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7
1ºAula
O conhecimento como 
característica de humanização: 
cultura e processos sociais
Olá!
Com esta aula pretendemos refletir sobre os 
caminhos trilhados pela humanidade e as implicações 
que as ações do homem produziram no domínio da 
natureza e na construção de condições de vida para 
si mesmo e para a humanidade. De acordo com 
Laraia (2001), o atual estágio de desenvolvimento da 
humanidade só foi possível graças à capacidade que 
a espécie humana revela de, através da capacidade 
da fabricação de instrumentos, produzir suas 
condições materiais de existência
A produção de suas condições de existência só 
foi possível através da adaptação das comunidades 
humanas por um processo de “ofuscamento dos 
instintos humanos pelo desenvolvimento da cultura” 
(LARAIA, 2001, p. 49) e pela transmissão de “toda 
a experiência de um indivíduo é transmitida aos 
demais, criando assim um interminável processo de 
acumulação” (LARAIA, 2001, p. 52).
A comunicação, portanto, é um processo 
cultural que possibilita a transmissão dos valores 
culturais de um dado sistema e o homem passa a 
agir de acordo com os seus padrões culturais em 
que foi socializado. Assim, cultura, de acordo 
com Laraia (2001), mais do que herança genética, 
determina o comportamento do homem e justifica 
suas realizações.
Para Laraia (2001), toda cultura depende de 
símbolos e o exercício da faculdade de simbolização 
que cria a cultura e o uso de símbolos torna possível 
a perpetuação. Dessa forma, como sugere Laraia 
(2001, p. 55), “sem o símbolo não haveria cultura, 
e o homem seria apenas um animal, não um ser 
humano” a adequada manipulação é que produz a 
cultura e os valores culturais que tornam possível o 
processo de humanização.
Bons estudos!
Sociologia aplicada
8
Objetivos de aprendizagem
1 - O conhecimento e o processo de Humanização
2 - Cultura: um produto social
3 - Conhecimento, Ciência e Processos Sociais
4 - O indivíduo acima da comunidade
Ao término desta aula, você será capaz de: 
• compreender o Homem como um Ser Social, 
Cultural e Histórico;
• identificar os elementos essenciais que tornam 
possível definir o ser humano como um ser social e 
cultural e refletir analiticamente sobre os caminhos 
trilhados pela humanidade e suas implicações no 
processo de Humanização;
• analisar e relacionar conhecimento, ciência 
e os processos sociais e suas implicações sobre a 
natureza e o espaço social.
Seções de estudo
PROBLEMATIZAÇÃO
• Como os primeiros homens produziam os recursos 
necessários para sua condição de vida? Como moravam?
• Como surgiu a agricultura, a pecuária e as primeiras 
práticas de trocas e de comércio? Ou o homem sempre 
dominou esses conhecimentos?
• Como o homem consegue transformar a sua experiência 
vivida em discurso com signifi cado e transmiti-la aos demais 
seres de sua espécie e aos seus descendentes?
• Que importância tem os símbolos no processo de 
Humanização?
• Através de sua capacidade de imaginar ações e reações 
sob forma simbólica, ele seria capaz de reviver suas 
situações que o estimulam e o desafi am para a reconstrução 
da realidade?
• Além disso, você concorda que o Ser Humano é o único a 
diferenciar as experiências no tempo e, em consequencia, a 
projetar ações futuras?
• A tudo isso poderíamos denominar TRABALHO? ou 
CULTURA? O que é trabalho? E o que é Cultura? Que relação 
você consegue estabelecer entre CULTURA e TRABALHO?
O homem, como os demais seres vivos, depende 
da natureza para sobreviver, mas, diferentemente 
dos demais seres vivos, ele modifica a natureza e 
a obriga a servir-lhe, domina-a. Aí está, em última 
análise, a diferença essencial entre o homem e os 
demais animais, diferença que, inala unia vez, resulta 
do trabalho. Contudo, não nos deixemos dominar 
pelo entusiasmo em face de nossas vitórias sobre a 
natureza. Após cada uma dessas vitórias a natureza 
poderá adotar sua vingança... 
1 - O Conhecimento e o processo 
de Humanização
Figura 1.1 – o processo de humanização
Fonte: http://images.google.com.br/images, acessado em 20 de maio de 
2012, às 16 horas.
É verdade que as primeiras consequências 
dessas vitórias são as previstas por nós, mas em 
segundo e em terceiro lugar aparecem consequências 
muito diversas, totalmente imprevistas e que, com 
frequência, anulam as primeiras.
Os homens que, na Mesopotâmia, na Grécia, 
na Ásia Menor e outras regiões, como também no 
Brasil, devastavam os bosques para obter terra, 
nem podiam imaginar que, eliminando os bosques, 
eliminariam também os centros de acumulação e 
reserva de umidade. Estavam assentando as bases 
da atual aridez dessas terras. 
O Homem, diferentemente dos animais 
que vêm programados por sua natureza e agem 
pelo instinto e não projetam sua existência, 
não modificam, mas se adaptam e respondem 
instintivamente ao meio, os seres humanos criam 
e recriam, pela ação consciente do trabalho, a sua 
própria existência.
9
Para Refl etir
A linguagem, tanto para o indivíduo humano como para a 
raça humana, de acordo com Laraia (2001), é uma coisa 
inteiramente adquirida a partir de outros, religião, normas 
de conduta, valores, etc. Assim, para o autor a linguagem 
não é hereditária e nem há disposição inata para aprender 
determinada linguagem. Ela é completamente externa e não 
interna – um produto social e não um crescimento orgânico. 
O indivíduo não cria a linguagem, faz uso daquela que a 
sociedade lhe transmite desde o seu nascimento.
Você Sabia
O fogo foi certamente uma das maiores conquistas 
da Humanidade
O termo trabalho, “como atividade humana 
destinada a utilizar as coisas naturais ou a modificar 
o ambiente para satisfação das necessidades 
humanas” (ABAGNANNO, 2007, p. 1147), assume 
diferentes sentidos ao longo da história e, de acordo 
com Tomazi, (2010, p. 39), pode ter nascido do 
vocábulo latino tripalium (instrumento de tortura) e, 
por esse motivo, foi por muito tempo associado à 
ideia de atividade penosa e torturante.
Nas sociedades grega e romana, além do trabalho 
escravo, existiam trabalhadores como os meeiros, os 
artesãos e os camponeses, era a mão de obra escrava, 
de acordo com o autor, que garantia a produção 
suficiente para suprir as necessidades da população. 
Nas sociedades feudais, como no mundo Greco-
romano, a terra era o principal meio de produção 
e os senhores e proprietários eram, neste período, 
desobrigados a qualquer atividade, exceto a de discutir 
os assuntos da cidade e o bem-estar dos cidadãos.
Sempre muito desvalorizado, o trabalho não 
foi, desde a Antiguidade até o fim da Idade Média, o 
elemento central, o núcleo que orientava as relações 
sociais. Estas, de acordo com Tomazi (2010), se 
definiam pela hereditariedade, pela religião, pela 
honra, pela lealdade e pela posição em relação às 
questões públicas.
Mas por que trabalho e realização humana 
parecem viver um eterno conflito? Se a realização 
do homem se encontra no trabalho, por que ele 
necessita ser educado para o trabalho? Por que é 
necessário convencê-lo muitas vezes até pela força 
da necessidade do trabalho?
Como vimos acima, a própria etimologia da 
palavra trabalho guarda o sentido de tortura. Trabalho 
tem origem no vocábulo latino tripalium, aparelho de 
tortura composto de três paus, que também servia 
para imobilizar animais difíceis de domesticar.
Assim, o trabalho é um processo entre o 
homem e a natureza. Um processo em que o 
homem, por sua própria ação, medeia, regula e 
controla seu metabolismo com a Natureza. Ele 
mesmo se defronta com a matéria natural como 
uma força natural e põe em movimento as forças 
naturais pertencentes à sua corporeidade, braços, 
pernas, cabeça e mãos, a fim de se apropriar da 
matéria natural numa forma útil à própria vida. Ao 
atuar, por meio desse movimento, sobre a natureza 
externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao 
mesmo tempo, sua própria natureza (MARX, 1983, 
p. 149, apud MORISSAWA, 2001).
Retirado de: MARX, 1983, p. 149, apud MORISSAWA, 2001. Escrito por 
Engels.
Figura 1.2 O fogono processo de humanização
Disponível em: http://profviseu.com/pessoal/
ANEWTON/homem.jpg acessado em 14 de maio de 
2012, às 18 horas.
Ao aprender a produzir o fogo friccionando 
duas pedras uma na outra e ao aprender a manter o 
fogo, o Homo erectus, de acordo com Laraia (2001), 
produziu conhecimentos que possibilitaram afastar 
os animais selvagens, aquecer e iluminar o interior das 
cavernas, cozinhar alimentos, fabricar instrumentos 
e facilitar a comunicação em grupo. O domínio 
do fogo e sua adequação às suas necessidades foi, 
provavelmente, o primeiro passo na emancipação do 
Homem da servidão do ambiente.
2 - Cultura: um produto social
Cultura, de acordo com Laraia (2001), 
mais do que uma herança genética, determina 
o comportamento do homem e justifica suas 
Sociologia aplicada
10
realizações. Pelo desenvolvimento da cultura, 
foram suprimidos muitos dos instintos naturais do 
ser humano. Tudo o que fazemos “não será mais 
determinado pelos instintos, mas sim pela imitação 
dos padrões culturais da sociedade em que vive. 
[...] tudo que o homem faz, aprendeu com os seus 
semelhantes e não decorre de imposições originadas 
fora da cultura” (2001, p. 50-51).
A esse respeito é oportuno ler o texto do autor 
apresentado em anexo à sua obra “Cultura: um 
conceito antropológico”.
Uma Experiência Absurda?
Kroeber, em seu artigo “O superorgânico”, refere-se a 
duas experiências que teriam sido praticadas no passado. 
Embora o autor duvide da veracidade das mesmas, ele as 
utiliza como exemplo de refl exão sobre a natureza humana:
Heródoto conta-nos que um rei egípcio, 
desejando verifi car qual a língua-
mater da humanidade, ordenou que 
algumas crianças fossem isoladas da 
sua espécie, tendo somente cabras 
como companheiros e para o seu 
sustento. Quando as crianças já crescidas 
foram de novo visitadas, gritaram a 
palavra bekos, ou, mais provavelmente 
beek, suprimindo o fi nal, que o grego 
padronizador e sensível não podia tolerar 
que se omitisse. O rei mandou então 
emissários a todos os países a fi m de 
saber em que terra tinha esse vocabulário 
alguma signifi cação. Ele verifi cou que 
no idioma frígio isso signifi cava pão, e, 
supondo que as crianças estivessem 
reclamando alimentos, concluiu que 
usavam o frígio para falar a sua linguagem 
humana “natural”, e que essa língua 
devia ser, portanto, a língua original da 
humanidade. A crença do rei numa língua 
humana inerente e congênita, que só 
os cegos acidentes temporais tinham 
decomposto numa multidão de idiomas, 
pode parecer simples; mas, ingênua com 
é, a inquirição revelaria que multidões de 
gente civilizada ainda a ela aderem.
Contudo, não é essa a nossa moral 
da história. Ela está no fato de que a 
única palavra, bek, atribuída às crianças, 
constituía apenas, se a história tem 
qualquer autenticidade, um refl exo ou 
imitação – como conjeturam há muitos os 
comentadores de Heródoto – do grito das 
cabras, que foram as únicas companheiras 
e instrutoras das crianças. Em suma, se 
for permitido deduzir qualquer inferência 
de tão apócrifa anedota, o que ela prova 
é que não há nenhuma língua humana 
natural e, portanto, nenhuma língua 
humana orgânica.
Milhares de anos depois, outro soberano, 
o imperador mongol Akbar, repetiu a 
experiência com o propósito de averiguar 
qual a religião natural da humanidade. 
O seu bando de crianças foi encerrado 
numa casa. Quando decorrido o tempo 
necessário, ao se abrirem as portas 
na presença do imperador expectante 
e esclarecido, foi grande o seu 
desapontamento: as crianças saíram tão 
silenciosas como se fossem surdas-mudas. 
Contudo, a fé custa a morrer; e podemos 
suspeitar que será preciso uma terceira 
experiência, em condições modernas 
escolhidas e controladas, para satisfazer 
alguns cientistas naturais e convencê-
los de que a linguagem, para o individuo 
humano como para a raça humana, é 
uma coisa inteiramente adquirida e não 
hereditária, completamente externa e 
não interna – um produto social e não um 
crescimento orgânico.
É óbvio que quando Kroeber fala em linguagem está implícita 
a possibilidade de estender o seu raciocínio para toda a 
cultura. Muitos anos depois de Kroeber, Cliff ord Geertz 
demonstrou não ser possível, à luz do conhecimento atual, 
esperar algum resultado de uma terceira experiência:
... isso sugere não existir o que chamamos 
de natureza humana independente da 
cultura. Os homens sem cultura não 
seriam os selvagens inteligentes de Lord of 
the Flies, de Golding, atirados à sabedoria 
cruel dos seus instintos animais; nem 
seriam eles os bons selvagens do 
primitivismo iluminista, ou até mesmo, 
como a antropologia insinua, os macacos 
intrinsecamente talentosos que, por algum 
motivo, deixaram de se encontrar. Eles 
seriam montruosidades incontroláveis, 
com muito poucos instintos úteis, 
menos sentidos reconhecíveis e nenhum 
11
intelecto: verdadeiros casos psiquiátricos. 
Como nosso sistema nervoso central 
– e principalmente a maldição e glória 
que o coroam, o neo-córtex – cresceu, 
em sua maior parte, em interação com 
a cultura, ele é incapaz de dirigir nosso 
comportamento ou organizar nossa 
experiência sem a orientação fornecida 
por sistemas de símbolos signifi cantes.
EXTRAÍDO DE: LARAIA, Roque de Barros. CULTURA: um conceito 
antropológico. P. 101-103.
Saber Mais
O ser humano age de acordo com os seus padrões culturais, 
ele é resultado do meio em que foi socializado. 
Para Edward Tylor, “cultura é o todo complexo que inclui 
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou 
qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo 
homem enquanto membro de uma sociedade”.
O ser humano foi, ao longo dos tempos, criando 
condições que o distanciaram de sua natureza animal 
e, com isso, ele foi se aproximando da possibilidade 
de sua humanização. Na luta pela sobrevivência, 
o homem aprendeu a agir sobre a natureza e 
percebeu que isso lhe trazia prazer e domínio sobre 
os outros animais. Para alimentar-se e proteger-se 
dos animais ferozes, o homem primitivo saiu da 
posição quadrúpede e aprendeu a correr do perigo, 
subiu em árvores, esticou os membros, controlou 
o fogo e pouco a pouco desenvolveu a habilidade 
motora fina. Viu que isso era bom e que, por conta 
da precisão do movimento do seu polegar opositor, 
era possível construir ferramentas. 
Os primeiros humanos começaram a dominar 
diversas habilidades. Construíram instrumentos 
de pedras, de madeira como o arco e a flecha, 
descobriram os metais, inventaram facas e, dentre 
outras construções, registraram suas observações 
nas pedras e paredes. Surge assim a escrita. De uma 
ideia à outra, foram inventando aqui e acolá novos 
instrumentos e novas técnicas. 
Figura 1.3 A linguagem e o surgimento da escrita
Fonte: Disponível em: http://images.google.com.br/images, acessado em 
14 de maio de 2012, às 18 horas.
À medida que o ser humano foi construindo 
a escrita, foi produzindo a história. Com sua 
capacidade criadora, curiosidade e criatividade, 
modificou os espaços naturais e produziu a si 
mesmo, recriando sua segunda natureza e foi 
capaz de recriar a si mesmo, assim começou a 
produzir a cultura. Aos poucos ele entendeu que 
o conhecimento produzido ganhava qualidade 
à medida que transformava os conhecimentos 
mais simples noutros saberes mais complexos e 
completos. Veja como, por exemplo, as inovações 
tecnológicas possibilitam melhorar a produção, 
apropriação, difusão e ampliação do conhecimento.
Figura 1.4 – A Evolução da Escrita
Fonte: Disponível em: http://images.google.com.br/images acessado em 14 
de maio de 2012, às 18 horas.
Sociologia aplicada
12
Como já foi apontado, à medida que o ser 
humano foi aprimorando suas capacidades, 
ele também começou a perceber que todo 
conhecimento humano é uma construção coletiva. 
Assim, quanto mais pessoas dele se apropriam, mais 
qualidade a ele pode ser acrescentada, mais rica e 
prazerosa pode tornar-se a vida.
Saber Mais
A cultura é uma lente através da qual o ser homem vêo mundo. Pessoas de culturas diferentes usam lentes 
diferentes e, portanto, têm visões distintas das coisas. 
O fato de que o ser humano vê o mundo através de sua 
cultura tem como conseqüência a propensão em considerar 
o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural 
(etnocentrismo), depreciando o comportamento daqueles 
que agem fora dos padrões de sua comunidade – 
discriminando o comportamento “desviante” (LARAIA, 2001).
• Quando os homens se depararam com 
novos problemas, surgiram novas elaborações tidas 
como mais adequadas, mais úteis às dificuldades 
enfrentadas. Essas abstrações a que chamamos de 
conhecimento, criam soluções para necessidades 
concretas de vida e de sobrevivência, a isso 
denominamos CULTURA.
• Foram os gregos que elaboraram a ideia do 
saber como atividade destinada a descobertas 
desligadas de uma finalidade prática imediata. 
Daí provém os rudimentos do que veio a 
chamar-se CIÊNCIA.
• Enquanto os gregos criaram a FILOSOFIA 
“amor pelo conhecimento”, os egípcios elaboraram 
conhecimentos biológicos e químicos porque 
acreditavam na ressurreição e queriam conservar os 
cadáveres. Para os gregos, tais conhecimentos não 
eram da religião, mas da medicina.
• Assim surge uma nova maneira de pensar o 
“porquê” e o “para quê” das coisas.
• Durante a Idade Média, com o grande poder 
a Igreja Católica, novamente imperou o saber 
ligado à religião.
• No Renascimento, o homem se volta para os 
textos antigos e redescobre o prazer de investigar 
o mundo, descobrir as leis de sua organização 
como atividade e com valor em si mesmo, 
independentemente de suas implicações religiosas.
3 - Conhecimento, Ciência e 
Processos Sociais
Todo conhecimento se desenvolve socialmente, 
nasce das relações que os homens estabelecem 
entre si. O homem, de acordo com Laraia (2001), 
como uma entre as várias espécies existentes sobre 
a terra, também desenvolveu todos os processos 
de convivência, reprodução, acasalamento e defesa 
observáveis nos demais seres vivos. 
Da mesma forma, o homem, como ser biológico, 
também apresenta, como os demais animais, 
uma série de atividades instintivas como respirar, 
engatinhar, sentir fome, medo, frio. Porém, seja pelas 
dificuldades impostas pelas condições ambientais ou 
por particularidades da própria espécie, o homem 
desenvolveu ao longo dos tempos desenvolveu 
capacidades que dependem cada vez mais de 
aprendizado. Assim as crianças aprendem a comer, 
beber, e dormir em horários regulares; aprendem a 
brincar, obedecer; mais tarde aprenderão a trabalhar, 
comerciar, administrar, governar.
Quando nascemos já encontramos prontos 
valores, normas, costumes e práticas sociais. 
Também já encontramos uma certa forma de 
produção da vida material que segue determinados 
padrões. Muitas vezes, não há como fugir de certas 
normas e regras já estabelecidas em sociedade. 
Desta forma, podemos afirmar, de acordo com 
Laraia (2001), o homem se distingue das demais 
espécies existentes porque nem tudo o que faz 
surge de sua estrutura genética, nem se desenvolve 
automaticamente em sua relação com a natureza, 
nem se transmite à descendência através de genes.
Ao nascer, chega-se a um mundo que já está 
pronto e no processo de conhecimento do mundo, 
vai se relacionar e conviver com o mundo externo 
e para viver nesse mundo, vai aprender a conhecer 
a si e se relacionar com os outros. No processo de 
conhecimento do mundo, a criança vai entendendo 
que, além dela, da família, da casa e do bairro onde 
reside, existem outros lugares e outras pessoas das 
quais ela precisa para viver. Portanto, de acordo 
com Laraia (2001), o ser humano é o único animal 
que necessita de aprendizado para uma série de 
atividades que lhes são próprias. É o único ser 
a diferenciar as experiências no tempo e, em 
consequência, a projetar ações futuras e através dos 
processos adaptativos, vem sofrendo que o levaram 
de um primata desenvolvido ao homem moderno.
13
Diferentemente dos demais animais, de acordo 
com Meksenas (2011), o homem devido a sua 
capacidade de pensar, planejar, projetar resultados, 
luta pela superação de suas necessidades. Ao pensar, 
reflete, age sobre a natureza e sobre sua ação com o 
objetivo de obter alimento, abrigo e proteção para si 
e para o seu grupo. Nasce, assim, o trabalho a partir 
do momento que um grupo específico de primatas 
conseguiu adotar uma postura ereta; deixando as 
mãos livres, pode usar as mãos como ferramentas 
para pegar e segurar objetos e fabricar outras 
ferramentas que o ajudaram a enfrentar o meio em 
que vivia para satisfazer as suas necessidades.
Meksenas (2011) aponta o trabalho como 
a forma pela qual o homem desenvolve meios 
que lhe possibilitam produzir suas condições de 
sobrevivência. Porém, de acordo com o autor, 
todo esse processo não se deu de forma isolada 
por um indivíduo. “Se deram dentro de um 
processo educativo coletivo, no qual os seres 
humanos aprenderam juntos a sobreviver. Foi 
esse enfrentamento coletivo com a natureza que 
possibilitou o desenvolvimento da linguagem” 
(MEKSENAS, 2011, p. 18).
Com isso, o homem cria conhecimento, 
desenvolve a cultura. O domínio do conhecimento 
das técnicas de plantio e a domesticação de animais 
tornaram possível a agricultura e a pecuária. O 
homem apropriou-se da natureza e passou a utilizá-
la de acordo com seus interesses. O domínio da 
agricultura e pecuária possibilitaram fixar-se à terra e 
tornar-se assim sedentário.
Até cerca de mais ou menos 10 mil anos atrás, 
a humanidade vivia da caça, da pesca e da coleta de 
frutos silvestres, raízes, em grupos, mudando para lá 
e para cá, sempre que a natureza não proporcionava 
recursos suficientes para a sobrevivência de todos.
A esse respeito sugerimos ler o texto que indico no fi nal 
da aula: “Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do 
Macaco em Homem” de Fredrich Engels 1876.
Disponível em: http://www.vermelho.org.br/img/obras/bibliomarx.asp
É verdade que em muitos lugares do mundo, 
permanecemos assim, nômades, por muitos e 
muitos séculos ainda. Veja, por exemplo, os casos 
de algumas nações indígenas, dos ciganos, e dos 
beduínos do deserto.
Os primeiros indícios da agricultura registrados 
na História foram encontrados na Mesopotâmia, 
região do Oriente Médio, onde hoje fica o Iraque.
Começamos plantando trigo e cevada e criando 
cabras e carneiros. Depois é que começamos a 
domesticar os porcos, os bois, as galinhas e assim 
por diante. Foi assim que nos tornamos sedentários: 
aprendendo a jogar sementes no solo, a regar 
as plantas, a armazenar seus frutos, e também a 
domesticar os animais. Com o desenvolvimento 
desses conhecimentos e o aprimoramento dessas 
técnicas, é possível dizer que a vida começou a 
ficar um pouco mais fácil, ou ao menos tornou-se 
possível prever e programar o amanhã.
Durante dezenas de milhares de anos vivemos 
em comunidades. Ninguém era dono de nada, tudo 
pertencia a todos. Por isso também, ninguém era 
mais rico ou mais pobre que o outro. Com o tempo, 
as comunidades foram crescendo. Aí tivemos de 
dividir as tarefas: uns plantavam, outros fabricavam 
utensílios e instrumentos. Isso já era uma primeira 
forma de divisão do trabalho. Por que existem hoje 
tantas formas e atividades diferentes de trabalho?
Até aqui não notamos nada que possamos 
identificar em nossa realidade atual, a não ser a divisão 
do trabalho. Só que ela foi ficando cada vez mais 
ampla e hoje se dá também no plano internacional, 
entre países ricos e pobres. Como se dão hoje essas 
relações no trabalho, no nível das relações sociais e 
no nível das relações internacionais?
Dividir o trabalho, permitir a muitos 
desenvolver e aprimorar técnicas e novas formas de 
organização da vida, do trabalho e das relações entre 
grupos e nações para ajudar a produzir e aperfeiçoar 
esse processo contribuiu para aos poucos produzir 
excedentes, que, afinal, não podiam ser jogados 
fora. E o resultado disso foi o comércio, a troca 
entre indivíduos, grupos e comunidades. Mas nemsempre aquilo que um tinha a oferecer interessava 
aos outros, assim inevitavelmente um dia apareceu 
o dinheiro. É claro que, naquele tempo, não 
eram essas notas de papel e essas moedas que nós 
conhecemos hoje. Era alguma coisa rara, que todos 
desejavam ter, como peças de ouro, prata, cobre. 
Houve até uma época em que o sal foi moeda de 
troca e pagava inclusive por serviços prestados (essa 
é a origem da palavra salário).
Como já foi dito, as comunidades foram 
crescendo e era preciso cada vez mais alimentos 
para sustentar tanta gente. Como o sucesso de uma 
Sociologia aplicada
14
4 - O indivíduo acima da 
comunidade
plantação depende muito da água, as comunidades 
foram se concentrando às margens de volumosos 
rios. Foi assim que surgiram, no Egito, na Índia e 
na China, as primeiras grandes civilizações. Você 
já conhece algo sobre essas civilizações? Suas 
formas de vida, religiosidade, agricultura e pecuária, 
as plantações, arquitetura, vestuário, comércio, 
costumes, etc? É importante frisar aqui que muitos 
homens que construíram essas civilizações o fizeram 
pela necessidade de se alimentar.
Antes de pensar nas pirâmides do Egito, 
na muralha da China e em outras maravilhosas 
realizações humanas daquela época, devemos 
ter em mente que a agricultura esteve na base 
disso tudo. Para conseguir boas colheitas foram 
necessárias outras realizações, como construção 
de canais e açudes para irrigação, e, acima de tudo, 
o empenho da força de trabalho de milhares e 
milhares de trabalhadores.
A realização das maravilhosas obras fossem elas 
de defesa da vida humana ou de culto às divindades, 
deu origem a uma divisão mais ampla do trabalho. 
Havia aqueles que davam duro, cavando, quebrando 
pedra, carregando fardos. Havia aqueles que, na 
condição de elaborar os projetos e planejar o 
trabalho, ficavam no comando, dizendo como é que 
as coisas tinham de ser feitas e quem devia fazê-
las. De um lado, portanto, houve foco no trabalho 
manual e, de outro, no trabalho intelectual. É preciso 
dizer quem saiu ganhando nessa história?
Apenas para refletir: as Pirâmides do Egito 
foram erguidas na Antiguidade. Você já pensou 
alguma vez como foram construídas? Quem 
carregou e como foram carregados os enormes 
blocos de pedra que compõem essas verdadeiras 
maravilhas humanas?
É oportuno observar que esse é um traço 
da desigualdade social, que vai se tornando mais 
marcante com a apropriação do conhecimento. 
Aqueles que realizavam o trabalho intelectual 
passavam seus conhecimentos somente para seus 
filhos. E hoje, que importância tem o conhecimento? 
Para que serve? Quem vai para as universidades? 
Como é possível mudar a sociedade e reverter essa 
história tão antiga?
A essa altura, começamos a perceber uma 
progressiva individualização dos homens. A vida 
comunitária foi aos poucos se dissolvendo, com 
o poder e a riqueza minando as relações entre 
as pessoas e os grupos. Famílias começaram a 
estabelecer limites para demarcar a sua propriedade 
como forma de garantir que outras não viessem 
“compartilhar” seus bens. E aí? O que você 
acha? Tem algo diferente dos alarmes e vigias que 
protegem as propriedades hoje em dia? Eram os 
indícios do surgimento da propriedade privada.
Mas, como e onde surge O ESTADO? E 
os primeiros homens, como se organizavam? O 
crescimento das populações gerou a necessidade de 
obras cada vez maiores e em maior quantidade, e de 
trabalhadores intelectuais para projetar, organizar e 
comandar essas obras.
Curiosidade
Estado é uma instituição organizada politicamente, 
socialmente e juridicamente, ocupando um território, 
uma Lei escrita (Constituição) e dirigida por um governo 
que possui soberania reconhecida tanto interna como 
externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela 
máxima: “Um governo, um povo e um território”. O Estado 
é responsável pela organização e pelo controle social, pois 
detém, segundo Max Weber, o monopólio legítimo do uso 
da força coercitiva (especialmente a força coercitiva legal).
Fonte: http://www.achetudoeregiao.com.br/politica/Classes_de_estado.
htm acesso em 08 de abril de 2012.
Mas quem se disporia a fazer aquela parte que 
exige força, suor e submissão? E de onde conseguir os 
recursos materiais para construí-las? Quem forneceria 
alimentos para tanta gente? Foi nesse momento que, 
em muitas sociedades antigas, surgiu o Estado.
Podemos dizer que o Estado foi criado 
para obrigar a maioria que era composta pelos 
trabalhadores braçais, a trabalhar nas obras ou 
indiretamente pala obras e para cobrar impostos da 
população. O próprio nome “impostos” já revela que 
têm de ser pagos “na marra”. Mas, para fazer trabalhar 
e pagar qualquer coisa “na marra”, eram necessárias 
leis e quem fizesse com que fossem cumpridas. O 
Estado nasceu aí, então, junto com leis e os exércitos, 
principais instrumentos de poder dos ricos sobre os 
pobres. O Estado fazendo as leis, a administração e os 
soldados mandando cumprir. Essas leis eram justas? 
É preciso lembrar que nem todas as sociedades eram 
15
assim. Mas é delas que se originou o fio que conduz à 
sociedade em que vivemos.
Dando um salto de alguns milhares de anos, 
vamos encontrar na civilização grega, que tanto 
fascina aqueles que a estudam, uma forma de Estado 
mais organizada, onde já podíamos conhecer o 
exercício da cidadania. É bom lembrar que a Grécia 
não era então um país unificado; ela era dividida 
em cidades-estado, cada uma com suas próprias e 
governo. Uma dessas cidades-estados, considerada 
a mais importante, era ATENAS, cuja celebridade 
se deve à sua notável vida cultural e à democracia.
Os atenienses construíram uma arte e uma 
cultura admiráveis. Politicamente deixaram como 
herança a noção de democracia. Mas essa era 
uma democracia que deixava de fora os que eram 
culturalmente considerados incapazes, como, por 
exemplo, as mulheres. Você vê alguma relação da 
nossa sociedade com a sociedade ateniense? Que 
semelhanças você identifica?
Mas, antes de chegar à democracia, Atenas 
ficou muito tempo submetida ao poder dos 
grandes proprietários de terra. Os pequenos 
proprietários, os camponeses, tinham de pedir 
empréstimo aos grandes para plantar ou mesmo 
para aumentar a extensão de suas terras para dar 
aos seus filhos, quando esses formavam família. 
Quando não conseguiam pagar suas dívidas no 
prazo estabelecido, eram obrigados a entregar 
suas propriedades aos emprestadores. Essa foi 
uma forma de concentração da terra. Você vê 
alguma relação com o que se pratica hoje no 
Brasil ou nas relações com outros países? A 
divisão social do trabalho faz com que a tarefa 
individual seja só uma pequena parcela do 
processo de reprodução geral da sociedade.
O período denominado Idade Média, 
durou perto de 1.100 anos e seus resquícios 
permaneceram por séculos em diversos pontos do 
planeta. Durante esse período vamos encontrar 
na Europa uma situação econômica que hoje 
chamamos de feudalismo.
Saber Mais
Idade Média teve início na Europa com as invasões 
germânicas (bárbaras), no século V, sobre o Império 
Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o século 
XV, com a retomada comercial e o renascimento urbano. 
A Idade Média caracteriza-se pela economia ruralizada, 
enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, 
sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada.
Fonte: http://www.suapesquisa.com/idademedia/ acesso em 04 de maio 
de 2010.
Aqui e acolá, espalhadas por toda uma vastidão, 
estavam imensas propriedades rurais chamadas 
feudos. Seus donos eram os nobres – príncipes, 
condes, barões etc. – e membros da alta hierarquia da 
Igreja. Todos eram chamados de Senhores Feudais.
Saber Mais
A estrutura básica de um feudo consistia na reserva senhorial, 
no manso servil e nas terras de uso comum. Os servos 
trabalhavam nas terras do senhor durante alguns dias da 
semana, moravam na aldeia e tinham o direito de plantar e 
criar sua própria sobrevivência no manso servil. Chegavam 
voluntariamente às terras do feudopara se oferecerem como 
trabalhadores braçais e ali fi cavam geralmente para sempre. 
A “herança” que deixavam para seus fi lhos era essa mesma 
condição. Não recebiam qualquer tipo de pagamento e eram 
obrigados a pagar tributos; geralmente uma parte do que 
produziam para si tinha de ser dada ao senhor. Embora não 
pudessem ser comprados ou vendidos, não eram livres. Não 
podiam escolher o tipo de trabalho nem o patrão. E só deixavam 
o feudo para qualquer fi nalidade com autorização do senhor.
Fonte: http://www.suapesquisa.com/idademedia/ acesso em 04 de maio 
de 2010.
Já dá para perceber que naquela época, a riqueza 
mais importante era a terra. Mas a terra não era algo que 
se conseguia comprando, como se faz hoje. Para tê-la, 
só tomando dos outros, pela guerra, ou ganhando-a 
como recompensa pela lealdade ao senhor. No caso 
da Igreja, ela começou a acumulá-la desde as ofertas 
dos imperadores romanos Constantino e Teodósio. 
Também os reis franceses carolíngios lhes foram 
bastante generosos. A Igreja e o Estado andavam de 
mãos dadas, e assim ficaram ainda por muito tempo 
na História ocidental. Durante a Idade Média, com o 
grande poder da Igreja Católica, novamente imperou 
o saber ligado à religião.
Saber Mais
QUE TAL UM BOM FILME?
Neste momento de nosso estudo, indico “O NOME DA ROSA”, 
um fi lme dirigido por Humberto Eco cuja trama se desenrola 
em um mosteiro italiano na última semana de novembro 
Sociologia aplicada
16
Retomando a aula
Parece que estamos indo bem. Então, para 
encerrar esse tópico, vamos recordar:
de 1327. Ali, em meio a intensos debates religiosos, o frade 
franciscano inglês Guilherme de Baskerville e seu jovem 
auxiliar, Adso, envolvem-se na investigação das insólitas 
mortes de sete monges, em sete dias e sete noites. Os crimes 
se irradiam a partir da biblioteca do mosteiro: “o nome da 
rosa” era uma expressão usada na Idade Média para denotar 
o infi nito poder das palavras.
Fonte: http://www.adorocinema.com/fi lmes/fi lme-2402/ acesso em 04 de 
maio de 2010.
A necessidade de aumentar a produção de 
alimentos estimulou a criatividade das pessoas. 
Foi aí que os camponeses começaram a praticar 
a rotação de culturas, inventaram os moinhos de 
vento, melhoraram as técnicas de plantio, passaram 
a usar o cavalo para puxar o arado e o carro de boi.
Com as transformações geradas pela Revolução 
Industrial, muitos, que eram servos, se tornaram 
pequenos comerciantes. Eles já não eram tão 
necessários para o senhor feudal, porque a população 
crescia tanto em seus domínios que ficava difícil de 
controlá-la. Alguns até fugiam do feudo e, se não 
tinham a sorte de entrar para o comércio, acabavam 
virando saltadores nas estradas.
O desenvolvimento do capitalismo, que 
acelerou a especialização da produção, monetarizou 
cada vez mais a economia, intensificou as relações 
comerciais e tornou a produção voltada quase que 
exclusivamente para a venda. Também levou o 
homem a ser menos responsável individualmente 
pela satisfação de suas necessidades básicas. Nessa 
condição, o homem tornou-se mais uma mercadoria, 
dotada de valor de troca no mercado de trabalho.
Surge uma nova maneira de pensar o “porquê” 
e o “para quê” das coisas. No Renascimento, o 
homem volta os textos antigos e redescobre o 
prazer de investigar o mundo, descobrir as leis de 
sua organização como atividade e como valor em 
si mesmo, independentemente de suas implicações 
religiosas. Surge a CIÊNCIA - destinada à 
descoberta das relações entre as coisas, das leis que 
regem o mundo natural; através dela se aprimoram 
as técnicas e os utensílios de medição, a imprensa 
etc. Desenvolvem-se novas formas de produção, de 
acumulação de exploração do homem pelo homem.
Mais comida, mais saúde, mais vida. Em 
trezentos anos, a população da Europa duplicou. 
Alguns feudos estavam produzindo mais do que 
necessitavam, ou seja: começaram-se a produzir 
os excedentes, aí de novo começaram as trocas, as 
inovações nos modos de produção, transformação, 
industrialização, comercialização, depois (re)
inventaram a mecanização agrícola, aprimoraram 
as técnicas de produção, de industrialização, de 
transporte e de comercialização.
No seio desse movimento surge a Sociologia 
– ciência da sociedade – que procura investigar 
e compreender o movimento das idéias que 
organizam ou desorganizam um povo. A separação 
dessa forma de pensar do vínculo com as tradições 
morais e religiosas. O aparecimento da Sociologia 
significou que as questões relativas às relações entre 
os homens deixaram de ser apenas matéria religiosa 
(Filme Corcunda de Notre Dame).
A SOCIOLOGIA foi criada e vem sendo cada vez mais 
reconhecida como campo de conhecimento explorável pelo 
procedimento científi co. Para o alemão Karl Marx (1818-
1883), os indivíduos devem ser analisados de acordo com 
o contexto de suas condições e situações sociais, já que 
produzem sua existência em grupos. O homem primitivo, 
de acordo com Marx, diferenciava-se dos outros animais 
não apenas pelas características biológicas, mas também 
por aquilo que realizava no espaço e na época em que 
vivia. Caçando, defendendo-se e criando instrumentos, 
os indivíduos construíram sua história e sua existência 
social. Inúmeros estudos se desenvolveram, permitindo 
uma acumulação de conhecimentos de modo a submeter 
às teorias a comprovação, questionamento, revisão de 
conhecimentos cujos resultados de pesquisas sociológicas 
se alastram que vem sendo incorporados no vocabulário e 
começam a fazer parte da vida cotidiana: contexto social; 
movimentos sociais; classes sociais; estratos; camadas; 
pressões sociais; confl itos sociais e outros termos 
profusamente veiculados pelos meios de comunicação 
social de massa e que passam a ser usados no dia a dia 
Meksenas (1994).
As discussões que apresentamos nesta aula 
nos levaram a entender os caminhos trilhados pela 
humanidade no longo processo de humanização e 
as implicações que as ações do homem produziram 
17
conhecimentos importantes e decisivos no domínio 
da natureza e na construção de condições de vida 
para a humanidade.
Esses conhecimentos básicos se referem 
a um amplo legado cultural do qual, de acordo 
com Laraia (2001), são partícipes as numerosas 
gerações que nos antecederam. A idéia de indivíduo 
isolado, nos lembra Marx, só apareceu efetivamente 
na sociedade de livre concorrência, ou seja, no 
momento em que as condições históricas criaram 
os princípios da sociedade capitalista. Os aspectos 
da vida social passam a pautar o comportamento 
e as opiniões das sociedades onde os resultados 
das pesquisas são divulgados. Assim, de acordo 
com Tomazi (2010, p. 23) “Quando um operário é 
aceito numa empresa, assina um contrato do qual 
consta que deve trabalhar tantas horas por dia e por 
semana e que tem determinados deveres e direitos, 
além de salário mensal”.
Enquanto Marx vê a contradição e o conflito 
como elementos essenciais da sociedade, Durkheim 
coloca a enfase de suas análises sobre a sociedade 
na coesão, integração e manutenção da sociedade. 
Para Durkheim, o conflito existiria basicamente 
pela anomia. Segundo ele, anomia caracteriza-se 
pela ausência, ou insuficiência da normatização 
das relações sociais, ou por falta de instituições que 
regulamentem as relações. Já de forma contrária 
de Durkeim, Max Weber, sociólogo alemão (1864-
1920) tem como preocupação central compreender 
o individuo e suas ações. Para ele, os costumes e 
as regras socciais são algo externo ao indivíduo, 
mas estão internalizados, e, com base no que 
traz dentro de si, o indivíduo escolhe condutas e 
comportamentos, dependendo das situações que se 
lhe apresentam (TOMAZI, 2010)
Muitos profissionais na atualidade passam 
a utilizar-se dos resultados das pesquisas para 
incorporar na definição de sua ação como também 
os estudos da sociologia são cada vez mais usados 
para definir estratégias publicitárias e identificação 
de gostos no lançamento de produtos. Todos 
esses procedimentos, ao mesmo temposimples 
e complexos, dependem do conhecimento da 
população a que se aplicam com o desenvolvimento 
científico da Sociologia.
Quando lemos numa notícia ou artigo de 
um jornal, revista, ou outro meio tecnológico de 
informação, que Maria, 35 anos, casada, dona de 
casa, brasileira, afirma que votará em determinado 
candidato, não estamos tomando conhecimento 
apenas da opinião de uma pessoa isolada, mas de 
uma das opiniões do grupo de pessoas das quais 
Maria é protótipo: uma das mulheres da idade 
mediana, donas de casa, casadas e brasileiras.
Portanto, os conhecimentos da Sociologia hoje 
já não estão restritos ao uso dos cientistas sociais. 
Eles já fazem parte de um modo de perceber 
e interpretar os acontecimentos formados pela 
disseminação dos procedimentos e técnicas de 
pesquisa social, que é um dos campos da Sociologia.
Hoje já se manifesta confiança nessa forma de 
conhecer a realidade, do mesmo modo como se confia 
em um termômetro para constatar a temperatura 
do corpo. Do mesmo modo, não se constroem 
mais prédios ou casas sem levar em consideração o 
comprador, suas condições, valores, idéias, gostos, 
condições econômicas, tudo aquilo que o faz optar 
por uma ou outra moradia, bairro, estilo de vida, 
constituição familiar. Pode ser o lugar, o aspecto, o 
preço ou, na maioria dos casos, a soma de todos esses.
De qualquer maneira, não se “atira no escuro”. 
A sociedade tem características que precisam ser 
conhecidas para que aqueles que nela atuam tenham 
sucesso. Não existe, portanto, nenhum setor da vida 
onde os conhecimentos sociológicos não sejam de 
ampla utilidade.
Antigamente, o homem adquiria conhecimento 
sobre o mundo em que vivia e sobre as pessoas 
com quem convivia a partir de sua própria vivência, 
isto é, através de suas ações ou daquilo que lhe era 
ensinado pela religião, pela moral ou pela tradição.
Hoje, o ritmo das mudanças sociais se acelera 
a cada dia, e o mundo se tornou complexo e 
diversificado demais para que o homem possa 
dele tomar conhecimento apenas seguindo sua 
experiência pessoal ou o senso comum. Vale dizer 
que se anuncia que o homem pode deixar de ser 
conduzido por “leis cegas” da natureza para tornar-
se senhor consciente de seu futuro.
No dizer de Marx, “o estudo do modo 
de produção que a sociedade humana adota 
é fundamental para se compreender como se 
organiza e funciona uma sociedade”. As relações 
de produção, nesse sentido, são consideradas as 
mais importantes relações sociais. As formas de 
família, as leis, a religião a organização educacional, 
as ideias políticas, os valores sociais são aspectos 
cuja explicação depende, em princípio, do estudo 
do modo de produção de uma sociedade.
Assim, a principal contribuição das Ciências 
Sociais, tentando explicar as relações entre 
acontecimentos complexos e diferenciados, oriundas 
dos fenômenos aparentemente dissociados, permite 
ao homem transpor os limites de sua condição 
particular para percebê-la como parte de uma 
totalidade mais ampla, que é o todo social. 
Sociologia aplicada
18
Você pode buscar informações em outras fontes 
bibliográfi cas, revistas, fi lmes e sites eletrônicos. Lembre-se 
que pesquisar pode ajudar a ampliar seus conhecimentos 
e pode representar uma excelente ferramenta de 
aprendizagem, mas recomendamos sempre verifi car se há 
consistência nas informações e dos sites pesquisados antes 
utilizá-las nos seus estudos.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um 
conceito antropológico. 11. ed. Rio de Janeiro : 
Zahar, 2001.
Vale a pena
Vale a pena ler
“Sobre o Papel do Trabalho na Transformação 
do Macaco em Homem” de Fredrich Engels 1876. 
Disponível em: http://www.vermelho.org.br/img/
obras/bibliomarx.asp
Vale a pena acessar
2001: uma odisséia no espaço.
Vale a pena ASSISTIR

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