Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA LUÍS HENRIQUE DA SILVA AMÂNCIO TAREFA 1 GESTÃO DE REDES DE COOPERAÇÃO NA ESFERA PÚBLICA SÃO JOÃO DEL REI 2020 1 - Dentre as características das redes, apresente e explique os aspectos comuns existentes nos diversos conceitos de rede, segundo Cunha (2003) Em se tratando de redes organizacionais, por referir-se a um assunto amplo e complexo, geralmente, elas são definidas a partir de suas características. Cunha (2003, apud MALMEGRIN, 2015, pág. 18), identificou, entre outros, ao menos três aspectos que são característicos nos diversos tipos de redes, sendo eles: 1. Ação orientada para lógica coletiva: Os diversos stakeholders1 possuem interesses em comum, e agem de forma coordenada e colaborativa, a fim de otimizar os objetivos a serem alcançados. Como resultado, este aspecto possui ganhos sinérgicos em três perspectivas distintas e complementares: a) Econômica: Através da melhoria de processos com a troca de informações e know how2, que resultam em possível redução nos custos do processo, que resulta no aumento da rentabilidade. b) Capital Social: Se refere as redes de relacionamentos, intra e interorganizacional, que podem facilitar e aumentar o nível de confiança, cooperação e comunicação entre os diversos stakeholders envolvidos nos planos e projetos. c) Capital político: Visto como o reconhecimento da sociedade, muito ligado aos relacionamentos e parcerias feitas, a fim de atingir as metas estabelecidas. 2. Estabilidade Temporal: Se relaciona com a estabilidade dos vínculos de cooperação em uma rede, e a durabilidade das relações de cooperação que possibilitam o compartilhamento mútuo de aprendizado e o comprometimento duradouro entre os stakeholders. 3. Flexibilidade dos arranjos: Relaciona-se com a heterogeneidade dos agentes envolvidos e com as variadas percepções destes agentes, o que pode trazer externalidades3 decorrentes das soluções encontradas no processo de negociação entre as várias partes interessadas em determinada solução. Além disso, esta perspectiva também aborda a capacidade de absorção de novos conhecimentos e tecnologias suportada pela rede em funcionamento, a partir desta percepção é possível mensurar o grau de sensibilidade de uma determinada rede de cooperação quanto a novos vieses de informação, para que assim seja possível realizar novas adequações na fase de elaboração dos projetos, considerando as possíveis mudanças no ambiente tecnológico, ou novas informações obtidas durante a sua elaboração. 2 - As redes podem ser classificadas explicando múltiplos critérios, explique os tipos de redes resultantes do critério da autonomia. Assim como existem diversas conceituações de rede, também existem diversas definições quanto à sua tipologia, ou seja, podemos classificar um sistema em rede através do seu tipo de arranjo, um destes tipos se refere à autonomia de ação e de decisão que os agentes detém dentro do sistema. Assim, segundo Inojosa (1998), citada por Malmegrin (2015), uma rede pode se dividir em uma tipologia tripartite, podendo ser em rede autônoma, ou orgânica, ou seja, constituída por indivíduos e entes autônomos que possuem objetivos específicos e que passam a articular entre si, em favor de uma causa ou um ideal comum, porém, preservando suas respectivas identidades; rede tutelada, onde 1 Stakeholders: Qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar ou ser afetado pela consecução dos objetivos da organização. (tradução própria) 2 Know How: Conhecimento e técnicas resultantes da experiência prática. 3 Externalidade: Aqui entendida como os efeitos causados pelo processo de negociação entre uma ou mais partes que possuem soluções distintas para uma determinada situação. os indivíduos ou instituições possuem autonomia condicional, pois articulam suas ações sob o amparo de uma organização, que os mobiliza e modela em favor de um objetivo comum; ou em rede subordinada, onde os entes são pertencentes a uma organização ou um sistema que possui interdependência de objetivos. Assim, a rede independe de seus agentes, pois possui um único órgão que controla todas as ações. 3 - Em relação as classificações da rede no que concerne os tipos e os impactos na esfera pública, explique os tipos e redes na esfera pública em relação ao critério dos atores. Em relação à tipologia caracterizada pelos atores envolvidos, Loiola e Moura (1996), citado por Malmegrin (2015), identificam quatro tipos de redes relacionados ao relacionamento interpessoal, sendo: • Interpessoal: Tende a ser constituída por meio de interações comunicativas, focadas em trocas e ajuda mútua, através do compartilhamento de interesses comuns e de vivências em grupos ou localidades. Esse tipo de rede é bastante sensível ao serviço público, pois, apesar de ser uma rede interna, ela acaba eliminando as vantagens oferecidas pelas redes não estatais. • Movimentos Sociais: Aqui, a rede corresponde a articulação de grupos, organizações e indivíduos que se relacionam visando a mobilização de recursos, troca de dados, experiências e informações, a fim de reivindicar a formulação de políticas e projetos coletivos. Na esfera pública, trouxe soluções de flexibilidade, efetividade e a possibilidade do controle social sobre a prestação de contas de diversos serviços públicos. • Estado: Compreende o relacionamento entre as agências estatais entre elas próprias, ou com agentes da sociedade civil, organizações privadas, e até mesmo, grupos que estão aptos a enfrentar problemas sociais e implementar políticas públicas. • Negociadores: Neste caso, a rede assume a posição de intermediação entre os interesses da empresa e do mercado, levando à superação da hierarquia inflexível, característica de algumas empresas estatais, e da liberdade de movimento, característica do mercado. 4 - Identifique e explique os elementos morfológicos das redes. Trata-se dos elementos que definem as forma e formatos das redes organizacionais, são coordenados de forma interdependente, utilizando elementos de nós, posições, ligações e fluxos. Assim, é possível fazer a coordenação, divisão e integração das diversas funções de uma organização em benefício de um objetivo comum. Onde, os nós representam as atividades ou empresas como pontos focais do arranjo de uma rede; as posições representam a localização dos nós na estrutura de uma rede; as ligações representam a qualidade do relacionamento entre um nó e outro; e os fluxos representam os recursos que são trocados, podem ser tangíveis, como recursos físicos, ou intangíveis, como informações e conhecimento. 5 - Explique a rede tipo “rede infinitamente plana”. Um agente que está inserido em uma rede infinitamente plana, se depara com uma rede totalmente tutelada, onde a informação e o conhecimento é distribuído por um órgão central que possui o know how necessário para dividir com os outros nós inseridos na rede. Dessa forma, os nós agem de forma independente, buscando as informações, conhecimento e recursos apenas no nó central. 6 - A “rede infinitamente plana” é observada nas redes públicas, em especial, em caráter temporário para enfrentamento de epidemias. Pesquise sobre o SUS no enfrentamento da epidemia do COVID-19 e o esquema de rede infinitamente plana. Atendendo aos princípios da Universalidade, Integralidade e Descentralização, definidos pela Constituição Federal de 1988: ● Art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. ● Art. 198: “As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cadaesfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; Dessa forma, o SUS está alocado hoje nos 5570 municípios do país, através de unidades básicas de saúde, hospitais públicos e conveniados, graças a isso, assume o papel de principal articulador de políticas públicas para o enfrentamento à pandemia do Covid-19. Assim, o sistema é divido em redes de atenção, capaz de integrar os serviços e definir linhas de cuidado através do compartilhamento de recursos entre a população dos municípios integrantes da mesma região 7 - Pesquise e discorra sobre os resultados das redes. Apesar dos variados motivos que levam indivíduos a cooperarem em rede, a necessidade em estabelecer parcerias a fim de atingir um objetivo comum, não necessariamente o mesmo, parece evidente. Dessa forma diversos stakeholders se unem para desenvolver soluções que podem estar impactando negativamente a todos. Assim, Thompson (2003), citado por Zancan et al (2013), define redes de cooperação como “[…] estruturas horizontais resultantes de relacionamentos interorganizacionais com ênfase no enfoque coletivo”. Por sua vez, Franco (2007), citado no mesmo artigo, afirma que “[...]se o sucesso e a estabilidade forem alcançados em uma rede de cooperação, os parceiros competem mais eficiente e eficazmente e, por conseguinte, o desempenho, a satisfação e o processo de aprendizagem serão melhores, proporcionando o desenvolvimento da rede". Dessa forma, é possível presumir que os ganhos competitivos alcançados pelos diversos stakeholders na elaboração de um determinado objetivo, são tão importantes quanto o objetivo a ser alcançado. Por exemplo, ao definir como meta a diminuição da evasão escolar, os diversos stakeholders estudam o caso, identificam os motivos pelos quais os alunos abandonam as escolas, debatem possíveis soluções, implementam e corrigem as possíveis distorções, dessa forma ao encontrar a solução desejada, todos os ganhos de conhecimento, estrutura, tecnologias, relacionamento interorganizacional e know how se transformam em capital a ser utilizado por todos, cada qual à sua maneira e necessidade. Referencias DICIO, Know How, 2020, https://www.dicio.com.br/trabalho/ Freeman, R. E. and McVean, J. F. A Stakeholder Approach to Strategic Management, 2018, http://papers.ssrn.com/paper.taf?abstract_id=263511 GOMES, Ricardo Corrêa; OSBORNE, Stephen P.; GUARNIERI, Patrícia. Influências dos stakeholders e desempenho do governo local: uma revisão sistemática da literatura. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro , v. 54, n. 3, p. 448-467, June 2020 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 76122020000300448&lng=en&nrm=iso>. access on 01 Sept. 2020. Epub June 26, 2020. https:// doi.org/10.1590/0034-761220180256. Malmegrin, M.L. Gestão de Redes de Cooperação na Esfera Pública. 3ª edição. Florianopolis: Capes, 2015. Sousa Cavalcante, D. Vasconcelos, A. C. de, Ingrid da Costa Cardoso, V. & Vinícius Veras Machado, M. (2019). Redes Interorganizacionais e Criação de Valor Corporativo no Brasil. Revista De Educação E Pesquisa Em Contabilidade (REPeC), 13(3). https://doi.org/10.17524/repec.v13i3.2421 ZANCAN, Claudio et al . Condicionantes de consolidação de redes de cooperação interorganizacional: um estudo de caso sobre o Rio Grande do Sul. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro , v. 47, n. 3, p. 647-669, June 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0034-76122013000300006&lng=en&nrm=iso>. access on 01 Sept. 2020. https://doi.org/10.1590/S0034-76122013000300006. https://doi.org/10.1590/S0034-76122013000300006 https://doi.org/10.1590/0034-761220180256 https://doi.org/10.1590/0034-761220180256 http://papers.ssrn.com/paper.taf?abstract_id=263511 https://www.dicio.com.br/trabalho/
Compartilhar