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EXPLORAÇÃO FONTES NÃO CONVENCIONAIS DE ENERGIA COM FOCO EM 
PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS 
Igor Muriel da Silva Passos* 
Raíssa Gomes dos Santos** 
Carlos César Chagas de Carvalho Junior*** 
RESUMO 
Este artigo aborda a exploração das fontes não convencionais de energia com foco 
nas relacionadas a petróleo e seus derivados, explicando o desenvolvimento de 
novas técnicas e tecnologias que permitem a extração de produtos minerais como 
petróleo e shale gás, antes inacessíveis ou com péssimo custo benefício para a 
extração. Serão apresentados como exemplos dessas técnicas a exploração das 
areias betuminosas no Canadá, do shale gás nos Estados Unidos e do pré-sal no 
Brasil. No Canadá, o sucesso na extração do betume (uma espécie de petróleo em 
estado semissólido) deve-se aos avanços e o desenvolvimento de tecnologias, 
muitas delas também responsáveis pelo bem sucedido modelo de exploração do 
shale gás pelos Estados Unidos, assim como pela descoberta do pré-sal brasileiro. 
Também será discutido as mudanças que essas descobertas estão causando na 
matriz energética desses países e de outros para os quais esses países exportam 
os produtos provenientes dessa extração. 
 
Palavras-chave: Exploração. Tecnologias. Petróleo e seus derivados. Energia. 
Canadá. Areias betuminosas. Estados Unidos. Shale gás. Pré-sal. Brasil.1 
 
 
*Estudante de Graduação da Universidade Federal do Ceará, Engenharia de Petróleo,2017.1; 
** Estudante de Graduação da Universidade Federal do Ceará, Engenharia de Petróleo,2017.1; 
*** Estudante de Graduação da Universidade Federal do Ceará, Engenharia Ambiental,2017.1; 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
Em um mundo cada vez mais globalizado, com uma população que 
cresce em uma taxa consideravelmente elevada e com países desenvolvidos e 
emergentes com cada vez mais compromissos financeiros, a produção de energia 
tornou-se uma necessidade cada vez maior o que levou a muitos países a investir 
mais em tecnologias, que pudessem atender a essa alta demanda energética. 
Com isso, muitos países encontraram a solução para o problema que 
poderia começar a surgir explorando produtos minerais, antes desprezados pelo 
péssimo custo benefício, provenientes de fontes não convencionais. O avanço 
tecnológico proporcionou a países aproveitar melhor suas riquezas e resolver o 
problema energético que poderia aparecer. 
Entre os modelos mais bem sucedidos, podemos citar Alberta no Canadá 
e o shale gás nos Estados Unidos. O modelo canadense consiste em explorar as 
areias betuminosas, região riquíssima em betume, um tipo de petróleo semissólido, 
que só não havia sido antes utilizado pelo fato de que o preço para obtê-lo era 
praticamente o preço de uma futura venda ou que apresentaria alto déficit para 
utilizá-lo. Só que o desenvolvimento de tecnologias como perfuração horizontal, 
perfuração vertical, mapas sísmicos 3D, etc, possibilitou um aproveitamento do 
betume, de uma forma que ele não só fosse autossuficiente financeiramente, como 
resolvesse um problema na matriz energética canadense e gerasse lucro ao país 
através da exportação. O Canadá logo pode chegar a marca de 170 bilhões de 
barris de petróleo produzido o que é bastante significativo. 
Outro modelo também de muito sucesso é o shale gás americano. Com a 
exploração iniciada nos anos 70 e bastante intensificada nos anos 2000 devido a 
crise do petróleo, o modelo tornou-se altamente rentável e lucrativo pelas políticas 
americanas de privatizações dos locais onde estavam presentes os reservatórios ao 
contrário de muitos países como México e Brasil que adotam o modelo nacionalista, 
e por isso enfrentam problemas relacionados a produção e exploração. O modelo 
norte-americano foi tão bem executado que mesmo o país não tendo a maior 
reserva mundial de shale gás, hoje ele é referência e realiza muitas parcerias com 
outros países como a China (com alto número de reservas), a quem passa 
informações sobre técnicas de exploração bem sucedidas. 
O Brasil também apresenta fontes consideráveis de shale gás, mas sua 
maior descoberta recente foi o pré-sal, e mesmo que hoje em dia, a péssima 
administração da Petrobras, única responsável pela exploração dos reservatórios, 
tenha levado a enormes déficits, o potencial é tão elevado que uma boa gestão, 
como a norte-americana e a canadense, pode tornar rapidamente a extração de 
petróleo do pré-sal autossuficiente e altamente lucrativa. 
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1 AREIAS BETUMINOSAS 
 
As areias betuminosas presentes no Canadá são um riquíssimas em 
betume, uma das espécies de petróleo mais utilizadas. Até o início dos anos 2000, 
mesmo sabendo o produto ali presente, não era de interesse do governo local a 
exploração do betume, pois devido à limitação tecnológica a extração ficava com um 
preço muito elevado, tornando inviável um investimento na obtenção do betume. 
Com o avanço do desenvolvimento tecnológico, novas técnicas e 
equipamentos de extração foram surgindo, levando o inicialmente receoso Canadá a 
investir nessas novas tecnologias para obter o produto antes desconsiderado. 
2.1-Formação e Exploração das Areias Betuminosas 
As areias betuminosas são formadas por materiais orgânicos dentre o 
qual se destaca o betume, que é o principal motivo da exploração do local. O 
betume é um material viscoso e pesado que geralmente em sua composição 
química estão presentes metais. Sua exploração era muito complicada, pois o 
material é tão pesado que para trazê-lo a superfície em estado bruto era impossível 
e torná-lo menos denso exigia demais, o que era financeiramente inviável. Só que 
métodos como perfuração horizontal e vertical foram sendo aperfeiçoados, enquanto 
novas tecnologias e novos métodos também surgiam. 
Em Alberta no Canadá existem dois métodos básicos: a perfuração estilo 
mineração até 75 metros de profundidade no máximo e a perfuração in-situ que vai 
além dessa profundidade. 
Na perfuração estilo mineração são utilizadas pás elétricas ou hidráulicas 
que retiram a areia betuminosa do solo. Em seguida a mesma é levada até um 
caminhão, aonde se adiciona um diluente na areia para que a mesma possa ser 
levada até a instalação onde o betume será extraído. Essa separação pode ser feita 
em duas etapas, ambas economicamente bastante desvantajosas. Primeiramente é 
adicionado água em alta temperatura na areia para que o betume se separe, mas 
acaba se gerando uma espuma que pode ser separada individualmente por meio de 
um recipiente ou pode ser diluída. Entretanto, como é necessário a utilização de 
centrífugas nesse processo, acaba sendo extremamente desvantajoso, pois além do 
custo elevado, há um produto final de qualidade no mínimo duvidosa. 
Já o método in-situ, muito mais utilizado devido ao betume no Canadá em 
75% dos casos encontrar-se a mais de 75 metros abaixo da superfície, consiste no 
uso de dois métodos: a vaporização cíclica de alta pressão e a drenagem por 
gravidade. 
A primeira consiste em baixar a viscosidade do betume através da injeção 
de vapores de alta pressão diretamente nos depósitos de betume, entretanto nesse 
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processo pode perder-se 80% do betume. Já a drenagem por gravidade consiste em 
também injetar vapores de alta pressão só que dessa vez diretamente no subsolo 
para que o mesmo possa ser bombeado a superfície. Nesse processo a perca de 
betume pode chegar no máximo a 40%.Para ajudar nesse processo, duas novas 
tecnologias foram desenvolvidas recentemente: o processo de extração a vapor e a 
injeção de ar. 
O processo de extração a vapor consiste na injeção de solventes 
vaporizados, como butano e propano, para dentro reservatório obrigando o 
deslocamento do betume para o poço de extração. Nesse processo, não é 
necessário realizar um tratamento como nos outros, o que torna a perda do betume 
bem pequena, além de ser um método muito mais barato que os outros. 
Já a injeçãode ar consiste num processo em que a injeção de ar através 
de um poço vertical vai gerar uma combustão, que por sua vez vai ocasionar o 
bombeamento do betume por um poço horizontal. Assim como o anterior é um 
método muito barato e apresenta alta taxa de eficiência. 
Cabe destacar que o investimento canadense nas areias betuminosas os 
tornou um dos principais produtores e exportadores de petróleo do mundo, mas 
também trouxe alguns problemas ambientais, como depósitos de sedimentos no 
fundo de lagos, contaminação de água, destruição de habitat natural de algumas 
espécies, sem contar perigosas falhas geológicas que podem gerar terremotos. 
Entretanto, com os lucros obtidos passa longe da vontade do governo canadense 
deixar de explorar a região, mesmo o país já tendo levantado algumas vezes a 
bandeira ambientalista. 
 
2 SHALE GAS, SHALE OIL E TIGHT OIL 
 
2.1 A exploração de recursos não convencionais 
Sabe-se que, atualmente, mesmo com o crescimento e aprimoramento 
das fontes de energias renováveis, o petróleo, juntamente com o carvão mineral, 
continua a ser a principal matriz energética de muitos países, sobretudo das grandes 
potências. Além disso, a descoberta de novas fontes não convencionais de petróleo 
nos Estados Unidos (shale gas e shale oil), Canadá (areias betuminosas), Brasil 
(pré-sal) e Venezuela (tight oil), pôs fim à predominância do Oriente Médio na 
abrangência das maiores jazidas de petróleo do mundo. Some-se a isto o fato de 
que com o avanço da tecnologia e da engenharia, tornou-se viável a exploração de 
tais recursos não convencionais. Destaca-se a importância do avanço tecnológico 
para a exploração de recursos como shale gas e shale oil, tendo em vista a baixa 
permeabilidade de seus reservatórios. Todavia, é necessário um conjunto de 
condições para que haja, de fato, retorno lucrativo com a produção deshale gas, 
dentre estas condições destacam-se a disponibilidade de água, geologia favorável, 
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infraestrutura de gasodutos, estrutura de mercado e preço elevado do gás natural. 
(WANG e KRUPNICK, 2013). 
 
2.2 A formação do Shale Gas 
 Nota-se que, ao longo de milhões de anos, partículas de matéria 
orgânica juntaram-se com sedimentos e foram depositados em bacias de ambiente 
terrestre e marinho. Após um tempo sujeita a uma determinada condição de pressão 
e de temperatura, a rocha passa a ter capacidade de gerar hidrocarbonetos, 
tornando-se assim uma rocha geradora. Na maioria dos casos, com o passar do 
tempo, os hidrocarbonetos tendem a migrar da rocha geradora para uma rocha 
permeável e porosa, chamada de rocha reservatório. Todavia, observa-se que no 
caso dos hidrocarbonetos não convencionais, como o shale gas, a rocha geradora 
estabelece também o papel de rocha reservatório. De fato, são necessárias 
metodologias para estimar recursos recuperáveis de shale gas, dentre elas é 
possível citar a análise preliminar da geologia e caracterização do reservatório de 
uma bacia de shale gas, assim como, das formações, além da determinação da área 
de extensão das principais formações de shale gas. E, também, definição das áreas 
com maior potencial de cada formação que, por sua vez, é feita seguindo os critérios 
de deposição ambiental, profundidade, teor de carbono orgânico, maturidade térmica 
e localização geográfica. Assim como a estimativa do volume presente de shale gas 
in-place, calculado a partir de características como temperatura, pressão, 
porosidade preenchida por gás e espessura total de shale rico em matéria orgânica. 
E, por fim, o cálculo do volume de shale gas tecnicamente recuperável. Decerto, o 
sucesso norte-americano na exploração de recursos do tipo shale atraiu a indústria 
petrolífera para novos horizontes exploratórios, principalmente devido à utilização de 
técnicas como a fratura hidráulica e a perfuração horizontal, as quais permitem a 
criação de uma rede de fraturas a fim de possibilitar a ligação entre a maior área de 
reservatório e os poços que, por sua vez, são perfurados direccionalmente tendo em 
vista que há mais viabilidade na neste tipo de perfuração. Em suma, essas técnicas 
combinadas permitem uma maior recuperação de gás natural, tornando-se, portanto, 
lucrativa. O shale gas, assim como diversos outros recursos não convencionais, 
necessitam de uma maior quantidade de poços por área se comparados aos 
recursos convencionais, significando, por conseguinte, que a exploração e produção 
possuem um custo muito elevado. 
 O shale gas é, de fato, uma importante fonte de energia para a 
atual indústria petroquímica dos Estados Unidos, pois se trata de uma fonte de 
matéria-prima para compostos petroquímicos de grande importância. Faz-se 
necessário salientar, portanto, os principais fatores que condicionaram o sucesso 
norte-americano que, dentre os quais, estão as políticas governamentais, terras 
privadas e direito da propriedade mineral, alto preço do gás natural nos anos 2000, 
estrutura de mercado, mercado de capital, alta disponibilidade de água e 
infraestrutura de gasodutos. Por outro lado, o Brasil é, atualmente, o décimo país do 
mundo que possui as maiores reservas tecnicamente recuperáveis de shale gas, 
fato este que poderia torná-lo autossuficiente nesse recurso. Além disso, haveria um 
considerável aumento da segurança energética, tendo em vista que haveria uma 
diversificação na matriz energética. E ainda, a utilização do shale gas como fonte de 
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energia na própria indústria petroquímica, a fim de reduzir consideravelmente os 
custos de produção. 
2.3 Exploração de Shale Gas 
 Durante o processo de exploração, em primeiro lugar, é necessário 
que haja a obtenção de imagens sísmicas 3D, pois utilizando sondas, é possível 
fazer o mapeamento das formações rochosas. Em seguida tem-se a perfuração 
horizontal que, por sua vez, consiste em perfurar verticalmente, então virar cerca de 
90º e perfurar em uma inclinação quase horizontal. Além disso, a perfuração 
horizontal permite a exploração de vários poços simultaneamente. É possível 
observar, com a análise dos artigos, que muitos poços não produzem como 
desejado, todavia tal fato por ser revertido e melhorado pela técnica de fraturamento 
hidráulico. Destacando-se, portanto os principais fatores relacionados com a 
produtividade dos poços, os quais são o recebimento de fluidos da formação e o 
transporte de fluidos para o poço, para a garantia da eficiência da dimensão e da 
permeabilidade da fratura, respectivamente. Portanto, tem-se a fratura hidráulica, 
que consiste em fraturar a rocha de tal forma que a solução injetada força o 
craqueamento da formação, tendo em vista que o fluido a ser bombeado trata-se de 
uma mistura de água com pequenas partículas de areia e alguns aditivos químicos, 
formando então uma solução aquosa que impede as fraturas de fecharem durante a 
redução de pressão. 
 O principal fluido utilizado para esse processo é a água adicionada 
a alguns produtos químicos detentores de propriedades físico-químicas necessárias 
para a melhoria deste processo. Além disso, redes de fraturas mais aperfeiçoadas e 
extensas são mais desejáveis em formações do tipo shale, pois permitem a 
ampliação da área de contato entre a fratura e a rocha através do tamanho e 
espaçamento. Em alguns casos, há a necessidade de misturar o fluido que é, 
geralmente, à base de água com grãos de areia, pois uma vez que a pressão do 
fluido é aliviada, tais grãos de areia são responsáveis por manter as fraturas abertas, 
caso contrário, as fraturas tendem a se fechar em consequência da pressão de 
confinamento. De fato, parte da água a ser utilizada passa a ser reutilizada quando o 
processo é concluído. 
A técnica mais utilizada durante o processo de fraturamento hidráulico é 
chamada de plug-and-perforate e consiste no assentamento de um tampão, após o 
multifraturamento do segmento, repetindo-se esse procedimento até a estimulação 
de todos os segmentos e, após isso, cortam-se os tampõesa fim de colocar o poço 
em produção. A principal vantagem obtida com tal técnica é a permissão de controle 
e simplicidade da realização de cada fraturamento. Todavia, a principal 
desvantagem trata-se do alto custo de cimentação, avaliação, isolamento temporário 
e corte dos tampões. Por outro lado, a vantagem das técnicas em completação 
revestida e não cimentada é a redução do custo, tendo em vista que não há 
realização de cimentação, canhoneios e assentamentos, corte de tampões e de 
operações mais rápidas. 
 Além disso, com as análises evidenciadas pelas referências utilizadas, é 
possível compreender que o Shale Gas é intitulado como gás não convencional por 
suas complexas características, assim como o uso de devidas tecnologias para 
7 
 
exploração e produção, o cenário econômico e, decerto, a duração da produção a 
partir do recurso. É possível citar como exemplo de fonte não convencional de 
energia, além do shale gas, o metano proveniente da camada de carvão, os hidratos 
de gás e otight gas. A partir do fenômeno observado nos Estados Unidos com 
o shale gas, as indústrias petrolíferas puderam enxergar novos horizontes viáveis 
para a exploração de petróleo e seus derivados, principalmente os do tipo shale. É 
necessário destacar que as duas principais tecnologias utilizadas na exploração 
do shale gas nos Estados Unidos foram a estimulação através de faturamento e a 
perfuração horizontal. A partir disto, diversos países investiram na exploração de 
reservas não convencionais, particularmente China, Argentina e Canadá, os quais já 
permitem a diversificação da matriz energética a partir da exploração de um recurso 
cuja produção é realizada de maneira comerciável. Dentre os países com as 
maiores reservas de shale gas não provadas e tecnicamente recuperáveis, o Brasil 
ocupa a 10ª posição, tendo em vista que os recursos tecnicamente recuperáveis são 
aqueles cujo volume de óleo e de gás podem ser produzidos de acordo com a 
tecnologia atual, sem nenhum tipo de relação com os preços de óleo e de gás, além 
de custos de produção. 
2.4 A China e o avanço de explorações de tight oil 
De fato, a partir do desenvolvimento de estudos relacionados à 
exploração e desenvolvimento, as fontes não convencionais de petróleo e seus 
derivados se tornarão, certamente, importantes na produção chinesa de petróleo e 
gás, principalmente ao oferecerem um grande apoio ao desenvolvimento da 
economia nacional. Notavelmente, China e Estados Unidos demonstram avanços 
em zonas inovadoras utilizando recursos não convencionais de energia com base 
em petróleo e seus derivados. Decerto, os norte-americanos fizeram um grande 
avanço tecnológico e cientifico para promover a exploração de tight oil, tendo em 
vista sua estratégia de tornar-se independente em termos de matriz energética. 
 Por outro lado, a China continua promovendo o desenvolvimento e a 
exploração de recursos não convencionais. 
Além disso, há o tight oil, que se trata do novo ponto de acesso ao 
desenvolvimento e à exploração de óleo e gás não convencionais. Certamente, a 
experiência e as técnicas alcançadas com a exploração do shale gas resultaram no 
sucesso obtido na exploração de tight oil e nas múltiplas camadas produtoras 
descobertas. O tight oil é amplamente distribuído em grandes bacias petrolíferas na 
China, incluindo tight oil de arenito e tight oil de carbonato. Em síntese, as principais 
companhias de petróleo chinesas permanecem resolvendo desafios técnicos de 
acordo com ideias de exploração e desenvolvimento de tight oil. Todavia, a 
produção de tight oil pode ser alcançada através de algumas condições econômicas 
viabilizando técnicas como fraturas ácidas, fraturamento em vários estágios, 
perfuração horizontal e perfuração multilateral. 
2.5 A relevância do shale oil 
Soma-se a isso a importância o shale oil, um recurso também não 
convencional, cujos principais produtores são Estônia, Brasil, China e Austrália, 
embora sua produção tenha caído. Todavia, nos Estados Unidos a produção 
8 
 
de shale oil encontra-se ausente. Além disso, o Congresso dos Estados Unidos 
emitiu um ato de desenvolvimento de energia não convencional em 2005, 
incentivando as empresas a investir em estudos e ao crescimento de refinarias 
de shale oil. Contudo, as principais causas para tal ato foram os aumentos 
internacionais dos preços do petróleo e o fornecimento que tende a ser 
desequilibrado no século XXI. A China possui abundantes recursos de petróleo 
mineral que, por sua vez, são amplamente distribuídos. Novas melhorias em 
tecnologias e esforços garantem acelerar o desenvolvimento do petróleo e de seus 
derivados. 
 
3-PRÉ-SAL BRASILEIRO 
 
 No final de 2007 foi anunciado o pré-sal, que é a maior descoberta 
petrolífera dos últimos cinquenta anos, em águas ultraprofundas da Bacia de Santos. 
O petróleo do pré-sal está alojado em reservatórios situados abaixo de 
uma extensa e espessa camada de sal entre a região costa-afora do Espírito Santo 
até Santa Catarina, em águas profundas e ultraprofundas, localizados sob 3 a 4 km 
de rochas abaixo do fundo do mar. Essas descobertas podem colocar o Brasil na 
lista dos principais países produtores de petróleo e gás do mundo. 
A área de abrangência dos reservatórios do pré-sal distribui-se 
essencialmente pelas bacias sedimentares de Santos e Campos, situadas na 
margem continental brasileira. 
No Brasil, a exploração de águas profundas orienta-se para o petróleo, 
reservando um papel secundário ao gás natural devido aos altos custos de 
escoamento. Essa forte concentração na exploração de petróleo teve como 
consequência uma escassez de gás natural. 
Na indústria do petróleo, o termo “hidrocarboneto” refere-se aos 
compostos de ocorrência natural. Os hidrocarbonetos de ocorrência natural no 
estado líquido e gasoso recebem as designações gerais de petróleo e gás natural, 
respectivamente. O petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos que varia 
de acordo com a sua procedência. 
9 
 
A qualidade do petróleo encontrado, caracterizado como leve, diminuirá a 
dependência do país e permitirá redução substancial nas importações desse 
produto. O único problema é a extração com a tecnologia nacional existente. 
Embora esse tipo de exploração exija desenvolvimento tecnológico, as 
perspectivas exploratórias do pré-sal são as melhores, pois a Petrobras tem longa 
tradição de atuação na exploração em águas profundas e ultraprofundas. 
Os elementos essenciais de um sistema petrolífero são as rochas 
geradoras, reservatórios e selantes, bem como o soterramento pelas rochas 
superimpostas. As rochas geradoras são ricas em matéria orgânica e capazes de 
expelir petróleo quando submetidas ao calor. Já as rochas reservatórios têm poros 
que permitem a circulação e o armazenamento de petróleo e gás. 
Ao contrário das rochas reservatórios, as rochas selantes apresentam 
permeabilidade muito baixa. Quando estas recobrem as rochas reservatórios, 
impedem o escape dos hidrocarbonetos, processo chamado de armadilha. Para que 
ocorra o acúmulo de hidrocarbonetos, é necessário que estes encontrem armadilhas 
já formadas. Uma vez que isso acontece essa acumulação pode tornar-se um 
campo de petróleo ou gás natural. 
O sal é sem dúvida o melhor “selo”. A própria rocha geradora pode 
também se comportar como selo. O sal e a espessa pilha sedimentar sobrejacente 
ao sal exercem o efeito de soterramento e sobrecarga, completando o quadro do 
sistema petrolífero. 
A exploração dessas reservas ainda encontra grandes desafios, como a 
profundidade da lâmina d’água e a espessura de coluna de rochas a serem 
atravessadas, bem como as enormes pressões e temperaturas a serem 
encontradas. 
Recentemente, a classificação convencional ou não convencional deixou 
de ser guiada por aspectos econômicos e passou a ser dirigida pelas diferenças 
geológicas de cada reservatório. Com isso, passou-se a classificar como recursos 
convencionais aquelas acumulaçõesde gás em rochas reservatórios de elevada 
porosidade e permeabilidade. Já os recursos não convencionais passaram a ser 
entendidos como aqueles cuja formação dos reservatórios independe dos aspectos 
citados. Pode-se destacar que a principal diferença entre essas formações é a 
10 
 
reduzida fluidez do gás natural através das rochas reservatório, o que exige métodos 
especiais de exploração e produção. 
A falta de uma política de incentivo à produção de gás natural em terra, 
bem como o elevado custo de escoamento do gás natural frente à elevada 
rentabilidade de petróleo reduz o interesse das empresas na produção deste. Isso 
faz com que o Brasil seja um dos países que menos produz gás natural entre os 
grandes produtores de petróleo. 
Enfim, a descoberta de grandes volumes de hidrocarbonetos no pré-sal 
abriu novas perspectivas para a economia brasileira. Além de reduzir a dependência 
energética, o país poderá ingressar na lista dos principais produtores de petróleo e 
gás do mundo. 
 
4-CONCLUSÃO 
O trabalho desenvolvido atendeu ao objetivo de informar como é feita a 
exploração de fontes não convencionais de energia com foco nos derivados do 
petróleo. Neste artigo foram explicados alguns métodos mais antigos e alguns 
recentes que estão permitindo uma melhor exploração dos combustíveis fósseis. 
 Foi realizada uma pesquisa minuciosa com artigos e dissertações 
acerca do tema, os quais foram realizados por autores com especializações nas 
áreas citadas, fornecendo, portanto, uma visão geral de métodos utilizados, custo 
financeiro e impactos ambientais. Além disso, foi possível a compreensão do por 
que mesmo com alguns riscos o investimento nos combustíveis fósseis ainda é 
realizado. 
 Mesmo países como Canadá, Estados Unidos, componentes do G8, 
ou seja, já desenvolvidos economicamente insistem na exploração deste tipo de 
recurso, pois não há um consenso na comunidade científica sobre o aquecimento 
global. Ainda ao longo dos anos os combustíveis fósseis serão explorados e suas 
fontes vão ficando mais escassas, exigindo mais trabalho para encontrar 
reservatórios e tecnologias que permitam explorar essas fontes. 
 Em suma, é de grande relevância destacar o potencial brasileiro em face 
ao crescimento de explorações de energia através de fontes não convencionais, 
tendo em vista a recente descoberta da camada pré-sal e das reservas de shale 
11 
 
gas. Contudo, o maior empecilho para tornar o Brasil um país autossuficiente nesses 
recursos trata-se da necessidade de tecnologias de ponta para a exploração de tais 
fontes de energia. 
 
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