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ula 18: Estu do de caso: Favela Tour e o Código de Ética da OMT O qu e é o Favela Tour? Alguns operadores do Favela Tour (turismo em favelas) apresentam/vend em es sa prática co mo sendo uma experiência educativa, abordando uma visão aprofundada da sociedade cario ca. Alguns críticos de Turismo levantam questionamentos sobre a té que ponto essa prática almeja um desenvo lvimento socioeconômico para comunidades ou a pena s trata -se de mais um prod uto oportunista que, ao mesmo tempo que banaliza uma cultura, o btém lucros através da curiosid ad e dos turis tas (SERSON). O mod elo de Favela Tour que id entifica mos nos dias de hoje, s egue esses moldes d esde o iníci o da d écada d e 1990, mais precisamente em 1992, quando iniciaram -se as primeira s vis itações às favelas ca riocas – a Rocinha, num primeiro mo mento. Na ocasião (1992), o corria o evento Eco -92 na cidade d o Rio de Janeiro , quando autorid ad es presentes empreendimentos visitas aos “morros” carioca s com o intui to d e conhecer de perto o padrão de vida das comunidades mais carentes (SERSON). Turismo em favelas não é para qualquer um. Os críticos dizem que observar o s mais pobres e ntre os pobres nã o é turismo. É voyeur ismo. Segundo eles, os passeios são uma exploração e não têm vez no itinerár io dos viajantes ma is ético s. Por outro lado .... Não é be m assim, dizem os defensor es do tur ismo nas favelas. Ignorar a po breza não vai fa zer com que ela desapareça. “O turis mo é uma das poucas ma neiras pel as quais eu ou você seremos capazes de entender o que significa a pobreza”, diz Harold Goodwin. Ele e outros especialistas, não é se os passeios nas favelas dever iam existir, ma s sim como eles devem ser conduzidos. O caso Favel a T our Trechos da seção 5.2 “Compreendendo a Situa ção do Turismo na Favela da Rocinha e os Impacto s Oca sionados pela Atividade”, do artigo científico “Turismo em Fa velas: Um estudo de ca so na Favela da Rocinha na Cidade do Rio de Janeiro”, d e Ivair Segheto Júnio r, Cassiano Caon Amorim e Suellen Ribeiro Simões : 1. É sabido que o truísmo transfo rma o s lugares de acordo com o que é prop osto e o que se leva em consideração. No caso do turismo nas favelas fica difícil imaginar que estes l ugares po deriam um dia ser consider ados um atrativo turístico, por ém as variedades de lugares que se aproveit am para o uso da at ividade são muitas vezes inusitadas como é o caso que se e studa. 2. A at ividade turística carrega os impactos tanto negat ivos quanto positivo s. Pode -se pensar na questão social em que pesso as de níveis diferentes em contato po dem gerar desco nfort o p ara ambos o s lados. 3. Na questão cultural, o turismo permite o intercâmbio de cul turas, já que nessas favelas o público al vo são os estra ngeir os. É válido r essaltar que grande parte do s moradores nascidos na Ro cinha não a trocam por nada, gerando assim o fato r característico de pertencimento de determinado local. 4. Segundo L age e Milone, outro imp acto cultur al , ago ra negativo, se ria o fato de t ransformar os produt os artesanais em produtos industrializados. 5. Os impacto s econômico s são os de maior percepção. Com o aumento do turismo, mais divisas a local idade recaberia. Porém, no que se pode perceber, os moradores não têm contato dire to co m dinheiro, já que as agências alegam repassar uma parte para a associação de morador es e investir em projetos sociais. 6. Juntamente com o turismo, vários recursos são destinados a um melhor atendime nto destes, como é o caso dos projetos que foram destinados à urba nização das favelas, o s vário s projetos de pousadas já existentes, entre outros. 7. A questão da ge ração de emprego s percebe-se que todos os trabalha dores l igado s à atividade nã o são moradores da Rocinha. Trabal ham para essas empresas turísticas e são credenciados p ela Embratur. 8. Quando se fala da questão dos impactos sociais, po de -se destacar o fato dos diferentes nív eis so ciais acarretarem o efeito demonst ração onde os moradores imit ariam os turistas. As difere ntes real idades seriam percebidas por pessoas tão ‘distantes’. Porém pode-se considerar que os turista s que se envolvem com essa experiência saem da favel a com o pensamento difer ente em relação à comunidade e ao espaço como um todo, esclarecendo a verdadeira realidade. Este fato é prova de que o turismo nas favelas tem o objetivo de desmistificar o fato de a favela estar vinculada a bandidagem. 9. O t urismo fabrica ou modifica os espaços par a que se possa uti lizá-lo para suprir as necessidades dos diversos turistas. Essas mudanças podem ser benéficas para a população ou às vezes não. Mudanças essas que po ssibilit arão uma maior capacidade de gerir a at ividade alcança ndo result ados, de acor do com a pro posta. Um exemplo para utilizar a própria população da favela seria: capa citar tecnicamente mo rado res jovens da comunidade para que eles pud essem ser os “guias locais” que iriam passar com riqueza de detalhes o cotidiano da favela. E também aproveitá - los em outras funções como agentes divulgadores do projeto, motoris tas dos veículos (jipes), funcioná rio de manutenção dos veículo s nas garagens dos mesmos, entre o utras funções. Há aquelas que se preocupam com a responsabilidade socia l que pode ser a plicad a ao caso, mos trando aos turistas um outro lado da favela , essencia lmente cultural, no qual s e valoriza a atuação social de cada morador e se id entifica m os potenciais existentes dentro d a comunidade, d eixando de lado a apelação em que s e vê apenas pobreza e violências. 8. Quando se fala da questão dos impactos sociais, po de -se destacar o fato dos diferentes nív eis so ciais acarretarem o efeito demonst ração onde os moradores imit ariam os turistas. As difere ntes real idades seriam percebidas por pessoas tão ‘distantes’. Porém pode-se considerar que os turista s que se envolvem com essa experiência saem da favel a com o pensamento difer ente em relação à comunidade e ao espaço como um todo, esclarecendo a verdadeira realidade. Este fato é prova de que o turismo nas favelas tem o objetivo de desmistificar o fato de a favela estar vinculada a bandidagem. 9. O t urismo fabrica ou modifica os espaços par a que se possa uti lizá-lo para suprir as necessidades dos diversos turistas. Essas mudanças podem ser benéficas para a população ou às vezes não. Mudanças essas que po ssibilit arão uma maior capacidade de gerir a at ividade alcança ndo result ados, de acor do com a pro posta. Um exemplo para utilizar a própria população da favela seria: capa citar tecnicamente mo rado res jovens da comunidade para que eles pud essem ser os “guias locais” que iriam passar com riqueza de detalhes o cotidiano da favela. E também aproveitá - los em outras funções como agentes divulgadores do projeto, motoris tas dos veículos (jipes), funcioná rio de manutenção dos veículo s nas garagens dos mesmos, entre o utras funções. Há aquelas que se preocupam com a responsabilidade socia l que pode ser a plicad a ao caso, mos trando aos turistas um outro lado da favela , essencia lmente cultural, no qual s e valoriza a atuação social de cada morador e se id entifica m os potenciais existentes dentro d a comunidade, d eixando de lado a apelação em que s e vê apenas pobreza e violências. O Código de Ética da O MT (Organização Mundial do Turismo) Art. 1º Contr ibuição do turismo par a o en tendimento e respeito mútuo entre h omens e a sociedade 1. A compreensão e a promoção dos valores ético s comuns da hum anidade, em um espírito de tolerância e r espeito à diversidade, às crenças religiosas, filosóficas e morais são, por sua vez, o fundamento e a consequência de um turismo r esponsável. 2. As atividades turísticas se organizarão em har monia com a s peculiaridades e tradições das regiões e países recepto res, respeitando suas leis e costumes. 3. Tanto as comunidades receptoras como os agentes profissionais locais terão que aprender a co nhecer e r espeitaros tur ista s q ue os visitam , informar-se sobre sua forma de vida, seus gostos e suas expectativas. A educa ção e a fo rma ção que competem aos profissio na is contr ibuirão para uma r ecepção hospitaleir a ao s turistas. 4. As autoridades públ ica s têm a missão de assegurar a proteção do s turistas e dos v isitantes, assim como de seus pertences. Ficarão com o encar go de prestar at enção especial aos turist as informação, prevenção, prot eção, seguro e assistência específicos que correspondem a s suas nece ssidades. 5. Em seus deslocamento s, os turistas e visitante dev erão evitar todo o ato criminal ou considerado delinquent e pelas leis do país que visitam, bem como qua lquer comportamento que possa chocar a população local, ou ainda, danificar o entorno do lugar. 6. Os turistas e o s visitantes têm a responsabilidade de info rmar-se desde sua saída, sobr e as características do país que se dispõem a visitar. Mesmo assim serão conscientizados dos riscos de sa úde e seguros inerentes a todos os deslocam entos fora de seu entorno ha bitual, e deverão comportar -se de forma que diminua estes riscos. Art. 2º O turismo, instr umento de desenvolvimen to pessoal e coletivo 1. O turismo, que é uma atividade geralmente associada ao descanso, a diversão, ao esporte e ao acesso a cultura e a natureza, deve conceber-se e praticar-se como um meio privile giado de desenvolvimento individual e colet ivo. 2. As atividades turíst icas dev erão respeit ar a igual dade entre homens e mulheres. 3. A exploração de seres humanos, em qualquer de suas for mas, principalmente a sexua l, e em participar quando afeta as crianças, fere o s objetivos fundamentais do turismo e estabelece um a negação de sua essência. 4. Os deslocamentos por motivos de religião , saúde, educação e int er câmbio cul tural o u linguístico, constituem formas particularmente interessantes de turismo e merecem promover -se. 5. S erá favorecida a introdução de pro gramas de estudo, como intercâmbios turísticos, mostrando seus benefícios econômico s, sociais e culturais, mas, também, seus r iscos. Art. 3º O turismo, fator de desenvolvimento su stentável 1. Todos os agentes de desenvolvimento turístico têm o dever de proteger o meio ambiente e o s recurso s naturais, com perspectiva de um crescimento econômico constante e sustentável, que seja capaz de satisfazer equitativamente as necessidades e aspirações das geraçõ es presentes e fut uras. 2. As autoridade públicas nacionais, regionais e l ocais favorecerão e incentivarão todas as modalidades de de senvolviment o turístico que permitam preserv ar recursos naturais escassos e valiosos , em particul ar a água e a energia, e evitem no que for possível a produção de resíduos. 3. Se procur ar á distribuir no tempo e no espa ço os movimento s de turistas e visitantes, em particular po r intermédio das férias remuneradas e das férias escolares, e equilibrar melhor a frequência com a finalidade de reduzir a pressão que exerce a atividade turística no meio ambie nt e e de aumentar seus efeitos benéfico s no setor turístico e na economia local. 4. Se concede rá a infr aestrutura e se progra marão as atividades turísticas de forma que se proteja o patrimônio natural que constituem os ecossistemas e a diversidade biológica, e que se preservem as espécies em perigo da fauna e da flora silv estre. ad2 ÉTICA E TURISMO CEDERJ O est udo reali zado a naliso u o compo rtame n to ético de es t ud antes d a a tivi dad e tur ís tica di ante de di lemas éti co s de c u nho social , e co nô mi co e a mbi enta l, uma ve z q ue as s uas ações e deci sões a fetam diretame nte a soci eda de como um todo. Neste se n tid o, de mane i ra geral , os res ul tados da pesq ui sa apontara m q ue os a l u no s i ndi ca ram uma mai or percepção é ti ca em co nte xtos envol ve nd o dilemas eco nômi cos, o q ue coi nci d e com os res ultad os enco ntrados na pesqui s a, p ercebera m q ue o s operadores t ur ísti co s no tara m co nte úd os ma i s antiéticos em a lg umas sit uações. Po si ci onamentos é ti cos também ocorre ram e m ce nári os de co nte xtos ambie ntai s, p oré m já para o ce nári o de dilema soci al, o s al unos ap resentaram uma prope nsã o de fica rem pró xi mos ao po nto i nterme di ário da escala , nã o ha ve nd o assi m um res ul tado co ncl usi vo sobre o se u po nto d e vi sta éti co . As varia ções éti cas q ue sã o notá ve i s di ante da difere nça d os ce nári os estud ados, i nd i cam q ue o s es tud a ntes, p or serem tomadores de deci são, ne cessi tam de uma mai or sensi bi lida de ética ao lidarem com os dilema s da ati vi dad e t ur ísti ca, nã o co nsi d era nd o em s uas de ci sões apenas o “conse nso socia l ” como fo i obser vad o na a ná li se de regressão ao se consi derar como variá ve l depende nte as “i nte nções éti cas”. Isso i nd i ca q ue os alu no s da a tivi dade t ur ís tica preci sam desenvo lver post uras mai s éti cas, uma ve z q ue s ua s deci sõe s a feta m todos os g r upo s soci ai s. No rmas e a ná li se s éti cas tem q ue ser es timulad as e di sc utid as em ta i s ambie ntes, para q ue a s ua fo rmação pro fissi o nal a conteça da melho r for ma possíve l proporcio na nd o e dese nvol ve ndo age ntes sociai s consci e ntes e íntegros.
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