Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Filoso�a da Educação Aula 7: Filoso�a Moderna - Parte III INTRODUÇÃO Nessa aula, você conhecerá o que é o empirismo, a sua origem, e as suas linhas mestras e consequências para a educação. Conhecerá também a importância da �loso�a política do liberalismo, assim como a tradição iluminista e suas implicações na sociedade moderna. OBJETIVOS Identi�car a tradição empirista. Analisar a teoria de Locke e sua crítica ao inatismo. Conhecer o conceito de empirismo. Identi�car a in�uência de Bacon com seu método experimental. Conhecer o pensamento de Hume. Conhecer a importância da �loso�a política do liberalismo e a tradição Iluminista, assim como a in�uência de Jean Jacques Rousseau. O EMPIRISMO O empirismo (glossário) e o racionalismo (pensamento cartesiano) constituíram conjuntamente algumas das principais correntes do pensamento moderno na sua fase inicial. Logotipo da Royal Society. Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Royal_Society#/media/File:RoyalSociety_logo.gif (glossário)>. Acesso em: 17 jul. 2017. A corrente empirista desenvolveu-se, sobretudo, na Inglaterra e entre os �lósofos de língua inglesa, estando diretamente ligada à criação da Real Sociedade de Londres para o Progresso do Conhecimento Natural (glossário). Podemos dizer que o empirismo é a posição �losó�ca que toma a experiência como guia e critério de validade de suas a�rmações, especialmente nos campos da teoria do conhecimento e da �loso�a da ciência. O grito de guerra do empirismo é a frase de inspiração aristotélica: “Nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos”. Ou seja, todo conhecimento resulta de uma base empírica, de percepções ou impressões sensíveis sobre o real, elaborando-se e desenvolvendo-se a partir desses dados https://pt.wikipedia.org/wiki/Royal_Society#/media/File:RoyalSociety_logo.gif da realidade sensorial. Os empiristas, portanto, rejeitam a noção de ideias inatas ou de um conhecimento anterior à experiência ou independente desta. A seguir, você conhecerá os três principais pensadores do empirismo clássico: Francis Bacon (1561-1626); John Locke (1632-1704); e David Hume (1711-1776). BACON E O MÉTODO EXPERIMENTAL Podemos distinguir dois aspectos inter-relacionados da contribuição de �losó�ca de Bacon: A concepção de pensamento crítico contida na teoria dos ídolos A �loso�a de Bacon, assim como a de Descartes, caracteriza-se por uma ruptura bastante explícita em relação à tradição anterior, sobretudo a escolástica de inspiração aristotélica. A preocupação fundamental de Bacon é com formulação de um método que evite o erro e coloque o homem no caminho do conhecimento correto. É nesse contexto que encontramos a sua teoria dos ídolos. Os ídolos são ilusões ou distorções que, segundo Bacon, “bloqueiam a mente humana”, impedindo o verdadeiro conhecimento. Os ídolos podem ser de quatro tipos: ídolos da tribo, ídolos da caverna, ídolos do foro e ídolos do teatro. A defesa do método indutivo no conhecimento cientí�co e de um modelo de ciência antiespeculativo e integrado com a técnica Bacon propõe um modelo para a nova ciência. Segundo ele, o homem deve despir-se de seus preconceitos, tornando-se “uma criança diante da natureza”, somente assim alcançará o verdadeiro saber. O novo método cientí�co é o da indução que, a partir da observação atenta da natureza, permite formular leis cientí�cas que são generalizações indutivas, a partir das quais se pode controlar a natureza e dela tirar benefícios para o homem. Bacon é um pensador que acredita no progresso. Para ele, o conhecimento se desenvolve na medida em que adotamos o método correto e a experiência como guia. Ele teve uma importância fundamental no sentido da ruptura com a tradição. A TEORIA DAS IDEIAS DE LOCKE E A CRÍTICA AO INATISMO John Locke vê a �loso�a como uma tarefa crítica e preparatória para a construção da ciência. Ele desenvolve um modelo empirista, antiespeculativo e antimetafísico de conhecimento. Fonte da Imagem: Locke a�rma que todas as nossas representações do real são derivadas de percepções sensíveis, não havendo outra fonte para o conhecimento. Portanto, não existem ideias inatas. Isto é, o conhecimento não é inato, mas resulta da maneira como elaboramos os dados que nos vêm da sensibilidade por meio da experiência. Retrato de John Locke. Gravado por J.Pofselwhite e publicado na Enciclopédia The Gallery Of Retrends With Memoirs, Reino Unido, 1836. Para Locke, a mente é como uma folha em branco, a “tábula rasa”, na qual a experiência deixa as suas marcas. Desta forma, para processarmos o conhecimento em nossa mente, precisamos da re�exão, assim como distinguir entre as qualidades primárias e as secundárias das substâncias. Locke é considerado como um dos primeiros �lósofos do período moderno a desenvolver uma �loso�a da linguagem, mais especi�camente uma teoria do signi�cado. Legenda da imagem (glossário) O CETICISMO DE DAVID HUME O ceticismo de Hume (glossário) pode ser interpretado a partir do questionamento que dirige a dois princípios ou pressupostos fundamentais da tradição �losó�ca: a causalidade e a identidade pessoal. Casualidade Segundo Hume, a causalidade é uma forma nossa (humana) de perceber o real, uma ideia derivada da re�exão sobe as operações de nossa própria mente, e não uma conexão necessária entre causa e efeito, uma característica do mundo natural. Identidade pessoal Para Hume, jamais podemos apreender a nós mesmos sem algum tipo de percepção. O “eu” (sef) é um feixe de percepções que temos em um determinado momento e que varia na medida em que essas percepções variam. Estamos, assim, em constante mudança, pois a cada momento novas percepções são acrescentadas ao feixe, e outras empalidecem ou desaparecem. A única coisa que assegura o nosso “eu” , o que somos e temos, é a força do hábito, do costume e da memória que conseguimos. Portanto, para esse �lósofo, jamais temos um conhecimento certo e de�nitivo; toda a ciência é apenas resultado da indução, e o único critério de certeza que podemos ter é a probabilidade. É neste sentido e por esses motivos que ele é considerado um cético. Por outro lado, Hume também a�rma que a maneira pela qual conhecemos e pela qual agimos no real depende apenas de nossa natureza, de nossos costumes e de nossos hábitos. Por esta razão ainda não se chegou a de�nir se ele é mais cético ou mais naturalista. A CONTRIBUIÇÃO VALIOSA DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU Rousseau (glossário) (1712-78) nasceu em Genebra e foi um dos mais importantes pensadores franceses do século XVIII no campo da política, da moral e da educação, in�uenciando os ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa (1789). Fonte da Imagem: O ponto de partida da �loso�a de Rousseau é uma concepção de natureza humana representada pela famosa ideia: “O homem nasce bom, a sociedade o corrompe” (Contrato Social, livro I, cap. 1), à qual se acrescenta a ideia de que “o homem nasce livre e por toda parte se encontra acorrentado”. Para Rousseau, é possível, portanto, formular um ideal de sociedade em que os homens sejam livres e iguais, ideal este que servirá de inspiração à Revolução Francesa. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Gravado por R.Hart e publicado na Enciclopédia da Galeria dos Retratos com Memórias, Reino Unido, 1833. A grande questão para Rousseau consiste em: Saber como preservar a liberdade natural do homem. E ao mesmo tempo garantir a segurança e o bem- estar que a vida em sociedade pode lhe oferecer. Sua resposta se encontra fundamentalmente no Contrato Social (glossário), mas também é possível observá-la em outros textos. Fonte da Imagem: A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses especí�cos, porém, enquanto cidadão e membro de uma comunidade, o indivíduo deve possuir também uma vontade que se caracteriza pela defesa do interesse coletivo, do bem comum. Segundo a teoria do contrato social, é papel da educação a formação da vontade geral dos membros da sociedade transformando, assim, o indivíduo em cidadão,em membro de uma comunidade. O processo educativo pressupõe o conhecimento profundo e deve dar a devida importância às leis psicológicas do desenvolvimento do educando. Essas leis devem orientar todo o processo educativo, deixando de lado todas as especulações teóricas a esse respeito. Essas leis podem ser resumidas da seguinte forma: Deve-se observar a natureza e seguir o caminho que ela traçar. As funções, que se exercem numa etapa de vida, a�rmam e preparam o surgimento e o desenvolvimento das funções posteriores. Mesmo quando uma ação parece ser desinteressada, parece não satisfazer alguma necessidade ou interesse funcional, na realidade se trata sempre de uma adaptação funcional. Deve-se respeitar a individualidade de cada educando, pois cada um tem sua forma própria. É em função dessa individualidade que ele deve ser orientado. Atenção! Na proposta de Rousseau, para que o processo educativo não degenere num exercício estéril e até nocivo, é indispensável partir da estrutura especí�ca do educando. Não se deve ver na criança um adulto em miniatura, como era costume na época, uma etapa passageira, provisória, da existência humana, pois a criança tem uma existência própria e acarreta direitos especí�cos. VERIFIQUE SEUS CONHECIMENTOS! Para �nalizar esta aula, propomos a você um desa�o. Abaixo você dispõe do nome dos importantes �lósofos estudados nessa aula e também uma a�rmação sobre cada um deles. Leia atentamente as a�rmações e tente identi�car a qual �lósofo cada uma corresponde. Bacon Locke Hume Rousseau ______________: O ceticismo desse �lósofo pode ser interpretado a partir do questionamento que dirige a dois princípios ou pressupostos fundamentais de tradição �losó�ca: a causalidade e a identidade pessoal. ______________: A preocupação fundamental desse �lósofo é com formulação de um método que evite o erro e coloque o homem no caminho do conhecimento correto. É nesse contexto que encontramos a sua teoria dos ídolos. ______________: Para esse �lósofo, é possível formular um ideal de sociedade em que os homens sejam livres e iguais, ideal este que servirá de inspiração à Revolução Francesa. ______________: Esse �lósofo vê a �loso�a como uma tarefa crítica e preparatória para a construção da ciência. Ele desenvolve um modelo empirista, antiespeculativo e antimetafísico de conhecimento. Resposta Correta Glossário EMPIRISMO A palavra empirismo, deriva da palavra grega “empeiria”, que signi�ca basicamente uma forma de saber derivado da experiência sensível, e de informações acumuladas com base nesta experiência, permitindo a realização de �ns práticos. REAL SOCIEDADE DE LONDRES PARA O PROGRESSO DO CONHECIMENTO NATURAL Essa sociedade foi fundada em 1660 e patrocinada pelos ricos comerciantes de Londres, que tinham interesse nas possíveis aplicações técnicas desses conhecimentos, desde as questões de navegação até os estudos sobre linguagem que permitiam a comunicação com os povos das novas terras com que negociavam. Contudo, o empirismo não se restringiu ao contexto de língua inglesa, encontrando repercussão também na França e em outros países. HUME David Hume foi, sob muitos aspectos, o mais radical dos empiristas, levando essas teses às suas últimas consequências e assumindo uma posição �losó�ca cética. ROUSSEAU Rousseau não condena toda e qualquer sociedade, mas sim aquela que acorrenta e aprisiona o homem. Ele chegou a adotar como modelo de sociedade justa e virtuosa a Roma republicana do período anterior aos césares. CONTRATO SOCIAL Segundo a teoria do contrato social, a soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade. O fundamento dessa soberania é a vontade geral, que não resulta apenas na soma da vontade de cada um.
Compartilhar