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Epidemio Eduarda Oliveira TXXIV

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 Conceitos e definições ------------------------------------------------------------------------ 3 
 
- Endemia, epidemia, pandemia, surto ------------------------------------------------------------- 4 
- Caso autóctone e alóctone; caso suspeito, confirmado e descartado 
- Transição epidemiológica ---------------------------------------------------------------------------- 6 
 
 História Natural da doença e Fatores envolvidos ------------------------------------- 8 
 
- Determinantes e condicionantes de saúde ------------------------------------------------------ 9 
- História Natural (período pré-patogênico e patogênico; tríade epidemiológica) ----- 11 
- Prevenções --------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
 
 Processo epidêmico 
 
- Características do ag. etiológico: Infectividade, patogenicidade, virulência, 
Imunogenicidade, variabilidade --------------------------------------------------------------------- 15 
 
- Características do hospedeiro (próprias e variáveis) ----------------------------------------- 16 
- Características do ambiente (físicas, biologias e socioeconômicas) 
 
- Curva epidemiológica (incremento inicial; egressão; progressão; incidência máxima; 
regressão; decréscimo da incidência) -------------------------------------------------------------- 17 
 
- Tipos de fontes de infecção ------------------------------------------------------------------------ 19 
 
 Indicadores de saúde ------------------------------------------------------------------------ 20 
 
- Incidência e prevalência ----------------------------------------------------------------------------- 22 
 
- Indicadores globais (coeficiente de mortalidade geral; índice de Swaroope Uemura ou 
indicador de moralidade proporcional; curvas de mortalidade proporcional) ---------- 25 
 
- Indicadores específicos: 
 
Taxa de mortalidade infantil (neonatal; pós-neonatal) ---------------------------------------- 28 
mortalidade materna ---------------------------------------------------------------------------------- 30 
mortalidade por doenças transmissíveis 
 
 Sistemas de informação -------------------------------------------------------------------- 31 
- SISAB: sistema de informação em saúde para a AB ------------------------------------------ 34 
- SI-PNI: sistema de informações do Programa Nacional e Imunização; e Subsistemas 
do PNI ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 35 
- SISCOLO/SISMAMA: sistema de informação do câncer do colo do útero e Sistema de 
Informação do câncer e mama ---------------------------------------------------------------------- 36 
2 
 
- HIPERDIA; SISPRENATAL ----------------------------------------------------------------------------- 37 
- SIM -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 38 
- Sist. de Inf. sobre Nascidos Vivos (Sinasc) -------------------------------------------------------- 39 
- SINAN ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 40 
 Estudos epidemiológicos ------------------------------------------------------------------- 42 
- Tipos de abordagem (quantitativa e qualitativa) ---------------------------------------------- 43 
- Tipos de estudos 
Observacional: Descritivo (relato de caso; série de caso) e analítico (ecológico, 
transversal, caso-controle, coorte) ----------------------------------------------------------------- 45 
Intervencionais/experimentais (ensaio clínico randomizado, ensaio de campo, ensaio 
comunitário) --------------------------------------------------------------------------------------------- 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
❖ Epidemiologia Conceitos e Definições 
 
- "Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos 
estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses 
estudos no controle dos problemas de saúde" (LAST, 1995) 
 
- Compreensão do processo saúde-doença: fundamenta-se no raciocínio causal, 
preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadas à proteção e 
promoção da saúde da comunidade. Instrumento para o desenvolvimento de políticas 
no setor da saúde (in locus). Inclui não só o número dos eventos, mas também as taxas 
ou riscos de doença nessa população; permite comparações válidas entre diferentes 
populações. O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde 
doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo características: do tempo 
(tendência num período, variação sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, 
distribuição urbano rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.). 
 
• Evolução: 
 
 
 
 
 
• Aplicações: 

- Descrever o aspecto clínico das doenças e sua história natural; 
- Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam 
maior possibilidade de serem atingidos por determinado agravo; 
- Prever tendências; 
- Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e necessidades das 
populações; 
4 
 
- Testar a eficácia e o impacto das estratégias de intervenção, assim como a qualidade, 
acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar, prevenir e tratar os 
agravos na comunidade. 
 
• Objetivos: 
 
 
 
 
❖ Conceitos 
 
- Determinada doença afeta ou pode ou não afetar uma população, caracterizando-se 
como: 
Presente em nível endêmico; 
Presente em nível epidêmico; 
Presente com casos esporádicos; 
Inexistente 
 
✓ Endemia: Ocorrência coletiva de determinada doença, numa população definida 
que, no decorrer de um largo período histórico, acometendo sistematicamente 
grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantém 
a sua incidência constante, permitidas as variações flutuantes de valores, tais 
como as de sazonalidade. 
 
- Definição NEVES: é a prevalência usual de determinada doença com relação a área. 
Normalmente, considera-se como endêmica a doença cuja incidência permanece 
constante por vários anos, dando uma ideia de equilíbrio entre a doença e a população, 
ou seja, e o número esperado de casos de um evento em determinada época. Exemplo: 
no início do inverno espera-se que, de cada 100 habitantes, 25 estejam gripados. 
 
- Fatores relacionados: constante renovação de suscetíveis na comunidade; Exposição 
múltipla e repetida dos suscetíveis a um determinado agente; Isolamento relativo sem 
deslocamento (população fechada) 
 
5 
 
✓ Epidemia: Nem sempre se configurará como um grande número de acometidos, 
mas sim como um excesso de casos, quando comparado à frequência esperada, 
em um determinado espaço geográfico em um período de tempo (MEDRONHO, 
2009) - observar valores de períodos anteriores. Pode variar de acordo com: o 
agente, o tipo, tamanho da população exposta, período e local de ocorrência. 
 
- Definição NEVES: é a ocorrência, numa coletividade ou região, de casos que 
ultrapassam nitidamente a incidência normalmente esperada de uma doença e derivada 
de uma fonte comum de infecção ou propagação. Quando do aparecimento de um único 
caso em área indene de uma doença transmissível (p. ex., esquistossomose em Curitiba), 
podemos considerar como uma epidemia em potencial, da mesma forma que o 
aparecimento de um único caso em que havia muito tempo que determinada doença 
não se registrava (p. ex., varíola, em Belo Horizonte). 
 
✓ Pandemia: Processo epidêmico caracterizado por ampla distribuição espacial 
da doença, atingindo diversas nações ou continentes, onde acomete-se grande 
número de pessoas suscetíveis aliada a condições facilitadoras da propagação de 
um agente infeccioso no ambiente (p.ex. migração) (MEDRONHO, 2009). 
 
✓ Surto: Ocorrência epidêmica onde todos os casos estão relacionados entre si, 
atingindo uma área geográfica pequenae delimitada (p.ex. colégio, quartel, 
bairros, vilas) 
 
- Definição NEVES: O termo “surto” é frequentemente utilizado para se referir a um tipo 
de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem 
delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas etc.). 
 
 
 
➢ Caso autóctone: oriundo do mesmo local onde ocorreu 
 
➢ Caso alóctone: caso importado de uma outra localidade 
6 
 
 
✓ Caso suspeito: A definição de caso suspeito deve incluir os sinais e 
sintomas clínicos sugestivos da doença em questão, de tal forma a 
abranger a maioria dos casos, mas não deve ser excessivamente amplo 
a ponto de incluir muitos casos de outras entidades clínicas. 
 
✓ Caso confirmado: A definição de caso confirmado pode basear-se 
apenas em critérios clínicos como, por exemplo, no tétano, onde o 
aspecto clínico é suficiente para firmar o diagnóstico; em critérios 
laboratoriais, como por exemplo, na febre tifoide; ou ainda, em critérios 
epidemiológicos que reforcem o diagnóstico formulado, fornecendo 
evidências relativas, por exemplo, à exposição ao possível agente 
etiológico. 
 
 
✓ Caso descartado: aquele caso que não atende aos requisitos necessários 
à sua confirmação como uma determinada doença. 
 
 
❖ Indicadores 
 
✓ Incidência: Número de casos novos de determinada doença, local e período. É a 
medida dinâmica, e a ocorrência do primeiro episódio da doença. 
 
- Definição NEVES: é a frequência com que uma doença ou fato ocorre em um período 
de tempo definido e com relação a população (casos novos, apenas). Exemplo: a 
incidência de piolho (Pediculus humanus) no Grupo Escolar X, em Belo Horizonte, no 
mês de dezembro, foi de 10%. (Dos 100 alunos com piolho, 10 adquiriram o parasito no 
mês de dezembro.) 
 
✓ Prevalência: Número total de casos de uma doença, em um determinado local 
e período. 
 
- Definição NEVES: termo geral utilizado para caracterizar o número total de casos de 
uma doença ou qualquer outra ocorrência numa população e tempo definidos (casos 
antigos somados aos casos novos). Exemplo: no Brasil (população definida), a 
prevalência da esquistossomose foi de 8 milhões de pessoas em 1992. 
 
 
➢ Transição epidemiológica 
 
- Entende-se por transição epidemiológica as mudanças ocorridas no tempo nos padrões 
de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica e que, em 
geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e 
econômicas. 
 
7 
 
- O processo engloba três mudanças básicas: 
 
1. Substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas 
externas. 
2. Deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais 
idosos. 
3. Transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual 
a morbidade é dominante. 
 
- A transformação dos perfis epidemiológicos no Brasil apresenta um caráter peculiar 
que não se conforma necessariamente ao modelo de substituição de doenças 
infecciosas e parasitárias por doenças crônico-degenerativas, acidentes e violências. 
 Isso indica que no Brasil não ocorre uma transição epidemiológica propriamente dita, 
mas uma superposição de contextos epidemiológicos apresentados ao longo do tempo. 
 
- O processo de transição epidemiológica no Brasil não se resolve de maneira clara, 
criando uma situação em que a morbimortalidade persiste elevada para ambos os 
padrões, caracterizando uma transição prolongada; as situações epidemiológicas de 
diferentes regiões em um mesmo país tornam-se contrastantes (polarização 
epidemiológica). Além disso, o envelhecimento rápido da população brasileira faz com 
que a sociedade se depare com um tipo de demanda por serviços médicos e sociais, 
outrora restritos aos países industrializados 
 
 
 
- Cenário epidemiológico atual é caracterizado pela tripla carga de doenças na 
população (permanência de doenças agudas, aumento do peso relativo às condições 
crônicas e às causas externas). 
 
- Indicadores que podem ser utilizados para ilustrar o peculiar processo de transição 
epidemiológica no Brasil: 
 
a) Perfil de mortalidade. 
b) Perfil das causas de internação. 
c) Perfil de doenças infecciosas persistentes (incluem-se a malária, a tuberculose, as 
leishmanioses, a esquistossomose, a doença de Chagas, a febre amarela silvestre e as 
hepatites virais, entre outras). 
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d) Perfil de doenças emergentes e reemergentes (Aids, dengue, a cólera pelo vibrio 
cholerae, hantavirose, febre chikungunya, febre pelo zika vírus). 
 
 
 
❖ História Natural da Doença e Fatores relacionados 
 
- Causalidade das doenças: A causa seria um agente eficaz, e desvendá-la garante um 
conhecimento maior a respeito de um fenômeno estudado, na medida em que é 
possível intervir sobre um efeito quando se remonta à sua causa; 
 
• Modelo Biomédico: unicausalidade; cura; medicalização; individual; curativo; 
fragmentado; centrado no médico; fragmentado; especialista; hospitalocêntrico. 
• Período pós-guerra: multicausalidade 
- A etiologia das doenças é decorrente de vários fatores: agentes externos e desequilíbrio 
interno. 
 
 
• Modelo processual - Leavell e Clark, 1976: Os estímulos patológicos do meio ambiente 
desencadeiam uma resposta do corpo, e esta terá como desenlace a cura ou defeito ou 
invalidez ou morte. Reconhece as características sociais ou relacionais do indivíduo 
interferem na chance de adoecer, na forma como ele adoece e na repercussão da 
doença. 
 
• Modelo Ecológico: Saúde como resultado do equilíbrio dinâmico entre o indivíduo (ou 
populações humanas) e o ambiente no qual ele se insere (NADANOVSKY; LUIZ; COSTA, 
2009). O agente e o hospedeiro são dependentes do ambiente que, ao mesmo tempo, 
pode ser modificado pelos dois. Quando ocorre a doença significa uma resposta à 
quebra do equilíbrio do sistema. TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA 
 
• Modelo sistêmico: Baseia-se na suposição de que as causas das doenças estão em 
diferentes sistemas de organização, desde o celular até o social, passando por níveis 
intermediários, como órgãos e os indivíduos. Reconhece que fatores políticos e 
socioeconômicos, culturais, ambientais e agentes patogênicos estão relacionados 
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sinergicamente de forma que, ao ser modificado um dos níveis, os demais também serão 
afetados 
 
 
 
 
➢ Determinantes e condicionantes de saúde 
 
- Planejar e programar o desenvolvimento de ações em saúde pública exige um 
conhecimento detalhado das condições de vida e de trabalho das pessoas que residem 
em determinado território, bem como o entendimento dos fatores determinantes e 
condicionantes do processo saúde-doença e suas implicações. 
 
- Fatores determinantes relacionados ao indivíduo (microdeterminantes) ou 
relacionados às comunidades/populações (macrodeterminantes): 
10 
 
 
- A péssima distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo grau de escolaridade, assim 
como as condições precárias de habitação e ambiente, têm um papel muito importante 
nas condições de vida e saúde. 
 
 
 
 
 
 
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➢ História Natural 
- Conjunto de processos interativos compreendendo “as inter-relações do agente, do 
suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, 
desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou 
qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações 
que levam a um desfecho (defeito, invalidez, recuperação ou morte) ” (Leavell& Clark, 
1976). 
- Divide-se principalmente em 2 grandes períodos: Período pré-patogênico e Período 
patogênico 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
- Está relacionada com as pré-condições que favorecem o aparecimento da doença, etapa 
assintomática e de prevenção primária 
 
 
 
 
 
✓ Período de patogênese 
 
- Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem 
sobre o ser afetado. 
 
• Período de patogênese precoce/incubação: é o período que houve o rompimento do 
equilíbrioda saúde, porém, não existe sinais clínicos de que isto ocorreu. 
• Período de doença precoce discernível: quando foi possível diagnosticar clinicamente 
a doença ou alterações de condição de saúde do indivíduo -horizonte clínico. A partir 
deste momento o período se caracteriza pelos primeiros sintomas. 
• Período da doença avançada: nessa fase a doença já se apresenta em sua forma clínica 
máxima causando alterações marcantes no organismo. 
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• Período de convalescência: neste período ocorre o desfecho da enfermidade, ou seja, 
pode ocorrer a recuperação, invalidez, tendência a cronificar e a morte. 
 
✓ Prevenções (individuais e coletivas) 
 
 Prevenção primária: 
 
1) Promoção da saúde 
 
As medidas adotadas para a promoção da saúde não se dirigem a determinada doença, 
mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar geral. A educação e a motivação 
sanitária são vitalmente importantes. • moradia adequada; escolas; área de lazer; 
alimentação adequada; educação em todos os níveis. 
 
2) Proteção específica 
 
Compreende medidas aplicáveis a uma doença ou grupos de doenças específicas, 
visando interceptar as causas das mesmas antes que atinjam o homem. • imunizações; 
saúde ocupacional; higiene pessoal e do lar; proteção contra acidentes; aconselhamento 
genético; controle de vetores. 
 
Prevenção secundária: 
 
1) Diagnóstico precoce 
 
Tais medidas são preventivas não apenas para o próprio paciente que escapa da 
progressão da doença, mas também para outros, que ficam protegidos contra exposição 
do agente infectante. • inquéritos para descoberta de casos na comunidade; exames 
 
 
periódicos, individuais, para detecção precoce de casos; isolamento para evitar a 
propagação de doenças; tratamento para evitar a progressão da doença. 
 
2) Limitação da incapacidade (previsão) 
 
Este nível implica na prevenção ou no retardamento das consequências de moléstias 
clinicamente avançadas. 
 • É apenas o reconhecimento tardio, devido ao conhecimento incompleto dos 
processos patológicos, que separa este nível de prevenção do anterior. 
• Evitar futuras complicações; evitar sequelas. 
 
Prevenção terciária: Reabilitação (impedir a incapacidade total); fisioterapia; terapia 
ocupacional; emprego para o reabilitado. 
 
1) Reabilitação 
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• É a prevenção da incapacidade total, depois que as alterações anatômicas e fisiológicas 
estão mais ou menos estabilizadas. 
• Tem como principal objetivo o de recolocar o indivíduo afetado em uma posição útil 
na sociedade, com a máxima utilização de sua capacidade restante. 
• O sucesso da reabilitação dependerá da existência e meios adequados nos hospitais, 
na comunidade e na indústria. 
 
 
 
 
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❖ Processo Epidêmico 
 
 
➢ Tríade epidemiológica 
 
- Podem coexistir em determinado ecossistema, sem que ocorra a enfermidade. 
Qualquer desequilíbrio no estado de algum deles pode desencadear uma série de 
eventos que podem resultar em doença. 
 
- A essa sucessão de eventos, necessária para que a enfermidade ocorra, denomina-se 
processo epidêmico, e ao estudo das relações entre o agente etiológico e os demais 
componentes do ecossistema denomina-se história natural da doença. 
 
 
 
 
 
 
➢ Características do agente etiológico 
 
1) Infectividade: É a capacidade que tem o agente etiológico de penetrar e multiplicar -
se em determinado organismo, ou seja, de causar infecção, independentemente da 
ocorrência ou não de agravos à saúde. 
 
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2) Patogenicidade: É a capacidade do agente de produzir lesões específicas no 
organismo do hospedeiro. A patogenicidade é identificada pela frequência da 
manifestação clínica da doença na população 
 
3) Virulência: É o grau de severidade da reação patológica que o agente etiológico 
provoca no hospedeiro. A virulência independe da Infectividade e pode variar tanto de 
um hospedeiro para outro como entre estirpes de um mesmo agente. 
 
4) Imunogenicidade: É a capacidade do agente de induzir uma resposta imune específica 
por parte do hospedeiro. Essa resposta imune resulta na formação de anticorpos 
circulantes, anticorpos locais e imunidade celular. Determinados agentes são capazes 
de induzir no hospedeiro uma resposta imunitária intensa e duradoura, enquanto outros 
determinam uma imunidade de curta duração. 
 
 
5) Variabilidade: É a capacidade que tem o agente etiológico de adaptar-se às condições 
do hospedeiro e do ambiente. A variação antigênica é um exemplo do mecanismo 
seletivo de adaptação do agente a uma situação adversa, alterando suas características 
antigênicas para evitar os mecanismos de defesa do hospedeiro. 
 
➢ Características do hospedeiro 
 
- Próprias: idade, sexo, raça, espécie, suscetibilidade individual 
 
- Variáveis: Estado fisiológico: gestação, lactação, subalimentação, estresse, pode 
modificar a susceptibilidade do hospedeiro ao agente etiológico. 
 
➢ Características do ambiente 
 
- Físicas: clima, hidrografia, topografia, solo 
 
- Biológicas: fauna, flora 
 
- Socioeconômicas: 
 
estrutura de produção: comercialização de animais? 
 
sensibilização da comunidade; vias de comunicação; higiene ambiental; hábitos 
alimentares, crenças religiosas, natureza do trabalho exercido pelas pessoas etc... 
 
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➢ Curva epidemiológica 
 
- É a representação da generalização; 
 
- Aspectos a serem considerados: Incremento inicial; Egressão; Progressão; Incidência 
máxima; Regressão; Decréscimo da Incidência; 
 
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1) Incremento inicial dos casos: 
 
- Eventos que passam de processo endêmico preexistente para uma situação epidêmica; 
 Após uma estabilização mantida, passa a exibir uma tendência irreversível para o 
crescimento; Casos autóctones são importantíssimos; 
 
2) Egressão 
 
- Quando os coeficientes de incidência ultrapassam o limite endêmico estabelecido, 
permanecendo acima deste; 
- Pode ter como marco inicial o surgimento dos primeiros casos e termina quando a 
incidência for nula ou na estabilização do patamar de endemicidade; 
 
3) Progressão 
 
- Descrita através do ramo ascendente da curva epidêmica; termina quando o processo 
atinge seu clímax; 
- Presente em todas as ocorrências epidêmicas; 
 
Características: 
 
- Incidência progressivamente crescente, acima do limiar epidêmico; 
- Sugere a ocorrência de um desequilíbrio acidental, permanente ou continuamente 
crescente; 
- Evento inesperado e fora de controle; 
 
4) Incidência máxima 
 
- É a exaustão da força progressiva e isso se deve a alguns fatores: 
 
Diminuição do número de suscetíveis; 
Diminuição progressiva do número dos que foram expostos a uma ocorrência acidental; 
Ação intencional de vigilância e controle; 
Processos naturais de controle; 
 
5) Regressão 
 
É a última fase na evolução de uma epidemia, pois, o processo de massa tende a: 
 
Retornar aos valores iniciais; 
Estabilizar-se em patamar endêmico, abaixo ou acima do inicial; 
Regredir até incidência nula, incluindo a erradicação; 
 
- Pode ser rápida ou lenta 
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6) Decréscimo da incidência 
 
- Restrito aos processos que foi possível estabelecer o limiar epidêmico com marco 
referencial; 
- Quando há a regressão a nível endêmico e as ações de controle e vigilância continuam, 
a endemicidade pode ser levada a patamares menores que antes da eclosão da 
ocorrência epidêmica 
 
✓ Detecção de epidemias 
 
- Diagrama de controle 
 
- Método gráfico que proporciona a verificação da evolução temporal das doenças; 
- Permite a identificação de epidemias de doenças que apresentam alguma frequência 
que pode atingir parcelas importantes da população e/ou doenças em relação às quais 
não existem medidas rotineiras de controle. 
 
- Incidência X Tempo 
 
 
Obs: tipos de fonte 
 
- Quando se diz sobre fonte de doença, considera-se dois tipos de fontes de infecção: a 
primária e a secundária. 
 
- FONTE DE INFECÇÃO: pessoa, animal, objeto ou substância a partir do qual o agente é 
transmitido para o hospedeiro. 
- FONTE PRIMÁRIADE INFECÇÃO (reservatório): homem ou animal e, raramente, o solo 
ou vegetais, responsável pela sobrevivência de determinada espécie de agente 
etiológico na natureza. No caso dos parasitas heteroxenos, o hospedeiro mais evoluído 
(que geralmente é também o definitivo) é denominado fonte primária de infecção; e o 
 
20 
 
 
hospedeiro menos evoluído (em geral hospedeiro intermediário) é chamado vetor 
biológico 
 
Exemplo: o caso da LV os reservatórios são marsupiais, roedores, preguiça, tamanduá, 
cão, equinos e mulas. 
 
- FONTE SECUNDÁRIA DE INFECÇÃO: ser animado ou inanimado que transporta 
determinado agente etiológico, não sendo o principal responsável pela sobrevivência 
desse como espécie. Esta expressão é substituída, com vantagem, pelo termo “veículo”. 
 
Exemplo: no caso da LV temos um veículo animado (vetor): artrópode que transfere um 
agente infeccioso da fonte de infecção para um hospedeiro susceptível, que são os 
insetos flebotomíneos do gênero Lutzomya 
 
 
 
❖ Indicadores de Saúde 
 
- Os indicadores de saúde são frequências relativas compostas por um numerador e um 
denominador que fornecem informações relevantes sobre determinados atributos e 
dimensões relacionados às condições de vida da população e ao desempenho do 
sistema de saúde. Têm como propósito principal elucidar a situação de saúde de um 
indivíduo ou de uma população. Medidas que buscam sintetizar o efeito de 
determinantes de natureza variada sobre o estado de saúde de uma população 
 
- Medidas: proporções, taxas, razões 
- Determinantes: sociais, econômicos ambientais, biológicos, etc... 
 
- A qualidade dos indicadores de saúde vai depender da sua validade (capacidade de 
medir o que se pretende); confiabilidade (reprodutibilidade), mensurabilidade, 
relevância e custo-efetividade. 
 
- Exemplos de indicadores que se referem diretamente à saúde de indivíduos ou de 
populações (ou à sua falta), as medidas de mortalidade e morbidade, do estado 
nutricional, demográficas, de exposição a fatores de risco e de satisfação com o próprio 
estado de saúde. 
 
- Ainda que existam muitas especificidades, tendo por base os parâmetros sugeridos 
pela OMS, agrupam os indicadores em três categorias (LAURENTI et al., 2005): 
 
1. Indicadores que traduzem diretamente a saúde. 
2. Indicadores que se referem às condições do meio. 
3. Indicadores que medem os recursos materiais e humanos relacionados às atividades 
de saúde. 
 
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➢ São utilizados os seguintes agrupamentos para os indicadores básicos de saúde para o 
Brasil: 
 
1) Indicadores demográficos: medem a distribuição de fatores determinantes da 
situação de saúde relacionados à dinâmica populacional na área geográfica referida. 
 
2) Indicadores socioeconômicos: medem a distribuição dos fatores determinantes da 
situação de saúde relacionados ao perfil econômico e social da população residente na 
área geográfica referida. 
 
3) Indicadores de mortalidade: informam a ocorrência e distribuição das causas de óbito 
no perfil da mortalidade da população residente na área geográfica referida. 
 
4) Indicadores de morbidade: informam a ocorrência e distribuição de doenças e 
agravos à saúde na população residente na área geográfica referida. 
 
- Além desses 4 também existem: Indicadores de fatores de risco/fatores de proteção, 
indicadores de recursos, indicadores de cobertura 
 
✓ Objetivos: 
 
- Avaliar a higidez (estado de saúde) de agregados humanos 
 
- Fornecer subsídios ao planejamento de saúde 
 
✓ Medidas de frequência 
 
- As frequências absolutas são pouco utilizadas em Epidemiologia, pois não permitem 
medir o risco de uma população; 
 
- As frequências relativas são mais utilizadas quando se deseja comparar a ocorrência 
dos problemas de saúde em populações distintas ou na mesma população ao longo do 
tempo. 
- Classificam-se como proporções, taxas ou razões. 
 
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✓ Indicadores: classificação quanto ao objetivo 
 
- Indicadores epidemiológicos: medem a magnitude ou a transcendência do problema 
de saúde pública. Referem-se, portanto, à situação verificada na população, ou no meio 
ambiente, num dado momento, ou num determinado período. 
 
- Indicadores operacionais: medem o trabalho realizado, seja em função da qualidade, 
seja em função da quantidade. Ou seja, compara a resposta da estratégia frente ao 
agravo. 
✓ Indicadores de Saúde 
 
- Proporção: relação, ou quociente, entre duas frequências da mesma unidade 
- Numerador: frequências absolutas de eventos que são subconjuntos do denominador 
- Denominador: número total eventos 
 
 
 
- Coeficiente ou taxa: relação, ou o quociente, entre dois valores numéricos que 
expressa a velocidade ou a intensidade com que um fenômeno varia, por unidade de 
uma segunda variável 
 
- Estimar o risco de uma população suscetível por unidade de tempo 
 
 
 
✓ Medidas de morbidade: usado para designar o conjunto de casos de uma dada 
doença ou a soma de agravos à saúde que atingem um grupo de indivíduos. Para 
fazer essas mensurações, utilizam-se principalmente as medidas de incidência e 
prevalência 
 
✓ Medidas de mortalidade: determinado de forma genérica pelo número de 
óbitos dividido pela população exposta (total da população em questão). 
 
 
• Incidência 
 
- Refere-se à frequência com que surgem novos casos de uma doença num intervalo de 
tempo. É, portanto, uma medida dinâmica. 

23 
 
- Frequência de casos novos de uma doença ou problema de saúde, ao longo de um 
determinado período de tempo; 
 
- Casos incidentes (ou casos novos) = indivíduos não doentes no início do período de 
observação, que no seu decorrer, adoeceram; 
 
- O indivíduo dever ser observado, no mínimo, por duas vezes; 
 
- Relacionada ao tempo 
 
- A constante é uma potência com base 10(100, 1.000, 100.000), pela qual se multiplica 
o resultado para torná-lo mais fácil de interpretar, ou seja, para se ter um número 
inteiro. 
 
- As taxas de incidência tendem a variar conforme o número de episódios da doença 
analisada, o número de pessoas que tiveram um episódio de uma doença, tempo para 
diagnosticá-la e a duração da investigação 
 
 
 
 
 
✓ Medidas de incidência: 
 
Taxa de incidência 
 Incidência acumulada 
 Sobrevida 
 Chance de incidência 
 Medidas de Mortalidade 
 
✓ Tipos de população: 
 
- População fechada: o N diminui ao longo do tempo 
- População aberta: nascimento e migração; morte e emigração; estrutura etária, 
gênero e variáveis associadas ao risco de uma doença 
 
 
• Prevalência 
 
- Refere-se ao número de casos existentes de uma doença em um dado momento 
 
24 
 
- Representa a proporção de indivíduos de uma população que é acometida por uma 
determinada doença ou agravo em um determinado momento, sendo análoga a uma 
fotografia. Ela engloba tanto os casos novos que ocorreram no período quanto os casos 
pré-existentes. É considerada uma medida estática. 
 
- Os casos existentes são daqueles que adoeceram em algum momento do passado, 
somados aos casos novos dos que ainda estão vivos 
 
- Casos existentes ou prevalentes = casos antigos + casos novos que estão vivos no 
momento da observação; 
 
- É determinada pela incidência, duração e movimentos migratórios; 
- Incidência quanto mais elevada e/ou a duração de uma doença, maior tende ser a sua 
prevalência; 
- Elevadas taxas de incidência não necessariamente altas proporções de prevalência. Ex.: 
doenças infecciosas - duração da doença é curta - cura ou óbito; 
 
 
 
OBS: É importante frisar que as taxas de prevalência apresentarão comportamento 
diferente quando estiverem tratando de doenças crônicas. No geral, haverá variação 
nessas taxas, por exemplo, a depender do tempo necessário para o doente se curar, 
devendo haver cautela também na análise das condições sem cura. Além disso, 
influenciam as taxas de prevalência: novos episódios de uma doença, óbitos, mudança 
de localização (doentes que migram e emigram para um determinado local). 
 
✓ Medidas- Pontual ou instantânea: Frequência de casos existentes em um dado instante no 
tempo (ex.: em determinado dia, como primeiro dia ou último dia do ano). 
 
- De período: Frequência de casos existentes em um período de tempo (ex.: durante um 
ano). 
 
- Na vida: Frequência de pessoas que apresentaram pelo menos um episódio da doença 
ao longo da vida. 
 
Obs: Suas medidas são usadas para o planejamento de ações de saúde e administração 
de serviços de saúde 
25 
 
✓ A prevalência e a incidência estão relacionadas: uma vez que a prevalência é 
uma função da incidência mediada pelo tempo de duração da doença. Fatores 
podem influenciar a incidência de uma doença: 
 
 
 
- Fatores que influenciam na prevalência: 
 
 
 
 
 
• Indicadores Globais 
 
1) Coeficiente de mortalidade geral (CGM) 
 
- Refere-se a toda população residente em determinado espaço geográfico, no ano 
considerado 
 
26 
 
✓ Vantagens: capacidade de relacionar o nível de saúde de diferentes áreas no 
tempo 
 
✓ Erros: 
 
- Não inclusão de óbitos no numerador por subregistro 
- Estimativa incorreta do tamanho da população no denominador 
- Sofre influência da composição da população - sexo, idade, outros 
- Populações com faixas etárias diferentes não devem ser comparadas; 
- Geralmente, o coeficiente geral de mortalidade se situa entre 6 e 12 óbitos por 1.000 
habitantes 
 
 
 
2) Índice de Swaroope Uemura ou indicador de moralidade proporcional (RMP) 
 
- Mortalidade com 50 anos ou mais de idade 
- Razão de mortalidade proporcional 
- Proporção de óbitos em indivíduos com 50 anos de idade ou mais em relação ao total 
de óbitos 
- Altos valores = regiões mais desenvolvidas 
 
 
 
3) Curvas de mortalidade proporcional 
 
- Curvas de Nelson de Moraes 
- Distribuição proporcional dos óbitos por grupos etários com relação ao total de óbitos 
para determinada região 
27 
 
- Indicam o nível de saúde da área avaliada 
 
- Grupos etários: 
 
menores de 1 ano 
crianças em idade pré-escolar (1-4 anos) 
crianças e adolescentes (5-19 anos) 
adultos jovens (20-49 anos) 
adultos meia idade e idosos (≥ 50 anos) 
 
 
 
 
 
 
28 
 
• Indicadores específicos 
 
 
➢ Coeficiente / taxa de mortalidade infantil (TMI) 
 
- Refere-se aos óbitos ˂ 1 ano de idade 
 
- Estimativa do risco que as crianças nascidas vivas têm de morrer antes de completar 
um ano de idade. É considerado um indicador sensível das condições de vida e saúde de 
uma comunidade. 
 
- A mortalidade infantil pode ser classificada da seguinte maneira: 
 
ALTA (50 óbitos por mil ou mais nascidos vivos) 
MODERADA (20 a 49 óbitos por mil ou mais nascidos vivos 
BAIXA (menos de 20 óbitos por mil ou mais nascidos vivos). 
 
No Brasil, os óbitos infantis são registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade 
(SIM). 
 
- Taxas elevadas de mortalidade infantil podem refletir condições de baixo 
desenvolvimento socioeconômico, precária infraestrutura ambiental, bem como o 
acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e da 
população infantil. 
 
 
 
✓ limitações: 
 
- Dissociações entre a TMI e o desenvolvimento social e econômico em algumas áreas 
geográficas 
 
- Cálculo prejudicado por subestimação de dados 
 
- Dificuldades em diferenciar “natimorto” e “nascido vivo” 
 
- Nascido vivo = é a extração ou expulsão completa do corpo da mãe, independente da 
duração da gravidez, de um produto da concepção que, depois da separação, respire ou 
apresente qualquer sinal de vida 
 
29 
 
- Nascido morto = é o nascimento de um feto com peso igual ou superior que 500 g e 
que não apresente quaisquer sinais de vida logo após a expulsão ou extração do corpo 
da mãe 
 
 
✓ Componentes TMI: 
 
 
 
• coeficiente de mortalidade neonatal 
 
- (óbitos de 0 a 27 dias inclusive) em relação ao total de nascidos vivos (por 1000); 
 
- Estima o risco de um nascido vivo morrer até os 27 dias de vida. Reflete, de maneira 
geral, as condições socioeconômicas e de saúde da mãe, bem como a inadequada 
assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. 
 
- Atualmente, o principal componente da mortalidade infantil no Brasil é a mortalidade 
neonatal precoce (de 0 a 6 dias), sendo que 25% das mortes ocorrem nas primeiras 24h 
 
- Coeficiente de mortalidade neonatal precoce (0 a 6 dias inclusive); 
- Coeficiente de mortalidade neonatal tardia (7 a 27 dias). 
 
• coeficiente de mortalidade pós-neonatal ou infantil tardia 
 
- (óbitos de 28 dias a 364 dias inclusive) em relação ao total de nascidos vivos (por 1000). 
 
- Estima o risco de um nascido vivo morrer dos 28 aos 364 dias de vida. 
- De maneira geral, denota o desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura 
ambiental, que condicionam a desnutrição infantil e as infecções a ela associadas. 
- O acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materno-infantil 
são também determinantes da mortalidade nesse grupo etário. 
- Quando a taxa de mortalidade infantil é alta, a mortalidade pós-neonatal é, 
frequentemente, o componente mais elevado. 
 
30 
 
➢ Coeficiente de mortalidade materna (TMM) 
 
- Representa o risco de óbitos por causas ligadas à gestação, ao parto ou ao puerpério, 
sendo um indicador da qualidade de assistência à gestação e ao parto numa 
comunidade/região. 
 
- Mortes Maternas = aquelas devidas a complicações da gravidez, do parto e do 
puerpério (até 42 dias após o parto). Não incluem as acidentais. 
 
- O número de nascidos vivos é adotado como uma aproximação do total de mulheres 
grávidas. Esse indicador reflete a qualidade da atenção à saúde da mulher, dessa forma 
taxas elevadas de mortalidade materna estão associadas à insatisfatória prestação de 
serviços de saúde a esse grupo, desde o planejamento familiar e assistência pré-natal, 
até a assistência ao parto e ao puerpério 
 
- Causas obstétricas diretas = próprias ou específicas da gravidez, parto e puerpério 
- Indiretas = não específicas da gravidez, parto ou puerpério, mas agravadas ou 
complicadas nesses períodos (DM) 
 
- TMM elevada predominam causas obstétricas diretas; também indica baixos níveis de 
saúde da população feminina (alerta para qualidade dos serviços prestados à população) 
 
- O número de nascidos vivos é utilizado no denominador da razão de mortalidade 
materna como uma estimativa da população de gestantes, exposta ao risco de morte 
por causas maternas. 
- As mortes maternas são consideradas evitáveis 
 
 
 
Entre mais de 60 mil disfunções maternas em 115 países, as causas de morte materna 
estão distribuídas da seguinte forma: 
 
hemorragia grave (especialmente durante e depois do parto): 27% 
hipertensão na gestação: 14% 
infecções: 11% 
parto obstruído e outras causas diretas: 9% 
complicações de abortos: 8% 
coágulos sanguíneos (embolias): 3% 
 
31 
 
➢ Taxa de mortalidade por doenças transmissíveis 
 
- Mortalidade Proporcional por grupos de causas; 
 
- Distribuição da porcentagem de óbitos por grupos de causas definidas, na população 
residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Sistemas de informação 
 
- Um Sistema de Informação em Saúde (SIS) deve ser organizado enquanto um 
instrumento de apoio à gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Deve produzir 
informações que possibilitem: 
 
32 
 
 
 
- “Informação-decisão-ação” sintetiza a dinâmica das atividades da vigilância 
epidemiológica. 
 
- É fundamental: qualidade, veracidade; retrata a situação de saúde do país 
- Oportunidade, atualidade, disponibilidade e cobertura são características que 
determinam a qualidade da informação. 
 
- Integra as estruturas organizacionais dos sistemas de saúde; é constituído por vários 
subsistemas 
 
- Objetivo: facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde, 
subsidiando o processo de tomada de decisões. 
 
- Planejamento, coordenação e supervisão das atividades relativas à coleta, registro, 
processamento,análise, apresentação e difusão de dados e geração de informações. 
 
- O propósito dos SIS é selecionar dados pertinentes e transformá-los em informações 
para aqueles que planejam, financiam, provêm e avaliam os serviços de saúde. Em 
síntese, devem disponibilizar o suporte necessário para que o planejamento, decisões e 
ações dos gestores, em determinado nível decisório (municipal, estadual e federal), seja 
baseado em evidências. 
 
- A finalidade principal refere-se à disponibilização de informação de qualidade onde e 
quando necessárias 
 
Produção da informação: 
33 
 
 
- Os Sistemas de Informação em Saúde devem produzir indicadores capazes de medir a 
eficiência, eficácia e efetividade: 
 
• Efetividade: obter transformações concretas na situação de saúde, coerentes com os 
objetivos propostos pela gestão; 
 
• Eficácia: por meio das ações produzidas, alcançar os melhores resultados possíveis, 
principalmente em relação à cobertura (número de pessoas atendidas) e à concentração 
(número de ações oferecidas a cada pessoa); 
 
• Eficiência: utilização dos recursos disponíveis da melhor maneira possível, no menor 
tempo possível e com menor custo, evitando “desperdícios”. 
 
- As principais funções dos SIS: 
 
• Analisar a situação atual de saúde; 
• Realizar planejamento com vistas ao estabelecimento de prioridades; 
• Fazer comparações de indicadores, metas e objetivos; 
• Documentar a qualidade da assistência prestada; 
• Avaliar mudanças ao longo do tempo; 
• Subsidiar tomada de decisões; 
• Demonstrar a confiabilidade e transparência dos serviços prestados, frente à 
sociedade; 
34 
 
 
 
 
Informação em saúde: consiste na descrição ou representação limitada de um evento, 
agravo, atributo ou dimensão da situação de saúde-doença-cuidado de indivíduos ou 
população, no tempo e espaço definidos, que foi (foram) tratado(s) e organizado(s) por 
profissionais ou gestores ou instituições, a partir de determinados interesses e objetivos 
(MORAES, 2014, p.44). 
 
➢ SISAB: sistema de informação em saúde para a AB 
 
- O SISAB integra a estratégia do Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) 
denominada e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB). 
 
- Utilizado para coletar e sistematizar dados de produção nas visitas às comunidades, 
realizadas pelos agentes comunitários de saúde e equipe de Saúde da Família. 
 
- Além do SISAB, temos os sistemas e-SUS AB para captar os dados, que é composto por 
dois sistemas de software que instrumentalizam a coleta dos dados que serão inseridos 
no SISAB. São eles: 
 
1) Coleta de Dados Simplificado (CDS); 
2) Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e 
35 
 
3) Aplicativos (App) para dispositivos móveis, atualmente disponível: appAD (Atenção 
Domiciliar). 
 
- Atualmente, os instrumentos de coleta de informações do Sisab são: 
 
• Ficha de atividade coletiva 
• Ficha de procedimentos 
• Ficha de visita domiciliar 
• Ficha de atendimento individual 
• Cadastro domiciliar 
• Cadastro individual 
• Ficha de atendimento odontológico individual 
 
- Nesse sentido, os sistemas e-SUS AB foram desenvolvidos para o cuidado em saúde, 
podendo ser utilizado por profissionais de todas as equipes de AB, pelas equipes dos 
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), do Consultório na Rua (CnR), de Atenção à 
Saúde Prisional e da Atenção Domiciliar (AD), além dos profissionais que realizam ações 
no âmbito de programas como o Saúde na Escola (PSE) e a Academia da Saúde. 
 
- Informações da situação sanitária e de saúde da população do território por meio de 
relatórios de saúde, bem como de relatórios de indicadores de saúde por estado, 
município, região de saúde e equipe. 
 
 
 
➢ SI-PNI: sistema de informações do Programa Nacional e Imunização 
- Fornece dados relativos à cobertura vacinal de rotina e, em campanhas, taxa de 
abandono e controle do envio de boletins de imunização. 

- Esse sistema dispõe de um subsistema de estoque e distribuição de imunobiológicos 
para fins gerenciais. 
 
- O objetivo fundamental do SI-PNI é possibilitar aos gestores envolvidos no programa 
uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias, a partir 
do registro dos imunos aplicados e do quantitativo populacional vacinado, que são 
agregados por faixa etária, em determinado período de tempo, em uma área geográfica. 
 
- O objetivo: Registra, por faixa etária, as doses de imunobiológicos aplicadas e calcula 
a cobertura vacinal; Fornece informações sobre rotina e campanhas, taxa de abandono 
e envio de boletins de imunização; Gerencia os atendimentos, o estoque e a distribuição 
dos imunobiológicos; Possibilita o controle das perdas físicas e técnicas de vacinas em 
todas as instâncias; Identifica as reações que estão ocorrendo pós vacinação, 
notificando os eventos adversos observados nos usuários vacinados; Identifica de forma 
individualizada os usuários que receberam atendimento nos Centros de Referências de 
Imunobiológicos Especiais; Possibilita a padronização do perfil de avaliação. 
36 
 
 
 
✓ Avaliação do Programa de Imunizações (API): 
- Registra, por faixa etária, as doses de imunob. aplicadas e calcula a cobertura vacinal, 
por unidade básica, município, regional da Secretaria Estadual de Saúde, estado e país. 
Fornece informações sobre rotina e campanhas, taxa de abandono e envio de boletins 
de imunização. Pode ser utilizado nos âmbitos federal, estadual, regional e municipal. 
 
✓ Estoque e Distribuição de Imunobiológicos (EDI): 
- Gerencia o estoque e a distribuição dos imunob. contempla o âmbito federal, estadual, 
regional e municipal; 
 
✓ Eventos Adversos Pós-vacinação (EAPV): 
- Permite o acompanhamento de casos de reações adversas ocorridas pós-vacinação e 
a rápida identificação e localização de lotes de vacinas. 
 
✓ Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão (Pais): 
- Sistema utilizado pelos supervisores e assessores técnicos do PNI para padronização 
do perfil de avaliação, capaz de dar agilidade a tabulação de resultados. 
37 
 
 
✓ Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão em Sala de Vacinação 
(PAISSV): 
- Sistema utilizado pelos coordenadores estaduais de imunizações para padronização do 
perfil de avaliação, capaz de dar agilidade à tabulação de resultados. 
 
✓ Apuração dos Imunobiológicos Utilizados (AIU): 
 
- Permite realizar o gerenciamento das doses utilizadas e das perdas físicas para calcular 
as perdas técnicas a partir das doses aplicadas. 
 
✓ Sistema de Informações dos Centros de Referência em Imunobiológicos 
Especiais - (Sicrie): 
 
- Registra os atendimentos nos Cries e informa a utilização dos imunobiológicos 
especiais e eventos adversos. 
 
➢ SISCOLO/SISMAMA 
 
- Sistema de informação do câncer do colo do útero e Sistema de Informação do câncer 
e mama 
- Apoia a rede de gerenciamento no acompanhamento da evolução do programa; 
- Dissemina informações em saúde para Gestão e Controle Social do SUS bem como para 
apoio à Pesquisa em Saúde. 
 
- Sistema informatizado de entrada de dados desenvolvido pelo DATASUS em parceria 
com o INCA, para auxiliar a estruturação do Viva Mulher (Programa Nacional de Controle 
do Câncer do Colo do Útero e de Mama). 
 
- Coleta e processa informações sobre identificação de pacientes e laudos de exames 
citopatológicos e histopatológicos, fornecendo dados para o monitoramento externo da 
qualidade dos exames, e assim orientando os gerentes estaduais do Programa sobre a 
qualidade dos laboratórios responsáveis pela leitura dos exames no município. 
 
➢ HIPERDIA 
 
- Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos 
- Destina-se ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão 
arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do SUS, permitindo gerar 
38 
 
informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma 
regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados. 
 
- O sistema envia dados para o Cartão Nacionalde Saúde, funcionalidade que garante a 
identificação única do usuário do SUS. 
- Orienta os gestores públicos na adoção de estratégias de intervenção; 
- Permite conhecer o perfil epidemiológico da hipertensão arterial e do diabetes mellitus 
na população. 
- Cadastra e acompanha a situação dos portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes 
mellitus em todo o país; 
- Gera informações fundamentais para os gerentes locais, gestores das secretarias e 
Ministério da Saúde; 
- Disponibiliza informações de acesso público com exceção da identificação do portador; 
- Envia dados ao CadSUS. 
 
➢ SISPRENATAL 
 
- Sistema de acompanhamento da gestante 
- É um software desenvolvido para acompanhamento adequado das gestantes inseridas 
no Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), do Sistema Único de 
Saúde. Apresenta o elenco mínimo de procedimentos para uma assistência pré-natal 
adequada, ampliando esforços no sentido de reduzir as altas taxas de morbimortalidade 
materna, perinatal e neonatal. 
- Disponibiliza registro diário dos atendimentos às gestantes; 
- Disponibiliza numeração para acompanhamento da gestação e geração de incentivo 
de parto no SIH-SUS. 
 
➢ SIM 
 
- Sistema de informações sobre mortalidade 
- Tem por objetivo captar os dados de óbitos e fornecer informações sobre mortalidade. 
A análise dos dados do SIM permite, em termos gerais, a construção de importantes 
indicadores para o delineamento do perfil de saúde de uma região. As informações 
deste sistema permitem obter a mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, 
local de ocorrência e residência, letalidade de agravos dos quais se conheça a incidência, 
bem como taxas de mortalidade geral, infantil, materna etc. (OLIVEIRA, 2012). 
- O SIM tem como instrumento padronizado de coleta de dados a Declaração de Óbito 
(DO). 
- Consistem em funcionalidades atuais do SIM (DATASUS, 2016): 
39 
 
• Declaração de óbito informatizado 
• Geração de arquivos de dados em várias extensões para análises em outros aplicativos 
• Retroalimentação das informações ocorridas em municípios diferentes da residência 
do paciente 
• Controle de distribuição das declarações de nascimento (municipal, regional, estadual 
e federal) 
• Transmissão de dados automatizada, utilizando a ferramenta SISNET gerando a 
tramitação dos dados de forma ágil e segura entre os níveis municipal > estadual > 
federal 
• Backup on-line dos níveis de instalação (municipal, regional e estadual) 
- Criado em 1975, este sistema iniciou sua fase de descentralização em 1991, dispondo 
de dados informatizados a partir de 1979. Tem como instrumento padronizado de coleta 
de dados a Declaração de Óbito (DO), impressa em três vias coloridas, cuja emissão e 
distribuição para os estados, em séries pré-numeradas, são de competência exclusiva 
do Ministério da Saúde. 
 
- A distribuição das Do´s: Secretarias estaduais de saúde. 
 
- Secretarias municipais: controle e distribuição entre os profissionais médicos / 
instituições e recolhimento das primeiras vias em hospitais e cartórios 
 
Para óbitos hospitalares 
 
- O médico do estabelecimento onde ocorreu o falecimento preenche a DO em três vias: 
 
1a. via, (branca) deve ser encaminhada para a SMS, para fins de processamento. 
2a. via, (amarela) deve ser entregue aos familiares para que se proceda o registro do 
óbito em cartório. 
3a. via, (rosa) será arquivada no estabelecimento de saúde onde ocorreu o óbito 
(prontuário). 
 
- A obrigatoriedade de seu preenchimento, para todo óbito ocorrido, é determinada 
pela Lei Federal n°6.015/73. 
- Nenhum sepultamento deveria ocorrer sem prévia emissão da DO. 
 
- A partir das informações contidas nesse sistema, pode-se obter a mortalidade 
proporcional por causas, faixa etária, sexo, local de ocorrência e residência e letalidade 
de agravos dos quais se conheça a incidência, bem como taxas de mortalidade geral, 
infantil, materna ou por qualquer outra variável contida na DO 
 
➢ SINASC 
 
40 
 
- Sistema de informações sobre nascidos vivos. É o sistema responsável pelo registro 
de nascidos vivos 
- Instrumento: Declaração de Nascido Vivo (DN) 
- Deve ser preenchida nos hospitais e outras instituições de saúde que realizam partos, 
e nos Cartórios de Registro Civil, na presença de duas testemunhas, quando o 
nascimento ocorre em domicílio sem assistência de profissional de saúde 
 
- O número de nascidos vivos é o denominador que possibilita a constituição de 
indicadores voltados para a avaliação de riscos à saúde do segmento materno-infantil 
 
- A obrigatoriedade do registro da Declaração de Nascidos Vivos é dada pela 
Lein°6.015/73. 
- A DN deve ser preenchida para todos os nascidos vivos no país; 
 
- As DN são pré-numerados, impressos em três vias coloridas e distribuídos às SES pela 
SVS/MS. É preconizado que as SMS devem assumir a distribuição aos estabelecimentos 
de saúde e cartórios. 
 
- Proporção de nascidos vivos de baixo peso, proporção de nascimentos prematuros, 
proporção de partos hospitalares, proporção de nascidos vivos por faixa etária da mãe, 
valores do índice Apgar no primeiro e quinto minutos, número de consultas pré-natal 
realizadas para cada nascido vivo, dentre outros. Além desses, podem ainda ser 
calculados indicadores clássicos voltados à caracterização geral de uma população, 
como a taxa bruta de natalidade e a taxa de fecundidade geral. 
 
➢ SINAN 
 
- É o principal sistema da vigilância epidemiológica, pois consolida o registro das doenças 
de notificação compulsória no país. É facultado a Estados e Municípios incluírem outros 
problemas de saúde regionalmente importantes. 
- Tem como objetivo padronizar a coleta e o processamento de dados sobre agravos de 
notificação em todo o território nacional e, assim, fornecer informações para a análise 
do perfil de morbidade, contribuindo para a tomada de decisões nos níveis municipal, 
estadual e federal. 
- É alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e 
agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, mas é 
facultado a estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua 
região. 
- Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de 
um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos 
agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas 
41 
 
estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de 
determinada área geográfica. 
- A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros profissionais de saúde 
ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao 
paciente, em conformidade com o art. 8º da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975. 
 
 
- Fichas de coleta de dados 
 
 
✓ Critérios de inclusão de agravos na lista de notificação compulsória: 
 
42 
 
Magnitude: aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes 
contingentes populacionais e se traduzem por altas taxas de incidência, prevalência, 
mortalidade e anos potenciais de vida perdidos 
 
Potencial de disseminação: representado pelo elevado poder de transmissão da 
doença, por meio de vetores ou outras fontes de infecção, colocando sob risco a saúde 
coletiva; 
 
✓ Transcendência: 
 
- Custo pessoal e social dos agravos à população tudo o que passa a interferir 
diretamente nas relações sociais, econômicas, profissionais e culturais: 
 
• severidade, medida por taxas de letalidade, de hospitalização e de sequelas; 
 
• relevância social, avaliada, pelo valor atribuído pela sociedade à ocorrência da doença 
e que se manifesta pela sensação de medo, repulsa ou indignação; 
 
• relevância econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições comerciais, 
redução da força de trabalho, absenteísmo escolar e laboral, custos assistenciais e 
previdenciários,etc.; 
 
- Vulnerabilidade: medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de 
prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde 
sobre os indivíduos e coletividades; 
 
- Compromissos internacionais: firmados pelo governo brasileiro, no âmbito de 
organismos internacionais como a OPAS/OMS, que visam empreender esforços 
conjuntos para o alcance de metas continentais ou até mundiais de controle, eliminação 
ou erradicação de algumas doenças; 
 
- Regulamento Sanitário Internacional: as doenças que estão definidas como de 
notificação compulsória internacional, são incluídas, obrigatoriamente, nas listas 
nacionais de todos os países membros da OPAS/OMS; 
 
- Epidemias, surtos e agravos inusitados: todas as suspeitas de epidemia ou de 
ocorrência de agravo inusitado devem ser investigadas e imediatamente notificadas aos 
níveis hierárquicos superiores, pelo meio mais rápido de comunicação disponível 
 
✓ Aspectos que devem ser considerados na notificação: 
 
- Notificar a simples suspeita da doença; 
43 
 
- A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-
sanitário, em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato 
dos cidadãos; 
 
- O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência 
de casos, configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como 
um indicador de eficiência do sistema de informações. 
 
 
❖ Estudos Epidemiológicos 
 
- São estudos cuja finalidade é descrever ou caracterizar o processo saúde-doença. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 
a) Quanto à unidade em estudo: individual ou ecológico; 
b) Quanto à intervenção do investigador: observacionais ou experimentais; 
c) Quanto ao propósito geral: descritivo ou analítico; 
 
Visam descrever os agravos, apontar os determinantes e orientar as indicações de meio-
controle-profilaxia; é desta forma que se conhecem os agravos 
 
• Os estudos epidemiológicos podem ser classificados em observacionais e 
experimentais. De uma maneira geral, os estudos epidemiológicos observacionais 
podem ser classificados em descritivos e analíticos. 
 
➢ Tipos de abordagem: 
 
1) Quantitativa 
 - Coleta sistemática de informações que podem ser quantificadas, em condições de 
controle, além de análises por meio estatístico; tem como requisito o estabelecimento 
de hipóteses que se desdobram e variáveis e estas em indicadores; 
- Enfatiza o raciocínio lógico 
- Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coleta de informações 
- Objetividade na coleta e análise das informações 
- A análise se dá através de dados numéricos, por meio de procedimentos estatísticos; 
- O pesquisador não interfere na pesquisa 
- Verifica teoria 
 
- Tem como intenção garantir a precisão dos resultados mediante dados estatísticos, 
possibilitando margem de segurança 
44 
 
- Frequentemente utilizada para estudos exploratórios, descritivos e analíticos 
 
 
2) Qualitativa 
 
- Coleta e análise sistemática de materiais narrativos. Tem caráter subjetivo 
 
- Destina-se à compreensão de alguns fenômenos de natureza mais subjetiva 
- Este desenho depende da natureza do problema ou fenômeno que se pretende 
analisar 
 
- Frequentemente utilizada em estudos que avaliam a experiência humana, que 
exploram a cultura, que relatam experiência de vida ou estudos de caso; 
 
- Trabalha com a interpretação, descoberta, descrição e entendimento 
- Não possui uma coleta de dados estruturada formalmente 
- Busca o significado e a compreensão destes. 
 
•Para Minayo (2004): Coerência e lógica; consistência; objetivação; originalidade 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
 
➢ Tipos de estudos 
 
46 
 
 
 
 
✓ Observacionais 
 
- É um estudo onde o investigador mede, mas não intervém. Podem ser divididos em 
estudos descritivos ou analíticos: 
 
• Descritivo: limita-se a descrever a ocorrência de uma doença em uma 
população. É raro encontramos um estudo descritivo raro. Geralmente é a 
primeira parte em uma investigação epidemiológica. Suas desvantagens incluem 
a presença de casos altamente selecionados, o que pode trazer um viés muito 
grande a pesquisa, resultados imprevisíveis e a perspectiva do pesquisador. 
 
- Determina a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o 
tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos. 
 
- A epidemiologia descritiva pode fazer uso de dados secundários (dados pré-existentes) 
e primários (dados coletados para o desenvolvimento do estudo). 
 
• “como é” ou “como está” a situação das variáveis a serem pesquisadas em uma 
população. Tem como objetivo apresentar os dados e não os explicar; 
• Propõe descobrir, desvendar as características de determinado fenômeno, investigar; 
• Determina a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o 
tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos. 
• Responde à pergunta: quando, onde e quem adoece? 
 
 
• Analítico: aborda a relação entre o estado de saúde e as outras variáveis. 
 
47 
 
- Estudos analíticos são aqueles delineados para examinar a existência de associação 
entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde. 
 
- Tem o objetivo básico de avaliar (não apenas descrever) se a ocorrência de um 
determinado evento é diferente entre indivíduos expostos e não expostos a um 
determinado fator ou de acordo com as características das pessoas. 
 
• Investigam a correlação entre as variáveis, sua relação e o modo com que estão 
operando 
• Volta-se a desvendar qual a causa de determinado fenômeno; 
• Estes são estudos realizados com o objetivo específico de testar hipóteses; 
 
a) Ecológico (ou de correlação): É o estudo de uma população em uma área geográfica 
definida. Avalia a influência socioambiental no processo saúde-doença. Nos estudos 
ecológicos, compara-se a ocorrência da doença/condição relacionada à saúde e a 
exposição de interesse entre agregados de indivíduos (populações de países, regiões ou 
municípios, por exemplo) para verificar a possível existência de associação entre elas. 
 
- “Um estudo ecológico ou agregado focaliza a comparação de grupos, ao invés de 
indivíduos. A razão subjacente para este foco é que dados a nível individual da 
distribuição conjunta de duas (ou talvez todas) variáveis estão faltando internamente 
nos grupos; neste sentido um estudo ecológico é um desenho incompleto” 
 
• Compara-se a ocorrência da doença/condição relacionada à saúde e a exposição de 
interesse entre agregados de indivíduos (populações de países, regiões ou municípios, 
por exemplo) para verificar a possível existência de associação entre elas. 
 
• Em um estudo ecológico típico, medidas de agregados da exposição e da doença são 
comparadas. Nesse tipo de estudo, não existem informações sobre a doença e exposição 
do indivíduo, mas do grupo populacional como um todo → isso é particularmente 
importante quando se considera que a expressão coletiva de um fenômeno pode diferir 
da soma das partes do mesmo fenômeno. 
 
• A possibilidade do viés ecológico é sempre lembrada como uma limitação para o uso 
de correlações ecológicas. O viés ecológico – ou falácia ecológica – é possível porque 
uma associação observada entre agregados não significa, obrigatoriamente, que a 
mesma associação ocorra em nível de indivíduos; 
 
- Nos Estudos Ecológicos as medidas usadas representam características de grupos 
populacionais. Portanto a unidade de análise é a população e não o indivíduo... 
 
Ele pode motivar estudos mais específicos. 
 
48 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
• Gerar ou testar hipóteses etiológicas → explicar a ocorrência da doença; 
 
• Avaliar a efetividade de intervenções na população → testar a aplicação de nosso 
conhecimento para prevenir doença ou promover saúde; 
 
•Correlação entre um fator de risco presumido e um desfecho; 
 
• Grupos podem ser definidos por local (comparações geográficas) ou portempo 
(tendências temporais); 
 
 
 b) Transversais (seccionais ou de prevalência): medem a prevalência da doença, sendo 
as medidas de exposição e efeito (doença) realizadas simultaneamente. Pode ser 
comparado a um “retrato” retirado da situação no momento da análise. 
- Nos estudos seccionais, a exposição e a condição de saúde do participante são 
determinadas simultaneamente. Em geral, esse tipo de investigação começa com um 
estudo para determinar a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde 
de uma população especifica. 
 
- As características dos indivíduos classificados como doentes são comparadas às 
daqueles classificados como não doentes. Esta é a característica fundamental de um 
estudo seccional: não é possível saber se a exposição antecede ou é consequência da 
doença/condição relacionada à saúde. Portanto, esse delineamento é fraco para 
determinar associações do tipo causa-efeito, mas adequado para identificar pessoas e 
características passíveis de intervenção e gerar hipóteses de causas de doenças. 
 
 c) Estudo de casos e controle: Doença ⇾ Risco. Geralmente, pode ser utilizado para 
investigar a causa das doenças raras. Inclui pessoas com a doença e um grupo controle 
composto de pessoas não afetadas pela doença ou variável de desfecho. São sempre 
longitudinais pois há coleta de dados em dois momentos distintos e retrospectivos, uma 
vez que o investigador 
 
- Nos estudos caso-controle, primeiramente, identificam-se indivíduos com a doença 
(casos) e, para efeito de comparação, indivíduos sem a doença (controles); 
 
49 
 
- Parte-se do efeito (doença) para a investigação da causa (exposição); 
 
- Os estudos tipo caso-controle partem de um grupo de indivíduos acometidos pela 
doença em estudo, os casos, comparando-os com outro grupo de indivíduos que devem 
ser em tudo semelhantes aos casos, diferindo somente por não apresentarem a referida 
doença, os controles; 
 
Indicações: situações como as encontradas em surtos epidêmicos ou diante de agravos 
desconhecidos, em que é indispensável a identificação urgente da etiologia da doença 
com o objetivo de uma imediata ação de controle. 
 
 
 
- Vantagens: 
1. tempo mais curto para o desenvolvimento do estudo, uma vez que a seleção de 
participantes é feita após o surgimento da doença; 
2. custo mais baixo da pesquisa; 
3. maior eficiência para o estudo de doenças raras; 
4. ausência de riscos para os participantes; 
5. possibilidade de investigação simultânea de diferentes hipóteses etiológicas. 
 
- Desvantagens: 
1. Viés de seleção (casos e controles podem diferir sistematicamente, devido a um erro 
na seleção de participantes); 
2. Viés de memória (casos e controles podem diferir sistematicamente, na sua 
capacidade de lembrar a história da exposição); 
 
 
50 
 
d) Estudo de coortes (longitudinal ou de incidência): Risco ⇾ Doença. Iniciam com um 
grupo de pessoas livres da doença, que são classificados em subgrupos, de acordo com 
a exposição a uma causa potencial da doença ou desfecho sob investigação. É 
comparado a um “filme” da situação em um período (longitudinal). 
 
- Uma coorte é um grupo de indivíduos definido a partir de suas características pessoais 
(idade, sexo, etc.), nos quais se observa, mediante a exames repetidos, a aparição de 
uma enfermidade (ou outro desfecho) determinada. 
 
•Selecionados conforme o status de exposição ⇾ incidência da doença; 
 
• Os estudos de coorte permitem determinar a incidência da doença entre expostos e 
não expostos e conhecer a sua história natural; 
 
• Este estudo consiste em verificar se indivíduos expostos ao fator de risco desenvolvem 
a doença em questão em maior ou menor proporção do que um grupo de indivíduos 
não expostos; 
 
• Segundo Vieira e Hossne (2001), o período de acompanhamento é longo, pois é preciso 
esperar que ocorra a doença; a amostra é grande, para garantir que um número 
significativo de pessoas desenvolva a doença – DESVANTAGEM 
 
 
 
- Nos estudos de coorte, primeiramente, identifica-se a população de estudo e os 
participantes são classificados em expostos e não expostos a um determinado fator de 
interesse. A seguir, os indivíduos dos dois grupos são acompanhados para verificar a 
incidência da doença/condição relacionada à saúde entre expostos e não expostos. Se a 
exposição estiver associada à doença, espera-se que a incidência entre expostos seja 
maior do que entre não expostos. 
 
• Tipos de desfechos a serem investigados: 
 
51 
 
- Mortalidade (geral ou por uma determinada causa) 
- Incidência de doenças (ex. câncer de pulmão) 
- Mudanças ao longo do tempo nos níveis de um marcador biológico de progressão de 
doença 
- Aspectos comportamentais (ex. níveis de atividade física) 
 
• Tipos de exposição: 
 
- Exposições ambientais propriamente ditas, de natureza química ou física (ex. radiação, 
exposições ocupacionais). 
- Comportamentos relacionados à saúde (ex. tabagismo, dieta, atividade física). 
- Características biológicas (ex. pressão arterial, colesterol sérico). 
- Fatores socioeconômicos (ex. escolaridade, renda). 
 
 
 
 
✓ Intervencionais ou experimentais 
 
- Caracteriza-se pela manipulação do fator causal, levando a determinação de seu efeito 
 
- A população é dividida em caso e controle; 
- Introduz-se ou suprime-se o fator suspeito; 
- Depois de determinado período, verifica-se a mudança ou efeitos produzidos; 
- Requer muitos cuidados éticos; 
- Portaria 466/2012 
 
- Envolvem a tentativa de mudar os determinantes de uma doença ou cessar seu 
progresso através de um tratamento. 
 
52 
 
a) Ensaio clínico randomizado: É um estudo prospectivo que compara duas ou mais 
investigações e/ou um placebo. É o padrão ouro para determinar a eficácia de 
intervenção. 
 
- Possui vários subtipos: 
 
Cross over → todos recebem o mesmo medicamento, sendo que os diferentes grupos 
servem de controle uns para os outros. 
 
Duplo-cego → nem o examinado e nem o examinador sabem quem recebe intervenção 
e quem é placebo. 
Cego → uma das partes não sabe quem recebe intervenção e quem é placebo 
 
- Vantagens: 
 
 Fatores de prognósticos balanceados entre grupos devido a aleatoriedade; Coleta 
detalhada de informações; 
Dose pode ser pré-determinada; 
Cego diminui distorções; 
 
- Desvantagens: 
 
 Generalização dos efeitos na população externa reduzida por causa das exclusões; 
Demorado; 
 Amostras grandes; 
Custo elevados; 
Dificuldade com aderência das intervenções; 
 
b) Ensaio de campo: É semelhante ao ensaio clínico, a diferença consiste na amostra 
pois no ensaio clínico a análise do efeito é baseada nos doentes, e no ensaio de campo 
analisa-se o efeito em pacientes sadios. Sua vantagem é que os dados são coletados na 
população em geral, porém é mais caro e com maior duração. 
 
c) Ensaio comunitário: Envolve a intervenção em uma comunidade ao invés de 
intervenções individuais. Avalia a eficácia de promoções primárias em saúde que 
buscam modificar fatores de risco. Como limitação possui a dificuldade de limitar a 
comunidade

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