emérito da Faculdade de Educação da UFMG. Para esse estudioso, a educação não se
limita apenas a aprender as coisas, mas, sobretudo, a aprender a conhecer a si mesmo.
Diante dessa perspectiva, a escola deve garantir o direito à humanidade de jovens e crianças. Para que essa ação seja
efetivada, faz-se necessária uma participação ativa do gestor, por sua vez, discutindo os direitos dos estudantes em sala de
aula. Para o educador, a escola é um espaço de aprendizagem e liberdade de atuação dos estudantes.
Por isso, o professor deve respeitar o pensamento e a opinião dos alunos com relação aos conteúdos didáticos, assim como,
ajudá-los a desenvolverem a consciência crítica.
 Consciência crítica. (Fonte: Africa Studio / Shutterstock)
Exemplo de prática respaldada no modelo pedagógico libertário
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A modalidade de ensino a distância também pode ser um exemplo de prática libertária, pois o aluno é gestor do seu próprio
conhecimento, escolhendo o seu próprio caminho.
 Educação online. (Fonte: Vasin Lee / Shutterstock)
Os conteúdos estão dispostos:
Aulas teletransmitidas;
Conteúdos onlines;
Textos;
Vídeos;
Fóruns;
Gabarito comentado;
Dúvidas comentadas;
Livro proprietário;
Avaliando aprendizado;
Etc.
Os alunos da graduação acessam o que for de mais interesse; rompendo com a linearidade do processo.
Crítico social dos conteúdos
Na tendência crítico-social dos conteúdos (Saviani, Snyders, Makarenko, Libâneo, Luckesi), a ideia é difundir os conteúdos
escolares concretos, porém, indissociáveis da realidade social do aluno.
O conteúdo teórico deverá ser vinculado à prática, para que o aluno veja sentido no que está aprendendo, podendo lhe ser útil
em sua prática imediata/social, útil em sua vida; e a partir daí, introduzir a possibilidade de uma reavaliação crítica frente aos
conteúdos sistematizados e aprendidos. Significa ligar o conteúdo à experiência concreta do aluno.
 Educação na prática. (Fonte: goodluz / Shutterstock)
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Sugestão de aplicação dessa abordagem: iniciar a aula tratando de uma temática de ensino e
articular a prática.
Exemplo de prática respaldada no modelo pedagógico crítico social dos
conteúdos
Ao apresentar o assunto sobre avaliação escolar para uma turma de licenciandos, o professor solicita aos alunos do curso de
formação docente que relatem situações vivenciadas em anos anteriores de escolaridade sobre provas, exames, avaliações
sofridas/ocorridas.
A ideia é confrontar a experiência com a explicação teórica do professor sobre o assunto avaliação, neste caso. Isso significa ir
da ação, do particular, da prática, à compreensão geral, teórica; e da compreensão geral, teórica à ação (do particular para o
geral e do geral para o particular), unificando teoria e prática.
Vejamos uma cena do filme Escritores da Liberdade que se relaciona com o conteúdo que estamos estudando:

Ficha técnica FREEDOM Writers = ESCRITORES da liberdade. Direção: Richard LaGravenese. Intérpretes: Hilary Swank; Scott Glenn; Imelda Stauton;
Patrick Dempsey. Alemanha / EUA: UIP, 2007. 122 min., son., color.
https://www.youtube.com/embed/ZgaHSAD6Z1A
Percebeu como o professor é o mediador entre o conhecimento científico e espontâneo?
Professor e aluno colaboram para fazer progredir essas trocas. O professor intervém para queo aluno acredite nas suas
possibilidades de ir mais distante. Assim, o professor está formando a consciência crítica face às realidades sociais, sendo aluno
e professor, agentes ativos da transformação da sociedade e de si próprio.
Os conteúdos escolares — fundamentais para as transformações das condições de vida das classes desfavorecidas — devem ser
desenvolvidos pelos professores de forma responsável e comprometida. Não se trata de sonegar o conhecimento científico por
acreditar que o aluno não seja capaz de compreendê-lo. Para a formação do pensamento elaborado e complexo a ação docente
deve seguir os seguintes passos:
1
Criar situações motivadoras que instiguem o pensamento crítico.
2
Colocar os assuntos desenvolvidos de forma clara e objetiva.
3
Relacionar os conhecimentos produzidos no decorrer das aulas aos saberes dos alunos, propondo um roteiro de trabalho que
contenha desafios significativos.
4
Desenvolver operacionalmente atividades, como: pesquisas, estudos individuais e em grupos, seminários e exercícios.
5
Integrar os movimentos de análise, síntese, generalização e consolidação dos conceitos desenvolvidos em aula.
08/09/2020 Estácio
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Por fim, é preciso ressaltar que a teoria crítica social dos conteúdos deve partir da avaliação das circunstâncias histórico e
sociais dos alunos, que determinam o desenvolvimento e a aquisição de novos conhecimentos e práticas pedagógicas, tendo em
vista os objetivos de ensino que motivem as verdadeiras mudanças sociais.

A valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se
presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a
seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir
dentro dela e também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma
pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da
pedagogia dos conteúdos é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas, a
partir das condições existentes.
Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a todos um bom
ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida
dos alunos.
Libâneo (1987, p. 39)
Sistematizando informações sobre os modelos
pedagógicos estudados
Libertador Libertário Crítico social dos conteúdos
Papel da escola
Conscientização acerca
da realidade,
transformação da
sociedade.
Exercer uma
transformação da
personalidade dos
alunos em um sentido
libertário e
autogestionário.
Difundir os conteúdos concretos,
indissociáveis das realidades sociais.
Valorização da apropriação do saber
científico, articulado ao saber da prática,
servindo aos interesses populares, visando
à transformação social.
Organização da escola
Autoridade competente
e democrática.
Democrática,
participativa, de
qualidade, Igualitária,
plural.
Democrática, participativa, de qualidade,
Igualitária, plural.
Professor
É o transmissor dos
conteúdos aos alunos.
Autoridade
democrática.
Autoridade democrática. Aluno: Livres,
autodisciplinados.
Aluno
Sujeito protagonista da Livres, Livres, autodisciplinados.
08/09/2020 Estácio
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história. autodisciplinados.
Relação aluno-professor
Igualitária, não
paternalista.
Baseada no respeito
mútuo, visando
objetivos comuns.
Relação democrática.
Pressupostos de
aprendizagem
Educação como
transformação Social.
Aprendizagem
informal, via grupo
(ex.: diretórios
acadêmicos, sindicatos
etc.)
Aprender é desenvolver a capacidade de
processar informações, organizando os
dados disponíveis das vivências. O ensino
consiste na preparação do aluno para o
mundo adulto e suas contradições,
fornecendo-lhe um instrumental para a
participação ativa e organizada na
sociedade.
Objetivos educacionais
Definidos a partir da
realidade concreta, do
contexto histórico-
social no qual se
encontram os sujeitos;
visão crítica de mundo;
libertação da opressão.
Autogestão, construção
de uma nova ordem
social.
Construção de uma nova ordem social a
partir do conhecimento científico.
Conteúdos
escolares/programáticos
Temas geradores
extraídos da
problematização da
prática de vida dos
alunos.
A matéria está
disponível, mas não é
exigida.
Culturais e universais, que se constituíram
em domínios do conhecimento incorporados
pela humanidade, mas, permanentemente
reavaliados face às realidades sociais.
Método
Da conscientização, da
polemização, da
problematização, grupo
de discussão, da
confrontação, dialógica,
dialética. Teoria e
prática. Temas
geradores.
Vivência grupal,
tomada de decisões,
votações.
Privilegia a aquisição de um saber,
vinculado à compreensão da realidade.
Articulação teoria e prática. Escola e
sociedade. Conteúdo e forma.
Avaliação
Visa à superação do
estágio do senso
comum
(“desorganização” do
conteúdo) para a
consciência crítica.
Participação.
Assistemática.
Reflexivas, contextualizadas.
Atividade
Afim de fixarmos o que aprendemos até aqui, vamos fazer uma atividade? A desta aula será uma produção de texto! Você
deverá produzir um texto de 10 linhas, cujo título é: “O processo ensino aprendizagem na perspectiva crítica da educação”.
Vamos lá?
08/09/2020 Estácio
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Referências
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Cortez e Moraes, 1975.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública. A pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola,
2004.
QUEIROZ, Cecília; MOITA, Filomena. Fundamentos sociofilosóficos da educação: as tendências pedagógicas e seus
pressupostos. Campina Grande: UEPB, Natal: UFRN, 2007.
RAYS, Oswaldo Alonso. Metodologia do ensino: cultura do caminho contextualizado. In: VEIGA, I. P. A. Repensando a
didática. Campinas: Papirus, 2011. p. 93-108.
RIBEIRO, Maria L. S. Educação escolar e práxis. São Paulo: Iglu, 1991.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2008.
Próximos Passos
Planejamento no campo da educação.
Explore mais
Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor
online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
Para aprofundamento, leia:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública. A pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola,
2004.
Sugerimos, também, a leitura a seguir:
Segundo capítulo do material didático Aprender didática – ensinar didática intitulado: Abordagens pedagógicas de Ana Maria
Petraitis Liblik, bem como do material didático Fundamentos de didática, primeiro capítulo: A didática e seus fundamentos, de
Alessandro de Melo e Sandra Terezinha Urbanetz.
Para aprofundamento sobre as tendências pedagógicas, leia:
As tendências pedagógicas e seus pressupostos
<//www.ead.uepb.edu.br/ava/arquivos/cursos/geografia/fundamentos_socio_filosoficos_da_educacao/
.
http://www.ead.uepb.edu.br/ava/arquivos/cursos/geografia/fundamentos_socio_filosoficos_da_educacao/Fasciculo_09.pdf

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