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Curso Educação Especial

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PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL: HISTÓRIA, FUNDAMENTOS, 
TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E O 
AUTISMO. 
CARGA HORÁRIA: 300 Horas 
 
 
 
 
 
 
 
Preparação e Elaboração: Equipe Técnica Especializa do PROED 
 
Brasília, Distrito Federal. 
CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL-
PROED 
EDUCAÇÃO CONTINUADA DE 
APERFEIÇOAMENTO E QUALIFICAÇÃO. 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL-PROED 
EDUCAÇÃO CONTINUADA E DE 
APERFEIÇOAMENTO E QUALIFICAÇÃO. 
 
 
INFORMAÇÕES DO CURSO 
Curso: EDUCAÇÃO ESPECIAL: HISTÓRIA FUNDAMENTOS, 
TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E O 
AUTISMO. 
Quantitativo de capítulos: VI 
Carga Horária: 300 horas 
TUTORIA DO PROED 
Para novas ideias, apresentar sugestões esclarecimentos diversos ou 
tirar duvidas, o cursista do PROED poderá entrar em contato com à tutoria do 
Proed, pelos seguintes meios: 
Telefones: (61) 30453502 / 9524-8754 / 9250-6294 
E-mail: tutoria@PROEDdf.com.br 
Pessoalmente em nossa escola: QNM-04-CONJUNTO-O-LOTE-38-LOJA-O1-PROED Ceilândia –
DF CEP: 72210-040 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGREGAR CONHECIMENTO E QUALIFICAR-SE É O MELHOR CAMINHO PARA O SUCESSO 
www.PROEDdf.com.br 
E-mail: tutoria@PROEDdf.com.br 
E-mail: secretaria@PROEDdf.com.br 
E-mail: matriculas@PROEDdf.com.br 
 
mailto:tutoria@ceneddf.com.br
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
SUMÁRIO 
O SUCESSO DA ESCOLA PODE ESTAR EM IDENTIFICAR AS DIFICULDADES DE 
APRENDIZAGEM 
Dados do curso 
Tutorial PROED 
Sumário 
Objetivo do curso 
Introdução 
 CAPITULO I 
Educação inclusiva: um direito de todos 08 
Declaração de salamanca 13 
Fundamentos teóricos e historia da educação especial 15 
Os rumos da educação especial no Brasil frente ao paradigma da educação inclusiva 19 
Incluir não é inserir, mas interagir e contribuir 29 
 CAPITULO II 
Transtornos invasivos do desenvolvimento 35 
A terapia comportamental com transtornos invasivos do desenvolvimento 40 
A sexualidade do portador de transtornos invasivos do desenvolvimento 55 
A escola para os portadores de transtornos invasivos do desenvolvimento 69 
 CAPITULO III 
Conhecer o histórico do autismo 75 
O que é autismo 77 
Características de crianças com autismo 84 
Educação de crianças autistas 88 
 CAPITULO IV 
Estimulação precoce em bebês e crianças 96 
A educação precoce como forma de potencializar o celebro da criança 103 
Quando estimular o bebê? 110 
A estimulação precoce e o autismo 112 
 
 
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CAPITULO V 
Síndrome de Asperger 117 
Síndrome de rett 130 
Tratamento dos portadores do espectro autismo 133 
O método TEACCH 136 
 
CAPITULO VI 
Autismo: intervenções psiceducacionais 139 
A família e sua participação na aprendizagem do aluno 142 
Formação e capacitação profissional: a importância da qualificação profissional docente 
o professor especializado 146 
Adaptação curricular: conceito, níveis de adaptação curricular 150 
 Educação inclusiva: conceito, integração x inclusão: a escola inclusiva 153 
Referencias Bibliográficas 156 
Gabarito dos exercícios da apostila 161 
Cópia do contrato 167 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
OBJETIVO DO CURSO 
Seja bem vindo ao curso: 
 Iniciaremos o nosso curso falando sobre EDUCAÇÃO ESPECIAL: HISTÓRIA, 
FUNDAMENTOS, TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E O 
AUTISMO, pretenderam leva-lo a: 
• Analisar conhecimentos que possam fundamentar os profissionais na 
reorientação das suas práticas de Atendimento a Inclusão 
• Enfatizar a importância da teoria e prática dentro do Atendimento a 
Inclusão. 
• Conhecer aprendizagem participativa e colaboração necessária para que 
possam ocorrer mudanças no Atendimento a Inclusão. 
• Propiciar o entendimento do que venha ser Educação Inclusiva. 
• Valorizar e adaptar-se às atualizações devido às mudanças dentro do 
ambiente escolar para Educação Inclusiva. 
• Propor a formação de Aperfeiçoamento de profissionais para Educação 
Inclusiva: direito à diversidade. 
• Reconhecer a importância no Atendimento da Inclusão Educacional. 
• Apresentar orientações e estratégias para a educação de crianças com 
necessidades educacionais especiais e implementar o paradigma da inclusão 
dessas. 
• Possibilita ao profissional rever suas práticas à luz dos novos 
referenciais pedagógicos da inclusão. 
• Refletir sobre Educação Inclusiva e seus direitos. 
• Conhecer e analisar a Declaração de Salamanca. 
• Compreende os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e como 
ajudar. 
• Desenvolver as Características, Estimulação precoce e as Síndromes. 
• Compreende e promover Tratamento dos Portadores destas Síndromes. 
• Reconhecer os métodos usados dentro da Educação Inclusiva. 
• Identificar a Formação e capacitação profissional: a importância da 
qualificação profissional do docente; o professor especializado. 
• Trabalhar a Adaptação curricular: conceito; níveis de adaptação 
curricular. 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
INTRODUÇÃO 
O Ministério da Educação desenvolve a política de educação inclusiva que 
pressupõe a Transformação do Ensino Regular e da Educação Especial e, nesta 
perspectiva, são implementadas diretrizes. E ações que reorganizam os serviços 
de Atendimento Educacional Especializado oferecidoaos alunos com deficiência 
visando à complementação da sua formação e não mais a substituição do ensino 
regular. Com este objetivo o Proer. 
Promove o curso de Aperfeiçoamento de profissionais para Educação 
Inclusiva: direito à diversidade. 
Possibilita ao profissional rever suas práticas à luz dos novos referenciais 
pedagógicos da inclusão. 
O curso desenvolvido na modalidade à distância e presencial com ênfase 
nas áreas da deficiência auditiva, está estruturado para: 
- trazer o contexto escolar dos profissionais para o foco da discussão dos novos 
referenciais para a inclusão dos alunos; 
- introduzir conhecimentos que possam fundamentar os profissionais na 
reorientação das suas práticas de Atendimento a Inclusão; 
- desenvolver aprendizagem participativa e colaboração necessária para que 
possam ocorrer mudanças no Atendimento a Inclusão. 
Nesse sentido, o curso oferece fundamentos básicos para os profissionais 
do Atendimento Educacional para Deficiência Auditiva; 
Este livro tem por finalidade apresentar orientações e estratégias para a 
educação de crianças com necessidades educacionais especiais e implementar o 
paradigma da inclusão dessas . Diversas razões justificam a implementação de tais 
orientações e estratégias: o movimento mundial em prol do paradigma da inclusão 
educacional originado na Conferência Mundial de Educação Para Todos (Jomtien na 
Tailândia,1990) e posteriormente, a Declaração de Salamanca (1994), compromisso 
também assumido pelo Ministério da Educação do Brasil. A partir desses 
pronunciamentos, tornou-se um compromisso universal, a implantação de políticas 
de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular 
de ensino. 
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O Brasil já tem avançado neste sentido, pois a Constituição Federal no art. 
208, III, define atendimento especializado preferencialmente na rede regular de 
ensino e, posteriormente, previsto pela Lei 9.394/96 Leis de Diretrizes e Bases de 
Educação Nacional. Esta Lei determina que no período de três anos a contar de sua 
sanção, todas as creches passem para a administração educacional, implicando sua 
transformação para instituições de educação. Isto faz das creches e pré-escolas a 
primeira etapa da educação básica com a missão de estabelecer os fundamentos 
sobre os quais se assentam os níveis seguintes de escolarização. 
 A política de descentralização consolida esse avanço, considerando a 
educação do nascimento aos seis anos, como parte integrante da educação básica 
nos municípios e no Distrito Federal, destacadas a inclusão da creche como 
instituição educacional e a caracterização de sua atividade como ação 
eminentemente pedagógica. 
Os textos apresentam subsídios em consonância com o movimento de 
educação para todos: Garantir o acesso e a permanência, com êxito, das crianças 
com necessidades educacionais especiais da rede regular de ensino. 
A implementação de tais subsídios envolve ampla reflexão discussão e ações 
conjuntas e efetivas que dimensionarão a prática pedagógica em institucionais 
específicas. Essas políticas configuram uma filosofia de ação conjunta entre 
educação geral e especial, constituindo-se de valiosas iniciativas nas suas vertentes 
humanas e sociais na área da educação, estendendo-se ao lar e à comunidade. É 
importante analisar a abrangência destas orientações à população beneficiada cujo 
número é altamente significativo em nosso país. 
 
 
 
 
 
 
 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DIREITO DE TODOS 
A educação é um direito de todos e dever do Estado, assim define a 
Constituição Federal no seu artigo 205. A constituição diz ainda, que o ensino será 
ministrado com base no princípio de igualdade de condições para o acesso e 
permanência na escola, entre outros. 
 Contudo, para algumas crianças e adolescentes, especialmente aquelas que 
possuem algum tipo de deficiência, este direito ainda está longe de ser plenamente 
realizado. No campo jurídico, uma das maiores preocupações é a aplicação eficaz 
do princípio da igualdade para se alcançar a justiça. Essa não é uma tarefa simples, 
pois o grande dilema é saber em qual hipótese “tratar igualmente o igual e 
desigualmente o desigual”, fórmula proposta ainda na Antiguidade, por Aristóteles 
(1992). 
A utilização da fórmula aristotélica, pura e simplesmente, já demonstrou que, 
em certos casos, pode até configurar uma conduta discriminatória. Esta fórmula, em 
razão de sua sabedoria, jamais foi alterada, mas vem sendo constantemente 
aprimorada. A doutrina e jurisprudência existentes oferecem como solução o 
imperativo de tratamento igual para todos, admitindo-se os tratamentos 
diferenciados apenas como exceção e desde que eles tenham um fundamento 
razoável para sua adoção. 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
Mas, infelizmente, mesmo com esses aprimoramentos, a história da 
humanidade é prova inequívoca de que eles não foram suficientes, pois as situações 
de exclusão de direitos ainda são muito graves. 
Não é difícil encontrarmos situações de exclusão que contam com a 
aprovação de profissionais do Direito, mesmo após valerem-se dos critérios 
apontados pela doutrina para a aplicação do princípio da igualdade, que se baseiam 
fundamentalmente, como mencionamos, na análise da razoabilidade ou não de 
determinado tratamento diferenciado. Como exemplos podem citar decisões judiciais 
e administrativas, que sequer são levadas ao crivo do Judiciário, no sentido de que 
pessoas cegas não podem fazer parte das carreiras da magistratura. 
Acredita-se que um dos motivos pelos quais essa e outras exclusões de 
direitos ocorrem é o de que há uma grande margem na análise das razões para a 
diferenciação. Isso faz com que muitas pessoas, principalmente as pertencentes às 
chamadas minorias, tenham seus direitos negados, até em situações que muitos 
consideram plausíveis, mas que as deixam sem acesso a direitos e garantias 
fundamentais, como vida, educação, trabalho e lazer. 
Este texto foi baseado na cartilha O acesso de alunos com deficiência às 
escolas e classes comuns da rede regular, publicada pelo Ministério Público. 
Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, Brasília, 2004. Pessoa humana (art. 
1ª, inc. II e III), e como um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de 
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade deficiência e quaisquer 
outras formas de discriminação (art. 3ª, inc. IV). Garante ainda, expressamente, o 
direito à igualdade (art. 5ª) e trata, nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS 
à educação. 
 Esse direito deve visar o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205). Neste 
cenário, mesmo havendo a constante garantia nas Constituições em geral em 
relação à igualdade, como é o caso do Brasil, passou a surgir convenções e tratados 
internacionais reafirmando o direito de todos os seres humanos à igualdade e dando 
especial ênfase à proibição de discriminação. 
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Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a “igualdade de 
condições de acesso e permanência na escola” (art. 206, inc. I), acrescentando 
que o “dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de 
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, 
segundo a capacidade de cada um” (art. 208, V). 
Portanto, aConstituição garante a todos o direito à educação e ao acesso 
à escola. Toda escola, assim reconhecida pelos órgãos oficiais como tal, deve 
atender aos princípios constitucionais. 
Se tais estabelecimentos não forem separados por grupos de pessoas, nos 
termos da Convenção relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino 
(1960), citada na pág.14. 
É desse direito que as pessoas com deficiência também são titulares. É 
certo que além desses objetivos, requisitos e garantias para a educação, nossa 
Constituição garante, agora apenas para as pessoas com deficiência, o 
Atendimento Educacional Especializado. 
Trata-se, pois, de tratamento diferenciado, que tem sede constitucional, 
mas que não exclui as pessoas com deficiência dos demais princípios e garantias 
relativos à educação acima citados. Ao contrário, é ali previsto como acréscimo e 
não como alternativa. Portanto, o Atendimento Educacional Especializado será 
válido apenas e tão-somente se levar à concretização do direito à educação. 
As escolas tradicionais alegam um antigo despreparo para receber alunos 
com deficiência visual, auditiva, mental e até física, mas nada ou muito pouco faz 
no sentido de virem a se preparar. Há também uma constante alegação de que 
essa inclusão escolar é muito boa, mas não pode servir para o aluno que tenha 
deficiências muito graves. Ora, alunos em tais condições estão à procura de 
tratamentos relacionados à área da saúde e são em número bastante reduzido. 
As crianças que vêm sendo recusadas constantemente nas escolas são 
crianças cegas, surdas, com limitações intelectuais e/ou físicas, mas não 
associadas a doenças. São, apenas, crianças com deficiência. O fato é que a 
presença desses alunos em salas de aula comuns pode até ser novidade, mas é 
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um direito e, no tocante ao Ensino Fundamental, também um dever do Estado e 
de seus responsáveis. 
Os alunos com deficiência têm limitações físicas, sensoriais ou intelectuais 
significativas por definição e, muitas vezes, para poderem se relacionar com o 
ambiente necessitam de instrumentos e apoios que os demais alunos não 
necessitam. 
A escola deveria acolher essas diferentes maneiras de aprender e delas 
tirar proveito, ao invés de excluir aqueles que fogem às expectativas comuns. 
Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o 
direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza. 
A bandeira da inclusão ainda não é suficientemente compreendida, 
principalmente quando se trata do espaço escolar. As crianças com algum tipo de 
deficiência devem ou não ter acesso às classes regulares juntamente com outras 
crianças 
Contrariamente a ficção, a realidade mostra que as leis que garantem a 
inclusão já existem a tempo suficiente para que as escolas tenham capacitado 
professores e adaptado a estrutura física e a proposta pedagógica. Portanto, não 
aceitar alunos com deficiência é crime. A legislação brasileira garante 
indistintamente a todos o direito à escola, em qualquer nível de ensino, e prevê, 
além disso, o atendimento especializado a crianças com necessidades 
educacionais especiais. 
Esse atendimento deve ser oferecido preferencialmente no ensino regular e 
tem o nome de Educação Especial. A denominação é confundida com 
escolarização especial. Esta ocorre quando a criança frequenta apenas classe ou 
escola que recebe só quem tem deficiência e lá aprende os conteúdos escolares. 
Isso é ilegal. 
Ela deve ser matriculada em escola comum, convivendo com quem não 
tem deficiência e, caso seja necessário, tem o direito de ser atendida no contra 
turno em uma dessas classes ou instituições, cujo papel é buscar recursos, 
terapias e materiais para ajudar o estudante a ir bem à escola comum. 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
Uma escola de todos - O pouco preparo dos professores para atender 
crianças com deficiência ou o pouco apoio dado a esses profissionais fazem com 
que, em alguns casos, o direito de estudar seja exercido pela metade: muitos 
ainda acham que a escola, para quem tem deficiência, é espaço só para 
recreação. A pedagogia e os avanços científicos mostram que cada deficiência 
requer estratégias e materiais específicos e diversificados. 
Mas o que se espera de uma escola inclusiva? Espera-se, antes de 
qualquer coisa, que ela reconheça os direitos de seus educando e respeite a 
diversidade. Este tipo de escola não se resume mais a lápis, caneta, caderno, giz, 
lousa e professor. Nela, cada criança recebe aquilo de que precisa para surdos, 
língua de sinais; para os que não se mexem tecnologias de educação alternativa; 
para quem demora a aprender, jogos coloridos e muita repetição, para os cegos, 
braile, etc. 
Porém, é preciso reconhecer que cada um aprende de uma forma e num 
ritmo próprio. Respeitar a diversidade significa dar oportunidades para todos 
aprenderem os mesmos conteúdos, fazendo as adaptações necessárias (o que 
não significa dar atividades mais fáceis a quem tem deficiência). 
Além do mais, é preciso esclarecer que o principal documento sobre os 
princípios da Educação Inclusiva, a Declaração de Salamanca, de 1994 – 
estabelece que a escola inclusiva é aquela que contempla muitas outras 
necessidades educacionais especiais: crianças que têm dificuldades temporárias 
ou permanentes, que repetem de ano, sofrem exploração sexual, violação física 
ou emocional, são obrigadas a trabalhar, moram na rua ou longe da escola, vivem 
em extrema condição de pobreza, são desnutridas, vítimas de guerras ou conflitos 
armados, têm altas habilidades (superdotadas) e as que, por qualquer motivo, 
estão fora da escola (em atendimento hospitalar, por exemplo). 
Sem esquecer-se daquelas que, mesmo na escola, são excluídas por cor, 
religião, peso, altura, aparência, modo de falar, vestir ou pensar. Tudo isso 
colabora para que o estudante tenha cerceado o direito de aprender e crescer. 
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DECLARAÇÃO DE SALAMANCA 
Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, 
em Salamanca, na Espanha, em 1994, com o objetivo de fornecer diretrizes 
básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de 
acordo com o movimento de inclusão social. 
A Declaração de Salamanca é considerada um dos principais documentos 
mundiais que visam à inclusão social, ao lado da Convenção de Direitos da 
Criança (1988) e da Declaração sobre Educação para Todos de 1990. Ela é o 
resultado de uma tendência mundial que consolidou a educação inclusiva, e cuja 
origem tem sido atribuída aos movimentos de direitos humanos. 
A Declaração de Salamanca é também considerada inovadora porque, 
conforme diz seu próprio texto, ela “... proporcionou uma oportunidade única de 
colocação da educação especial dentro da estrutura de ‘educação para todos’ 
firmada em 1990 (...) promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a 
discussão da prática de garantia da inclusão das crianças com necessidades 
educacionais especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito 
numa sociedade de aprendizagem”. 
A Declaração de Salamanca ampliou o conceito de necessidades 
educacionais especiais, incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo 
se beneficiar com a escola, seja por que motivo for. Assim, a ideia de 
"necessidades educacionais especiais" passou a incluir, além das crianças 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
portadoras de deficiências,aquelas que estejam experimentando dificuldades 
temporárias ou permanentes na escola: 
 As que estejam repetindo continuamente os anos escolares; 
 As que sejam forçadas a trabalhar; 
 As que vivem nas ruas, as que moram distantes de quaisquer escolas; 
 As que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam 
desnutridas; 
 As que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados; 
 As que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as 
que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja. Uma das 
implicações educacionais orientadas a partir da Declaração de Salamanca refere-
se à inclusão na educação. 
Segundo o documento, “o princípio fundamental da escola inclusiva é o de 
que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de 
quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter”. 
As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas 
necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes 
de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de 
currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, usam 
de recursos e parceiras com a comunidade (...). Dentro das escolas inclusivas, as 
crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer 
apoio extra que possam precisar, para que se lhes assegure uma educação 
efetiva (“...)”. 
O texto, que não tem efeito de lei, dizem que também devem receber 
atendimento especializado crianças excluídas da escola por motivos como 
trabalho infantil e abuso sexual. As que têm deficiências graves devem ser 
atendidas no mesmo ambiente de ensino que todas as demais. 
 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
 
FUNDAMENTAÇÂO TEÒRICA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
A Educação Especial é conceituada como processo de desenvolvimento 
global das potencialidades é uma modalidade de ensino destinada às pessoas 
portadoras de deficiência, condutas típicas ou de altas habilidades, abrangendo 
os diferentes níveis e graus do sistema de ensino considerados pela 
Constituição Brasileira parte inseparável do direito à educação. Fundamenta-se 
em referenciais teóricos e práticos, compatíveis com as necessidades do seu 
alunado. 
O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até 
os graus superiores de ensino, e sua tarefa prioritária é ampliar os níveis de 
competências técnicas, eliminando o preconceito que atinge o seu alunado. 
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 
1994b), "são considerados alunos portadores de necessidades educativas 
especiais àqueles que, por apresentarem necessidades próprias e diferentes 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
dos demais alunos, requerem recursos pedagógicos e metodológicos 
educacionais especiais." 
A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de 
todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma 
reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de 
modo que estas respondam à diversidade de alunos. 
É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e 
suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal 
e a inserção social de todos. 
A Educação Inclusiva atenta à diversidade inerente à espécie humana 
busca perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos os 
sujeitos-alunos, em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, 
de forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. 
Prática pedagógica coletiva, multifacetada, dinâmica e flexível requer 
mudanças significativas na estrutura e no funcionamento das escolas, na 
formação humana dos professores e nas relações família-escola. 
Com força transformadora, a educação inclusiva aponta para uma 
sociedade inclusiva. O ensino inclusivo não deve ser confundido com educação 
especial, a qual se apresenta numa grande variedade de formas incluindo 
escolas especiais, unidades pequenas e a integração das crianças com apoio 
especializado. 
O ensino especial é desde sua origem um sistema separado de 
educação das crianças com deficiência, fora do ensino regular, baseado na 
crença de que as necessidades das crianças com deficiência não podem ser 
supridas nas escolas regulares. Existe ensino especial em todo o mundo sejam 
em escolas de frequência diária, internatos ou pequenas unidades ligadas à 
escola de ensino regular. 
De acordo com o Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e 
do Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento 
(International Disabilityand Development Consortium- IDDC) sobre a educação 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
inclusiva, realizado em março de1998em Agro, na Índia, um sistema 
educacional só pode ser considerado inclusivo quando abrange a definição 
ampla deste conceito, nos seguintes termos: 
Reconhece que todas as crianças podem aprender; 
Reconhece e respeita diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia, língua, 
deficiência/inabilidade, classe social, estado de saúde (Hemofilia, Hidrocefalia 
ou qualquer outra condição); 
Permite que as estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendam 
as necessidades de todas as crianças; 
 Faz parte de uma estratégia mais abrangente de promover uma 
sociedade inclusiva; É um processo dinâmico que está em evolução constante; 
Não deve ser restrito ou limitado por salas de aula numerosas nem por 
falta de recursos materiais. Estas perspectivas históricas levam em conta a 
evolução do pensamento acerca das necessidades educativas especiais ao 
longo dos últimos cinquenta anos, no entanto, elas não se desenvolvem 
simultaneamente em todos os países, e consequentemente retrata uma visão 
histórica global que não corresponde ao mesmo estágio evolutivo de cada 
sociedade. 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
Salas de Recursos Multifuncionais 
É um espaço organizado preferencialmente em escolas comuns das 
redes de ensino. Pode atender às escolas próximas. 
 
 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
 
OS RUMOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL FRENTE AO PARADIGMA 
DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA; 
A educação especial no Brasil diante da mudança de paradigma 
Paradoxalmente ao crescente movimento mundial pela inclusão, em 1994 o 
Brasil publica o documento Política Nacional de Educação Especial, alicerçado 
no paradigma integracionista, fundamentado no princípio da normalização, com 
foco no modelo clínico de deficiência, atribuindo às características físicas, 
intelectuais ou sensoriais dos alunos um caráter incapacitante que se constitui 
em impedimento para sua inclusão educacional e social. 
 Esse documento define como modalidades de atendimento em 
educação especial no Brasil: as escolas e classes especiais; o atendimento 
domiciliar, em classe hospitalar e em sala de recursos; o ensino itinerante, as 
oficinas pedagógicas e a estimulação essencial; e as classes comuns. 
Mantendo a estrutura paralela e substitutiva da educação especial, o acesso 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
dos alunos com deficiência ao ensino regular é condicionado, conforme 
expressa o conceito que orienta quanto à matrícula em classe comum: 
Ambiente dito regular deensino/aprendizagem, no qual também, são 
matriculados, em processo de integração instrucional, os portadores de 
necessidades especiais que possuem condições de acompanhar e desenvolver 
as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que 
os alunos ditos normais (BRASIL, 1994, p.19). 
Ao invés de promover a mudança de concepção favorecendo os 
avanços no processo de inclusão escolar, essa política demonstra fragilidade 
perante os desafios inerentes à construção do novo paradigma educacional. Ao 
conservar o modelo de organização e classificação dos alunos, estabelece-se o 
antagonismo entre o discurso inovador de inclusão e o conservadorismo das 
ações que não atingem a escola comum no sentido da sua ressignificação e 
mantém a escola especial como espaço de acolhimento daqueles alunos 
considerados incapacitados para alcançar os objetivos educacionais 
estabelecidos. 
Sem medidas e investimento na construção e avanço do processo de 
inclusão escolar, surge o discurso de resistência à inclusão, com ênfase na 
falta de condições pedagógicas e de infra-estrutura da escola. Esse 
posicionamento não se traduz em práticas transformadoras capazes de propor 
alternativa e estratégias de formação e implantação de recursos nas escolas 
que respondam afirmativamente às demandas dos sistemas de ensino, 
resultando na continuidade das práticas tradicionais que justificam a 
segregação em razão da deficiência. 
Neste período, as diretrizes educacionais brasileiras respaldam o caráter 
substitutivo da educação especial, embora expressem a necessidade de 
atendimento às especificidades apresentadas pelo aluno na escola comum. Ao 
mesmo tempo em que orientam a matrícula dos alunos público alvo da 
educação especial nas escolas comuns da rede regular de ensino, mantém a 
possibilidade do atendimento educacional especializado substitutivo à 
escolarização. 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
21 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 
9394,1996) quanto a Resolução 02 do Conselho Nacional de Educação e da 
Câmara de Educação Básica (CNE/CEB, 2001) denotam ambiguidade quanto 
à organização da Educação Especial e da escola comum no contexto inclusivo. 
Ao mesmo tempo em que orientam a matrícula dos alunos público alvo da 
educação especial nas escolas comuns da rede regular de ensino, mantém a 
possibilidade do atendimento educacional especializado substitutivo à 
escolarização. 
No inicio do século XXI, esta realidade suscita mobilização mais ampla 
em torno do questionamento à estrutura segregativa reproduzida nos sistemas 
de ensino, que mantém um alto índice de pessoas com deficiência em idade 
escolar fora da escola e a matrícula de alunos público alvo da educação 
especial, majoritariamente, em escolas e classes especiais. 
 A proposta de um sistema educacional inclusivo passa, então, a ser 
percebida na sua dimensão histórica, enquanto processo de reflexão e prática, 
que possibilita efetivar mudanças conceituais, político e pedagógicas, 
coerentes com o propósito de tornar efetivo o direito de todos à educação, 
preconizado pela Constituição Federal de 1988. 
 
 
 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
22 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
A CONSTRUÇÃO DA NOVA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL 
A Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência outorgada 
pela ONU em 2006 foi ratificada pelo Brasil como emenda constitucional, por 
meio do Decreto Legislativo nº 186/08 e pelo Decreto Executivo nº 6949/2009, 
sistematiza estudos e debates mundiais realizados ao longo da última década 
do séc. XX e nos primeiros anos deste século, criando uma conjuntura 
favorável à definição de políticas públicas fundamentadas no paradigma da 
inclusão social. 
 Este tratado internacional altera o conceito de deficiência que, até 
então, representava o paradigma integracionista, calcado no modelo clínico de 
deficiência, em que a condição física, sensorial ou intelectual da pessoa se 
caracterizava no obstáculo a sua integração social, cabendo a estas se 
adaptarem às condições existentes na sociedade. De acordo com a Convenção 
dos Direitos da Pessoa com Deficiência. 
 Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo 
prazo de natureza física, mental intelectual ou sensorial, os quais, em interação 
com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na 
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (ONU Art. 1). 
 Assim, neste novo paradigma, à sociedade caberá promover as 
condições de acessibilidade necessárias a fim de possibilitar às pessoas com 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
23 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os 
aspectos da vida. 
Neste contexto, a educação inclusiva torna-se um direito inquestionável 
e incondicional. O artigo 24 versa sobre o direito da pessoa com deficiência à 
educação ao afirmar que: [...] para efetivar esse direito sem discriminação e 
com base na igualdade de oportunidades, os estados partes assegurarão 
sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao 
longo de toda a vida (ONU, 2006). 
 Este princípio fundamenta a construção de novo marco legal, políticos e 
pedagógicos da educação especial impulsionando os processos de elaboração 
e desenvolvimento de propostas pedagógicas que visam a assegurar as 
condições de acesso e participação de todos os alunos no ensino regular. 
Com objetivo de apoiar a transformação dos sistemas educacionais em 
sistemas educacionais inclusivos, a partir de 2003, são implementadas 
estratégias para a disseminação dos referenciais da educação inclusiva no 
país. Para alcançar este propósito, é instituído o Programa Educação Inclusiva: 
direito à diversidade, que desenvolve um amplo processo de formação de 
gestores e de educadores, envolvendo a parceria entre o Ministério da 
Educação, os estados, os municípios e o Distrito Federal. 
 A partir desta ação, tem início a construção de uma nova política de 
educação especial que enfrenta o desafio de se constituir, de fato, como uma 
modalidade transversal desde a educação infantil à educação superior. Neste 
processo são repensadas as práticas educacionais concebidas a partir de um 
padrão de aluno, de professor, de currículo e de gestão, redefinindo a 
compreensão acerca das condições de infraestrutura escolar e dos recursos 
pedagógicos a partir da concepção de desenho universal. 
 A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva, publicada pelo MEC em 2008, instaura um novo marco teórico e 
organizacional na educação brasileira, definindo a educação especial como 
modalidade não substitutiva à escolarização; o conceito de atendimento 
educacional especializado complementar ou suplementar à formação dos 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
24 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
alunos; e o público alvo da educação especial constituído pelos alunos com 
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação. De acordo com as diretrizes da nova política: 
 A educação especial é definida como uma modalidade de ensino que 
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, que disponibiliza recursos e 
serviços, realiza o atendimento educacional especializado e orienta quanto a 
sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do 
ensino regular (MEC/SEESP, 2008, p 15). 
Os princípios definidos na atual política são ratificados pela Conferência 
Nacional da Educação Básica/2008 queem seu documento final salienta: 
 Na perspectiva da educação inclusiva, cabe destacar que a educação 
especial tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com 
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação nas turmas comuns do ensino regular, orientando os 
sistemas de ensino para garantir o acesso ao ensino comum, a participação, 
aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados de ensino; a 
transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a 
educação superior; a oferta do atendimento educacional especializado; a 
formação de professores para o atendimento educacional especializado e aos 
demais profissionais da educação, para a inclusão; a participação da família e 
da comunidade; a acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos 
mobiliários, nas comunicações e informações; e a articulação Inter setorial na 
implementação das políticas públicas (MEC/SEESP, 2008). 
 Neste cenário, a educação inclusiva torna-se pautas constantes nos 
debates educacionais brasileiros, impulsionado novas formulações que 
reorientam o apoio técnico e financeiro, no sentido de prover as condições para 
a inclusão escolar dos alunos pública alvo da educação especial nas redes 
públicas de ensino. Assim, o conceito de acessibilidade é incorporado como 
forma de promoção da igualdade de condições entre os alunos. Para tanto, 
destacam-se as ações que permitem a organização do atendimento 
educacional especializado em escolas comuns: 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
25 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 A implantação das salas de recursos multifuncionais, constituídas por 
equipamentos, mobiliários, materiais didáticos e pedagógicos e de recursos de 
tecnologia assistiva, destinados à realização das atividades do atendimento 
educacional especializado; 
 A promoção da acessibilidade arquitetônica, por meio do programa de 
adequação de prédios escolares, instituída no âmbito do Plano de 
Desenvolvimento da Educação - PDE Escola Acessível; 
 A constituição da rede de formação continuada de professores em 
educação especial, na modalidade a distância, em parceria com as instituições 
públicas de educação superior, para a oferta de cursos voltados ao 
atendimento educacional especializado e às práticas educacionais inclusivas; 
 A ação interministerial desenvolvida pelos Ministérios da Educação, da 
Saúde e do Desenvolvimento Social e da Secretaria Especial dos Direitos 
Humanos, para o monitoramento do acesso e permanência na escola das 
pessoas com deficiência que recebem o Benefício da Prestação Continuada - 
BPC, na faixa etária de 0 a 18 anos; 
 A implantação dos núcleos de acessibilidades no contexto do Programa 
Incluir, para a promoção da acessibilidade na educação superior; 
 A realização do PROLIBRAS, em parceria com o INEP, para a 
certificação de profissionais para o ensino e para a tradução e interpretação da 
Língua Brasileira de Sinais - Libras; 
 A organização de núcleos para as altas habilidades/superdotação e de 
centros de apoio pedagógico aos alunos com surdez, em todos os estados, 
visando ao atendimento às necessidades educacionais específicas destes 
alunos, no contexto da escola comum; 
 A promoção de acessibilidade aos programas de distribuição de livros 
didáticos e paradidáticos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação 
- FNDE, em formatos acessíveis Braille, Libras, além de dicionários trilingüe 
Português/Inglês/Libras para alunos com surdez e de laptops para alunos 
cegos. 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
26 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 O impacto deste conjunto de ações no âmbito da educação especial na 
perspectiva inclusiva se reflete no declínio progressivo das matrículas dos 
alunos público alvo da educação especial em escolas e classes especiais e a 
ascensão das matrículas destes em classes comuns do ensino regular, 
conforme demonstram os dados do Censo Escolar/MEC/INEP, de 2009. 
 
 
 
A OPERACIONALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL 
ARTICULADA À EDUCAÇÃO COMUM 
 O paradigma da educação inclusiva é consolidado nos documentos 
legais, como o Decreto nº. 6.571/2008 que institui a política de financiamento 
para o atendimento educacional especializado - AEE, e a Resolução CNE/CEB 
nº 4/2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento 
Educacional Especializado na Educação Básica. 
Conforme o Decreto nº 6.571/2008: 
O atendimento educacional especializado - AEE é o conjunto de 
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados 
institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à 
formação dos alunos no ensino regular (MEC/SEESP, 2008). 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
27 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 No seu artigo 3º, é definido o apoio técnico e financeiro a ser prestado pelo 
Ministério da Educação, com a finalidade de promover o atendimento 
educacional especializado tanto na educação básica quanto na superior por 
meio das seguintes ações: 
 1 - implantação de sala de recursos multifuncionais; 
 2 - formação continuada de professores para o atendimento educacional 
especializado; 
 3 - formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para 
educação inclusiva; 
 4 - Adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade; 
 5 - elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para 
acessibilidade; e 
6 - estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de 
educação superior (MEC/SEESP, 2008). 
O financiamento da dupla matrícula dos alunos público alvo da educação 
especial na educação básica é instituído, no âmbito do FUNDEB, de modo a 
fomentar a organização e oferta do Atendimento Educacional Especializado na 
Perspectiva da Educação Inclusiva conforme disposto no artigo 6º:Admitir-se-á, 
a partir de 1º de janeiro de 2010, para efeito da distribuição de recursos do 
FUNDEB, o cômputo das matrículas dos alunos da educação regular da rede 
pública que recebem atendimento educacional especializado, sem prejuízo do 
cômputo dessas matrículas na educação básica regular (MEC/SEESP, 2008). 
Com o objetivo de orientar a implementação do Decreto n° 6571, são 
instituídas as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional 
Especializado na Educação Básica, por meio da Resolução Nº. 4 CNE/CEB. 
Este documento define, no artigo 1º, que cabe:[...] aos sistemas de ensino 
matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no 
Atendimento Educacional Especializado - AEE [...] (MEC/SEESP, 2009). 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
28 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 Conforme estas Diretrizes, o AEE deve integrar o projeto político 
pedagógico - PPP da escola, envolver a participação da família e ser realizado 
em articulação com as demais políticas públicas. A oferta deste atendimento 
deve ser institucionalizada, prevendo na sua organização a implantação da 
sala de recursos multifuncionais, a elaboração do plano de AEE, professores 
para o exercício da docência no AEE, demais profissionais como tradutor e 
intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e aqueles que atuam 
em atividades de apoio. 
 
 
De acordo com o artigo 5º desta resolução: 
O Atendimento Educacional Especializado é realizado, prioritariamente, 
na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de 
ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às 
classes comuns, podendo ser realizado, também, em Centro de AtendimentoEducacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, 
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a 
Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal e 
Municípios (MEC/SEESP, 2009). 
 Desta forma, o desenvolvimento inclusivo das escolas é compreendido como 
uma perspectiva ampla de reestruturação da educação, que pressupõe a 
articulação entre a educação especial e o ensino comum, sendo esta a função 
primordial do AEE, considerando a elaboração, a disponibilização e a avaliação 
de estratégias pedagógicas, de serviços e recursos de acessibilidade para a 
promoção efetiva do direito de todos à educação. 
 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
29 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
 
INCLUIR NÃO É INSERIR, MAS INTERAGIR E CONTRIBUIR; 
Incluir é Interagir e Contribuir, Não apenas Inserir Carmen P. CimiDevania da Silva Genésio 
ZambenedettiPábolaDalpraiNaides. A. Zambenedetti Solange Zarth Resumo. 
Sugestões, propostas e reflexões são condições necessárias a Educação Inclusiva. 
Neste sentido, entre outros, a participação da comunidade educativa, o apoio curricular e 
institucional, a liderança compartilhada e as políticas educacionais são peças 
fundamentais para esta educação. 
A Inclusão se traduz pela capacidade da escola em dar respostas eficazes à 
diferença de aprendizagem dos alunos. Ela demanda que a escola se transforme em 
espaço de trocas o qual favoreça o ato de ensinar e de aprender. Transformar a escola 
significa criar as condições para que todos participem do processo de construção do 
conhecimento independente de suas características particulares. A Inclusão também 
requer mudanças significativas na gestão da escola, tornando-a mais democrática e 
participativa, compreendendo o espaço da escola como um verdadeiro campo de ações 
pedagógicas e sociais, no qual as pessoas compartilham projetos comuns. 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
30 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
Caracteriza-se por seu caráter colaborativo, desenvolvendo valores e organizando 
o espaço da escola de modo que todos se sintam dele integrantes. Palavra chave: 
Inclusão escolar, prática pedagógica, direito igual. Introdução Nos últimos anos o Brasil 
avançou na elaboração e na implementação, de ações Inter setoriais, baseada na 
concepção de que a inclusão social das pessoas com deficiências se dá na medida em 
que as políticas de educação, saúde, assistência social, transporte dentre outras, 
articulam-se para atenderem efetivamente as especificidades desse público. A Educação 
Inclusiva vem se tornando uma realidade cada dia mais desafiadora para os sistemas de 
ensino brasileiro, pois o direito a educação não se configura apenas pelo acesso, 
materializado na matricula do aluno Juno ao estabelecimento escolar, mas também pela 
sua participação e aprendizagem ao longo da vida. 
A formação dos atores sociais envolvidos no processo educacional passa por 
transformações profundas, necessária para a construção da escola como espaço de 
valorização de diferentes saberes, tema tratado como pressuposto para o 
desenvolvimento inclusivo da escola. Para contribuir na promoção da Inclusão Social das 
pessoas com deficiência é destacada a recente política pública na área da reabilitação 
visual. A acessibilidade na escola é concebida como uma premissa para o pleno acesso 
dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades 
(superdotação), compreendendo desde a acessibilidade na comunicação, passando pela 
produção de Materiais didáticos acessíveis e o uso de recursos de tecnologia assistida 
na escola; A fim de garantir os processos educacionais. Uma educação de qualidade, a 
partir dessa concepção, parte do pressuposto de que as oportunidades de aprendizagem 
devem ser proporcionadas a todos os alunos, considerando as especificidades de cada 
um nos processos de construção do conhecimento. 
A concretização da política de inclusão se expressa pela criação de salas de 
recursos multifuncionais nas escolas públicas brasileiras, por uma política de formação de 
professores em Atendimento Educacional Especializado, voltados para o atendimento das 
crianças nessas escolas; bem como pela transformação das práticas pedagógicas e da 
gestão escolar. De acordo com essa política, esse atendimento assegura que os alunos 
aprendam o que é diferente do currículo do ensino comum e que é necessário para que 
possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência. 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
31 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
O Atendimento Educacional Especializado foi regulamentado pelo Decreto nº 
657/2008, ele reestrutura a educação especial, consolida diretrizes e ações já existentes, 
voltadas a Educação Inclusiva e destina recursos do Fundo de Educação Básica 
(FUNDEB) ao atendimento de necessidades específicas do segmento. O atendimento 
educacional por si só não garante a aprendizagem dos alunos, ou seja, mudanças 
substanciais no interior da escola e nos sistemas de ensino se fazem necessários para 
garantir a aprendizagem de todos os alunos. 
 A colaboração entre os diversos agentes da escola tais como os gestores e a 
equipe técnica, os professores da sala comum e os professores do AEE são 
imprescindíveis para o desenvolvimento de uma prática sintonizada com as necessidades 
dos alunos. Esses profissionais devem aprender a trabalhar juntos e medir seus esforços 
em favor do desenvolvimento de uma educação de qualidade. Faz-se necessário às redes 
de ensino conceber um modelo de formação e acompanhamento que permita a cada um 
desses grupos desenvolverem um saber e fazer que valorize a participação de cada um 
como membro que contribui para as ações daquela comunidade. Esse mesmo preceito 
deve ser observado no interior da sala de aula, espaço pedagógico em que cada aluno se 
constitui como sujeito de aprendizagem, que contribui efetivamente para elaboração de 
um saber, o qual só terá sentido quando compartilhado por todos os membros da classe. 
Desse modo o desafio de escolarizar todas as crianças no ensino comum não é 
tarefa da educação especial, mas das redes públicas de ensino. Educação um Direito de 
Todos Nos últimos anos como resultados da luta das próprias pessoas com deficiência e 
de seus familiares, vem ganhando espaço na sociedade a proposta de romper com os 
tradicionais paradigmas segregativos e a consequente adoção de procedimentos que 
possam contribuir e garantir a essas pessoas condições necessárias a sua participação 
como sujeitos especiais. 
 Esse processo ganhou mais força com a Declaração de Salamanca (1994), que 
propôs paradigma de Inclusão Social, afirmando a necessidade de todos se 
comprometerem com a eliminação das barreiras que vem excluindo uma parcela 
considerável da população mundial, das pessoas com deficiência física, sensorial e 
mental. “Mais recentemente, este movimento ganha força ainda maior, com novos 
documentos nacionais e internacionais, como: a” “Convenção Interamericana para a 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
32 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de 
Deficiência”; fruto de evento promovido pela OEA - Organização dos Estados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
33 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
VAMOS PRATICAR? 
Tente responder sem consultar as respostas que estão no fim da apostila. 
Exercícios: 
1-Explique o que define a Constituiçãosobre o artigo 205? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
 
2- De acordo com o texto você sabe por que os direitos ainda não são para 
todos? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
 
3- De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994b) 
quem são considerados portadores de necessidades especiais? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
 
4- O texto fala sobre educação inclusiva: explique com suas palavras? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
34 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
 
5- Explique de acordo com o texto como é definida a educação especial? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
6- O atendimento educacional especializado - AEE é o conjunto de atividades, 
recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, 
prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no 
ensino regular (MEC/SEESP, 2008). No seu artigo 3º, é definido o apoio 
técnico e financeiro a ser prestado pelo Ministério da Educação, com a 
finalidade de promover o atendimento educacional especializado tanto na 
educação básica quanto na superior por meio das seguintes ações? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
35 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
CAPÍTULO II 
 
TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO 
 
São cinco os transtornos caracterizados por atraso simultâneo no 
desenvolvimento de funções básicas, incluindo socialização e comunicação: 
1 - O autismo: é uma desordem global do desenvolvimento. É uma alteração 
que afeta a capacidade da pessoa comunicar, estabelecer relacionamentos e 
responder apropriadamente ao ambiente - segundo as normas que regulam 
estas respostas. 
Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala 
intactas, outras apresentam importantes retardos no desenvolvimento da 
linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a 
comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos 
modos de manifestação do autismo também são designados de Espectro 
Autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo. 
Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem 
em seu "mundo próprio" interagindo com o ambiente que criam; isto não é 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
36 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
verdade. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto 
observando as outras crianças brincarem, não é porque ela está 
desinteressada nessas brincadeiras ou porque vive em seu mundo, é porque 
simplesmente ela tem dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente 
uma conversa. 
Outro mito comum é de que quando se fala em uma pessoa autista 
geralmente se pensa em uma pessoa retardada que sabe poucas palavras (ou 
até mesmo que não sabe nenhuma). A dificuldade de comunicação, em alguns 
casos, está realmente presente, mas como dito acima nem todos são assim: é 
difícil definir se uma pessoa tem retardo mental se nunca teve oportunidades 
de interagir com outras pessoas ou com o ambiente. 
2 - Síndrome de Rett é uma anomalia genética, no gene mecp2 que causa 
desordens de ordem neurológica, acometendo quase que exclusivamente 
crianças do sexo feminino. 
Compromete progressivamente as funções motoras, intelectual assim 
como os distúrbios de comportamento e dependência. 
No caso típico, a menina desenvolve de forma aparentemente normal 
entre 8 a 18 meses de idade, depois começa a mudar o padrão de seu 
desenvolvimento. 
Ocorre uma regressão dos ganhos psicomotores, a criança torna-se 
isolada e deixa de responder e brincar. 
O crescimento craniano, até então normal, demonstra clara tendência 
para o desenvolvimento mais lento, ocorrendo uma microcefalia adquirida. 
Aos poucos deixa de manipular objetos, surgem movimentos 
estereotipados das mãos (contorções, aperto, bater de palmas, levar as mãos à 
boca, lavar as mãos e esfregá-las) surgindo após, a perda das habilidades 
manuais. 
3 - Transtorno Desintegrativo da Infância é um tipo de; 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
37 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
Transtorno invasivo do desenvolvimento (PDD, na sigla em inglês) 
geralmente diagnosticado pela primeira vez na infância ou adolescência. 
 
Critérios de diagnósticos: 
A. Desenvolvimento aparentemente normal durante pelo menos os 2 primeiros 
anos de vida, manifestado pela presença de comunicação verbal e não-verbal, 
relacionamentos sociais, jogos e comportamento adaptativos próprio da idade. 
B. Perda clinicamente importante de habilidades já adquiridas (antes dos 10 
anos) em pelo menos duas das seguintes áreas: 
- linguagem expressiva ou receptiva 
- habilidades sociais ou comportamento adaptativo 
- controle esfincteriano 
- jogos 
- habilidades motoras 
C. Funcionamento anormal em pelo menos duas das seguintes áreas: 
Comprometimento qualitativo da interação social (p. ex., 
comprometimento de comportamentos não-verbais, fracasso em desenvolver 
relacionamentos com seus pares, falta de reciprocidade social ou emocional). 
Comprometimento qualitativo da comunicação (p. ex., atraso ou 
ausência de linguagem falada, fracassa em iniciar ou manter uma conversa, 
uso estereotipado e repetitivo da linguagem, ausência de jogos variados de faz-
de-conta). 
Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, 
interesses e atividades, incluindo estereotipias motoras e maneirismos 
D. A perturbação não é melhor explicada por outro Transtorno global do 
desenvolvimento específico ou por Esquizofrenia. 
PROED-PREPARAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
38 
Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
4 - síndrome de Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger 
(código CIE-9-MC: 299.8), é uma síndrome do espectro autista, diferenciando-
se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no 
desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. A validade do 
diagnóstico de SA continua incerta, estando atualmente em discussão a sua 
manutenção ou retirada do "Diagnostic and Statistical Manual of Mental 
Disorders" 
A SA é mais comum no sexo masculino. Quando adultos, muitos podem 
viver de forma comum, como qualquer outra pessoa que não possui a 
síndrome. Há indivíduos com Asperger que se tornaram professores 
universitários (como Vernon Smith, "Prémio Nobel" da Economia de 2002). No 
entanto, no Reino Unido estima-se que apenas 12% terá emprego a tempo 
inteiro. 
O termo "síndrome de Asperger" foi utilizado pela primeira vez por Lorna 
Wing em 1981 num jornal médico, que pretendia desta forma homenagear 
Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi 
reconhecido internacionalmente até a década de 1990. A síndrome foi 
reconhecida pela primeira vez no Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Desordens Mentais, na sua quarta edição, em 1994 (DSM-IV). 
Alguns sintomas desta síndrome são: dificuldade de interação social,falta de empatia, interpretação muito literal da linguagem, dificuldade com 
mudanças, perseveração em comportamentos estereotipados. No entanto, isso 
pode ser conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou alto. 
Alguns estudiosos afirmam que grandes personalidades da História 
possuíam fortes traços da síndrome de Asperger, como os físicos Isaac 
Newton e Albert Einstein, o compositor Mozart, os filósofos Sócrates e 
Wittgenstein, o naturalista Charles Darwin, o pintor renascentista Michelangelo, 
os cineastas Stanley Kubrick e Andy Warhol e o enxadrista Bobby Fischer, 
além de autores de diversas obras literárias, como no caso de Mark Haddon. 
5 -Transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação :O TID-
SOE é uma categoria diagnóstica de exclusão e não possui regras 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
especificadas para sua aplicação. Alguém pode ser classificado como portador 
de TID-SOE se preencher critérios no domínio social e mais um dos dois outros 
domínios (comunicação ou comportamento). Além disso, é possível considerar 
a condição mesmo se a pessoa possuir menos do que seis sintomas no total (o 
mínimo requerido para o diagnóstico do autismo), ou idade de início maior do 
que 36 meses. 
Se o acordo entre os clínicos é alto para os diagnósticos de autismo, o 
mesmo não é verdadeiro no caso do TID-SOE.20 Ainda que os estudos 
epidemiológicos tenham sugerido que o TID-SOE seja duas vezes mais comum 
do que o TA, essa categoria continua a estar subinvestigada. Hoje em dia, 
diferentes categorizações têm sido propostas, algumas baseadas no enfoque 
fenomenológico descritivo, outras baseadas em outras perspectivas teóricas, 
tais como a neuropsicológia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A TERAPIA COMPORTAMENTAL COM PORTADORES DE TID 
TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO. 
Margarida H. Windholz 
Portadores de Transtornos Invasivos de Desenvolvimento - TID, termo 
que inclui o Autismo Infantil, a Síndrome de Rett, a Síndrome de Asperger, e 
outros transtornos invasivos, conforme já exposto em capítulos anteriores, 
caracterizam-se por prejuízos severos no seu desenvolvimento: na qualidade 
de interação social, de comunicação, seja verbal ou não verbal, na presença de 
padrões de comportamento estereotipados e repetitivos, de interesses 
incomuns, ritos e rotinas não-funcionais (DSM-IV, 1994). Estes prejuízos, num 
continuo um, para diferentes pessoas, podem ser mais graves ou mais 
amenos. Vários termos têm sido usados para referir-se a estes distúrbios. 
Usaremos neste capítulo o termo autismo como um denominador 
comum, considerando que os programas de atendimento individualizados, a 
serem estabelecidos, fundamentam-se nas mesmas bases teóricas e práticas. 
O tratamento de portadores de autismo “é uma tarefa de vida”. Deve ser 
multifacetado, abrangente, intensivo e sistêmico (Windholz, 1995). Não é 
apenas o portador de TID que precisa ser tratado, mas, desde que faz parte de 
um sistema social, em que todos os participantes são igualmente atingidos, 
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Educação Especial: História Fundamentos, Transtornos Globais Do desenvolvimento e o Autismo 
também pais, familiares, necessitam de atendimento, apoio, orientação e 
ensino. 
Avanços muito significativos no tratamento dos portadores de TID 
devem-se à contribuição da análise do comportamento aplicada, que, com 
milhares de pesquisas e planos de intervenção bem sucedidos, realizados nos 
últimos 40 anos, tem comprovado cientificamente a eficácia de suas propostas 
(Green, 1996). 
Neste capítulo apresentaremos inicialmente um histórico do estudo 
comportamental de crianças com autismo, descreveremos o que se entende 
por terapia comportamental e suas origens, analisaremos papéis específicos do 
analista de comportamento e finalmente discutiremos a terapia 
comportamental, nas suas várias fases e características. 
HISTÓRICO DO ESTUDO DE CRIANÇAS COM AUTISMO 
Para estudar crianças normais e com problemas sob o ponto de vista 
comportamental, Bijou (1958) levou seu laboratório sobre rodas aos diversos 
ambientes em que estas se encontravam – escolas maternais, clínicas de 
atendimento infantil, tornando se um dos precursores da aplicação da análise 
comportamental ao tratamento de problemas de desenvolvimento. 
As primeiras pesquisas comportamentais, visando compreender a 
criança com autismo, hoje consideradas clássicas, foram as de Ferster (1961) 
e Ferster e DeMyer (1961, 1962), feitas em laboratório. A contribuição principal 
de Ferster foi a de demonstrar explícita e concretamente a aplicabilidade dos 
princípios de aprendizagem ao estudo de crianças com distúrbios de 
desenvolvimento e que, através de arranjos cuidadosos de certas 
conseqüências ambientais, o comportamento destas crianças pode ser 
alterado, aumentando-se seus repertórios comportamentais e diminuindo os 
comportamentos disruptivos. 
Com base nos conhecimentos obtidos no laboratório, vários 
pesquisadores começaram a estender suas pesquisas ao ambiente natural em 
que as crianças viviam: a suas casas, clínicas, hospitais, instituições; escolas 
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maternais, pré-primárias e primárias; escolas especiais e residências 
terapêuticas. 
Estes estudos visaram a instalação ou modificação de comportamentos 
sociais, verbais, de autocuidados, acadêmicos e a substituição de 
comportamentos problema, como hetero e autoagressão, birras e estereotipias, 
de crianças diagnosticadas como autistas, esquizofrênicas e/ou com retardo 
mental. 
Seguiu-se uma época frutífera de estudos de crianças com autismo. As 
pesquisas publicadas desde os anos 60, assim como os programas de 
intervenção relatados, descrevem uma tecnologia valiosa e eficaz, aplicando os 
princípios da teoria de aprendizagem tanto a comportamentos simples, como 
também a outros mais complexos e clinicamente significativos. 
Assim, podem-se considerar estas pesquisas, ao mesmo tempo, como 
estudos de demonstração, em que os controles experimentais rigorosos 
aplicados visaram confirmar o efeito dos princípios aplicados sobre os 
comportamentos estudados. 
A metodologia das pesquisas de análise comportamental tem usado o 
sujeito como seu próprio controle, em contraposição à metodologia que 
compara grupos experimentais e grupos controle. 
Vários delineamentos experimentais (como linha de base múltipla e suas 
variações, reversão), bem como medidas repetidas, observações diretas e 
registros minuciosos destas para a análise posterior dos dados, são usados 
para confirmar que a manipulação das variáveis dependentes foi responsável 
pelas modificações resultantes. 
À medida que a terapia comportamental evoluiu, e com base já em um 
conjunto de princípios e procedimentos comprovados, gradativamente os 
planos de intervenção tornaram-se mais abrangentes e inclusivos. 
Programas curriculares foram desenvolvidos e aperfeiçoados em muitos 
locais, todos eles envolvendo tanto atividades em escolas ou instituições, como 
trabalho com os familiares. Isto porque a manutenção e generalização de 
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habilidades adquiridas para o ambiente em que a criança vive é o objetivo 
último das intervenções. Diferentes procedimentos, visando ajudar pais, irmãos 
e outros familiares de crianças com autismo a melhor interagirem foram 
descritos em manuais. O aumento de comportamento social e de comunicação 
com colegastem sido objeto de muitos estudos, incluindo a colaboração de 
crianças normais para estimular crianças autistas a iniciar comunicação com 
outros. Ensinar crianças a brincar de modo apropriado sem supervisão, através 
de tratamento de auto manejo também foi estudado. Foram ensinadas aptidões 
acadêmicas, através do uso de procedimentos de equivalência de estímulos. O 
ensino de habilidades de comunicação tem merecido atenção especial, com o 
uso de estratégias diversas, estimulando se tanto comportamento verbal oral 
como modos alternativos de aumentar a comunicação, seja através de 
linguagem de sinais, uso de símbolos, objetos, fotografias. Outras pesquisas 
procuraram comparar ensino individual com ensino em pequenos grupos. 
(Windholz, 1995). 
Todos estes estudos, simultaneamente com a instalação, manutenção e 
generalização de comportamentos funcionais, preocuparam-se com a redução 
ou eliminação de comportamentos que interferem com novas aprendizagens, 
como birras, estereotipias, comportamentos hetero agressivos e auto lesivos. 
Como o resultado do uso destes procedimentos foi inconstante, surgiu 
uma nova metodologia, hoje amplamente utilizada, a da análise funcional. 
Descobriu-se que a mesma forma de comportamento (por exemplo, bater-se) 
podia ter funções diferentes. As funções mais importantes que foram 
identificadas são: obtenção de atenção, retirada ou esquiva de consequências 
consideradas aversivas pelo indivíduo, obtenção de estimulação sensorial e 
obtenção de privilégios (Meyer, 1988, 1995). 
CARACTERIZAÇÃO DA TERAPIA COMPORTAMENTAL 
A terapia comportamental tem suas raízes em estudos de 
aprendizagem, baseados nos princípios da análise experimental do 
comportamento, propostos por Skinnner (1938, 1953, 1957, 1974), que 
denomina sua forma de pensar behaviorismo radical. Estes princípios se 
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originaram a partir de pesquisas de laboratório e analisam as relações entre as 
ações do organismo e seu meio ambiente, destacando o papel crítico de 
condições antecedentes e consequentes ao comportamento para que haja 
aprendizagem. 
Comportamento, unidade básica de estudo da psicologia, conforme esta 
abordagem é a ação de um organismo em interação com seu ambiente. Não 
existe comportamento desvinculado do ambiente, assim como não existe 
ambiente a não ser em relação às ações do organismo. Consideram-se 
comportamentos aqueles publicamente observáveis, bem como os encobertos, 
os que ocorrem dentro do organismo, como os sentimentos e outros estados 
subjetivos. Também estes precisam ser analisados a fim de se explicar sua 
ocorrência. Em outras palavras, os sentimentos e outros estados subjetivos são 
considerados como comportamentos e não como causas dos comportamentos 
observáveis. 
A noção de ambiente inclui o ambiente interno com seus estímulos 
orgânicos (no qual a genética também tem sua contribuição) e o externo. No 
decorrer da vida do indivíduo o ambiente modela, cria um repertório 
comportamental e o mantém. O ambiente ainda estabelece as ocasiões nas 
quais o comportamento ocorre, já que este não ocorre no vácuo. 
A terapia comportamental utiliza os princípios básicos do comportamento 
produzidos pelos trabalhos experimentais para o entendimento do 
comportamento das pessoas, tanto a nível diagnóstico, como a nível 
terapêutico. Reforçamento, esquemas, extinção, punição, controle de 
estímulos, generalização, equivalência de estímulos, controle por 
contingências, controle por regras verbais, são alguns dos conceitos da 
abordagem comportamental. 
Entender os princípios que estão atuando fornece a estrutura necessária 
para se desenvolver as práticas terapêuticas e o entendimento do porquê certa 
prática usada pelo terapeuta funcionou ou não (Windholz e Meyer, 1994). 
A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA COMPORTAMENTAL 
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As origens experimentais da terapia comportamental trouxeram algumas 
vantagens importantes ao clínico: ele foi treinado na observação de 
comportamentos verbais e não verbais, seja na casa, na escola e/ou no próprio 
consultório, o que é fonte de dados relevantes. Ele direciona a pesquisa das 
variáveis determinantes no ambiente, na história de vida e no organismo; não 
para o inquérito no nível mental, no nível dos eventos subjetivos ou de 
construtos hipotéticos. Ele estuda o papel que o ambiente desempenha 
ambiente este onde é possível interferir; ele tem maiores possibilidades de 
verificar as hipóteses levantadas. Outra habilidade advinda dos estudos de 
laboratório é o entendimento do que é observado como um processo, um 
processo comportamental, com contínuas interações e portanto sujeito a 
mudanças. 
Aliado aos conhecimentos acima, teóricos e práticos, o terapeuta 
comportamental adquiriu um repertório que faz parte da atuação de todo o 
terapeuta: analisar-se como pessoa numa relação com outra, num processo 
terapêutico; ter claro seus valores e implicações éticas de toda e qualquer 
tomada de decisão. 
Em termos de filosofia de ação, a ênfase quanto às decisões do 
tratamento está principalmente voltada a critérios funcionais e sociais. 
Questiona-se constantemente: quais as condições que mais contribuirão para 
que o indivíduo a ser tratado possa melhor desenvolver-se, adquirir a maior 
autonomia possível e interagir de maneira eficaz na sociedade em que está 
inserido. 
Esta postura obriga o profissional a levar em consideração todos os 
aspectos da vida de seu cliente e de sua família na sua análise da problemática 
apresentada. 
Obriga-o também a uma avaliação constante de sua própria atuação 
clínica, já que está sempre verificando o quanto os objetivos estão sendo 
atingidos. 
O terapeuta, na sua atuação, pode optar por duas formas diferentes, 
frequentemente usadas em conjunto ou em diferentes fases do tratamento. A 
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primeira forma é a atuação direta com a criança, a segunda é a atuação 
através de mediadores: pais, professores, outros terapeutas. No caso da 
criança com autismo, a orientação e mesmo o treino de pais, familiares e 
pessoas do seu ambiente deve fazer parte da programação, o que requer 
supervisão terapêutica. 
As assim chamadas “horas mortas”, em que não há atividades e treinos 
específicos previstos, também podem e devem ser aproveitadas. 
O TRATAMENTO COMPORTAMENTAL 
Ser terapeuta comportamental envolve vários papéis: o de analista; das 
relações funcionais entre as ações de cada pessoa e seu ambiente, externo, 
interno, social, físico; das tarefas a serem desenvolvidas por seus pupilos, dos 
passos em que devem ser divididas para se obter um resultado eficaz. Ao 
mesmo tempo, o terapeuta atua como educador, uma vez que para ele o 
tratamento envolve um procedimento abrangente e estruturado de ensino-
aprendizagem ou reaprendizagem. Inclui também o papel de pesquisador, 
quando realiza manipulações experimentais, para verificar as hipóteses 
levantadas. 
Para permitir a tomada de decisões e a implementação de um programa 
de tratamento, distinguimos quatro fases (Windholz, 1995), cujo conjunto 
constitui a terapia comportamental: 
1. A avaliação comportamental 
2. A seleção de metas e objetivos 
3. A elaboração de programas de tratamento 
4. A intervenção propriamente dita. 
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL 
Para embasar sua atuação e as opções a tomar, o analista do 
comportamento inicia fazendo uma avaliação comportamental. Esta deve levar 
em contas variáveis biológicas, socioculturais, diferenças individuais, estágio 
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