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PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 1 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo EDUCAÇÃO ESPECIAL: HISTÓRIA, FUNDAMENTOS, TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E O AUTISMO. CARGA HORÁRIA: 300 Horas Preparação e Elaboração: Equipe Técnica Especializa do PROED Brasília, Distrito Federal. CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL- PROED EDUCAÇÃO CONTINUADA DE APERFEIÇOAMENTO E QUALIFICAÇÃO. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 2 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL-PROED EDUCAÇÃO CONTINUADA E DE APERFEIÇOAMENTO E QUALIFICAÇÃO. INFORMAÇÕES DO CURSO Curso: EDUCAÇÃO ESPECIAL: HISTÓRIA FUNDAMENTOS, TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E O AUTISMO. Quantitativo de capítulos: VI Carga Horária: 300 horas TUTORIA DO PROED Para novas ideias, apresentar sugestões esclarecimentos diversos ou tirar duvidas, o cursista do PROED poderá entrar em contato com à tutoria do Proed, pelos seguintes meios: Telefones: (61) 30453502 / 9524-8754 / 9250-6294 E-mail: tutoria@PROEDdf.com.br Pessoalmente em nossa escola: QNM-04-CONJUNTO-O-LOTE-38-LOJA-O1-PROED Ceilândia – DF CEP: 72210-040 AGREGAR CONHECIMENTO E QUALIFICAR-SE É O MELHOR CAMINHO PARA O SUCESSO www.PROEDdf.com.br E-mail: tutoria@PROEDdf.com.br E-mail: secretaria@PROEDdf.com.br E-mail: matriculas@PROEDdf.com.br mailto:tutoria@ceneddf.com.br http://www.ceneddf.com.br/ PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 3 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo SUMÁRIO O SUCESSO DA ESCOLA PODE ESTAR EM IDENTIFICAR AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Dados do curso Tutorial PROED Sumário Objetivo do curso Introdução CAPITULO I Educação inclusiva: um direito de todos 08 Declaração de salamanca 13 Fundamentos teóricos e historia da educação especial 15 Os rumos da educação especial no Brasil frente ao paradigma da educação inclusiva 19 Incluir não é inserir, mas interagir e contribuir 29 CAPITULO II Transtornos invasivos do desenvolvimento 35 A terapia comportamental com transtornos invasivos do desenvolvimento 40 A sexualidade do portador de transtornos invasivos do desenvolvimento 55 A escola para os portadores de transtornos invasivos do desenvolvimento 69 CAPITULO III Conhecer o histórico do autismo 75 O que é autismo 77 Características de crianças com autismo 84 Educação de crianças autistas 88 CAPITULO IV Estimulação precoce em bebês e crianças 96 A educação precoce como forma de potencializar o celebro da criança 103 Quando estimular o bebê? 110 A estimulação precoce e o autismo 112 PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 4 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo CAPITULO V Síndrome de Asperger 117 Síndrome de rett 130 Tratamento dos portadores do espectro autismo 133 O método TEACCH 136 CAPITULO VI Autismo: intervenções psiceducacionais 139 A família e sua participação na aprendizagem do aluno 142 Formação e capacitação profissional: a importância da qualificação profissional docente o professor especializado 146 Adaptação curricular: conceito, níveis de adaptação curricular 150 Educação inclusiva: conceito, integração x inclusão: a escola inclusiva 153 Referencias Bibliográficas 156 Gabarito dos exercícios da apostila 161 Cópia do contrato 167 PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 5 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo OBJETIVO DO CURSO Seja bem vindo ao curso: Iniciaremos o nosso curso falando sobre EDUCAÇÃO ESPECIAL: HISTÓRIA, FUNDAMENTOS, TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E O AUTISMO, pretenderam leva-lo a: • Analisar conhecimentos que possam fundamentar os profissionais na reorientação das suas práticas de Atendimento a Inclusão • Enfatizar a importância da teoria e prática dentro do Atendimento a Inclusão. • Conhecer aprendizagem participativa e colaboração necessária para que possam ocorrer mudanças no Atendimento a Inclusão. • Propiciar o entendimento do que venha ser Educação Inclusiva. • Valorizar e adaptar-se às atualizações devido às mudanças dentro do ambiente escolar para Educação Inclusiva. • Propor a formação de Aperfeiçoamento de profissionais para Educação Inclusiva: direito à diversidade. • Reconhecer a importância no Atendimento da Inclusão Educacional. • Apresentar orientações e estratégias para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais e implementar o paradigma da inclusão dessas. • Possibilita ao profissional rever suas práticas à luz dos novos referenciais pedagógicos da inclusão. • Refletir sobre Educação Inclusiva e seus direitos. • Conhecer e analisar a Declaração de Salamanca. • Compreende os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e como ajudar. • Desenvolver as Características, Estimulação precoce e as Síndromes. • Compreende e promover Tratamento dos Portadores destas Síndromes. • Reconhecer os métodos usados dentro da Educação Inclusiva. • Identificar a Formação e capacitação profissional: a importância da qualificação profissional do docente; o professor especializado. • Trabalhar a Adaptação curricular: conceito; níveis de adaptação curricular. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 6 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo INTRODUÇÃO O Ministério da Educação desenvolve a política de educação inclusiva que pressupõe a Transformação do Ensino Regular e da Educação Especial e, nesta perspectiva, são implementadas diretrizes. E ações que reorganizam os serviços de Atendimento Educacional Especializado oferecidoaos alunos com deficiência visando à complementação da sua formação e não mais a substituição do ensino regular. Com este objetivo o Proer. Promove o curso de Aperfeiçoamento de profissionais para Educação Inclusiva: direito à diversidade. Possibilita ao profissional rever suas práticas à luz dos novos referenciais pedagógicos da inclusão. O curso desenvolvido na modalidade à distância e presencial com ênfase nas áreas da deficiência auditiva, está estruturado para: - trazer o contexto escolar dos profissionais para o foco da discussão dos novos referenciais para a inclusão dos alunos; - introduzir conhecimentos que possam fundamentar os profissionais na reorientação das suas práticas de Atendimento a Inclusão; - desenvolver aprendizagem participativa e colaboração necessária para que possam ocorrer mudanças no Atendimento a Inclusão. Nesse sentido, o curso oferece fundamentos básicos para os profissionais do Atendimento Educacional para Deficiência Auditiva; Este livro tem por finalidade apresentar orientações e estratégias para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais e implementar o paradigma da inclusão dessas . Diversas razões justificam a implementação de tais orientações e estratégias: o movimento mundial em prol do paradigma da inclusão educacional originado na Conferência Mundial de Educação Para Todos (Jomtien na Tailândia,1990) e posteriormente, a Declaração de Salamanca (1994), compromisso também assumido pelo Ministério da Educação do Brasil. A partir desses pronunciamentos, tornou-se um compromisso universal, a implantação de políticas de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 7 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo O Brasil já tem avançado neste sentido, pois a Constituição Federal no art. 208, III, define atendimento especializado preferencialmente na rede regular de ensino e, posteriormente, previsto pela Lei 9.394/96 Leis de Diretrizes e Bases de Educação Nacional. Esta Lei determina que no período de três anos a contar de sua sanção, todas as creches passem para a administração educacional, implicando sua transformação para instituições de educação. Isto faz das creches e pré-escolas a primeira etapa da educação básica com a missão de estabelecer os fundamentos sobre os quais se assentam os níveis seguintes de escolarização. A política de descentralização consolida esse avanço, considerando a educação do nascimento aos seis anos, como parte integrante da educação básica nos municípios e no Distrito Federal, destacadas a inclusão da creche como instituição educacional e a caracterização de sua atividade como ação eminentemente pedagógica. Os textos apresentam subsídios em consonância com o movimento de educação para todos: Garantir o acesso e a permanência, com êxito, das crianças com necessidades educacionais especiais da rede regular de ensino. A implementação de tais subsídios envolve ampla reflexão discussão e ações conjuntas e efetivas que dimensionarão a prática pedagógica em institucionais específicas. Essas políticas configuram uma filosofia de ação conjunta entre educação geral e especial, constituindo-se de valiosas iniciativas nas suas vertentes humanas e sociais na área da educação, estendendo-se ao lar e à comunidade. É importante analisar a abrangência destas orientações à população beneficiada cujo número é altamente significativo em nosso país. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 8 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DIREITO DE TODOS A educação é um direito de todos e dever do Estado, assim define a Constituição Federal no seu artigo 205. A constituição diz ainda, que o ensino será ministrado com base no princípio de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, entre outros. Contudo, para algumas crianças e adolescentes, especialmente aquelas que possuem algum tipo de deficiência, este direito ainda está longe de ser plenamente realizado. No campo jurídico, uma das maiores preocupações é a aplicação eficaz do princípio da igualdade para se alcançar a justiça. Essa não é uma tarefa simples, pois o grande dilema é saber em qual hipótese “tratar igualmente o igual e desigualmente o desigual”, fórmula proposta ainda na Antiguidade, por Aristóteles (1992). A utilização da fórmula aristotélica, pura e simplesmente, já demonstrou que, em certos casos, pode até configurar uma conduta discriminatória. Esta fórmula, em razão de sua sabedoria, jamais foi alterada, mas vem sendo constantemente aprimorada. A doutrina e jurisprudência existentes oferecem como solução o imperativo de tratamento igual para todos, admitindo-se os tratamentos diferenciados apenas como exceção e desde que eles tenham um fundamento razoável para sua adoção. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 9 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Mas, infelizmente, mesmo com esses aprimoramentos, a história da humanidade é prova inequívoca de que eles não foram suficientes, pois as situações de exclusão de direitos ainda são muito graves. Não é difícil encontrarmos situações de exclusão que contam com a aprovação de profissionais do Direito, mesmo após valerem-se dos critérios apontados pela doutrina para a aplicação do princípio da igualdade, que se baseiam fundamentalmente, como mencionamos, na análise da razoabilidade ou não de determinado tratamento diferenciado. Como exemplos podem citar decisões judiciais e administrativas, que sequer são levadas ao crivo do Judiciário, no sentido de que pessoas cegas não podem fazer parte das carreiras da magistratura. Acredita-se que um dos motivos pelos quais essa e outras exclusões de direitos ocorrem é o de que há uma grande margem na análise das razões para a diferenciação. Isso faz com que muitas pessoas, principalmente as pertencentes às chamadas minorias, tenham seus direitos negados, até em situações que muitos consideram plausíveis, mas que as deixam sem acesso a direitos e garantias fundamentais, como vida, educação, trabalho e lazer. Este texto foi baseado na cartilha O acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns da rede regular, publicada pelo Ministério Público. Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, Brasília, 2004. Pessoa humana (art. 1ª, inc. II e III), e como um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade deficiência e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3ª, inc. IV). Garante ainda, expressamente, o direito à igualdade (art. 5ª) e trata, nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS à educação. Esse direito deve visar o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205). Neste cenário, mesmo havendo a constante garantia nas Constituições em geral em relação à igualdade, como é o caso do Brasil, passou a surgir convenções e tratados internacionais reafirmando o direito de todos os seres humanos à igualdade e dando especial ênfase à proibição de discriminação. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 10 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206, inc. I), acrescentando que o “dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (art. 208, V). Portanto, aConstituição garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola. Toda escola, assim reconhecida pelos órgãos oficiais como tal, deve atender aos princípios constitucionais. Se tais estabelecimentos não forem separados por grupos de pessoas, nos termos da Convenção relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino (1960), citada na pág.14. É desse direito que as pessoas com deficiência também são titulares. É certo que além desses objetivos, requisitos e garantias para a educação, nossa Constituição garante, agora apenas para as pessoas com deficiência, o Atendimento Educacional Especializado. Trata-se, pois, de tratamento diferenciado, que tem sede constitucional, mas que não exclui as pessoas com deficiência dos demais princípios e garantias relativos à educação acima citados. Ao contrário, é ali previsto como acréscimo e não como alternativa. Portanto, o Atendimento Educacional Especializado será válido apenas e tão-somente se levar à concretização do direito à educação. As escolas tradicionais alegam um antigo despreparo para receber alunos com deficiência visual, auditiva, mental e até física, mas nada ou muito pouco faz no sentido de virem a se preparar. Há também uma constante alegação de que essa inclusão escolar é muito boa, mas não pode servir para o aluno que tenha deficiências muito graves. Ora, alunos em tais condições estão à procura de tratamentos relacionados à área da saúde e são em número bastante reduzido. As crianças que vêm sendo recusadas constantemente nas escolas são crianças cegas, surdas, com limitações intelectuais e/ou físicas, mas não associadas a doenças. São, apenas, crianças com deficiência. O fato é que a presença desses alunos em salas de aula comuns pode até ser novidade, mas é PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 11 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo um direito e, no tocante ao Ensino Fundamental, também um dever do Estado e de seus responsáveis. Os alunos com deficiência têm limitações físicas, sensoriais ou intelectuais significativas por definição e, muitas vezes, para poderem se relacionar com o ambiente necessitam de instrumentos e apoios que os demais alunos não necessitam. A escola deveria acolher essas diferentes maneiras de aprender e delas tirar proveito, ao invés de excluir aqueles que fogem às expectativas comuns. Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza. A bandeira da inclusão ainda não é suficientemente compreendida, principalmente quando se trata do espaço escolar. As crianças com algum tipo de deficiência devem ou não ter acesso às classes regulares juntamente com outras crianças Contrariamente a ficção, a realidade mostra que as leis que garantem a inclusão já existem a tempo suficiente para que as escolas tenham capacitado professores e adaptado a estrutura física e a proposta pedagógica. Portanto, não aceitar alunos com deficiência é crime. A legislação brasileira garante indistintamente a todos o direito à escola, em qualquer nível de ensino, e prevê, além disso, o atendimento especializado a crianças com necessidades educacionais especiais. Esse atendimento deve ser oferecido preferencialmente no ensino regular e tem o nome de Educação Especial. A denominação é confundida com escolarização especial. Esta ocorre quando a criança frequenta apenas classe ou escola que recebe só quem tem deficiência e lá aprende os conteúdos escolares. Isso é ilegal. Ela deve ser matriculada em escola comum, convivendo com quem não tem deficiência e, caso seja necessário, tem o direito de ser atendida no contra turno em uma dessas classes ou instituições, cujo papel é buscar recursos, terapias e materiais para ajudar o estudante a ir bem à escola comum. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 12 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Uma escola de todos - O pouco preparo dos professores para atender crianças com deficiência ou o pouco apoio dado a esses profissionais fazem com que, em alguns casos, o direito de estudar seja exercido pela metade: muitos ainda acham que a escola, para quem tem deficiência, é espaço só para recreação. A pedagogia e os avanços científicos mostram que cada deficiência requer estratégias e materiais específicos e diversificados. Mas o que se espera de uma escola inclusiva? Espera-se, antes de qualquer coisa, que ela reconheça os direitos de seus educando e respeite a diversidade. Este tipo de escola não se resume mais a lápis, caneta, caderno, giz, lousa e professor. Nela, cada criança recebe aquilo de que precisa para surdos, língua de sinais; para os que não se mexem tecnologias de educação alternativa; para quem demora a aprender, jogos coloridos e muita repetição, para os cegos, braile, etc. Porém, é preciso reconhecer que cada um aprende de uma forma e num ritmo próprio. Respeitar a diversidade significa dar oportunidades para todos aprenderem os mesmos conteúdos, fazendo as adaptações necessárias (o que não significa dar atividades mais fáceis a quem tem deficiência). Além do mais, é preciso esclarecer que o principal documento sobre os princípios da Educação Inclusiva, a Declaração de Salamanca, de 1994 – estabelece que a escola inclusiva é aquela que contempla muitas outras necessidades educacionais especiais: crianças que têm dificuldades temporárias ou permanentes, que repetem de ano, sofrem exploração sexual, violação física ou emocional, são obrigadas a trabalhar, moram na rua ou longe da escola, vivem em extrema condição de pobreza, são desnutridas, vítimas de guerras ou conflitos armados, têm altas habilidades (superdotadas) e as que, por qualquer motivo, estão fora da escola (em atendimento hospitalar, por exemplo). Sem esquecer-se daquelas que, mesmo na escola, são excluídas por cor, religião, peso, altura, aparência, modo de falar, vestir ou pensar. Tudo isso colabora para que o estudante tenha cerceado o direito de aprender e crescer. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 13 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo DECLARAÇÃO DE SALAMANCA Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994, com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social. A Declaração de Salamanca é considerada um dos principais documentos mundiais que visam à inclusão social, ao lado da Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração sobre Educação para Todos de 1990. Ela é o resultado de uma tendência mundial que consolidou a educação inclusiva, e cuja origem tem sido atribuída aos movimentos de direitos humanos. A Declaração de Salamanca é também considerada inovadora porque, conforme diz seu próprio texto, ela “... proporcionou uma oportunidade única de colocação da educação especial dentro da estrutura de ‘educação para todos’ firmada em 1990 (...) promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia da inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem”. A Declaração de Salamanca ampliou o conceito de necessidades educacionais especiais, incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola, seja por que motivo for. Assim, a ideia de "necessidades educacionais especiais" passou a incluir, além das crianças PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 14 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo portadoras de deficiências,aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou permanentes na escola: As que estejam repetindo continuamente os anos escolares; As que sejam forçadas a trabalhar; As que vivem nas ruas, as que moram distantes de quaisquer escolas; As que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas; As que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados; As que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja. Uma das implicações educacionais orientadas a partir da Declaração de Salamanca refere- se à inclusão na educação. Segundo o documento, “o princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter”. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, usam de recursos e parceiras com a comunidade (...). Dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva (“...)”. O texto, que não tem efeito de lei, dizem que também devem receber atendimento especializado crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e abuso sexual. As que têm deficiências graves devem ser atendidas no mesmo ambiente de ensino que todas as demais. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 15 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo FUNDAMENTAÇÂO TEÒRICA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL A Educação Especial é conceituada como processo de desenvolvimento global das potencialidades é uma modalidade de ensino destinada às pessoas portadoras de deficiência, condutas típicas ou de altas habilidades, abrangendo os diferentes níveis e graus do sistema de ensino considerados pela Constituição Brasileira parte inseparável do direito à educação. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos, compatíveis com as necessidades do seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino, e sua tarefa prioritária é ampliar os níveis de competências técnicas, eliminando o preconceito que atinge o seu alunado. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994b), "são considerados alunos portadores de necessidades educativas especiais àqueles que, por apresentarem necessidades próprias e diferentes PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 16 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo dos demais alunos, requerem recursos pedagógicos e metodológicos educacionais especiais." A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos. A Educação Inclusiva atenta à diversidade inerente à espécie humana busca perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos os sujeitos-alunos, em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, de forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. Prática pedagógica coletiva, multifacetada, dinâmica e flexível requer mudanças significativas na estrutura e no funcionamento das escolas, na formação humana dos professores e nas relações família-escola. Com força transformadora, a educação inclusiva aponta para uma sociedade inclusiva. O ensino inclusivo não deve ser confundido com educação especial, a qual se apresenta numa grande variedade de formas incluindo escolas especiais, unidades pequenas e a integração das crianças com apoio especializado. O ensino especial é desde sua origem um sistema separado de educação das crianças com deficiência, fora do ensino regular, baseado na crença de que as necessidades das crianças com deficiência não podem ser supridas nas escolas regulares. Existe ensino especial em todo o mundo sejam em escolas de frequência diária, internatos ou pequenas unidades ligadas à escola de ensino regular. De acordo com o Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento (International Disabilityand Development Consortium- IDDC) sobre a educação PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 17 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo inclusiva, realizado em março de1998em Agro, na Índia, um sistema educacional só pode ser considerado inclusivo quando abrange a definição ampla deste conceito, nos seguintes termos: Reconhece que todas as crianças podem aprender; Reconhece e respeita diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia, língua, deficiência/inabilidade, classe social, estado de saúde (Hemofilia, Hidrocefalia ou qualquer outra condição); Permite que as estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendam as necessidades de todas as crianças; Faz parte de uma estratégia mais abrangente de promover uma sociedade inclusiva; É um processo dinâmico que está em evolução constante; Não deve ser restrito ou limitado por salas de aula numerosas nem por falta de recursos materiais. Estas perspectivas históricas levam em conta a evolução do pensamento acerca das necessidades educativas especiais ao longo dos últimos cinquenta anos, no entanto, elas não se desenvolvem simultaneamente em todos os países, e consequentemente retrata uma visão histórica global que não corresponde ao mesmo estágio evolutivo de cada sociedade. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 18 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Salas de Recursos Multifuncionais É um espaço organizado preferencialmente em escolas comuns das redes de ensino. Pode atender às escolas próximas. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 19 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo OS RUMOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL FRENTE AO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA; A educação especial no Brasil diante da mudança de paradigma Paradoxalmente ao crescente movimento mundial pela inclusão, em 1994 o Brasil publica o documento Política Nacional de Educação Especial, alicerçado no paradigma integracionista, fundamentado no princípio da normalização, com foco no modelo clínico de deficiência, atribuindo às características físicas, intelectuais ou sensoriais dos alunos um caráter incapacitante que se constitui em impedimento para sua inclusão educacional e social. Esse documento define como modalidades de atendimento em educação especial no Brasil: as escolas e classes especiais; o atendimento domiciliar, em classe hospitalar e em sala de recursos; o ensino itinerante, as oficinas pedagógicas e a estimulação essencial; e as classes comuns. Mantendo a estrutura paralela e substitutiva da educação especial, o acesso PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 20 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo dos alunos com deficiência ao ensino regular é condicionado, conforme expressa o conceito que orienta quanto à matrícula em classe comum: Ambiente dito regular deensino/aprendizagem, no qual também, são matriculados, em processo de integração instrucional, os portadores de necessidades especiais que possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais (BRASIL, 1994, p.19). Ao invés de promover a mudança de concepção favorecendo os avanços no processo de inclusão escolar, essa política demonstra fragilidade perante os desafios inerentes à construção do novo paradigma educacional. Ao conservar o modelo de organização e classificação dos alunos, estabelece-se o antagonismo entre o discurso inovador de inclusão e o conservadorismo das ações que não atingem a escola comum no sentido da sua ressignificação e mantém a escola especial como espaço de acolhimento daqueles alunos considerados incapacitados para alcançar os objetivos educacionais estabelecidos. Sem medidas e investimento na construção e avanço do processo de inclusão escolar, surge o discurso de resistência à inclusão, com ênfase na falta de condições pedagógicas e de infra-estrutura da escola. Esse posicionamento não se traduz em práticas transformadoras capazes de propor alternativa e estratégias de formação e implantação de recursos nas escolas que respondam afirmativamente às demandas dos sistemas de ensino, resultando na continuidade das práticas tradicionais que justificam a segregação em razão da deficiência. Neste período, as diretrizes educacionais brasileiras respaldam o caráter substitutivo da educação especial, embora expressem a necessidade de atendimento às especificidades apresentadas pelo aluno na escola comum. Ao mesmo tempo em que orientam a matrícula dos alunos público alvo da educação especial nas escolas comuns da rede regular de ensino, mantém a possibilidade do atendimento educacional especializado substitutivo à escolarização. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 21 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394,1996) quanto a Resolução 02 do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica (CNE/CEB, 2001) denotam ambiguidade quanto à organização da Educação Especial e da escola comum no contexto inclusivo. Ao mesmo tempo em que orientam a matrícula dos alunos público alvo da educação especial nas escolas comuns da rede regular de ensino, mantém a possibilidade do atendimento educacional especializado substitutivo à escolarização. No inicio do século XXI, esta realidade suscita mobilização mais ampla em torno do questionamento à estrutura segregativa reproduzida nos sistemas de ensino, que mantém um alto índice de pessoas com deficiência em idade escolar fora da escola e a matrícula de alunos público alvo da educação especial, majoritariamente, em escolas e classes especiais. A proposta de um sistema educacional inclusivo passa, então, a ser percebida na sua dimensão histórica, enquanto processo de reflexão e prática, que possibilita efetivar mudanças conceituais, político e pedagógicas, coerentes com o propósito de tornar efetivo o direito de todos à educação, preconizado pela Constituição Federal de 1988. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 22 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo A CONSTRUÇÃO DA NOVA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL A Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência outorgada pela ONU em 2006 foi ratificada pelo Brasil como emenda constitucional, por meio do Decreto Legislativo nº 186/08 e pelo Decreto Executivo nº 6949/2009, sistematiza estudos e debates mundiais realizados ao longo da última década do séc. XX e nos primeiros anos deste século, criando uma conjuntura favorável à definição de políticas públicas fundamentadas no paradigma da inclusão social. Este tratado internacional altera o conceito de deficiência que, até então, representava o paradigma integracionista, calcado no modelo clínico de deficiência, em que a condição física, sensorial ou intelectual da pessoa se caracterizava no obstáculo a sua integração social, cabendo a estas se adaptarem às condições existentes na sociedade. De acordo com a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (ONU Art. 1). Assim, neste novo paradigma, à sociedade caberá promover as condições de acessibilidade necessárias a fim de possibilitar às pessoas com PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 23 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida. Neste contexto, a educação inclusiva torna-se um direito inquestionável e incondicional. O artigo 24 versa sobre o direito da pessoa com deficiência à educação ao afirmar que: [...] para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os estados partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida (ONU, 2006). Este princípio fundamenta a construção de novo marco legal, políticos e pedagógicos da educação especial impulsionando os processos de elaboração e desenvolvimento de propostas pedagógicas que visam a assegurar as condições de acesso e participação de todos os alunos no ensino regular. Com objetivo de apoiar a transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos, a partir de 2003, são implementadas estratégias para a disseminação dos referenciais da educação inclusiva no país. Para alcançar este propósito, é instituído o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, que desenvolve um amplo processo de formação de gestores e de educadores, envolvendo a parceria entre o Ministério da Educação, os estados, os municípios e o Distrito Federal. A partir desta ação, tem início a construção de uma nova política de educação especial que enfrenta o desafio de se constituir, de fato, como uma modalidade transversal desde a educação infantil à educação superior. Neste processo são repensadas as práticas educacionais concebidas a partir de um padrão de aluno, de professor, de currículo e de gestão, redefinindo a compreensão acerca das condições de infraestrutura escolar e dos recursos pedagógicos a partir da concepção de desenho universal. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, publicada pelo MEC em 2008, instaura um novo marco teórico e organizacional na educação brasileira, definindo a educação especial como modalidade não substitutiva à escolarização; o conceito de atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à formação dos PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 24 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo alunos; e o público alvo da educação especial constituído pelos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. De acordo com as diretrizes da nova política: A educação especial é definida como uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, que disponibiliza recursos e serviços, realiza o atendimento educacional especializado e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular (MEC/SEESP, 2008, p 15). Os princípios definidos na atual política são ratificados pela Conferência Nacional da Educação Básica/2008 queem seu documento final salienta: Na perspectiva da educação inclusiva, cabe destacar que a educação especial tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas turmas comuns do ensino regular, orientando os sistemas de ensino para garantir o acesso ao ensino comum, a participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados de ensino; a transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; a oferta do atendimento educacional especializado; a formação de professores para o atendimento educacional especializado e aos demais profissionais da educação, para a inclusão; a participação da família e da comunidade; a acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informações; e a articulação Inter setorial na implementação das políticas públicas (MEC/SEESP, 2008). Neste cenário, a educação inclusiva torna-se pautas constantes nos debates educacionais brasileiros, impulsionado novas formulações que reorientam o apoio técnico e financeiro, no sentido de prover as condições para a inclusão escolar dos alunos pública alvo da educação especial nas redes públicas de ensino. Assim, o conceito de acessibilidade é incorporado como forma de promoção da igualdade de condições entre os alunos. Para tanto, destacam-se as ações que permitem a organização do atendimento educacional especializado em escolas comuns: PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 25 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo A implantação das salas de recursos multifuncionais, constituídas por equipamentos, mobiliários, materiais didáticos e pedagógicos e de recursos de tecnologia assistiva, destinados à realização das atividades do atendimento educacional especializado; A promoção da acessibilidade arquitetônica, por meio do programa de adequação de prédios escolares, instituída no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE Escola Acessível; A constituição da rede de formação continuada de professores em educação especial, na modalidade a distância, em parceria com as instituições públicas de educação superior, para a oferta de cursos voltados ao atendimento educacional especializado e às práticas educacionais inclusivas; A ação interministerial desenvolvida pelos Ministérios da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento Social e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, para o monitoramento do acesso e permanência na escola das pessoas com deficiência que recebem o Benefício da Prestação Continuada - BPC, na faixa etária de 0 a 18 anos; A implantação dos núcleos de acessibilidades no contexto do Programa Incluir, para a promoção da acessibilidade na educação superior; A realização do PROLIBRAS, em parceria com o INEP, para a certificação de profissionais para o ensino e para a tradução e interpretação da Língua Brasileira de Sinais - Libras; A organização de núcleos para as altas habilidades/superdotação e de centros de apoio pedagógico aos alunos com surdez, em todos os estados, visando ao atendimento às necessidades educacionais específicas destes alunos, no contexto da escola comum; A promoção de acessibilidade aos programas de distribuição de livros didáticos e paradidáticos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, em formatos acessíveis Braille, Libras, além de dicionários trilingüe Português/Inglês/Libras para alunos com surdez e de laptops para alunos cegos. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 26 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo O impacto deste conjunto de ações no âmbito da educação especial na perspectiva inclusiva se reflete no declínio progressivo das matrículas dos alunos público alvo da educação especial em escolas e classes especiais e a ascensão das matrículas destes em classes comuns do ensino regular, conforme demonstram os dados do Censo Escolar/MEC/INEP, de 2009. A OPERACIONALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL ARTICULADA À EDUCAÇÃO COMUM O paradigma da educação inclusiva é consolidado nos documentos legais, como o Decreto nº. 6.571/2008 que institui a política de financiamento para o atendimento educacional especializado - AEE, e a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica. Conforme o Decreto nº 6.571/2008: O atendimento educacional especializado - AEE é o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular (MEC/SEESP, 2008). PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 27 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo No seu artigo 3º, é definido o apoio técnico e financeiro a ser prestado pelo Ministério da Educação, com a finalidade de promover o atendimento educacional especializado tanto na educação básica quanto na superior por meio das seguintes ações: 1 - implantação de sala de recursos multifuncionais; 2 - formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado; 3 - formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para educação inclusiva; 4 - Adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade; 5 - elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para acessibilidade; e 6 - estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior (MEC/SEESP, 2008). O financiamento da dupla matrícula dos alunos público alvo da educação especial na educação básica é instituído, no âmbito do FUNDEB, de modo a fomentar a organização e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Perspectiva da Educação Inclusiva conforme disposto no artigo 6º:Admitir-se-á, a partir de 1º de janeiro de 2010, para efeito da distribuição de recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas dos alunos da educação regular da rede pública que recebem atendimento educacional especializado, sem prejuízo do cômputo dessas matrículas na educação básica regular (MEC/SEESP, 2008). Com o objetivo de orientar a implementação do Decreto n° 6571, são instituídas as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, por meio da Resolução Nº. 4 CNE/CEB. Este documento define, no artigo 1º, que cabe:[...] aos sistemas de ensino matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado - AEE [...] (MEC/SEESP, 2009). PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 28 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Conforme estas Diretrizes, o AEE deve integrar o projeto político pedagógico - PPP da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. A oferta deste atendimento deve ser institucionalizada, prevendo na sua organização a implantação da sala de recursos multifuncionais, a elaboração do plano de AEE, professores para o exercício da docência no AEE, demais profissionais como tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e aqueles que atuam em atividades de apoio. De acordo com o artigo 5º desta resolução: O Atendimento Educacional Especializado é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em Centro de AtendimentoEducacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal e Municípios (MEC/SEESP, 2009). Desta forma, o desenvolvimento inclusivo das escolas é compreendido como uma perspectiva ampla de reestruturação da educação, que pressupõe a articulação entre a educação especial e o ensino comum, sendo esta a função primordial do AEE, considerando a elaboração, a disponibilização e a avaliação de estratégias pedagógicas, de serviços e recursos de acessibilidade para a promoção efetiva do direito de todos à educação. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 29 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo INCLUIR NÃO É INSERIR, MAS INTERAGIR E CONTRIBUIR; Incluir é Interagir e Contribuir, Não apenas Inserir Carmen P. CimiDevania da Silva Genésio ZambenedettiPábolaDalpraiNaides. A. Zambenedetti Solange Zarth Resumo. Sugestões, propostas e reflexões são condições necessárias a Educação Inclusiva. Neste sentido, entre outros, a participação da comunidade educativa, o apoio curricular e institucional, a liderança compartilhada e as políticas educacionais são peças fundamentais para esta educação. A Inclusão se traduz pela capacidade da escola em dar respostas eficazes à diferença de aprendizagem dos alunos. Ela demanda que a escola se transforme em espaço de trocas o qual favoreça o ato de ensinar e de aprender. Transformar a escola significa criar as condições para que todos participem do processo de construção do conhecimento independente de suas características particulares. A Inclusão também requer mudanças significativas na gestão da escola, tornando-a mais democrática e participativa, compreendendo o espaço da escola como um verdadeiro campo de ações pedagógicas e sociais, no qual as pessoas compartilham projetos comuns. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 30 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Caracteriza-se por seu caráter colaborativo, desenvolvendo valores e organizando o espaço da escola de modo que todos se sintam dele integrantes. Palavra chave: Inclusão escolar, prática pedagógica, direito igual. Introdução Nos últimos anos o Brasil avançou na elaboração e na implementação, de ações Inter setoriais, baseada na concepção de que a inclusão social das pessoas com deficiências se dá na medida em que as políticas de educação, saúde, assistência social, transporte dentre outras, articulam-se para atenderem efetivamente as especificidades desse público. A Educação Inclusiva vem se tornando uma realidade cada dia mais desafiadora para os sistemas de ensino brasileiro, pois o direito a educação não se configura apenas pelo acesso, materializado na matricula do aluno Juno ao estabelecimento escolar, mas também pela sua participação e aprendizagem ao longo da vida. A formação dos atores sociais envolvidos no processo educacional passa por transformações profundas, necessária para a construção da escola como espaço de valorização de diferentes saberes, tema tratado como pressuposto para o desenvolvimento inclusivo da escola. Para contribuir na promoção da Inclusão Social das pessoas com deficiência é destacada a recente política pública na área da reabilitação visual. A acessibilidade na escola é concebida como uma premissa para o pleno acesso dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades (superdotação), compreendendo desde a acessibilidade na comunicação, passando pela produção de Materiais didáticos acessíveis e o uso de recursos de tecnologia assistida na escola; A fim de garantir os processos educacionais. Uma educação de qualidade, a partir dessa concepção, parte do pressuposto de que as oportunidades de aprendizagem devem ser proporcionadas a todos os alunos, considerando as especificidades de cada um nos processos de construção do conhecimento. A concretização da política de inclusão se expressa pela criação de salas de recursos multifuncionais nas escolas públicas brasileiras, por uma política de formação de professores em Atendimento Educacional Especializado, voltados para o atendimento das crianças nessas escolas; bem como pela transformação das práticas pedagógicas e da gestão escolar. De acordo com essa política, esse atendimento assegura que os alunos aprendam o que é diferente do currículo do ensino comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 31 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo O Atendimento Educacional Especializado foi regulamentado pelo Decreto nº 657/2008, ele reestrutura a educação especial, consolida diretrizes e ações já existentes, voltadas a Educação Inclusiva e destina recursos do Fundo de Educação Básica (FUNDEB) ao atendimento de necessidades específicas do segmento. O atendimento educacional por si só não garante a aprendizagem dos alunos, ou seja, mudanças substanciais no interior da escola e nos sistemas de ensino se fazem necessários para garantir a aprendizagem de todos os alunos. A colaboração entre os diversos agentes da escola tais como os gestores e a equipe técnica, os professores da sala comum e os professores do AEE são imprescindíveis para o desenvolvimento de uma prática sintonizada com as necessidades dos alunos. Esses profissionais devem aprender a trabalhar juntos e medir seus esforços em favor do desenvolvimento de uma educação de qualidade. Faz-se necessário às redes de ensino conceber um modelo de formação e acompanhamento que permita a cada um desses grupos desenvolverem um saber e fazer que valorize a participação de cada um como membro que contribui para as ações daquela comunidade. Esse mesmo preceito deve ser observado no interior da sala de aula, espaço pedagógico em que cada aluno se constitui como sujeito de aprendizagem, que contribui efetivamente para elaboração de um saber, o qual só terá sentido quando compartilhado por todos os membros da classe. Desse modo o desafio de escolarizar todas as crianças no ensino comum não é tarefa da educação especial, mas das redes públicas de ensino. Educação um Direito de Todos Nos últimos anos como resultados da luta das próprias pessoas com deficiência e de seus familiares, vem ganhando espaço na sociedade a proposta de romper com os tradicionais paradigmas segregativos e a consequente adoção de procedimentos que possam contribuir e garantir a essas pessoas condições necessárias a sua participação como sujeitos especiais. Esse processo ganhou mais força com a Declaração de Salamanca (1994), que propôs paradigma de Inclusão Social, afirmando a necessidade de todos se comprometerem com a eliminação das barreiras que vem excluindo uma parcela considerável da população mundial, das pessoas com deficiência física, sensorial e mental. “Mais recentemente, este movimento ganha força ainda maior, com novos documentos nacionais e internacionais, como: a” “Convenção Interamericana para a PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 32 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência”; fruto de evento promovido pela OEA - Organização dos Estados. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 33 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo VAMOS PRATICAR? Tente responder sem consultar as respostas que estão no fim da apostila. Exercícios: 1-Explique o que define a Constituiçãosobre o artigo 205? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2- De acordo com o texto você sabe por que os direitos ainda não são para todos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3- De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994b) quem são considerados portadores de necessidades especiais? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4- O texto fala sobre educação inclusiva: explique com suas palavras? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 34 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 5- Explique de acordo com o texto como é definida a educação especial? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6- O atendimento educacional especializado - AEE é o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular (MEC/SEESP, 2008). No seu artigo 3º, é definido o apoio técnico e financeiro a ser prestado pelo Ministério da Educação, com a finalidade de promover o atendimento educacional especializado tanto na educação básica quanto na superior por meio das seguintes ações? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 35 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo CAPÍTULO II TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO São cinco os transtornos caracterizados por atraso simultâneo no desenvolvimento de funções básicas, incluindo socialização e comunicação: 1 - O autismo: é uma desordem global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade da pessoa comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente - segundo as normas que regulam estas respostas. Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam importantes retardos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são designados de Espectro Autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo. Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem em seu "mundo próprio" interagindo com o ambiente que criam; isto não é PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 36 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo verdade. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras crianças brincarem, não é porque ela está desinteressada nessas brincadeiras ou porque vive em seu mundo, é porque simplesmente ela tem dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa. Outro mito comum é de que quando se fala em uma pessoa autista geralmente se pensa em uma pessoa retardada que sabe poucas palavras (ou até mesmo que não sabe nenhuma). A dificuldade de comunicação, em alguns casos, está realmente presente, mas como dito acima nem todos são assim: é difícil definir se uma pessoa tem retardo mental se nunca teve oportunidades de interagir com outras pessoas ou com o ambiente. 2 - Síndrome de Rett é uma anomalia genética, no gene mecp2 que causa desordens de ordem neurológica, acometendo quase que exclusivamente crianças do sexo feminino. Compromete progressivamente as funções motoras, intelectual assim como os distúrbios de comportamento e dependência. No caso típico, a menina desenvolve de forma aparentemente normal entre 8 a 18 meses de idade, depois começa a mudar o padrão de seu desenvolvimento. Ocorre uma regressão dos ganhos psicomotores, a criança torna-se isolada e deixa de responder e brincar. O crescimento craniano, até então normal, demonstra clara tendência para o desenvolvimento mais lento, ocorrendo uma microcefalia adquirida. Aos poucos deixa de manipular objetos, surgem movimentos estereotipados das mãos (contorções, aperto, bater de palmas, levar as mãos à boca, lavar as mãos e esfregá-las) surgindo após, a perda das habilidades manuais. 3 - Transtorno Desintegrativo da Infância é um tipo de; PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 37 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo Transtorno invasivo do desenvolvimento (PDD, na sigla em inglês) geralmente diagnosticado pela primeira vez na infância ou adolescência. Critérios de diagnósticos: A. Desenvolvimento aparentemente normal durante pelo menos os 2 primeiros anos de vida, manifestado pela presença de comunicação verbal e não-verbal, relacionamentos sociais, jogos e comportamento adaptativos próprio da idade. B. Perda clinicamente importante de habilidades já adquiridas (antes dos 10 anos) em pelo menos duas das seguintes áreas: - linguagem expressiva ou receptiva - habilidades sociais ou comportamento adaptativo - controle esfincteriano - jogos - habilidades motoras C. Funcionamento anormal em pelo menos duas das seguintes áreas: Comprometimento qualitativo da interação social (p. ex., comprometimento de comportamentos não-verbais, fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares, falta de reciprocidade social ou emocional). Comprometimento qualitativo da comunicação (p. ex., atraso ou ausência de linguagem falada, fracassa em iniciar ou manter uma conversa, uso estereotipado e repetitivo da linguagem, ausência de jogos variados de faz- de-conta). Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, incluindo estereotipias motoras e maneirismos D. A perturbação não é melhor explicada por outro Transtorno global do desenvolvimento específico ou por Esquizofrenia. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 38 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 4 - síndrome de Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger (código CIE-9-MC: 299.8), é uma síndrome do espectro autista, diferenciando- se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. A validade do diagnóstico de SA continua incerta, estando atualmente em discussão a sua manutenção ou retirada do "Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders" A SA é mais comum no sexo masculino. Quando adultos, muitos podem viver de forma comum, como qualquer outra pessoa que não possui a síndrome. Há indivíduos com Asperger que se tornaram professores universitários (como Vernon Smith, "Prémio Nobel" da Economia de 2002). No entanto, no Reino Unido estima-se que apenas 12% terá emprego a tempo inteiro. O termo "síndrome de Asperger" foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing em 1981 num jornal médico, que pretendia desta forma homenagear Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até a década de 1990. A síndrome foi reconhecida pela primeira vez no Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais, na sua quarta edição, em 1994 (DSM-IV). Alguns sintomas desta síndrome são: dificuldade de interação social,falta de empatia, interpretação muito literal da linguagem, dificuldade com mudanças, perseveração em comportamentos estereotipados. No entanto, isso pode ser conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou alto. Alguns estudiosos afirmam que grandes personalidades da História possuíam fortes traços da síndrome de Asperger, como os físicos Isaac Newton e Albert Einstein, o compositor Mozart, os filósofos Sócrates e Wittgenstein, o naturalista Charles Darwin, o pintor renascentista Michelangelo, os cineastas Stanley Kubrick e Andy Warhol e o enxadrista Bobby Fischer, além de autores de diversas obras literárias, como no caso de Mark Haddon. 5 -Transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação :O TID- SOE é uma categoria diagnóstica de exclusão e não possui regras PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 39 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo especificadas para sua aplicação. Alguém pode ser classificado como portador de TID-SOE se preencher critérios no domínio social e mais um dos dois outros domínios (comunicação ou comportamento). Além disso, é possível considerar a condição mesmo se a pessoa possuir menos do que seis sintomas no total (o mínimo requerido para o diagnóstico do autismo), ou idade de início maior do que 36 meses. Se o acordo entre os clínicos é alto para os diagnósticos de autismo, o mesmo não é verdadeiro no caso do TID-SOE.20 Ainda que os estudos epidemiológicos tenham sugerido que o TID-SOE seja duas vezes mais comum do que o TA, essa categoria continua a estar subinvestigada. Hoje em dia, diferentes categorizações têm sido propostas, algumas baseadas no enfoque fenomenológico descritivo, outras baseadas em outras perspectivas teóricas, tais como a neuropsicológia. PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 40 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo A TERAPIA COMPORTAMENTAL COM PORTADORES DE TID TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO. Margarida H. Windholz Portadores de Transtornos Invasivos de Desenvolvimento - TID, termo que inclui o Autismo Infantil, a Síndrome de Rett, a Síndrome de Asperger, e outros transtornos invasivos, conforme já exposto em capítulos anteriores, caracterizam-se por prejuízos severos no seu desenvolvimento: na qualidade de interação social, de comunicação, seja verbal ou não verbal, na presença de padrões de comportamento estereotipados e repetitivos, de interesses incomuns, ritos e rotinas não-funcionais (DSM-IV, 1994). Estes prejuízos, num continuo um, para diferentes pessoas, podem ser mais graves ou mais amenos. Vários termos têm sido usados para referir-se a estes distúrbios. Usaremos neste capítulo o termo autismo como um denominador comum, considerando que os programas de atendimento individualizados, a serem estabelecidos, fundamentam-se nas mesmas bases teóricas e práticas. O tratamento de portadores de autismo “é uma tarefa de vida”. Deve ser multifacetado, abrangente, intensivo e sistêmico (Windholz, 1995). Não é apenas o portador de TID que precisa ser tratado, mas, desde que faz parte de um sistema social, em que todos os participantes são igualmente atingidos, PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 41 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo também pais, familiares, necessitam de atendimento, apoio, orientação e ensino. Avanços muito significativos no tratamento dos portadores de TID devem-se à contribuição da análise do comportamento aplicada, que, com milhares de pesquisas e planos de intervenção bem sucedidos, realizados nos últimos 40 anos, tem comprovado cientificamente a eficácia de suas propostas (Green, 1996). Neste capítulo apresentaremos inicialmente um histórico do estudo comportamental de crianças com autismo, descreveremos o que se entende por terapia comportamental e suas origens, analisaremos papéis específicos do analista de comportamento e finalmente discutiremos a terapia comportamental, nas suas várias fases e características. HISTÓRICO DO ESTUDO DE CRIANÇAS COM AUTISMO Para estudar crianças normais e com problemas sob o ponto de vista comportamental, Bijou (1958) levou seu laboratório sobre rodas aos diversos ambientes em que estas se encontravam – escolas maternais, clínicas de atendimento infantil, tornando se um dos precursores da aplicação da análise comportamental ao tratamento de problemas de desenvolvimento. As primeiras pesquisas comportamentais, visando compreender a criança com autismo, hoje consideradas clássicas, foram as de Ferster (1961) e Ferster e DeMyer (1961, 1962), feitas em laboratório. A contribuição principal de Ferster foi a de demonstrar explícita e concretamente a aplicabilidade dos princípios de aprendizagem ao estudo de crianças com distúrbios de desenvolvimento e que, através de arranjos cuidadosos de certas conseqüências ambientais, o comportamento destas crianças pode ser alterado, aumentando-se seus repertórios comportamentais e diminuindo os comportamentos disruptivos. Com base nos conhecimentos obtidos no laboratório, vários pesquisadores começaram a estender suas pesquisas ao ambiente natural em que as crianças viviam: a suas casas, clínicas, hospitais, instituições; escolas PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 42 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo maternais, pré-primárias e primárias; escolas especiais e residências terapêuticas. Estes estudos visaram a instalação ou modificação de comportamentos sociais, verbais, de autocuidados, acadêmicos e a substituição de comportamentos problema, como hetero e autoagressão, birras e estereotipias, de crianças diagnosticadas como autistas, esquizofrênicas e/ou com retardo mental. Seguiu-se uma época frutífera de estudos de crianças com autismo. As pesquisas publicadas desde os anos 60, assim como os programas de intervenção relatados, descrevem uma tecnologia valiosa e eficaz, aplicando os princípios da teoria de aprendizagem tanto a comportamentos simples, como também a outros mais complexos e clinicamente significativos. Assim, podem-se considerar estas pesquisas, ao mesmo tempo, como estudos de demonstração, em que os controles experimentais rigorosos aplicados visaram confirmar o efeito dos princípios aplicados sobre os comportamentos estudados. A metodologia das pesquisas de análise comportamental tem usado o sujeito como seu próprio controle, em contraposição à metodologia que compara grupos experimentais e grupos controle. Vários delineamentos experimentais (como linha de base múltipla e suas variações, reversão), bem como medidas repetidas, observações diretas e registros minuciosos destas para a análise posterior dos dados, são usados para confirmar que a manipulação das variáveis dependentes foi responsável pelas modificações resultantes. À medida que a terapia comportamental evoluiu, e com base já em um conjunto de princípios e procedimentos comprovados, gradativamente os planos de intervenção tornaram-se mais abrangentes e inclusivos. Programas curriculares foram desenvolvidos e aperfeiçoados em muitos locais, todos eles envolvendo tanto atividades em escolas ou instituições, como trabalho com os familiares. Isto porque a manutenção e generalização de PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 43 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo habilidades adquiridas para o ambiente em que a criança vive é o objetivo último das intervenções. Diferentes procedimentos, visando ajudar pais, irmãos e outros familiares de crianças com autismo a melhor interagirem foram descritos em manuais. O aumento de comportamento social e de comunicação com colegastem sido objeto de muitos estudos, incluindo a colaboração de crianças normais para estimular crianças autistas a iniciar comunicação com outros. Ensinar crianças a brincar de modo apropriado sem supervisão, através de tratamento de auto manejo também foi estudado. Foram ensinadas aptidões acadêmicas, através do uso de procedimentos de equivalência de estímulos. O ensino de habilidades de comunicação tem merecido atenção especial, com o uso de estratégias diversas, estimulando se tanto comportamento verbal oral como modos alternativos de aumentar a comunicação, seja através de linguagem de sinais, uso de símbolos, objetos, fotografias. Outras pesquisas procuraram comparar ensino individual com ensino em pequenos grupos. (Windholz, 1995). Todos estes estudos, simultaneamente com a instalação, manutenção e generalização de comportamentos funcionais, preocuparam-se com a redução ou eliminação de comportamentos que interferem com novas aprendizagens, como birras, estereotipias, comportamentos hetero agressivos e auto lesivos. Como o resultado do uso destes procedimentos foi inconstante, surgiu uma nova metodologia, hoje amplamente utilizada, a da análise funcional. Descobriu-se que a mesma forma de comportamento (por exemplo, bater-se) podia ter funções diferentes. As funções mais importantes que foram identificadas são: obtenção de atenção, retirada ou esquiva de consequências consideradas aversivas pelo indivíduo, obtenção de estimulação sensorial e obtenção de privilégios (Meyer, 1988, 1995). CARACTERIZAÇÃO DA TERAPIA COMPORTAMENTAL A terapia comportamental tem suas raízes em estudos de aprendizagem, baseados nos princípios da análise experimental do comportamento, propostos por Skinnner (1938, 1953, 1957, 1974), que denomina sua forma de pensar behaviorismo radical. Estes princípios se PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 44 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo originaram a partir de pesquisas de laboratório e analisam as relações entre as ações do organismo e seu meio ambiente, destacando o papel crítico de condições antecedentes e consequentes ao comportamento para que haja aprendizagem. Comportamento, unidade básica de estudo da psicologia, conforme esta abordagem é a ação de um organismo em interação com seu ambiente. Não existe comportamento desvinculado do ambiente, assim como não existe ambiente a não ser em relação às ações do organismo. Consideram-se comportamentos aqueles publicamente observáveis, bem como os encobertos, os que ocorrem dentro do organismo, como os sentimentos e outros estados subjetivos. Também estes precisam ser analisados a fim de se explicar sua ocorrência. Em outras palavras, os sentimentos e outros estados subjetivos são considerados como comportamentos e não como causas dos comportamentos observáveis. A noção de ambiente inclui o ambiente interno com seus estímulos orgânicos (no qual a genética também tem sua contribuição) e o externo. No decorrer da vida do indivíduo o ambiente modela, cria um repertório comportamental e o mantém. O ambiente ainda estabelece as ocasiões nas quais o comportamento ocorre, já que este não ocorre no vácuo. A terapia comportamental utiliza os princípios básicos do comportamento produzidos pelos trabalhos experimentais para o entendimento do comportamento das pessoas, tanto a nível diagnóstico, como a nível terapêutico. Reforçamento, esquemas, extinção, punição, controle de estímulos, generalização, equivalência de estímulos, controle por contingências, controle por regras verbais, são alguns dos conceitos da abordagem comportamental. Entender os princípios que estão atuando fornece a estrutura necessária para se desenvolver as práticas terapêuticas e o entendimento do porquê certa prática usada pelo terapeuta funcionou ou não (Windholz e Meyer, 1994). A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA COMPORTAMENTAL PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 45 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo As origens experimentais da terapia comportamental trouxeram algumas vantagens importantes ao clínico: ele foi treinado na observação de comportamentos verbais e não verbais, seja na casa, na escola e/ou no próprio consultório, o que é fonte de dados relevantes. Ele direciona a pesquisa das variáveis determinantes no ambiente, na história de vida e no organismo; não para o inquérito no nível mental, no nível dos eventos subjetivos ou de construtos hipotéticos. Ele estuda o papel que o ambiente desempenha ambiente este onde é possível interferir; ele tem maiores possibilidades de verificar as hipóteses levantadas. Outra habilidade advinda dos estudos de laboratório é o entendimento do que é observado como um processo, um processo comportamental, com contínuas interações e portanto sujeito a mudanças. Aliado aos conhecimentos acima, teóricos e práticos, o terapeuta comportamental adquiriu um repertório que faz parte da atuação de todo o terapeuta: analisar-se como pessoa numa relação com outra, num processo terapêutico; ter claro seus valores e implicações éticas de toda e qualquer tomada de decisão. Em termos de filosofia de ação, a ênfase quanto às decisões do tratamento está principalmente voltada a critérios funcionais e sociais. Questiona-se constantemente: quais as condições que mais contribuirão para que o indivíduo a ser tratado possa melhor desenvolver-se, adquirir a maior autonomia possível e interagir de maneira eficaz na sociedade em que está inserido. Esta postura obriga o profissional a levar em consideração todos os aspectos da vida de seu cliente e de sua família na sua análise da problemática apresentada. Obriga-o também a uma avaliação constante de sua própria atuação clínica, já que está sempre verificando o quanto os objetivos estão sendo atingidos. O terapeuta, na sua atuação, pode optar por duas formas diferentes, frequentemente usadas em conjunto ou em diferentes fases do tratamento. A PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 46 Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo primeira forma é a atuação direta com a criança, a segunda é a atuação através de mediadores: pais, professores, outros terapeutas. No caso da criança com autismo, a orientação e mesmo o treino de pais, familiares e pessoas do seu ambiente deve fazer parte da programação, o que requer supervisão terapêutica. As assim chamadas “horas mortas”, em que não há atividades e treinos específicos previstos, também podem e devem ser aproveitadas. O TRATAMENTO COMPORTAMENTAL Ser terapeuta comportamental envolve vários papéis: o de analista; das relações funcionais entre as ações de cada pessoa e seu ambiente, externo, interno, social, físico; das tarefas a serem desenvolvidas por seus pupilos, dos passos em que devem ser divididas para se obter um resultado eficaz. Ao mesmo tempo, o terapeuta atua como educador, uma vez que para ele o tratamento envolve um procedimento abrangente e estruturado de ensino- aprendizagem ou reaprendizagem. Inclui também o papel de pesquisador, quando realiza manipulações experimentais, para verificar as hipóteses levantadas. Para permitir a tomada de decisões e a implementação de um programa de tratamento, distinguimos quatro fases (Windholz, 1995), cujo conjunto constitui a terapia comportamental: 1. A avaliação comportamental 2. A seleção de metas e objetivos 3. A elaboração de programas de tratamento 4. A intervenção propriamente dita. AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL Para embasar sua atuação e as opções a tomar, o analista do comportamento inicia fazendo uma avaliação comportamental. Esta deve levar em contas variáveis biológicas, socioculturais, diferenças individuais, estágio PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 47
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