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ÍNDICE APRENDIZADO DIÁRIO MUDANÇAS ACELERADAS EXPERIÊNCIA NO COMBATE A ENDEMIAS E PANDEMIAS PLANEJAMENTO E AÇÃO RÁPIDA CRISE FINANCEIRA VAI IMPACTAR AS UNIVERSIDADES TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: COVID19 E ALÉM COVID-19: ESTRESSE E BEM-ESTAR PSICOLÓGICO USANDO A TECNOLOGIA PARA OS CUIDADOS DE SAÚDE DURANTE E APÓS A COVID-19 A ESTRATÉGIA ALEMÃ CONTRA O COVID-19 LOCKDOWN NA CORÉIA DO SUL E A REAÇÃO DO PÚBLICO SOBRE AS MEDIDAS COMO EVITAR NOVAS PANDEMIAS COM A TECNOLOGIA? Educação Comunicação Avaliação dinâmica Primeira Categoria Rastreamento de Contato Infodemia Perspectivas Segunda Categoria Conselho aos médicos brasileiros Prevenção: triagem de sintomas Insights epidemiológicos Telemedicina Treinamento Terceira Categoria Risco de estresse pós-traumático ou crescimento de estresse pós-traumático? Mitigação: Rastreamento de Contato TECNOLOGIA E INOVAÇÃO A FAVOR DA EDUCAÇÃO MÉDICA ABERTURA LENTA E GRADUAL UM RECADO AOS MÉDICOS MUDANÇAS DE PARADIGMAS AS LIÇÕES DE TAIWAN E DO REINO UNIDO PARA O COMBATE AO CORONAVÍRUS NO BRASIL INOVAÇÃO, COOPERAÇÃO E MUDANÇA DE PARADIGMAS: OS DESAFIOS AO ENSINO DA MEDICINA NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS USO DE TECNOLOGIA PARA CUIDADOS DE SAÚDE DURANTE E APÓS A COVID-19 PSICOLOGIA E BEM-ESTAR DE MÉDICOS, PACIENTES E POPULAÇÃO EM GERAL 01 06 11 20 03 08 11 20 15 24 26 19 11 15 25 22 13 16 25 22 14 16 18 13 16 23 23 17 09 04 04 10 04 02 07 01 AS LIÇÕES DE TAIWAN E DO REINO UNIDO PARA O COMBATE AO CORONAVÍRUS NO BRASIL A pandemia do Coronavírus tem sido enfrentada de diferentes formas pela comunidade médica no mundo. Enquanto na Ásia, Taiwan lançou mão de experiências anteriores com pandemias e endemias, no continente europeu, o Reino Unido apostou no fortalecimento e sistematização de seu serviço público de saúde. É o que nos conta os especialistas ouvidos no webinar promovido pela Afya em parceria com a startup irlandesa IHeed. No tempo em que a curva de contágio do Coronavírus no Brasil segue acelerada, outros países do mundo já conseguiram frear a velocidade da infecção em maior ou menor escala, cada um a seu modo. É o caso da ilha de Taiwan. O país passou praticamente ileso pela pandemia, registrando módicos 440 casos, e menos de 10 mortes. Outros países, como Itália, Espanha e Reino Unido seguiram caminhos opostos, com alta taxa de infecção e letalidade, mas agora começam a dar os primeiros sinais de que o pior já passou. Para entender um pouco melhor as estratégias adotadas por Taiwan e Reino Unido a Afya, em parceria com a startup de educação médica irlandesa IHeed, organizou um webinar para tratar sobre os recursos e infraestrutura necessárias no enfrentamento da Covid-19 nesses países. Os convidados foram Brian Chang, secretário-geral em exercício da associação médica de Taiwan e secretário honorário de médicos de família da região Ásia-Pacífico e Salman Rawaf, pediatra com formação em saúde pública, diretor do Centro de Colaboração da OMS para educação e treinamento em saúde pública. Ele também é conselheiro da OMS para atenção primária em saúde, sistemas de saúde, educação médica e recursos humanos em saúde. O painel foi mediado por Julio de Angeli, VP de Inovação e Educação Continuada da Afya, com participação do Dr. Tom O’Callaghan, CEO da IHeed, e do cardiologista Dr. Rafael Munerato. VOCÊ PODE ACOMPANHAR O WEBINAR COMPLETO AQUI. https://www.youtube.com/watch?v=JvF--NNFfB4&t=1s 02 APRENDIZADO DIÁRIO A Covid-19 surgiu na província de Wuhan, na China, em dezembro de 2019. De lá para cá, muito tem sido estudado sobre o vírus e a doença causada por ele. Em apenas alguns meses, o vírus se espalhou com força pelo país asiático e tomou o mundo, de forma que poucos países estavam preparados para enfrentar essa nova ameaça de saúde. Salman conta que a Europa e o Reino Unido, particularmente, subestimaram a capacidade do vírus no início. “Temos muitos recursos de saúde pública no Reino Unido, e ainda assim, fomos tomados de surpresa pelo Coronavírus, pela intensidade do contágio, pelo grande número de casos e pela fatalidade da doença”, avalia o conselheiro da OMS. Ele revela que assim que o vírus começou a infectar pessoas no Reino Unido o país não tinha leitos de UTI nem respiradores suficientes para atender a demanda crescente. Nem mesmo protocolos haviam sido estabelecidos. “No início da pandemia nós mesmos acabamos cometendo alguns erros, como a questão das máscaras, se deveríamos recomendar ou não o uso. As pessoas achavam que não sabíamos o que estávamos fazendo, o que gerou medo na população”, lembra o médico. O aprendizado veio com o enfrentamento diário ao vírus. “Não há especialistas no vírus, estamos aprendendo enquanto a pandemia progride e isso foi um problema para o Reino Unido, até que criamos um comitê de aconselhamento técnico especial”, explica. Esse comitê passou então a fornecer dados e diretrizes para a ação do governo britânico. Hoje Taiwan serve como exemplo para o mundo no enfrentamento à doença, mas no início da pandemia o governo local também cometeu erros e aprendeu com eles. O controle migratório inicialmente focou todos os esforços nos aeroportos, controlando temperatura corporal dos passageiros e separando pessoas com sintomas. Ainda assim os casos continuaram aumentando. Algum tempo depois as autoridades perceberam que falharam ao não realizar o devido controle dos portos, nos navios de carga e cruzeiros. Um aprendizado que ajudou a controlar os números nas semanas seguintes. 03 PLANEJAMENTO E AÇÃO RÁPIDA A primeira medida tomada no Reino Unido foi preparar o sistema de atenção básica de saúde para receber os primeiros pacientes e orientá-los. “Estabelecemos uma linha telefônica dedicada para aconselhamento de pessoas que tinham sintomas para que eles tivessem informações antes de ir ao médico”, conta. Para ele, fortalecer a atenção básica é importante para aliviar os demais serviços, pois quanto menos pacientes com sintomas leves procurando hospitais, mais pacientes graves podem ser tratados. Em Taiwan o secretário-geral Brian Chang conta que a preparação para enfrentar a pandemia extrapolou o sistema de saúde e chegou ao controle das fronteiras. O país, uma pequena ilha acessível apenas de avião ou barco, imediatamente estabeleceu uma forte política de controle migratório. A ilha também estabeleceu uma reorganização do setor produtivo para que indústrias voltassem a sua capacidade instalada para a produção de equipamentos de proteção. “Quando soubemos do vírus em dezembro, iniciamos uma negociação com o governo para a produção de máscaras e demais EPÌs, envolvemos a comunidade médica no planejamento de políticas públicas e recomendamos às autoridades para que fizessem o controle de fronteira”, detalha Chang. Por lá, o Congresso também aprovou rapidamente medidas legais temporárias para permitir a telemedicina e desafogar o sistema de atenção básica de saúde. Chang lembra que o sucesso do controle do vírus depende de uma forte atuação do poder público e a sua capacidade de se comunicar com a população. “Medidas fortes demonstram que o governo está numa posição de liderança, que vai proteger o povo contra a doença e isso fez com que as pessoas confiassem nas ações do governo”, explica o secretário taiwanês. “Temos consultores infectologistas muito experientes e reconhecidos. Eles trabalham juntos com os demais órgãos de saúde, fazemos coletivas de imprensa, comunicamos o que vamos fazer, reportamos estatísticas. Com isso, as pessoas não entram em pânico”, argumenta Brian Chang. 04 EXPERIÊNCIA NO COMBATE A ENDEMIAS E PANDEMIAS Embora poucos se lembrem, há quase 20 anos uma epidemia de SARS, a Síndrome Respiratória Aguda Grave, impactou a China e chegou à pequena ilha de Taiwan. O ano era 2003. Durante aquela epidemia autoridades de saúde e a população adquiriram experiências que permanecem até hoje. Chang acredita que o baixo número de casos no país é fruto do aprendizadodesse período. ABERTURA LENTA E GRADUAL Salman acredita que enquanto a vacina ou um remédio eficiente não estiverem disponíveis, a melhor forma de prevenção será o distanciamento social. Para ele é preciso convencer a população sobre as medidas de isolamento e combater as notícias falsas que permeiam as redes sociais e imprensa sobre o Coronavírus. O especialista, que aconselha o governo britânico, apresenta algumas medidas para o relaxamento da quarentena. Ele lembra que o objetivo de todas as medidas recomendadas até agora são para conter o avanço do vírus e evitar o colapso do sistema de saúde. “Quanto mais rígidas as medidas melhores os resultados”, pontua. Aprendemos a trabalhar com EPIs, as pessoas aprenderam que podem usar máscara para se proteger, a utilizar álcool para higienizar as superfícies, a lavar as mãos com detergentes para se livrar do vírus. Esse hábito da população foi importante para que nós tivéssemos sucesso precoce por aqui com o Coronavírus “ “ explica o secretário-geral. Reduzir a taxa de infecção/duplicação1 Garantir a capacidade do sistema de saúde para o atendimento dos casos existentes2 Ter capacidade de rastrear novos casos e acompanhar a evolução dos pacientes3 A pandemia de H1N1, em 2009, também deixou lições. ”Soubemos como identificar os casos rapidamente dessa vez e fazer o isolamento adequado para controlar a disseminação do vírus”, celebra Chang. 05 Determinadas medidas vão continuar a restringir a liberdade de ir e vir mesmo após o controle da doença, como a redução de aglomerações no transporte público, a capacidade de restaurantes, bares e demais espaços de interação social. É isso que o conselheiro da OMS acredita. “Precisamos aceitar que a economia mundial vai ser diferente nos próximos meses e anos, que vamos ter corte nos salários, que impostos extras serão cobrados para manter o tecido social dos países, que a escola vai ser diferente”, lembra Salman. Na sua avaliação, grupos de grande risco, como idosos e pessoas com comprometimento imunológicos ficarão mais tempo em isolamento. UM RECADO AOS MÉDICOS Os médicos e demais profissionais da saúde são os profissionais mais importantes do mundo hoje. Isso está ficando cada vez mais claro à medida que a pandemia avança. Os convidados lembram, porém, que eles precisam se cuidar antes de cuidar do paciente. “Vocês precisam se proteger e isso não é fácil. Proteger-se não só do vírus, mas do burnout, da pressão mental”, recomenda Salman. “Vocês precisam entender, como médicos, que vocês são homens e mulheres que fazem um trabalho maravilhoso e vocês precisam continuar no front, então cuidem de si mesmos”, finaliza Salman Rawaf. “Os médicos agora são heróis, acreditem em vocês mesmos, tudo vai passar e se protejam até mesmo antes de tratar os pacientes”, expressa Chang. Aos estudantes, o secretário-geral taiwanês passa o recado: “você tem sorte por ser aluno de medicina nesse momento. O aprendizados que você terá agora vai lembrar daqui 20 anos”. 06 INOVAÇÃO, COOPERAÇÃO E MUDANÇA DE PARADIGMAS: OS DESAFIOS AO ENSINO DA MEDICINA NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS Inovação tecnológica, cooperação entre universidades e capacidade de mudar paradigmas educacionais são as grandes lições que a pandemia do Coronavírus dão para todos os stakeholders envolvidos no ensino e prática da medicina no mundo hoje. A Afya e a statup irlandesa IHeed ouviram especialistas de diversas partes do planeta para entender como será o panorama da educação médica no mundo pós-pandemia. A pandemia do Coronavírus, em apenas alguns meses, transformou o ensino e a prática da medicina de uma forma que não se via há décadas. Esse é o grande consenso que os especialistas ouvidos no webinar promovido pela Afya Educacional e o IHeed, startup de educação médica da Irlanda, expuseram no painel sobre as mudanças na educação médica realizado no dia 5 de maio. E vai continuar mudando ainda mais se depender da avaliação dos estudiosos convidados: Mary Horgan, infectologista da Royal College of Physicians of Ireland, Sudhesh Kumar, professor da Warwick Medical School e Karan Khemka, sócio da Pantheon Group, consultoria especializada no setor educacional. O painel foi mediado por Julio de Angeli, VP de Inovação e Educação Continuada da Afya, com participação do Dr. Tom O’Callaghan, CEO da IHeed, e do cardiologista Dr. Rafael Munerato. VOCÊ PODE CONFERIR O WEBINAR COMPLETO AQUI. https://www.youtube.com/watch?v=NARx1okMFh8&t=31s 07 MUDANÇAS ACELERADAS Um carro acelerando de 0 a 200 quilômetros por hora, foi dessa forma que a infectologista Mary Horgan definiu a intensidade das mudanças na medicina impostas pela crise do Coronavírus no mundo. “Fizemos mudanças muito rápidas que deveríamos ter feito antes, mas tínhamos dificuldades pela questão da aceitação do uso da tecnologia pelos professores e alunos. Mentalidade que está sendo transformada a cada momento”, surpreende-se a infectologista. É o que aponta também Sudhesh Kumar. “Mudanças que sempre quisemos fazer nas universidades estão agora acontecendo”, celebra ele. Essa necessidade de inovar “na marra” mexeu muito com a medicina, área tradicionalmente conservadora e pouco afeita a mudanças bruscas. “Eu, que trabalho há anos com educação médica sei que o setor sempre foi o mais resistente a mudanças, com razão, claro. Contudo, há hoje um consenso de que as regras eram muito rígidas e todos precisam estar mais abertos a mudanças”, avalia Karan Khemka. A razão é a nova realidade imposta a professores, estudantes e gestores educacionais diante das recomendações de combate à pandemia propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), principalmente o isolamento físico como forma de reduzir a velocidade de contágio da doença. Faculdades de medicina em todo o mundo tiveram que interromper suas atividades presenciais e adaptar as aulas de forma on-line em apenas algumas semanas, algo impensável para muitas instituições de ensino há um semestre atrás. Situação essa que trouxe consigo enormes desafios. Tivemos que agir de maneira inovadora, principalmente na pós- graduação, no momento de avaliar os alunos, sobretudo na interação com o paciente. Identificamos que muitas habilidades podem ser avaliadas nos alunos mesmo sem um paciente na sua frente, como a compaixão e a empatia, que são muito importantes na formação médica “ “ relata a infectologista Mary Horgan. O professor Kumar relata que a mudança não está restrita ao ambiente on-line. Ele mesmo propôs à instituição em que leciona que os alunos pudessem estar presentes no front de combate à Covid-19, observando de perto e aprendendo práticas importantíssimas para sua formação, o que, segundo ele, demonstra a necessidade urgente da cooperação entre universidades e serviços de saúde na formação dos futuros médicos. 08 CRISE FINANCEIRA VAI IMPACTAR AS UNIVERSIDADES A pandemia parece se comportar como um tsunami, com uma primeira onda levando vidas e colapsando os sistemas de saúde pelo mundo. Depois com uma segunda onda varrendo a economia global. Nesse contexto as universidades não vão passar ilesas, avalia Karan Khema. “Estamos prestes a entrar em um período de grandes dificuldades financeiras e sociais, o que vai impactar muito o nosso trabalho. Neste momento de dificuldade, as instituições mais bem-sucedidas serão as mais inclusivas”, reflete. Ele indica que é preciso escalonar a capacidade do ensino de medicina nas instituições. Khema diz que as atenções hoje estão voltadas para as grandes e renomadas universidades, muito exclusivistas. A evolução seria um modelo de ensino em que as instituições tradicionais, com os seus renomados professores, colaborassem para que a educação médica de qualidade chegasse a mais pessoas. A infectologista Horgan acrescenta que a crise econômica vai colocar em xeque não só a educação médica, bancada na maior parte dos países desenvolvidos pelo estado, mas a demanda social por uma medicina melhor. “Os contribuintespagam para que nós forneçamos a melhor educação para os profissionais da saúde e querem de volta a melhor medicina. Também não seria surpresa se o Estado passasse a cobrar mais para os melhores médicos das instituições financiadas por ele”, sugere Mary. Karan lembra que os EUA criaram um pacote de US$3 trilhões para o combate ao Coronavírus em apenas algumas semanas, o que demonstra a força do Estado para investir nas pessoas. “A crise da Covid demonstra que se a sociedade quiser, o Estado pode financiar um futuro melhor para todos nós, em que todas as pessoas possam receber educação. O dinheiro existe”, pondera. 09 TECNOLOGIA E INOVAÇÃO A FAVOR DA EDUCAÇÃO MÉDICA Os especialistas sugerem que a tecnologia trabalhe a favor da democratização do acesso à educação médica, como também à modernização da forma de ensino e prática da medicina. “Os médicos não estão sendo treinados para o uso de big data, por exemplo, tecnologia que é comum usarmos quando vamos planejar uma viagem para entender o clima, o trânsito, e cruzar informações para tomar decisões. E não estamos tratando disso nas universidades”, alerta Karan. Para ele, a inclusão do ensino da telemedicina e demais tecnologias nas universidades vai abrir uma porta para o desenvolvimento de diversas outras ferramentas digitais de apoio à prática médica. O professor Sudhesh relata que tem testado uma abordagem de ensino focado no caso do paciente, trazendo o aluno para o hospital, o que permite um trabalho interdisciplinar que agrega muito ao seu conhecimento. Ele também acredita que os médicos de excelência, que já atuam nos hospitais, podem ser capacitados para se tornarem grandes professores neste modelo. A interdisciplinaridade vai ao encontro de outro consenso entre os especialistas do painel: é necessário que o ensino da medicina converse com outras áreas do conhecimento, como a administração e a tecnologia da informação, por exemplo. Os alunos precisam aprender sobre telemedicina, modelos de negócio. Devemos formar líderes não só na área médica, como também em gestão e negócios. Isso não é algo que exige contato com paciente. Devemos tentar identificar habilidades na tecnologia, nos negócios, nas humanas e incorporar na formação médica “ “ aponta Mary Horgan. E se a medicina pudesse ser ensinada com o mesmo dinamismo que as técnicas de programação? Karan lembra durante o painel o modelo de bootcamps que estão se tornando cada vez mais comuns em centros de tecnologia da informação dos EUA. Neste modelo, o aluno participa de uma imersão de 12 semanas para conhecer e se especializar em determinada tecnologia, muitas vezes dentro das próprias empresas que vão o recrutar no futuro. Por que ideias assim não surgem na educação médica?, questiona. 10 MUDANÇAS DE PARADIGMAS A resposta pode estar na forma como o ensino da medicina tem sido concebido nas últimas décadas. “Não há ímpeto de inovação”, crítica Karan. Para o sócio da Pantheon, a necessidade levará muitos gestores a considerarem a inovação não mais um complemento, mas parte fundamental da educação médica: Esse novo modo de pensar deve chegar até os órgãos reguladores também, hoje considerado um grande oponente dos novos paradigmas educacionais na área da saúde. Mary lembra que são esses órgãos que garantem os padrões de qualidade da medicina ensinada e praticada em todo mundo, mas é preciso rever conceitos. “No caso da medicina é importante que tenhamos médicos qualificados, claro, mas temos que incluir inovação nessa receita”, pondera a infectologista. Sudhesh e Karan já vislumbram essa transformação dos reguladores em partes da Ásia e do Oriente Médio. A própria pandemia do Coronavírus muda, aos poucos, a mentalidade dentro desses órgãos. “As agências regulatórias precisam estar abertas para a inovação”, opina o professor da Warwick. “E onde mais há demanda por formação médica, as agências devem estar abertas a essas novas formas de educar”, acrescenta. Acredito que as universidades nos próximos 5, 10 anos vão entender que a tecnologia da informação é a mais importante área do conhecimento “ “ 11 USO DE TECNOLOGIA PARA CUIDADOS DE SAÚDE DURANTE E APÓS A COVID-19 Se a pandemia do Coronavírus parou o mundo real, aquele que podemos tocar e sentir, o mesmo não podemos dizer dos espaços digitais. Nunca a tecnologia foi tão importante para manter as atividades humanas em funcionamento. Esse tema foi assunto do webinar realizado em 7 de maio no YouTube da Afya com os mediadores Tom O Callaghan, CEO e Fundador da IHeed, médico da família e um dos principais empresários de educação médica da Irlanda. Estavam presentes também os convidados professor Tan Tze Lee, docente adjunto da escola de medicina de Singapura, reitor da College of Family Physicians, e o professor Alain Labrique, diretor fundador da John Hopkins University Global Health´Initiative. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: COVID19 E ALÉM Educação Apesar de estarmos vivendo uma época de pandemia, Tan Tze Lee acredita que temos o benefício de contar com a tecnologia da informação para nos ajudar a gerenciar essa crise e seguirmos além dela. Contando com isso, usou as experiências que presenciou em Singapura, relacionando a Tecnologia da Informação com o novo coronavírus. Para isso, dividiu seu discurso em três partes: educação, Covid-19, e o rastreamento de contato e telemedicina. Anualmente, a escola em que o professor Tan Tze Lee leciona forma aproximadamente 700 alunos. Com a COVID-19, os programas de formação foram afetados. Desde janeiro de 2020, houve uma restrição aos profissionais de saúde que trabalhavam em mais de uma instituição – muitos trabalhavam em instituições públicas e privadas, e não poderiam realizar mais esse trânsito entre unidades e, com isso, os cursos seriam cada vez mais afetados. A partir de fevereiro, o isolamento social foi oficialmente implementado no país, fazendo com que medidas novas precisassem ser tomadas. Os cursos são conhecidos por levarem uma didática tradicional e, com a pandemia, chegou-se a um questionamento: deveriam adiar os cursos ou usar a tecnologia e tentar teleconferências? ? 12 Então, começaram a usar o software Zoom, algo que eles já estavam habituados a usar para outras finalidades, por ser fácil de ser usado, acessível, possível de colocar grupos grandes de pessoas em uma única chamada e, também, dividir as salas em pequenos grupos. Mas, ao mesmo tempo, foi percebido que ainda não havia conhecimento de como trabalhar com esta ferramenta. No começo, a equipe reunia 3 pessoas: um presidente, um moderador e um suporte técnico. Além da equipe, usaram câmeras e microfones de baixo custo e internet de banda larga. Com isso, eles conseguiram dar sequência às aulas de mestrado, com mais de 500 alunos participando, com feedbacks positivos dos alunos. No geral, fizeram uma pesquisa no programa e descobriram que o feedback foi positivo, com 90% de aprovação no vídeo como boa ou excelente, 80% de aprovação na qualidade do áudio como boa ou excelente. O conteúdo entregue também foi avaliado com 80 a 90% de aprovação entre bom e excelente. Considerando os órgãos de educação do país, o conselho de educação médica fez algumas mudanças nos requisitos para os programas de pós-graduação. Então, qualquer webinar feito sobre a COVID-19 pode ser feito a qualquer momento, o que atribuiu muito ganho para a instituição e para os alunos. COM ISTO, CONCLUIU-SE QUE: Ensino à distância chegou para ficar; O conteúdo entregue foi bem aceito; Foi possível realizar uma boa supervisão dos alunos; Mantiveram um bom padrão nos programas de pós-graduação; Precisamos estabelecer mais processos de interação e inovação. 13 Rastreamento de Contato Telemedicina Em Singapura, existe um aplicativo chamado TraceTogether. Ele faz uso de Bluetooth e ajuda no monitoramento de pessoas que possam ter tido algum contato com pacientes em potencial infectados pela COVID-19. Após um tempo, a Austrália seguiu o exemploe criou um aplicativo chamado COVIDSAFE. O aplicativo lançado em Singapura é gratuito e está disponível para outros países que queiram utilizar nos seus contextos. O aplicativo ajudou muito na crise, já que médicos do mundo todo conseguiram usar a plataforma para trabalhar juntos e ajudar uns aos outros. Uma das questões que ainda preocupa em relação ao rastreamento é a privacidade de dados. No TraceTogether, conseguiu-se aplicar um ID temporário para cada um dos colaboradores, para protegê-los contra possíveis hackeamentos. A adesão do público vem crescendo, já ultrapassando o número de 1 milhão de usuários. Lee acredita que muitos ainda não usam por ser um aplicativo de uso voluntário, mas entende que ainda irá ter maior adesão da população ao longo do tempo. O professor Lee diz que já fazem uso da Telemedicina há alguns anos em Singapura. Ele lista alguns componentes-chave para que seja possível fazer uso do serviço: A telemedicina que Lee utiliza, segundo ele, ainda é muito rudimentar – ainda há a interferência do uso de telefonia no processo. Porém, agora, entende que é necessário fazer o atendimento face a face e que o celular ainda traz poucas informações. Sobre os atendimentos, Lee afirma que só atende pacientes que já são deles e com doenças crônicas, como diabetes e que ainda é necessário pesquisar e estudar para poder oferecer serviços mais abrangentes. Desenhar o objetivo do uso desse serviço; Um módulo de videoconsulta; Um módulo de pagamento; Um módulo de testes e parâmetros laboratoriais; Um módulo de receitas e medicamentos que precisam ser entregues; Segurança cibernética. 14 Recentemente, Lee teve contato com um dispositivo de fabricação israelense que era possível checar a temperatura, fazer a escuta e acredita que seria ideal que a população o tivesse para a situação atual. Então, com isso, o Professor entende que a consulta presencial ainda é a melhor maneira para tratar casos crônicos, já que, então, para uma telemedicina totalmente completa, os pacienteis precisariam contar com equipamentos em casa que nem sempre eles possuem. Ele ainda levanta a questão dos idosos, de como o relacionamento desses pacientes com smartphone é diferente e é necessário pensar em outros passos para melhorar esse processo e, também, atentar-se às questões de segurança das informações do usuário. Conselho aos médicos brasileiros Antes de entrar na fase principal da COVID-19 em Singapura, entenderam que estavam tomando contato com algo novo, por isso, o principal era se proteger – como máscaras cirúrgicas e a higienização correta. Usar os EPIs é extremamente importante – não só os médicos, como toda a equipe. O segundo conselho que Lee deu diz respeito aos pacientes que estão com algum problema respiratório e podem estar com a COVID-19 e que, por vezes, não parecem estar doentes. É importante manter estes pacientes isolados mesmo quando apresentam melhora, já que eles ainda podem infectar outras pessoas. 15 USANDO A TECNOLOGIA PARA OS CUIDADOS DE SAÚDE DURANTE E APÓS A COVID-19 O professor Alain Labrique começa a sua apresentação com os dados de evolução do coronavírus e analisa que deveríamos usar as tecnologias que temos para combater a pandemia atual e outras epidemias. Labrique traz como exemplo a própria telemedicina e formação remota de profissionais da saúde que o Professor Lee já havia mencionado. Ele aponta que existem alguns domínios de utilidade que ele acredita que são muito importantes quando falamos do uso de celulares e tecnologia, aliados à saúde contra o coronavírus: Comunicação - Informação, desinformação e informação perdida; - Treinamento / Telemedicina; Prevenção - Triagem de sintomas Mitigação - Rastreamento de contato Insights epidemiológicos. Comunicação Usando dados da Virgínia, ele percebeu que, por conta da pandemia, as consultas de rotina despencaram e, também, a procura por vacinas. Com isso, ele entende como é importante a disseminação da telemedicina. Como exemplo, ele traz os cuidados de pré-natal, que podem ser feitos pela telemedicina, mesmo ainda sem muita estrutura. Nos EUA, segundo ele, durante esta emergência pública, as diretrizes da telemedicina estão sendo alteradas, o que dá suporte aos pacientes para continuarem as suas consultas mesmo durante a pandemia. Ele entende, ainda que, por se tratar de uma emergência, é necessário entender quais medidas de restrição regulatórias podem ser “afrouxadas” para que os médicos consigam atender aos pacientes da melhor forma possível. 16 Infodemia Treinamento Além de tratar o caso como pandemia, devemos, também, segundo o Professor Labrique, tratar como uma Infodemia – ou seja, algo parecido com uma pandemia de informações, que podem ser reais ou fake news, que são amplamente disseminadas também nesse fator tecnologia. Segundo ele, é irônico pensarmos que a própria Wikipédia lançou uma página sobre as teorias da conspiração sobre a COVID-19, o que faz com que o trabalho dos médicos e profissionais de saúde pública sejam mais difíceis. Os profissionais da saúde precisam estar bem treinandos e bem informados. A própria Organização Mundial da Saúde já criou materiais para que esses profissionais possam acessar de maneira gratuita e terem uma fonte segura de informações. ! Os alunos e corpo docente da Johns Hopkins criaram conteúdos, disponíveis com tradução para mais de 21 línguas, que contam com mais de 5.000 visualizações desde 14 de abril de 17 países. Esses conteúdos foram criados para ajudar a disseminar informações verdadeiras e confiáveis sobre o coronavírus. Acredito, então, que devemos mostrar a população como ter o acesso a informação correta, e que ela possa utilizar e compreender; esta medida deve ser tomada rapidamente no Brasil. “ “ completa Labrique. Prevenção: triagem de sintomas Devemos lembrar que há uma proliferação de soluções. Agora, temos mais de 140 soluções digitais para combate a COVID-19, sobre prevenção, tratamento, diagnóstico e outros materiais de suporte. O PROFESSOR DISPONIBILIZOU A LISTAGEM DESTES APLICATIVOS AQUI. Outras plataformas, como Facebook e Twitter, lançaram ferramentas para que informações falsas sejam brecadas, marcando as organizações e instituições competentes para poder solucionar qualquer dúvida presente na postagem original e tentar, assim, diminuir a disseminação de notícias falsas, além de fazer com que as pessoas fiquem mais bem informadas. https://tinyurl.com/covidtechnology 17 Mitigação: Rastreamento de Contato O rastreamento de contato é um dos pilares da epidemiologia de doenças infecciosas. Quando temos um vírus respiratório ou outro patógeno que está se disseminando pela população, precisamos conseguir interromper a disseminação dessa doença para fazer com que a taxa de transmissão fique abaixo de 1. O papel dos smartphones nisso é acelerar este processo, nos permitindo identificar todos os indivíduos que foram expostos a um caso em potencial, impedindo a disseminação do vírus na população suscetível. A Google e a Apple trazem exemplos sobre como isso pode ser feito. Em uma história fictícia, contam o encontro de Bob e Alice. Eles se encontraram e tiveram uma conversa de cerca de 10 minutos. Os celulares dos dois trocam informações e guardam em seus respectivos sistemas que houve este encontro. Alguns dias depois, Bob descobre que está infectado e atualiza seu telefone, mandando essas informações para a nuvem. Então, com a autorização do Bob, esta informação é disseminada para todos aqueles aparelhos que sincronizaram algum tipo encontro, ajudando a identificar os pacientes que tiveram um contato com pessoas já comprovadamente infectada. Alice, então, recebe uma notificação de quais ações ela deve tomar. Esse sistema garante que não seja possível ter os dados do paciente, mas ajuda a avisar a população de quem pode estar infectado. Existe um debate muito grande sobre como essas informações serão compartilhadas, já que muitos entendemque o rastreamento deve ser apenas da informação sobre a doença para auxiliar a população, e não sobre os dados da pessoa em si, pensando na segurança da informação do usuário. Outra solução baseada em tecnologia é a criação de callcenters para criar um canal seguro de troca de informações e de auxílio sobre a epidemia, desde os sintomas até o isolamento social – é uma outra forma de desafogar os médicos e os hospitais. Segundo ele, essas são as 10 principais soluções digitais que estão sendo avaliadas pela Johns Hopkins e promete trazer, brevemente, um relatório sobre elas: Outra tecnologia disponível é colocar um bot (chat), para fazer a triagem, poupando recursos humanos durante a pandemia. Google, Microsoft e o CDC já possuem esta tecnologia. 18 Voltando a falar sobre a privacidade do usuário, o Professor diz que é necessário se inspirar na Coréia do Sul, que tem uma regulamentação a parte em momentos de emergência, para que o poder público possa usar informações que, em tese, seriam privadas, mas que podem salvar vidas durante epidemias. Insights epidemiológicos Os celulares constantemente compartilham informações com as redes e com os fornecedores de telecomunicações, que já possuem muitas informações por meio das torres de celulares. As torres conseguem rastrear exatamente por onde um indivíduo andou e quanto tempo ele ficou em um lugar, por exemplo. Com esses dados, foi possível observar que o movimento das pessoas nos Estados Unidos caiu 87% nas primeiras semanas de isolamento social. Agora, também por conta das manifestações das pessoas pedindo para que o isolamento acabe, esta porcentagem está caindo, nos mostrando que as pessoas estão começando a circular novamente. O Google tornou estes dados disponíveis, por meio de relatórios para a comunidade. O professor trouxe dados do Brasil, que diz que desde 19 de março, quando os dados começaram a ser divulgados, houve uma diminuição no número de práticas recreativas e em locais de trabalho, mas houve pouca diminuição nas movimentações entre residências. Os dados estão todos disponíveis no Google. Outro dado importante que o Professor traz é que a diferença econômica não afetou tanto a circulação das pessoas – quando o presidente Trump, nos Estados Unidos, pediu para as pessoas ficarem em casa, a queda de circulação dos pobres e ricos foi parecida, e bastante expressiva, porém alerta que as pessoas com condição financeira menos privilegiada ainda possuem mais riscos, pois acabam trabalhando em serviços que exigem que eles saiam de casa, fazendo com que seja uma parcela da população mais propensa a ser infectada pelo vírus. Ele finaliza dizendo que precisamos pensar nesses dados e como trazer essas questões para debates para que possamos encontrar soluções, principalmente enxergando o todo com foco no contexto brasileiro. 19 COMO EVITAR NOVAS PANDEMIAS COM A TECNOLOGIA? A conversa foi finalizada com um pequeno debate sobre como evitar novas pandemias com auxílio da tecnologia. O professor Labrique disse que precisamos pensar naquilo que é possível ser feito e naquilo que devemos fazer, sobretudo pensando na inteligência artificial e no machine learning. Ele acredita que é possível fazer esta mineração de diferente padrões, seja sobre informações, ou sobre diferente sintomas. Comentou ainda, porém, que a tecnologia não é a única base para combater novas pandemias que, na verdade, o maior investimento deve ser feito em educação, para melhor preparar as gerações futuras para enfrentar de maneira correta uma pandemia como esta que estamos vivendo. 20 PSICOLOGIA E BEM-ESTAR DE MÉDICOS, PACIENTES E POPULAÇÃO EM GERAL Ainda no dia 7 de maio a Afya transmitiu uma conferência sobre saúde mental de médicos e pacientes com os mediadores Julio De Angeli, diretor executivo da Afya, Tom O Callaghan, da IHeed, e o Doutor Rafael Munerato, cardiologista que também é membro do conselho da Afya. Para conversar sobre o tema, estavam presentes três convidados: O professor Cirian O’Boyle, que é diretor fundador do centro de psicologia positiva e saúde do Royal College of Surgeons da Irlanda. Além de suas funções clínicas e de ensino, ele também atua como psicólogo consultor a instituições da Irlanda e de outros países. Ele é respeitado nas áreas de psicologia positiva, bem-estar e à promoção da resiliência em tempos desafiadores. O professor da Sungkyunkwan University, Lee. E, por fim, o professor Alberto Arbex, professor e pesquisador em endocrinologia, saúde pública e obesidade na Afya, aqui no Brasil. Ele foi cientista convidado em Harvard e trabalhou na Alemanha, país que vem sendo elogiado pelo controle da COVID-19. COVID-19: ESTRESSE E BEM-ESTAR PSICOLÓGICO O encontro começou com uma apresentação do Professor O’Boyle, que introduziu comentando que há alguns princípios chave de estresse e bem-estar psicológico no que tange aos profissionais de saúde e a maneira deles de lidar com a situação da pandemia. Ele acredita que vivemos dois surtos: o do vírus e dos problemas comportamentais e do estresse em geral; Os profissionais da saúde que estão dando suporte ao COVID-19, além de estarem vulneráveis ao risco de contrair o vírus, estão também abertos ao impacto de uma variedade de estressores que podem causar problemas de saúde mental, e o tipo desses estressores estarão relacionados diretamente ao momento da pandemia. Ou seja, cada momento da pandemia gera um tipo diferente de estresse. 21 Trabalhar sob pressão extrema; Ter de tomar decisões extremamente difíceis; Decidir como alocar os recursos escassos para pacientes que estão em estado grave; Prover assistência para diversos pacientes em estados graves com recursos inadequados; Trabalhar fora da sua rotina normal; Risco de injúria moral. Balancear as necessidades da sua própria saúde física e mental com a necessidade dos pacientes; Alinhar o dever com as famílias, amigos e pacientes. POSSÍVEIS ESTRESSORES RELACIONADOS A ESSE TIPO DE TRABALHO: ELE TAMBÉM TROUXE ESTRESSORES HUMANOS, QUE SÃO: O professor quis ressaltar, especificamente, o estressor do risco de injúria moral. É o tipo de angústia psicológica que acaba resultando das ações ou falta de ações que acabam violando o código moral ou ético de um indivíduo. A falta de recursos, muitas vezes, pode colocar os médicos, enfermeiros e profissionais da saúde nessa situação. Estas questões podem levar a sentimentos de raiva, vergonha, culpa e até nojo que podem causar depressão, transtorno traumático pós-estresse, até ideação suicida. Sobre a literatura que aborda como conseguimos enfrentar esse tipo de desafios, nós podemos resumir as principais categorias nessas três: a formação do profissional antes do surto vai acabar possibilitando que o médico realize seu trabalho de maneira eficaz e de maneira competente, fazendo com que o enfrentamento do desafio seja melhor. 1º uma estratégia mais pessoal, que seria adotar uma mentalidade de enfrentamento proativo, isto é, assumir ali o controle da situação, engajar-se em comportamentos proativos, aceitar a situação e se permitir enfrentar os pensamentos mais traumáticos. 3º a sua resiliência é aumentada quando há apoio da família, amigos mas, principalmente, dos seus colegas e gestores do hospital. 2º 22 Primeira Categoria Segunda Categoria Quando pensamos na abordagem pessoal, que as pessoas precisam para lidar com esse momento, é necessário pensar no que é a mentalidade. A mentalidade é uma lente psicológica a partir da qual nós simplificamos quantidades enormes de informação a respeito do mundo e a respeito de nós mesmo. O segundo elemento diz que a nossa resiliência aumenta pelo suporte social, pelo apoio dos amigos, família, colegas e gestores, isso diz respeito às organizações onde se trabalha – eles têm de oferecer suporte à equipe que está trabalhando. Alguns hospitais já contam com uma equipe exclusiva para isso, com reuniões pós-plantões para que as pessoas possamconversar, por um tempo curto, sobre aquele plantão que acabou de terminar, por exemplo. Abraçar os desafios; Persistir diante dos contratempos; Ver o esforço como parte da jornada; Aprender com as críticas; Encontrar lições e inspirações na resiliência do outro; Apoiar-se na sua vocação para a área da saúde. PARA TANTO, O PROFESSOR APRESENTOU UMA LISTA QUE ELE ENTENDE COMO UMA JORNADA PARA O CRESCIMENTO DA MUDANÇA DESSA MENTALIDADE: 23 Terceira Categoria Risco de estresse pós-traumático ou crescimento de estresse pós-traumático? A terceira é sobre a mentalidade de enfrentamento proativo. Para esta categoria, o professor recomendou um curso que está disponível no centro de estresse de Standford. Neste ponto, o professor sugeriu a visita ao site www.viacharacter.org, que é muito baseado em evidências e pesquisa – todas as pessoas que alimentam o site são psicólogos – e nele você pode fazer uma análise do seus pontos fortes, por meio de um teste. Depois, ele te dá o resultado, contando quais são os seus cinco principais pontos fortes. Estes aspectos principais irão ajudar na sua própria percepção do “eu”, fazendo com que o usuário fique mais empolgado ao descobri-los. Ao identificá-los, o ideal é que a pessoa tenha consciência desses pontos quando precisar passar por algum tipo de desafio – como a pandemia, por exemplo – e usar esses pontos O CURSO ESTÁ DISPONÍVEL AQUI. E ESSE CURSO SE BASEIA EM TRÊS PILARES: Reconhecer o nosso estresse;i Apropriar-se do próprio estresse;ii Usar a energia do estresse.iii http://www.viacharacter.org https://mbl.stanford.edu/intervations-toolkits/rethink-stress-intervention/ 24 fortes o máximo que puder. Segundo ele, é necessário também estar consciente sobre as forças complementares aos seus pontos fortes. “É preciso dar espaço, por parte dos gestores, para que os outros possam usar os seus próprios pontos fortes”. Por fim, para este tema, o professor ainda indicou o livro Posttraumatic growth, de Richard G. Tedeschi, Jane Shakespare-Finch, Kanako Taku e Lawrence G. Calhoun. A ESTRATÉGIA ALEMÃ CONTRA O COVID-19 O professor Alberto Arbex, trouxe como a Alemanha está construindo uma história de sucesso no combate contra o novo coronavírus. Primeiro, o professor analisa os dados das mortalidades da Alemanha em comparação a outros países da Europa, indicando um número muito menor do país germânico. Também, traz dados dos novos casos no país, que vêm diminuindo desde o começo de abril. Para ele, uma das grandes responsáveis por estes números é a primeira-ministra do país, Angela Merkel, que também é cientista, sendo PhD em química quântica. Este fato seria um facilitador para os alemães seguirem os conselhos da autoridade pública, pois se sentem seguros ao seguir as indicações de uma cientista. Além da confiança na governante e nas medidas baseadas e estruturadas na ciência, o fato da aderência alta ao lockout (com taxas de 90 a 95%) também foi essencial para os números tão positivos. É importante frisar que, mesmo durante todas as medidas, todas as operações consideradas essenciais continuaram funcionando. Houve, também, a criação de um gabinete de crises, composto, também, por filósofos, o que o professor acredita ser extraordinário. Outro ponto importante foi a alta testagem. Desde janeiro, foram cerca de 160 mil testes por semana. O número saltou meses depois, chegando a 800 mil testes semanais, com contato por telefone para anunciar cada caso individualmente e fazer perguntas básicas para fazer o rastreamento de vírus. ! 25 Avaliação dinâmica Perspectivas Sobre este assunto, o professor pontuou sobre como estamos tratando sobre um perfil desconhecido, e como é necessário relatórios diários para médicos, centros de saúde e população. Com tanto preparo, eles acabaram conseguindo receber pacientes de outros países, como Itália, França e Espanha. A primeira-ministra do país entende, segundo Arbex, que a primeira fase foi concluída, mas que a pandemia ainda não acabou, então é necessário continuar com algumas medidas e cautelas. O próximo passo, ainda segundo a primeira- ministra, é um aplicativo de rastreamento, o que gerou grande debate sobre a privacidade de informações individuais, já que os alemães não gostam deste controle de informação – eles querem que a informação seja descentralizada e que não fique armazenada na nuvem, e sim no próprio aparelho das pessoas, o que já está sendo criado. E, por fim, nas perspectivas, seria a criação de uma vacina até o outono do hemisfério norte – algo em torno de 6 a 8 meses. O que fica muito forte no discurso do professor é a importância da liderança em casos como esse, de como a liderança pode modificar um cenário, dependendo de como é aplicada. Rastreio antecipado dos primeiros casos, começando em 28 de janeiro; Poucos casos perdidos: o tratamento antecipado salvou vidas; Prevenção ativa de grupos vulneráveis – médicos iam até a casa dos pacientes para aplicar vacina contra pneumonia (pneumococcus); Médicos foram às casas dos pacientes para fazer testes para o Corona, quando necessário; Forte sistema de saúde, com todos os equipamentos necessários; Uso da telemedicina. ALÉM DISSO ARBEX DESTACOU OUTROS PONTOS: 26 O último a falar foi o professor coreano, Lee. Ele trouxe a sua experiência no combate ao coronavírus na Coréia do Sul a partir da evolução dos dados e confirma que a maior preocupação hoje, é a transmissão silenciosa do vírus dentro da comunidade, que ainda pode vir acontecer. Esta preocupação vem, principalmente, por conta do rastreamento. Quando há contágio por meio da comunidade, apenas 6% consegue ser rastreada, o que pode dificultar ainda mais a prevenção. Por lá, Lee afirma que não houve lockdown em todos os lugares da Coréia, mas o forte distanciamento social e aderência às recomendações da OMS fizeram com que os números do país se apresentassem de forma quase mágica – recomendações como máscaras, distanciamento de 2 metros e lavagem das mãos. Outro ponto importante foi o respeito em relação ao funcionamento de apenas serviços essenciais. A taxa de hospitalização também foi muito baixa, já que o país contava com um centro de cuidados especiais – o país acumula cerca de 255 mortes no país por conta do coronavírus. Aos poucos, estão voltando as atividades normais, mas ainda respeitando o distanciamento de 2 metros e planos estão sendo feitos para que a volta seja segura. Sobre a reação do público, em específico, e o impacto na vida das pessoas, o professor disse que os coreanos, de maneira geral, por estarem bem informados, reagiram bem às medidas tomadas pelo governo e, principalmente, respeitando essas medidas. Um ponto importante levantado é que há algum tempo, a Coreia passou por outras epidemias – a última foi em 2015 – então a população já entendia a importância de se adaptar a isso. Quando as coisas começaram a piorar em fevereiro, por conta das experiências anteriores, o governo conseguiu agir rapidamente com ações eficazes, como alta testagem do novo coronavírus. Para finalizar, o professor dissertou a respeito do que a Coreia fez para aumentar a moral e a esperança durante este tempo de crise. Todos os dias, os médicos levavam dados à população (pessoas em isolamento, pessoas infectadas etc.), então esta comunicação considerada honesta – contando também com rastreamento de contato – e diária e a importância dos EPIs fez com que todos tivessem confiança nas autoridades e acreditassem que o governo estava fazendo um bom trabalho. Quando a pandemia estava em seu pico, a Tecnologia da Informação se apresentou como aliado – o que também trouxe preocupação sobre a privacidade de dados, mas, diferentemente de outros países, a população aceitou ter seus dados enviados ao governo durante a epidemia pois entendeu que essas informações poderiam ajudar no combate do COVID-19. Tudo que foi coletado, as autoridades estão deletando, em respeito à população. Com isso, a populaçãoabraçou a causa e reportou diariamente como estavam os seus estados de saúde, o que ajudou muito no combate ao coronavírus. LOCKDOWN NA CORÉIA DO SUL E A REAÇÃO DO PÚBLICO SOBRE AS MEDIDAS Siga as nossas redes sociais: CONHEÇA OS CURSOS GRATUITOS OFERECIDOS PELA AFYA: Condutas para emergências em Covid-19 Como manter a saúde mental em tempos de Coronavírus Atualização Terapêutica na Era da Telemedicina Curso voltado para todos os profissionais da saúde. Nele você irá aprender ventilação mecânica, emergências respiratórias e diagnóstico por imagem para o atendimento de pacientes com COVID-19. A Afya chamou a Dra. Licia de Oliveira, médica psiquiatra, para falar sobre saúde mental especialmente para médicos e dar dicas de como se manter bem mesmo em tempos de pandemia. Curso de atualização, com 100h, voltado a capacitar médicos a prestarem os primeiros atendimentos em diferentes especialidades, seja presencialmente ou por meio de telemedicina. A carga-horária total poderá ser convalidada em créditos para um dos cursos de pós-graduação da Afya. https://www.afya.com.br/emergenciasmedicas http://especiais.ipemed.com.br/masterclass-saude-mental https://www.afya.com.br/telemedicina https://www.instagram.com/afyaeducacional/?hl=pt-br https://www.linkedin.com/company/afyaeducacional/ https://www.facebook.com/afyaeducacional/ https://www.afya.com.br/emergenciasmedicas http://especiais.ipemed.com.br/masterclass-saude-mental https://www.afya.com.br/telemedicina
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