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Leandro F.Malloy-Diniz Jonas Jardim de Paula Fabricia Quintão Loschiavo-Alvares Daniel Fuentes Wellington Borges Leite As funções executivas consistemem um "conjunto de processos cognitivos que, de forma integrada, per- mitem ao individuo direcionar comporta- mentos a metas, avaliar eficiência e a adequação desses comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras mais eficientes e, desse modo, resolver problemas imediatos, de médio e de longo prazo" (Malloy-Diniz et al., 2008). Tais funções apresentam importan- te valor adaptativo para o indivíduo, faci- litando o "gerenciamento" em relação a outras habilidades cognitivas, como se fossem o maestro de uma orquestra ou o Avaliação Neuropsicolóil.~~ Já o acometimento no circuito envolvendo a região dorsolateral pré-frontal acarreta dificuldades cognitivas relacionadas ao estabelecimento de metas, planejamento e solução de problemas, memória opera- cional, monitoração da aprendizagem e atenção, flexibilidade cognitiva, abstração e julgamento. Por fim, os quadros que decorrem de le- sões envolvendo os circuitos pré-frontais orbitofrontais são marcados por altera- ções abruptas da personalidade, do com- portamento, estando presentes dificulda- des em inibir comportamentos impróprios e tomar decisões que impliquem em inibir tendências imediatistas e considerar con- sequências de longo prazo. 8 atenção, categorização, fluência, criati- vidade e tomada de decisão (Sohlberg e Mateer, 2001; Piek, et al., 2004; Arnsten e Bao-Ming, 2005; Papazian, Alfonso e Lu- zondo; 2006; Malloy-Diniz et al., 2008). A atuação integrada de 'tais processos forne- ce subsídios para soluções de novos pro- blemas, na medida em que permitem ao sujeito atuar desde a formulação de um plano de ação, ao ajuste de tal compor- tamento, tornando-o adaptativo às nuan- ces do contexto e permitindo, assim, que um determinado objetivo seja alcançado (Cypel, 2007). Os sintomas disexecutivos são responsáveis por um importante com- prometirnento funcional sócio-ocupado- nal (Sohlberg, Mateer; 2001) e, portanto, geradores de problemas significativos quanto à adaptação social, à organização de atividades de vida diárias e ao controle emocional. A observação das diferentes manifesta- ções cognitivas das lesões nos circuitos supracitados também tem fomentado di- cotomização da classificação das funções executivas em dois grandes grupos: as fun- ções executivas do tipo "frio" e as do tipo "quente" (Kerr e Zelazo, 2004). Enquanto o primeiro grupo seria caracterizado por seus aspectos lógicos e abstratos, o segun- do teria um maior envolvimento de aspec- tos emocionais, motivacionais, análise de custo e benefício com base na história e na interpretação pessoal. Do ponto de vista neuroestrutural, o primeiro grupo estaria relacionado à atividade dos circuitos fron- toestriatais envolvendo predominio da atividade dorsolateral pré-frontal (Miller e Cohnen, 2001), ao passo que as funções executivas do tipo quente estariam mais relacionadas aos circuitos frontoestriatais envolvendo o componente orbitofrontal (Bechara et al., 1994, 1997,2001). Há vários modelos explicativos para o constructo das funções executivas, os quais derivaram, em sua maioria, da ob- EXAME DAS •...• FUNÇOES EXECUTIVAS r general de um exército (Goldberg, 2001). Em situações em que há o comprometi- mento das funções executivas, mesmo quando ocorre a preservação de outros domínios da cognição, o desempenho de indivíduos em atividades complexas, se- jam elas relacionadas ao trabalho, à vida familiar ou a outros domínios do cotidia- no, é altamente prejudicado. Os déficits das funções executivas são fre- quenternente verificados em indivíduos com comprometimentos que envolvem os -círc'uitos pré-frontais. A síndrome di- sexecutiva resultante de tais comprome- timentos (adquiridos no curso da vida ou decorrentes do desenvolvimento anormal) poderá assumir formas distintas de mani- festação de acordo com os circuitos que apresentam maior nível de acometimento. Alguns autores como Bradshaw (2001) e Fuster(20Õ8) destacam a diferença entre as jnanifestações coqnitivas e comporta- mentai~ -deco':'rentes de lesões nos circui- todrontals-específicos. Diversos processos cognitivos têm sido apontados como integrantes das funções executivas, tais como planejamento, con- trole inibitório, tomada de decisões, flexi- bilidade cognitiva, memória operacional, Os circuitos que envolvem conexões entre o cingulo anterior e estruturas subcorti- cais, quando comprometidos, geralmente acarretam em manifestações comporta- mentais como apatia, desmotivação, difi- culdades no controle atencional e desini- biçãode respostas instintiva~. 96 Malloy-Diniz, Fuentes, Mattos, Abreu e cols. servação das consequências funcionais dos comprometimentos em circuitos fron- toestriatais. Tais modelos teóricos têm contribuído não apenas para a compreen- são das funções executivas, mas também para o fornecimento de um arcabouço te- órico capaz de fundamentar seu processo de sua avaliação (Chan et al., 2007). Em- bora não seja o principal objetivo do ca- pítulo revisar os diferentes modelos sobre funções executivas, é importante ressaltar que, como afirmam Burgrss e Alderman (2004), o processo de avaliação dessas funções deve estar relacionado a modelos teóricos que servirão de base tanto para a escolha dos instrumentos de avaliação quanto para a interpretação de seus resul- tados. O Quadro 9.1 apresenta alguns mo- delos teóricos explicativos que abordam as funções executivas, bem como instru- mentos de avaliação geralmente relacio- nados a eles. A avaliação das funções executivas não deve ser reduzida à testagem neuropsi- cológica. Os testes são instrumentos úteis e contribuem sobremaneira para identifi- car de forma objetiva o grau de compro- metimento dos diferentes processos que compõem as funções executivas. No en- tanto, a entrevista clínica, a observação comportamental e as escalas de avaliação fornecem informações importantes sobre a extensão e o impacto de tais prejuizos sobre o cotidiano do probando. Na medi- da do possível, as informações devem ser complementadas por familiares ou outras pessoas que convivem com o paciente vis- to que a falta de insight e os prejuízos na autoconsciência são geralmente presentes nos quadros de disfunção executiva. A entrevista consiste em um recurso para avaliação indireta das funções executivas. O sucesso do uso desse tipo de técnica de- pende de uma série de fatores dentre os quais destacam-se: nos casos em que o comprometimento alvo da investigação foi adquirido (por exemplo, por um acidente vascular ce- rebral ou por um traumatismo crânio- encefálico). a. Conhecimento sobre os diferentes pro- cessos cognitivos abarcados pelo cons- truto funções executivas. Na entrevista, o examinador deve fazer questões so- bre diferentes domínios relacionados às funções executivas. I e. Avaliação da relação entre os sintomas e os diferentes contextos em que tais sintomas aparecem e o impacto destes sobre as rotinas do paciente. b. Conhecimento sobre o desenvolvimen- to das funções executivas no ciclo vital e o que é esperado em termos de desem- penho para cada faixa etária. As fun- ções executivas atingem a sua maturi- dade mais tardiamente em comparação a outras funções cognitivas. É possível avaliar as funções executivas desde a mais tenra infância, desde que o exa- minador possua conhecimento sobre o desenvolvimento ontogenético de tais funções para que possa fazer distinção adequada de normalidade e patologia. Um exemplo de roteiro estruturado para entrevista de investigação de sintomas disexecutivos, feito com os cuidadores, é o Inventário de Comportamento Frontal (FBI) (Kertesz, 1997). O inventário, utili- zado como auxílio no diagnóstico de de- mência do lobo frontal, avalia 24 sintomas considerados norteadores das síndromes frontais, sendo que, para investigar cada sintoma, o examinador tem um roteiro de perguntas que podem ser complementa- das de acordo com as particularidades de cada caso. Cadasintoma é avaliado em termos de nível de comprometimento em uma escala que varia de o (ausência de comprometimento) a 3 (comprometimen- to grave). O Quadro 9.2 apresenta os do- mínios investigados pela FBI e sugestões de perguntas para entrevista. c. Conhecimento sobre a relação entre os sintomas disexecutivos e os circuitos frontoestriatais. É importante investi- gar manifestações clínicas relacionadas aos circuitos dorsolateral (por exem- plo, "como o paciente tem planejado as suas atividades?", "tem apresenta- do comportamentos repetitivos?", "as tarefas iniciadas tendem a ser concluí- das?"), orbitofrontal (por exemplo, "o paciente está desinibido/franco?", "seu comportamento está mais jocoso/ in roprfàdo?") e do cíngulo anterior ( or exemplo, "como o paciente tem se comportado quando tem que tomar iniciativa para uma tarefa?"). Para facilitar a observação do funciona- mento executivo, Mateer (1999 apud 50- hlberg, Mateer, 2001) sugere que a ava- liação englobe pelo menos seis domínios principais (Quadro 9.3), os quais estão criticamente envolvidos no desempenho de tarefas não automáticas ou no manejo de situações não familiares. Para ilustrar a aplicação clínica do modelo proposto, no Quadro 9-4 estão descritos dois exemplos de comprometimento das funcões execu- tivas relacionados à apresentação clínica de dois casos distintos: o primeiro com o comprometimento das habilidades de co- d. Escolha de informantes que forneçam dados de natureza longitudinal. Isso é importante para caracterizar a evo- lução dos sintomas, principalmente Avaliação Neuropsicológica 97 municação, e o outro com a dependência no desempenho das atividades de vida diária, na tarefa específica de realizacão de compras. . A observação do paciente em situacões de vida real em seus contextos esp~cífi- cos é um importante aspecto da avaliacâo das funções executivas visto que nã~ é infrequente o paciente atingir níveis nor- mais de desempenho em algumas tare- fas neuropsicológicas a despeito de suas dificuldades na organização e manejo de suas atividades ocupacionais (Sohlberq e Mateer, 2001; Grieve, 2006). Desse modo, a observação e a avaliação funcional po- dem conferir ao exame das funções execu- tivas maior validade ecológica. Além dis- so, conforme salienta Radomski (2005), a observação e a avaliação funcional podem identificar áreas que demandam maior necessidade de averiguações por meio de instrumentos psicométricos de avaliação neuropsicológica. Considerando a avaliação funcional, a tare- fa a ser escolhida para que seja observado o desempenho do paciente, deve ter um grau de complexidade adequado à reali- dade do paciente, incluindo sua inteligên- cia pré-morbida, idade e gênero (Grieve, 2006). Por exemplo, em casos mais graves de disfunção executiva, como em síndro- mes demenciais, a tarefa pode consistir em preparar-se para o banho, vestir-se ou organizar uma refeicão. Em uma disfuncão de grau intermediá;io, pode ser emprega- da uma tarefa de preparo de uma refeição mais elaborada, estando inclusos a com- pra de todos os ingredientes e o orçamen- to. Para um indivíduo com um comprome- timento mais leve, pode ser proposto que o mesmo planeje uma excursão em grupo ou uma pauta de uma reunião profissional (Grieve, 2006). 100 Mallay-Diniz, Fuentes, Mattas, Abreu e cals. Sintoma Questão Apatia Falta de espontaneidade Indiferença Inflexibilidade Negligência com os cuidados pessoais Desorganização Desatenção Perda do insiqh! Logopenia Demência semântica Afasia ou apraxia verbal Mão alienigena ou apraxia Perseveração/ obsessão Irritabilidade Jocosidade excessiva Impulsividade e pobreza de julgamento Acúmulo de objetos Comportamento impróprio Inquietação Agressividade Hiperoralidade o paciente perdeu o interesse nos amigos ou nas coisas que fazia antes? Ou con- tinua interessado em encontrar pessoas ou fazer coisas? O paciente faz as coisas por conta própria ou precisa que alguém lhe ordene? O paciente responde a situações de alegria ou tristeza da mesma forma que antes ou perdeu a sua capacidade de responder emocionalmente? O paciente muda sua forma de pensar de forma racional ou apresenta ideia fixa ou pensamento rigido ultimamente? O paciente tem cuidado de sua higiene pessoal ou aparência como de costume? O paciente consegue se organizar para tarefas complexas ou é altamente desor- ganizado, impersistente ou incapaz de terminar uma tarefa? O paciente presta atenção nas coisas que estão acontecendo ou parece que ele perdeu o fio da meada e não acompanha as coisas até o fim? O paciente está consciente das mudanças em seu comportamento, dos proble- mas que tem? Ou não tem consciência dos problemas e/ou os nega? O paciente tem falado tanto quanto antes ou a quantidade de discurso diminuiu consideravelmente? O paciente tem perguntado sobre o significado de palavras? Tem tido problemas em compreender palavras ou nomes de objetos? O paciente comete erros de linguagem ou de pronúncia? O paciente desenvolveu gagueira ou fica repetindo sons recentemente? O paciente se tornou desajeitado, "mão dura", inábil para utilizar utensílios? Ou uma mão interfere no que a outra está fazendo? O paciente consegue usar as duas mãos da mesma forma.que antes? O paciente insiste ou persevera em ações ou observações? O paciente apresenta alguma rotina ou comportamento obsessivo, ou sempre foi meticuloso? O paciente está irritável ou com pavio curto? Ou ele reage ao estresse e à frustra- ção da mesma forma que antes? O paciente faz brincadeiras ou piadas de forma excessiva? Ou faz piadas fora do contexto, ofendendo alguém? Ou sempre foi mais brincalhão? O paciente tem julgado bem durante as decisões? Ou age de forma impulsiva, irrefletida, irresponsável, com pobreza de julgamento? O paciente tem acumulado coisas ou dinheiro de forma excessiva? Ou sempre teve hábitos de economizar, os quais se mantém da mesma forma? O paciente respeita as regras sociais ou faz coisas (ou fala coisas) que não são aceitáveis? Está mais rude? Mais infantil? O paciente fica caminhando, transitando, sempre estimulado ou seu nivel de ati- vidade está normal? O paciente demonstra agressividade, grita ou fere as pessoas fisicamente? Ou não há mudanças nesse sentido? O paciente bebe ou come excessivamente tudo o que vê pela frente? Tem comi- do coisas peculiares? Sempre coloca objetos na boca? Ou sempre teve um bom apetite? (continuo) Hipersexualidade Sintoma Questão Comportamento de utilização Incontinência O comportamento sexual do paciente está impróprio ou excessivo (incluindo tomentários ou atos como se despir)? Ou não houve mudanças nesse sentido? O paciente parece ter necessidade de pegar, tocar, usar objetos que estão ao seu alcance? Ou consegue manter as mãos desocupadas? Molha ou suja as calças? Se isso acontece, pode ser explicado por algum tipo de incontinência? Iniciação e Conduta Inibição de Respostas Persistência na Tarefa Organização Abstração Conscientização Gatilho para inicio do comportamento Inibição de respostas preponderantes Manutenção de um comportamento Sequenciamento e regulação temporal Criatividade, fluência e habilidades de resolução de problemas Autorregulação e insight Dominios do modelo de funções executivas Sindrome disexecutiva aplicada a problemas de comunicação Iniciação e Conduta Inibição de Respostas Persistência na Tarefa Organização Dificuldade de inidar uma con- versação, com apresentação de afeto superficial e expressões limitadas. Uso de comentários inapropria- dos, dificuldade em esperar o momento de falar. Perda de interesse na conver- sação, dificuldade em manter o foco. Pobre organização verbal; uso de volteios, sem abordar a temática central. Sindrome disexecutiva aplicada a problemas AVDís - tarefa de compras Dificuldade em ir às compras, mesmo ao observar e perceber a necessidade de re- posição de itens alimentares. Compras impulsivas e de itens desneces- sários, Desistência das compras. Não confecção de lista de compras, não orqarnzacão dos itens por categorias, ineficiente manejodo tempo na tarefa de compras. (continua) 102 Malloy-Diniz, Fuentes, Mattos, Abreu e cols. Síndrome disexecutíva Domínios do modelo aplicada a problemas de de funções executivas comunicação Síndrome dísexecutíva aplicada a problemas AVDis - tarefa de compras Componentes da avaliação funcional Questionamentos ao pacienteDefinições Abstração Dificuldade em encontrar produtos substi- tutos para compras. 1. Definição de um objetivo realistaDificuldade em generalizar a con- versação e em responder ques- tões mais gerais. Dificuldade em compreender pis- tas de outras pessoas, relaciona- das ao não interesse na sua fala, não consciência das suas dificul- dades na comunicação. Conscientização Não tem consciência de que a realização de compras é um motivo de preocupação. 2. Planejamento Para facilitar a avaliação funcional, Ylvi- saker e Szekeres (1989 apud Grieve, 2006) propuseram alguns elementos nortea- dores (Quadro 9.5). com as respectivas definições e questionamentos a serem realizados pelo profissional ao paciente, no momento em que este se encontra desempenhando a tarefa proposta para a avaliação funcional. Para avaliar a ca- pacidade de autoconsciência e insight do paciente, ao final da tarefa, o examinador deve questioná-lo se conseguiu alcançar os objetivos inicialmente propostos. O EXAME DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS: O USO DOS TESTES NEUROPSICOLÓGICOS Se por um lado o uso dos testes neuropsi- cológicos não deve ser considerado o úni- co recurso na avaliação das funções exe- cutivas, por outro, essa etapa da avaliação é de crucial importância; pois fornece ao neuropsicólogo medidas objetivas de tais funções e parâmetros comparativos do desempenho do paciente com seus pares sociodemográficos. 3. Organização Conforme já mencionamos anteriormen- te, na medida em que as funções execu- tivas apresentam vários subdomíníos, a avaliação neuropsicológica dessas funções envolve vários procedimentos, que podem estar agrupados em baterias formais espe- cificamente desenvolvidas para medi-las (Quadro 9.6) ou em baterias flexíveis em que os instrumentos são agrupados a par- tir de critérios definidos pelo examinador. 4. Autoiniciativa 5. Autodirecionamento 6. Autocorreção e automonitoramento A escolha dos componentes de uma ba- teria flexivel de testes para avaliação das funções executivas deve levar em conta aspectos relacionados ao tempo disponí- vel para avaliação, propriedades psicomé- tricas de cada instrumento, as hipóteses que norteiam a avaliaçâo, os elementos obtidos na entrevista e na observação prévia e o uso de um modelo teórico para interpretação dos resultados (Burgess e Alderman, 2004). 7. Flexibilidade na solução de proble- mas Tal componente depende da consciência que o paciente possui de seus pontos for- tes e fracos, bem como da avaliação realis- ta das dificuldades que a tarefa apresenta. Capacidade de planejar as etapas necessá- rias para se alcançar o objetivo proposto. Os problemas relativos a este componente estão relacionados ao comportamento impulsivo. rigido, por noção irrealista do tempo. Refere-se à execução do plano, embasada também no conhecimento das estratégias que podem vir a ser necessárias diante de mudanças. Capacidade de iniciar a tarefa de modo espontãneo. O grau depende da estrutura e dos incentivos que se fizerem necessá- rios para conduzir o paciente à iniciação da tarefa. Capacidade necessária à continuidade da tarefa, uma vez iniciada, sem depender do apoio / estimulas de terceiros. A autocorreção requer a capacidade para corrigir o errado, e a antecipação depende do automonitoramento, que conduz à modificação do plano de ação, frente a possíveis mudanças no contexto da tarefa. Compreende o processamento de todas as informações relevantes, seguido pela deci- são quanto à solução mais eficaz. • O que você pretende fazer? • Você se julga capaz de fazê-to agora? • Cite todas as etapas da ativi- dade. • Quanto tempo você levara para executar a tarefa? • Existem etapas alternativas? • Você dispõe dos equipamentos / materiais necessários? • Você precisa de algum tipo de ajuda externa? Qual? • Quando você começará a ativi- dade> • Você precisa que eu lhe diga o momento de começar? • Você precisa de incentivos du- rante a execução da atividade? • Você quer que eu lhe diga se está indo bem? • Quais problemas que você poderá encontrar ao longo da atividade? • Como pretende supera-Ias? • Há mais de uma maneira de exe- cutar essa atividade? • Você modificaria alguma coisa> Bateria A seguir, descrevemos alguns dos princi- pais processos cognitivos contemplados na avaliação das funções executivas. O Quadro 9.7 apresenta alguns instrumentos que são utilizados para avaliação de domi- nios específicos dessas funções. Behavioral assessment of the dysexecutive syndrome (BADS); (Wilson et al., 1996) Faixa Etária Descrição 16 a 87 anos A BADS avalia diferentes aspectos das funções executivas utilizando tarefas com validade ecológica (próximas da realidade do probando). A BADS é composta por seis tarefas neuropsicológicas e um questionário de avaliação de sinto- mas disexecutivos (Qysexecutive Questionary - DEXl, que é preenchido pelo paciente e também por uma pessoa de sua convivência próxima. (continua) MEMÓRIA OPERAClONAL Avaliação Neuropsicológica 105--------_._----~.-------_._----------------_._------------ ------------------------------1 Componentes Componentes I fluidos cristalizados I I I Ir--------------,--------------, I I I I : Alça ..:~ I fonológica I I I I I I I I I I I I I I I-<II,,~-.~ Buffer •• I ~ episódico A memória operacional, ou de trabalho, é -o-compôneni:e das funções executivas responsável pelo arquivamento tempo- rário de informações, as quais serão dis- p6nibilízaciá's para outros processos cog- nitivos. Sendo um sistema de capacidade lirriitãdâ;auxTlia--a"p'roc~ssamento de in- formações atuando como uma interface entre a percepção, a memória de longo prazo e a atuação sobre o ambiente (Ba- ddley, 2003). o modelo cognitivo da memória operacio- nalproposto por Baddley e Hitch em 1974 (Baddley, 2003) propõe a existência de um sistemaexe-C:ut1vo central trabalhando em "conjunto com dois outros sistemas "escra- vos": a atçafonotógiéa e a alça visuoes- pacial. A alça fonolóqica consiste em um sistema de apoio para manutenção tem- porária de informações verbais no siste- ma. O esboço visuoespaciat está relaciona- do às sustentações temporárias visuais e Alça visuoespacial <4"I--'---1~~ Linguagem 1 Memória de longo prazo ! Semântica visual espaciais, sendo importante para a repre- sentação temporária de informações que permitem, por exemplo, a formulação de um mapa mental. O executivo centrat con- siste em um componente de gerenciamen- to de informações que, além de exercer o controle atenciofiãl.Tnibe a interferência de.distratores e outras informações irrele- vantes e coordena atividades realizadas de forma simultânea. A atividade conjunta dos diferentes com- ponentes da memória de trabalho permite o armazenamento de informações direcio- nadas a um propósito específico, como a produção da linguagem verbal, a resotu- ção de problemas, o comportamento mo- tor, a leitura e a escrita, ete. Uma versão atualiz adade _taUnodelo (BãaClfey: 2003í inClui ainda um buffer episódico que está rêlacionado ao_ar~_i3_z~namento ..temporá- rio de informações de. diferentes nature- zas, incluindo informações provenientes dos dois outros sistemas escravos e da me- ;.n'ória de long()_p'razo. A Figura 9.1 apre- I I I I I I I I I ______________ .J Figura 9.1 Modelo cognitivo da memória operacional. Adaptado de Baddley, 2003. 106 Malloy-Diniz, Fuentes, Mattos, Abreu e cais. ser visitadas obrigatoriamente) o pacien- te deve desenvolver uma estratégia válida para cumprir o percurso. senta de forma esquemática o modelo de memória de trabalho de Baddley e seus diferentes componentes. A avaliação da memória operacional pode ser realizada através de testes relativamen- te simples. Para análise da alça fonológica, recomendam-seas tarefas de repetições de dígítos (presentes nas Escalas Wechsler de Memória, Escalas Wechsler de Inteligên- cia para Crianças [WISC-III] e para adultos [WAIS-IIIJ, MATIIS Dementia Rating Scale, dentre outros). Em tais tarefas o sujeito é instruído a repetir uma série de dígitos numéricos apresentados pelo examina- dor da forma como ditos (ordem direta) e, em um segundo momento, de traz para frente (ordem inversa). As versões ofere- cidas no WAIS-III e WISC IV possuem boa padronização para a população brasileira, enquanto a versão contida na MATIIS De- mentia Rating Scale oferece normas para a população idosa (Porto et al., 2003). o teste dos Blocos de Corsi (Milner, 1971) oferece um contra ponto não verbal à ta- refa de dígitos, sendo uma medida rela- cionada ao esboço visuoespacial. Em um tablado preto com nove cubos idênticos distribuídos de maneira uniforme, o pro- bando é orientado a repetir uma sequên- cia de toques realizados pelo profissional, primeiramente de forma direta e, em um segundo momento, em ordem inversa. Kessels e colaboradores (2000) mostram os procedimentos para construção do tes- te e oferecem normas holandesas para o mesmo. Não existe até o momento um es- tudo de normatização brasileiro. o executivo central pode ser avaliado por tarefas que impliquem não apenas o arma- zenamento e a repetição de informações, mas o gerenciamento, manipulação e con- trole atencional em relação às mesmas. Alguns exemplos de instrumentos utiliza- dos para mensuração da memória de tra- balho incluem o PASAT- Paced Auditory Seral Addition Test - (Gronwall, 1977), os trigramas consonantais (Spreen, Sherman e Strauss 2006) e a Sequência de Números e Letras do WAIS (Nascimento, 2001). Conforme pode ser observado, as habili- dades de planejamento estão diretamente relacionadas a outras funções executivas e sua avaliação requer o uso de situações em que, a partir de um problema pré-de- finido, o sujeito deva elaborar um plano de ação para obter a sua solução da forma mais eficiente possível. Existem vários ins- trumentos destinados à avaliação das ha- bilidades de planejamento, como o Teste da Torre de Londres (Krikorian et aI., 1994; Malloy-Diniz et al., 2008), a Torre de Hanói (Simon, 1971) e o Teste dos Labirintos (Por- teus, 1965). Uma das críticas geralmente feitas a esses instrumentos é a falta de validade ecológica (distância entre o pro- blema proposto e situações cotidianas de vida do probando) dos problemas a serem resolvidos. Para aproximar a avaliação de situações mais realistas, alguns instrumen- tos requerem que o sujeito estabeleça um plano de ação para resolver situações co- tidianas. O teste do mapa do zoológico da BADSé um exemplo. No teste é apresenta- do um mapa de zoológico com vários ca- minhos e locais que devem ser visitados. A partir de regras específicas (por exemplo, cada caminho pontilhado só pode ser per- corrido uma vez; algumas jaulas devem PLANE.JAMENTO ESOLUÇÃOOE PROBLEMAS o planejamento consiste na capacidade de, a partir de um objetivo definido, es- tabelecer a melhor maneira de alcançá-lo levando em consideração a hierarquização de passos e a utilização de instrumentos necessários para a conquista da meta. Na proposição de Lezak e colaboradores (2004), o planejamento é um dos quatro principais componentes das funções exe- cutivas, as quais envolveriam: • Volição: habilidade para estabelecer metas e intencões envolvendo motiva- • i ' ção e autoconsciência. • Planejamento: elaboração de um roteiro de ações para alcançar as metas-apar- tir do uso de outras funcões executivas c;:';'o a capacidade de- ~b5traçap,-pros- peéção, controle inibitório ~_ate_n~o. • Ação Proposital: a transição da intenção e do plano para o comportamento em si é definida como a tradução de uma intenção ou plano em atividade. CATEGORIZAÇÃO E FLEXIBILIDADE COGNITIVA A categorização é a função executiva cor- respondente à capacidade de o indivíduo organizar os elementos em categorias que compartilham determinadas característi- cas e propriedades estruturadoras. Como exemplo, podemos citar tarefas onde o indivíduo deve organizar uma série espe- cífica de estímulos em uma categoria co- mum a todos (cão, gato, elefante e galinha como "animais"; carro, barco e moto como "meios de transporte", etc.). Um dos quadros clínicos onde é perceptí- vel a falha nas funções de categorização é no chamado "pensamento concreto", comum em processos neurodegenerativos como as degenerações frontotemporais e demência de Alzheimer. Pacientes apre- sentando tal condição são incapazes de agrupar estimulos em uma categoria mais abrangente, focando-se apenas nos aspec- tos particulares do mesmo (Quadro 9.8). Uma paciente de 74 anos com diagnóstico de demência de Alzheimer ofereceu as seguintes respos- tas quando questionada sobre uma tarefa de semelhanças na MATIISDementia Rating Scale: • Desempenho Efetivo: monitoração da ação proposital envolvendo autorregu- lação d;'seü comportamento e a moni- toração do desempenho efetivo ,'capaci- dade de avaliar se um comportamento está apropriado para o alcance do obje- tivo traçado, bem como a flexibilidade e a capacidade de modificá-lo caso não esteja sendo eficaz. "Em que um(a) e um(a) são parecidos(as) ou idênticos(as)?" "Amaçã e redonda, tem vitamina e e bom. Banana não e redonda, e doce e eu não gosto." "O casaco marrom, de homem, de manga (comprida) e a camisa e de vestir, mas e de calor e e colorida." "C~sasdeandarnaágua." "De quatro pernas, de sentar ... uma coloca na outra." Maçã e Banana Casaco e Camisa Barco e Navio Mesa e Cadeira 108 Malloy-Diniz, Fuentes, Mattos, Abreu e cols. o WAIS-III oferece um bom teste para ava- liação da capacidade de categorização, o subteste "semelhanças". Seguindo o mesmo padrão dos itens citados anterior- mente, ele possui estímulos com diferen- tes graus de dificuldade, permitindo uma análise mais criteriosa das habilidades de categorização e de abstração. Um dos paradigmas mais utilizados na ava- liação da habilidade de categorização é o teste de seleção de cartas de Wisconsin - WCST (Heaton, 1993). No teste, o examina- dor apresenta ao probando uma série de cartas, (uma de cada vez) as quais devem ser agrupadas de acordo com uma entre quatro cartas-alvo. Para isso, o sujeito de- verá escolher um determinado critério de categorização. Este critério não é mencio- nado para o sujeito, cabendo a ele des- cobrir ao longo de suas escolhas. A cada escolha o examinador diz ao probando se o critério adotado está correto ou não. O WCST também é útil na avaliação da flexi- bilidade cognitiva A flexibilidade cognitiva implica a capacidade de mudar (alternar) o curso das ações ou dos pensamentos de acordo com as exigências do ambiente. Na medida em que o examinador muda o cri- tério de seleção das cartas e o probando terá que adequar suas escolhas a um novo critério a ser descoberto, a manutenção da escolha anterior, a despeito de seu in- sucesso, reflete a inflexibilidade cogniti- va. Um outro instrumento utilizado para avaliar a flexibilidade cognitiva é a parte B do Teste das Trilhas (Spreen, Sherman e Strauss, 2006). IMPULSIVIDADE, CONTROLE INIBITÓRIO E TOMADA DE DECISÕES A impulsividade é um fenótipo comple- xo caracterizado por diferentes manifes- tações cognitivas e comportamentais. Além do CPT-II,outros testes neuropsicoló- gicos que podem ser utilizados para avalia- ção dos aspectos motores e atencionais da impulsividade são o Teste de Stroop Versão A fluência é um processo executivo ca- Victória (Strauss, Sheerman e Spreen, 2006). racterizado pela capacidade do indivíduo Matching Familiar Figures Task (MFFT [Lo- de emitir uma série de comportamen- per e Hallahand, 1980]) e o Teste das Trilhas tos dentro de uma estrutura de regras (Spreen, Sherman e Strauss, 2006). No Teste específica. Ela -pode ser dividida em um de Selecão de Cartas de Wisconsin os erros r componente verbal (avaliado através da perseverativos estão relacionados à impul- . - produção de palavras) fe um não verbal sividade motora ao passo que afalha na (avaliado geralmente através da produ- manutenção do cenário (falha em com ple- ção gráfica). A análise da fluência deve tar uma categoria com 10 acertos após cin- considerar ainda a presença de erros co acertos consecutivos) também está rela- perseverativos (repetições) e não perse- cionada à impulsividade por desatenção. verativos (emissão de respostas alheias à categoria ou variações). De acordo com Moeller e colaboradores (2001). a impulsividade ocorre quando (1) há mudanças no curso da ação sem que seja feito um julgamento consciente pré- vio; (2) ocorrem comportamentos impen- sados; (3) se manifesta uma tendência a agir com menor nível de planejamento em comparação a indivíduos com mesmo nível intelectual. Tarefa de Performance Contínua - Con- ners - CPT-II(Conners et al., 2003). consis- te na apresentação de uma série de letras apresentadas rapidamente, uma de cada vez, em intervalos relativamente curtos e nos quais o sujeito tleve pressionar um botão cada vez que aparece uma letra. No entanto, essa regra só valerá se a letra não for X. Caso apareça a letra X, o sujeito deverá inibir a resposta de apertar a bar- ra de espaço do computador. Esta tarefa fornece medidas como os erros de ação (o sujeito pressiona a barra mediante a letra X). omissão (o sujeito não pressiona a barra quando vê uma determinada le- tra) e tempo de reação. A medida de erros por ação tem sido utilizada para avaliar a impulsividade motora ao passo que os erros por omissão podem ser utilizados como medida da impulsividade por falta de atenção (Malloy-Diniz et al., 2007). A divisão do fenótipo impulsivo em dife- rentes componentes tem sido defendi- da por diversos autores, dentre os quais destacamos Barratt e seu modelo tríplice de impulsividade (Patton et al., 1995). De acordo com esse modelo, há um padrão predominantemente motor de impulsi- vidade, caracterizado pela emissão de respostas irrefletidas e prepotentes; um padrão atencional, caracterizado pela emissão de respostas descontextualizadas em decorrência da falta de controle sobre a atenção; e a impulsividade, caracteriza- da pela emissão de respostas imediatistas sem uma maior reflexão das consequên- cias de tais respostas em longo prazo (im- pulsividade por não planejamento). Os aspectos motores da impulsividade, em particular o controle inibitório sobre respostas prepotentes, são geralmente o foco principal da avaliação neuropsicoló- gica da impulsividade, existindo poucas medidas que avaliam as outras dimen- sões da impulsividade (Bechara, Damásio e Tranel 2000). Enquanto a impulsividade motora é geralmente medida pelos cha- mados "erros perseverativos" ou pelos erros por resposta a estímulos não alvo (erros por ação). a impulsividade aten- cional é geralmente medida pelas provas que requerem controle e sustentação da atenção ao longo do tempo, podendo ser avaliadas, por exemplo, pelas respostas de omissão (não responder a um estimu- lo-alvo) em testes neuropsicológicos. A Já a impulsividade por não planejamento é diretamente relacionada às habilidades de tomada de decisões. A tomada de de- cisões é um processo que envolve a esco- lha de uma dentre várias alternativas em situações que incluam algum nível de in- certeza (risco). Nesse processo, o sujeito deve analisar as alternativas considerando Avaliação Neuropsicológica 109 diversos elementos, como análise custo/ benefício (considerando as repercussões da decisão em curto, médio e longo pra- zo). aspectos sociais e morais (repercussão da decisão para si e para outras pessoas) e autoconsciência (possibilidades pes- soais para arcar com a escolha). Durante o processo de tomada de decisão, outros processos cognitivos são envolvidos (tais como memória de trabalho, flexibilidade cognitiva, controle inibitório, planejamen- to, etc.). Existem poucos instrumentos des- tinados à mensuração da tomada de deci- sões e, por conseguinte, da impulsividade por não planejamento. Geralmente, esse aspecto das funções executivas é mensu- rado por provas que demandam análise de custo e benefício no processo de tomada de decisões em escala temporal como o lowa Gambling Test (Bechara et al., 1994; Malloy-Diniz et al., 2007; 2008b). FLUÊNCIA VERBAUE .---_ - •• 0 ~ COMPORTAMENTAL A fluência para conteúdo não -verbal pode ser mensurada através de um teste simples, conhecido como Cinco Pontos (ou Fluência para Desenhos). A tarefa consiste em pro- duzir o maior número possível de desenhos utilizando uma série de quadrados conten- do cinco pontos (ver Figura 9.2) durante 110 Malloy-Diniz, Fuentes, Mattos, Abreu e cols, REFERÊNCIAS• • • • • • • • • •• • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • •• • • • • • • • • • escala MATIIS (Porto et ai, 2004) oferece tarefas com as categorias "itens de super- mercado" e "peças de roupa". A avaliação da fluência fonológica é rea- lizada geralmente através da produção de palavras com as letras como as F, A e S. Rodrigues e colaboradores (2008) apre- sentam normas para a população adulta e idosa, fazendo considerações quanto a efeitos de aprendizagem na realização dos testes em um curto espaço de tempo. Machado e colaboradores (2009) oferecem normas estratificadas por idade e escolari- dade para a população idosa brasileira. CONSIDERAÇÕES FINAIS normas para a população americana. Não há normas nacionais para tal tarefa. A avaliação das funções executivas é um dos mais importantes componentes da avaliação neuropsicológica envolvendo a aplicação de testes e o uso complementar de outros recursos como entrevista, obser- vação e avaliação funcional. A elaboração de um plano de avaliação neuropsicológi- ca das funções executivas deve levar em consideração a necessidade de contemplar seus diferentes domínios. O conhecimen- to sobre os modelos teóricos explicativos sobre as funções executivas, o substrato neurobiológico de tais funções e o seu desenvolvimento no ciclo vital é de crucial importância para a condução do exame e interpretação dos resultados. Figura 9.2 Exemplo de folha de registro do Teste dos Cinco Pontos. um período geralmente de três minutos (Spreen, Sherman e Strauss, 2006). Após a execução, é quantificado um total de dese- nhos produzidos e levantado o percentual de perseverações cometidas pelo probando (repetições de um mesmo desenho). Outro teste utilizado pa ra ava liação da fluência para conteúdo não verbal é o Design Fluency (Jones-Gotman e Milner, 1977). Os autores recomendam duas for- mas de aplicação: na primeira, pede-se ao sujeito que elabore uma série de desenhos abstratos obedecendo a algumas regras simples, como, por exemplo, desenhar ape- nas figuras que não podem ser nomeadas e não fazer rabiscos; na segunda forma, pede-se que o sujeito elabore figuras utili- zando quatro linhas retas ou curvas. Após a execução da tarefa, contam-se todos os desenhos realizados, subtraindo do total a quantidade de perseverações ou erros. Spreen, Sherman e Strauss (2008) oferecem A medida mais tradicional para a avalia- ção da fluência verbal é a produção de palavras sob as categorias semânticas e fonológicas. Tal avaliação pode ser rea- lizada rapidamente e com custos mate- riais mínimos, o que permite seu uso em diversos contextos. Para tal, pede-se ao paciente que relate o máximo de palavras pertencentes a uma categoria específica (semântica ou fonológica), no período de um minuto. É contabilizado o total de pa- lavras excluindo-se erros perseverativos e não perseverativos. Cabe salientar que a avaliação das funções executivas é de fundamental importância em diversos contextos clínicos uma vez que um grande número de transtornos neurológicos e psiquiátricos apresentam em seu cerne sintomas disexecutivos. A identificação de alterações no funciona- mento executivopode fornecer importan- tes informações, não apenas para questões diagnósticas, mas também para a estrutu- ração de rotinas eficazes de tratamento. As principais categorias semânticas utili- zadas são "animais" (normas para adultos em Brucki, 1996 e infantis em Malloy-Diniz et al.,2007), "partes do corpo" e "alimen- tos" (Malloy-Diniz et al., 2007b). Na ava- liação da fluência semântica do idoso, a Arnsten, A.FT.,& Bao-Ming, L. (2005). Neurobioloy of executive functions: Catecholamine influences on prefrontal cortical functions. 8iological Psychia try, 57, 1377-1384. Baddeley, A.D. (1986). Working memory. 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