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1 Conceitos e definições ------------------------------------------------------------------------ 3 - Endemia, epidemia, pandemia, surto ------------------------------------------------------------- 4 - Caso autóctone e alóctone; caso suspeito, confirmado e descartado - Transição epidemiológica ---------------------------------------------------------------------------- 6 História Natural da doença e Fatores envolvidos ------------------------------------- 8 - Determinantes e condicionantes de saúde ------------------------------------------------------ 9 - História Natural (período pré-patogênico e patogênico; tríade epidemiológica) ----- 11 - Prevenções --------------------------------------------------------------------------------------------- 13 Processo epidêmico - Características do ag. etiológico: Infectividade, patogenicidade, virulência, Imunogenicidade, variabilidade --------------------------------------------------------------------- 15 - Características do hospedeiro (próprias e variáveis) ----------------------------------------- 16 - Características do ambiente (físicas, biologias e socioeconômicas) - Curva epidemiológica (incremento inicial; egressão; progressão; incidência máxima; regressão; decréscimo da incidência) -------------------------------------------------------------- 17 - Tipos de fontes de infecção ------------------------------------------------------------------------ 19 Indicadores de saúde ------------------------------------------------------------------------ 20 - Incidência e prevalência ----------------------------------------------------------------------------- 22 - Indicadores globais (coeficiente de mortalidade geral; índice de Swaroope Uemura ou indicador de moralidade proporcional; curvas de mortalidade proporcional) ---------- 25 - Indicadores específicos: Taxa de mortalidade infantil (neonatal; pós-neonatal) ---------------------------------------- 28 mortalidade materna ---------------------------------------------------------------------------------- 30 mortalidade por doenças transmissíveis Sistemas de informação -------------------------------------------------------------------- 31 - SISAB: sistema de informação em saúde para a AB ------------------------------------------ 34 - SI-PNI: sistema de informações do Programa Nacional e Imunização; e Subsistemas do PNI ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 35 - SISCOLO/SISMAMA: sistema de informação do câncer do colo do útero e Sistema de Informação do câncer e mama ---------------------------------------------------------------------- 36 2 - HIPERDIA; SISPRENATAL ----------------------------------------------------------------------------- 37 - SIM -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 38 - Sist. de Inf. sobre Nascidos Vivos (Sinasc) -------------------------------------------------------- 39 - SINAN ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 40 Estudos epidemiológicos ------------------------------------------------------------------- 42 - Tipos de abordagem (quantitativa e qualitativa) ---------------------------------------------- 43 - Tipos de estudos Observacional: Descritivo (relato de caso; série de caso) e analítico (ecológico, transversal, caso-controle, coorte) ----------------------------------------------------------------- 45 Intervencionais/experimentais (ensaio clínico randomizado, ensaio de campo, ensaio comunitário) --------------------------------------------------------------------------------------------- 50 3 ❖ Epidemiologia Conceitos e Definições - "Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde" (LAST, 1995) - Compreensão do processo saúde-doença: fundamenta-se no raciocínio causal, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadas à proteção e promoção da saúde da comunidade. Instrumento para o desenvolvimento de políticas no setor da saúde (in locus). Inclui não só o número dos eventos, mas também as taxas ou riscos de doença nessa população; permite comparações válidas entre diferentes populações. O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo características: do tempo (tendência num período, variação sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, distribuição urbano rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.). • Evolução: • Aplicações: - Descrever o aspecto clínico das doenças e sua história natural; - Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam maior possibilidade de serem atingidos por determinado agravo; - Prever tendências; - Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e necessidades das populações; 4 - Testar a eficácia e o impacto das estratégias de intervenção, assim como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar, prevenir e tratar os agravos na comunidade. • Objetivos: ❖ Conceitos - Determinada doença afeta ou pode ou não afetar uma população, caracterizando-se como: Presente em nível endêmico; Presente em nível epidêmico; Presente com casos esporádicos; Inexistente ✓ Endemia: Ocorrência coletiva de determinada doença, numa população definida que, no decorrer de um largo período histórico, acometendo sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantém a sua incidência constante, permitidas as variações flutuantes de valores, tais como as de sazonalidade. - Definição NEVES: é a prevalência usual de determinada doença com relação a área. Normalmente, considera-se como endêmica a doença cuja incidência permanece constante por vários anos, dando uma ideia de equilíbrio entre a doença e a população, ou seja, e o número esperado de casos de um evento em determinada época. Exemplo: no início do inverno espera-se que, de cada 100 habitantes, 25 estejam gripados. - Fatores relacionados: constante renovação de suscetíveis na comunidade; Exposição múltipla e repetida dos suscetíveis a um determinado agente; Isolamento relativo sem deslocamento (população fechada) 5 ✓ Epidemia: Nem sempre se configurará como um grande número de acometidos, mas sim como um excesso de casos, quando comparado à frequência esperada, em um determinado espaço geográfico em um período de tempo (MEDRONHO, 2009) - observar valores de períodos anteriores. Pode variar de acordo com: o agente, o tipo, tamanho da população exposta, período e local de ocorrência. - Definição NEVES: é a ocorrência, numa coletividade ou região, de casos que ultrapassam nitidamente a incidência normalmente esperada de uma doença e derivada de uma fonte comum de infecção ou propagação. Quando do aparecimento de um único caso em área indene de uma doença transmissível (p. ex., esquistossomose em Curitiba), podemos considerar como uma epidemia em potencial, da mesma forma que o aparecimento de um único caso em que havia muito tempo que determinada doença não se registrava (p. ex., varíola, em Belo Horizonte). ✓ Pandemia: Processo epidêmico caracterizado por ampla distribuição espacial da doença, atingindo diversas nações ou continentes, onde acomete-se grande número de pessoas suscetíveis aliada a condições facilitadoras da propagação de um agente infeccioso no ambiente (p.ex. migração) (MEDRONHO, 2009). ✓ Surto: Ocorrência epidêmica onde todos os casos estão relacionados entre si, atingindo uma área geográfica pequenae delimitada (p.ex. colégio, quartel, bairros, vilas) - Definição NEVES: O termo “surto” é frequentemente utilizado para se referir a um tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas etc.). ➢ Caso autóctone: oriundo do mesmo local onde ocorreu ➢ Caso alóctone: caso importado de uma outra localidade 6 ✓ Caso suspeito: A definição de caso suspeito deve incluir os sinais e sintomas clínicos sugestivos da doença em questão, de tal forma a abranger a maioria dos casos, mas não deve ser excessivamente amplo a ponto de incluir muitos casos de outras entidades clínicas. ✓ Caso confirmado: A definição de caso confirmado pode basear-se apenas em critérios clínicos como, por exemplo, no tétano, onde o aspecto clínico é suficiente para firmar o diagnóstico; em critérios laboratoriais, como por exemplo, na febre tifoide; ou ainda, em critérios epidemiológicos que reforcem o diagnóstico formulado, fornecendo evidências relativas, por exemplo, à exposição ao possível agente etiológico. ✓ Caso descartado: aquele caso que não atende aos requisitos necessários à sua confirmação como uma determinada doença. ❖ Indicadores ✓ Incidência: Número de casos novos de determinada doença, local e período. É a medida dinâmica, e a ocorrência do primeiro episódio da doença. - Definição NEVES: é a frequência com que uma doença ou fato ocorre em um período de tempo definido e com relação a população (casos novos, apenas). Exemplo: a incidência de piolho (Pediculus humanus) no Grupo Escolar X, em Belo Horizonte, no mês de dezembro, foi de 10%. (Dos 100 alunos com piolho, 10 adquiriram o parasito no mês de dezembro.) ✓ Prevalência: Número total de casos de uma doença, em um determinado local e período. - Definição NEVES: termo geral utilizado para caracterizar o número total de casos de uma doença ou qualquer outra ocorrência numa população e tempo definidos (casos antigos somados aos casos novos). Exemplo: no Brasil (população definida), a prevalência da esquistossomose foi de 8 milhões de pessoas em 1992. ➢ Transição epidemiológica - Entende-se por transição epidemiológica as mudanças ocorridas no tempo nos padrões de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. 7 - O processo engloba três mudanças básicas: 1. Substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas. 2. Deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos. 3. Transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante. - A transformação dos perfis epidemiológicos no Brasil apresenta um caráter peculiar que não se conforma necessariamente ao modelo de substituição de doenças infecciosas e parasitárias por doenças crônico-degenerativas, acidentes e violências. Isso indica que no Brasil não ocorre uma transição epidemiológica propriamente dita, mas uma superposição de contextos epidemiológicos apresentados ao longo do tempo. - O processo de transição epidemiológica no Brasil não se resolve de maneira clara, criando uma situação em que a morbimortalidade persiste elevada para ambos os padrões, caracterizando uma transição prolongada; as situações epidemiológicas de diferentes regiões em um mesmo país tornam-se contrastantes (polarização epidemiológica). Além disso, o envelhecimento rápido da população brasileira faz com que a sociedade se depare com um tipo de demanda por serviços médicos e sociais, outrora restritos aos países industrializados - Cenário epidemiológico atual é caracterizado pela tripla carga de doenças na população (permanência de doenças agudas, aumento do peso relativo às condições crônicas e às causas externas). - Indicadores que podem ser utilizados para ilustrar o peculiar processo de transição epidemiológica no Brasil: a) Perfil de mortalidade. b) Perfil das causas de internação. c) Perfil de doenças infecciosas persistentes (incluem-se a malária, a tuberculose, as leishmanioses, a esquistossomose, a doença de Chagas, a febre amarela silvestre e as hepatites virais, entre outras). 8 d) Perfil de doenças emergentes e reemergentes (Aids, dengue, a cólera pelo vibrio cholerae, hantavirose, febre chikungunya, febre pelo zika vírus). ❖ História Natural da Doença e Fatores relacionados - Causalidade das doenças: A causa seria um agente eficaz, e desvendá-la garante um conhecimento maior a respeito de um fenômeno estudado, na medida em que é possível intervir sobre um efeito quando se remonta à sua causa; • Modelo Biomédico: unicausalidade; cura; medicalização; individual; curativo; fragmentado; centrado no médico; fragmentado; especialista; hospitalocêntrico. • Período pós-guerra: multicausalidade - A etiologia das doenças é decorrente de vários fatores: agentes externos e desequilíbrio interno. • Modelo processual - Leavell e Clark, 1976: Os estímulos patológicos do meio ambiente desencadeiam uma resposta do corpo, e esta terá como desenlace a cura ou defeito ou invalidez ou morte. Reconhece as características sociais ou relacionais do indivíduo interferem na chance de adoecer, na forma como ele adoece e na repercussão da doença. • Modelo Ecológico: Saúde como resultado do equilíbrio dinâmico entre o indivíduo (ou populações humanas) e o ambiente no qual ele se insere (NADANOVSKY; LUIZ; COSTA, 2009). O agente e o hospedeiro são dependentes do ambiente que, ao mesmo tempo, pode ser modificado pelos dois. Quando ocorre a doença significa uma resposta à quebra do equilíbrio do sistema. TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA • Modelo sistêmico: Baseia-se na suposição de que as causas das doenças estão em diferentes sistemas de organização, desde o celular até o social, passando por níveis intermediários, como órgãos e os indivíduos. Reconhece que fatores políticos e socioeconômicos, culturais, ambientais e agentes patogênicos estão relacionados 9 sinergicamente de forma que, ao ser modificado um dos níveis, os demais também serão afetados ➢ Determinantes e condicionantes de saúde - Planejar e programar o desenvolvimento de ações em saúde pública exige um conhecimento detalhado das condições de vida e de trabalho das pessoas que residem em determinado território, bem como o entendimento dos fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença e suas implicações. - Fatores determinantes relacionados ao indivíduo (microdeterminantes) ou relacionados às comunidades/populações (macrodeterminantes): 10 - A péssima distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo grau de escolaridade, assim como as condições precárias de habitação e ambiente, têm um papel muito importante nas condições de vida e saúde. 11 ➢ História Natural - Conjunto de processos interativos compreendendo “as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um desfecho (defeito, invalidez, recuperação ou morte) ” (Leavell& Clark, 1976). - Divide-se principalmente em 2 grandes períodos: Período pré-patogênico e Período patogênico 12 - Está relacionada com as pré-condições que favorecem o aparecimento da doença, etapa assintomática e de prevenção primária ✓ Período de patogênese - Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. • Período de patogênese precoce/incubação: é o período que houve o rompimento do equilíbrioda saúde, porém, não existe sinais clínicos de que isto ocorreu. • Período de doença precoce discernível: quando foi possível diagnosticar clinicamente a doença ou alterações de condição de saúde do indivíduo -horizonte clínico. A partir deste momento o período se caracteriza pelos primeiros sintomas. • Período da doença avançada: nessa fase a doença já se apresenta em sua forma clínica máxima causando alterações marcantes no organismo. 13 • Período de convalescência: neste período ocorre o desfecho da enfermidade, ou seja, pode ocorrer a recuperação, invalidez, tendência a cronificar e a morte. ✓ Prevenções (individuais e coletivas) Prevenção primária: 1) Promoção da saúde As medidas adotadas para a promoção da saúde não se dirigem a determinada doença, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar geral. A educação e a motivação sanitária são vitalmente importantes. • moradia adequada; escolas; área de lazer; alimentação adequada; educação em todos os níveis. 2) Proteção específica Compreende medidas aplicáveis a uma doença ou grupos de doenças específicas, visando interceptar as causas das mesmas antes que atinjam o homem. • imunizações; saúde ocupacional; higiene pessoal e do lar; proteção contra acidentes; aconselhamento genético; controle de vetores. Prevenção secundária: 1) Diagnóstico precoce Tais medidas são preventivas não apenas para o próprio paciente que escapa da progressão da doença, mas também para outros, que ficam protegidos contra exposição do agente infectante. • inquéritos para descoberta de casos na comunidade; exames periódicos, individuais, para detecção precoce de casos; isolamento para evitar a propagação de doenças; tratamento para evitar a progressão da doença. 2) Limitação da incapacidade (previsão) Este nível implica na prevenção ou no retardamento das consequências de moléstias clinicamente avançadas. • É apenas o reconhecimento tardio, devido ao conhecimento incompleto dos processos patológicos, que separa este nível de prevenção do anterior. • Evitar futuras complicações; evitar sequelas. Prevenção terciária: Reabilitação (impedir a incapacidade total); fisioterapia; terapia ocupacional; emprego para o reabilitado. 1) Reabilitação 14 • É a prevenção da incapacidade total, depois que as alterações anatômicas e fisiológicas estão mais ou menos estabilizadas. • Tem como principal objetivo o de recolocar o indivíduo afetado em uma posição útil na sociedade, com a máxima utilização de sua capacidade restante. • O sucesso da reabilitação dependerá da existência e meios adequados nos hospitais, na comunidade e na indústria. 15 ❖ Processo Epidêmico ➢ Tríade epidemiológica - Podem coexistir em determinado ecossistema, sem que ocorra a enfermidade. Qualquer desequilíbrio no estado de algum deles pode desencadear uma série de eventos que podem resultar em doença. - A essa sucessão de eventos, necessária para que a enfermidade ocorra, denomina-se processo epidêmico, e ao estudo das relações entre o agente etiológico e os demais componentes do ecossistema denomina-se história natural da doença. ➢ Características do agente etiológico 1) Infectividade: É a capacidade que tem o agente etiológico de penetrar e multiplicar - se em determinado organismo, ou seja, de causar infecção, independentemente da ocorrência ou não de agravos à saúde. 16 2) Patogenicidade: É a capacidade do agente de produzir lesões específicas no organismo do hospedeiro. A patogenicidade é identificada pela frequência da manifestação clínica da doença na população 3) Virulência: É o grau de severidade da reação patológica que o agente etiológico provoca no hospedeiro. A virulência independe da Infectividade e pode variar tanto de um hospedeiro para outro como entre estirpes de um mesmo agente. 4) Imunogenicidade: É a capacidade do agente de induzir uma resposta imune específica por parte do hospedeiro. Essa resposta imune resulta na formação de anticorpos circulantes, anticorpos locais e imunidade celular. Determinados agentes são capazes de induzir no hospedeiro uma resposta imunitária intensa e duradoura, enquanto outros determinam uma imunidade de curta duração. 5) Variabilidade: É a capacidade que tem o agente etiológico de adaptar-se às condições do hospedeiro e do ambiente. A variação antigênica é um exemplo do mecanismo seletivo de adaptação do agente a uma situação adversa, alterando suas características antigênicas para evitar os mecanismos de defesa do hospedeiro. ➢ Características do hospedeiro - Próprias: idade, sexo, raça, espécie, suscetibilidade individual - Variáveis: Estado fisiológico: gestação, lactação, subalimentação, estresse, pode modificar a susceptibilidade do hospedeiro ao agente etiológico. ➢ Características do ambiente - Físicas: clima, hidrografia, topografia, solo - Biológicas: fauna, flora - Socioeconômicas: estrutura de produção: comercialização de animais? sensibilização da comunidade; vias de comunicação; higiene ambiental; hábitos alimentares, crenças religiosas, natureza do trabalho exercido pelas pessoas etc... 17 ➢ Curva epidemiológica - É a representação da generalização; - Aspectos a serem considerados: Incremento inicial; Egressão; Progressão; Incidência máxima; Regressão; Decréscimo da Incidência; 18 1) Incremento inicial dos casos: - Eventos que passam de processo endêmico preexistente para uma situação epidêmica; Após uma estabilização mantida, passa a exibir uma tendência irreversível para o crescimento; Casos autóctones são importantíssimos; 2) Egressão - Quando os coeficientes de incidência ultrapassam o limite endêmico estabelecido, permanecendo acima deste; - Pode ter como marco inicial o surgimento dos primeiros casos e termina quando a incidência for nula ou na estabilização do patamar de endemicidade; 3) Progressão - Descrita através do ramo ascendente da curva epidêmica; termina quando o processo atinge seu clímax; - Presente em todas as ocorrências epidêmicas; Características: - Incidência progressivamente crescente, acima do limiar epidêmico; - Sugere a ocorrência de um desequilíbrio acidental, permanente ou continuamente crescente; - Evento inesperado e fora de controle; 4) Incidência máxima - É a exaustão da força progressiva e isso se deve a alguns fatores: Diminuição do número de suscetíveis; Diminuição progressiva do número dos que foram expostos a uma ocorrência acidental; Ação intencional de vigilância e controle; Processos naturais de controle; 5) Regressão É a última fase na evolução de uma epidemia, pois, o processo de massa tende a: Retornar aos valores iniciais; Estabilizar-se em patamar endêmico, abaixo ou acima do inicial; Regredir até incidência nula, incluindo a erradicação; - Pode ser rápida ou lenta 19 6) Decréscimo da incidência - Restrito aos processos que foi possível estabelecer o limiar epidêmico com marco referencial; - Quando há a regressão a nível endêmico e as ações de controle e vigilância continuam, a endemicidade pode ser levada a patamares menores que antes da eclosão da ocorrência epidêmica ✓ Detecção de epidemias - Diagrama de controle - Método gráfico que proporciona a verificação da evolução temporal das doenças; - Permite a identificação de epidemias de doenças que apresentam alguma frequência que pode atingir parcelas importantes da população e/ou doenças em relação às quais não existem medidas rotineiras de controle. - Incidência X Tempo Obs: tipos de fonte - Quando se diz sobre fonte de doença, considera-se dois tipos de fontes de infecção: a primária e a secundária. - FONTE DE INFECÇÃO: pessoa, animal, objeto ou substância a partir do qual o agente é transmitido para o hospedeiro. - FONTE PRIMÁRIADE INFECÇÃO (reservatório): homem ou animal e, raramente, o solo ou vegetais, responsável pela sobrevivência de determinada espécie de agente etiológico na natureza. No caso dos parasitas heteroxenos, o hospedeiro mais evoluído (que geralmente é também o definitivo) é denominado fonte primária de infecção; e o 20 hospedeiro menos evoluído (em geral hospedeiro intermediário) é chamado vetor biológico Exemplo: o caso da LV os reservatórios são marsupiais, roedores, preguiça, tamanduá, cão, equinos e mulas. - FONTE SECUNDÁRIA DE INFECÇÃO: ser animado ou inanimado que transporta determinado agente etiológico, não sendo o principal responsável pela sobrevivência desse como espécie. Esta expressão é substituída, com vantagem, pelo termo “veículo”. Exemplo: no caso da LV temos um veículo animado (vetor): artrópode que transfere um agente infeccioso da fonte de infecção para um hospedeiro susceptível, que são os insetos flebotomíneos do gênero Lutzomya ❖ Indicadores de Saúde - Os indicadores de saúde são frequências relativas compostas por um numerador e um denominador que fornecem informações relevantes sobre determinados atributos e dimensões relacionados às condições de vida da população e ao desempenho do sistema de saúde. Têm como propósito principal elucidar a situação de saúde de um indivíduo ou de uma população. Medidas que buscam sintetizar o efeito de determinantes de natureza variada sobre o estado de saúde de uma população - Medidas: proporções, taxas, razões - Determinantes: sociais, econômicos ambientais, biológicos, etc... - A qualidade dos indicadores de saúde vai depender da sua validade (capacidade de medir o que se pretende); confiabilidade (reprodutibilidade), mensurabilidade, relevância e custo-efetividade. - Exemplos de indicadores que se referem diretamente à saúde de indivíduos ou de populações (ou à sua falta), as medidas de mortalidade e morbidade, do estado nutricional, demográficas, de exposição a fatores de risco e de satisfação com o próprio estado de saúde. - Ainda que existam muitas especificidades, tendo por base os parâmetros sugeridos pela OMS, agrupam os indicadores em três categorias (LAURENTI et al., 2005): 1. Indicadores que traduzem diretamente a saúde. 2. Indicadores que se referem às condições do meio. 3. Indicadores que medem os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de saúde. 21 ➢ São utilizados os seguintes agrupamentos para os indicadores básicos de saúde para o Brasil: 1) Indicadores demográficos: medem a distribuição de fatores determinantes da situação de saúde relacionados à dinâmica populacional na área geográfica referida. 2) Indicadores socioeconômicos: medem a distribuição dos fatores determinantes da situação de saúde relacionados ao perfil econômico e social da população residente na área geográfica referida. 3) Indicadores de mortalidade: informam a ocorrência e distribuição das causas de óbito no perfil da mortalidade da população residente na área geográfica referida. 4) Indicadores de morbidade: informam a ocorrência e distribuição de doenças e agravos à saúde na população residente na área geográfica referida. - Além desses 4 também existem: Indicadores de fatores de risco/fatores de proteção, indicadores de recursos, indicadores de cobertura ✓ Objetivos: - Avaliar a higidez (estado de saúde) de agregados humanos - Fornecer subsídios ao planejamento de saúde ✓ Medidas de frequência - As frequências absolutas são pouco utilizadas em Epidemiologia, pois não permitem medir o risco de uma população; - As frequências relativas são mais utilizadas quando se deseja comparar a ocorrência dos problemas de saúde em populações distintas ou na mesma população ao longo do tempo. - Classificam-se como proporções, taxas ou razões. 22 ✓ Indicadores: classificação quanto ao objetivo - Indicadores epidemiológicos: medem a magnitude ou a transcendência do problema de saúde pública. Referem-se, portanto, à situação verificada na população, ou no meio ambiente, num dado momento, ou num determinado período. - Indicadores operacionais: medem o trabalho realizado, seja em função da qualidade, seja em função da quantidade. Ou seja, compara a resposta da estratégia frente ao agravo. ✓ Indicadores de Saúde - Proporção: relação, ou quociente, entre duas frequências da mesma unidade - Numerador: frequências absolutas de eventos que são subconjuntos do denominador - Denominador: número total eventos - Coeficiente ou taxa: relação, ou o quociente, entre dois valores numéricos que expressa a velocidade ou a intensidade com que um fenômeno varia, por unidade de uma segunda variável - Estimar o risco de uma população suscetível por unidade de tempo ✓ Medidas de morbidade: usado para designar o conjunto de casos de uma dada doença ou a soma de agravos à saúde que atingem um grupo de indivíduos. Para fazer essas mensurações, utilizam-se principalmente as medidas de incidência e prevalência ✓ Medidas de mortalidade: determinado de forma genérica pelo número de óbitos dividido pela população exposta (total da população em questão). • Incidência - Refere-se à frequência com que surgem novos casos de uma doença num intervalo de tempo. É, portanto, uma medida dinâmica. 23 - Frequência de casos novos de uma doença ou problema de saúde, ao longo de um determinado período de tempo; - Casos incidentes (ou casos novos) = indivíduos não doentes no início do período de observação, que no seu decorrer, adoeceram; - O indivíduo dever ser observado, no mínimo, por duas vezes; - Relacionada ao tempo - A constante é uma potência com base 10(100, 1.000, 100.000), pela qual se multiplica o resultado para torná-lo mais fácil de interpretar, ou seja, para se ter um número inteiro. - As taxas de incidência tendem a variar conforme o número de episódios da doença analisada, o número de pessoas que tiveram um episódio de uma doença, tempo para diagnosticá-la e a duração da investigação ✓ Medidas de incidência: Taxa de incidência Incidência acumulada Sobrevida Chance de incidência Medidas de Mortalidade ✓ Tipos de população: - População fechada: o N diminui ao longo do tempo - População aberta: nascimento e migração; morte e emigração; estrutura etária, gênero e variáveis associadas ao risco de uma doença • Prevalência - Refere-se ao número de casos existentes de uma doença em um dado momento 24 - Representa a proporção de indivíduos de uma população que é acometida por uma determinada doença ou agravo em um determinado momento, sendo análoga a uma fotografia. Ela engloba tanto os casos novos que ocorreram no período quanto os casos pré-existentes. É considerada uma medida estática. - Os casos existentes são daqueles que adoeceram em algum momento do passado, somados aos casos novos dos que ainda estão vivos - Casos existentes ou prevalentes = casos antigos + casos novos que estão vivos no momento da observação; - É determinada pela incidência, duração e movimentos migratórios; - Incidência quanto mais elevada e/ou a duração de uma doença, maior tende ser a sua prevalência; - Elevadas taxas de incidência não necessariamente altas proporções de prevalência. Ex.: doenças infecciosas - duração da doença é curta - cura ou óbito; OBS: É importante frisar que as taxas de prevalência apresentarão comportamento diferente quando estiverem tratando de doenças crônicas. No geral, haverá variação nessas taxas, por exemplo, a depender do tempo necessário para o doente se curar, devendo haver cautela também na análise das condições sem cura. Além disso, influenciam as taxas de prevalência: novos episódios de uma doença, óbitos, mudança de localização (doentes que migram e emigram para um determinado local). ✓ Medidas- Pontual ou instantânea: Frequência de casos existentes em um dado instante no tempo (ex.: em determinado dia, como primeiro dia ou último dia do ano). - De período: Frequência de casos existentes em um período de tempo (ex.: durante um ano). - Na vida: Frequência de pessoas que apresentaram pelo menos um episódio da doença ao longo da vida. Obs: Suas medidas são usadas para o planejamento de ações de saúde e administração de serviços de saúde 25 ✓ A prevalência e a incidência estão relacionadas: uma vez que a prevalência é uma função da incidência mediada pelo tempo de duração da doença. Fatores podem influenciar a incidência de uma doença: - Fatores que influenciam na prevalência: • Indicadores Globais 1) Coeficiente de mortalidade geral (CGM) - Refere-se a toda população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado 26 ✓ Vantagens: capacidade de relacionar o nível de saúde de diferentes áreas no tempo ✓ Erros: - Não inclusão de óbitos no numerador por subregistro - Estimativa incorreta do tamanho da população no denominador - Sofre influência da composição da população - sexo, idade, outros - Populações com faixas etárias diferentes não devem ser comparadas; - Geralmente, o coeficiente geral de mortalidade se situa entre 6 e 12 óbitos por 1.000 habitantes 2) Índice de Swaroope Uemura ou indicador de moralidade proporcional (RMP) - Mortalidade com 50 anos ou mais de idade - Razão de mortalidade proporcional - Proporção de óbitos em indivíduos com 50 anos de idade ou mais em relação ao total de óbitos - Altos valores = regiões mais desenvolvidas 3) Curvas de mortalidade proporcional - Curvas de Nelson de Moraes - Distribuição proporcional dos óbitos por grupos etários com relação ao total de óbitos para determinada região 27 - Indicam o nível de saúde da área avaliada - Grupos etários: menores de 1 ano crianças em idade pré-escolar (1-4 anos) crianças e adolescentes (5-19 anos) adultos jovens (20-49 anos) adultos meia idade e idosos (≥ 50 anos) 28 • Indicadores específicos ➢ Coeficiente / taxa de mortalidade infantil (TMI) - Refere-se aos óbitos ˂ 1 ano de idade - Estimativa do risco que as crianças nascidas vivas têm de morrer antes de completar um ano de idade. É considerado um indicador sensível das condições de vida e saúde de uma comunidade. - A mortalidade infantil pode ser classificada da seguinte maneira: ALTA (50 óbitos por mil ou mais nascidos vivos) MODERADA (20 a 49 óbitos por mil ou mais nascidos vivos BAIXA (menos de 20 óbitos por mil ou mais nascidos vivos). No Brasil, os óbitos infantis são registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). - Taxas elevadas de mortalidade infantil podem refletir condições de baixo desenvolvimento socioeconômico, precária infraestrutura ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e da população infantil. ✓ limitações: - Dissociações entre a TMI e o desenvolvimento social e econômico em algumas áreas geográficas - Cálculo prejudicado por subestimação de dados - Dificuldades em diferenciar “natimorto” e “nascido vivo” - Nascido vivo = é a extração ou expulsão completa do corpo da mãe, independente da duração da gravidez, de um produto da concepção que, depois da separação, respire ou apresente qualquer sinal de vida 29 - Nascido morto = é o nascimento de um feto com peso igual ou superior que 500 g e que não apresente quaisquer sinais de vida logo após a expulsão ou extração do corpo da mãe ✓ Componentes TMI: • coeficiente de mortalidade neonatal - (óbitos de 0 a 27 dias inclusive) em relação ao total de nascidos vivos (por 1000); - Estima o risco de um nascido vivo morrer até os 27 dias de vida. Reflete, de maneira geral, as condições socioeconômicas e de saúde da mãe, bem como a inadequada assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. - Atualmente, o principal componente da mortalidade infantil no Brasil é a mortalidade neonatal precoce (de 0 a 6 dias), sendo que 25% das mortes ocorrem nas primeiras 24h - Coeficiente de mortalidade neonatal precoce (0 a 6 dias inclusive); - Coeficiente de mortalidade neonatal tardia (7 a 27 dias). • coeficiente de mortalidade pós-neonatal ou infantil tardia - (óbitos de 28 dias a 364 dias inclusive) em relação ao total de nascidos vivos (por 1000). - Estima o risco de um nascido vivo morrer dos 28 aos 364 dias de vida. - De maneira geral, denota o desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura ambiental, que condicionam a desnutrição infantil e as infecções a ela associadas. - O acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materno-infantil são também determinantes da mortalidade nesse grupo etário. - Quando a taxa de mortalidade infantil é alta, a mortalidade pós-neonatal é, frequentemente, o componente mais elevado. 30 ➢ Coeficiente de mortalidade materna (TMM) - Representa o risco de óbitos por causas ligadas à gestação, ao parto ou ao puerpério, sendo um indicador da qualidade de assistência à gestação e ao parto numa comunidade/região. - Mortes Maternas = aquelas devidas a complicações da gravidez, do parto e do puerpério (até 42 dias após o parto). Não incluem as acidentais. - O número de nascidos vivos é adotado como uma aproximação do total de mulheres grávidas. Esse indicador reflete a qualidade da atenção à saúde da mulher, dessa forma taxas elevadas de mortalidade materna estão associadas à insatisfatória prestação de serviços de saúde a esse grupo, desde o planejamento familiar e assistência pré-natal, até a assistência ao parto e ao puerpério - Causas obstétricas diretas = próprias ou específicas da gravidez, parto e puerpério - Indiretas = não específicas da gravidez, parto ou puerpério, mas agravadas ou complicadas nesses períodos (DM) - TMM elevada predominam causas obstétricas diretas; também indica baixos níveis de saúde da população feminina (alerta para qualidade dos serviços prestados à população) - O número de nascidos vivos é utilizado no denominador da razão de mortalidade materna como uma estimativa da população de gestantes, exposta ao risco de morte por causas maternas. - As mortes maternas são consideradas evitáveis Entre mais de 60 mil disfunções maternas em 115 países, as causas de morte materna estão distribuídas da seguinte forma: hemorragia grave (especialmente durante e depois do parto): 27% hipertensão na gestação: 14% infecções: 11% parto obstruído e outras causas diretas: 9% complicações de abortos: 8% coágulos sanguíneos (embolias): 3% 31 ➢ Taxa de mortalidade por doenças transmissíveis - Mortalidade Proporcional por grupos de causas; - Distribuição da porcentagem de óbitos por grupos de causas definidas, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. ❖ Sistemas de informação - Um Sistema de Informação em Saúde (SIS) deve ser organizado enquanto um instrumento de apoio à gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Deve produzir informações que possibilitem: 32 - “Informação-decisão-ação” sintetiza a dinâmica das atividades da vigilância epidemiológica. - É fundamental: qualidade, veracidade; retrata a situação de saúde do país - Oportunidade, atualidade, disponibilidade e cobertura são características que determinam a qualidade da informação. - Integra as estruturas organizacionais dos sistemas de saúde; é constituído por vários subsistemas - Objetivo: facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões. - Planejamento, coordenação e supervisão das atividades relativas à coleta, registro, processamento,análise, apresentação e difusão de dados e geração de informações. - O propósito dos SIS é selecionar dados pertinentes e transformá-los em informações para aqueles que planejam, financiam, provêm e avaliam os serviços de saúde. Em síntese, devem disponibilizar o suporte necessário para que o planejamento, decisões e ações dos gestores, em determinado nível decisório (municipal, estadual e federal), seja baseado em evidências. - A finalidade principal refere-se à disponibilização de informação de qualidade onde e quando necessárias Produção da informação: 33 - Os Sistemas de Informação em Saúde devem produzir indicadores capazes de medir a eficiência, eficácia e efetividade: • Efetividade: obter transformações concretas na situação de saúde, coerentes com os objetivos propostos pela gestão; • Eficácia: por meio das ações produzidas, alcançar os melhores resultados possíveis, principalmente em relação à cobertura (número de pessoas atendidas) e à concentração (número de ações oferecidas a cada pessoa); • Eficiência: utilização dos recursos disponíveis da melhor maneira possível, no menor tempo possível e com menor custo, evitando “desperdícios”. - As principais funções dos SIS: • Analisar a situação atual de saúde; • Realizar planejamento com vistas ao estabelecimento de prioridades; • Fazer comparações de indicadores, metas e objetivos; • Documentar a qualidade da assistência prestada; • Avaliar mudanças ao longo do tempo; • Subsidiar tomada de decisões; • Demonstrar a confiabilidade e transparência dos serviços prestados, frente à sociedade; 34 Informação em saúde: consiste na descrição ou representação limitada de um evento, agravo, atributo ou dimensão da situação de saúde-doença-cuidado de indivíduos ou população, no tempo e espaço definidos, que foi (foram) tratado(s) e organizado(s) por profissionais ou gestores ou instituições, a partir de determinados interesses e objetivos (MORAES, 2014, p.44). ➢ SISAB: sistema de informação em saúde para a AB - O SISAB integra a estratégia do Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) denominada e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB). - Utilizado para coletar e sistematizar dados de produção nas visitas às comunidades, realizadas pelos agentes comunitários de saúde e equipe de Saúde da Família. - Além do SISAB, temos os sistemas e-SUS AB para captar os dados, que é composto por dois sistemas de software que instrumentalizam a coleta dos dados que serão inseridos no SISAB. São eles: 1) Coleta de Dados Simplificado (CDS); 2) Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e 35 3) Aplicativos (App) para dispositivos móveis, atualmente disponível: appAD (Atenção Domiciliar). - Atualmente, os instrumentos de coleta de informações do Sisab são: • Ficha de atividade coletiva • Ficha de procedimentos • Ficha de visita domiciliar • Ficha de atendimento individual • Cadastro domiciliar • Cadastro individual • Ficha de atendimento odontológico individual - Nesse sentido, os sistemas e-SUS AB foram desenvolvidos para o cuidado em saúde, podendo ser utilizado por profissionais de todas as equipes de AB, pelas equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), do Consultório na Rua (CnR), de Atenção à Saúde Prisional e da Atenção Domiciliar (AD), além dos profissionais que realizam ações no âmbito de programas como o Saúde na Escola (PSE) e a Academia da Saúde. - Informações da situação sanitária e de saúde da população do território por meio de relatórios de saúde, bem como de relatórios de indicadores de saúde por estado, município, região de saúde e equipe. ➢ SI-PNI: sistema de informações do Programa Nacional e Imunização - Fornece dados relativos à cobertura vacinal de rotina e, em campanhas, taxa de abandono e controle do envio de boletins de imunização. - Esse sistema dispõe de um subsistema de estoque e distribuição de imunobiológicos para fins gerenciais. - O objetivo fundamental do SI-PNI é possibilitar aos gestores envolvidos no programa uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias, a partir do registro dos imunos aplicados e do quantitativo populacional vacinado, que são agregados por faixa etária, em determinado período de tempo, em uma área geográfica. - O objetivo: Registra, por faixa etária, as doses de imunobiológicos aplicadas e calcula a cobertura vacinal; Fornece informações sobre rotina e campanhas, taxa de abandono e envio de boletins de imunização; Gerencia os atendimentos, o estoque e a distribuição dos imunobiológicos; Possibilita o controle das perdas físicas e técnicas de vacinas em todas as instâncias; Identifica as reações que estão ocorrendo pós vacinação, notificando os eventos adversos observados nos usuários vacinados; Identifica de forma individualizada os usuários que receberam atendimento nos Centros de Referências de Imunobiológicos Especiais; Possibilita a padronização do perfil de avaliação. 36 ✓ Avaliação do Programa de Imunizações (API): - Registra, por faixa etária, as doses de imunob. aplicadas e calcula a cobertura vacinal, por unidade básica, município, regional da Secretaria Estadual de Saúde, estado e país. Fornece informações sobre rotina e campanhas, taxa de abandono e envio de boletins de imunização. Pode ser utilizado nos âmbitos federal, estadual, regional e municipal. ✓ Estoque e Distribuição de Imunobiológicos (EDI): - Gerencia o estoque e a distribuição dos imunob. contempla o âmbito federal, estadual, regional e municipal; ✓ Eventos Adversos Pós-vacinação (EAPV): - Permite o acompanhamento de casos de reações adversas ocorridas pós-vacinação e a rápida identificação e localização de lotes de vacinas. ✓ Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão (Pais): - Sistema utilizado pelos supervisores e assessores técnicos do PNI para padronização do perfil de avaliação, capaz de dar agilidade a tabulação de resultados. 37 ✓ Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão em Sala de Vacinação (PAISSV): - Sistema utilizado pelos coordenadores estaduais de imunizações para padronização do perfil de avaliação, capaz de dar agilidade à tabulação de resultados. ✓ Apuração dos Imunobiológicos Utilizados (AIU): - Permite realizar o gerenciamento das doses utilizadas e das perdas físicas para calcular as perdas técnicas a partir das doses aplicadas. ✓ Sistema de Informações dos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais - (Sicrie): - Registra os atendimentos nos Cries e informa a utilização dos imunobiológicos especiais e eventos adversos. ➢ SISCOLO/SISMAMA - Sistema de informação do câncer do colo do útero e Sistema de Informação do câncer e mama - Apoia a rede de gerenciamento no acompanhamento da evolução do programa; - Dissemina informações em saúde para Gestão e Controle Social do SUS bem como para apoio à Pesquisa em Saúde. - Sistema informatizado de entrada de dados desenvolvido pelo DATASUS em parceria com o INCA, para auxiliar a estruturação do Viva Mulher (Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama). - Coleta e processa informações sobre identificação de pacientes e laudos de exames citopatológicos e histopatológicos, fornecendo dados para o monitoramento externo da qualidade dos exames, e assim orientando os gerentes estaduais do Programa sobre a qualidade dos laboratórios responsáveis pela leitura dos exames no município. ➢ HIPERDIA - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos - Destina-se ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do SUS, permitindo gerar 38 informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados. - O sistema envia dados para o Cartão Nacionalde Saúde, funcionalidade que garante a identificação única do usuário do SUS. - Orienta os gestores públicos na adoção de estratégias de intervenção; - Permite conhecer o perfil epidemiológico da hipertensão arterial e do diabetes mellitus na população. - Cadastra e acompanha a situação dos portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus em todo o país; - Gera informações fundamentais para os gerentes locais, gestores das secretarias e Ministério da Saúde; - Disponibiliza informações de acesso público com exceção da identificação do portador; - Envia dados ao CadSUS. ➢ SISPRENATAL - Sistema de acompanhamento da gestante - É um software desenvolvido para acompanhamento adequado das gestantes inseridas no Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), do Sistema Único de Saúde. Apresenta o elenco mínimo de procedimentos para uma assistência pré-natal adequada, ampliando esforços no sentido de reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna, perinatal e neonatal. - Disponibiliza registro diário dos atendimentos às gestantes; - Disponibiliza numeração para acompanhamento da gestação e geração de incentivo de parto no SIH-SUS. ➢ SIM - Sistema de informações sobre mortalidade - Tem por objetivo captar os dados de óbitos e fornecer informações sobre mortalidade. A análise dos dados do SIM permite, em termos gerais, a construção de importantes indicadores para o delineamento do perfil de saúde de uma região. As informações deste sistema permitem obter a mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, local de ocorrência e residência, letalidade de agravos dos quais se conheça a incidência, bem como taxas de mortalidade geral, infantil, materna etc. (OLIVEIRA, 2012). - O SIM tem como instrumento padronizado de coleta de dados a Declaração de Óbito (DO). - Consistem em funcionalidades atuais do SIM (DATASUS, 2016): 39 • Declaração de óbito informatizado • Geração de arquivos de dados em várias extensões para análises em outros aplicativos • Retroalimentação das informações ocorridas em municípios diferentes da residência do paciente • Controle de distribuição das declarações de nascimento (municipal, regional, estadual e federal) • Transmissão de dados automatizada, utilizando a ferramenta SISNET gerando a tramitação dos dados de forma ágil e segura entre os níveis municipal > estadual > federal • Backup on-line dos níveis de instalação (municipal, regional e estadual) - Criado em 1975, este sistema iniciou sua fase de descentralização em 1991, dispondo de dados informatizados a partir de 1979. Tem como instrumento padronizado de coleta de dados a Declaração de Óbito (DO), impressa em três vias coloridas, cuja emissão e distribuição para os estados, em séries pré-numeradas, são de competência exclusiva do Ministério da Saúde. - A distribuição das Do´s: Secretarias estaduais de saúde. - Secretarias municipais: controle e distribuição entre os profissionais médicos / instituições e recolhimento das primeiras vias em hospitais e cartórios Para óbitos hospitalares - O médico do estabelecimento onde ocorreu o falecimento preenche a DO em três vias: 1a. via, (branca) deve ser encaminhada para a SMS, para fins de processamento. 2a. via, (amarela) deve ser entregue aos familiares para que se proceda o registro do óbito em cartório. 3a. via, (rosa) será arquivada no estabelecimento de saúde onde ocorreu o óbito (prontuário). - A obrigatoriedade de seu preenchimento, para todo óbito ocorrido, é determinada pela Lei Federal n°6.015/73. - Nenhum sepultamento deveria ocorrer sem prévia emissão da DO. - A partir das informações contidas nesse sistema, pode-se obter a mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, local de ocorrência e residência e letalidade de agravos dos quais se conheça a incidência, bem como taxas de mortalidade geral, infantil, materna ou por qualquer outra variável contida na DO ➢ SINASC 40 - Sistema de informações sobre nascidos vivos. É o sistema responsável pelo registro de nascidos vivos - Instrumento: Declaração de Nascido Vivo (DN) - Deve ser preenchida nos hospitais e outras instituições de saúde que realizam partos, e nos Cartórios de Registro Civil, na presença de duas testemunhas, quando o nascimento ocorre em domicílio sem assistência de profissional de saúde - O número de nascidos vivos é o denominador que possibilita a constituição de indicadores voltados para a avaliação de riscos à saúde do segmento materno-infantil - A obrigatoriedade do registro da Declaração de Nascidos Vivos é dada pela Lein°6.015/73. - A DN deve ser preenchida para todos os nascidos vivos no país; - As DN são pré-numerados, impressos em três vias coloridas e distribuídos às SES pela SVS/MS. É preconizado que as SMS devem assumir a distribuição aos estabelecimentos de saúde e cartórios. - Proporção de nascidos vivos de baixo peso, proporção de nascimentos prematuros, proporção de partos hospitalares, proporção de nascidos vivos por faixa etária da mãe, valores do índice Apgar no primeiro e quinto minutos, número de consultas pré-natal realizadas para cada nascido vivo, dentre outros. Além desses, podem ainda ser calculados indicadores clássicos voltados à caracterização geral de uma população, como a taxa bruta de natalidade e a taxa de fecundidade geral. ➢ SINAN - É o principal sistema da vigilância epidemiológica, pois consolida o registro das doenças de notificação compulsória no país. É facultado a Estados e Municípios incluírem outros problemas de saúde regionalmente importantes. - Tem como objetivo padronizar a coleta e o processamento de dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional e, assim, fornecer informações para a análise do perfil de morbidade, contribuindo para a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal. - É alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua região. - Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas 41 estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica. - A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente, em conformidade com o art. 8º da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975. - Fichas de coleta de dados ✓ Critérios de inclusão de agravos na lista de notificação compulsória: 42 Magnitude: aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes contingentes populacionais e se traduzem por altas taxas de incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos Potencial de disseminação: representado pelo elevado poder de transmissão da doença, por meio de vetores ou outras fontes de infecção, colocando sob risco a saúde coletiva; ✓ Transcendência: - Custo pessoal e social dos agravos à população tudo o que passa a interferir diretamente nas relações sociais, econômicas, profissionais e culturais: • severidade, medida por taxas de letalidade, de hospitalização e de sequelas; • relevância social, avaliada, pelo valor atribuído pela sociedade à ocorrência da doença e que se manifesta pela sensação de medo, repulsa ou indignação; • relevância econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições comerciais, redução da força de trabalho, absenteísmo escolar e laboral, custos assistenciais e previdenciários,etc.; - Vulnerabilidade: medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre os indivíduos e coletividades; - Compromissos internacionais: firmados pelo governo brasileiro, no âmbito de organismos internacionais como a OPAS/OMS, que visam empreender esforços conjuntos para o alcance de metas continentais ou até mundiais de controle, eliminação ou erradicação de algumas doenças; - Regulamento Sanitário Internacional: as doenças que estão definidas como de notificação compulsória internacional, são incluídas, obrigatoriamente, nas listas nacionais de todos os países membros da OPAS/OMS; - Epidemias, surtos e agravos inusitados: todas as suspeitas de epidemia ou de ocorrência de agravo inusitado devem ser investigadas e imediatamente notificadas aos níveis hierárquicos superiores, pelo meio mais rápido de comunicação disponível ✓ Aspectos que devem ser considerados na notificação: - Notificar a simples suspeita da doença; 43 - A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico- sanitário, em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos; - O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos, configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como um indicador de eficiência do sistema de informações. ❖ Estudos Epidemiológicos - São estudos cuja finalidade é descrever ou caracterizar o processo saúde-doença. CLASSIFICAÇÃO a) Quanto à unidade em estudo: individual ou ecológico; b) Quanto à intervenção do investigador: observacionais ou experimentais; c) Quanto ao propósito geral: descritivo ou analítico; Visam descrever os agravos, apontar os determinantes e orientar as indicações de meio- controle-profilaxia; é desta forma que se conhecem os agravos • Os estudos epidemiológicos podem ser classificados em observacionais e experimentais. De uma maneira geral, os estudos epidemiológicos observacionais podem ser classificados em descritivos e analíticos. ➢ Tipos de abordagem: 1) Quantitativa - Coleta sistemática de informações que podem ser quantificadas, em condições de controle, além de análises por meio estatístico; tem como requisito o estabelecimento de hipóteses que se desdobram e variáveis e estas em indicadores; - Enfatiza o raciocínio lógico - Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coleta de informações - Objetividade na coleta e análise das informações - A análise se dá através de dados numéricos, por meio de procedimentos estatísticos; - O pesquisador não interfere na pesquisa - Verifica teoria - Tem como intenção garantir a precisão dos resultados mediante dados estatísticos, possibilitando margem de segurança 44 - Frequentemente utilizada para estudos exploratórios, descritivos e analíticos 2) Qualitativa - Coleta e análise sistemática de materiais narrativos. Tem caráter subjetivo - Destina-se à compreensão de alguns fenômenos de natureza mais subjetiva - Este desenho depende da natureza do problema ou fenômeno que se pretende analisar - Frequentemente utilizada em estudos que avaliam a experiência humana, que exploram a cultura, que relatam experiência de vida ou estudos de caso; - Trabalha com a interpretação, descoberta, descrição e entendimento - Não possui uma coleta de dados estruturada formalmente - Busca o significado e a compreensão destes. •Para Minayo (2004): Coerência e lógica; consistência; objetivação; originalidade 45 ➢ Tipos de estudos 46 ✓ Observacionais - É um estudo onde o investigador mede, mas não intervém. Podem ser divididos em estudos descritivos ou analíticos: • Descritivo: limita-se a descrever a ocorrência de uma doença em uma população. É raro encontramos um estudo descritivo raro. Geralmente é a primeira parte em uma investigação epidemiológica. Suas desvantagens incluem a presença de casos altamente selecionados, o que pode trazer um viés muito grande a pesquisa, resultados imprevisíveis e a perspectiva do pesquisador. - Determina a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos. - A epidemiologia descritiva pode fazer uso de dados secundários (dados pré-existentes) e primários (dados coletados para o desenvolvimento do estudo). • “como é” ou “como está” a situação das variáveis a serem pesquisadas em uma população. Tem como objetivo apresentar os dados e não os explicar; • Propõe descobrir, desvendar as características de determinado fenômeno, investigar; • Determina a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos. • Responde à pergunta: quando, onde e quem adoece? • Analítico: aborda a relação entre o estado de saúde e as outras variáveis. 47 - Estudos analíticos são aqueles delineados para examinar a existência de associação entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde. - Tem o objetivo básico de avaliar (não apenas descrever) se a ocorrência de um determinado evento é diferente entre indivíduos expostos e não expostos a um determinado fator ou de acordo com as características das pessoas. • Investigam a correlação entre as variáveis, sua relação e o modo com que estão operando • Volta-se a desvendar qual a causa de determinado fenômeno; • Estes são estudos realizados com o objetivo específico de testar hipóteses; a) Ecológico (ou de correlação): É o estudo de uma população em uma área geográfica definida. Avalia a influência socioambiental no processo saúde-doença. Nos estudos ecológicos, compara-se a ocorrência da doença/condição relacionada à saúde e a exposição de interesse entre agregados de indivíduos (populações de países, regiões ou municípios, por exemplo) para verificar a possível existência de associação entre elas. - “Um estudo ecológico ou agregado focaliza a comparação de grupos, ao invés de indivíduos. A razão subjacente para este foco é que dados a nível individual da distribuição conjunta de duas (ou talvez todas) variáveis estão faltando internamente nos grupos; neste sentido um estudo ecológico é um desenho incompleto” • Compara-se a ocorrência da doença/condição relacionada à saúde e a exposição de interesse entre agregados de indivíduos (populações de países, regiões ou municípios, por exemplo) para verificar a possível existência de associação entre elas. • Em um estudo ecológico típico, medidas de agregados da exposição e da doença são comparadas. Nesse tipo de estudo, não existem informações sobre a doença e exposição do indivíduo, mas do grupo populacional como um todo → isso é particularmente importante quando se considera que a expressão coletiva de um fenômeno pode diferir da soma das partes do mesmo fenômeno. • A possibilidade do viés ecológico é sempre lembrada como uma limitação para o uso de correlações ecológicas. O viés ecológico – ou falácia ecológica – é possível porque uma associação observada entre agregados não significa, obrigatoriamente, que a mesma associação ocorra em nível de indivíduos; - Nos Estudos Ecológicos as medidas usadas representam características de grupos populacionais. Portanto a unidade de análise é a população e não o indivíduo... Ele pode motivar estudos mais específicos. 48 OBJETIVOS • Gerar ou testar hipóteses etiológicas → explicar a ocorrência da doença; • Avaliar a efetividade de intervenções na população → testar a aplicação de nosso conhecimento para prevenir doença ou promover saúde; •Correlação entre um fator de risco presumido e um desfecho; • Grupos podem ser definidos por local (comparações geográficas) ou portempo (tendências temporais); b) Transversais (seccionais ou de prevalência): medem a prevalência da doença, sendo as medidas de exposição e efeito (doença) realizadas simultaneamente. Pode ser comparado a um “retrato” retirado da situação no momento da análise. - Nos estudos seccionais, a exposição e a condição de saúde do participante são determinadas simultaneamente. Em geral, esse tipo de investigação começa com um estudo para determinar a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde de uma população especifica. - As características dos indivíduos classificados como doentes são comparadas às daqueles classificados como não doentes. Esta é a característica fundamental de um estudo seccional: não é possível saber se a exposição antecede ou é consequência da doença/condição relacionada à saúde. Portanto, esse delineamento é fraco para determinar associações do tipo causa-efeito, mas adequado para identificar pessoas e características passíveis de intervenção e gerar hipóteses de causas de doenças. c) Estudo de casos e controle: Doença ⇾ Risco. Geralmente, pode ser utilizado para investigar a causa das doenças raras. Inclui pessoas com a doença e um grupo controle composto de pessoas não afetadas pela doença ou variável de desfecho. São sempre longitudinais pois há coleta de dados em dois momentos distintos e retrospectivos, uma vez que o investigador - Nos estudos caso-controle, primeiramente, identificam-se indivíduos com a doença (casos) e, para efeito de comparação, indivíduos sem a doença (controles); 49 - Parte-se do efeito (doença) para a investigação da causa (exposição); - Os estudos tipo caso-controle partem de um grupo de indivíduos acometidos pela doença em estudo, os casos, comparando-os com outro grupo de indivíduos que devem ser em tudo semelhantes aos casos, diferindo somente por não apresentarem a referida doença, os controles; Indicações: situações como as encontradas em surtos epidêmicos ou diante de agravos desconhecidos, em que é indispensável a identificação urgente da etiologia da doença com o objetivo de uma imediata ação de controle. - Vantagens: 1. tempo mais curto para o desenvolvimento do estudo, uma vez que a seleção de participantes é feita após o surgimento da doença; 2. custo mais baixo da pesquisa; 3. maior eficiência para o estudo de doenças raras; 4. ausência de riscos para os participantes; 5. possibilidade de investigação simultânea de diferentes hipóteses etiológicas. - Desvantagens: 1. Viés de seleção (casos e controles podem diferir sistematicamente, devido a um erro na seleção de participantes); 2. Viés de memória (casos e controles podem diferir sistematicamente, na sua capacidade de lembrar a história da exposição); 50 d) Estudo de coortes (longitudinal ou de incidência): Risco ⇾ Doença. Iniciam com um grupo de pessoas livres da doença, que são classificados em subgrupos, de acordo com a exposição a uma causa potencial da doença ou desfecho sob investigação. É comparado a um “filme” da situação em um período (longitudinal). - Uma coorte é um grupo de indivíduos definido a partir de suas características pessoais (idade, sexo, etc.), nos quais se observa, mediante a exames repetidos, a aparição de uma enfermidade (ou outro desfecho) determinada. •Selecionados conforme o status de exposição ⇾ incidência da doença; • Os estudos de coorte permitem determinar a incidência da doença entre expostos e não expostos e conhecer a sua história natural; • Este estudo consiste em verificar se indivíduos expostos ao fator de risco desenvolvem a doença em questão em maior ou menor proporção do que um grupo de indivíduos não expostos; • Segundo Vieira e Hossne (2001), o período de acompanhamento é longo, pois é preciso esperar que ocorra a doença; a amostra é grande, para garantir que um número significativo de pessoas desenvolva a doença – DESVANTAGEM - Nos estudos de coorte, primeiramente, identifica-se a população de estudo e os participantes são classificados em expostos e não expostos a um determinado fator de interesse. A seguir, os indivíduos dos dois grupos são acompanhados para verificar a incidência da doença/condição relacionada à saúde entre expostos e não expostos. Se a exposição estiver associada à doença, espera-se que a incidência entre expostos seja maior do que entre não expostos. • Tipos de desfechos a serem investigados: 51 - Mortalidade (geral ou por uma determinada causa) - Incidência de doenças (ex. câncer de pulmão) - Mudanças ao longo do tempo nos níveis de um marcador biológico de progressão de doença - Aspectos comportamentais (ex. níveis de atividade física) • Tipos de exposição: - Exposições ambientais propriamente ditas, de natureza química ou física (ex. radiação, exposições ocupacionais). - Comportamentos relacionados à saúde (ex. tabagismo, dieta, atividade física). - Características biológicas (ex. pressão arterial, colesterol sérico). - Fatores socioeconômicos (ex. escolaridade, renda). ✓ Intervencionais ou experimentais - Caracteriza-se pela manipulação do fator causal, levando a determinação de seu efeito - A população é dividida em caso e controle; - Introduz-se ou suprime-se o fator suspeito; - Depois de determinado período, verifica-se a mudança ou efeitos produzidos; - Requer muitos cuidados éticos; - Portaria 466/2012 - Envolvem a tentativa de mudar os determinantes de uma doença ou cessar seu progresso através de um tratamento. 52 a) Ensaio clínico randomizado: É um estudo prospectivo que compara duas ou mais investigações e/ou um placebo. É o padrão ouro para determinar a eficácia de intervenção. - Possui vários subtipos: Cross over → todos recebem o mesmo medicamento, sendo que os diferentes grupos servem de controle uns para os outros. Duplo-cego → nem o examinado e nem o examinador sabem quem recebe intervenção e quem é placebo. Cego → uma das partes não sabe quem recebe intervenção e quem é placebo - Vantagens: Fatores de prognósticos balanceados entre grupos devido a aleatoriedade; Coleta detalhada de informações; Dose pode ser pré-determinada; Cego diminui distorções; - Desvantagens: Generalização dos efeitos na população externa reduzida por causa das exclusões; Demorado; Amostras grandes; Custo elevados; Dificuldade com aderência das intervenções; b) Ensaio de campo: É semelhante ao ensaio clínico, a diferença consiste na amostra pois no ensaio clínico a análise do efeito é baseada nos doentes, e no ensaio de campo analisa-se o efeito em pacientes sadios. Sua vantagem é que os dados são coletados na população em geral, porém é mais caro e com maior duração. c) Ensaio comunitário: Envolve a intervenção em uma comunidade ao invés de intervenções individuais. Avalia a eficácia de promoções primárias em saúde que buscam modificar fatores de risco. Como limitação possui a dificuldade de limitar a comunidade
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