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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE ___. MARIA, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o n°__, RG n°__, endereço eletrônico, residente e domiciliada em __, CEP__, vem por seu advogado, com endereço profissional na rua__, bairro__, cidade __, estado__ , respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com amparo nos artigos 5°, V, da CF/88, 6°, VI, VII, 42, todos da Lei 8.078/90 (CDC), artigos 186 e 927, ambos do Código Civil c/c artigo 300 do Novo Código de Processo Civil, propor: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE LIMINAR POR INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO em face de LOJAS POPULAR, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n°__, sediada na rua__, cidade__, CEP, o que faz de acordo com os fatos e fundamentos de direito a seguir exposto: I- DOS FATOS Em julho de 2019, a autora se direcionou à Lojas Popular para fazer compras e, ao tentar utilizar o cartão popular, foi surpreendida com a informação de que estava em débito no valor de R$ 780,00 (setecentos e oitenta reais), referente a fatura do mês anterior (06/19), fatura esta, devidamente quitada. Nesta mesma ocasião, a autora contatou a empresa e comunicou-se com a mesma funcionária da empresa a quem tinha recebido o pagamento da mencionada fatura, referente ao mês de junho/2019, naquele mesmo momento a funcionária se prontificou a enviar email para o setor competente das lojas Popular, como comprovante de pagamento em anexo, informando que a consumidora já havia efetuado o pagamento da fatura. No entanto, no mês seguinte, qual seja agosto de 2019, Maria, ora autora, foi novamente surpreendida com a fatura do cartão constando aquele mesmo débito, além do valor referente a outras compras efetuadas, em vista disso, a mesma recusou-se a efetuar o pagamento dos valores indevidamente cobrados, efetuando tão somente o pagamento dos valores devidos. Contudo, apesar de Maria já ter reclamado várias vezes junto ao estabelecimento, bem como ter esclarecido estas questões por telefone, através dos protocolos 1234 e 4321, a empresa continua lhe cobrando indevidamente os mesmos valores, o que vem causando graves constrangimentos a autora, inclusive com impacto na sua saúde, por ter problemas cardíacos. Além disso, Maria foi informada que seu nome encontra-se negativado nos órgãos de proteção ao crédito, impossibilitando-a de realizar várias operações comerciais e financeiras, inclusive durante uma viagem ao exterior o que consequentemente agravou ainda mais os constrangimentos sofridos em decorrência da conduta ilícita da empresa. Ressalte-se, que a autora tentou por varias vezes resolver o ocorrido fora do judiciário, não obtendo êxito, a autora não tem outra alternativa, senão, propor a presente ação. II– DO PEDIDO LIMINAR Conforme demonstrado, a autora não possui uma única mácula, a não ser aquela, injustamente, inserida pela requerida. Neste sentido, requer-se junto a este juízo, em sede de liminar, que seu nome seja retirado dos cadastros de proteção ao crédito, haja vista não ter débito com a requerida. Para a concessão de medida liminar, faz-se necessário a comprovação do fumus boni iuris e do periculum in mora, o que ficara devidamente comprovado. Quanto ao fumus boni iuris, resta-se claro, que o que se pede é um direito certo da autora a exclusão do seu nome do cadastro, por não possuir qualquer débito com a ré. Ademais, o periculum in mora fica demonstrado ante aos danos e prejuízos já suportados e outros tantos que podem advir se mantido o apontamento negativo. Desta forma, não resta dúvidas quanto a possibilidade de concessão da medida liminar pleiteada. Ante o exposto, com fundamento no artigo 300 do Novo Código de Processo Civil, seja concedida a medida liminar, inaudita altera parte para que a Empresa requerida retire o nome da requerente do cadastro de proteção ao crédito e seus respectivos congêneres. III– DO DIREITO Em decorrência do incidente já exposto acima, a requerente vivenciou várias situações constrangedoras, angustiantes, tendo sua moral abalada, face à cobranças indevidas e ao seu nome inscrito no cadastro de inadimplentes com seus reflexos prejudiciais, sendo suficientes a ensejar danos morais. O certo é que até o presente momento a requerente permanece com seu nome no cadastro de inadimplentes, por conta de um débito já devidamente quitado, e precisa que seja retirado, para que assim consiga continuar com sua vida sem restrições. A empresa requerida, está agindo com manifesta negligência e evidente descaso com a requerente, pois jamais poderia ter inscrito o nome da autora no cadastro, pois como já mencionado, o débito cobrado é inexistente. Sua conduta causou danos a imagem, à honra e ao bom nome da requerente, de modo que encontra-se com a imagem de mau pagador, de forma absolutamente indevida, eis que nada teve. Desta forma, a empresa requerida não pode se eximi da responsabilidade pela reparação do dano causado. Sobre o tema, assim já decidiram os egrégios Tribunais de Justiça: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - PROCEDÊNCIA - DECISÃO CORRETA - NOME INSCRITO NO SPC INDEVIDAMENTE - ANTECIPAÇÃO CONCEDIDA - PROVA DO PREJUÍZO - DESNECESSIDADE - ART. 159 CC DE 1916 - VALOR FIXADO COMPATÍVEL COM A LESÃO - RECURSO IMPROVIDO. A indevida inscrição do nome do ofendido no SPC autoriza a antecipação da tutela para sua exclusão e motiva a indenização por dano moral, independentemente da prova objetiva do prejuízo. A fixação do valor indenizatório deve servir para amenizar o sofrimento do ofendido e também desestimular a repetição do ato lesivo. Sentença mantida”. (RAC n. 44349/2003 – Dr. Gerson Ferreira Paes). INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - INJUSTA NEGATIVAÇÃO NO SPC - DEVER DE INDENIZAR - DESNECESSIDADE DE PROVA DO PREJUÍZO - VALOR DA INDENIZAÇÃO - RECURSOS IMPROVIDOS. A permanência da inscrição em órgão de restrição ao crédito, depois de quitada a dívida, acarreta a responsabilidade pela indenização, independente da prova objetiva do dano. Na fixação da indenização há que se atentar para a não configuração do enriquecimento seu causa da vítima”. (RAC n. 18301/2004 – Des. Evandro Estáblie). A Constituição Federal de 1988 preceitua em seu artigo 5º, inciso X, que: “Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;" Dessa forma, resta-se claro que a requerida, ao cometer imprudente ato, afrontou conscientemente o texto constitucional acima transcrito, devendo, por isso, ser condenada à respectiva indenização pelo dano moral sofrido pela requerente. Diante do narrado, fica claramente demonstrado o absurdo descaso e negligência por parte da requerida, que permaneceu com o nome da requerente até o presente momento inserido no cadastro de inadimplentes, fazendo-a passar por um constrangimento lastimável. À luz do artigo 186 do Código Civil, aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja: a) ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; b) ocorrência de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral; c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente, sendo indiscutível o liame jurídicoexistente entre eles, pois se não fosse a manutenção do nome do requerente no rol de protestados a mesma não teria sofrido os danos morais pleiteados, objeto desta ação. Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados, visto que, em razão de tal fato, decorrente da culpa única e exclusiva da empresa requerida, esta teve a sua moral afligida, foi exposta ao ridículo e sofreu constrangimentos de ordem moral, o que inegavelmente consiste em meio vexatório. Preconiza o Art. 927 do Código Civil: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Não se pode deixar de favorecer compensações psicológicas à ofendida que, obtendo a legítima reparação satisfatória, poderá, porventura, ter os meios ao seu alcance de encontrar substitutivos, ou alívios, ainda que incompletos, para o sofrimento. Já que, dentro da natureza das coisas, não pode o que sofreu lesão moral recompor o "status quo ante" restaurando o bem jurídico imaterial da honra, da moral, da auto estima agredidos, por que o deixar desprotegido, enquanto o agressor se quedaria na imunidade, na sanção? No sistema capitalista a consecução de recursos pecuniários sempre é motivo de satisfação pelas coisas que podem propiciar ao homem. IV- DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) Que seja deferido o pedido de LIMINAR, para que a empresa reclamada retire o nome da requerente do banco de dados do serviço de proteção ao crédito-SPC e seus respectivos congêneres, sob pena de multa diária a ser arbitrada por este douto juízo; b) Que seja notificada a empresa requerida para que querendo, conteste a presente ação, devendo comparecer nas audiências de conciliação e instrução e julgamento, sob pena de revelia quanto a matéria de fato; c) Seja ao final, julgado procedente o pedido ora formulado, condenando a requerida ao pagamento de__à titulo de danos morais. Protesta-se provar o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidas. Dá-se a causa, o valor de R$ ___. Nestes termos, Pede e Espera deferimento. Cidade, data. Advogado OAB/UF
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