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Capítulo 9 Placentação comparada Morten Vejilsted Na cavidade uterina, o embrião é nutrido, inicialmente, pela secreção das glândulas uterinas. Estes produtos são conhecidos como histotrofos ou leite uterino. Entretanto, no decorrer do desenvolvimento, esta nutrição torna-se inadequada. Para contrabalancear a insuficiência nutricional o próprio embrião estabelece uma conexão entre os tecidos embrionários, os quais são vascularizados pelo próprio embrião, e pelo sistema circulatório materno. Este fato permite ao embrião importar nutrientes maternos do sangue, hemotrofo, e exportar seus próprios dejetos. Juntos, histotrofos e hemotrofos são denominados embriotrofo. Para realizar as trocas materno-fetais um órgão temporário, a placenta, é formado pela contribuição dos tecidos embrionários e maternos. Como será explicado a seguir, a formação da placenta (placentação) necessita sincronizar os locais de receptividade uterina e do desenvolvimento embrionário. Em roedores e primatas, os blastocistos eclodidos fixam-se no epitélio endometrial e, devido à invasão natural do trofoectoderma nestas espécies, o embrião penetra no epitélio e invade o tecido conjuntivo no qual ele se torna completamente embebido. Este processo, pelo qual o embrião deixa o lúmen uterino, é conhecido como implantação. Nos animais domésticos, entretanto, o embrião permanece fixado à superfície endometrial interna ao longo de toda a gestação e, exceto nos carnívoros, a placentação é não invasiva. Desenvolvimento do concepto peri-implantação Na maioria dos animais domésticos, o embrião alcança a cavidade uterina antes da blastulação (Cap. 6). No fim da blastulação, o embrião consiste em uma esfera de trofoectoderma circundando a massa celular interna e a cavidade blastocística (Fig. 9-1). Quando atrelado à formação da placenta, o trofoectoderma é denominado trofoblasto. Como a maioria dos tecidos extraembrionários, o trofoblasto é essencial durante a vida intrauterina, entretanto, ele é expelido no parto como parte da placenta. 162 Fig. 9-1 Desenvolvimento das membranas extraembrionárias apresentadas em seções longitudinais progressivas dos embriões (A a F). 1: Massa celular interna; 2: Trofoectoderma; 3: Cavidade blastocística; 4: Epiblasto; 5: Hipoblasto; 6: Mesoderma intrauterino; 7: Endoderma; 8: Mesoderma extraembrionário somático; 9: Mesoderma extraembrionário visceral; 10: Saco vitelino primitivo; 11: Intestino primitivo; 12: Alantoide; 13: Saco vitelino definitivo; 14: Celoma extraembrionário; 15: Cório; 16: Esplanopleura; 17: Fusão entre a parede do saco vitelino e o cório permitindo a formação da placenta coriovitelina; 18: Cavidade amniótica: 19: Mesoâmnio; 20: Corioalantoide permitindo a formação da placenta corioalantoide. G: Em bovinos e suínos, o cório e a porção dorsal da parede do âmnio permanece fusionada no mesoâmnio. H: Em equinos e cão, o alantoide circunda completamemte o âmnio. 163 No momento da eclosão da zona pelúcida, a massa celular interna diferencia-se em epiblasto e hipoblasto (Fig. 9-1). O hipoblasto gradualmente forma um revestimento interno do epiblasto e do trofoectoderma. Quando formada, a cavidade fechada pode ser denominada saco vitelino primitivo, análogo ao saco vitelino encontrado nos embriões de aves. O processo de gastrulação resulta no estabelecimento das três camadas germinativas: endoderma, mesoderma e ectoderma (Cap. 7). Durante este processo, o endoderma gradualmente desloca o hipoblasto sob o epiblasto. Entretanto, o mesoderma extraembrionário divide-se nas lâminas somática (ou parietal) e visceral (ou esplâncnica) revestindo o celoma extraembrionário. O mesoderma somático extraembrionário associado a trofoectoderma origina o cório, enquanto o mesoderma visceral juntamente com o hipoblasto e endoderma formam a esplancnopleura. Por fim, do saco vitelino primitivo (Cap. 7), as dobras do corpo do próprio embrião resultam na formação do intestino primitivo e do saco vitelino definitivo. A parede do saco vitelino definitivo estabelece uma fusão com o cório em algumas espécies para formar a placenta coriovitelina. O alantoide se desenvolve da evaginação do intestino posterior (Fig. 9-1). A evaginação ocorre após a formação do saco vitelino definitivo e, devido a sua origem no intestino posterior, sua parede é composta internamente pelo endoderma e externamente pelo mesoderma visceral, as duas camadas juntas formam a esplancnopleura. Os vasos sanguíneos são formados, incialmente, no mesoderma visceral do saco vitelino, e este desenvolvimento permitirá posteriormente a vascularização do mesoderma visceral associado ao alantoide (Cap. 12). Em contrapartida, o mesoderma somático, incluindo aquele do cório, permanece inicialmente avascular. Com o desenvolvimento embrionário, o alantoide gradualmente expande-se no celoma extraembrionário, ocupando a maior parte da cavidade embrionária. O corioalantoide é formado da junção da parede do cório e do alantoide, o qual se torna gradualmente vascularizado dos vasos no mesoderma visceral alantoico originando a placenta corioalantoide. Mudanças no endométrio e reconhecimento materno da prenhez Durante o período de livre movimentação do embrião na cavidade uterina, o útero prepara-se para a placentação. Os estrógenos e a progesterona são os principais hormônios produzidos nos ovários (Cap. 3). Os altos níveis de estrógenos são secretados no sangue circulante durante o proestro e o estro (a fase folicular do ciclo estral); a progesterona predomina durante os períodos subsequentes de metaestro e diestro (fase luteal) quando o embrião move-se da tuba uterina para o útero. É nesta 164 fase do ciclo de produção de hormônios ovarianos que são estimuladas mudanças marcantes no endométrio, o revestimento interno do útero. Durante o proestro e o estro, o aumento dos níveis de estrógenos induz a proliferação das glândulas uterinas e ingurgitamento do estroma uterino com sangue (resultante de hiperemia e congestão) e fluido extracelular (edema). A genitália externa, notavelmente a vulva, torna-se edemaciada, a qual pode ajudar no diagnóstico do cio. Durante o metaestro, o edema endometrial diminui e alguns vasos congestos rompem-se. Este fenômeno denominado metrorragia pode conter sangue e corrimento vulvar, indicando, na vaca, que o estro já passou. A proliferação das glândulas endometriais continua durante o metaestro, e durante o diestro as glândulas alcançam um estado máximo de atividade secretória. Consequentemente, a secreção de glândulas uterinas é maior durante os primeiro onze dias de diestro, promovendo nutrição histotrófica ao embrião. Se a prenhez não ocorrer, segue a involução do endométrio, resultando na regressão do corpus luteum ou corpo lúteo. A luteólise deverá ser evitada se a prenhez continuar. A manutenção do corpo lúteo é baseada no reconhecimento materno da prenhez, no qual uma série de eventos depende do desenvolvimento sincronizado do embrião e de um endométrio receptivo. Para sinalizar a sua presença no útero, o embrião previne a luteólise enquanto se sobrepõe, e, então, adere-se ao endométrio. A eficiência da sinalização depende do grau de contato entre o trofoblasto e o endométrio, assegurado pelo alongamento do concepto nos ruminantes e suínos e por migração intrauterina nos equinos. Em ruminantes, o corpo lúteo produz ocitocina assim como progesterona. A ocitocina estimula o endométrio a sintetizar prostaglandina (PGF2α; Cap. 30) a qual tem sido identificada como a principal causa da luteólise em ruminantes (assim como em suínos e equinos). Nos ruminantes, o interferon-tau (IFN-t) é produzido pelo trofoectodema, inibindo a formação de receptores de ocitocinas. Portanto, na presença do embrião, a ocitocina não pode estimular a síntese de PGF2α e a luteólise é evitada. Além disso, o IFN-t estimula a produção de histotrofo das glândulas endometriais. Os suínos utilizam outras estratégias para interromper os caminhos da luteólise. Embora a ocitocina também seja produzida pelo corpo lúteo no suíno e promova síntesede PGF2α endometrial. O estradiol é produzido pelo trofoectoderma entre os dias 11 e 12 do desenvolvimento embrionário causando liberação de PGF2α no lúmen uterino em vez do fluxo sanguíneo materno. No lúmen, a PGF2α é rapidamente degradada. Além de modificar a secreção de PGF2α endócrina (circulação materna) para exócrina (lúmem uterino), acredita-se que o estrógeno também estimule as 165 contrações miometriais facilitando a distribuição dos embriões dentro dos longos cornos uterinos. Foi demonstrado que pelos menos quatro embriões devem estar presentes a fim de evitar a luteólise no suíno. Outra estratégia para a manutenção da prenhez é vista na égua. O contato direto célula a célula entre o trofoblasto e o endométrio é evitado até o dia 21 pela cápsula (veja a seguir) e é lentamente estabelecida após isto. A cápsula é capaz de tornar o concepto esférico do equino para migração ao longo de toda a superfície do endométrio entre 12 e 14 vezes por dia durante os dias 6 a 17 da prenhez a fim de evitar a luteólise. Esta migração tem se mostrado essencial para a manutenção da prenhez, entretanto, a natureza e o papel das trocas sinalizadoras com a égua ainda não estão completamente identificados e compreendidos. Considerando que a égua já reconhece a diferença entre o embrião e o ovócito não fertilizado na tuba uterina (“permitindo” apenas os embriões passarem no útero), pode ser inapropriado aplicar o termo reconhecimento da prenhez para equinos como até então é utilizado para ruminantes e suínos. Em carnívoros, também, um sinal para o reconhecimento materno da prenhez foi identificado. Nos caninos os períodos de metaestro e dietro são longos. Em condições normais estas fases do ciclo estral podem levar de 20 a 30 dias e, em muitos casos, a cadela não prenhe desenvolve uma síndrome denominada pseudoprenhez na qual o corpo lúteo mantém sua produção de progesterona por longos períodos. Na maioria dos casos há uma reversão do quadro, mas algumas vezes há uma necessidade de tratamento. Devido ao longo período do corpo lúteo, os sinais embrionários para o reconhecimento da prenhez podem ser menos importantes ou até desnecessários em cães. Portanto, o aumento dos níveis de hormônio pituitário luteotrófico, a prolactina, parece ser responsável pela manutenção do corpo lúteo no final da gestação de cadelas. Classificação da placenta Há grandes diferenças entre as espécies em relação ao início da placentação e, portanto, como sua arquitetura final se desenvolve. Várias formas diferentes de classificações da placenta, baseadas em uma variedade de critérios, foram propostas ao longo dos anos. Uma delas é baseada na natureza dos tecidos extraembrionários que contribuem para a formação da placenta, levando esta a ser classificada como coriovitelina ou corioalantoide. Na placenta coriovitelina, a parede do saco vitelino justapõe-se com o cório para formar uma área de trocas (Fig. 9-1). Nos animais domésticos uma placenta coriovitelina funcional é vista somente nos carnívoros e equinos. A placenta corioalantoide, considerada funcional primária 166 em todas as espécies domésticas, é estabelecida pela fusão entre a parede do alantoide e do cório estabelecendo assim o corioalantoide. Nos suínos e ruminantes, o saco vitelino involui 3 a 4 semanas após a concepção e nunca forma uma placenta funcional. Outra forma de classificação é baseada na estrutura da superfície corioalantoide e suas interações com o endométrio. As áreas onde o corioalantoide interage com o endométrio e se envolve na formação da placenta são denominadas cório frondoso. Por sua vez, as áreas onde o corioalantoide está livre, não envolvido na formação da placenta, de superfície lisa, são conhecidas como cório liso. Em suínos e equinos, o cório frondoso é difuso, distribuído completamente na superfície coriônica e, portanto, a placenta é categorizada como difusa. A área de superfície corioalantoide suína é aumentada por dobras reveladas com pregas primárias e rugas secundárias, e por isto denominada pregueada. Nos equinos, os vilos coriônicos são aglomerados em numerosas “microzonas” especializadas, conhecidas como microcotilédones, que se estendem nas criptas do endométrio, a placenta é também denominada vilosa. Em ruminantes, o cório frondoso é organizado em vilos coriônicos arborizados semelhantes a grandes tufos visíveis macroscopicamente denominados cotilédones. Sendo assim, a placenta é conhecida como cotiledonária, múltipla ou vilosa. Os cotilédones combinados com projeções do endométrio denominadas carúnculas, formam os placentônios, nos quais os vilos corioalantoides deste se estendem nas criptas das carúnculas. O cório liso está presente entre os cotilédones. Em carnívoros, o cório frondoso é organizado em uma ampla faixa estendida ao redor do eixo longitudinal do embrião onde se formam lamelas. Este tipo de placenta pode ser denominada zonária ou lamelar. Uma terceira forma de classificação é baseada no número de camadas teciduais que separam a circulação fetal e materna, deste modo, formando a barreira placentária (Fig. 9-2). Existem três camadas de membranas extraembrionárias na placenta corioalantoide: o endotélio revestindo os vasos sanguíneos alantoides; o mesênquima corioalantoide, originado da fusão somática (coriônico) e visceral (alantoico) do mesoderma; e o epitélio coriônico, ou seja, o trofoblasto. Entretanto, o número de camadas retidas na porção materna da placenta varia com a espécie. Antes da placentação, o endométrio apresenta três camadas que contribuirão para a formação da barreira placentária: o epitélio endometrial, o tecido conjuntivo e o endotélio vascular. 167 Fig. 9-2 A barreira placentária A: A placenta epiteliocorial na porca. B: A placenta sinepiteliocorial da vaca. C: A placenta endoteliocorial da cadela. D: A placenta hemocorial da camundonga. F: Componentes fetais da placenta; M: Componentes maternos da placenta; 1: Epitélio endometrial; 2: Vasos fetais; 3: Endotélio fetal; 4: Trofoblasto; 5: Mesênquima; 6: Vasos maternos; 7: Células binucleadas; 8: Células sanguineas vermelhas. A barreira placentária é indicada pelas setas duplas. Nos animais domésticos, o número de camadas maternas na barreira placentária resulta em duas principais classes de placenta: a epiteliocorial e a endoteliocorial. A primeira é encontrada em suínos, equinos e ruminantes. Os epitélios coriônico e endometrial estão sobrepostos, e não há perdas de tecidos maternos. A placenta epiteliocorial em ruminantes é modificada com células trofoblásticas especiais que estabelecem uma fusão com as células do endométrio. A placenta também é denominada sinepiteliocorial. Em carnívoros, por seu turno, a placenta é endoteliocorial, pois o epitélio endometrial e o tecido conjuntivo são perdidos durante a placentação, levando a um contato direto do trofoblasto com o endotélio vascular materno. Em roedores e humanos, a redução da barreira placentária materna é completa, levando um contato direto do trofoblasto com o sangue, sendo assim denominada placenta hemocorial. O número de camadas de tecidos que separam a circulação fetal e materna tem importantes implicações nas transferências de imunoglobulinas e outras proteínas maternas para o feto e, consequentemente, para o desenvolvimento do sistema imunitário no útero (Cap. 13). Em carnívoros, a placenta endoteliocorial resulta da aderência entre os componentes fetais e maternos da placenta. Como resultado, uma porção do endométrio é lesada quando as membranas fetais e a placenta são expulsas no nascimento. A porção lesada do endométrio é denominada decídua e este tipo de placenta deciduada. A placenta em roedores e humanos também é deciduada. Em contrapartida, a placenta de ruminantes, suínos e equinos é adeciduada. 168 Diferenças entre as espécies Suínos Os embriões passam para o estágio de 4 células no útero aproximadamente 2 dias após a ovulação. O blastocisto eclodido sofre uma fase de extremo alongamento durante os dias 10 a 14 do desenvolvimento coincidindo com a distribuiçãodos embriões dentro dos longos cornos uterinos. O estradiol secretado pelo trofoblasto leva ao reconhecimento materno da prenhez por volta dos dia 11 a 12 e a implantação tem início por volta dos dias 13 a 14 no lado mesometrial do útero. O saco vitelino é transitoriamente presente, mas involui em torno dos 20 dias sem a formação de uma placenta coriovitelínica. Portanto, a placenta corialantoide do suíno é difusa, pregueada, epiteliocorial e adeciduada. As áreas de trocas da placenta são aumentas por dobras na forma de pregas (macroscópicas) primárias e rugas (microscópicas) secundárias (Figs. 9-3, 9-4). Nas extremidades das membranas fetais, o alantoide não se estende até o fim do cório, o qual forma extremidades necróticas. A placenta difusa cobre inteiramente a superfície endometrial incluindo a abertura das glândulas endometriais. Consequentemente, para a liberação das secreções histotróficas acontecer, o corioalantoide forma cavidades semelhantes a rosetas, aréolas, sobre a abertura das glândulas (Fig. 9-5). 169 Fig. 9-3 A placenta difusa na porca. 1: Corioalantoide; 2: Mesoâmnio; 3; Endométrio; 4: Âmnio; 5: Alantoide; 6: Prega corioalantoide com rugas secundárias; 7: Miométrio. Fig. 9-4 Placenta em baixa (A) e (B) em alta resolução. 1: Alantoide; 2: Epitélio endometrial do alantoide; 3: Mesênquima; 4: Prega corioalantoide; 5: Endométrio; 6: Miométrio; 7: Perimétrio; 8: Ruga corioalantoide; 9: Glândulas uterinas; 10: Vasos fetais; 11: Vasos maternos. 170 Fig. 9-5 Aréola na placenta de suínos. 1: Mesênquima; 2: Ruga corioalantoide; 3: Aréola; 4: Endométrio; 5: Glândulas uterinas. A formação do âmnio é seguida de uma persistência do mesoâmnio (Cap. 7), Desse modo, os leitões são, em geral, nascidos descobertos de membrana fetal. O alantoide começa a se formar por volta do dia 15, e devido à involução do saco vitelino, ocupa o celoma extraembrionário, exceto pela área do mesoâmnio. Ruminantes Em geral, o embrião ruminante entra no útero no estádio de 8 a 16 células, 3 a 4 dias após a ovulação. O blastocisto rapidamente elonga-se após a eclosão da zona pelúcida. Nos bovinos, o concepto estende-se igualmente em ambos os cornos por volta do dia 22 (Cap. 6). Uma maior quantidade de embriões parece estar localizada no corno direito, reforçando o fato que a ovulação é mais comum no ovário direito e que a migração embrionária não é tão pronunciada como nos suínos e equinos. O reconhecimento materno da prenhez ocorre por volta do dia 12 a 13 (ovelha) e 16 a 17 (vaca), como um resultado da secreção de IFT-t pelo trofoblasto, e é seguido da implantação nos dias 15 a 20 (ovelha) e 16 a 18 (vaca). O saco vitelino está apenas transitoriamente presente, degenera-se brevemente após a implantação ter iniciado. Desse modo, a placenta corioalantoide é cotiledonária ou múltipla, vilosa, sinepiteliocorial e adeciduada. A placentação ocorre pelo desenvolvimento dos vilos coriônicos em aposição às proeminências endometriais carunculares formando cotilédones semelhantes a 171 botões, correspondendo à forma da carúncula. A carúncula e o cotilédone formam o placentônio (Figs. 9-6, 9,7). Em vacas, 75 a 120 carúnculas estão presentes; na ovelha entre 80 a 100. Fig. 9-6 A placenta cotiledonária dos ruminantes. 1: Corioalantoide (cotilédone) formando vilo; 2: Carúncula com criptas envolvendo os vilos; 3: Miométrio. 172 Fig. 9-7 Placentônio de vaca em baixa (A) e em alta (B) resolução. 1: Alantoide; 2: Epitélio endodermal do alantoide; 3: Placentônio; 4: Endométrio; 5: Miométrio; 6: Mesênquima; 7: Ramificação dos vilos corioalantoides. Os placentônios são convexos em vacas, côncavos em ovelhas, e planos em cabras. O trofoblasto cobre os cotilédones dando origem a uma única população de células binucleadas gigantes produtoras de hormônio que migram e fusionam-se com as células do epitélio endometrial (Fig. 9-2). Em pequenos ruminantes este fenômeno de fusão, que origina a placenta sinepiteliocorial, ainda que mais pronunciado, resulta em um sincício que substitui o epitélio materno. A carúncula não possui abertura de glândulas uterinas, pois, o cório que parte por entre os cotilédones não está fixado ao endométrio e não forma aréola. As placas amnióticas, as quais são elevações epiteliais estratificadas ricas em glicoproteínas no epitélio do âmnio, e os cálculos alantoicos, massas esbranquiçadas ou acastanhadas de debris celulares circundados por mucoproteínas e minerais provavelmente originados do intestino posterior fetal e do sistema urinário em desenvolvimento, são comumente encontrados em vacas e ovelhas. Como nos suínos, um mesoâmnio persiste, portanto, o bezerro nasce sem cobertura de membranas. As membranas fetais são normalmente expulsas dentro de 6 a 12 horas, e mantidas após o nascimento – a retenção das membranas por longos períodos – não é um fato incomum. Durante uma gestação clinicamente normal, a quantidade de fluido presente na cavidade amniótica e alantoide é firmemente regulada. Entretanto, uma quantidade excessiva de fluidos pode, algumas vezes, acumular em ambas as cavidades, especialmente em vacas, resultando em hidroâmnio ou hidroalantoide. Assim, o volume de fluido normal no âmnio e alantoide em vacas é de aproximadamente 15 a 20 litros respectivamente, em casos de hidroalantoide (a condição mais frequente) 173 um total de 100 a 200 litros pode acumular no alantoide. As razões para esta condição incluem distúrbios vasculares na placenta em geral associados a malformações gemelares e embrionárias. O interessante é que anormalidades placentárias, incluindo hidroalantoide, são encontradas com frequência em prenhezes resultantes de transferência de embriões clonados por transferência nuclear de células somáticas (Cap. 21). Equino O embrião equino entra no útero, nos estágios de mórula ou blastocisto, aproximadamente 6 dias após a ovulação. Somente embriões entram na cavidade uterina; ovócitos não fecundados são retidos nas tubas uterinas por meio de reações ainda não completamente elucidadas. A eclosão da zona pelúcida ocorre por volta do dia 7 e 8 do desenvolvimento. Entretanto, mesmo antes da eclosão dentro da zona pelúcida, uma cápsula glicoproteica elástica produzida em grande parte pelo trofoectoderma circunda o blastocisto. Diferente de outras espécies, o concepto, devido à presença da cápsula, permanece esférico durante a gastrulação até o vigésimo primeiro dia quando a cápsula é perdida. A cápsula permite que o embrião esférico atravesse todo o lúmen uterino do dia 6 ao décimo sétimo, promovendo os sinais essenciais para a manutenção da prenhez. Esta extensa mobilidade é finalizada pela fixação do embrião – um aumento do tônus uterino fixando o embrião na base do corno uterino. O mesmo processo ocorre com o concepto equino no que se refere ao tempo de fixação que este tem para posicionar-se adequadamente (orientar-se) no útero, no qual o próprio embrião reveste a parede mesometrial, ou posiciona-se “para baixo” como visto na ultrassonografia transretal antes do dia 40. A placenta coriovitelina do equino se forma de uma estrutura proeminente, o saco vitelino, que funciona como base para as trocas materno-fetais até aproximadamente o quadragésimo segundo dia de gestação. A partir desta data o saco vitelino involui e a placenta corioalantoide assume a função até o final da gestação. A involução do saco vitelino persiste a termo e, devido a este fato, o cordão umbilical torna-se mais longo no cavalo, medindo entre 50 a 100 cm ao nascimento. O desenvolvimento da placenta é necessário para a formação da cinta coriônica na junção entre o corioalantoide e o saco vitelino em torno do trigésimo quarto dia (Figs. 9-8, 9-9). Esta estrutura consiste em uma faixa espessa de células trofoblásticas que invade o endométrio, atravessa a barreira placentária e forma as taças endometriais no endométrio. Estes agregados de células produzem o hormônio gonadotrofina coriônica equina (eCG), conhecido como gonadotrofina sérica da égua prenhe (PMSG). A eCG age como um estimulanteluteotrófico 174 mantendo tanto o corpo lúteo primário, quanto a formação do corpo lúteo suplementar (acessório) (Cap. 3). Fig. 9-8 Embrião equino durante a presença da cinta coriônica. A: Vista da ramificação vascular. B: Seção do embrião. 1: Saco vitelino; 2; Seio terminal; 3: Cinta coriônica; 4: Alantoide; 5: Âmnio; 6: Mesoderma com vasos; 7: Celoma extraembrionário. Cortesia de Rüsse e Sinowatz (1998). Fig. 9-9 Embrião equino aos 25 dias de prenhez, antes da formação da cinta coriônica. 1: Seio terminal; 2: Local de formação da cinta; 3: Cobertura corioalantoide da cavidade alantoide. Foto: Keith Betteridge. 175 O desenvolvimento do âmnio se completa por volta do vigésimo primeiro dia. Não há persistência de um mesoâmnio. Consequentemente, os potros podem nascer recobertos pelo âmnio, fato que vem a potencializar riscos de sufocamento caso a membrana não seja removida rapidamente. Entre o vigésimo ao quadragésimo dia o alantoide expande-se na cavidade celomática extraembrionária (Figs. 9-8, 9-9). O corioalantoide forma-se, e gradualmente desenvolve tufos de vilos corioalantoides, microcotilédones, distribuídos difusamente, projetando-se nas reentrâncias endometriais, as criptas. Todo o processo de placentação completa-se antes do centésimo vigésimo primeiro dia. Os microcotilédones fetais e as criptas maternas podem ser descritas como microplacentônios, ligeiramente semelhantes aos arranjos vistos nos ruminantes. Como no suíno, no equino não há perda de endométrio ao nascimento. A placenta do cavalo é difusa, vilosa, epiteliocorial e adeciduada. Numerosas aréolas estão espalhadas entre os microcotilédones, facilitando o aproveitamento do histotrofo (Figs. 9-10, 9-11). 176 Fig. 9-10 Placenta difusa na égua. 1: Corioalantoide; 2: Endométrio, 3: Âmnio; 4: Alantoide; 5: Saco vitelino; 6: Microcotilédones corioalantoicos com vilos; 7: Taças endometriais; 8: Endométrio com criptas envolvendo os vilos. 9: Miométrio. 177 Fig. 9-11 Placenta de égua em baixa (A) e em alta (B) resolução. 1: Alantoide; 2: Microcotilédones; 3: Endométrio; 4: Glândulas uterinas; 5: Epitélio endodermal do alantoide; 6: Vasos fetais. Quando a égua concebe gêmeos, há uma redução da área endometrial disponível para cada embrião durante a placentação. Este fato representa um problema, pois a expansão de uma das placentas restringe o crescimento da outra resultando na morte de um dos gêmeos ou de ambos. Portanto, o diagnóstico inicial da prenhez é comumente realizado a fim de possibilitar a retirada de um dos gêmeos por redução embrionária (ruptura transretal manual). Como nos ruminantes, os cálculos alantoicos são frequentemente encontrados flutuando na cavidade alantoide. No cavalo eles são particularmente grandes e denominados hipomanes. As placas amnióticas ou pústulas também são bastante observadas no âmnio. Carnívoros É difícil prever, precisamente, o tempo no qual ocorrem os eventos da gestação em cadelas, pois a cópula ocorre antes da ovulação, e os espermatozoides permanecem viáveis por longo tempo no trato genital feminino (Cap. 3). Na gata, ao contrário, o momento da fecundação pode ser estimado precisamente, pois a ovulação é induzida na cópula. Para ambas as espécies, os embriões parecem entrar no útero no estágio de blastocisto, cerca de 6-8 dias póscópula. Os embriões de carnívoros não emergem de seus revestimentos do mesmo modo que se expandem os blastocistos de ruminantes e suínos claramente “eclodidos” da ainda óbvia zona pelúcida. Em vez disso, o blastocisto de gatos, por exemplo, permanece envolvido em uma membrana extremamente atenuada, muito parecida com a cápsula do equino, 178 entre os dias 12 e 15 após a cópula. Se este revestimento é muito modificado na zona pelúcida, ou substituído por ela, ainda não foi estabelecido. O revestimento é provavelmente um suporte à extensa migração do blastocisto no corno uterino no qual permite o espaçamento do próprio embrião. O reconhecimento materno da prenhez nestas espécies é provavelmente desnecessário pela prevenção da regressão do corpo lúteo. A placentação começa em torno do décimo sétimo ao décimo oitavo dia na cadela e no décimo segundo ao décimo quarto dia na gata. O saco vitelino inicialmente forma uma ampla placenta coriovitelina. Mais tarde, a área central da placenta coriovitelina degenera-se resultando em uma placenta coriovitelina transitória na periferia da estrutura inicial. A placenta corioalantoide, entretanto, serve como principal base para as trocas materno-fetal. Devido à aparência de uma cinta do cório frondoso, a placenta coriovitelina em carnívoros é referida como sendo zonária (Fig. 9-12). No cório frondoso, o trofoblasto origina duas diferentes populações de células: as células localizadas basalmente denominadas células do citotrofoblasto e as células localizadas superficialmente denominadas células do sinciotrofoblasto, as quais são formadas pela fusão de muitas células trofoblásticas. O sinciotrofoblasto é altamente invasivo e destrói tanto o epitélio endometrial como o tecido conjuntivo subjacente, aproximando o trofoblasto ao endotélio materno, tornando a placenta dos carnívoros endoteliocorial (Fig. 9-2). Além disso, como o tecido materno é perdido no parto, a placenta é classificada como decídua. Como no suíno, a área de superfície do cório frondoso é aumentada pelas dobras lisas denominadas lamelas. Estas estruturas podem, dependendo da espécie de carnívoro, ser mais ou menos ramificada e destorcida, resultando na formação do labirinto. A zona placentária é organizada no interior da zona lamelar com a lamela corioalantoide, uma zona de junção intermediária contendo a parte terminal da lamela, vasos maternos, debris celular e secreções glandulares, e uma zona glandular contendo as projeções das glândulas uterinas (Fig. 9-13). Em resumo, a placenta de carnívoros é zonária, lamelar ou labiríntica, endoteliocorial e deciduada. 179 Fig. 9-12 Placenta zonária da cadela. 1: Perimétrio; 2: Endométrio e miométrio; 3: Corioalantoide; 4: Alantoide; 5: Saco vitelino; 6: Corioalantoide formando lamelas na zona placentária; 7: Hematoma marginal. Fig. 9-13 Placenta de marta. A: A área do quadrado está ampliada em “B”. 1: Alantoide; 2: Zona lamelar; 3: Zona juncional; 4: Edométrio; 5: Hematoma marginal; 6: Zona glandular; 7: Lamela individual da zona lamelar. Nas margens da zona placentária, parte do endotélio materno degenera. No cão e em martas, esta degeneração resulta na formação de um hematoma denominado 180 hematoma marginal. Na gata, os hematomas são posicionados mais irregulares. Em ambas as espécies, o sangue contido serve como fonte de ferro. Devido a diferenças na quebra de hemoglobina, os hematomas são verdes na cadela e marrom na gata. As áreas periféricas à zona placentária, conhecidas como paraplacenta, são consideradas não funcionais. A aréola não ocorre em carnívoros. Como nos equinos, um mesoâmnio não persiste e então os recém-nascidos são normalmente cobertos pelo o âmnio. Roedores e primatas A placenta de roedores e primatas será brevemente descrita por razões comparativas. Nestas espécies, o trofoectoderma é altamente invasivo e então o blastocisto penetra no epitélio endometrial localizando-se no tecido conjuntivo endometrial. O termo implantação é bem adequado nestas espécies. Ao longo do desenvolvimento do embrião, o trofoblasto diferencia-se em um citotrofoblasto interno e um sinciotrofoblasto externo. O alantoide não se desenvolve e, portanto, não há formação de uma placenta corioalantoide. Entretanto, a migração do mesoderma visceral resulta em ampla vascularização da placenta, a qual toma a forma de um disco, formando a placenta discoidal (Fig. 9-14). O termo “placenta” dá-se devido á semelhança deste disco esponjoso com um bolo (placenta = bolo plano em latim). 181 Fig. 9-14 Placenta discoidal de primatas. 1: Perimétrio; 2: Endométrio e miométrio; 3: Âmnio; 4: Cavidade uterina; 5: Espaço interviloso com sangue materno; 6: Endométrio; 7: Miométrio. No disco, o trofoblastoforma vilos com um núcleo de citotrofoblasto e uma camada externa de sinciotrofoblasto. Mais tarde, o núcleo é invadido pelo mesoderma carreando vasos sanguíneos. Devido à natureza invasiva do sinciotrofoblasto, o tecido conjuntivo materno e o endotélio são removidos e os vilos fetais cobertos de trofoblasto estão diretamente circundados pelo sangue materno contido nos espaços intervilosos. Assim é estabelecida a placenta hemocorial (Fig. 9- 2). A placenta discoidal e a decídua são expulsas com o nascimento. Dessa forma, as placentas de roedores e primatas são discoidais, vilosas, hemocorial e deciduada. Prenhez ectópica 182 As gestações que ocorrem fora da tuba uterina são denominadas ectópicas. Embora rara e fatal, a condição ocorre principalmente na tuba uterina e na cavidade abdominal. As prenhezes tubáricas podem acometer mais de 95% de todas as prenhezes ectópicas em humanos; ao contrário, este tipo de prenhez não ocorre nos animais domésticos. Existe uma especulação se é devido ao ambiente tubárico espécie-específica não favorável ao desenvolvimento embrionário ou interrupção dos caminhos que conduzem ao reconhecimento materno da prenhez. O tipo abdominal de prenhez ectópica pode ocorrer como resultado de um zigoto que entra na cavidade abdominal e fixa-se no mesentério ou vísceras abdominais (forma abdominal primária) ou, mais frequentemente, pela ruptura da tuba uterina ou útero seguido de expulsão do embrião/feto (forma abdominal secundária). Na maioria dos casos, o embrião/feto torna-se calcificado e é frequentemente encontrado por acaso. Entretanto, tanto em ovelhas, quanto em gatas, a prole viva resultante da forma secundária pode ser recuperada por cesariana, indicando que o desenvolvimento completo a termo é possível de ocorrer fora da cavidade uterina. Resumo No interior do útero, o embrião é inicialmente nutrido pelo histotrofo das glândulas uterinas. A placentação estabelece a base para uma absorção de nutrientes via circulação sanguínea, o hemotrofo. Um importante evento de pré-implantação é o reconhecimento materno da prenhez, mediado pelos sinais produzidos pelo embrião. Próximo do momento da implantação, o embrião desenvolve múltiplas membranas e cavidades. O revestimento externo do embrião consiste no trofoectoderma com um revestimento interno do mesoderma extraembrionário somático, construindo o cório. As dobras do cório resultam na formação do âmnio envolvendo o embrião. O hipoblasto, recoberto com o mesoderma extraembrionário visceral, fecha a cavidade denominada saco vitelino primitivo. O celoma extraembrionário é encontrado entre o mesoderma embrionário somático e o visceral. O endoderma está inserido na porção do saco hipoblástico e, com as dobras anteroposterior e lateral do embrião, a porção do endoderma que reveste o saco vitelino primitivo, forma o intestino primitivo, ao passo que a porção revestida com hipoblasto forma o saco vitelino definitivo. Finalmente, o alantoide desenvolve-se como uma consequência do intestino posterior e vem a ocupar a maior parte do celoma extraembrionário. Com o tempo, o alantoide passa a circundar suavemente o âmnio. Entretanto, em bovinos e suínos, um mesoâmnio, onde o âmnio e cório são fixados, persiste. Uma placenta coriovitelina temporária é formada pela interação da fusão do 183 saco vitelino e o cório com o endométrio no equino e no cão. A placenta corioalantoide permanente é formada pela fusão entre o alantoide, o cório e o endométrio. A placenta é classificada de acordo com sua aparência anatômica (difusa, múltipla, zonária ou discoidal), suas características de superfície (vilos, dobras, lamelas/labirinto), e pela espessura de barreias (epiteliocorial, sinepitelicorial, endotelicorial ou hemocorial). No suíno, a placenta é difusa, pregueada, epiteliocorial e adeciduada. Nos ruminantes, a placenta é cotiledonária ou múltipla, vilosa, sinepitelicorial e adeciduada. No equino, a placenta é difusa, vilosa, epiteliocorial e adeciduada. Nos carnívoros, a placenta é zonária; lamelar ou labiríntica, endoteliocorial e deciduada. Em roedores e primatas, a placenta é discoidal, vilosa, hemocorial e deciduada. Leituras adicionais Allen W.R. Maternal recognition and maintenance of pregnancy in the mare. Anim. Reprod. 2005;2:209–223. Allen W.R., Stewart F. Equine placentation. Reprod. Fert. Dev. 2001;13:623–634. Cencic A., Guillomot M., Koren S., La Bonnardière C. 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