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Epidemiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS. Epidemiologia: Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das doenças, danos à saúde, propondo medidas especificas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações em saúde. Perguntas básicas para se entender o processo de distribuição de uma doença: Como ocorreram os primeiros casos? Quando ocorreu? Onde aconteceu? Quem são as pessoas envolvidas? DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS Estudo dos padrões das distribuições das doenças nas populações, no espaço e no tempo. Importância: Permite maior e melhor conhecimento do processo saúde- doença. É útil para o planejamento em saúde: definição de grupos vulneráveis e de áreas de risco. Possibilita o aprimoramento das ações de assistência, prevenção da doença e promoção da saúde. VARIÁVEIS 1- Pessoa: Quem adoeceu? (distribuição segundo características que contribuem para um determinado padrão de doença) Sexo, idade, renda, etnia, situação conjugal, ocupação, escolaridade, comportamentos e estilos de vida Expor a situação de saúde de um subgrupo Fornecer subsídios para explicações causais/hipóteses Definir prioridades de intervenção / medidas de controle e prevenção Epidemiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB Prevalência de diabetes segundo sexo e faixa etária – Brasil, 2008: Relaciona o sexo e a idade. Me dá o local e o ano. É possível observar: a prevalência de diabetes é maior em mulheres, mais velhas, em comparação a indivíduos do sexo masculino. Óbitos segundo o sexo – Rio de Janeiro, 1996-1998: Há uma maior prevalência de morte de homens do que de mulheres. Epidemiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB 2- Lugar: Onde ocorreu? (analisa o padrão espacial da doença, ou seja características espaciais que contribuem para a ocorrência de doenças) Conhecer o agente etiológico e as fontes de contaminação Conceito de espaço: espaço físico + espaço social É um elemento de estudo desde a antiguidade – Hipócrates se preocupava em “considerar as características das localidades onde as doenças ocorriam) John Snow (1854 – cólera): elaboração de mapas Mapa John Snow, 1854: Casos de AIDS no Brasil (espaço): Delimitou num mapa a área de risco da cólera e, a partir desse mapa, conseguiu determinar as características desses espaços e a influência desse espaço para a ocorrência da cólera. Além disso, levantou questões sobre quais ações poderiam ser feitas para minimizar esse processo. Da década de 80 até a década de 90, os casos de AIDS no Brasil aumentaram. Mas é preciso ter uma visão crítica, antigamente as pessoas não eram diagnosticadas ou os casos não eram notificados adequadamente. Epidemiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB 3- Tempo: Quando, em que período ocorreu? (Analisar o período e a velocidade de ocorrência da doença) Fornece informações para se compreender, prever a ocorrência de doenças / levantamento de explicações causais Ações de prevenção, planejamento em saúde, e avaliação do impacto das intervenções em saúde Descreva a atual situação de saúde de uma população e a tendência da situação de saúde: monitorar a saúde da população Acompanhamento temporal dos agravos: verificar tendências, variações periódicas, elevação na incidência em determinado período EVOLUÇÃO TEMPORAL DAS DOENÇAS: Tendência secular ou histórica: -Análise das mudanças na frequência de uma doença por um longo período de tempo (anos ou décadas) / mudanças na estrutura (perfil) epidemiológico -Pode contribuir para o estabelecimento de nexos causais com fatores sociais ou ambientais que tenham sofrido modificações ao longo do período Observa-se uma queda nas taxas de mortalidade por tuberculose, doença que acomete principalmente pacientes imunocomprometidos, justamente quando apareceu o tratamento para a AIDS. No decorrer dos anos, observa-se um aumento quantitativo dos casos de AIDS. Isso mostra a influência dos métodos diagnóstico. Epidemiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB Variações cíclicas: -As flutuações na frequência de uma doença ocorridas em um período maior que 1 ano – ciclos periódicos e regulares – oscilações se repetem periodicamente -Prever a ocorrência do evento / intervenção alteração no padrão da periodicidade desse evento -Adoção de medidas preventivas Variações sazonais: -Variações regulares na incidência de uma doença no período de um ano (estações/ritmos sazonais) -Toda sazonal é cíclica, porque as estações do ano se repetem -Estações do ano: no inverno ocorrem mais infecções respiratórias; em períodos chuvosos é comum a ocorrência de dengue, malária, acidentes ofídicos -Períodos específicos – finais de semana, feriados, acidentes de transito, violência, afogamento, etc. Variações irregulares: -Não tem um padrão -São alterações irregulares na incidência de doenças, diferente do esperado – processo epidêmico Nos períodos chuvosos, ocorre aumento nos casos de Leptospirose Não há um padrão da ocorrência de febre Tifóide Epidemiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB EVOLUÇÃO TEMPORAL DAS DOENÇAS Tendência secular ou histórica Anos ou décadas Variações cíclicas ≥ 1 ano Variações sazonais Até 1 ano (estações do ano) Variações irregulares Sem padrão EPIDEMIA Elevação do número de casos de uma doença ou agravo, em um determinado lugar e período de tempo, caracterizando, de forma clara, excesso em relação à frequência esperada Não está relacionado com a ocorrência de grande número de casos da doença, e sim com o aumento dos casos quando comparados ao esperado (doenças erradicadas) CURVA EPIDÊMICA Gráfico dos casos da doença ocorridos durante o período epidêmico Elementos: Ponto inicial – ainda em níveis endêmicos. Egressão – superação do limiar endêmico superior. Progressão – crescimento progressivo da incidência. Incidência Máxima Regressão – retorno aos níveis iniciais de incidência. A curva me diz onde foi o aumento dos casos, e se esse aumento foi acima do esperado. Epidemiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB TIPOS DE EPIDEMIA Epidemia por fonte comum: veiculação do agente por meio de uma única fonte de contaminação. Ocorre exposição simultânea (ex: dengue – a contaminação é por um agente específico e a disseminação é maior) Epidemia progressiva: epidemia de progressão lenta, transmitida de pessoa para pessoa (ex: tuberculose – a contaminação é menor que a dengue, porque são menos pessoas envolvidas com o doente, fora que ele vai estar isolado Partindo do limiar endêmico, ocorre um aumento do número de casos até atingir a incidência máxima. Aí você entra com intervenções para regredir a doença até retornar ao limiar endêmico Esse gráfico traça a organização de um período endêmico da poliomielite, depois ocorre um aumento acima do esperado (picos epidêmicos) e a partir da década de 80 ocorreu o processo de eliminação. Como está eliminada, se hoje tiver um caso sozinho de poliomielite, já é considerado epidemia.
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