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1 Digitada por Júlia Robadey Exame físico do recém-nascido DIVISÃO DA PEDIATRIA COMO INICIAMOS O EXAME FÍSICO DO RN? - Higienização das mãos. Lavar as mãos, mas ela deve ficar quentinha; - Apresentação para o responsável; - Explicar o que vamos fazer, que vamos ter que tirar a roupa do bebê, então é frio. OBS: Os dados do exame são coletados conforme a oportunidade, mas, são descritos crânio-caudal. O que é mais doloroso fica para o final, que é a otoscopia e oroscopia. Tudo que o choro interfere, será feito na frente (ex: FC). ÍNDICE DE APGAR Na asfixia perinatal, o APGAR no 1° minuto estará baixo, e, para ser critério de asfixia, o APGAR precisa ser menor que 5 no 5° e 10° minuto. Então, geralmente, fazemos APGAR no final do 1° minuto, e, depois no 5°, quando o APGAR é menor que 7 no 5°, fazemos o do 10°, 15°, e, 20°. Essa nota, não diz para a gente se vamos ou não reanimar o paciente. Na aula de reanimação neonatal, em momento algum foi dito para reanimar quando o APGAR é baixo, não usamos o APGAR para isso, ele é usado para dizer se o meu paciente está ou não respondendo as minhas manobras de reanimação, se ele tem uma maior morbidade ou não. O que vai me dizer se eu vou reanimar ou não meu bebê, é a FC menor que 100, apnéia, ou gasping, que vamos começar com a ventilação com pressão positiva. APGAR: Serve para avaliarmos a vitalidade do RN, no final do 1°, e, no final do 5° minuto. Se maior que 7 no 5° minuto, não precisamos fazer os outros. Menos que 7 no 5° minuto, tenho que fazer o 10°, 15° e o 20°. Muito difícil o bebê estar todo róseo no primeiro minuto, visto que, a saturação até 5 minutos de vida, vai de 70 a 80%, então, com 80% de saturação, ele estará um pouco cianótico, podendo perder ponto nesse quesito. O APGAR serve para falar para gente sobre morbidade, além de falar para a gente se a pessoa que está reanimando o bebê está fazendo a conduta adequada. Se for menor que 7 no 5°, fazemos até o 20°, agora, se for maior que 7 no 5°, não precisa fazer mais, mas, mesmo que no 10 der maior que 7, fazemos até o 20°. CUIDADOS COM O RN APÓS A SALA DE PARTO - Identificação do RN; Colocar a pulseirinha no bebê. - PVPI 2,5%; Pingar colírio no bebê de Iodopolvidona a 2,5%, esse colírio deverá ser pingado nas primeiras horas de vida do bebê, e, é para evitar a conjuntivite por Gonococco, e, por Clamídia. O Nitrato de Prata foi substituído por esse, já que o Nitrato de Prata só fazia profilaxia contra Gonococco (alguns ligares ainda fazem o Nitrato de Prata). Faremos o colírio tanto pós parto vaginal, quanto pós parto cesárea. - Vitamina K; Aplica-se 1mg de vitamina K intramuscular no bebê, para profilaxia da doença hemorrágica do RN, porque o bebê tem deficiência de Vitamina K, deficiência de fatores da coagulação. - Vacina contra Hepatite B; - BCG; - Cuidados com o coto (álcool 70%); Limpamos o coto com álcool a 70% para evitar Onfalite (começar com um cheiro estranho, secreção, hiperemia), que é o processo infeccioso do coto umbilical, que é uma porta de entrada para infecção no RN. Importante orientar a mãe que é só para usarmos álcool a 70%, antigamente usava-se outras coisas, sendo porta de entrada para Tétano neonatal. - Seio materno exclusivo (SME); Oriento seio materno exclusivo, se o anti-HIV da mãe for negativo, se não tiver nenhuma uma contraindicação - Alojamento conjunto. Para aumentar o vínculo do RN com a mãe, esse RN vai ficar na enfermaria junto com a mãe, com seio materno exclusivo em livre demanda (vai mamar a hora que ele quiser), a não ser que ele tenha alguma indicação de ficar na UTI. OBS: Nasceu, se estiver chorando, respirando, com tônus em flexão, espero 1 a 3 minutos para clampear, deixo na barriga da mãe, se ele for a termo, da barriga da mãe ele já vai para o peito. Se ele não respira, não tem tônus em flexão, ou, se tava bem, esperou 3 minutos, mas, ele era prematuro ou pós-termo, ele vai lá para o berço aquecido. Fazemos então os passos 2 Digitada por Júlia Robadey iniciais, se, no final de 30s ele está com frequência maior que 100, e, respirando bem, o meu bebê está bem. Deu 1 minuto de vida, dou o APGAR, dou uma examinada na sala de parto pra ver se não tem uma má formação, e, quando de 5 minutos, dou o outro APGAR, pego o bebê, levo, mostro para a mãe, levo o bebê para sala ao lado, fazemos todos os cuidados que foram ditos, a vacina, a vitamina K, PVPI, e, então, vamos pesar, medir, examinar, obviamente, lembrando da identificação do RN. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS - Peso; Normal: 2500g a 3999g. Baixo peso: <2500. Macrossômico: > ou igual a 4kg. Quando o bebê nasce, o peso normal ao nascer é de 2500g a 3999g, então, se o bebê nasce com menos de 4 kg, e, com mais de 2500g, ele está normal para o nascimento. Se ele nasce com menos de 2500g, é baixo peso, se ele nasce com peso maior ou igual a 4kg, é um peso elevado para a idade, que chamamos de “macrossômico”. ****Quando o bebê nasce, ele vai perder peso, porque o leite é pouco, é colostro, quase nada, ele tem diurese, evacua, então, ele vai perder até 10% do peso dele até por volta do 5° dia de vida, a partir daí, ele começa a recuperar o peso. Ele precisa recuperar o peso do nascimento, até o 10° dia de vida. Recapitulando: Bebê nasceu com peso adequado, vai começar a perder peso, em média são 2% de peso por dia, até o 5° dia, quando chega no 5° dia, ele para de perder, começa a recuperar, e, por volta do 10° dia, ele já tem que ter o peso do nascimento. - Estatura; A parte fixa na cabeça, móvel no pé, com estadiômetro. Média ao nascimento: 50 cm. O bebê cresce 50% da estatura que ele nasceu, no primeiro ano de vida, então, no geral, no primeiro ano de vida, essa criança que nasceu com 50 cm vai ganhar 25 cm de estatura, ou seja, no final do primeiro ano, vai ter 75 cm. - Perímetro Cefálico; Do mais proeminente no occipital, ao mais proeminente no frontal, que é a glabela, acima da orelha. Média ao nascimento: 34 a 35 cm Geralmente, no 1° mês de vida, aumenta 2 cm, em todo primeiro trimestre, aumenta 2 cm por mês, então, em média 34 a 35cm. A gente vai ter que colocar no gráfico de perímetro cefálico para estatura, e, em geral no RN, o máximo é 37 na menina, e, 38 no menino, mas, isso vai depender da idade gestacional. Geralmente, o mínimo, que nos preocupamos muito devido a microcefalia, em geral, é de 31,9cm no menino, e, na menina, tem que ser maior que 31,5cm para ser normal. Se menor que isso, colocamos como microcefalia. Em geral, o máximo é 38 no menino, e, 37 na menina. - Perímetro Torácico; Na linha mamária. <Perímetro cefálico até por volta dos 2 anos de idade - Perímetro Abdominal. No umbigo (lembrando que nesse caso é o perímetro abdominal, o que é diferente da circunferência abdominal). Esse, em geral, é relativamente igual ao perímetro torácico, ou até maior, já que, o bebê, tem o abdome globoso. **Até porque, como dito na aula de reanimação neonatal, quando está lá na sala de parto, e, um bebê precisa de reanimação, e, ele tem um abdome escavado, isso faz a gente pensar em hérnia diafragmática, e, se eu precisar ventilar esse bebê com hérnia diafragmática, eu tenho que entubar, já que, essa hérnia diafragmática trata-se de uma comunicação do diafragma, uma passagem, uma abertura, e, tudo que está no intestino, vai herniar para o tórax, isso vai fazer um choque obstrutivo, e, se eu mandar ainda mais ar pela VPP, isso vai piorar, então, devemos lembrar que o RN tem abdome globoso. COMO CALCULAR A IDADE GESTACIONAL Pelo exame físico, já podemos pensar, já que, o prematuro tende a ser menor, e, com menos peso. Podemos olhar a textura da pele, se a planta do pé é lisa ou se ela tem marquinhas, vamos olhar o formato da orelha, o que esse bebê faz de neurológico.Então, através do exame físico, e, do exame neurológico, vamos calcular a idade gestacional do RN. Temos a idade gestacional da USG, e da DUM (Data da Última Menstruação), mas, geralmente, isso é uma estimativa, a que a pediatria usa, é realmente avaliada, temos o RN na nossa frente, e, avaliamos a parte neurológica dele, e, a parte física. Não precisamos decorar as tabelas, mas, precisamos saber o que é avaliado para calcular a idade gestacional, avalio a postura do RN, um RN mais a termo, tem flexão dos 4 membros, um pré-termo, nasce com extensão. Ângulo de flexão do punho, um bebê que é a termo, ele geralmente, quando há flexão do punho, a mão dele encosta no punho. Ângulo de retração do braço. Ângulo poplíteo, quando o bebê é a termo, às vezes, não conseguimos passar de 90°, mas quando ele é pré- termo, é todo molinho. Sinal do xale (ou do cachecol), quando eu pego o braço direito, o cotovelo as vezes chega do outro lado, enquanto o a termo, não passa a 3 Digitada por Júlia Robadey linha média. Quanto mais prematuro, o calcanhar chega na orelha. Então, avaliamos o exame neurológico, e, o exame somático, avaliamos se a pele é fina e lisa, se tem descamação, se é enrugada. Avaliamos se tem pelinho (lanugo), no ombro, na testa, nos braços. Quanto mais a termo/pós-termo, menos penugem em vou ter. Vou avaliar a superfície plantar, o mais prematuro, tem a superfície lisa. Glândula mamária, o mais prematuro, nem conseguimos palpar a glândula mamária, no a termo, já palpamos a glândula mamária, uma borda elevada, uma aoréola pontilhada. Olho e orelha, as vezes, o neném é tão prematuro que a pálpebra ainda está fundida, não abriu. Genital masculino, no a termo, o testículo estará na bolsa, bolsa enrugada, testículo pendurado. Genital feminino, o grande lábio vai cobrir o pequeno lábio. Então, depois que caracterizamos cada critério desse, vamos somando, e, quando somarmos tudo, vou ver o somatório na tabela a seguir, por exemplo, um somatório 40, diz para mim que esse bebê tem 40 semanas. Se somasse 26, significaria que esse bebê tem 34 semanas e 3 dias. Então, esse método é chamado de “Ballard”, na realidade, é o “New Ballard”. Antigamente, falava-se muito do Capurro, entretanto, esse só avalia a idade somática, e, temos então dificuldade em avaliar o prematuro. Precisamos saber que precisamos avaliar o exame neurológico (ex: postura, ângulo poplíteo, sinal do xale), e, o exame físico somático (ex: glândula mamária, formato da orelha, genitália, prega plantar). MÉTODO MAIS CORRETO DE AVALIAR A IDADE GESTACIONAL: “NEW BALLARD”- NAS PRIMEIRAS 24 HORAS. O Ballard tem que ser realizado nas primeiras 24 horas, já que, o ambiente interfere na pele do bebê, podendo mudar alguma coisa. Exemplo: Cheguei hoje para passar visita do bebê, e, ninguém calculou a idade gestacional dele ontem. Nesse caso, vamos ficar com a idade gestacional estimada pela DUMA ou pelo USG, apesar de não ser o adequado. CLASSIFICAÇÃO DO RN 1. De acordo com a idade gestacional: Pré-termo: <37 semanas A termo: 37 semanas a 41 semanas e 6 dias Pós-termo: > ou igual a 42 semanas. 4 Digitada por Júlia Robadey 2. De acordo com o peso ao nascer: Macrossomia: Maior ou igual a 4kg Peso normal ao nascer: 2500 a 3999g Baixo peso ao nascer: <2500g Muito baixo peso ao nascer: <1500g Muitíssimo baixo peso ao nascer: <1000g O muito baixo peso ao nascer, ou muitíssimo baixo peso, geralmente, é um bebê com menos de 28 semanas, então, é um prematuro extremo. Esse bebê, muito provavelmente, vai ter uma persistência do canal arterial, então, esse canal arterial vai continuar aberto, ele pode ter doença da membrana hialina por deficiência de surfactante. Ele vai fazer hipoglicemia com muito mais facilidade, porque ele não tem reserva de glicogênio. **O bebê que nasce muito grande, o macrossômico, geralmente, é filho de mãe com diabetes, essa, tem hiperglicemia, e, esse bebê fica grande. Além disso, ele tem hiperinsulinemia, já que, se ele recebe muita glicose, ele acaba liberando muita insulina, e, quando ele nasce, que ele não tem mais o aporte de glicose da mãe, e ele vai ter que mamar, para adquirir a glicose, ele tem hiperinsulinemia nas primeiras 48 horas, e, o que geralmente acontece com aquele macrossômico é hipoglicemia. Após as 48horas de vida, quando o bebê não tem complicação, essa hiperinsulinemia diminui, a insulina volta ao normal, ele não precisa mandar mais insulina, e, para de fazer hipoglicemia. Nesse bebê, em geral, controlamos a glicemia capilar dele, já que, se ele estiver com a glicemia baixa, teremos que ofertar glicose, ou oral, através do leite (materno ou com fórmula), e, quando é muito baixo, ou bebê apresenta sintomas de hipoglicemia, tenho que fazer glicose venosa. Então, vai depender se o bebê está sintomático ou não, ou com valor abaixo de 25, que é o valor de referência para fazer glicose venosa no RN. 3. De acordo com o peso para a idade gestacional: AIG: entre o P10 e o P90. PIG: abaixo do P10 GIG: maior que o P90 Tanto PIG, quanto GIG podem ter hipoglicemia. ECTOSCOPIA - Postura: Se for um bebê com mais de 24 semanas, ele precisa ter flexão dos 4 membros. Um bebê com menos de 24 semanas, pode ter algum membro em extensão, devido a prematuridade. - Hidratação: Tenho que avaliar sinais de desidratação, como olho fundo, boca seca, língua seca, ele não pode ser assim, ele tem que estar com olho brilhoso, tem que ter um olho que não pode estar fundo, tem que ter saliva, quando palpamos a moleira, que é a fontanela, ele tem que estar ao nível do crânio, não pode estar muito deprimida. O bebê vai desidratar por não mamar, portanto, se ele perder peso, também é sinal de desidratação. Perfusão. - Cor: O bebê rosado é o normal, se ele estiver muito vermelho, iremos chamá-lo de “pletórico”(pode ser causada por policitemia). - Cianose: Podemos ter bebê com cianose perioral, cianose de extremidades. O bebê da imagem abaixo com cianose perioral, parece ter também uma cianose de mucosa, então, esse bebê, tem, provavelmente, uma cianose central. 5 Digitada por Júlia Robadey Se medirmos a saturação da cianose central, a saturação de oxigênio no sangue vai estar menor que 95%. Se medirmos a saturação em uma criança que está com cianose só de extremidades, a saturação dela vai estar normal, acima de 95%. Então, a cianose central, devemos pensar porque ela está acontecendo, pode ser por uma hipoxemia, talvez por causa pulmonar, causa cardíaca. Geralmente, quando a causa da cianose é pulmonar, o problema é na troca, a nível pulmonar, quando ofertamos CO2, isso melhora. Quando temos cianose por hipoxemia na asfixia perinatal, quando colocamos o oxigênio na saturação baixa, melhora. Quando o problema é cardíaco, mecânico, no coração, que os shunts estão fechando, eu faço oxigênio, e, essa cianose não vai melhorar, a saturação do meu bebê não vai sumir. Então, uma forma da gente diferenciar a cianose central da causa cardíaca e pulmonar, é ofertar oxigênio. Se ofertarmos oxigênio e a saturação subir, a cianose melhorar, muito provavelmente isso, ou era de causa respiratória, ou metabólica, mas, quando ofertamos oxigênio, e, isso não melhora, provavelmente, isso é causa cardíaca. O surfactante, vamos dar para o prematuro, com menos de 34 semanas, após a sala de parto, que nasce e fica com desconforto respiratório. - Icterícia: Essa, no RN é muito comum, já que ele elimina pouco mecônio, demora para fazer xixi, mama pouco, desidrata, e, tudo isso faz com que a bilirrubina se acumule no sangue, e, ela vai impregnar na pele. Existe, então, uma icterícia que chamamos de “fisiológica” (geralmente, essa, não ultrapassa a zona 1), mas, nem toda icterícia é fisiológica, eu posso ter hepatopatia,posso ter alguma doença hematológica, alguma anemia hemolítica, que cause icterícia, e, teremos aula de icterícia neonatal lá na frente. Então, quando vemos um bebê amarelo, ictérico, primeiro, temos que graduar essa icterícia, porque a progressão da icterícia no RN é crânio-caudal, o bebê começa a ficar amarelinho na cabeça... Quando chega a mãos e pés, falamos que é “zona 5”, então, a icterícia no RN é graduada pelas zonas de Krammer. Com essa progressão crânio-caudal, isso também dá uma ideia para a gente, que a quantidade por decilitro de bilirrubina no sangue, também aumenta assim. Então, quem está na zona 5, ao dosar bilirrubina, terá muito mais bilirrubina no sangue em comparação a zona 2. Então, devemos sempre avaliar as zonas de Krammer, e, o risco do RN para icterícia. Então, sempre que pegarmos um bebê amarelado, iremos avaliar os fatores de risco, e, a progressão. Iremos dosar a bilirrubina desse bebê ictérico, e, iremos avaliar o tratamento. O tratamento da icterícia por predomínio da bilirrubina indireta, que é a não conjugada, é fototerapia, aquele bebê que fica na luz. Essa luz vai transformar a bilirrubina que está na pele, em um fotoisômero dela, que será eliminado. Preciso fazer isso, já que a bilirrubina indireta, que está no sangue, não conjugada, em excesso, ela vai atravessar a barreira hematoencefálica, principalmente se o bebê estiver com alguma doença, uma acidose, uma sepse. E aí, essa bilirrubina que vai atravessar a barreira hematoencefálica, ela vai se impregnar lá nos núcleos da base, e, ela vai fazer a Encefalopatia Bilirrubínica, que também é causa de retardo mental, surdez, paralisia cerebral. Podemos também classificar a icterícia em cruzes. - Pele- lesões benignas do RN o Mancha mongólica: Essa, tem locais que falam para a gente que pode ser miscigenação de raças. Ela é fisiológica, não causa problema algum para o bebê, temos que explicar para a mãe que isso é de nascença. Em geral, ela fica no glúteo, mas também pode aparecer nos braços, e, nas pernas. Às vezes, quando chega uma criança com essas marcas em braços e pernas, podemos pensar que foi por maus tratos, mas a mãe vai explicar que é de nascimento. o Milium sebáceo: Isso, corresponde ao entupimento das glândulas sebáceas, uma pequena obstrução, e, geralmente, é fisiológico. Geralmente, dá no nariz, e, no queixo. 6 Digitada por Júlia Robadey o Eritema tóxico: Esse, tem relação com a marginalização de eosinófilos, pode estar relacionado a alergia, é benigno, e, depois desaparece. Geralmente, é uma mácula, com uma pápula. o Vérnix caseoso: Essa “pastinha” branca que fica na pele do bebê, quanto mais pré- termo, mais vérnix. Esse, é uma proteção para o bebê, por isso, hoje, orientamos não dar banho nas primeiras 24horas, porque esse vérnix não é para ser retirado. CABEÇA - Fontanelas e suturas: Na cabeça, iremos palpar as suturas, e, as fontanelas, a fontanela anterior (ou bragmática), e, a fontanela posterior (ou occipital, ou lambdoidea). Vamos palpar as suturas, sutura sagital, sutura anterior, sutura frontal. E, essas suturas podem estar afastadas, o que vamos chamar de diástase de suturas, elas podem estar cavalgadas (uma sutura em cima da outra, já que, às vezes, quando vai nascer de parto vaginal, é feita uma certa força para passar a cabeça, podendo ficar com as suturas cavalgadas). Tamanho (diagonais) Tensão Abaulamentos Depressão Pulso Fontanela anterior, temos que palpar o tamanho de suas diagonais, geralmente, palpamos em polpas digitais, e, a posterior. Em geral, ao nascimento, a posterior (a lambdoidea) pode estar fechada, então, a posterior pode nascer fechada, ou, aberta, geralmente, com uma polpa, e, fechar no primeiro mês de vida. A anterior não, a anterior sempre tem que estar aberta ao nascimento, e, ela só começa a fechar após os 6 meses de idade, e, ela só termina de fechar com 18 meses, porque ela que vai permitir o crescimento da cabeça do bebê. Quando palpamos uma fontanela, as suturas não podem fechar todas antes da hora, elas vão fechando com o tempo, se começa a fechar uma sutura precoce, começa a ter deformidades na cabeça do bebê. Então, quando formos falar de semiologia da cabeça e pescoço, na próxima semana, podemos ver formatos diferentes na cabeça do bebê quando fecham as suturas precocemente. O fechamento precoce de suturas se chama “craniossinostose”, e, às vezes, tem indicação até de cirurgia, quando isso ocorre muito precoce, então, a fontanela anterior tem que ficar aberta, e, começar a fechar a partir dos 6 a 9 meses, e, fechar no máximo até 18 meses. Quando palpamos essa fontanela, ela precisa ficar ao nível do osso, pode estar deprimida, ou, pode estar abaulada. Quando tenho HIC, ela pode ficar abaulada, quando tenho desidratação, posso ter ela deprimida. Às vezes, tem pulsação também, e, isso pode ser normal. Em geral, a fontanela anterior, ela tem na sua maior diagonal, 2 polpas digitais, e, a posterior, no máximo 1 polpa digital. Obviamente, depende do tamanho da polpa digital, mas, em geral, é de 2 a 3 cm a anterior, e, no máximo 1 cm a posterior. Quando eu tenho fontanela anterior muito grande, com mais de 2 polpas digitais, 3 polpas digitais, eu posso ter alguma patologia que atrase a ossificação, então, ou prematuro, esses, nascem com a fontanela bem aberta. Hipotireoidismo, pode ser uma causa de fontanela muito grande, Prematuridade. 7 Digitada por Júlia Robadey - Abaulamentos no couro cabeludo: Se esse abaulamento, quando eu palpo, se espalha, e, não respeita suturas, ele ultrapassa suturas, na hora que eu palpar, não está delimitado ao osso, provavelmente, esse sangramento é no couro cabeludo, logo abaixo do couro cabeludo, então, isso aqui tanto cefalohematoma, quanto a bossa, pode ocorrer quando o bebê fica no canal do parto por muito tempo, e, as vezes rompe um vaso, no couro cabeludo, e, ele pode ter uma bossa serosanguinolenta. O cefalohematoma, já é um traumatismo mais importante, é quando temos realmente, um parto muito traumático. E, o que acontece, no geral, é que esse cefalohematoma é delimitado ao osso, ele é do periósteo, então, ele é delimitado por suturas, enquanto a bossa serosanguinolenta, ao palparmos, ela espalha, ela não é delimitada ao osso, ela é subgaleal, abaixo do couro cabeludo. Cefalohematoma: Respeita suturas. Ocorre por traumatismo mesmo. Bossa serosanguinolenta: Não respeita suturas. Pode ocorrer por tempo maior no canal de parto. Tenho que saber essa diferença, porque a bossa vai reabsorver mais rápido, o cefalohematoma (que é o do periósteo), ele vai demorar mais para absorver, então, ele irá doer, porque se é no osso, vai doer mais. Então, geralmente, essa criança que tem o cefalohematoma, é uma criança mais irritada, mais chorosa. Tenho que escrever no prontuário quando o bebê nasce, porque, nesse caso, ele pode chegar pra gente com 10 a 12 dias, e acharmos que ele sofreu um traumatismo craniano. Esse sangue vai hemolisar, vai reabsorver, e, irá ocorrer icterícia, portanto, tanto a bossa, quanto o cefalohematoma, são fatores de risco para icterícia. ATENÇÃO: BOSSA E CEFALOHEMATOMA SÃO FATORES DE RISCO PARA ICTERÍCIA É importante lembrarmos que está sendo pontuado apenas o que é diferente, mas, tudo que fazemos no exame físico do adulto, na cabeça, que estamos olhando implantação de orelha, formato do olho, ver se falta alguma parte da orelha, implantação do cabelo, epicanto, prega oblíqua, olhar se tem nistagmo, se tem estrabismo, tudo isso continuamos olhando, mas, estamos pontuando o que tem de diferente no RN. - Teste do olhinho: O Reflexo Vermelho entra no teste de triagem neonatalcomo teste do olhinho. Então, para triagem neonatal, temos o teste do olhinho, do coraçãozinho, da orelhinha, da linguinha, do pezinho, e, da bochechinha (para ver doenças metabólicas). Então, na triagem neonatal, um dos exames, é o teste do olhinho. O teste do olhinho, o normal é pegarmos o oftalmoscópio, ficamos de 30 a 60 cm do bebê, num local mais escuro, de penumbra, e, vamos avaliar o fundo de olho. Precisamos ver apenas esse reflexo vermelho, não vamos ficar analisando os vasos não, só vemos mesmo se o reflexo é vermelho. O reflexo não pode ser cinza, não pode estar ausente, não pode ser branco, nem duvidoso, se ele for duvidoso, branco, ou ausente, a gente vai encaminhar para o oftalmologista na alta. O que dá um teste do olhinho anormal é uma carata congênita, então, podemos ter ausência de reflexo por ter uma catarata congênita, posso ter glaucoma, e, a gente pode ter retinoblastoma. Então, fazemos a triagem neonatal principalmente devido retinoblastoma. Isso tudo leva a cegueira. 8 Digitada por Júlia Robadey TÓRAX - Simetria e expansibilidade; - Frequência respiratória (40 a 60 mpm); - Respiração periódica e abdominal; - Glândulas mamárias; O tórax do RN é mais globoso, simétrico, tem expansibilidade adequada, a FR do recém nascido vai de 40 a 60, existe uma respiração que é periódica, o recém nascido respira, pausa, e, glândulas mamárias. - Frequência cardíaca (120 a 160 bpm); - Rítmica; - Sopros transitórios; - Pulsos (presença e simetria). A FC do RN é de 50 a 60, ela é rítmica, pode ter sopro, por causa dos shunts abertos, e, o pulso é presente, e, simétrico. - Teste do coraçãozinho: Esse, é outro teste que fazemos de triagem neonatal, então, realizamos esse teste através da oximetria de pulso. Na sala de parto, colocamos o oxímetro na hora da reanimação, na mão direita, porque é pré canal arterial. Quando eu meço essa saturação na palma da mão direita, porque o teste do coraçãozinho é feito após 24 horas de vida, então, quando medimos ali, tem que dar maior ou igual a 95%, se der maior ou igual a 95%, está normal. Se der menos que 95%, ou, vamos medir membro superior direito, e, membro inferior, se tiver uma diferença, maior ou igual a 3%, ou, for menor que 95% em qualquer um desses dois, em cima, ou embaixo, a gente vai ter que medir novamente, e, se ao medir novamente, continuar menor que 95, ou, a diferença do superior direito, para o inferior, for menor ou igual a 3%, eu tenho que fazer ecocardiograma, porque eu tenho que pensar nas cardiopatias cianóticas. Quando eu tenho uma saturação menor que 95%, eu vou ofertar oxigênio, se eu ofertar oxigênio, e, for cardiopatia congênita cianótica, não vai melhorar, já que, o que acontece aqui para ter cianose, provavelmente, o bebê está com uma cardiopatia que depende do canal arterial, então, essa cardiopatia que depende do canal arterial, se o canal arterial está fechando não adianta oferecer oxigênio, eu tenho que fazer esse canal ficar aberto. Então, o teste do coraçãozinho é um teste de triagem neonatal, que serve para afastar as cardiopatias congênitas cianóticas que dependem do canal arterial. ABDOME - Globoso. - Flácido. - Coto umbilical: o 2 artérias e 1 veia; o Gelatinoso ao nascimento, mumifica-se ao passar dos dias, e, com 10 dias, geralmente, ele cai; o Se presença de hiperemia e secreção local, tenho uma Onfalite. GENITÁLIA Feminina Masculina - Grandes lábios proeminentes; - Secreção vaginal, e, pseudomenstruação por hormônio materno. - Presença dos testículos na bolsa escrotal; - Meato urinário, a uretra tem que estar abrindo centrada, se não, posso ter hipospádia ou epispádia. - Ânus pérveo. - Deve eliminar mecônio nas primeiras 48 horas de vida nos RN a termo; - Deve ter a primeira eliminação vesical (xixi) nas primeiras 24 horas de vida. ESQUELETO E ARTICULAÇÕES - Palpação da clavícula: Quando formos examinar o RN, iremos palpar a clavícula do RN. Quando tivermos uma fratura da clavícula, ao palpar, ela vai descer, como se fosse uma tecla de piano, então, iremos sentir mesmo a descida do ossinho, nosso dedo fará um sinal da tecla de piano, o que indica fratura de clavícula. O que será também muito frequente em crianças com fratura de clavícula, é 9 Digitada por Júlia Robadey que, às vezes, o bracinho que tiver a clavícula fraturada estará em extensão, e, quando formos falar agora dos reflexos, que é o reflexo de Moro, ele vai fazer um reflexo assimétrico. Pode ocorrer fratura de clavícula por desproporção céfalo- pélvica, às vezes, um parto vaginal, um bebê muito grande, de difícil extração. Não é normal ocorrer, mas, é uma complicação possível. Quando falamos de postura do RN, ele geralmente fica em flexão dos 4 membros, então, se eu tiver um bebê com um membro fletido, e, o outro em extensão, eu tenho que suspeitar que tem alguma lesão ali, ou do plexo, nervosa, ou na realidade, óssea. Então, uma fratura de clavícula seria uma causa possível. Sinal da tecla; Reflexo assimétrico; Um membro fletido e outro em extensão: fratura de clavícula. - Testes do quadril: Serve para avaliar se tem displasia no desenvolvimento do quadril, que é luxação congênita, quadril instável, às vezes, o acetábulo pode ser raso. Então, ao colocar a cabeça do fêmur no acetábulo, ela pode não encaixar bem, pode ser instável, ficar saindo, o que leva a uma luxação congênita, que pode levar a uma redução do tamanho de um membro em relação ao outro, a sequelas, então, fazemos esse teste, porque o diagnostico precoce ajuda muito no tratamento, e, prevenção da sequela. Temos 2 testes. Ortolani- Quadril luxado Serve para verificar se o quadril está luxado, ele está fora, e, na hora que eu faço, coloco ele novamente. Joelho e coxa do bebê estarão fletidos, 90°, vamos segurar os joelhos, o polegar tem que ficar na região inguinal, e, o terceiro dedo, tem que ficar no côndilo lateral do fêmur, e, vamos fazer abdução, e, adução. Quando eu faço abdução, estou fazendo a manobra de Ortolani. Na hora que o meu quadril é luxado, e, a cabeça do fêmur entra no acetábulo, eu sinto um click na ponta do terceiro dedo. Então, falamos “Ortolani positivo”, quando o quadril está luxado. Se eu faço esse teste, e não sinto click na ponta do meu terceiro dedo, significa que está normal. Barlow- Quadril instável Serve para verificarmos o quadril instável. Quando realizamos esse teste, tiro o fêmur do quadril, então, ele sai quando eu faço Barlow. Na hora que eu faço uma adução, com força vertical, e, ele sai, isso é quadril instável. Obs: Esses testes podem ser feitos ao mesmo tempo, ou separados, sem problema algum. - Pé torto congênito ou posicional: Existe o pé torto congênito, e, o posicional. Quando examinamos o pé do bebê, e, conseguimos no exame físico colocar o pé na posição normal, isso é só posicional, era só a posição do bebê dentro do útero. Quando eu não consigo trazer para a posição normal no exame físico, é porque, provavelmente, tem alguma má formação óssea, e, nesse caso, o tratamento é cirúrgico, com ortopedista, colocar bota gessada, mas, temos que ter essa verificação no exame físico para conseguir encaminhar, se for posicional, não tem problema 10 Digitada por Júlia Robadey algum, a medida que o bebê está fora do útero, ele começa a saber que tem espaço, e o pezinho já volta para a posição normal. - Disrafismo oculto: Iremos olhar a coluna vertebral, e, principalmente na coluna lombossacra, posso procurar algum sinal que me indique alguma alteração da coluna vertebral, tanto na medula, tanto nas vértebras, então as vezes posso ter m vértebra, uma massa, um tumor, uma medula mal formada, e, isso pode se exteriorizar, e chamamos issode meningocele, ou mielocele, ou, pode não se exteriorizar, e, dar apenas alguns sinais, o que chamamos de sinais de espinha bífida oculta. Esses sinais podem ser tufos de pelo, pode ser um nevus, uma fóvea, um hemangioma, uma prega anómala. É importante procurarmos alguma alteração na coluna lombossacra porque se meu paciente tiver alguma alteração ali, sensitiva, motora, nervosa, ele pode ter dificuldade de controle dos esfíncteres, vai ter diminuição da sensibilidade, e, só vamos perceber mais para frente, com 2/ 3 anos, então é importante fazermos o diagnóstico precoce, para instituir o tratamento precoce. NEUROLÓGICO - Postura: Como dito, geralmente, o bebê com mais de 24 semanas fica com flexão dos 4 membros. - Movimentação espontânea: Quando acordado, ele tem uma movimentação ativa espontânea; - Resposta ao manuseio e choro: Então, geralmente, o bebê é ativo e reativo, e, ele chora forte. Então, o choro forte é importante no bebê; - Tônus: Geralmente, quando pegamos o RN, os membros estão hipertônicos, então, quando formos fazer a manobra de Ortolani, que temos que dobrar a perninha, percebemos que ele é hipertônico, temos que vencer a resistência, mas, ele tem uma hipotonia de eixo, ele não sustenta a cabeça ainda, não consegue ficar sentado, então, esse bebê vai ter hipertonia de membro, e, hipotonia de eixo, esse é o normal no neurológico do RN. Exame neurológico normal do RN: Hipertonia de membros; Hipotonia de eixo. - Reflexos primitivos: Até a nossa mielinização, teremos alguns reflexos arcaicos primitivos, então, o Reflexo de Moro é quando colocamos a mão por trás do RN e deixamos que ele tome “um susto”. Não soltamos ele, apenas descemos a nossa mão. Geralmente, nesse reflexo, o bebê abre os braços, faz abdução, depois fecha os braços, e, chora no final. Por isso, foi dito que quando o bebê tem fratura de clavícula, ele terá esse reflexo assimétrico. Esses reflexos primitivos, eles costumam desaparecer por volta dos 3 aos 6 meses, se eles persistirem além dos 6 meses, precisamos ver se tem alguma alteração neurológica. Temos ainda os reflexos primitivos de preensão palmar, e, preensão plantar. Temos ainda de reflexo primitivo, o reflexo da sucção, então, a sucção é um reflexo involuntário, mas, temos que ensinar a pega. Então, o bebê sabe sugar, mas, as vezes não tem uma pega adequada, sendo importante orientarmos a mãe quanto a posição dela amamentar, como o lábio deve englobar o mamilo e a aoréola. O reflexo da procura, fazendo estímulo no rostinho do lado da boca do bebê, ele vai virar o rosto para procurar. É pelo reflexo da procura que ele consegue mamar, então, geralmente o bebê quando está querendo mamar, a mãe encosta ele no peito, e, ele já procura o mamilo. Então, os 11 Digitada por Júlia Robadey reflexos da sucção e da procura, são muito importantes para a mamada. Esses reflexos primitivos desaparecem por volta de 3 a 6 meses, de acordo com a mielinização. - Reflexos superficiais: Temos ainda de reflexo superficial o cutâneo-abdominal, o cutâneo- plantar, e, o cremastérico no menino. O cutâneo- plantar, que é um reflexo superficial, o normal no adulto, é fazer flexão, mas, como a mielinização do RN não é completa até os 2 anos, esse bebê pode ter como resposta a extensão. No adulto, isso seria o sinal de Babinski, mas, no RN, isso não é considerado patológico até os 2 anos, por isso, ao descrever o exame físico, não vamos escrever “sinal de Babinski”, e, sim, “reflexo superficial cutâneo-plantar em extensão”, já que ele será fisiológico, até o bebê completar os 2 anos. - Reflexos profundos: Podemos fazer no RN o reflexo patelar.
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