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AULA 1 GERENCIAMENTO DE RISCOS Prof. Thiago Ayres 02 CONVERSA INICIAL “A melhor maneira de prevenir o futuro é criá-lo”. Tenho certeza de que você já ouviu essa frase antes. E é exatamente por acreditarmos nela que estamos aqui: sejam bem-vindos à disciplina Gerenciamento de Riscos. Se quer aprender mais sobre como antever as incertezas do futuro e se preparar para elas, esta disciplina é para você. Se acredita que risco é apenas aquilo que pode nos trazer problemas, esta disciplina é para você. Se acha que não podemos fazer nada quanto ao futuro, a não ser esperar e reagir a ele, definitivamente esta disciplina é para você. Veremos que os riscos estão a nossa volta e que a arte de lidar com eles – identificá-los, analisá-los e responder a eles – já é parte integrante do nosso jeito de viver, seja no dia a dia, seja nos projetos pessoais e também nos negócios. Esta arte de lidar com os riscos da melhor maneira possível, extraindo deles melhor possível, chamamos de Gerenciamento (ou Gestão) de Riscos. A gestão de riscos nos auxilia a nos preparar melhor para o futuro, obtendo, assim, melhores resultados. Segundo Dinsmore (2012), não está ligada somente a atividades de alto risco, mas a todas as atividades humanas. É aplicável desde a construção de uma casa até o lançamento de um novo negócio. E é indispensável aos profissionais de sucesso. Vamos apresentar um rápido panorama sobre o quanto a gestão de riscos tem impacto na vida pessoal e empresarial. Para começarmos nossas reflexões, vamos tratar nesta aula sobre o que é risco e o que é gerenciamento de risco. Abordaremos também as definições, características e exemplos na vida cotidiana. Falaremos ainda sobrea relevância e os benefícios do gerenciamento de riscos no sucesso pessoal e profissional, bem como sobre as principais referências do tema. Em um segundo momento vamos tratar do primeiro passo da gestão de riscos como prática: o planejamento. Na sequência, o foco será a identificação de riscos, trazendo práticas e ferramentas para levantarmos quais são as fontes de incerteza, para, na sequência, podermos lidar com elas. No próximo passo, iniciaremos nossa análise dos riscos identificados nas abordagens qualitativa e quantitativa, o que nos auxiliará a priorizar os riscos que merecem maior atenção. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 Trataremos, na etapa seguinte, de responder aos riscos prioritários. Ora, de nada adianta identificar e analisar se não prepararmos respostas que nos ajudem a extrair o melhor de cada situação de risco. Finalizando a nossa rota, na última aula, tratamos de colocar em prática as ações de monitoramento dos riscos para garantir que vamos agir no tempo certo – implementando as respostas planejadas – para extrair a melhor chance de sucesso. Os temas serão abordados por meio de textos, vídeos e proposições de reflexão e prática. Ao longo de cada aula, você terá a oportunidade de integrar o conteúdo, compreendendo e apropriando-se do conhecimento por meio de situações de aprendizagem. Este material visa ser um ponto de partida nesta jornada, que apresenta conceitos importantes e, principalmente, recomendações e dicas práticas para você começar a utilizar estas técnicas na sua vida, de maneira a economizar recursos, tempo e preocupação e obter maior chance de sucesso nos seus projetos. Há muito mais no universo da gestão de riscos do que o apresentado aqui. Este material não tem a pretensão de ser definitivo, mas sim de guiar os primeiros passos de uma longa e prazerosa caminhada. Afinal, quando falamos de desenvolvimento de pessoas, nós educadores só podemos abrir a porta: cabe a você decidir entrar. CONTEXTUALIZANDO E se pudéssemos prever o futuro? Acredite, é possível. Não daquele jeito que vemos nos filmes, em que os personagens descobrem por meio de uma bola de cristal exatamente o que vai acontecer e quando. Mas de outro modo. Com certeza você já presenciou uma situação de problema e pensou: Mas como ninguém pensou nisso antes? É aí que entra o Gerenciamento de Riscos! Todos os dias estamos cercados de riscos, isto é, eventos incertos que trarão algum tipo de impacto – positivo ou negativo – em nossas atividades ou em nossa rotina. Ao aprender a identificar, priorizar e se preparar para estes eventos, elevamos muito a nossa chance de sucesso. Podemos reduzir a chance ou impacto dos eventos ruins e aumentar a chance ou impacto dos eventos bons em nossa vida. 04 TEMA 1 – ONIPRESENÇA DOS RISCOS NA VIDA PESSOAL E EMPRESARIAL Como já mencionado, vivemos uma vida baseada em risco: tudo a nossa volta é incerto. Em um mundo em constante mudança – e cada vez mais rápido – isso é ainda mais acentuado. Aprendemos a conviver com riscos em aspectos operacionais do cotidiano. Pense nos riscos relacionados à sua vida: riscos de locomoção, a relação risco-retorno nos investimentos e o preço do seguro do seu carro, que flutua conforme o risco. Em qualquer projeto – pessoal ou profissional – e também em operações de negócio, risco é parte sempre presente no cenário. Veja alguns exemplos. No dia a dia, ao irmos ao trabalho, há o risco de um acidente de carro, de sermos assaltados ou ainda de encontrarmos algum dinheiro na rua. Ao construir ou reformar uma casa, há riscos como atrasos devido a falhas da equipe contratada, erros de planejamento ou até mesmo encontrar um rio durante a fase de escavação. Nos projetos de nossa própria empresa, como a implantação de um novo sistema de gestão empresarial, por exemplo, há o risco de uma má identificação de requisitos, gerando um sistema que não atende aos usuários adequadamente. Há também o risco de precisarmos trabalhar horas-extras para cumprir com a implantação, o que vai gerar atrasos e mais custos. Há, ainda, o risco de sermos reconhecidos como um funcionário ou líder de destaque durante esse projeto, o que pode nos render uma promoção ou aumento! Candido Marcelo Realce 05 Nos projetos empresariais, quando lideramos ou somos parte de um time, é preciso conhecer quais são os riscos associados com aquela iniciativa e preparar-se para eles com antecedência para aumentar as chances de sucesso. Para os projetos pessoais, os quais conduzimos para felicidade e conforto na vida, acontece a mesma coisa: quanto mais preparados para o futuro estivermos, maior será a nossa chance de sucesso. Assim, cabe concluir que os riscos são um fator onipresente em nossa vida: estão por todos os lados a todo tempo. Desta maneira, saber lidar e extrair o melhor deles se torna uma vantagem competitiva. Quem gerencia melhor os riscos tem mais sucesso. TEMA 2 – DEFINIÇÕES DE RISCOS, AMEAÇAS E OPORTUNIDADES O que é um risco? Você saberia definir esta palavra? Segundo o dicionário, risco é um substantivo masculino que significa probabilidade, possibilidade, chance. Segundo o Guia PMBOK®: Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos, um risco é um evento ou condição incerta que, caso ocorra, tem um impacto positivo ou negativo em, no mínimo, um objetivo do projeto (PMI, 2017). Entende-se, portanto, que risco é algo que pode ou não ocorrer. Caso aconteça, pode ter dois tipos de impacto: ameaça: risco com efeitos negativos; oportunidade: risco com efeitos positivos. Note que existe um equilíbrio entre risco e retorno: tanto nos investimentos quanto nos negócios e na vida em geral, quem assume mais riscos tende a ter maior retorno. Falando especificamente das ameaças – dos riscos negativos –, Dinsmore (2012) acredita que a grande maioria das ameaças identificadas e investigadas podem ser eliminadas. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo RealceCandido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 Respostas a riscos refletem o equilíbrio de tolerância ao risco de um profissional ou organização. Para Dinsmore (2012), é fundamental que você entenda qual é o grau de tolerância a risco na organização em que trabalha, pois assim você poderá desenvolver respostas a riscos mais eficientes em seu projeto. Empresas que têm um perfil mais inovador tendem a ter um processo mais leve de gestão a riscos do que empresas conservadoras. Por sua natureza incerta, nunca podemos dizer que a escala de probabilidade de um risco ocorrer é de 0 a 100%, pois 0% é nenhuma chance e 100% é certeza (o risco já ocorreu). Um método muito comum é a utilização de escalas com três, cinco ou sete níveis para medir a probabilidade e o impacto dos riscos. TEMA 3 – A GESTÃO DE RISCOS E SUA INFLUÊNCIA NO SUCESSO Como já aceitamos o fato de que risco é parte da vida, é necessário aprendermos a lidar com ele. O conjunto de processos e atividades para se extrair o melhor destas incertezas chama-se gestão de riscos. Ela serve para qualquer tipo de projeto ou operação, adapta-se a todos os portes e segmentos e ajuda a aumentar as chances de sucesso ao influenciar a ocorrência e/ou o impacto dos riscos. Faz parte do processo de gerenciamento de riscos elaborar o planejamento, identificar os principais riscos, fazer a análise qualitativa e quantitativa, elaborar um plano de respostas, implementar as respostas e realizar o monitoramento. Segundo Kerzner (2016), os principais objetivos da gestão de risco são aumentar a probabilidade e impacto de riscos positivos e reduzir os riscos negativos no projeto. Ainda segundo o autor, a gestão de risco é executada para maximizar as chances de alcance dos objetivos do projeto ou negócio, desta forma: aumentando a probabilidade/impacto de oportunidades (eventos positivos); reduzindo a probabilidade/impacto de ameaças (eventos negativos). Assim, a gestão de riscos se apresenta como um processo sistemático de identificação, análise e resposta ao risco em projetos ou operações, já que: identifica fatores de potencial impacto nos objetivos do projeto (escopo, tempo, custo, qualidade, pessoal etc.); quantifica a probabilidade e o impacto de cada fator; Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 influencia a probabilidade e o impacto, exercendo ação sobre os fatores causadores dos riscos. Para Vargas (2016), o resultado disso é um projeto (ou negócio) mais previsível e estável, que tira vantagem das oportunidades do mercado. Além disso, a gestão de riscos também contribui para reduzir as emergências, os imprevistos, os retrabalhos e aumenta a clareza nas decisões do futuro. Assim, entende-se que, em um mundo dinâmico como o que vivemos (ou seja, cheio de incertezas), fazer uma boa gestão de riscos é absolutamente necessário para o sucesso das iniciativas pessoais e de negócio. TEMA 4 – PRINCIPAIS REFERÊNCIAS EM GESTÃO DE RISCOS Quais são as grandes fontes de informação sobre gestão de riscos? Existem diversas referências válidas sobre o assunto. Cada uma traz uma abordagem e terminologia diferentes. Porém, há um grande alinhamento entre elas no que diz respeito às melhores práticas para se lidar com o risco. Recomendo que conheça e tenha em mãos as seguintes referências: Guia PMBOK®: é o guia de melhores práticas em gestão de projetos, publicado há décadas pelo maior órgão da área, o Project Management Institute (PMI). Em sua sexta edição (2017), o guia traz boas práticas para gerenciar riscos em projetos, além de diversas outras ferramentas processuais para a gestão de projetos. Norma ISO 31000: publicada pela International Standardization Organization, o objetivo da ISO 31000:2009 é estabelecer orientações genéricas sobre gestão de riscos. MoR: é um mapa de rota para gerenciamento de riscos. Pode ajudar as organizações a identificar, avaliar e controlar os riscos e implementar estruturas eficazes para tomar decisões informadas. International Project Management Association (IPMA): pode ser considerado como a versão europeia do PMI e é formada por associações nacionais. Project Risk Management International Association (PRMIA): associação internacional criada para reunir indivíduos e organizações interessados na área de gestão de riscos. As boas práticas podem ser encontradas em seu manual Risk Manager Handbook. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 Estas referências servem para que você possa conhecer melhor o tema, aprofundar-se em conceitos e práticas e decidir quais delas usar para cada situação. Não se recomenda copiar e colar boas práticas de qualquer referência diretamente para sua empresa ou projeto, pois existe uma boa chance disso não funcionar, além de criar burocracias desnecessárias. TEMA 5 – BENEFÍCIOS E IMPACTOS DA AUSÊNCIA DA GESTÃO DE RISCOS Dos vários benefícios que a gestão de riscos proporciona ao projeto destacamos: prever e influenciar o futuro aumenta a probabilidade de sucesso, fato comprovado estatisticamente; aumentar as oportunidades e reduzir ameaças; trazer mais visibilidade e embasar estimativas melhores, mais condizentes com a realidade e menos flutuantes. A gestão de riscos nos coloca no controle. Prevê o futuro e o influencia a nosso favor. Um efeito comum de projetos que não fazem gestão de riscos adequadamente é a sensação de que tudo parece uma emergência. A todo o momento faz-se necessário apagar um incêndio. Como consequência, surgem a reatividade, a repetição de falhas, replanejamentos constantes, forças-tarefa e esforços descomunais (o papel dos heróis). Para Kerzner (2016), a ausência de um processo minimamente estruturado para uma gestão de riscos adequada à organização acaba impedindo que o gerenciamento de riscos se consolide como um dos fatores essenciais do gerenciamento de projetos e para a sobrevivência da organização. Dinsmore (2012) aponta as pessoas como principal fator para o sucesso dos projetos. Porém, também deixa claro que a adequação do ensino dos conceitos de gestão de riscos em toda a empresa é o que facilita uma análise e gestão de riscos mais eficaz. Com uma gestão de riscos eficiente, a ótica do projeto muda de “controlando o gestor do projeto” para “sob controle do gestor do projeto”. Porém, é importante lembrar que o gerenciamento de riscos não garante o sucesso – nada garante sucesso. O processo de gerenciar riscos irá auxiliá-lo a prevenir vários problemas no projeto, além de tornar outros menos prováveis. Quando você elimina incertezas, as estimativas de erros do trabalho podem ser reduzidas. Logo, gestão de riscos economiza tempo e dinheiro em um projeto. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 FINALIZANDO Chegamos ao fim da primeira aula. Neste encontro tivemos a oportunidade de conhecer os principais conceitos e características dos riscos, apontando as diversas referências para o gerenciamento de riscos e identificando os principais resultados contextuais dessa prática. Pudemos ter uma boa noção do que é o gerenciamento de riscos, sua definição, o quanto ele pode influenciar no sucesso do projeto e quais são os benefícios e os impactos de sua não utilização. Outro ponto importante visto foram as principais referências para que você possa conhecer melhor o tema. Estamos no início de nossa escalada. Por isso, busque aprofundar-se nos conceitos! Candido Marcelo Realce 010 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR: 31000: Gestãode Riscos – Princípios e diretrizes. Rio de Janeiro, 2009. CHITTENDEN, J. (Org.) Risk Management based on M_o_R®: a Management Guide. Professional Risk Managers' International Association, Northfield, [S.d.]. Disponível em: <http://www.vanharen.net/Samplefiles/9789087532116_risk- management-based-on-m_o_r-a-management-guide.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2018. DINSMORE, P. C.; SILVEIRA NETO, F. H. da. Gerenciamento de Projetos e o Fator Humano: conquistando resultados através das pessoas. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2012. JUNIOR, R. R.; CARVALHO, M. M. de. Relacionamento entre gerenciamento de risco e sucesso de projetos. Production, São Paulo, v. 23, n. 3, jul./set. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 65132013000300011> Acesso em: 4 abr. 2018. KERZNER, H. Gestão de Projetos: as melhores práticas. 3. ed. [S.l.]: Bookman, 2016. PRADO, D. dos S. Planejamento e controle de projetos. 8. ed. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 2014. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOK®: Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Filadélfia: PMI, 2017. RISCO. In: Dicionário online Michaelis. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br>. Acesso em: 4 abr. 2018. VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 8. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. AULA 2 GERENCIAMENTO DE RISCOS EM PROJETOS Prof. Thiago Ayres 02 CONVERSA INICIAL O primeiro passo de uma boa gestão de riscos é planejar como ela deve acontecer. Quanto de esforço, tempo, recursos e energia devemos investir? Será que a gestão de riscos realizada para a reforma de um apartamento será idêntica àquela realizada para a construção de uma plataforma de petróleo? Esta aula aborda o planejamento da gestão de riscos, com direcionamentos e boas práticas. É hora de reunir a equipe e planejar! Vamos conhecer as principais circunstâncias do planejamento de riscos, aprender como desenvolver plano de riscos e realizar adequações necessárias, além de ver aplicações sobre como adaptar o plano de gerenciamento de riscos a diferentes realidades. CONTEXTUALIZANDO Você saberia planejar uma boa gestão de riscos para seu projeto ou negócio? Os profissionais bem-sucedidos sabem aplicar o gerenciamento de riscos nas suas iniciativas de mudança, aumentando drasticamente suas chances de sucesso. Seja no lançamento de um livro, numa reforma, num evento ou num novo negócio, quais são as boas práticas para que possamos antever os riscos e estar preparados para eles? Vale lembrar que não existe a gestão de riscos padrão. Muito menos a ideal. Um processo de gestão de riscos adequado é sempre desenhado de maneira customizada para cada situação. Quando você se depara com uma nova necessidade – um projeto, por exemplo –, é preciso analisar as particularidades dela e construir a gestão de riscos baseada nessas particularidades. Vamos aprender a fazer isso juntos? TEMA 1 – IDENTIFICANDO CENÁRIO E CONTEXTO ORGANIZACIONAL O processo de planejamento da gestão de riscos visa decidir como abordar e conduzir atividades de gestão de risco em um projeto ou negócio. Para cada nova necessidade (um projeto, por exemplo), precisamos analisar as particularidades e desenhar um plano que as atenda. Deve-se considerar: importância do projeto e risco para a organização; recursos apropriados e tempo para atividades de gestão de risco. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 O processo de planejar a gestão de riscos deve começar quando um projeto é concebido e ser completado no início do planejamento do projeto. Assim, a recomendação é que, antes de iniciar o plano, possamos responder às seguintes perguntas: Qual a relevância do projeto ou da iniciativa para os envolvidos? É um projeto altamente estratégico e importante (que merece mais atenção e recursos) ou apenas mais um entre vários outros? Quanto tempo temos para investir na gestão de riscos? Qual é a frequência ideal para a execução das atividades relacionadas? Em projetos curtos, há pouco tempo disponível para a execução das atividades. Nesses casos, a gestão de riscos precisa ser altamente efetiva, implicando menos tempo disponível para identificação, análise, preparação de respostas e monitoramento dos riscos. O cenário é diferente em projetos de longa duração. Nesses tipos de projetos, o tempo investido, bem como a frequência das reuniões, deve ser adaptado de acordo com o cronograma. Quanto recurso financeiro temos à disposição? Algumas organizações têm como padrão reservar uma porcentagem do orçamento de determinada área ou projeto para dedicar aos riscos. Se você tem essa limitação clara, ou seja, conhece esse valor, fica mais fácil adaptar a gestão de riscos a ela. Caso contrário, cabe ao líder da iniciativa estimar e aprovar um recurso financeiro para a gestão de riscos. Quais outros recursos temos à nossa disposição? Há uma área centralizada de gestão de riscos na empresa? Há uma base de dados dos riscos mais comuns? Há histórico de projetos anteriores? Podemos contar com o apoio de alguma consultoria já contratada para auxiliar esse processo? Estudo de caso Leia o estudo de caso a seguir e identifique alguns elementos do cenário e do contexto da organização quanto ao gerenciamento de riscos. Durante a análise, reflita sobre a relevância do projeto ou da iniciativa para os envolvidos e sobre a estrutura organizacional e processual voltada à gestão de riscos da empresa. Quais são os pontos positivos e os pontos negativos? A MAHLE tem presença local em todos os principais mercados do mundo. Aproximadamente 64.000 colaboradores trabalham em mais de 140 plantas produtivas e em sete centros de pesquisa e desenvolvimento, localizados em Stuttgart, Northampton, Detroit Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 (Farmington Hills), Tóquio (Kawagoe, Okegawa), Shangai e São Paulo (Jundiaí). Em todo o mundo, cerca de 2.400 engenheiros e técnicos de desenvolvimento estão trabalhando em conceitos, produtos e sistemas inovadores para o desenvolvimento contínuo do trem de força dos veículos (MAHLE, 2014a). [...] A MAHLE Metal Leve S/A possui uma filosofia de gestão que prima por: fornecer produtos com excelência em Qualidade por meio da melhoria contínua de seus processos e tecnologias, desenvolver práticas sustentáveis para a preservação do meio-ambiente, adotar práticas de gestão que visem pela [sic] transparência, ética, cumprimento de leis e regulamentações e o melhor interesse de seus investidores. [...] O manual de gestão corporativo destaca os objetivos da gestão de riscos da companhia: garantir a realização das metas estratégicas e operacionais da empresa; evitar riscos potenciais e reduzir os custos de riscos (MAHLE, 2013b). Este manual ressalta, ainda, que o ponto de partida para a Gestão de Risco é a identificação e avaliação sistemática de todos os riscos que afetam a Empresa. A conformidade com os requisitos e os riscos potenciais é avaliada em processos de auditorias internas ou externas. Em caso de ações corretivas, sua eficácia deve ser monitorada pelos responsáveis das áreas auditadas (MAHLE, 2013b). Com relação a papéis e responsabilidades, seu manual de gestão ressalta que o responsável por cada unidade organizacional é responsável pela execução do processo de Gestão de Riscos. Já a otimização do processo de Gestão de Risco é coordenada pelo responsável pelo departamento Financeiro e de Contabilidade (MAHLE, 2013b). Já as demonstrações financeiras da companhiadestacam que a Diretoria Executiva é responsável por supervisionar o ambiente de controles internos, compliance e risco corporativo da Companhia, de modo a promover um processo sustentável de criação de valor para os seus acionistas (PRADO, 2014). Prado (2014), durante a análise do estudo de caso apresentado, identifica que a estrutura de gerenciamento de riscos é de alta relevância para os envolvidos. A existência de um manual de gestão corporativo corrobora a relevância identificada, juntamente com boas práticas como a análise e o monitoramento sistemático dos riscos que podem afetar objetivos estratégicos da organização. Quanto à estrutura organizacional e processual, o autor sinaliza que há uma variedade significativa de normas e processos de negócios voltados ao gerenciamento de riscos, aspectos que são positivos. Entretanto, considera que o fato de cada unidade organizacional ser responsável pela execução do processo de gerenciamento de riscos é um ponto a ser aperfeiçoado, tendo em vista a ampliação da padronização processual. 05 TEMA 2 – IDENTIFICANDO O APETITE POR RISCO Uma das variáveis mais importantes que deve ser levada em conta na hora de fazer um bom plano de gerenciamento de riscos é o apetite por risco dos envolvidos. Essa expressão representa o nível de exposição ao risco que cada um dos envolvidos no projeto ou negócio deseja ou aceita. É importante dizer que cada pessoa enxerga os mesmos riscos – sejam oportunidades ou ameaças – de maneira diferente. Há diversos elementos que entram nessa equação complexa que altera nossa percepção do risco, por exemplo: Homem x mulher; Inexperiência x experiência; Jovens x idosos; Diferenças raciais e culturais; Solteiros x casados; Número maior ou menor de filhos; Situação financeira. Como as empresas são feitas de pessoas, a mesma diferença nesse apetite pode ser percebida nas empresas. Pare e pense: você consegue identificar, entre as empresas que conhece, duas que representam apetites diferente por risco? Uma empresa que seja bastante conservadora e outra que seja bastante arrojada, por exemplo? Isso é perceptível para você porque as práticas de gestão do risco nas empresas refletem a aversão ao risco tanto de seus gestores quanto de seus proprietários: avesso a riscos é alguém que prefere não correr riscos. disposto a riscos é alguém que aceita maior nível de risco por uma maior recompensa. tolerâncias são áreas de risco que são aceitáveis ou inaceitáveis. a aversão pode ser tangível ou intangível. Assim, para se desenhar um bom plano de gerenciamento de riscos, é essencial conhecer esse perfil de cada um dos envolvidos no projeto ou negócio. O plano deve estar alinhado com o perfil dominante e responder a ele. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 Por exemplo, em um projeto cheio de envolvidos que sejam conversadores, é natural encontrar um plano de gestão de riscos mais conservador, que investe mais recursos contra as ameaças e não explora tanto as oportunidades – um plano que privilegia previsibilidade. Já no caso de um projeto com envolvidos arrojados, o plano aceita maiores incertezas, buscando maiores resultados. Tudo tem a ver com o nível de tolerância, que será ajustado de acordo com o perfil dos envolvidos. TEMA 3 – FAZENDO O PLANO Agora é hora de redigir o plano. Com base nos itens levantados nos Temas 1 e 2, redige-se o Plano de Gerenciamento de Riscos, que contém: Metodologia: vamos utilizar um método já existente? Há algum método preconizado pela empresa? Papéis e responsabilidades: quem é responsável pelo quê na gestão de riscos? Quem (pessoas ou áreas) deve ser envolvido nesse processo? Orçamento: há um orçamento dedicado? Como esse valor é/será estimado? Tempo: qual o total de tempo e frequência das reuniões e atividades? Tolerâncias dos envolvidos: qual o perfil de tolerância a riscos dos envolvidos? Formatos de relatórios: como vamos comunicar as decisões, os principais riscos e outros itens relacionados? Acompanhamento: como os riscos (e o próprio processo) serão monitorados para garantir melhor desempenho? Como não existe um modelo único de plano, é possível que sejam inseridas outras informações de acordo com a necessidade da organização, como categorias de riscos, ferramentas a serem utilizadas, entre outras. Algumas dicas e recomendações: Faça esse plano “a várias mãos”, ou seja, envolva as outras pessoas ou áreas para que as decisões tenham a opinião de todos os envolvidos. Pesquise, se houver, Planos de Gerenciamento de Riscos de iniciativas anteriores, para verificar se há boas práticas que podem ser usadas. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 Pesquise o histórico de lições aprendidas, que inclui erros e acertos de projetos anteriores, bem como riscos que se manifestaram naquelas ocasiões. Isso ajudará a aumentar a assertividade dos seus planos. As questões apresentadas nesta seção são orientadoras para o processo de elaboração do plano de gerenciamento de riscos. É relevante, também, preparar ferramentas de trabalho com a equipe para fins de execução de um planejamento colaborativo. Calil (2009) ilustra algumas técnicas e ferramentas que foram utilizadas em seu estudo e aplicadas durante a fase denominada fase do delineamento informacional. A Figura 1 mostra o quadro esquemático elaborado pelo autor: Figura 1 – Algumas das técnicas e ferramentas utilizadas na fase do delineamento informacional do projeto MITISF6 Fonte: Calil, 2009. TEMA 4 – ADEQUANDO O PLANO COM TAILORING Uma das práticas mais utilizadas pelos bons profissionais de gestão é o tailoring. Muitas vezes acabamos utilizando o nome inglês pela falta de uma tradução “ideal”, mas em português isso significaria adequação ou ajuste. Em outras palavras, um bom plano gerencial (de gestão de riscos ou de qualquer outra área) é sempre customizado conforme a necessidade. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 O que isso significa? Por definição, um projeto é um empreendimento único e executado por uma organização que tem princípios e valores próprios. Além disso, existem vários contextos externos que influenciam diretamente sua governança. É por esse motivo que o Project Management Institute (PMI) define o Guia PMBOK® como sendo um guia de boas práticas que as organizações podem utilizar total ou parcialmente, o qual também não é colocado como o único guia em Gestão de Projetos, deixando-se claro que existem outras metodologias que podem e devem ser utilizadas. O tailoring nada mais é do que uma expressão utilizada para descrever a customização de métodos e ferramentas para que melhor se adaptem à organização. A 6ª edição do Guia PMBOK® apresenta algumas considerações que devemos estar atentos no momento da elaboração do plano de riscos: Porte do Projeto: o projeto é pequeno o suficiente para justificar um processo mais simplificado de gestão de riscos? Complexidade do projeto: o nível de inovação do projeto é tão grande que exige uma gestão de risco mais detalhada? Importância do Projeto: a importância estratégica do projeto é fundamental para a organização? O seu objetivo é produzir oportunidades inovadoras? Abordagem de desenvolvimento: as atividades do projeto serão executadas utilizando uma abordagem sequencial e iterativa ou utilizará [sic] métodos ágeis de gestão? (PMI, 2017) TEMA 5 – PLANO AJUSTÁVEL: ADAPTANDO À REALIDADE Pronto, você tem em mãos um Plano de Gerenciamento de Riscos bem estruturado, claro que previsível, baseado em histórico e ajustado às necessidades de sua iniciativa. É suficiente? Não. Negócios e projetos são “entidades vivas”.Isso quer dizer que suas circunstâncias mudam: os clientes mudam, o mercado muda, os concorrentes mudam, nossas equipes mudam e nossas prioridades também. Assim, por mais que tentemos ter o máximo de previsibilidade ao traçar nosso plano, a grande realidade é que só veremos seu desempenho, de fato, quando ele estiver sendo executado. E aí também podemos identificar a postura dos bons profissionais, que monitoram constantemente se as decisões tomadas lá atrás (quando confeccionamos o plano) ainda são as melhores ou podem ser evoluídas. Veja alguns exemplos de melhoria do plano na Tabela 1: Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 Tabela 1 – Exemplos de melhoria do plano PLANO SITUAÇÃO IDENTIFICADA MELHORIA Os envolvidos na gestão de riscos são: - Área de compras - Cliente Ocorreu um atraso na entrega de um fornecedor, impactando a data de abertura do negócio Envolver o FORNECEDOR nas atividades de gestão de riscos Frequência das reuniões é semanal Percebeu-se que as reuniões se tornaram repetitivas e havia pouca pauta a tratar, fazendo com que alguns deixassem de participar Ajustar a frequência de reuniões, reduzindo-a O projeto, na época da aprovação, era o mais prioritário da empresa e conseguiu o compromisso de reuniões mensais com a Diretoria para acompanhamento dos riscos Outros projetos de maior prioridade foram lançados e aprovados pela organização Ajustar as reuniões com a Diretoria de acordo com a nova relevância relativa do projeto Assim, devemos assumir que, por melhor que seja o plano montado, ele representa apenas “o conjunto de melhores decisões naquele momento, com as informações que estavam disponíveis”. Ou seja, reconhecemos que, à medida que o projeto/negócio entra em execução, novas variáveis são conhecidas, e, assim, colocamos seu desempenho à prova. Bons gestores sabem se alimentar dessas novas informações e fazem ajustes no plano, adequando sua performance às expectativas dos envolvidos. FINALIZANDO Chegamos ao fim da Aula 2 e, aqui, avançamos um pouco mais em nossa escalada! Discutimos como identificar as principais circunstâncias do planejamento de riscos, explicamos os elementos para o desenvolvimento do plano de riscos e adequações aplicáveis e também aplicamos alguns conhecimentos sobre planejamento de riscos, considerando necessidades de adaptações à realidade diferente de cada projeto. Com todos os direcionamentos e dicas dados aqui, estou certo de que você consegue montar o seu próprio Plano de Gerenciamento de Riscos, para qualquer tipo de projeto, negócio ou iniciativa. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ISO 31000: Gestão de riscos – Princípios e diretrizes. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: <https://gestravp.files.wordpress.com/2013/06/iso31000-gestc3a3o-de- riscos.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2018. CALIL, L. F. P. Metodologia para gerenciamento de risco: foco na segurança e na continuidade. 231 f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/92211>. Acesso em: 24 abr. 2018. CHITTENDEN, J. Risk Management based on M.o.R. – A Management Guide. 1. ed. Van Haren Publishing, 2006. Disponível em: <http://www.vanharen.net/Samplefiles/9789087532116_risk-management-based- on-m_o_r-a-management-guide.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2018. PMI – Project Management Institute. Guia PMBOK: um guia de conhecimento em gerenciamento de projetos. 6. ed. Filadélfia: PMI, 2017. PRADO, E. V. Práticas de gerenciamento de riscos corporativos: um estudo de caso de uma indústria multinacional de autopeças. 150 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2014. Disponível em: <https://www.unimep.br/phpg/bibdig/pdfs/docs/18032016_143249_eduardovieirad oprado_ok.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2018. AULA 3 GERENCIAMENTO DE RISCOS EM PROJETOS Prof. Thiago Ayres 02 CONVERSA INICIAL Uma vez que temos o processo de gerenciamento de risco planejado, é hora de iniciá-lo: chegou o momento de identificar os riscos. Esta aula lhe auxiliará a compreender e aplicar o mapeamento de todos os riscos pertinentes a seu projeto. Abordaremos a identificação de ameaças e oportunidades, o adequado mapeamento das fontes e partes interessadas. Também veremos categorias e tipos de riscos, bem como boas práticas para identificá-los de maneira efetiva, culminando numa matriz de riscos abrangente e adequada. CONTEXTUALIZANDO Preparar-se para aquilo que desconhecemos é um desafio. Como traçar estratégias que aumentem as ocorrências positivas e reduzam as negativas, sem saber quais são essas possíveis ocorrências? Como levantar e mapear o efeito da incerteza em nossos projetos? Essas são apenas algumas questões que direcionam o gerente de projetos a realizar o processo de identificação de riscos. Segundo pesquisa realizada por Rocha e Belchior (2004), é muito comum ver projetos realizados em pequenas e médias empresas que não utilizam uma metodologia de gerenciamento de riscos adequada. Para Dinsmore e Silveira Neto (2012), uma metodologia de gerenciamento de riscos consistente passa por um processo de identificação de riscos bem elaborado. A identificação de riscos nos dá esse panorama e ajuda o gerente de projetos a diminuir a insegurança diante de possíveis infortúnios, bem como a fazer bom uso de oportunidades. Gerenciar riscos é um exercício contínuo de equilíbrio! TEMA 1 – AMEAÇAS E OPORTUNIDADES Conforme já conversamos em aulas anteriores, é importante lembrar que o efeito da incerteza nos projetos é de natureza dupla: o acaso pode nos favorecer ou prejudicar. Em gestão de riscos, separamos esses eventos incertos do futuro em duas categorias: 1. Ameaças: eventos que, caso se materializem, tragam impactos negativos a um (ou mais) objetivos do projeto. Exemplos desses impactos: atrasos, aumento de custos, redução da qualidade, retrabalho, impacto negativo na reputação da marca, entre outros. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 2. Oportunidades: eventos que, caso se materializem, tragam impactos positivos a um (ou mais) objetivos do projeto. Exemplos desses impactos: redução de cronograma, aumento de qualidade, redução de custos, aumento da chance de sucesso, ganhos de escala, entre outros. O processo de identificação tem como objetivo o levantamento de quais são todas as possíveis ocorrências para futura análise. Vale lembrar que, embora a análise e a preparação de respostas sejam importantes na gestão de riscos, ainda não é responsabilidade dessa etapa – isso ocorrerá mais adiante. A identificação de riscos precisa garantir uma lista abrangente, com vários pontos de vista e opiniões sobre tudo que pode impactar o desempenho de um projeto. A má identificação de riscos em um projeto impede que todos os passos seguintes (análise, priorização e preparação de respostas) tenham efeito, pois será impossível nos prepararmos para algo que não foi identificado. TEMA 2 – IDENTIFICANDO COM STAKEHOLDERS Gestão de riscos não é um trabalho solitário. Para ser bem feito, precisa envolver as pessoas certas, e isso começa já na identificação. Assim, o primeiro passo para uma boa identificação de riscos é pensar nas seguintes perguntas: Quem são as pessoas envolvidas no projeto que, por seu conhecimento e expertise, podem me ajudar a identificar riscos adequadamente? Quais áreas da organização (ou entidades externas) podem nos auxiliar? Onde existe conhecimentoarmazenado que pode enriquecer essa identificação? Reúna sua equipe, discutam e reflitam sobre os stakeholders do projeto. Busquem identificar todos que possam ter algum tipo de interesse ou que exerçam um nível de influência no projeto, seja ela positiva ou negativa, de forma direta ou indireta. Para essa atividade, utilizem folhas, post-its. Rabisquem, reflitam. Essa fase é extremamente importante! Outro ponto importante é a necessidade de verificação do nível de profundidade das informações apresentadas pelos stakeholders, bem como de possibilidades de inferências inverídicas. Fabio Claro Coimbra (2006), em estudo de caso realizado junto ao Departamento de Gestão de Riscos e Compliance do Bradesco, ressalta tal elemento. Sobre os stakeholders e os objetivos do estudo de caso: Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 A Superintendência de Risco Operacional e Compliance é formada pela Área de Gestão de Compliance, com quarenta e oito colaboradores [sic] e pela Área de Gestão de Controles Internos e Risco Operacional, com vinte e seis colaboradores e que contém a Área de Gestão de Riscos Operacionais [...]. [...] [...] a partir das informações levantadas na pesquisa de campo, são explicitados os fatores condicionantes e os componentes da estrutura organizacional da Área de Gestão de Riscos Operacionais da empresa estudada. (COIMBRA, 2006, p. 84-86) Em suas conclusões sobre o estudo de caso, Coimbra (2006, p. 107) ressalta as limitações relacionadas às abordagens dos stakeholders e sinaliza meios de contornar tal situação: Uma limitação verificada em trabalhos desta natureza é o acesso a informações, as quais não foram fornecidas com o grau de detalhamento e profundidade desejados pelo pesquisador, devido ao tema do estudo apresentar caráter estratégico. Outra limitação relevante, encontrada em estudos de caso, é o viés do entrevistado, o qual pode fornecer informações inverídicas ou ainda expressar opiniões e ideias que não representem a visão da organização como um todo. Um cuidado para minimizar este viés é a realização de entrevistas com mais de um executivo da mesma empresa. Refletir sobre perguntas nos dará direcionamento para mapearmos quem são as pessoas, áreas ou entidades que deverão ser convidadas para as sessões de identificação de riscos. Vale lembrar que, por mais experiente que seja o líder ou gestor do projeto, jamais devemos depender apenas dele nessa identificação. Um bom levantamento de riscos tem como premissa os múltiplos olhares, opiniões e experiências, portanto precisamos de um grupo heterogêneo que, coletivamente, gerará um resultado muito melhor nessa identificação. TEMA 3 – FONTES, CATEGORIAS E TIPOS DE RISCOS Já convidamos os stakeholders para participar da identificação de riscos e eles confirmaram participação. Por onde começar? Não há maneira única nem ideal de conduzir esse processo. No Tema 4, falaremos mais sobre as práticas que você pode aplicar. Independentemente da prática que você escolher, terá que pensar: quais são os tipos de risco aplicáveis ao meu projeto? Quais as fontes que emanam riscos? Ao mapear essas categorias de riscos, você pode: usá-las como grandes grupos que sirvam de base para as sessões de identificação, direcionando os participantes a levantarem riscos relacionados a determinada categoria. Em alguns projetos, há inclusive, Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 nas etapas iniciais, a realização de sessões separadas para cada categoria; ou usá-las como organizadores para os riscos que já tenham sido identificados. Neste caso, elas não servem de ponto de partida, deixando os participantes identificarem riscos sem conhecerem as categorias, e utilizando-as somente depois, como forma de categorização e organização. Segundo o Guia PMBOK® (PMI, 2017), alguns tipos de fontes de riscos que podem ser usados como categorias são: Internos: relacionados a fatores internos da organização, como fluxo de caixa. Externos: relacionados a fatores externos, como legislação trabalhista, catástrofes naturais etc. Gerenciais (ou riscos de gestão): riscos relacionados diretamente à gestão do projeto. Financeiros: relacionados aos valores disponíveis para investimento. Ambientais: fatores que não dizem respeito somente à fauna e à flora, mas também ao ambiente social, cultural e político em que a organização está inserida. Jurídicos/legais: relacionam-se a regulamentações de produtos, tributárias, trabalhistas, entre outras. Reputacionais/da marca: surgem em casos em que existe a possibilidade de a organização ser exposta a um constrangimento relacionado a uma conduta equivocada. Técnicos: referem-se a tudo que está ligado às tecnologias desenvolvidas no projeto, como requisitos, plano de testes etc. Organizacionais: são riscos ligados à estrutura organizacional, sua cultura, infraestrutura disponível etc. Segundo Kerzner (2016), os tipos de fontes de risco podem ser utilizados para gerar uma lista de verificação de riscos potenciais. Essa lista pode vir a ser muito útil para o gerente do projeto, a equipe e principalmente a organização. TEMA 4 – IDENTIFICANDO OS RISCOS: PRÁTICAS Quais são as boas práticas e ferramentas que posso utilizar na identificação de riscos? Para Dinsmore e Silveira Neto (2012), há diversas maneiras de realizar Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 essa identificação, a depender do tipo do projeto, seu tamanho, quantidade de pessoas/áreas envolvidas, se estão no mesmo prédio/cidade etc. O Guia PMBOK® (PMI, 2017) lista algumas das boas práticas: Brainstorming: técnica utilizada para obter uma lista o mais abrangente possível. A equipe apresenta sugestões de riscos que, em um primeiro momento, não são filtradas. Top-down: utiliza a estrutura analítica do projeto para identificar possíveis riscos. Entrevistas: trata-se de reuniões reservadas com membros mais experientes da equipe, partes interessadas ou especialistas no assunto. Levantamento documental: considera o levantamento de informações de riscos em relatos de lições aprendidas de outros projetos. Benchmarking: busca informações em projeto similares. SWOT: objetiva a identificação de riscos de acordo com a avaliação das incertezas do nosso ambiente externo. Tanto Dinsmore e Silveira Neto (2012) quanto Kerzner (2016) lembram que nenhuma dessas é ideal, ou seja: cada uma tem seus prós e contras, a depender do cenário a ser aplicado. Também vale notar que podemos (e devemos) escolher mais de uma ferramenta, compondo-as conforme a necessidade do projeto para se chegar ao melhor resultado. Agora que já compreendemos as principais características dos riscos, as práticas e as ferramentas para identificá-los, vamos aplicar esse conhecimento? Imagine que você é um gerente de projetos. Logo mais você terá uma reunião com sua equipe e deverá apresentar como funcionará o fluxo de identificação de riscos. Você aplicou seus conhecimentos para fazer a proposta de fluxo ilustrada na Figura 1: Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 Figura 1 – Fluxo para identificação de riscos Durante sua apresentação, você fez os seguintes apontamentos: para a identificação de riscos vocês deverão, inicialmente, realizar benchmarking, já que foi constatado que existem dados históricos eestudos de outras entidades que podem contribuir para a identificação de riscos deste projeto. Depois, vamos utilizar brainstorm e SWOT. O objetivo do brainstorm é o levantamento de grande volume de riscos do projeto. A SWOT vamos utilizar para a identificação de riscos de acordo com avaliação das incertezas do nosso ambiente externo. Na sequência, vamos revisar tudo, categorizar e pronto, teremos nossa lista de riscos categorizados e nossa Risk Breakdown Structure (RBS)! Sua equipe, muito prontamente, sinaliza: vamos começar! Ao final do dia de trabalho, você expõe no quadro a RBS (ou, em português, Estrutura Analítica dos Riscos). Você faz isso com o objetivo de repassarem as categorias geradas na lista de riscos categorizados. A RBS nada mais é do que uma representação hierárquica de potenciais fontes de riscos, conforme descrita pelo Guia PMBOK® (PMI, 2017). Vejamos essa estrutura na Tabela 1: Tabela 1 – Estrutura analítica dos riscos do projeto Risk breakdown structure (RBS) ou Estrutura analítica dos riscos Gerenciamento De pessoas Estratégico Técnico Material Mão de obra Requisitos Organizacional Estratégia 08 Financeiro Estrutura e clima organizacional Relacionado à comunidade Segurança Comportamento da comunidade do entorno Comportamento do governo local Externos Fornecedores Social Força maior Um dos membros de sua equipe sugere elaborar a representação gráfica da RBS, já que esta poderá facilitar a visualização. Vocês elaboram, rapidamente, uma RBS em um software específico para esse tipo de atividades (por exemplo, o WBS Schedule Pro (WBS version), disponível para download no site Critical Tools). O resultado está apresentado na Figura 2: Figura 2 – Representação gráfica da RBS do projeto Você está satisfeito! Sua RBS está clara e sua lista de ricos categorizados está coerente com ela. Para encerrar o dia de trabalho, você faz uma última leitura da sua lista de riscos categorizados (Tabela 2): Tabela 2 – Lista de riscos categorizados do projeto Lista de riscos categorizados Categorias Riscos Gerenciamento De pessoas Indisponibilidade de pessoal devido à priorização de outros projetos Estratégico Mudança de foco no projeto Técnico Material Contratação de fornecedores que não se adequam aos critérios de qualidade do projeto Mão de obra Contratação de mão de obra pouco qualificada Requisitos Admistração de aquisições inadequada 09 A lista de riscos categorizada de forma detalhada auxilia a equipe do projeto a identificar as estratégias de tratamento de riscos. Em muitos casos, uma mesma estratégia pode ter impacto em vários riscos, e essas estratégias podem gerar alguns benefícios, como a redução de custos de contingência do projeto. TEMA 5 – MONTANDO A MATRIZ DE RISCOS Pronto, riscos identificados! Onde registrá-los? Apresentamos aqui o Registro de Riscos. Também chamado por alguns de Matriz de Riscos, esse é o artefato – pode ser um documento ou armazenado em um software – que vai listar todas as ameaças e oportunidades identificadas em um determinado projeto. Não existe formato ideal desse artefato, mas podemos apontar algumas informações mínimas: Código identificador (ID); Organizacional Estratégia Outros atrasos no cronograma devido a questões organizacionais Financeiro Falha da ação de controle financeiro A organização conseguir subsídio do governo para garantir investimentos Estrutura e clima organizacional Inexistência de equipe de divulgação ou equipe ineficiente Falta de sensibilização adequada da comunidade Agendamento com stakeholder próximo ao prazo de execução do projeto Falha em atividades educativas antibulling Equipe de trabalho inificiente Inexistência ou ineficiência de equipe fotográfica Relacionado à comunidade Segurança Irregularidades físicas do espaço Comportamento da comunidade do entorno Falta de sensibilização da comunidade para as questões do projeto Comportamento do governo local Baixo interesse político Externos Fornecedores Falha no controle de qualidade Problemas relacionados ao fornecedor de energia Social Falha no gerenciamento de stakeholders Força maior Clima desfavorável Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 Categoria; Descrição do risco (causa e consequência); Tipo do risco; Data em que foi identificado; Responsável pela identificação do risco. Esse artefato (muitas vezes usado em formato planilha eletrônica) nos acompanhará durante todo o projeto, apenas sendo “enriquecido” com mais colunas e informações para cada risco. Utilizaremos o mesmo artefato para realizar as análises qualitativas e quantitativas, a priorização, o planejamento e o registro das respostas, o status do acompanhamento, o responsável e muito mais. Vejamos, na Figura 3, um modelo de matriz de riscos: Figura 3 – Modelo de matriz de riscos ID Categoria Descrição de risco Tipo Data Quem identificou 1 Gerenciamento Indisponibilidade de pessoal devido à priorização de outros projetos Negativo Jan./2018 José 2 Organizacional Outros atrasos no cronograma Negativo Jan./2018 Maria 3 Organizacional A organização conseguir subsídios do governo para garantir investimentos Positivo Jan./2018 Alberto 4 Gerenciamento Mudança de foco no projeto Negativo Jan./2018 Ana Carolina A matriz de riscos é uma forma organizada de listar os riscos identificados, auxiliando também na rastreabilidade destes. FINALIZANDO Chegamos ao fim da Aula 3. Iniciamos o ponto alto de nossa escalada! Vimos, nesta aula, elementos-chave para a identificação de riscos, descrevemos práticas para essa identificação e a aplicação de conhecimentos práticos sobre ela. Também vimos que um processo de identificação de riscos bem elaborado é essencial para que se possa ter um plano de gerenciamento de riscos consistente. Com todos os direcionamentos e dicas dados aqui, pudemos sair do plano e começar a executar a gestão de riscos através da identificação e do Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 mapeamento destes. Não se esqueça: é impossível preparar-se para algo que se desconhece, portanto identifique os riscos para poder se preparar para eles! Candido Marcelo Realce 012 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ISO 31000: Gestão de riscos – Princípios e diretrizes. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: <https://gestravp.files.wordpress.com/2013/06/iso31000-gestc3a3o-de- riscos.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2018. CHITTENDEN, J. Risk Management based on M.o.R. – A Management Guide. 1. ed. Van Haren Publishing, 2006. Disponível em: <http://www.vanharen.net/Samplefiles/9789087532116_risk-management-based- on-m_o_r-a-management-guide.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2018. COIMBRA, F. C. Estruturação de unidade de gestão de riscos operacionais em bancos: um estudo de caso. 137 F. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. DINSMORE, P. C.; SILVEIRA NETO, F. H. da. Gerenciamento de projetos e o fator humano. 2. ed. Qualitymark, 2012. KERZNER, H. Gestão de projetos – As melhores práticas. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. PMI – Project Management Institute. Guia PMBOK: um guia de conhecimento em gerenciamento de projetos. 6. ed. Filadélfia: PMI, 2017. ROCHA, P. C.; BELCHIOR, A. D. Mapeamento de gerenciamento de riscos no PMBOK, CMMI-SW e RUP. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE MELHORIA DE PROCESSOS DE SOFTWARE, 4., 2004, São Paulo. Anais... São Paulo: 2004. p. 279-290. AULA 4 GERENCIAMENTO DE RISCOS Prof. Thiago Ayres 02 CONVERSAINICIAL É impossível para o gestor de projetos preparar-se para todos os riscos identificados em seu projeto. Será que todos esses riscos merecem o mesmo nível de atenção e energia? Esta aula apresentará elementos explicativos e práticos com o objetivo de lhe auxiliar a compreender e aplicar a análise para priorizar os riscos pertinentes ao seu projeto. Abordaremos as análises qualitativa e quantitativa, bem como o ranqueamento relativo, para chegarmos a uma priorização adequada. Veremos, também, como as análises podem ajudar a calcular probabilidades de sucesso do projeto. CONTEXTUALIZANDO Agora que temos os riscos identificados, qual o próximo passo? Será que devemos ter planos para todos os riscos que foram levantados pelos nossos stakeholders na fase de identificação? A resposta é não. Não é possível – nem inteligente – tratar todos os riscos como se fossem iguais, pois não são. É necessário priorizar – separar os mais importantes para dedicarmos a eles mais energia, orçamento e atenção. Como analisar e priorizar riscos em nossos projetos? As análises qualitativa e quantitativa dão essa resposta. Vamos aprender a fazer isso? TEMA 1 – TIPOS DE ANÁLISE Uma pergunta muito comum é: qual o melhor tipo de análise? Devo escolher a abordagem qualitativa ou quantitativa para meu projeto? A resposta correta é: ambas! As duas análises devem ser usadas em conjunto, uma após a outra, pois cada uma delas traz benefícios diferentes, a saber: A análise qualitativa é baseada em atributos e geralmente é feita primeiro. Ela vai separar a extensa lista de riscos identificados em grandes grupos, permitindo eliminar uma boa parte deles e focar somente naqueles grupos de riscos que potencialmente oferecem maior combinação de impacto e probabilidade. É uma abordagem simplista e de baixo esforço, porém, de pouca precisão. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 A análise quantitativa é complementar e pode ser mais trabalhosa que a análise anterior, podendo ser usada somente nos riscos que já foram pré- selecionados pela análise qualitativa. Embora de maior esforço e complexidade, essa abordagem pode trazer maior precisão, permitindo traduzir em escalas numéricas os potenciais impactos e probabilidades dos riscos. Nos temas a seguir, veremos maiores detalhes sobre como aplicar cada uma das análises. TEMA 2 – ANÁLISE QUALITATIVA: ATRIBUTOS E QUALIDADES O primeiro passo da análise de riscos é fazer uma triagem. Em outras palavras, é descobrir, com alguma facilidade, quais são os riscos que, por terem uma baixa combinação de probabilidade e impacto, não são relevantes o suficiente para gastarmos muito tempo com eles. Esta é uma técnica fácil de ser aplicada e começa definindo uma escala de valores para probabilidade e outra para impacto de cada risco. É muito comum o uso de escalas de 3 ou 5 valores, conforme exemplo a seguir. Figura 1 – Escala de valores para probabilidade e impacto de riscos PROBABILIDADE: ALTA MEDIA; BAIXA; IMPACTO: MUITO BAIXO; BAIXO; MEDIO; ALTO; MUITO ALTO. Os stakeholders (preferencialmente os mesmos envolvidos na etapa de identificação) fazem, então, uma avaliação e atribuem um valor de probabilidade e outro para impacto a cada um dos riscos. A seguir, um exemplo de análise qualitativa dos riscos. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 Quadro 1 – Análise qualitativa dos riscos ID Categoria Descrição do Risco Tipo Probabilidade de Ocorrência Impacto 1 Gerenciamento Indisponibilidade de pessoa devido à priorização de outros projetos Negativo Alta Alto 2 Organizacional Outros atrasos no cronograma Negativo Média Alto 3 Organizacional A organização conseguir subsídios do governo para garantir investimentos Positivo Média Baixo 6 Gerenciamento Mudança de foco no projeto Negativo Baixa Muito alto E agora, como priorizar? Será que devemos levar em conta aqueles riscos que tem mais chance de acontecer (probabilidade) ou que trazem maiores consequência (impacto)? A resposta correta é: ambos. E o método é simples: atribuindo valores à escala de qualidades, podemos multiplicar os atributos de probabilidade e impacto, chegando em uma lista única. Veja o exemplo. Figura 2 – Escala de valores para probabilidade e impacto de riscos: atribuição de valores PROBABILIDADE: BAIXA (1), MEDIA (2) ALTA (3) IMPACTO: MUITO BAIXO (1) BAIXO (2) MEDIO (3) ALTO (4) Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 Quadro 2 – Análise qualitativa e priorização dos riscos ID Categoria Descrição do Risco Tipo Probabilidade de Ocorrência Impacto Priorização 1 Gerenciamento Indisponibilidade de pessoa devido à priorização de outros projetos Negativo Alta (3) Alto (4) 12 2 Organizacional Outros atrasos no cronograma Negativo Média (2) Alto (4) 8 3 Organizacional A organização conseguir subsídios do governo para garantir investimentos Positivo Média (2) Baixo (2) 4 4 Gerenciamento Mudança de foco no projeto Negativo Baixa (1) Muito alto (5) 5 Nesta lista, a prioridade então seria conforme o Quadro 3. Quadro 3 – Riscos priorizados ID Categoria Descrição do Risco Tipo Probabilidade de Ocorrência Impacto Priorização 1 Gerenciamento Indisponibilidade de pessoa devido à priorização de outros projetos Negativo Alta (3) Alto (4) 12 2 Organizacional Outros atrasos no cronograma Negativo Média (2) Alto (4) 8 3 Organizacional A organização conseguir subsídios do governo para garantir investimentos Positivo Média (1) Muito alto (5) 5 4 Gerenciamento Mudança de foco no projeto Negativo Baixa (2) Baixo (2) 4 Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 E se as pessoas que estão avaliando os riscos discordarem dos valores atribuídos em cada risco? Segundo Kerzner (2016), é natural que um membro da equipe avalie um risco de acordo com o impacto que ele pode gerar em sua parte do projeto. Faro (2007) reforça que a melhor forma de conduzir a avaliação dos riscos é fazendo com que todos avaliem os riscos baseados em como eles afetam os objetivos gerais do projeto. Ainda quanto à análise qualitativa, conforme descrito no Guia PMBOK® (Project Management Institute, 2017), é importante realizar também a categorização dos riscos. A categorização nada mais é do que agrupar os riscos para que se possa criar uma melhor estratégia de lidar com eles. Os riscos podem ser agrupados pela fase do projeto, pela fonte do risco, ou ainda, podem ser criadas várias categorias que ajudem a organizar melhor a resposta aos riscos. TEMA 3 – ANÁLISE QUANTITATIVA: CALCULANDO PROBABILIDADES, IMPACTOS E VALOR DOS RISCOS Uma vez priorizados os riscos utilizando a análise qualitativa, já teremos uma lista categorizada de quais riscos são relevantes o suficiente para investir tempo em uma análise mais aprofundada e suas implicações para os objetivos do projeto. A Van Haren Publishing (2006) afirma que alguns dos principais benefícios dessa análise são: possibilitar atingir o objetivo específico do projeto; quantificar os riscos e determinar o valor necessário para a reserva de contingência tanto para cronograma quanto para o custo; priorizar os riscos de maior impacto. A análise quantitativa possibilita mensurar o impacto dos riscos nos objetivos do projeto. É importante deixar claro que, na análise anterior, foram atribuídos números em uma escala que representa atributos subjetivos como baixo, médio e alto. Nessa análise, serão utilizados números brutos relacionados ao tempo, como a data mais provável, a data otimista e a pessimista e também relacionadoao custo do projeto. Concentre-se em coletar números para ajudar a avaliar riscos e tomar as melhores decisões sobre como lidar com eles. No entanto, como ter certeza se os números são confiáveis? Segundo Faro (2007), da mesma forma que comentamos no tema 2, é natural que os membros Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 da equipe mensurem prazos e custos de acordo com o impacto que ele pode gerar em sua parte do projeto. O Van Haren Publishing (2006) sugere que, para ajudar a levantar números mais confiáveis, é necessário analisar projetos similares e lições aprendidas, bem como solicitar a análise de especialista. TEMA 4 – PRINCIPAIS FERRAMENTAS PARA ANÁLISE QUANTITATIVA Durante todo o ciclo de vida do projeto, estamos suscetíveis a ser impactados por variáveis tanto externas como internas, possibilitando infortúnios. Como já vimos no tema 3, a análise quantitativa visa mensurar probabilidades, ajudando o Gerente de Projetos a reduzir a possibilidade de fracassos. Neste tema, vamos apresentar as ferramentas mais utilizadas na análise quantitativa de riscos. Algumas dessas ferramentas são: Análise do Valor Monetário Esperado (VME) – É uma ferramenta que permite mensurar os custos de todos os caminhos que podem ser adotados durante o projeto. O cálculo é feito atribuindo um valor monetário para cada uma das possibilidades. O resultado deve ser ponderado pela probabilidade de cada ocorrência. Para as oportunidades, atribui-se valores positivos, e para os riscos relacionados a ameaças, são atribuídos valores negativos; Árvore de decisão – É a representação gráfica das opções ou cenários possíveis, sendo calculado o custo e probabilidade de ocorrência. O resultado final possibilita a análise dos valores apresentados para os diferentes cenários. Podemos calcular quanto custa uma decisão usando o VME ou utilizando a Árvore de Decisão. Porque temos duas maneiras de fazer a mesma coisa? Realmente, quando analisamos as duas ferramentas mais atentamente notamos que ambas fazem exatamente a mesma coisa. A diferença está na forma de apresentação da árvore de decisão, a qual é mais visual. Análise Monte Carlo – utiliza números aleatórios e probabilidade para simular cenários. A simulação Monte Carlo é um método baseado em uma amostragem aleatória que faz repetidas e sucessivas simulações um elevado número de vezes. Seu objetivo é calcular probabilidades a fim de fornecer ao tomador de decisão a distribuição de probabilidades de ocorrência do cenário estudado. O resultado é a representação gráfica Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 apresentando as possibilidades de conclusão do projeto, levando em conta o custo e prazo do projeto. Saiba mais Você sabia que a Análise Monte Carlo é influenciada pelos estudos realizados por Bayes e pela Teoria da Probabilidade Subjetiva? Um pouco sobre tais estudos e essa teoria nos ajudará a conhecer mais sobre os fundamentos da Análise Monte Carlo. A probabilidade subjetiva está associada ao grau de crença e ao estado de conhecimento de um indivíduo. Esse tipo de probabilidade é fundamentado em método axiomático proposto por Savage. Segundo esse autor, um conjunto de axiomas sobre o comportamento de um tomador de decisões delineia as formas pelas quais as escolhas serão realizadas. (Faro, 2007). Os fundamentos dessa teoria exposta por Savage e aprimorada por autores posteriores, como Anscombe-Aumann e Fishburn, são usualmente associados ao paradigma Bayseano. O paradigma Bayseano fundamenta-se nos estudos de Thomas Bayes (1702-1761), sua abordagem foca em probabilidades de eventos únicos. A abordagem frequentista contrapõe o paradigma apresentado, uma vez que afirma ser mais eficiente estimar probabilidades de eventos relativos a frequências com a qual estes ocorrem. Essa eficiência estaria relacionada a condições de raciocínio do ser humano, o qual tende a avaliar condições de incerteza por meio de probabilidade de ocorrência de frequências de eventos e não de ocorrência de eventos únicos (Roazzi; O’Brien; Dias, 2003). Os estudos realizados por Bayes e a Teoria da Probabilidade Subjetiva influenciaram a concepção do Método de Monte Carlo. Observa-se, nesse método, a apresentação de informações prévias sobre determinada variável, associadas a uma distribuição de probabilidade denominada distribuição a priori. Essa distribuição representa a incerteza do pesquisador diante de um problema aparentemente conhecido; o teorema mostra que as probabilidades se alteram ante a novas evidências que surgem durante o projeto. Essa mesma teoria pode ser exemplificada com o jogo das três portas, também conhecido como problema de Monty Hall. No próximo tema, conheceremos um pouco sobre como priorizar riscos. 09 TEMA 5 – PRIORIZAÇÃO Já listamos os riscos, bem como realizamos as análises qualitativa e quantitativa utilizando ferramentas e técnicas apropriadas. Agora, é necessário realizar a priorização dos riscos. Como vimos anteriormente, em um projeto podem existir inúmeros riscos mapeados, mas nem todos são passíveis de controle e de execução de medidas paliativas. Como priorizar os riscos que merecem maior atenção e ações incisivas? Para isso, considere sua probabilidade e seu impacto. Primeiramente, olhe para seu cronograma e verifique quais são os riscos que estão relacionados diretamente ao caminho crítico do projeto. Esses riscos têm consequências diretas no prazo final de seu projeto. O Guia PMBOK® (Project Management Institute, 2017) recomenda que, após identificar os riscos relacionados ao caminho crítico, seja feita a análise da probabilidade de ocorrência e do impacto de cada risco. É muito difícil conseguir ter uma resposta a todos os riscos de um projeto, além de necessitar um esforço grande por parte da equipe. Isso acaba sendo muito caro, então, a priorização dos riscos ajuda a equipe a focar os esforços nos riscos que tem a maior probabilidade de impactar o projeto. Lembre-se sempre: existem riscos de oportunidades. Busque sempre formas de potencializar a sua ocorrência! FINALIZANDO Chegamos ao fim da aula 4. Empregamos elementos explicativos e práticos para analisar qualitativamente e quantitativamente os riscos identificados, utilizando ferramentas e técnicas. Fizemos uma observação do caminho crítico e como ele pode ajudar na priorização, e também vimos à importância da priorização dos riscos de acordo com o impacto no projeto. Nesse momento, passamos da metade dessa escalada. Com todos os direcionamentos dados até aqui, estamos quase finalizando nosso plano para começar a executar a gestão de riscos por meio de seu monitoramento. No entanto, antes ainda temos que finalizar nosso plano desenvolvendo as respostas e as contingências aos riscos. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ISO 31000: Gestão de riscos – Princípios e diretrizes. Brasília, 2009. CHITTENDEN, J. (Org.) Risk Management based on M_o_R®: a Management Guide. Professional Risk Managers' International Association, Northfield, [S.d.]. Disponível em: <http://www.vanharen.net/Samplefiles/9789087532116_risk-management-based- on-m_o_r-a-management-guide.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2018. DINSMORE, P. C.; SILVEIRA NETO, F. H. da. Gerenciamento de Projetos e o Fator Humano: conquistando resultados através das pessoas. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2012. FARO, J. H. Probabilidade Subjetiva e Ambiguidade. [S.l.]: [S.e.], 2007. KERZNER, H. Gestão de Projetos: as melhores práticas. 3. ed. [S.l.]: Bookman, 2016. PROJECTMANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOK®: Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Filadélfia: PMI, 2017. ROAZZI, A.; O’BRIEN, D. P.; DIAS, M. da G. B. B. Sobre o debate frequentista versus probabilista: “sorte de tolo” torna-se uma explicação plausível. Psicologia, Reflexão e Crítica, Porto Alegre, 2003. AULA 5 GERENCIAMENTO DE RISCOS Prof. Thiago Ayres 02 CONVERSA INICIAL É possível ao gestor de projetos traçar ações que possibilitem ampliar oportunidades geradas por riscos positivos ou reduzir ameaças ocasionadas por riscos negativos? Essas ações podem impactar o projeto? Como realizar o planejamento de respostas aos riscos de forma a garantir o sucesso do projeto? É possível e recomendável realizar o planejamento de respostas aos riscos. Essa rota lhe auxiliará a empregar elementos práticos sobre respostas aos riscos. Abordaremos os tipos de respostas para riscos positivos e negativos, aprofundando o desenvolvimento de tais temas nas seções subsequentes. Veremos como elaborar respostas ao risco geral do projeto. Por fim, trabalharemos a elaboração de respostas de contingências aos riscos. CONTEXTUALIZANDO Até aqui finalizamos as análises qualitativa e quantitativa e, depois, chegamos a uma lista de riscos priorizada de acordo com sua probabilidade de ocorrência e impacto. Mas e agora? Já podemos finalizar o plano de riscos e iniciar a execução do projeto? Ainda não. Precisamos definir quais serão as respostas, bem como atribuir uma contingência aos riscos mais prioritários. Vamos aprender a fazer isso? TEMA 1 – TIPOS DE RESPOSTAS PARA RISCOS DO PROJETO Após as análises dos riscos e a priorização, qual é o próximo passo? Como se posicionar diante dos riscos? O caminho é buscar respostas para os riscos. As respostas aos riscos devem considerar as características de cada risco. Como já vimos, há dois tipos de riscos: positivos e negativos. Além de respostas para esses dois tipos, é importante planejar a contingência, as quais se caracterizam por serem implementadas apenas quando determinados eventos previamente previstos ocorrem. Segundo o Guia PMBOK® (Project Management Institute, 2017) para riscos positivos, os tipos de respostas podem ser: • escalar – quando existe uma oportunidade que está fora do escopo de projeto e excede a autoridade do gerente de projeto; • explorar – essa resposta normalmente é selecionada para oportunidades de alta prioridade, visando garantir que a oportunidade seja concretizada; Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 • compartilhar – envolve passar a responsabilidade de uma oportunidade para um terceiro. Normalmente envolve o pagamento de um prêmio; • melhorar – essa resposta é usada para aumentar a probabilidade de ocorrência ou impacto de oportunidade. O foco aqui é ficar atento a todas as causas do risco; • aceitar – a aceitação de um risco é reconhecer que ele existe, mas que não será implementada nenhuma ação. Essa estratégia é adotada para oportunidade de baixa prioridade. Ainda, de acordo com o Guia PMBOK® (Project Management Institute, 2017), os riscos negativos podem ter respostas como: escalar – quando existe uma ameaça que está fora do escopo de projeto e excede a autoridade do gerente de projeto; prevenir – é quando a equipe do projeto atua para eliminar uma ameaça; transferir – envolve passar a responsabilidade de uma ameaça para um terceiro. Normalmente envolve o pagamento de um prêmio; mitigar – envolve uma ação para reduzir a probabilidade de ocorrência ou do seu impacto; aceitar – a aceitação de um risco é reconhecer que ele existe, mas que não será implementada nenhuma ação. Essa estratégia é adotada para ameaças de baixa prioridade. O Van Haren Publishing (2006) destaca que uma correta definição da resposta aos riscos do projeto facilita a definição da estratégia de contingência. As respostas aos riscos mais prioritários normalmente possuem também uma estratégia de contingência associada. Essa estratégia define reservas que têm como objetivo resguardar o projeto de eventuais infortúnios que possam causar impacto no seu objetivo. TEMA 2 – DESENVOLVENDO RESPOSTAS A RISCOS POSITIVOS Os riscos não são, necessariamente, negativos, apesar de o termo ser usualmente utilizado com essa conotação. Os riscos positivos, também conhecidos como riscos de oportunidade, são capazes de trazer consideráveis benefícios ao projeto, se bem planejados e gerenciados. Agora que já compreendemos as possibilidades de respostas a riscos positivos, vamos aplicar esse conhecimento em um estudo de caso? Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 Figura 1 – Desenvolvendo respostas a riscos positivos . Vamos compreender na prática? Considere o projeto descrito a seguir e alguns riscos de oportunidades identificados. Vamos refletir sobre possíveis respostas a esses riscos. 2.1 Estudo de caso O Projeto analisado é o projeto Reciclar. Este projeto tem como principal objetivo incentivar a mudança de hábitos da comunidade em relação à destinação correta dos resíduos sólidos, integrando a educação ambiental a atividades escolares e públicas. Visa-se também incentivar a adoção de práticas sustentáveis para a comunidade, tendo como público-alvo, professores, alunos, membros da comunidade, empresas e órgãos públicos. O Projeto proporcionará experiências e instrumentos para uma prática interdisciplinar de educação ambiental e propiciará aos alunos e à comunidade oportunidades de aprendizagem sobre as relações entre os ecossistemas e as questões culturais, considerando o ambiente onde a escola, o bairro e a cidade encontram-se inseridos, respeitando suas peculiaridades. (Andrade, 2014) 2.2 Análise do estudo caso Durante a identificação dos riscos aplicáveis ao projeto Reciclar, foram identificados alguns riscos de oportunidade, dentre os quais estão: 1) Participação do setor público no projeto, fato que pode implicar alocações de novos recursos; 2) Possibilidade de mobilização da comunidade, em prol do projeto, por parte do núcleo de agentes ambientais da região. Quais respostas poderíamos atribuir aos riscos de oportunidades apresentados? Como decidir entre escalar, explorar, compartilhar, melhorar ou aceitar o risco? O primeiro passo é levantar possíveis respostas. Reuniões de facilitação com a equipe do projeto ou opiniões especializadas são técnicas para o levantamento das alternativas de respostas aos riscos. Diante das possibilidades Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 de respostas, o próximo passo é verificar qual opção tem maior probabilidade de eficácia. Nesse caso, a equipe do projeto identificou as respostas a seguir como passiveis de maior probabilidade: 1. a) Risco: Participação do setor público no projeto, fato que pode implicar alocações de novos recursos. b) Tipo de risco: De oportunidade. c) Resposta ao risco: Elaborar projeto de captação de recursos para ser apresentado ao setor público. d) Tipo de resposta ao risco: explorar. 2. a) Risco: Possibilidade de mobilização da comunidade, em prol do projeto, por parte do núcleo de agentes ambientais da região. b) Tipo de risco: De oportunidade. c) Resposta ao risco: Estruturar grupo de diálogo com os agentes ambientais, tendo em vista atuar em ações que ampliem a motivação em colaborar de tais agentes. d) Tipo de resposta ao risco: Melhorar. Como podemos perceber na análise desse estudo de
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