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15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 1/28 jusbrasil.com.br 15 de Abril de 2018 Corte internacional de justiça A Corte Internacional de Justiça - CIJ, com sede em Haia (Holanda), é o principal órgão judiciário da ONU, oBedecendo seu funcionamento ao que estipula seu Estatuto - ECIJ, que é parte integrante da Carta da ONU. Todos os membros das Nações Unidas são parte do ECIJ. Estados não-membros das Nações Unidas podem tornar-se partes do ECIJ, obedecendo às condições estipuladas para cada caso pela Assembléia Geral - AG, à recomendação do Conselho de Segurança - CS. Todos os países que fazem parte do ECIJ podem recorrer a ela sobre qualquer caso. Outros Estados poderão fazê-lo sob certas condições estipuladas pelo CS, que pode encaminhar à CIJ qualquer controvérsia jurídica. A competência da CIJ se estende a todas as questões a ela submetidas pelos Estados e a todos os assuntos previstos na Carta da ONU e nos tratados e convenções em vigor. Os Estados podem comprometer-se antecipadamente a aceitar a jurisdição da CIJ em determinados casos, seja por meio de tratados ou convenções que estipulem o recurso à CIJ ou por meio de uma declaração especial nesse sentido. Tais declarações aceitando a jurisdição compulsória da CIJ podem, contudo, excluir determinados tipos de questões. Formação Em 1907, foi criada a Corte de Justiça Centro Americana, de curta duração, que acabou sendo extinta pelos abusos cometidos. O Tratado de Versalhes de 1919, ao elaborar o Pacto da SDN, estabeleceu o Projeto de tribunal permanente de justiça internacional. A Corte Permanente de Justiça Internacional foi instalada em 05/02/1922, mas só começou a funcionar em 15/06/1922, em Haia e, com a ocupação da Holanda pelos nazistas, foi para Genébra. Encerrou suas atividades em 1940, tendo proferido 32 sentenças e respondido a 27 consultas. Na Conferência de São Francisco se determinou que a CIJ teria Estatuto próprio como o principal órgão judiciário da ONU. Na realidade, houve uma clara sucessão (embora não objetivamente direta), porque muitos juízes da CIJ já vinham da CPJI. Composição PUBLICARPESQUISAR 134 1 https://www.jusbrasil.com.br/?ref=logo 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 2/28 A CIJ, de funcionamento permanente, se compõe de 15 juízes escolhidos conjuntamente pela AG em conjunto com o CS, em lista de nomes apresentada pelos Estados e eleito o magistrado que obtenha a maioria de votos nos dois órgãos da ONU, não podendo figurar dois juízes do mesmo Estado. Existe ainda o juiz ad hoc de jurisdição temporária e indicado por Estado que não tenha magistrado permanente, para examinar e decidir temas de seu interesse. Os juízes têm mandato por 9 anos, podendo ser reeleitos. Seus julgamentos são tomados em sessão plenária e se instalam desde que tenha quorum de 9 juízes. Pode, entretanto, formar câmaras com três ou mais juízes, conforme determinar a CIJ. Além disso, a pedido das partes, a CIJ poderá formar câmara especial com 5 juízes para resolver sumariamente a questão proposta. De modo geral, suas decisões se baseiam nos critérios do direito de tradição civilista e do common law para interpretação do direito aplicado. Capacidade postulatória Apenas o Estado como sujeito de DIPu poderá postular qualquer ação ou requerimento ante a CIJ (art. 34 do ECIJ), excluídos litígios envolvendo OIs ou indivíduos. Esses Estados deverão ser obrigatoriamente membros da ONU e aqueles Estados não membros (Suíça, p. Ex.), mas autorizados pela AG e CS a tornar-se parte no Estatuto da CIJ e mesmo Nações não integrantes do Estatuto (como foi o caso da República Federal da Alemanha e do Vietnã do Sul) podem ter acesso à CIJ, nas condições fixadas pelo CS. As OIs não podem ser partes (autora e ré), mas são chamadas para fornecer informações. O indivíduo não tem nenhum acesso à CIJ, a não ser por via do seu Estado nacional, quando este endossa sua pretensão. Competência A Corte só poderá decidir matéria de ordem jurídica internacional, nenhuma decisão da CIJ poderá envolver-se em problema político interno ou externo de qualquer natureza. O artigo 36 nº 2 do ECIJ taxativamente enumera os conflitos de ordem jurídica (interpretação de tratado, qualquer questão de direito internacional, qualquer fato estabelecido que constitui violação de obrigação internacional, natureza e extensão da reparação devida pela ruptura de compromisso internacional), sendo sua obrigação decidir de acordo com o direito internacional. Embora a CIJ decida apenas com o DI, nada impede que ela aprecie litígio envolvendo lei interna que produza ilícito internacional (ex.: crime de genocídio). A competência da CIJ é convencional. Na jurisdição da CIJ, a solução está subordinada à postulação das partes, de modo que se elas quiserem resolver suas rusgas por arbitragem, não haverá qualquer interferência da CIJ. Matéria contenciosa Evidentemente que, desde que demanda contenciosa seja submetida à Corte, a decisão da matéria tem força obrigatória pelo artigo 59 do Estatuto e se tornará definitiva pelo seu artigo 60, uma vez que o artigo 94 da Carta da ONU estabelece a 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 3/28 obrigatoriedade de conformar-se com a decisão da CIJ e, se não cumprir o decidido, a parte contrária pode exigir do CS sua execução forçada. Matéria consultiva Pelo artigo 96 da Carta da ONU, os Estados poderão apresentar consultas sobre os temas previstos no artigo 36 nº 2 do Estatuto, mediante autorização da AG, poderão fazê-lo também as agências especializadas da ONU e instituição vinculada. Como diz o artigo 96, os pareceres são consultivos e, portanto, não obrigam ninguém a adotá-los. Direito aplicado A CIJ aplica, nas matérias de sua competência, o direito previsto no artigo 38 do Regulamento da CIJ, ou seja as fontes de DIPu. A decisão ex aequo et bono prevista noç art. 38 pode levar a CIJ a decidir segundo seus critérios pessoais, não apenas sem fundamentação em qualquer direito, como também contra qualquer direito. Como as decisões da CIJ se originam de competência convencional e como as partes podem requerer que ela decida o tema ex aequo et bono não poderá a CIJ basear-se em direito estrito como fundamento de decidir, porque estaria violando a res deducta (o pedido). Quando muito, ela poderá julgar-se incompetente para fazê-lo. Procedimento - arts 39-64 do ECIJ Há duas línguas oficiais: inglês e francês, as partes podem utilizar-se outra língua para o procedimento, mas a sentença, entretanto terá que lavrada naquelas línguas. O requerimento será endereçado ao Secretário da Corte ou Escrivão (greffier), que vai notificar todos os interessados, o Secretário Geral da ONU e outros Estados que tenham direitos envolvidos. Há duas fases no procedimento: escrita e oral. Na escrita, devem ser apresentados todos os requerimentos e documentos necessários ao andamento da lide. O procedimento oral será presidido pelo Presidente ou pelo Vice Presidente (na eventual impossibilidade de ambos, presidirá juiz mais velho na Corte). As audiências serão públicas (salvo decisão contrária da Corte) e será lavrada ata dos debates, depoimentos das partes e testemunhas. Encerrada a instrução, a Corte deliberará em segredo. As decisões serão tomadas por maioria simples e só em caso de empate decidirá também o Presidente. A decisão deverá ser fundamentada e os juízes participantes serão nomeados na decisão. A sentença será assinada pelo Presidente e pelo Secretário ou Escrivão, será notificada às partes e lida em audiência pública. Será obrigatória e inapelável, cabendo, entretanto, pedido de esclarecimentos de pontos obscuros, algo semelhante a embargos declaratórios. Poderá, entretanto, haver revisão, se novosfatos anteriormente ignorados forem descobertos após a sentença, desde que não originados de negligência da parte interessada. O prazo para a postulação da revisão é de seis meses a partir do conhecimento do fato novo e nenhuma revisão poderá ser requerida, depois de dez anos da sentença. Qualquer Estado que tenha interesse no processo poderá interferir e receberá notificação e cópia de todos os atos praticados diante da Corte. 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 4/28 Críticas à atuação da CIJ - Impossibilidade da Corte executar suas sentenças. A parte cumpre ou não. A eventual execução estará a cargo do CS, o que torna muito difícil a sua realização. - Tendência de banalização da ONU adotada pelos grandes Estados na atualidade. O surgimento de novas potências, como os BRICS, pode alterar esta situação de engessamento da ONU. - Julgamento de autoridades. A tentativa dos palestinos de levarem o ex-primeiro- ministro israelense Ariel Sharon diante da CIJ foi frustrada. Em 14/02/02, a CIJ decidiu que líderes de governos passados e presentes não poderiam ser julgados por crimes de guerra por um Estado estrangeiro, por causa de sua imunidade diplomática, só podendo ser responsabilizados em seu próprio país. E ainda salientou que a decisão não tem qualquer relação com o julgamento do ex- presidente iugoslavio, Sloban Milosevic, alegando que o mesmo estaria sendo julgado por um organismo internacional, a ONU, e não por um governo estrangeiro. Tribunal Penal Internacional Em 11 de abril de 2002, em Nova York, a alguns passos das ruínas do World Trade Center, a Assembleia Geral da ONU proclamava a criação do Tribunal Penal Internacional (TPI). Mais de 60 países assinaram o Tratado proposto em Roma em 1988. Além de não retroagir, o TPI - que tem caráter permanente - propõe-se a ser complementar aos ordenamentos jurídicos internos das nações, a não julgar crimes cometidos antes de sua instalação, posteriores a adesões e a respeitar a tipificação pactuada. Assim sendo, o julgamento só poderá se dar com fatos descritos no Tratado. Embora sendo tipificado pelo Estatuto de Roma, quando o crime estiver sendo apreciado pelo judiciário do Estado onde os fatos se deram, não lhe caberá jurisdição internacional alguma, cabendo primariamente aos Estados a primeira instância para assumir a responsabilidade da investigação e julgamento dos crimes eventualmente cometidos em seu território. O TPI só será chamado a intervir quando os Estados signatários não puderem ou - por motivações políticas - não quiserem processar os responsáveis por crimes cometidos. Essa repressão deverá ser realizada pelas autoridades locais, com o reforço da cooperação internacional. Responsabilidade do Estado de punir em seu território crimes internacionais, em atenção aos princípios da ONU, preservação da autodeterminação, da comunidade internacional, da eminência da jurisdição nacional e justiça internacional. Objeto O Estatuto do TPI (promulgado pelo Decreto nº 4.388, de 25/09/2002) descreve que a criação do TPI visa à repressão dos crimes cometidos ao longo das guerras do século XX, para evitar impunidade e repetição. Segundo o Estatuto de Roma, a Corte estará exercendo sua jurisdição com relação aos crimes mais graves, de transcendência para a comunidade internacional em seu conjunto (art. 5 do ETPI). http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/99584/decreto-4388-02 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 5/28 Isto significa que a Corte apreciará os casos onde a repercussão se da de tal forma que, muitas vezes, impedem que o próprio Estado onde o crime ocorreu possa devidamente apreciá-lo. Sua competência se dará diante dos seguintes crimes: crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra, e crimes de agressão (ameaça ou ruptura da paz internacional). Os elementos dos crimes ainda não descritos serão aprovados pelo voto de pelo menos dois terços dos membros da corte. Composição Destaca-se o art. 36 porque, além de um elenco mais amplo de requisitos, nele fica clara a intenção de dar ao tribunal um perfil com predominância técnico-jurídico, afastando, na medida do possível, sua politização. São órgãos do TPI a Presidência, a Seção de Recursos, a Seção de julgamento em primeiro grau, a Seção de instrução, o Gabinete do Procurador e a Secretaria. Forma o TPI colégio de 18 juízes indicados pelos Estados integrantes do TPI e cuja eleição será realizada pela Assembléia dos Estados-partes. Procedimento O inquérito é instaurado pelo Procurador com os dados fáticos que chegarem a seu conhecimento e tramitará pela Seção de instrução, podendo ela determinar a detenção ou o comparecimento perante o juízo. Faz apreciação prévia da admissibilidade da acusação e designa-se audiência de instrução, quando as provas serão realizadas (testemunhas ou documentos). Terminada a instrução, o Presidente do TPI designa a Seção de julgamento que se constituirá na sede do TPI (Haia), em audiência pública. Julgamento Não havendo unanimidade, a Seção julgará por maioria. A sentença será escrita, com exposição completa do fato e fundamentada a matéria apreciada e baseada nas provas. Haverá a pena de prisão perpétua, prisão detentiva até o máximo de 30 anos, multa e perda dos produtos do crime. Das decisões do TPI, caberá recurso para a Seção de recurso e revisão. A execução das penas será feita pelo Estado indicado pelo TPI, ressalvada a não indicação e não aceitação, quando, então, a execução se fará no Estado anfitrião (Holanda). Organização Internacional Do Trabalho A OIT, com 183 Estados-membros, é a agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho (em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adotada em 1998: (i) liberdade 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 6/28 sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; (ii) eliminação de todas as formas de trabalho forçado; (iii) abolição efetiva do trabalho infantil; (iv) eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social. Formação e princípios O Tratado de Versalhes previa a constituição da OIT como pessoa jurídica de direito internacional público, com sede em Genébra, e como órgão autônomo da SDN. Foi por esse motivo que o Brasil, desligando-se da SDN em 1926, continuou membro da OIT e os EUA que nunca ratificaram a SDN, entraram para a OIT em 1934. Em 1944, os delegados da Conferência Internacional do Trabalho adotaram a Declaração de Filadélfia que, como anexo à sua Constituição, constitui, desde então, a carta de princípios e objetivos da OIT. Esta Declaração antecipava em a adoção da Carta das Nações Unidas (1946) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), para as quais serviu de referência. Para a Conferência de Filadélfia o trabalho não é mercadoria, a liberdade de expressão e de associação é fundamental para o progresso social, a pobreza onde quer que esteja é ameaça para a paz e prosperidade, cada Nação deve criar instrumentos para atendimento das necessidades sociais do trabalhador, todos os seres humanos têm direito a progresso material, desenvolvimento espiritual em liberdade, dignidade, segurança econômica e igual oportunidade. Estrutura da OIT Cada Estado membro da Organizaçãopode enviar 4 delegados (2 governamentais, 1 patronal e 1 dos trabalhadores) que formam o órgão diretivo da OIT. - Conferência Internacional do Trabalho (CIT) É o órgão máximo da Organização e se reúne uma vez por ano, com a presença dos seus delegados, conselheiros e assessores dos Estados, representantes de diversos organismos internacionais e da ONU. À CIT compete: elaborar convenções, recomendações e resoluções a serem adotadas por Estados membros; examinar a forma de aplicação das convenções adotadas pelos Estados; decidir admissão de Estados não membros da ONU; aprovar credenciais dos delegados admitidos às sessões e elaborar o orçamento. - Conselho de Administração (CA) É o órgão da administração da OIT e se reúne três vezes por ano para examinar e adotar a política geral da Organização. 56 membros: 28 dos Estados, 14 dos empregadores e 14 dos empregados. - Birô Internacional do Trabalho (BIT) http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 7/28 É uma repartição técnico-administrativa, presidida pelo Diretor Geral, nomeado pelo CA com mandato por 5 anos e cuja principal função é coordenar o centro mundial de documentação e investigações dos temas de competência da OIT, além de editar material e periódicos de interesse da Organização. O BIT se desdobra no Centro Internacional de Aperfeiçoamento Profissional e Técnico, sediado em Turim e no Instituto Internacional de Estudos Sociais, sediado em Genébra. Estrutura da OIT Cada Estado membro da Organização pode enviar 4 delegados (2 governamentais, 1 patronal e 1 dos trabalhadores) que formam o órgão diretivo da OIT. - Conferência Internacional do Trabalho (CIT) É o órgão máximo da Organização e se reúne uma vez por ano, com a presença dos seus delegados, conselheiros e assessores dos Estados, representantes de diversos organismos internacionais e da ONU. À CIT compete: elaborar convenções, recomendações e resoluções a serem adotadas por Estados membros; examinar a forma de aplicação das convenções adotadas pelos Estados; decidir admissão de Estados não membros da ONU; aprovar credenciais dos delegados admitidos às sessões e elaborar o orçamento. - Conselho de Administração (CA) É o órgão da administração da OIT e se reúne três vezes por ano para examinar e adotar a política geral da Organização. 56 membros: 28 dos Estados, 14 dos empregadores e 14 dos empregados. - Birô Internacional do Trabalho (BIT) É uma repartição técnico-administrativa, presidida pelo Diretor Geral, nomeado pelo CA com mandato por 5 anos e cuja principal função é coordenar o centro mundial de documentação e investigações dos temas de competência da OIT, além de editar material e periódicos de interesse da Organização. O BIT se desdobra no Centro Internacional de Aperfeiçoamento Profissional e Técnico, sediado em Turim e no Instituto Internacional de Estudos Sociais, sediado em Genébra. Ação Normativa da OIT A OIT aprova convenções e recomendações para os Estados membros. As convenção são os tratados internacionais. Elas se constituem fonte formal de DIPu, depois de ratificadas, porque, nesse sentido, ela se integra na legislação interna do Estado. Em se tratando de atos vinculados a direitos humanos, a atual redação do artigo 5º da Constituição Federal eleva as Convenções da OIT ao patamar de Emenda à constituição, desde que atendido o quorum previsto no seu § 3º por força da Emenda Constitucional 45/2004. Já as recomendações (da mesma forma como as convenções não ratificadas) se constituem fonte material de direito, http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/96987/emenda-constitucional-45-04 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 8/28 servindo como orientação para o judiciário que a utiliza como princípios norteadores da política laboral, uma vez que elas se limitam a sugerir aos Estados a adoção de medidas sociais do trabalho. ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS Atualmente, a OEA conta com 35 estados- membros, os Estados independentes das Américas, que, a partir de 1990, definiram como prioridade dos seus trabalhos o fortalecimento da democracia e assuntos relacionados com o comércio e integração econômica, controle de entorpecentes, repressão ao terrorismo e corrupção, lavagem de dinheiro e questões ambientais. Evolução Motivos que levaram as Nações americanas à formação do bloco geopolítico e geoeconômico: a) Independência das 13 colônias britânicas no lado atlântico do norte, que passou a significar o anseio de liberdade das nacionalidades que se formavam nas Américas. Caos que a Revolução Francesa e Bonaparte criaram no solo europeu. b) A doutrina do panamericanismo, intimamente ligada à independência e unificação do território dos EUA e das Américas Central e do Sul. c) Após o Congresso de Viena de 1815, as potências da época (Rússia, Áustria, França e Prússia) formaram a Santa Aliança que objetivava a retomada das possessões coloniais perdidas com as guerras européias. d) Doutrina Monroe de que nenhuma Nação estrangeira teria o direito de imiscuir- se nos problemas internos da América, porque os Estados americanos eram livres em seus governos e deliberações. Esta mesma doutrina foi, mais tarde, acusada por outros países latino-americanos de ser uma forma de imperialismo norte- americano. Formação A) 1ª Conferência Internacional dos Estados Americanos de Washington, em 1889/1890. Em razão de problemas internos e da guerra de fronteiras entre Chile, Bolívia e Peru (acesso ao Pacífico) ela foi postergada por decisão dos EUA. Quando a guerra acabou decidiu-se instalar a União Panamericana, cuja sede ficaria em Washington. Aí está o embrião da OEA. B) 6ª Conferência Internacional dos Estados Americanos de Havana, em 1928. Aprovação do Código Bustamante sobre as normas de conflito em direito internacional privado e, para o direito público, foi aprovada a Convenção de Havana sobre o Direito dos Tratados, ambos os atos foram ratificados pelo Brasil. 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 9/28 C) Segunda Conferência Interamericana para a Manutenção da Paz e Segurança Continental de Petrópolis, em 1947. Assinatura do Tratado do Rio, em que se estabeleceu que o ataque contra qualquer Estado signatário implicaria em socorro imediato de todas as outras Nações americanas. O acordo designado como TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca) foi, inclusive, utilizado como exemplo para a constituição da OTAN. D) 9ª Conferência Internacional dos Estados Americanos de Bogotá, em 1948. Transformação da União Panamericana em Organização dos Estados Americanos, amoldando o tratado original (1889) para as realidades atuais do pós-guerra. Foi condenado também o comunismo internacional, declarando-o incompatível com a tradicional liberdade americana. Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Votou-se favorável ao desempenho do Banco Mundial, BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Estrutura da OEA. Examinando-se a Carta, verifica-se que o cerne da questão está na segurança da América, como claramente o diz o seu artigo 2º. Para preservar a integridade das Nações, a Carta adota os princípios fundamentais do direito internacional que vêm elencados exaustivamente no artigo 3º. Emendas: Protocolosde Buenos Aires de 1967, Protocolo de Cartagena das Índias de 1985, Protocolo de Washington de 1992 e Protocolo de Manágua de 1993. Carta Democrática Interamericana, de 11 de setembro de 2001, entre todos os países- membros da OEA. São órgãos da OEA - Assembléia Geral; - Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores; - Conselhos (Conselho Permanente e Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral); - Comissão Jurídica Interamericana; - Comissão Interamericana de Direitos Humanos; - Secretaria Geral; - Conferências Especializadas; - Organismos Especializados (Organização Panamericana da Saúde; Instituto Interamericano da Criança Comissão Interamericana de Mulheres; Instituto Panamericano de Geografia e História; Instituto Indigenista Interamericano; Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura) Atuação da OEA http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 10/28 Embora a Carta apregoe a igualdade das Nações, valendo seus votos pela interferência de cada parte e sendo inexistente o direito a veto, a OEA não está livre também de interferência do sócio mais poderoso (EUA). As interferências na Guatemala (1954), a intervenção na República Dominicana (1965) e complacência com as ditaduras na América Latina. Cuba foi suspensa da OEA em 31 de janeiro de 1962, após o seu governo declarar o caráter socialista da Revolução Cubana e se aliar à URSS. De fato, tratava-se da exclusão do governo de Cuba e não do Estado. Embora a participação de Cuba estivesses suspensa, suas obrigações com relação à Carta da OEA, à Convenção Americana de Direitos Humanos e etc., ainda se mantinham. A suspensão foi revogada em 2009. Tantos grupos foram criados para procurar o desenvolvimento latino-americano (Alalc, Aladi, Mercosul, Comunidade Andina), sem que a OEA interferisse para seu incremento e desenvolvimento. O Acordo Nafta acabou criando o cordão de isolamento entre o Norte e o Centro-Sul americano e a OEA praticamente silenciou. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS É um órgão judicial autônomo que tem sede em São José (Costa Rica), cujo propósito é aplicar e interpretar a Convenção Americana de Direitos Humanos e outros tratados de Direitos Humanos. Os Estados devem reconhecer, em cada caso, a competência da Corte. A Corte exerce competência contenciosa e consultiva. Competência contenciosa Conhece dos casos em que se alegue que um dos Estados-membros tenha violado um direito ou liberdade protegido pela Convenção. As pessoas, grupos ou entidades que não sejam o Estado não têm capacidade de impetrar casos junto à Corte, mas podem recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A Comissão pode, então, levar os assuntos diante desta, sempre que o Estado questionado haja reconhecido sua competência. O procedimento junto à Corte é de caráter contraditório. Termina com uma sentença judicial motivada, obrigatória, definitiva e inapelável. Cabe embargos declaratórios. Competência consultiva Os Estados-membros da OEA podem consultar a Corte acerca da interpretação da Convenção Americana de Direitos Humanos ou de outros tratados concernentes à proteção dos Direitos Humanos no âmbito dos Estados americanos. Pode a Corte, ainda, a pedido de um Estado-membro da OEA, emitir parecer sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os mencionados tratados internacionais. Domínio Público Internacional - Domínio Fluvial 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 11/28 São nacionais os rios que correm inteiramente no território de um só Estado, e internacionais os que atravessam ou separam os territórios de dois ou mais Estados. Os internacionais ou são contíguos, quando correm entre territórios de dois ou mais Estados, ou são sucessivos, quando atravessam mais de um Estado. No primeiro caso, a soberania é exercida sobre o curso d'água compreendido no território respectivo. A navegação dos rios nacionais é regulada pelo Estado, e, dos internacionais pelos tratados. Em relação a estes últimos, a prática internacional tende à liberdade plena de navegação, mas não constitui princípio geral. Tudo pode ser resolvido através de tratados, principalmente quanto ao aproveitamento industrial ou agrícola das águas. A pesca, no entanto, pertence à nação dentro de cujo domínio se encontre a porção do rio, contíguo ou sucessivo, não se olvidando a realização de acordos para que a pesca em uma parte do rio não prejudique o outro Estado. - Domínio marítimo Mar territorial é a faixa marítima que ladeia a costa de um território. Faz parte das águas territoriais, porque estas compreendem o mar territorial e as águas internas. Quanto a estas últimas, não se vislumbra qualquer problema, já que partes do território estatal onde a soberania do Estado e completa. Em relação ao mar territorial, longa é a lista de direitos do Estado ribeirinho, tais como: direito exclusivo de pesca, de exploração e extração do seu leito e subsolo, de cabotagem, de policia, incluindo-se neste a faculdade de estabelecer regulamentos sobre sinais e manobras, instalação de bóias, serviços de pilotagem, de jurisdição civil e penal. Os navios mercantes que passam de forma inocente estão isentos da jurisdição local. Os crimes praticados em navios mercantes, se não tiverem qualquer relação com o Estado ribeirinho, não exigem solução deste, que não é competente. A Convenção de Genébra de 1958, em seu art. 19, estabelece que a jurisdição penal do Estado ribeirinho não se aplica nesses casos, salvo se as conseqüências da infração disserem respeito ao Estado, se perturbada a paz pública, se as medidas se fazem necessárias para a repressão do trafico ilícito de estupefacientes ou se a assistência do Estado ribeirinho tiver sido pedida pelo capitão do navio ou pelo cônsul do Estado. Os navios de guerra estão sempre isentos da jurisdição local. Em geral não se proíbe a passagem de navios de guerra, podendo ser regulamentadas as condições em que se fará. "Os submarinos são obrigados a navegar em superfície e arvorar o respectivo pavilhão" (art. 14.5 da Convenção de Genébra). Não se pode deixar de mencionar o direito do Estado ribeirinho de proceder a hot pursuit, que significa o direito de perseguir o navio estrangeiro que viola as leis e regulamentos do Estado soberano do mar territorial, iniciando-se ainda neste ou nas águas internas ou na chamada zona contigua ate alto-mar, somente cessando quando o navio perseguido entrar em mar territorial de terceiro ou no seu mar territorial. De qualquer forma, pode o Estado tomar medidas para efetuar prisões ou praticar atos de instrução a bordo de navios estrangeiros em passagem, vindos de águas interiores. A largura do mar territorial brasileiro é de 12 milhas marítimas (22 km), conforme a Lei n.º 8.617/93, que reduziu as anteriores 200 milhas. A zona contígua, segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Mar de 1982, é uma faixa de alto-mar, adjacente ao mar territorial, especificando, todavia, que este não pode estender-se além de 12 milhas a partir do fim do mar territorial. Na zona contígua pode o Estado ribeirinho exercer fiscalização aduaneira, fiscal, http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109270/lei-do-mar-lei-8617-93 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 12/28 sanitária ou de imigração, porque se trata da porta de entrada do mar territorial. Existem, ainda, os chamados "mares internos", porções de água salgada cercadas de terra que podem ou não ter comunicação com o mar livre - mares fechados e mares abertos. Os lagos diferem por serem compostos por água doce. As águas dos golfos ou baíasinternas e os estuários dos rios são nacionais e têm conotação diversa do mar territorial, pois ali não existe o direito de passagem inocente, o mesmo ocorrendo com os portos e ancoradouros. - Estreitos e canais Os estreitos e os canais, como vias de comunicação entre dois mares, os primeiros são obras da Natureza, e os segundos, resultados de transformações feitas pelo Homem. Tanto os mares internos como os estreitos e canais terão a soberania do Estado a que pertencem, ou, se abrangerem mais de um Estado, aplicar-se-ão as regras de soberania partilhada, gozando os navios do direito de passagem inocente. Podem existir regulamentações convencionais específicas, como as dos canais de Suez, de Kiele e do Panamá. - O solo marítimo A "plataforma submarina ou continental“ é uma espécie de planície submarina que se inclina gradualmente até grande distância do litoral, com profundidade de até 200 metros. Nessa área o Estado costeiro pode explorar os recursos naturais e outros não vivos do leito do mar e do subsolo, bem como organismos vivos pertencentes as espécies sedentárias, até à margem continental, mas coloca o limite das 200 milhas a partir da linha de base. - Zona Econômica Exclusiva A Lei n. 8.617/93, adota o conceito de zona econômica exclusiva para as 188 milhas adjacentes. Também chamada de" Amazônia azul "ou" território marítimo "brasileiro, é uma área de 3.660.955km² que inclui as áreas contíguas aos arquipélagos brasileiros (Brasil requereru aumento para 4,4 milhões de km² perante a Comissão de Limites das Nações Unidas). As ilhas e estados arquipelágicos têm direito a definir a sua ZEE, mas excetuam-se as ilhas artificiais ou plataformas, assim como os rochedos sem condições de habitabilidade. Estados sem litoral têm direito de participar, em base equitativa, do aproveitamento excedente dos recursos vivos (não recursos minerais, portanto), mediante acordos regionais e bilaterais. Antártida é atualmente o único continente onde não existem ZEEs, já que o Tratado da Antártida proíbe a exploração econômica predatória exclusiva no continente. - Alto-mar O alto-mar não pertence a nenhum Estado. É res communis usus para os Estados. A liberdade, nessa parte, é indiscutível, e os Estados podem navegar, pescar, colocar cabos e oleodutos submarinos, construir ilhas artificiais, sobrevoar - tudo exclusivamente com fins pacíficos. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109270/lei-do-mar-lei-8617-93 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 13/28 - Domínio aéreo Quanto ao domínio aéreo, a dificuldade é que as fronteiras não são demarcadas de forma visível, é de igual forma o limite vertical. O espaço aéreo de um Estado corresponde ao espaço atmosférico acima do seu solo e mar territorial. Tem-se que o espaço aéreo superior à atmosfera é res communis, havendo direito natural de passagem, desde que inofensiva. DIREITOS E DEVERES DOS ESTADOS Direitos - Princípio básico Os direitos decorrem do próprio ato de existência soberana do Estado. Assim, por ela o Estado exerce a soberania que se exterioriza na autodeterminação interna, na proteção territorial contra invasão e agressão, na jurisdição, na sua personalidade jurídica internacional (produção de atos jurídicos internacionais, responsabilização por atos ilícitos internos e externos, acesso ao contencioso internacional, participar das organizações internacionais e estabelecer relações diplomáticas). - Espécies de direito: A. Direito à existência Que se expressa na faculdade que o Estado tem de poder reger seus interesses internos, proteger seu território (mesmo à força), liberdade de legislar para seus súditos e expressar sua autonomia externa. B. Direito de igualdade Nas Assembléias Gerais, os Estados têm o mesmo voto. No entanto, para a tomada de decisão do Conselho de Segurança os direitos dos Estados ficam restritos, em função da desigualdade do peso que a responsabilidade dos seus atos produz. A outra consequência da igualdade é que nenhum Estado pode reclamar o direito de jurisdição sobre outro Estado. C. Respeito mútuo O Estado é formado pela Nação que, por sua vez, aglomera costumes, tradições, princípios, religião e forma de exteriorização de seus próprios anseios culturais (língua, bandeira, hino, símbolos heráldicos). Nenhum Estado e nenhuma pessoa podem violentar esses componentes que exteriorizam os fundamentos do Estado. D. Direito de defesa 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 14/28 É direito autônomo em relação à existência do Estado, porque desde que injustamente agredido surge o natural direito de defender-se. A defesa que se fundamenta na auto-ajuda não deve ultrapassar os limites por ela fixados, porque, então, não haveria a defesa, mas agressão. Assim, os conceitos de legítima defesa, de contra- ataque militar e de contra-medida, são complexos no DIPu, devem ser analisados em relação ao conceito de agressão, quando a auto-ajuda decorre da iminência da agressão. Por esse motivo, a ONU estabeleceu parâmetros para a definição da agressão com a adoção da Res.3314, de 14/12/1974, como veremos no estudo das medidas coercitivas internacionais. Deveres - Morais Atos que decorrem da própria necessidade de convivência das Nações, como a cortesia internacional. Embora seja muito difícil definir os limites entre deveres morais e jurídicos, de modo geral entende-se tratar-se de dever moral receber navios e aeronaves em condições de estado de necessidade, socorro marítimo em caso de naufrágio, incêndio ou qualquer sinistro grave a bordo, medidas sanitárias que impeçam propagação de epidemias, cooperação para administração da justiça (extradição com compromisso de reciprocidade), respeito à decisão de tribunais internacionais a que o Estado recorreu e execução de boa-fé dos compromissos firmados. - Jurídicos Esses deveres tornam-se mais transparentes, porque decorrem de atos de regramento convencional das relações das Nações e da não-intervenção nos negócios internos de outros Estados. A. Atos convencionais Com relação aos atos de regramento convencional, geralmente se coloca a imunidade de jurisdição, porque ela visa privilegiar cargos e funções voltados para o convívio das Nações, de forma que se não houvesse tal imunidade os atos praticados pelos responsáveis ficariam sempre à deriva. Neutralidade permanente é outra acepção dos deveres do Estado pela não participação em conflitos, com exceção de invasão do território, como decidiu a Suíça (desde o Congresso de Viena de 1815) e a Áustria (desde 1955, quando se tornou independente). B. Não-intervenção A autodeterminação das Nações é um cânone no DIPu e representa o outro lado da moeda que se expressa na não- intervenção (diplomática, armada, individual por um só Estado ou coletiva por muitos). A não-intervenção está prevista na Carta da OEA (artigo 19) e na Carta da ONU (artigo 2º, nº 7) como dever das Nações. No entanto, o DIPu admite a intervenção nos casos abaixo: 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 15/28 a) Motivos Humanitários Quando o Estado em que se intervém adota situações de tamanha violência e discriminação a seus súditos, como talvez na Guerra da Iugoslávia, no resgate israelita de Entebe, nas matanças de Ruanda. b) Guerra Civil Alguns autores fazem restrição à tal intervenção, para evitar excessiva intervenção estrangeira nos assuntos internos da Nação. Outros a admitem desde que sua finalidade seja para afastar o perigo de alastramento da rebelião. Algumas presenças como as forças da OTAN na guerra da Iugoslávia e, recentemente, no Haiti são exemplos. Há algum tempo, os EUA intervieram na Nicarágua, dado que o alastramento da revolução estava atingindo El Salvador e o Panamá. c) Libertação de nacionaisMedida tradicionalmente tomada pelos Estados mais fortes, em relação a Estados mais fracos. Recentemente, o exército israelita resgatou judeus em Entebe e, no governo de Jimmy Carter, americanos foram seqüestrados em Teerã, tendo havido tentativa frustrada de resgate. d) Interesses nacionais em país estrangeiro Esse argumento foi usado nas Américas, durante o período da descolonização e, mesmo após a Carta da ONU, os soviéticos praticaram duas intervenções (Tchecoslováquia e Hungria), para proteger seus interesses. RESPONSABILIDADE DOS ESTADOS Conceito A responsabilidade decorre de dano causado aos direitos de um particular, Estado ou Ois, pelas OIs e Estados. Características Não se busca provar a intenção do dano, mas a simples culpa por negligência, imprudência ou imperícia, basta que tenha havido afronta ao DIPu e ocorrência de dano, como no caso de falta de diligência na manutenção da segurança no território de um Estado. Não há responsabilidade objetiva como regra geral, ela surge em tratados específicos sobre atos lícitos perigosos, como a Convenção de Viena sobre responsabilidade civil por danos nucleares, de 21/05/1963; Convenção de Londres sobre responsabilidade civil por danos decorrentes de poluição por óleo resultante de exploração de recursos minerais do subsolo marinho de 01/05/1977; Convenção de Londres – Moscou e Washington sobre http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110606/lei-de-responsabilidade-civil-por-danos-nucleares-lei-6453-77 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 16/28 responsabilidade internacional por danos causados por objetos espaciais de 22/03/1972; e Convenção da ONU sobre transporte de produtos perigosos por rodovias, ferrovias ou barcos de navegação. Fundamentos da responsabilidade São condições para a responsabilidade internacional do Estado ou da OI: - Ilicitude internacional Para este efeito, ilícito é o ato contrário ao DIPu, emsuas diversas fontes, praticado por Estado ou OI. O que se tem em vista não é a ilicitude local ou interna do Estado onde o fato se deu, mas a ilicitude contra o DIPu. - Imputabilidade Por óbvio que, por se tratar de DIPu, só poderá ser imputável um sujeito que tenha personalidade internacional absoluta (os Estados e as OIs), porque os outros entes (ONGs e indivíduos) não têm representatividade nos tribunais internacionais. Exceção feita ao indivíduo julgado pelo TPI. - Dano O dano é condição indispensável para que exista a responsabilidade. Não apenas o dano material (o efetivo prejuízo ou a impossibilidade de lucrar), como também o dano moral, a violência à incolumidade física e moral da vítima. Proteção diplomática e funcional - Endosso O Estado pode conceder proteção diplomática a seus nacionais que sofreram algum dano em território estrangeiro causado pelo Estado local. Essa proteção não se confunde com a imunidade diplomática, ela se destina aos particulares (pessoas físicas ou jurídicas de direito privado) que não podem postular diante de cortes internacionais. Neste caso, o Estado de sua nacionalidade poderá encampar e postular o seu direito, o que se denomina endosso. São duas as condições para a proteção diplomática através do endosso: nacionalidade e esgotamento dos recursos internos. a) Nacionalidade O Estado somente poderá endossar a pretensão do seu nacional, tenha ele uma ou mais nacionalidades. Nesse caso, qualquer um dos Estados poderá endossar. Para tal fim, será necessário que o lesado tenha a nacionalidade do endossante de forma contínua e efetiva, ou seja, tenha nacionalidade e laços sociais (residência, família) com o Estado endossante no momento da prática do ilícito e no momento do endosso. 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 17/28 b) Esgotamento dos recursos internos Em litígios envolvendo particulares e Estado estrangeiro, é necessário que o particular tenha esgotado todos os recursos internos administrativos e judiciários à sua disposição no Estado estrangeiro. O que o DIPu exige para sua intervenção é que tenha havido a denegação da justiça em favor do Estado estrangeiro, sem apreciação do mérito do litígio. - Proteção funcional Da mesma forma, uma OI pode proteger um agente que sofreu um ilícito a seu serviço. O vínculo de nacionalidade é substituído pelo funcional (caso Bernadotte, Recueil CIJ, 1949, p. 183). - Cláusula Calvo O argentino Carlos Calvo criou uma doutrina de grande êxito na prática e na jurisprudência internacional. Segundo ela, tanto para os estrangeiros quanto para os nacionais, as cortes locais devem ser as únicas vias de recurso contra a Administração de um Estado. O endosso deveria ser negado pelos Estados a seus nacionais inconformados com decisões internas estrangeiras. Uma cláusula de renúncia à proteção diplomática é comumente encontrada em contratos públicos envolvendo empresas privadas e governos de Estados latino-americanos. A doutrina internacional e países do hemisfério norte condenam essa cláusula, alegando que o direito de proteção diplomática pertence ao Estado e não ao particular, por isso este não poderia renunciar a ele. Ilícito internacional Quando o Estado é responsabilizado, ele o é pelos atos praticados por aqueles representantes que ‘se pronunciam’ em seu nome. Os representantes do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário é que podem violentar o DIPu, quando seus atos funcionais são imputados ao Estado, mesmo aqueles realizados com excesso de poder. A prática de ilícito por particulares só levará à responsabilidade do Estado quando este falhou em prevenir ou reprimir o ato. No caso das violências cometidas em Teerã após a queda da monarquia, a CIJ considerou que o Irã deveria ser responsabilizado pelos atos de particulares por não ter coibido estes atos, devendo, portanto, estes particulares serem assimilados a agentes do Estado iraniano. Conseqüências da responsabilidade O Estado não pode ser autor de crime e, portanto, incriminado. A responsabilidade é apenas compensatória por prejuízo, tanto material quanto moral. No prejuízo material, devemos ainda considerar o efetivo prejuízo e o lucro cessante. - Reparação 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 18/28 Evidentemente trata-se aí de restabelecer a ilicitude pela volta ao estado anterior ou, sendo isso impossível, a indenização do dano causado, tão completa quanto se o ato não tivesse existido. Isso não significa que todo ilícito possa ser indenizado pecuniariamente. - Satisfação Quando não houver prejuízo material ou materializável, mas exclusivamente dano moral, não há no DIPu como converter em pecúnia a violência (ex.: injúria à bandeira ou ao chefe de Estado). As penas são as de desagravo público, pedido formal de desculpas, demissão e punição dos responsáveis. Causas de exclusão da responsabilidade - Legítima defesa Os atos praticados no desenrolar da auto- ajuda serão considerados atos legítimos que não produzem responsabilidade para o Estado que se defende. Todavia, se a auto- ajuda se tornar excessiva ou não se enquadrar nos parâmetros do DIPu, naturalmente poderá implicar em responsabilidade, nos limites do excesso, porque como visto acima o Estado é responsabilizado por ato do seu representante mesmo quando houver excesso. - Represálias A justificativa da represália está na existência de ato prévio e anteriormente praticado, lesivo aos interesses do Estado represador e que haja a necessária proporcionalidade entre o ato lesivo e a represália, caso contrário haveria, naturalmente, uma lesão ao DIPu. Mesmo nesses casos, ainda se deve analisar se o represador não poderia usar outros meios lícitos ao seu alcance para impedir a ilicitude. - Culpa do lesado Muitas vezes, o lesado, seja Estado, OI ou indivíduo,contribuiu para a produção do ato ilícito, de maneira direta ou indireta, porque podendo evitá-lo, não o fez. Nos julgamentos de Nuremberg contra os crimes nazistas, o argumento mais reiteradamente repetido pelos comandantes Nazistas era a atribuição da culpa aos vencedores da I Guerra, pela destruição da indústria alemã, pela tomada de suas colônias e pela asfixiante indenização de guerra. Quando acusados do Holocausto, afirmavam que os judeus é que se sacrificaram, porque nunca reagiram. Na verdade, inúmeras tentativas de resistência judaica foram reprimidas pelos Nazistas. SUCESSÃO DE ESTADOS E OIs Sucessão de Estados 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 19/28 Transfere a soberania de um território para outro Estado, com a consequente mudança do Estado. - Modalidades de Evolução: A. Anexação e incorporação forçada Quando há a incorporação de Estados por tratado internacional ou anexação forçada de um Estado por outro. A república Árabe Unida (RAU) é o exemplo típico da primeira e a anexação da Áustria pela Alemanha nazista é o exemplo da segunda. B. Cisão de Estados Nesse caso, o que se tem é que determinado território é dividido em partes, onde se instaura novo Estado. Foi o que aconteceu com o Estado Árabe (RAU), quando a ONU aprovou o Estado de Israel. Da mesma forma, no Brasil, quando da constituição do Uruguai. Na época da descolonização americana, a Grande Granada foi cindida em Colômbia (da qual também se cindiu o Panamá) e Venezuela. C. Fusão de Estados Quando vários Estados se unem formando novo Estado como aconteceu com a unidade italiana em 1860, alemã em 1870. - Efeitos jurídicos do processo evolutivo: A. Quanto aos Tratados Na anexação, os tratados se encerram para o anexado que deixa de existir, mas aqueles tratados formados pelo Estado anexante passam a ter vigência no anexado. Na fusão, acabam todos os Estados, surgindo novo. Então, é natural que todos os tratados desaparecem por não ter mais objeto, ficando, entretanto possibilitada a sua recepção pelo novo Estado, evidentemente, sem qualquer obrigação. Na cisão, acabam-se os antigos, fazendo-se novos. B. Quanto às dívidas Na anexação, deverá ser assumida pelo Estado anexante. Na fusão, o novo Estado agora formado ficará responsável pela divida existente. Na cisão, o novo Estado assume a dívida pertinente. C. Quanto aos bens Na anexação, os bens dos anexados passam para o anexante. Na fusão, passam para o novo Estado. Na cisão, os bens passam para o Estado em cujo território esteja. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 20/28 D. Quanto à nacionalidade e lei Na anexação, a nacionalidade e a lei serão agora regidas pelas do Estado anexante. Na fusão, as duas passarão a ser as do novo Estado. Na cisão, cada Estado regulará a nacionalidade e a lei, de acordo com a sua em cujo território exerça a soberania. Sucessão de OI A. Conceito OI constituída por Estados independentes, com personalidade jurídica internacional e capacidade de concluir acordos internacionais. B. Princípio básico a) não tem a perpetuidade dos Estados, exatamente porque são constituídas por tratados internacionais, podendo, então haver alteração nos seus destinos. b) objetivos e patrimônio passam para a sucessora, como em qualquer sociedade. Tudo dependerá das disposições convencionais que estabeleçam a forma de sucessão (anexação, transformação, fusão e cisão). Temos visto casos de transformação (ALALC para ALADI) e talvez se possa classificar de incorporação ou anexação o caso singular da ONU em relação à SDN. Outros casos também significativos pela sua atualidade é o Mercosul, em relação à ALADI e o GATT em relação à OMC. SOLUÇÃO PACIFICA DE LITÍGIOS INTERNACIONAIS Somente após a I Guerra se pensou em tribunais internacionais para solucionar pacificamente as controvérsias internacionais e, mesmo assim, com muitas restrições por falta de meios coercitivos de execução de suas decisões. Há uma tendência à especialização dos tribunais internacionais. Surgiram várias cortes administrativas para solucionar controvérsias no âmbito de diferente OIs. A criação do TPI e dos painéis da OMC, além da possibilidade por organismos pertencentes à ONU poderem consultar a CIJ. O aumento do uso dos meio alternativos de solução de controvérsias, com a arbitragem, a mediação e a conciliação. Meios Diplomáticos A negociação direta entre as partes varia segundo a gravidade do problema. Podem ser bilaterais (entre duas pessoas de DIPu), ou multilaterais. Ela caracteriza-se por grande informalidade, sempre conduzidas segundo os usos e costumes internacionais. Tais negociações podem chegar à vários resultados, como a desistência, quando um Estado renuncia à sua reivindicação; aquiescência, quando um Estado reconhece a reivindicação do outro; e transação, quando os Estados fazem concessões recíprocas. A consulta consiste numa troca de opiniões 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 21/28 entre dois ou mais Estados interessados num litígio internacional para que possam alcançar uma solução que agrade a todos. Tal método figura no continente americano, mais precisamente no âmbito da OEA. A mediação consiste na interposição de um ou mais Estados ou OI, entre outros Estados para se solucionar pacificamente um litígio, podendo ser oferecida ou solicitada, sendo que seu oferecimento ou recusa não deve ser considerado ato inamistoso. O mediador participa ativamente das negociações, mas não procura impor sua vontade, procedendo com intuitos desinteressados. Os bons ofícios são a tentativa amistosa de um ou vários Estados ou OIs de abrir via às negociações das partes interessadas ou de reatar as negociações que foram rompidas. Sendo assim, o terceiro Estado seria um simples intermediário que coloca em presença os Estados litigantes para os levar entrar em negociações, ao contrário da mediação. O congresso ou conferência internacional é formado quando a matéria ou assunto em litígio interessa a diversos Estados, ou quando se tem em vista a solução de um conjunto de questões sobre as quais existem divergências. As comissões internacionais de inquérito ou de investigação são comissões criadas para facilitar soluções de litígios internacionais ou para elucidar fatos controvertidos, tendo como função específica investigar os fatos sobre os quais versa o litígio, mas sem se pronunciarem sobre as responsabilidades, ou seja, o relatório não é obrigatório. Na conciliação, um órgão que tem confiança comum dos Estados litigantes, após procedimentos com certa formalidade, apresenta suas conclusões sobre a questão litigiosa, na forma de relatório opinativo, no qual irá propor um acordo entre os litigantes e um prazo para que estes se pronunciem. Difere dos procedimentos de investigação pela possibilidade de os conciliadores emitirem opiniões valorativas e formularem sugestões aos Estados litigantes, embora os Estados não sejam obrigados a aceitarem a solução proposta. Meios Jurisdicionais A arbitragem é o meio de solução pelo qual os litigantes elegem um árbitro ou um tribunal para dirimir o conflito. Estes são geralmente escolhidos através de um compromisso arbitral que estabelece as normas a serem seguidas e onde as partes contratantes aceitam previamente a decisão a ser tomada, que deve ser apresentada como sentença definitiva, salvo se o contrário foi previsto no respectivo compromisso, ou se é descoberto um fato novo que poderia determinar a modificação da sentença. O compromisso arbitral deve conter, no mínimo, o objeto do litígio, o compromisso de submeter a questão à arbitrageme o método de formar o Tribunal e o número de árbitros. A sentença arbitral é, em princípio, secreta. Há três tipos de arbitragem: 1º) Realizada por chefes de Estado: Incomum nos dias de hoje. Os árbitros são os chefes de Estado, todos em pé de igualdade, sem que haja um superior. 2º) Realizada por comissões mistas: essa “comissão mista diplomática” é formada por comissionários em número ímpar e tem o superárbitro para desempatar, geralmente escolhido entre os nacionais de terceiro Estado. A vantagem é que a questão é resolvida pelos próprios interessados e as decisões são legalmente motivadas. 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 22/28 3º) Realizada por Tribunal: Atualmente a arbitragem pode ser empregada em assuntos de menor importância, que não necessitam ser submetidos à CIJ, bem como em assuntos que as partes desejarem uma solução rápida. O tribunal arbitral desaparece com a resolução do litígio. A sentença arbitral é sempre obrigatória e vinculante. A solução judiciária consiste em se submeter o litígio a um tribunal judiciário, composto de juízes independentes, com investidura pretérita ao litígio e subsiste à sua solução. Principal corte é a CIJ. Meios Políticos - ONU A Carta da ONU (art. 33 a 38) determina que nas controvérsias “de ameaça à manutenção de paz e da segurança internacional”, as partes litigantes deverão chegar à solução pacífica por qualquer um dos modos existentes no DI, ou por qualquer outro meio. Se a lide não for resolvida, as partes deverão submetê-la ao Conselho de Segurança, que, nos casos de ameaça à paz, pode fazer recomendações e também decidir sobre as medidas a serem tomadas. A Assembléia Geral tem a competência de fazer recomendações, criar comissões de bons ofícios e indicar mediadores, geralmente o Secretário Geral da ONU. - OEA No âmbito da OEA, temos o sistema consultivo como modo de solução pacífica dos litígios internacionais. A Comissão Interamericana de Solução Pacífica dos Litígios é o órgão de conciliação e investigação da OEA. Meios Coercitivos de solução de controvérsias internacionais - Introdução Findos os meios pacíficos de resolução de controvérsias internacionais e, entendendo o Estado soberano, ou a OI, que as demais soluções fracassaram, seja pelo desinteresse da parte adversa em resolver a obrigação, ou pela falta de exequibilidade da solução apresentada, através de determinadas demonstrações de poder e influência as nações em litígios buscam o convencimento através da força. As partes não estão obrigadas a utilizar um ou outro meio, ou seguir qualquer ordem de eleição dos meios; podem escolher o que melhor lhes aprouver, não havendo entre os meios de solução de controvérsias qualquer hierarquia. - Classificação A Carta da ONU determina que os Estados resolvam suas diferenças por meios pacíficos, ou seja, sem o recurso ao uso da força (artigo 2-3). Diante do quadro apresentado pela Carta da ONU, as medidas coercitivas podem desdobrar-se em 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 23/28 bélicas e não-bélicas, que utilizam meios em progressão. 1. Não bélicas As medidas coercitivas não bélicas mais utilizadas são os seguintes: Retorsão, Represálias, Embargo, Bloqueio Pacífico, Boicote e Rompimento das Relações Diplomáticas. Para alguns autores, o embargo, o bloqueio pacífico e o boicote são meios de represália e devem ser estudados juntamente com esta. Essa distinção não tem consequências práticas, por isso preferimos estudá-los separadamente. 1.1 Retorsão Consiste numa espécie da aplicação da lei de Talião. É a aplicação de meios ou processos idênticos aos que lhe foram ou estão sendo empregados pelo Estado agressor, a fim de restabelecer o status quo ante. Consiste, em geral, em simples medidas legislativas ou administrativas. Accioly destaca que a retorsão “inspira-se no princípio da reciprocidade e no respeito mútuo, que toda nação deve ter para com as demais. Não é ato de injustiça, nem violação de Direito; mas, também, não pretende ser punição”. Podem ser citados como exemplos: fechamento do acesso de portos de um Estado aos navios de outro Estado; a concessão de certos privilégios ou vantagens aos nacionais de um Estado, simultaneamente, com a recusa dos mesmos favores aos nacionais de outro Estado - aumento de tarifas de um determinado produto alfandegário. Alguns anos atrás, os brasileiros para entrarem nos Estados Unidos precisavam ser identificados, isso era uma medida de segurança para evitar entrada de terroristas. O Brasil, devido ao constrangimento causado aos brasileiros, retribuiu da mesma forma, fazendo com que os Americanos quando chegassem ao país fossem identificados também. 1.2 Represálias As represálias são medidas coercitivas, derrogatórias das regras ordinárias do DIPu, tomadas por um Estado em consequência de atos ilícitos praticados, em seu prejuízo, por outro Estado e destinadas a impor a este, por meio de um dano, o respeito do Direito. São formas de autotutela justificadas por representar uma resposta a uma violação anterior ao DIPu, situação similar a uma espécie de legítima defesa de interesses. Distingue-se da Retorsão, por se basearem na existência de uma injustiça ou da violação de um direito; ao passo que a Retorsão é motivada por um ato que o DIPU não proíbe ao Estado estrangeiro, mas que causa prejuízo ao Estado que dela lança mão. São requisitos da represália: a existência de um ato anterior contrário aos princípios e ao regramento do DIPu; a impossibilidade de empregar outros meios para que o Estado ofendido obtenha reparação; a proporcionalidade entre a ação sofrida e as ações empregadas pelo Estado lesado; e, a tentativa anterior do Estado de obter a satisfação desejada do Estado violador. As represálias são consideradas negativas quando o Estado se nega a cumprir determinada obrigação, decorrente de um tratado, ou executa atos que lhe são proibidos. São positivas quando um Estado pratica, ativamente, atos contra pessoas e bens do Estado com quem está em litígio. Podendo, também, ser classificadas em armadas ou não armadas. Suas modalidades mais utilizadas são: o 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 24/28 sequestro de bens e de valores pertencentes ao Estado, ou a seus nacionais; a interrupção das relações comerciais; a expulsão de nacionais do Estado que transgrediu as normas internacionais, ou a sua prisão como reféns; a recusa de executar os tratados vigentes ou sua denúncia, a retirada dos privilégios e favores concedidos aos cidadãos do Estado; e a ocupação do território, como medida coercitiva. Recentemente os Estados Unidos estava subsidiando o algodão americano que começou a concorrer com o algodão brasileiro no nosso mercado interno. Devido a essa situação, o Brasil sobretaxou produtos importados dos Estados Unidos, o motivo maior dessa medida foi a disparidade dos subsídios atrapalhando o crescimento econômico. 1.3 Embargo É uma forma especial de represália que consiste no sequestro, em tempo de paz, de navios e cargas de nacionais de um Estado estrangeiro, ancorado nos portos ou em águas territoriais do Estado que pratica essa ação. Não se confunde, em nenhum momento, com o “direito de angária”, onde um Estado solicita os navios mercantes estrangeiros para o transporte de soldados e munições em troca de pagamento. Nem com o chamado “embargo do príncipe”, onde fica proibida a saída de navio do porto do Estado ou de suas águas territoriais por problemas sanitários ou por questões judiciárias ou policiais. Nenhum desses direitos representa medida coercitiva. 1.4 Bloqueio Pacífico O Bloqueio Pacífico constitui outra forma de represália. Consiste em impedir, por meio de força armada, as comunicações de um Estado com osdemais membros da sociedade internacional, objetivando obrigar o Estado coagido a proceder de determinado modo. Trata-se de um dos meios de que o Conselho de Segurança da ONU pode recorrer para obrigar determinado Estado a proceder de acordo com a Carta da ONU. O bloqueio pacífico só pode ser empregado após o fracasso das negociações; ele deve ser feito após notificação oficial prévia; ele só é obrigatório entre os navios dos Estados em litígio, e não para terceiros. Os navios apreendidos no litígio devem ser devolvidos após o bloqueio. Bloqueio do porto do Rio de Janeiro, de 31/12/1862 a 06/01/1865, pelos navios britânicos. Foram confiscados navios mercantes brasileiros que tentavam entrar no Porto do Rio, como medida de reparação em consequência da questão Christie motivada pelo naufrágio do Prince of Wales e da prisão de oficiais ingleses à paisana envolvidos em briga com brasileiros. Não há consenso para classificar se o bloqueio pacífico é ou não legítimo. Em maio, Israel atacou barcos que estavam próximos à faixa de gaza, a invasão foi de forma violenta, segundo reportagens televisivas algumas pessoas morreram e outras ficaram feridas, o que se comentou foi que os barcos estavam em água internacionais, sendo assim, o bloqueio não poderia ter acontecido. 1.5 Boicote 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 25/28 É uma forma de represália consubstanciada pela interferência nas relações comerciais, econômicas ou financeiras com um Estado considerado ofensor dos nacionais ou dos interesses do Estado que aplica a medida. Consiste, especificamente, na proibição de que sejam mantidas relações comerciais com os nacionais de Estado que violou as regras de DIPu. Também pode compreender a interrupção de eventual assistência financeira e das relações comerciais. Boicote dos EUA à Cuba desde 1962. A Carta da ONU, em seu artigo 41, prevê o boicote como uma das medidas a serem tomadas para tornar efetivas as decisões do Conselho de segurança. A ONU utilizou o boicote no combate ao Apartheid, na África do Sul em 1984, impondo sanções econômicas como forma de pressão para que cessasse a política de segregação racial constante naquele momento, na África do Sul. O Canadá suspendeu as importações de carne bovina brasileira, alegando que o gado estava contaminado pelo mal da vaca louca, isso causou um grande desentendimento, pois, na realidade tal alegação não era verídica, havia sim uma guerra comercial entre os dois Estados envolvendo a exportação de aeronaves, e o Canadá estava tentando prejudicar o Brasil usando esta alegação. A atitude do governo Brasileiro foi a de interromper a tramitação de todos os acordos comerciais com o Canadá. 1.6 Rompimento das Relações Diplomáticas É o pedido de retirada de toda missão diplomática do Estado violador e a ordem de retorno dos representantes do Estado acreditados no território do outro Estado. É o corte das relações amigáveis, com consequências comerciais e políticas. Geralmente é ato unilateral e discricionário, porém, será obrigatório quando houver uma resolução internacional neste sentido. A inviolabilidade dos locais da missão é mantida, assim como a imunidade dos agentes diplomáticos. Um terceiro, chamado de potência protetora, passa a representar os interesses do estado com o qual foram rompidas as relações. Essa ruptura não implica, necessariamente, no rompimento de relações consulares e econômicas. Pode resultar da violação, por um deles, dos direitos do outro. Mas pode também ser empregada como meio de pressão de um Estado sobre outro Estado, a fim de o forçar a modificar a sua atitude ou chegar a acordo sobre algum dissídio que os separe. É utilizada quando o litígio chega a um ponto extremo em que não é mais possível diálogo entre as partes interessadas (previsto no art. 41 da Carta da ONU). Em 2010, a Venezuela por meio de seu presidente Hugo Chaves anunciou a ruptura das relações diplomáticas coma Colômbia, isso pelo motivo do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, ter declarado que Hugo Chaves demonstra apoio às FARC, o presidente da Venezuela contesta as declarações, e ameaçou o outro Estado economicamente. USO DA FORÇA EM DIPU Introdução Não existe guerra boa ou justa, nos dias atuais. Desde o Tratado de Westphalia de 1648, passando pelo Congresso de Viena de 1815 e pelo Tratado de Versalhes de 1919, as Nações vêm buscando meios instrumentários de DIPu para evitar a guerra. Veja-se o caso do Pacto Briand-Kellog de 1928, firmado em Paris por 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 26/28 influência dos ministros Aristide Briand (França) e Frank Kellog (EUA) que expressamente condenava a guerra, foi ratificado pela quase totalidade das Nações ocidentais, mas não impediu a II Guerra Mundial. O homem é o lobo do homem! Em termos jurídicos, a guerra pode ser conceituada como todo conflito armado entre dois ou mais Estados, durante um certo período de tempo e sob a direção dos seus respectivos governos, com a finalidade de forçar um dos adversários a satisfazer a vontade do outro. As guerras civis não são consideradas guerras para o DIPu, por não envolverem mais de um Estado. A regra é a proscrição completa do uso da força, as exceções devendo ser interpretadas restritivamente. Três exceções ao imperativo da Paz justificam o uso da força: a) aquelas em que as Nações Unidas, por meio do Conselho de Segurança da ONU - CS, empreenderem o recurso à força (art. 2º (4) da Carta da ONU); b) aquelas referentes à luta pela autodeterminação dos povos (Resolução 2625-XXV da AG, de 1970); c) legítima defesa (art. 51 da Carta da ONU)". Legítima Defesa A possibilidade de um Estado atacar outro em legítima defesa é um princípio geral de DIPu e autoriza o recurso à guerra por um Estado desde que imediatamente ao sofrimento de uma agressão injusta, atual ou iminente, e de forma proporcional. O direito à legítima defesa foi reconhecido na Carta da ONU, nos termos do seu artigo 51, que limitou seu exercício à ocorrência de uma agressão injusta prévia, impossibilitando a chamada legítima defesa preventiva. - Tipos criticados de Legítima Defesa a) Legítima defesa preventiva Não previsto na Carta da ONU, mas aplicado na prática. EUA vs. Cuba, no caso dos mísseis soviéticos em 1962; Israel vs. Iraque, para destruição do reator nuclear em 1981; EUA vs. Líbia, por atos terroristas em 1986; EUA vs. Iraque em 2003, para a destruição de armas de destruição massiva. b) Legítima defesa em disputa de território Não tem sido admitida pela ONU, porque perde a característica de iminente agressão e uma vez que para esses casos existem soluções mais pacíficas. Mas a agressão para anexação de território disputado tem sido considerada ilegítima, como foi o caso da guerra das Malvinas e da atuação da OLP. c) Legítima defesa coletiva Embora o artigo 51 da Carta da ONU a preveja, ele não a define. Certamente que sua incidência demandará tratado multilateral entre os Estados interessados, como foi o caso da 2ª Guerra do Golfo de 1990. No entanto, o uso reiterado desta figura (República Dominicana em 1960, Cuba em 1962, Vietnam em 1964 e Iugoslávia em 1999) demonstra que se trata de um ponto fraco da ONU na atualidade, frente aos riscos de radicalização preconceituosa ou fundamentalista. 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 27/28 Validade da Legitima Defesa - Preventiva A legítima defesa prevista na Carta da ONU é a resposta a um risco grave iminente e atual, onde se combate a agressão armada efetivamente ocorrida. Já a doutrina da legítima defesa preventiva, contestada por muitos autores, prega o uso preventivo da força contra uma mera intenção hostil. O conceito de legítima defesa está intimamente ligado ao de agressão. A Cartada ONU não define qual seria o conceito de agressão. O CS pode qualificar atos de agressão em conformidade com as disposições da Carta (artigo 4º). Percebe-se, portanto, que cabe ao CS discricionariamente definir caso a caso um ato como ataque armado. A "Proibição Total do Uso Preventivo da Força", é a visão dominante que no conceito tradicional de guerra justa o uso preventivo da força é estritamente proibido. A força somente é autorizada nos casos em que um ataque mesmo que ainda não tenha ocorrido, está na iminência irrefutável de ocorrer (força inimigas estão de fato mobilizadas com intenção agressiva clara, ou mísseis e aviões já foram lançados ou decolaram em direção a um território). Mas, na prática, não é sempre possível esperar que o risco identificado previamente de uma destruição em massa seja efetivado. O "Princípio da manutenção do Status Quo dos Estados", defende a tese que o uso preventivo da força é proibido no DIPu a menos que tenha recebido uma autorização do CS. No entanto, o poder de veto dos membros permanentes e todas as nuances políticas que permeiam a sua atuação impedem o CS de agir mesmo quando efetivamente há a comprovação de uma ameaça a paz, que através de uma ação preventiva coordenada e responsável, poderia ser afastada antes de causar os seus prejuízos reais. O direito à guerra (ius ad bellum) Na atualidade, a guerra está proscrita. Mas a existência da guerra é um fato inegavel e não pode ser ignorado. A Carta da ONU eliminou a guerra entre Estados (isolada ou coletivamente), mas atribuiu ao CS decisões para a efetivação da guerra (artigos 42 e 46). Então, o direito à guerra, atualmente, é de atribuição exclusiva do CS. O CS é dotado de amplos poderes discricionários para dotar medidas coercitivas que revertam ou cessem a ameaça, inclusive o emprego das forças armadas, conforme os arts. 40 e 41 da Carta da ONU. O uso da força somente poderia ser autorizado pelo CS nos casos que ele determinar como de ameaça ou de ruptura efetiva da paz e da segurança internacionais, contudo, as medidas coercitivas são aplicadas em variadas situações, desde que convenientes para os membros permanentes. A intervenção coercitiva, desde que autorizada pelo CS, não pode ser classificada como ilegal. Mas numa entidade como a ONU, que pretende distribuir igualitariamente o poder, a decisão sobre a aplicação da medida de força deveria pertencer a órgãos diferentes, para se evitar arbitrariedades e excessos. Não é o que ocorre na ONU onde o CS pode, sozinho, identificar e eliminar as ameaças à paz e à segurança. A decisão tomada pelo CS não é passível de revisão por outro órgão. O direito aplicável no desenrolar da guerra (ius in bello) 15/04/2018 Corte internacional de justiça https://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica 28/28 O ius in bello é o aglomerado de dezenas de tratados internacionais relativos à guerra, disciplinando a conduta e os armamentos adotados nas guerras. Desse fato, quando os beligerantes ultrapassam os limites estabelecidos para o desenrolar da guerra, surgirão os crimes de guerra, que são julgados pelo TPI. Após a proscrição da guerra pela ONU, vieram atos internacionais de direito humanitário para socorro, tratamento e cuidado em razão da guerra, bem como atos para o desarmamento mundial, especialmente para a não-proliferação de armas nucleares. Entre elas as quatro Convenções de Genébra sobre a guerra de 1949 (Tratamento de feridos e enfermos em campanha; Tratamento de feridos, enfermos e náufragos das forças do mar; Tratamento dos prisioneiros de guerra e Proteção dos civis em tempo de guerra). fontes: http://www.dudh.org.br/declaracao/ http://www2.câmara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes- permanentes/cdhm/comite-brasilei... http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4388.htm http://www.oas.org/pt/ http://www.onu.org.br/ Disponível em: http://lmonteiro.jusbrasil.com.br/artigos/178638138/corte-internacional-de-justica http://www.dudh.org.br/declaracao/ http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/comite-brasileiro-de-direitos-humanos-e-politica-externa/EstCortIntJust.html http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4388.htm http://www.oas.org/pt/ http://www.onu.org.br/
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