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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL HESMAELLY DA SILVA PEREIRA APLICAÇÃO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO PARA ADEQUAÇÃO DE EFLUENTES DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO AO TRATAMENTO POR MEMBRANAS DE ULTRAFILTRAÇÃO JOÃO PESSOA 2017 HESMAELLY DA SILVA PEREIRA APLICAÇÃO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO PARA ADEQUAÇÃO DE EFLUENTES DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO AO TRATAMENTO POR MEMBRANAS DE ULTRAFILTRAÇÃO Trabalho de conclusão de curso apresentado como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal da Paraíba. Orientadora: Prof.º. Dr.º Gilson Barbosa Athayde Junior. JOÃO PESSOA 2017 P414a Pereira, Hesmaelly da Silva Aplicação de coagulação/floculação para adequação de efluentes de lagoa de estabilização ao tratamento por membranas de ultra filtração./ Hesmaelly da Silva Pereira. – João Pessoa, 2017. 69f. il.: Orientador: Prof. Dr. Gilson Barbosa Athayde Junior. Monografia (Curso de Graduação em Engenharia Ambiental) Campus I - UFPB / Universidade Federal da Paraíba. 1. Ultrafiltração 2. Coagulante 3. Coagulação/Floculação. I. Título. BS/CT/UFPB CDU: 2.ed. 628.1.037(043) AGRADECIMENTOS A Deus que me deu saúde e sabedoria para chegar até aqui, e concluir esta etapa, fundamental em minha vida. A meus pais Afonso Pereira e Esther da Silva Pereira e minha avó Corina Batista, pelo amor incondicional, dedicação e motivação; e aos meus irmãos Anderson Pereira e Alexsandrovis Pereira, pelo apoio. Ao meu professor orientador Gilson Barbosa pela paciência, dedicação e pelos ensinamentos passados a mim, para que eu obtivesse êxito no meu trabalho. E também por ser um exemplo de pessoa e de profissional. Aos amigos da graduação, Lusielson Pereira, Gerlandia Bias, Thayse Moura, Palloma Damasceno e Josilene Maria, por participarem ativamente de todos os momentos dessa jornada e por me ajudarem nos momentos mais difíceis ao longo do curso, em especial Elaine Henrique e Gabriela Freitas, que foram meus anjos durante todo o curso, compartilhando bons momentos e me ajudando nas disciplinas. A meu namorado, Renan Salgado e família, por todo carinho que me foi dado, toda ajuda e apoio. Aos meus amados amigos que sempre estiveram comigo em todos os momentos e sempre torceram pelo meu melhor, Ludmilla Ferreira, Victor Limeira e Mikaelly Oliveira. A minha amiga Kenya Soanelly, que sempre se fez presente em minha vida e sempre me ajudou com palavras de carinho e apoio. Como também meus amigos Allisson Gomes e Igo Cássio, que sempre estiveram do meu lado. A professora Elisângela Rocha, por ter me dado a oportunidade de fazer parte de seu projeto, o qual foi essencial para minha formação acadêmica, por sempre me tratar com muito carinho e atenção e por ser exemplo de profissional. Ao professor Rennio Sena por ter me dado a oportunidade de fazer as análises no laboratório de Carvão Ativado (LCA) o qual é responsável, e por ter sempre se disponibilizado a me ajudar com os resultados dessa pesquisa. A Anna Abels e Vera Kholgruber por terem me ajudado bastante na construção dessa pesquisa, através do projeto BRAMAR. À Universidade Federal da Paraíba, que juntamente com seu corpo docente foi uma fonte de saber e conhecimento, capacitando-me e dando suporte em tudo que me foi necessário. A todos os professores do curso de Engenharia Ambiental da UFPB. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo”. Salmos 23:4. RESUMO A escassez dos recursos hídricos, atrelado ao grande volume de esgoto doméstico produzido no Brasil, vêm despertando a busca por alternativas eficientes que visam a reutilização do esgoto para usos não potáveis. Nesse sentido, a ultrafiltração é um método que se mostra bastante viável, pois, remove grande parte dos contaminantes contidos no esgoto, além de produzir água com elevado grau de pureza. No entanto, as membranas de ultrafiltração possuem sensibilidade à presença de sólidos, e necessitam de um pré tratamento, para evitar os problemas de fouling (entupimento dos poros da membrana). Um pré tratamento bastante utilizado em ultrafiltração é o de coagulação/floculação, que transforma os sólidos contidos no esgoto em flocos, fazendo com que estes não passem pelas membranas. Tendo em vista essa necessidade, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a eficiência dos coagulantes no processo de coagulação/floculação, para adequar a uma planta de ultrafiltração. Foram feitos testes de coagulação/ floculação/ sedimentação, com o pH natural e com o pH ajustado (ácido), do efluente da lagoa facultativa da ETE Mangabeira, em João Pessoa-PB, com os coagulantes: PAC, sulfato de alumínio, sulfato férrico, sulfato ferroso, sulfato de zinco e cloreto férrico. As dosagens dos coagulantes utilizadas foram: 2,0 mg/L, 3,0 mg/L, 4,0 mg/L, 5,0 mg/L e 10,0 mg/L. Os resultados mostraram que o sulfato ferroso e sulfato de zinco não apresentaram bom desempenho nas remoções de turbidez e reduções de absorbâncias a 254 nm e 400 nm, nem para o pH ajustado nem para o pH não ajustado. O efluente da lagoa facultativa pode ser melhorado com o pós-tratamento com coagulação/floculação utilizando os coagulantes PAC, sulfato de alumínio, sulfato férrico ou cloreto férrico a uma concentração de 4,0 mg/L ou 5,0 mg/L para o pH ajustado, pois nessas concentrações, chegou-se a uma eficiência de até 90% (sulfato férrico, a uma concentração de 5,0 mg/L, na redução de absorbância a 400 nm), economicamente vantajosa. Nesse sentindo, para o pH natural do efluente, os mesmos coagulantes, apresentaram melhores eficiências nas remoções de turbidez e reduções de absorbâncias a 254nm e a 400 nm para concentrações maiores que 5,0 mg/L. Por outro lado, visando um melhor custo-benefício, tais coagulantes, com exceção do cloreto férrico, podem ser utilizados na concentração de 5,0 mg/L, pois, apresentaram elevadas eficiências, por exemplo, cerca de 40% para o sulfato férrico na redução da absorbância a 254 nm, à 82% para o PAC, na redução da absorbância a 400 nm. Palavras-chaves: ultrafiltração; coagulante; coagulação/floculação; ABSTRACT The shortage of water resources, coupled with the large volume of domestic sewage produced in Brazil, has led to the search for efficient alternatives that aim to reuse the sewage for non- potable uses. In this sense, ultrafiltration is a method that proves to be quite feasible, since it removes much of the contaminants contained in the sewage, besides producing water with a high degree of purity. However, ultrafiltration membranes are sensitive to the presence of solids, and require a pre-treatment to avoid fouling problems (membrane pore clogging). A widely used pre-treatment in ultrafiltration is coagulation/flocculation, which turns the solids contained in the sewage into flakes so that they do not pass through the membranes. Considering this need, the objective of this research was to evaluate the efficiency of the coagulants in the coagulation /flocculation process, to suit an ultrafiltration plant. Coagulation /flocculation /sedimentation tests were carried out with the natural pH and adjusted pH (acid) from effluent of the facultative lagoon of ETE Mangabeira, in João Pessoa-PB, with coagulants: PAC, aluminum sulfate, ferric sulfate, ferrous sulfate, zinc sulfate and ferric chloride. The dosages used were: 2,0 mg/L, 3,0 mg/L, 4,0 mg/L, 5,0 mg/L and 10,0 mg/L. The results showed that ferrous sulfate and zinc sulfate did notperform well in turbidity and absorbance removals at 254 nm and 400 nm, either at adjusted pH or at unadjusted pH. Facultative pond effluent can be improved with coagulation/flocculation post-treatment using coagulants, PAC, aluminum sulfate, ferric sulphate or ferric chloride at a concentration of 4,0 mg / L or 5,0 mg/L for adjusted pH, since at these concentrations, was achieved an efficiency of up to 90% (ferric sulphate, at a concentration of 5,0 mg/L, in removal of absorbance at 400 nm), economically advantageous. In this sense, for the effluent's natural pH, the same coagulants presented better efficiencies in turbidity and absorbance removals at 254nm and 400nm at concentrations higher than 5,0 mg/L, however, aiming at a better costbenefit, these coagulants, with the exception of ferric chloride, can be used in the concentration of 5.0 mg/L, since they presented high efficiencies, for example about 40% for ferric sulphate in removal of absorbance at 254 nm, at 82% for PAC, in removal of absorbance at 400 nm. Keywords: ultrafiltration; coagulant; coagulation /flocculation; LISTA DE FIGURAS Figura 1- Esquema do esgoto doméstico Figura 2- esquema das características do esgoto Figura 3– Esquema do tratamento preliminar Figura 4- Fouling em membranas: a) estreitamento do poro, b) obstrução do poro, c) formação de camada de gel Figura 5 – Representação esquemática da coagulação/floculação/sedimentação Figura 6- Vista aérea da ETE Mangabeira Figura 7- Localização da caixa 1 e da planta de UF Figura 8- Tanques de armazenamento do efluente. Tanque 1 (efluente não tratado); Tanque 2 (efluente tratado) Figura 9- Elementos contidos na parte de trás da planta piloto Figura 10- Floculação na Planta de UF Figura 11- Reatores de membrana de ultrafiltração Figura 12- Equipamento de Jar test no procedimento de mistura rápida do sulfato de alumínio para o pH de 7,3 a 7,9. Figura 13- sedimentação da amostra 1 para: a) pH ajustado e b) pH natural Figura 14- Remoção de turbidez para o pH ajustado (entre 5,0 a 5,5) Figura 15- Amostras com o uso do sulfato ferroso após o processo de coagulação/floculação /sedimentação Figura 16- Sedimentação das amostras com o coagulante sulfato de zinco Figura 17- Comparação das concentrações do sulfato férrico, destacando a concentração de 4,0 mg/L. Figura 18 - Redução de absorbância a 254nm para o pH ajustado (entre 5,0 a 5,5) Figura 19 - Redução de absorbância a 400nm para o pH ajustado (entre 5,0 a 5,5) Figura 20- Amostra dos coagulantes (sulfato férrico, cloreto férrico e PAC) nas concentrações de 5,0 mg/L e 10,0 mg/L para o pH ajustado Figura 21- Remoção de turbidez para o pH natural (entre 7,3 a 7,9) Figura 22 - eficiência dos coagulantes (sulfato de alumínio, sulfato férrico, PAC e cloreto férrico) a uma concentração de 10,0 mg/L (amostra 6). Figura 23 – Sedimentação dos coagulantes PAC e Sulfato de Alumínio a uma concentração de 5,0 mg/L Figura 24 - Redução de absorbância a 254nm para o pH não ajustado (entre 7,3 a 7,9) Figura 25 - Redução de absorbância a 400 nm para o pH não ajustado (entre 7,3 a 7,9) Figura 26- Comportamento do coagulante PAC após a sedimentação para o pH natural do efluente LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1- Doenças causadas pela falta de saneamento Quadro 2- Principais características físicas do esgoto doméstico Quadro 3 - Principais características químicas do esgoto doméstico Quadro 4 - Principais características biológicas do esgoto doméstico Quadro 5 - Dias de coleta e análise do esgoto Tabela 1 – Níveis de atendimento de esgoto da região Nordeste e do Brasil Tabela 2- Melhores condições de pH dos coagulantes Tabela 3 - Concentração de cada coagulante para a construção da solução Tabela 4- Concentração de coagulante colocadas nas amostras LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS BRAMAR- Brazil Managed Aquifer Recharge CAGEPA- Companhia de Água e Esgoto da Paraíba CO2 – Dióxido de Carbono CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio DQO – Demanda Química de Oxigênio ETA – Estação de Tratamento de Água ETE – Estação de Tratamento de Esgoto FUNASA – Fundação Nacional de Saúde MMC – Massa Molar de Corte NBR – Norma Brasileira O2 - Oxigênio OMS – Organização Mundial de Saúde PAC – Policloreto de Alumínio pH – potencial Hidrogeniônico PLANSAB – Plano Nacional de Saneamento Básico SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento UF – Ultrafiltração SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14 1.1. Contextualização do problema ............................................................................................... 14 1.1. Justificativa ............................................................................................................................ 15 1.2. Objetivo .................................................................................................................................. 17 1.2.1. Objetivo Geral ................................................................................................................ 17 1.2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................................... 17 2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 18 2.1. Tratamento de esgoto x saúde pública ................................................................................... 18 2.1.1. Situação atual do saneamento no Brasil ......................................................................... 18 2.1.2. Caracterização do esgoto doméstico .............................................................................. 21 2.2. Níveis de tratamento do esgoto .............................................................................................. 27 2.2.1. Tratamento preliminar .................................................................................................... 27 2.2.2. Tratamento primário ....................................................................................................... 28 2.2.3. Tratamento secundário ................................................................................................... 28 2.2.4. Tratamento terciário ....................................................................................................... 29 2.3. Processo de Separação por Membrana ................................................................................... 30 2.3.1. Membrana de ultrafiltração ............................................................................................ 30 2.3.2. Problemas causados por fouling ..................................................................................... 32 2.4. Coagulação/ floculação/sedimentação ................................................................................... 34 2.4.1. Coagulantes .................................................................................................................... 37 3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 40 3.1. Caracterização da ETE Mangabeira ....................................................................................... 40 3.2. Planta de Ultrafiltração ........................................................................................................... 41 3.3. Amostragem ........................................................................................................................... 45 3.4. Procedimento em Laboratório ................................................................................................45 3.4.1. pH inicial ........................................................................................................................ 46 3.4.2. Mistura rápida/ Mistura lenta/ Sedimentação ................................................................. 47 3.4.3. Turbidez ......................................................................................................................... 48 3.4.4. pH final ........................................................................................................................... 48 3.4.5. Absorbância a 254 e 400 nm .......................................................................................... 49 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 50 4.1. pH ajustado ............................................................................................................................. 50 4.1.1. Remoção de turbidez ...................................................................................................... 51 4.1.2. Redução de absorbância a 254 nm ................................................................................. 54 4.1.3. Redução de absorbância a 400 nm ................................................................................. 55 4.2. pH natural ............................................................................................................................... 56 4.2.1. Remoção de Turbidez ..................................................................................................... 56 4.2.2. Redução de absorbância a 254 nm ................................................................................. 59 4.2.3. Redução de absorbância a 400 nm ................................................................................. 60 4.3. pH final ................................................................................................................................... 61 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................... 62 6. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 63 14 1. INTRODUÇÃO 1.1.Contextualização do problema A água é um dos recursos mais utilizados pelos seres vivos e consequentemente o mais afetado pela degradação ambiental, devido principalmente ao crescimento desordenado da população. Esse crescimento da população faz com que a demanda de água, para os diversos usos, venha crescendo significativamente a cada ano, porém a quantidade de água potável disponível só tende a diminuir, pois, grande parte dos mananciais está sendo poluída, principalmente pelo lançamento direto de esgoto bruto, devido ao déficit de esgotamento sanitário no Brasil. De acordo com os dados Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS, 2017), em 2015, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, 50,2%, 47,4% e 41,4% do esgoto gerado foi tratado, mostrando que essas regiões possuem um índice consideravelmente bom de coleta e tratamento de esgoto em relação as regiões Nordeste e Norte com 32,1% e 16,4% respectivamente. O lançamento de esgoto sem tratamento nos rios e mananciais pode alterar a qualidade dos corpos hídricos e causar danos tanto ao meio ambiente quanto à população em geral. Para isso, é necessário investimento em saneamento e no tratamento do esgoto sanitário. Paralelamente, estudos para o reúso da água do esgoto por parte da população e das indústrias são cada vez mais imperativos. Com isso torna-se necessário um esgoto tratado com maior grau de pureza, diferente dos que são produzidos nos métodos convencionais existentes de tratamento de esgotos. Segundo Xia, et al. (2005), as membranas de ultrafiltração possuem diversas vantagens para o tratamento e reuso de água, dentre elas: a produção de água com elevado grau de pureza, constância na boa qualidade da água produzida, baixa utilização de produtos químicos, além de pouco espaço para a instalação e facilidade no manuseio do sistema. Isso faz com que essa tecnologia seja o grande diferencial para que o esgoto seja reutilizado, diminuindo assim, o grau de contaminação dos corpos receptores e escassez da água. Mesmo a planta de ultrafiltração (UF) sendo uma tecnologia bastante vantajosa no tratamento do esgoto, ela ainda apresenta algumas limitações, e uma delas é o fouling, que de acordo com PELEGRIN (2004), é um processo físico no qual ocorre a formação de uma 15 camada de partículas sólidas nas membranas, fazendo com que haja o entupimento das mesmas e provocando o decaimento do fluxo de permeação do esgoto no sistema. No caso específico de pós-tratamento de efluentes de lagoas de estabilização (tecnologia bastante utilizada no Brasil para tratamento de esgotos), existe uma concentração elevada de sólidos devido à presença de microalgas no efluente (TORRES, 2017), o que causaria o fouling nas membranas. Nesse trabalho foi utilizado o efluente da lagoa facultativa da ETE Mangabeira, no qual o esgoto passa por processos que resultam em sua purificação, através da troca de oxigênio e gás carbônico realizado pelas bactérias e algas. O tratamento biológico utilizando lagoas anaeróbias e facultativas apresentam uma boa eficiência de remoção de matéria orgânica e material suspenso. Porém o resultado desse efluente não pode ser reutilizado em sua forma bruta. Nesse contexto, visando contribuir para a melhoria das condições sanitárias no Brasil, bem como alavancar as possibilidades de reuso dos esgotos tratados, a planta de Ultrafiltração (UF), objeto desse estudo, é uma alternativa que permite a reutilização de água de esgoto e que possui uma grande eficácia na descontaminação química, física e microbiológica do mesmo. Com isso, para o desenvolvimento desse trabalho foram utilizados alguns coagulantes nos testes de coagulação/floculação, incluído na planta de Ultrafiltração (UF), no intuito de diminuir a carga de sólidos afluente a uma planta de ultrafiltração e aumentar o tempo de vida da membrana com a diminuição dos problemas causados por fouling. A partir disso, levantou- se o seguinte questionamento: Qual(is) o(s) coagulante(s) mais eficiente(s) para ser(em) aplicado(s) a efluentes de lagoas de estabilização para a redução da carga de sólidos antes do tratamento em membranas de ultrafiltração e capaz(es) de evitar os problemas causados por fouling? 1.1.Justificativa O atual cenário de degradação atrelado com as previsões de escassez dos recursos hídricos tem feito com que surgisse novas tecnologias voltadas para o reuso do esgoto. O uso dos esgotos como fonte alternativa de água satisfaz as demandas menos restritivas, liberando as águas de melhor qualidade para usos mais nobres, como abastecimento doméstico. 16 Os efluentes para serem reutilizados devem passar por um pós-tratamento para que possam atender a legislação vigente no Brasil e principalmente para que não comprometam a saúde da população. De acordo com a Resolução do CONAMA nº 430/ 2011 (BRASIL, 2011): “Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis. ” Nesse contexto, foram instaladas novas tecnologias na Estação de Tratamento de Esgoto de Mangabeira, dentre elas a planta de ultrafiltração (UF), com o objetivo de tratar o efluente das lagoas de estabilização produzindo um efluente compatível com padrões de qualidade para reuso urbano, agrícola e industrial. As lagoas facultativas possuem uma grande quantidade de matéria orgânica dissolvida e em suspensão que podem danificar amembrana de ultrafiltração, para isso faz-se necessário o pós-tratamento deste efluente com a inserção de coagulantes no processo de coagulação/floculação. O processo de coagulação/floculação, utilizado como pré-tratamento na planta de ultrafiltração, faz parte de uma operação responsável pela desestabilização das partículas após a inserção de coagulante em um sistema aquoso, na preparação para a sua remoção nas etapas seguintes do processo de tratamento. Tem como principal objetivo remover as partículas em suspensão na solução, possibilitando a clarificação da água, que é definido como a remoção da cor e turbidez (BORBA, 2001). Trata-se de uma etapa de grande importância, pois remove uma quantidade elevada dos contaminantes presentes no esgoto, apresentando um alto nível de eficiência e baixo custo. Nesse contexto, este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto BRAMAR, que é um projeto de pesquisa de cooperação entre Brasil e Alemanha, que tem por objetivo melhorar a gestão integrada dos recursos hídricos na região semi-árida do nordeste brasileiro, com estratégias e tecnologias para a escassez da água. 17 1.2.Objetivo 1.2.1. Objetivo Geral Avaliar a eficácia dos coagulantes no processo de coagulação/floculação do efluente da ETE Mangabeira para adequar a uma planta de ultrafiltração. 1.2.2. Objetivos Específicos Verificar se o método de coagulação/floculação é eficiente na remoção de turbidez e redução das absorbâncias a 254 nm e 400 nm, do efluente de uma lagoa facultativa. Identificar os coagulantes que apresentaram melhores eficiências, em baixas concentrações, nas remoções de turbidez e reduções das absorbâncias a 254nm e a 400 nm, para o pH ajustado e pH natural do efluente, para serem usados na planta de ultrafiltração. 18 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1.Tratamento de esgoto x saúde pública 2.1.1. Situação atual do saneamento no Brasil A Organização Mundial de Saúde – OMS (1997), define saneamento ambiental como sendo o controle dos fatores físicos, que exercem efeitos nocivos ao ser humano prejudicando seu bem-estar físico, mental e social. Do mesmo modo, a Lei Ordinária nº 11.445/2007, conhecida como Lei do Saneamento, define saneamento básico como sendo “o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem, e manejo das águas pluviais”. Ribeiro e Rooke (2010) descrevem saneamento como sendo o conjunto de ações socioeconômicas que tem como principal objetivo alcançar a salubridade ambiental. O saneamento proporciona para a população uma infraestrutura física, social e legal, que envolve os seguintes serviços: Abastecimento de água de boa qualidade, que não venha causar danos à saúde da população e em quantidade suficiente para suprir as necessidades dos mesmos; Coleta, tratamento e disposição final adequada dos esgotos domésticos, industriais e agrícolas; Acondicionamento, coleta, transporte e destinação final correta dos resíduos sólidos, entre outros. A carência de saneamento básico no Brasil é uma das principais causas da mortalidade infantil motivado por doenças parasitárias e infecciosas, que geralmente se proliferam em áreas que não possuem coleta e tratamento de esgoto. Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS (1997) grande parte das doenças que se alastram nos países em desenvolvimento são provenientes do contato do ser humano com água contaminada. Possivelmente, a classificação ambiental das doenças relacionadas ao contato com água contaminada, divide-se em quatro categorias: transmissão hídrica, que ocorre através da ingestão da água em que o patógeno está inserido; transmissão relacionada com a higiene, causada pela falta de higiene doméstica e pessoal; transmissão baseada na água, quando o ser humano ingere um animal aquático que possui em seu organismo um patógeno e transmissão por um inseto vetor, que ocorre através de insetos que procriam na água, ou próximo (CAIRNCROSS e FEACHEM, 1993). 19 O quadro 1 abaixo reproduz as principais doenças e as medidas preventivas de cada umas dessas formas de transmissão. Quadro 1- Doenças causadas pela falta de saneamento Formas de transmissão Principais doenças relacionadas Medidas Preventivas Transmissão hídrica ou relacionada com a higiene Diarreias; Disenteria; Balantidíase; Enterite campylobacteriana; Cólera; Giardíase; Salmonelose; Febre tifóide e paratifóide; Poliomielite; Hepatite A; Leptospirose; Ascaridíase; Tricuríase; Melhorar as moradias e as instalações sanitárias; Implantar sistema de abastecimento de água; Implantar sistema adequado de disposição de esgoto; Relacionadas com a higiene Doenças infecciosas da pele e dos olhos; Tifo transmitido por pulgas (Febre recorrente transmitida por pulgas); Promover a educação sanitária; Evitar contato direto da pele com o solo; Baseada na água Esquitossomose; Difilobotríase e outras infecções por helmintos; Inspecionar a carne e ter cuidados em sua preparação; Tratar esgotos antes de ser lançados nos cursos d'água; Transmissão por inseto vetor Doença do sono; Filariose; Malária; Febre amarela; Dengue; Leishmaniose; Combater os insetos transmissores; Eliminar condições que possam favorecer criadouros; Evitar o contato com criadouros e utilizar meios de proteção individual; Fonte: Adaptado de Cairncross & Feachem (1993) De acordo com o quadro 1, a forma mais adequada de evitar doenças relacionadas à falta de saneamento é cuidando da higiene pessoal, da limpeza do ambiente, da alimentação e principalmente evitando o contato com águas contaminadas por efluentes industriais, agrícolas e domésticos. O Brasil possui uma ampla desigualdade e déficit no acesso ao saneamento, principalmente em relação à coleta e tratamento de esgoto. A tabela 1 mostra que nos últimos anos os índices de coleta e tratamento do esgoto no Brasil tiveram um crescimento mínimo (entre 1 e 2% ao ano), modificando apenas o índice de tratamento de esgoto coletado que cresceu em torno de 30% no ano de 2011 para 2012. 20 Tabela 1 – Níveis de atendimento de esgoto da região Nordeste e do Brasil Fonte: Adaptado do SNIS (2017) A situação do Brasil é bastante precária quando se trata do sistema de esgotamento sanitário, pois, como foi mostrado na tabela 1, um pouco mais de 50% de todo esgoto gerado nos centros urbanos, é coletado, mostrando assim, que o país necessita de investimentos em saneamento. A região Nordeste é a segunda região que mais carece de melhorias nos índices de esgotamento sanitário, ficando abaixo apenas do Norte, pois, de acordo com a tabela 1, mais da metade do esgoto gerado nos últimos anos, não foi coletado (entre 68% a 74%) e o índice de tratamento do esgoto coletado também é baixíssimo, indicando que nem todo esgoto que é coletado possui tratamento. Destaca-se o fato de que, o índice ainda é mais inadequado quando se refere a população de baixa renda, moradoras de áreas insalubres. Através dos dados do SNIS, foi elaborado o Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB previsto na Lei nº 11.445/2007 que estabelece metas de acesso aos serviços de saneamento básico a curto, médio e a longo prazo, num horizonte de 20 anos. Conforme o PLANSAB (2013), no ano de 2033, 86% dos domicílios urbanos do Nordeste terão esgotamento sanitário e 93% do esgoto coletado será tratado. Entretanto, Ano Região Indice da coleta de esgoto urbano com rede (%) Indice do tatamento do esgoto coletado (%) 2010 Nordeste 26,1 32,0 Brasil 53,5 37,9 2011 Nordeste 28,4 30,1 Brasil 55,5 37,5 2012 Nordeste 29,4 81,2 Brasil 56,1 69,4 2013Nordeste 29,3 78,1 Brasil 56,3 69,4 2014 Nordeste 31,1 78,5 Brasil 57,6 70,9 2015 Nordeste 32,2 78,5 Brasil 58,0 74,0 21 Chaves et al. (2016) verificou que essas metas não serão alcançadas no prazo estabelecido no PLANSAB, pois, dos indicadores levados em consideração para se estabelecer tais metas, apenas o índice de coleta de esgoto e o índice de esgoto tratado tendem a aumentar, enquanto o índice de atendimento urbano, índice de volume de esgoto coletado e o índice de tratamento de esgoto só diminuíram, ou seja, os índices de esgotamento sanitário estão piorando ou se mantendo estável, em decorrência da falta de investimentos para o setor de saneamento. A ausência de investimentos no âmbito do saneamento acarreta em sérios problemas de saúde para a população. De acordo com Ribeiro e Rooke (2010), grande parte dos problemas sanitários que afetam a saúde da população estão fortemente relacionados ao meio ambiente. A disposição inadequada do esgoto provoca a contaminação do solo e dos cursos d’água, além de produzir vetores transmissores de doenças. Um dos fatores que mais destacam a falta do saneamento básico é o reaparecimento de doenças causadas por tais vetores. Através disso, é possível confirmar que o esgotamento sanitário contribui na redução da mortalidade infantil no Brasil. Portanto o saneamento ambiental é a base para uma melhor qualidade de vida da população visto que controla e previne doenças. Diante do exposto, é evidente a importância do saneamento ambiental na prevenção de doenças, que consequentemente, resulta em melhores condições de vida da população e no crescimento econômico do País. 2.1.2. Caracterização do esgoto doméstico A Norma Brasileira, NBR 9648/1986, define esgoto doméstico como sendo o despejo líquido proveniente da água usada para higiene e necessidades fisiológicas do ser humano. Em outras palavras, o esgoto doméstico é todo resíduo líquido gerado nas residências, no cotidiano da população, sendo eles: dejetos da pia da cozinha, vaso sanitário, chuveiro, entre outros. Segundo o Manual de Saneamento da FUNASA (1994), toda água que é consumida em uma residência, 95% é transformada em esgoto. Diante disso é possível afirmar que, em uma residência o esgoto é produzido continuamente e em grande escala. Os esgotos domésticos constituem-se de aproximadamente 99,9% de água, e 0,1% de sólidos (Figura 1), que são divididos em orgânicos, inorgânicos, dissolvidos, suspensos e microorganismos (VON SPERLING, 2005). Essa mínima porcentagem de sólidos presentes 22 no esgoto é responsável pela contaminação da água e, possivelmente, a porção que precisa ser tratada. Figura 1- Esquema do esgoto doméstico Fonte: adaptado de Von Sperling (2005) O principal problema do esgoto é a matéria orgânica que representa 67% dos sólidos em suspensão e 40% dos sólidos dissolvidos (FUNASA,1994). A presença excessiva de matéria orgânica no corpo d’água onde o esgoto será lançado, pode causar uma diminuição de oxigênio dissolvido, ocasionando assim a mortalidade da biodiversidade ali existente. Essa quantidade de matéria orgânica no esgoto depende das formas de usos da água, que variam de acordo com os hábitos, situação social e econômica da população. Em virtude disso, os esgotos domésticos são caracterizados pelos aspectos físicos, químicos e biológicos mostrados na figura 2. Figura 2- esquema das características do esgoto Fonte: Barnes 1 et al. (1981) apud Von Sperling, (1996) 1 BARNES, D. et al. Water and wastewater engineering systems. Pitman Publishing Inc, Massachussetes, 1981. 513p. 23 Para Lopes (2015), os principais parâmetros empregados na caracterização do esgoto sanitário bruto e tratado são: “pH, temperatura, Oxigênio Dissolvido, Nitrogênio Amoniacal, DBO, DQO, Sólidos Totais, Fixos, Voláteis e Sedimentáveis, Fósforo Total e Óleos e Graxas Residuais ”. No entanto, como já foi dito, essa preferência varia de acordo com os usos da água em que o esgoto é gerado. Dessa forma, os quadros abaixo (2, 3 e 4) apresentam detalhadamente alguns parâmetros que caracterizam o esgoto doméstico. Quadro 2- Principais características físicas do esgoto doméstico Parâmetro Descrição Temperatura ·Ligeiramente superior à água de abastecimento; ·Variação conforme as estações do ano (mais estável que a temperatura do ar; ·Influência na atividade microbiana; ·Influência na solubilidade dos gases; ·Influência na viscosidade do líquido; Turbidez ·Causada por uma grande variedade de sólidos em suspensão; ·Esgotos mais frescos ou mais concentrados: geralmente maior turbidez; Odor ·Esgoto fresco: odor oleoso, relativamente desagradável; ·Esgoto séptico: odor fétido, devido ao gás sulfídrico e a outros produtos da decomposição; ·Despejos industriais: odores característicos; Cor ·Esgoto fresco: cinza; ·Esgoto séptico: cinza escuro ou preto; Fonte: 2 Qasím (1985) apud Von Sperling (2005) Dentre os parâmetros físicos, destacam-se a turbidez e a cor que serão os utilizados nesta pesquisa. A turbidez, como característica física do esgoto, está associada à presença de sólidos em suspensão. Essas partículas geralmente são partículas inorgânicas tais como: areia, argila, silte; detritos orgânicos, plâncton, algas e bactérias e outros microorganismos em geral. A turbidez de uma amostra de água representa o grau de atenuação de intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessá-la, ou seja, a água que possui alta turbidez faz com que as partículas em suspensão reflitam a luz, impedindo a chegada da mesma aos organismos aquáticos. 2 QUASIM, S. R. Wasterwater treatment plants: planning, design and operation. New York: Holt, Rinehart e Winston, 1985. 24 Esgotos lançados em sua forma bruta, geralmente provocam altos valores de turbidez no corpo hídrico, e isso acarreta na redução da fotossíntese da vegetação submersa e das algas, diminuindo assim o teor de oxigênio dissolvido na água. Para VAZ (2010) alguns vírus e bactérias podem se abrigar nas partículas em suspensão, desviando-se da ação de desinfetantes, passando a turbidez a ser considerada também sob o ponto de vista sanitário. Logo, a NBR 13.969/97, classifica a turbidez como sendo um dos principais parâmetros na indicação da qualidade da água para reutilização. Da mesma forma que a turbidez, a cor da água consiste no processo de reflexão da luz em partículas minúsculas, porém, tais partículas são de caráter predominantemente orgânico. De modo geral, a cor nas águas pode resultar dos processos de decomposição da matéria orgânica. Quadro 3 - Principais características químicas do esgoto doméstico Parâmetro Descrição Sólidos totais: ·Orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, sedimentáveis; ·Em suspensão - fixos e voláteis; ·Componentes minerais, não incineráveis, inertes, dos sólidos em suspensão; ·Dissolvidos- fixos e voláteis; ·Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que são filtráveis (não dissolvidos); ·Sedimentáveis ·Componentes orgânicos dos sólidos em suspensão; ·Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que são filtráveis; ·Componentes minerais dos sólidos dissolvidos; Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que sedimenta em 1 hora no cone imhoff, indicação aproximada da sedimentação em um tanque de decantação; Matéria Orgânica: · DBO: medida a 5 dias, 20°C. Está associada à fração biodegradável dos componentes orgânicos carbonáceos. É uma medida de oxigênio consumido após 5 dias pelos microorganismos na estabilização da matéria orgânica; · Determinação indireta- DBO5, DQO, DBO última; ·DQO: representa a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar quimicamente a matéria orgânica carbonácea.Utiliza fortes agentes oxidantes em condições ácidas; ·DBO última: representa o consumo total de oxigênio, ao final de vários dias, requerido pelos microorganismos para a estabilização bioquímica da matéria orgânica; ·Carbono Orgânico Total: é uma medida direta da matéria orgânica carbonácea. É determinado através da conversão do carbono orgânico a gás carbônico; 25 Continuação do Quadro 3. Parâmetro Descrição Nitrogênio Total: · O nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato. É um nutriente indispensável para o desenvolvimento dos microorganismos no tratamento biológico. · Orgânico; · Produzida como primeiro estágio da decomposição do nitrogênio orgânico; ·Amônia; · Estágio intermediário da oxidação da amônia. Praticamente ausente no esgoto bruto; · Nitrito · Produto final da oxidação da amônia. Praticamente ausente no esgoto bruto; Fósforo: ·O Fósforo total existe na forma orgânica e inorgânica. É um nutriente indispensável no tratamento biológico; · Orgânico; ·Combinado à matéria orgânica; ·Inorgânico ·Ortofosfato e polifosfato; pH · Indicador das características ácidas ou básicas do esgoto. Uma solução é neutra em pH 7. Os processos de oxidação biológica normalmente tendem a reduzir o pH; Alcalinidade ·Indicador da capacidade tampão do meio (resistência às variações do pH). Devido à presença de bicarbonato, carbonato e íon hidroxila (OH-); Cloretos ·Provenientes da água de abastecimento e dos dejetos humanos; Óleos e graxas ·Fração da matéria orgânicas solúvel em hexanos. Nos esgotos domésticos, as fontes são óleos e gorduras utilizados nas comidas; Fonte: Metcalf & Eddy (2003) No quadro anterior, encontra-se em destaque o pH, que é um dos principais parâmetros utilizados nesta pesquisa. O potencial hidrogeniônico (pH) é o parâmetro utilizado para indicar a quantidade de íons de hidrogênio H + na água. Em outras palavras, é usado para indicar a magnitude das condições ácidas ou alcalinas da água ou esgoto. Se for menor que 6 a água é ácida, se estiver entre 7 e 8 é neutra e acima de 8 é básica (alcalina). De acordo com Lopes (2015), a faixa ideal do pH para a existência de uma maior biodiversidade no curso d’água está entre 6 e 9. Uma vez que o pH do esgoto saia dessa faixa, dificulta a realização de tratamento biológico do mesmo (METCALF e EDDY, 2003). O pH é o parâmetro mais utilizado nas rotinas operacionais das estações de tratamento de água e esgoto, pela sua influência em diversos processos relacionados à potabilização da água. Desse modo, as medidas de pH são de extrema importância pois apresenta inúmeras informações a respeito da qualidade da água. 26 Quadro 4 - Principais características biológicas do esgoto doméstico Microorganismos Descrição Bactérias São os principais responsáveis pela estabilização da matéria orgânica; Algumas bactérias são patogênicas, causando doenças intestinais; Fungos Organismos aeróbios, multicelulares, não fotossintéticos, heterotróficos; Também de grande importância na matéria orgânica; Podem crescer em condições de baixo pH; Protozoários Alimentam-se de bactérias, algas e outros microorganismos; São essenciais no tratamento biológico para a manutenção de um equilíbrio entre os diversos grupos; Alguns são patogênicos; Vírus Organismos parasitas, formados pela associação de material genético (DNA ou RNA) e uma carapaça protéica; Causam doenças e podem ser de difícil remoção no tratamento da água ou esgoto; Helmintos Animais superiores; Ovos de helmintos presentes no esgoto podem causar doenças; Fonte: Tchobanoglous e Schroeder 3 (1985), apud Metcalf & Eddy (1991) Como já foi dito, as principais doenças relacionadas à água contaminada são causadas por vírus e bactérias. Assim, as bactérias do grupo coliforme são indicadoras da possibilidade de contaminação da água por agentes patogênicos. Através disso, os parâmetros biológicos têm a função de determinar a existência de microorganismos na água. Alguns microoganismos, além de causar danos à saúde da população, também afetam à vida marinha, pois, desempenham um papel fundamental na decomposição da matéria orgânica e com isso consomem uma maior taxa de oxigênio deixando o corpo d’água desoxigenado. Porém, tem suas vantagens, como é o caso das algas em lagoas facultativas, que atuam no tratamento do esgoto. Em síntese, as características físicas, químicas e biológicas apresentadas possuem uma série de parâmetros, que fora dos padrões estabelecidos pela legislação podem trazer prejuízos à vida da população. Diante disso, é necessário o efluente seja tratado de forma específica e eficiente. 3 Tchobanoglous G., Schroeder, E.D. Water Quality: Characteristics, Modeling and Modification. Addison-Wesley Publishing Company, Canada. 1985. 27 2.2. Níveis de tratamento do esgoto O esgoto em geral tem uma composição bastante diversificada. Além da matéria orgânica, também possui areia, sais, nutrientes e dejetos das mais variadas origens. Nem sempre é possível retirar todos esses materiais numa única etapa. Por esse motivo, são realizados métodos unitários que ocasionam a remoção de contaminantes por meio de reações químicas e biológicas. Com isso, esses métodos, constituem-se de quatro níveis de tratamento: preliminar, primário, secundário e terciário ou avançado, nas quais suas principais características serão descritas a seguir. 2.2.1. Tratamento preliminar Segundo Von Sperling (2005), o pré tratamento tem a função de extrair os sólidos sedimentáveis grosseiros, gorduras e areia em suspensão em uma ETE. Essa remoção se dá por um sistema de gradeamento mecânico capaz de remover sólidos com diâmetros superiores a 10 mm, e por uma caixa de areia que permite a remoção de areia e impede a decantação da matéria orgânica presente no esgoto bruto (GIORDANO, 1999). Além da grade e da caixa de areia, o tratamento preliminar pode incluir também peneiras para remover sólidos (penas, plásticos, fios e similares), caixa de gordura para retenção grosseira de óleos e graxas, e flotadores indicado para quando houver altas taxas de gordura. Essa etapa também apresenta um mecanismo conhecido como Calha Parshall que serve para medição de vazão de líquidos fluindo por gravidade em canais abertos, podendo conter sólidos suspensos. A figura abaixo mostra o tratamento preliminar em uma ETE. Figura 3– Esquema do tratamento preliminar Fonte: Von Sperling (1995) 28 A remoção feita no tratamento preliminar é necessária para proteger as bombas e tubulações, para melhorar o desempenho das unidades de tratamento subsequentes, e, por conseguinte, proteger os corpos receptores (LOPES, 2015). Por mais que o esgoto apresente um aspecto melhor após a fase de pré-tratamento, as suas características poluidoras continuam inalteradas, pois, nessa fase não há a remoção contaminantes ou microrganismos patogênicos. 2.2.2. Tratamento primário Segundo Moura et al. (2011) o tratamento primário tem a finalidade de remover sólidos em suspensão e a matéria orgânica flutuante, por meio de estruturas em alvenaria ou de equipamentos com precipitantes químicos com tempo de detenção maior que o dos tratamentos preliminares. Nesta etapa geralmente são removidos componentes tóxicos tais como: excesso de detergentes, corantes, amidas, além de matéria orgânica, gorduras e metais pesados dissolvidos (GIORDANO, 1999). O processo de remoção dos sólidos é realizado por decantadores primários. Nestes, os sólidos em suspensão de maior densidade sedimentam gradualmente no fundo, por tempo suficiente para sua estabilização, em condições anaeróbias, formando o lodo primário bruto. Os materiais em suspensão de menor densidade são removidosatravés processos químicos que podem ser: coagulação, floculação, mistura, sedimentação e flotação (VON SPERLING, 1996). Já os óleos e graxas existentes no esgoto são coletados através da superfície dos decantadores e, removidos para posterior tratamento (VON SPERLING, 1996). Esta fase é de grande importância, pois, além de apresentar um baixo custo, elimina boa parte das impurezas contidas no esgoto, facilitando assim o tratamento secundário. 2.2.3. Tratamento secundário O tratamento secundário, também denominado tratamento biológico, consiste em oxidar a DBO particulada, remover os sólidos em suspensão, tendo em vista que parte da DBO em suspensão foi removida no tratamento primário, e os nutrientes como nitrogênio e fósforo. Nessa fase, os microrganismos utilizam a matéria orgânica como fonte de alimento e energia, convertendo uma parte do carbono em biomassa e a outra em dióxido de carbono 29 (CO2). À medida que a DBO vai diminuindo, as bactérias vão se reproduzindo e possuem sua massa total aumentada em função da quantidade de matéria orgânica degradada. Segundo Von Sperling (2005), os métodos mais comuns nesse nível de tratamento são: lagoa facultativa, lagoa aerada, lodos ativados, filtro biológico aeróbio, fossas sépticas, digestores anaeróbios, entre outros. Desse modo as lagoas facultativas se destacam por serem as lagoas responsáveis pela remoção de nutrientes e consideradas as mais simples dentro do sistema de lagoas de estabilização. O desempenho da lagoa facultativa está baseado na relação simbiótica entre os microrganismos heterotróficos e as algas, na qual, durante o processo de formação de CO2 e nutrientes inorgânicos, as algas produzem O2, essencial para os microrganismos aeróbios realizarem seus metabolismos e processos respiratórios. Essas relações simbióticas dependem de outros parâmetros como temperatura, radiação solar, os quais definem as taxas de reações ocorridas na lagoa. De acordo com Von Sperling (1996), em lagoas facultativas o efluente final apresenta elevadas concentrações de algas (104 a 106 algas/l), constituindo uma fonte de matéria orgânica, nitrogênio e fósforo. Por isso, para alguns tipos de usos, é necessário o tratamento terciário. 2.2.4. Tratamento terciário Segundo Von Sperling (1996), o tratamento terciário tem o objetivo de remover alguns poluentes que não foram totalmente extraídos nos tratamentos anteriores, além de remover compostos não biodegradáveis, tóxicos e patógenos. Esse tratamento é destinado para remover nutrientes como o nitrogênio e fósforo, que podem potencializar, isoladamente ou em conjunto, a eutrofização das águas receptoras. Apesar do tratamento secundário ser conhecido por remover grande parte dos microorganismos, sua eficiência muitas vezes não é suficiente para alcançar as exigências estabelecidas pelas leis vigentes no Brasil para descarga de efluentes, proteção de rios e reuso. Nesse caso, a finalidade desse tratamento é reduzir o teor de agentes contaminantes, para que o esgoto seja reutilizado ou devolvido ao meio ambiente sem causar nenhum impacto negativo. O tratamento terciário ou avançado, é realizado com uso de métodos mais avançados do que os utilizados nos tratamentos anteriores. Estes processos incluem a precipitação química, filtração granular, filtração por membrana e adsorção de carbono (LOPES, 2015). 30 A escolha do método de tratamento terciário depende do uso potencial do efluente tratado, da natureza do esgoto (doméstico, industrial ou agrícola), da compatibilidade das várias operações e processos e da viabilidade ambiental e econômica de cada método. Para Von Sperling (1996) este nível de tratamento é raro no Brasil. No entanto, com o crescimento na demanda de água, estão surgindo novas tecnologias no mercado que tratam o esgoto para seu reuso, como é o caso da planta de ultrafiltração, que será descrita a seguir. 2.3. Processo de Separação por Membrana O processo de separação por membranas consiste em uma seleção de partículas por meio do seu tamanho, ou seja, as partículas maiores, de acordo com o tamanho dos poros das membranas, não ultrapassam pela mesma para a próxima fase do processo. A utilização de membranas no tratamento de esgoto vem sendo cada vez mais frequente devido a necessidade de tecnologias que proporcionem o reuso do esgoto tratado. Ela se mostra bastante viável e atinge níveis excelentes na qualidade de efluentes, inclusive quando são utilizadas no final dos sistemas de tratamentos convencionais. Dentre as mais variadas tecnologias que utilizam membranas, as mais utilizadas no processo de saneamento são: Microfiltração, Ultrafiltração, Nanofiltração e Osmose Inversa, que se diferenciam pelo tipo de material que constitui as membranas, o tamanho dos poros, os mecanismos de separação e a natureza da força motriz (SCHNEIDER & TSUTIYA, 2001). Evidencia-se a ultrafiltração por ser objeto desse estudo. 2.3.1. Membrana de ultrafiltração A técnica de UF, também conhecida como filtração molecular, é um processo utilizado para desinfectar e clarificar a água através de membranas porosas que impedem a passagem de macromoléculas e alguns tipos de microorganismos. Tais membranas separam a água de compostos orgânicos com alto peso molecular e de partículas coloidais, que possuem um tamanho de aproximadamente 20nm (SILVA, 2014). As membranas de diferentes tipos de materiais, são classificadas pela massa molar de corte (MMC), que é a massa molar das moléculas, as quais, são retidas em 90% pela membrana de ultrafiltração (GHIGGI, 2011). Soluções que contém solutos numa faixa de massa molar entre 103 – 106 kDa, podem ser tratadas no processo de ultrafiltração (NÓBREGA, 2016). Porém, para membrana de UF apresentar bons resultados na remoção das 31 bactérias e macromoléculas, a MMC deve estar numa média de 10 a 100kDa. (SANTOS, 2014). Para Vigneswaran et al. (2012), a membrana que possui poros com tamanho de 1 a 100 nm, deve ter uma pressão de 1 a 10 bar. Já para Habert, Borges e Nóbrega (2006), para esse mesmo tamanho de poros, as diferenças de pressão através da membrana devem ser na faixa de 2 a 10 bar. Não ultrapassando assim do valor máximo estabelecido para membranas de ultrafiltração. As diferenças de pressão através das membranas, variam de acordo com o tamanho dos poros da membrana. A técnica de ultrafiltração pode ser usada para o reuso do esgoto, uma vez que há uma elevada demanda de água pela população para usos não potáveis como: irrigação de áreas verdes, lavagem de automóveis, lavagem de ruas, pisos, calçadas. Também pode ser destinado à irrigação de produtos agrícolas, dentro dos limites toleráveis de sais e íons específicos (SILVA, 2014). Como também pode ser usado em indústrias, dentre elas: as de alimentos, laticínios, têxtil, metalúrgica, óleo e gás, entre outros. Marcucci et al. (2001), utilizou a membrana de UF no tratamento de efluentes têxteis e garantiram que o esgoto poderia ser reutilizado em processos de lavagem de fibras, porém, não possuíam requisitos para serem aplicados em processos mais delicados como tingimento. Com isso, atualmente, muitas empresas estão aderindo essa técnica para resolver o problema de escassez de água e adquiri-la em um menor custo. A grande quantidade de estudos voltados na utilização de membranas no tratamento de diversos tipos de esgoto comprova sua eficácia na área de saneamento. Além de fornecer uma água de boa qualidade para usos não potáveis a UF possui diversas vantagens tais como (PELEGRIN, 2004): Menor utilização de produtos químicos; Sistemas compactos que utilizam uma menor área para instalação; Facilidade no controle, automação, operação e manutenção da máquina; Menor produção de lodo; Maior resistência hidrodinâmica comparado às outras tecnologias; Qualidade boa e constante de água tratada,independentemente de variações da qualidade da água de alimentação; Apesar da membrana de ultrafiltração se mostrar bastante vantajosa no tratamento do esgoto, ela ainda encontra alguns problemas que diminuem seu rendimento drasticamente, dentre esses problemas o principal é o fouling. 32 2.3.2. Problemas causados por fouling O fouling ou incrustação é um processo físico, resultante da deposição, adsorção e/ou acúmulo de partículas coloidais suspensas sobre a superfície ou no interior dos poros da membrana. Esse processo se dá quando a partícula sólida é menor do que o tamanho do poro da membrana fazendo com que haja o estreitamento ou obstrução do poro, ou quando a partícula sólida é maior do que os poros da membrana, formando uma camada de gel, (METCALF e EDDY, 2003) mostrados na figura 4. O fouling pode ser classificado como reversível ou irreversível, e esta descrição depende do modo de operação e de limpeza aos quais as membranas são submetidas. O reversível é dividido em duas categorias: retrolavável, quando a camada em gel (torta), pode ser removida pelos processos físicos de limpeza, como retrolavagem ou retrolavagem com ar; e não-retrolavável, quando a torta pode ser removida através de agentes químicos. Já no fouling irreversível, como o próprio nome já diz, ocorre a perda total da permeabilidade da membrana através do bloqueio de todos os poros, a qual não pode ser recuperada por processos físicos nem químicos. Quando o fouling está nessa fase, a única solução é a troca de membranas. Figura 4- Fouling em membranas: a) estreitamento do poro, b) obstrução do poro, c) formação de camada de gel Fonte: Metcalf e Eddy (2003) Segundo Schneider e Tsutiya (2001) a camada em gel pode atuar como uma membrana adicional, e ela não só cresce pela deposição de partículas sólidas de massa molar maior, mas também por partículas que possuem o tamanho menor do que os poros das tortas. Em membranas de ultrafiltração utilizadas no tratamento de esgoto, essa camada em gel geralmente é formada por matéria orgânica. A princípio, a matéria orgânica deposita-se sobre a membrana e logo após, os microorganismos se acoplam a essa matéria para degradá- 33 la. Nesse processo, os microorganismos liberam polímeros extracelulares, formando assim uma espécie de gel sobre a membrana. Esse processo é chamado de biofouling. De acordo com Schneider e Tsutiya (2001), o biofouling pode interferir no processo de separação por membranas de várias maneiras que são: aumento da intensidade de polarização por concentração, pelo acúmulo de sais rejeitados pela membrana na matriz do biofilme, promovendo resistência à filtração; contaminação do permeado em virtude do crescimento de biofilmes nos canais de permeado; aumento dos custos operacionais pelo aumento do consumo de energia e com a compra de produtos químicos; entre outros. De modo geral, o biofouling provoca o decaimento do fluxo de permeação ao longo do tempo de operação e isso implica no decaimento do rendimento da membrana de UF e na redução de sua vida útil. Diante deste cenário, há algumas alternativas para minimizar os problemas causados por biofouling, dentre elas têm-se a limpeza periódica realizada pelo processo de retrolavagem e por agentes químicos, e o pré-tratamento pelo processo de coagulação/floculação. Yun et al. (2009), estudou alguns parâmetros operacionais ligados a retrolavagem e concluiu que o aumento da intensidade de retrolavagem minimiza o fouling até certo ponto, porém um aumento adicional pode levar a ocorrência de fouling ainda mais severo. Huck et al. (2011), utilizou o processo de biofiltração (sem coagulação prévia ou adição de ozônio) utilizando biopolímeros (carboidratos e proteínas), como pré-tratamento para redução de fouling em membranas de UF usadas na produção de água potável, e concluiu que a biofiltração se mostrou bastante eficaz para amenizar os problemas de incrustação. Fan e Roddick (2009), estudaram os processos de filtração, coagulação química (com agentes coagulantes a base de alumínio e ferro) e resinas de troca aniônicas (RTA) como pré- tratamento para diminuição do fouling em membranas de UF usadas para tratar efluentes provenientes de processo de tratamento secundário de esgotos sanitários e concluíram que a coagulação química foi o processo que apresentou melhores resultados, em termos de melhoria da eficiência das membranas de UF. Heng, Weijia e Guibai (2008) estudaram o processo de coagulação/floculação, sedimentação, filtração e cloração como pré-tratamento para a planta de ultrafiltração e concluíram que o processo de coagulação/floculação foi selecionado como o melhor método de pré-tratamento para a membrana UF. Já o processo de filtração desempenhou um papel negativo no pré-tratamento para controle de incrustação de membrana UF. 34 Mediante o exposto, conclui-se que o processo de coagulação/floculação como pré- tratamento na membrana de ultrafiltração é uma das melhores alternativas para reduzir os problemas causados por fouling e a que apresenta um melhor custo-benefício. 2.4.Coagulação/ floculação/sedimentação Os termos “coagulação” e “floculação” geralmente são utilizados como sinônimos, visto que ambos representam o processo de aglomeração das partículas sólidas presentes na água. No entanto, são interdependentes e são etapas distintas no processo de tratamento de efluentes. A coagulação é o processo de desestabilização das partículas coloidais e suspensas, através da inserção de agentes químicos (coagulantes), realizado em meio de agitação intensa, conhecido como mistura rápida, fazendo com que ocorra a interação entre os coagulantes e o efluente, neutralizando assim, os sólidos suspensos e resultando na formação de pequenos flocos. Para Franco (2009) a coagulação resulta de dois fatores: o primeiro essencialmente químico, o qual consiste nas reações químicas do coagulante com a água e na formação de espécies hidrolisadas com carga positiva; e o segundo, essencialmente físico, que consiste no transporte das espécies hidrolisadas para que haja contato entre elas e os sólidos presentes na água. De acordo com Furlan (2008), o principal objetivo da coagulação é a redução do potencial zeta (potencial elétrico), para que não haja repulsão entre as partículas nem fornecimento de energia ao meio, de modo que haja agitação e choque entre as partículas desestabilizadas. O mesmo autor ainda cita que os principais mecanismos de desestabilização das partículas são: Compressão da camada difusa: adição de íons de carga contrária, que são atraídos para a proximidade da superfície dos coloides, aglutinação das mesmas; Adsorção e neutralização de cargas: ocorre a adsorção das espécies hidrolisadas, de carga positiva, à superfície das mesmas. A dosagem de coagulante necessário a neutralização das cargas é proporcional à concentração e à área superficial do colóide, onde quanto maior o número de colóides presentes e menor sua dimensão, maior será o volume necessário de coagulante. 35 Varredura: de acordo com a quantidade de coagulante, do pH da mistura e da concentração de alguns íons, ocorre a formação de precipitados que adsorvem as partículas coloidais e envolvem as dissolvidas, formando flocos maiores que sedimentam com maior facilidade. Adsorção e formação de pontes: este mecanismo possui o objetivo de diminuir as dosagens de coagulantes e ao mesmo tempo conferir maior densidade ao floco, para isso, são utilizados polímeros orgânicos naturais ou sintéticos de cadeias longas que ocasionam a formação de uma ponte química, pela adsorção do colóide na superfície do polímero. A floculação é a aglomeração das partículas menores formadas na coagulação, em uma agitação relativamente lenta (mistura lenta), resultando na formação de flocos maiores e mais densos, capazes deserem removidos pelo processo de sedimentação. A sedimentação depende do tamanho da partícula e da força gravitacional. Após a fase de floculação, as partículas adquirem peso e decantam no fundo do tanque, sendo possível sua retirada logo após. O processo de coagulação/floculação/sedimentação está representado na figura 5 abaixo. Figura 5 – Representação esquemática da coagulação/floculação/sedimentação Fonte: Adaptado de TEH et al. (2016) Os processos de coagulação/floculação são fases importantes no tratamento de efluente, pois, nelas podem ser removidas grande parte das impurezas presentes na água, que são os materiais sólidos em suspensão (turbidez) e dissolvidos (cor). A cor na água indica a presença de matéria orgânica dissolvida, de íons metálicos (ferro e manganês), contidos em diversos tipos de despejos industriais e esgoto doméstico. Esses materiais dissolvidos, possuem substâncias potencialmente cancerígenas (Von Sperling, 36 1996). Já a turbidez indica a presença de sólidos em suspensão, tais como vírus e bactérias, os quais podem causar diversos problemas de saúde à população. A coagulação/floculação é, até agora o tratamento mais bem-sucedido, no controle da colmatação das membranas, inclusive quando utilizados como pré-tratamento para as membranas de ultrafiltração. Xia et al. (2005), avaliou o pré-tratamento com coagulação/floculação, para membranas de ultrafiltração e concluiu que não só melhorou a qualidade da água tratada, mas também melhorou o desempenho da membrana, ou seja, o fluxo de permeado aumentou, aumentando assim, o tempo de vida da membrana. Fortino (2012), utilizou o processo de Coagulação/floculação como pré tratamento nas membranas de ultrafiltração, e testou o sulfato de alumínio e o cloreto férrico como coagulantes e verificou que o melhor desempenho foi obtido com o cloreto férrico na dosagem de 50mg/L, que apresentou 98% na remoção da turbidez do efluente da indústria têxtil. Ghiggi (2011), também avaliou o processo de coagulação/floculação, como pré- tratamento das membranas de ultrafiltração em água de um manancial com qualidade comprometida, utilizando o cloreto férrico e o sulfato de alumínio como coagulantes, e concluiu que o sulfato de alumínio com a concentração de 50mg/L, foi o mostrou uma maior eficiência, removendo 98% dos coliformes presentes no efluente. Porém o mesmo autor verificou que a eficiência dos coagulantes varia de acordo com a composição do efluente. De modo geral, para se obter sucesso no processo de coagulação/floculação, e possivelmente na remoção da cor e turbidez do efluente, devem ser levados em conta alguns aspectos como: a natureza e o tamanho das partículas a serem removidas, o pH de operação e os gradientes de velocidade. A escolha do coagulante e sua concentração são essenciais para tornar o sistema eficiente, pois, de acordo com o tipo de efluente, existem coagulantes que, se colocados em uma menor quantidade, já são suficientes na desestabilização das partículas proporcionando assim, uma maior economia de custo e energia. 37 2.4.1. Coagulantes Coagulantes são produtos químicos ou naturais utilizados no tratamento de águas e efluentes de vários segmentos (industriais, agrícolas ou domésticos), que tem a finalidade de neutralizar as cargas negativas das partículas em suspensão, possibilitando assim uma aglomeração das mesmas, formando flóculos. Segundo Bratby (2006), os coagulantes mais utilizados são os baseados em alumínio e ferro. Dentre os coagulantes de alumínio encontram-se o sulfato de alumínio [Al2(SO4)3] e o Hidróxi-cloreto de polialumínio (PAC). E dos coagulantes de ferro, incluem-se o, sulfato férrico [Fe2(SO4)3], sulfato ferroso [FeSO4] e o cloreto férrico [FeCl3]. Todos esses coaguantes citados, com a inclusão do sulfato de zinco [ZnSO4], serão analisados nesta pesquisa. As principais vantagens de coagulantes inorgânicos são que eles são capazes de funcionar de forma eficiente em amplas faixas de pH e temperaturas da água bruta (BRATBY, 2006). A tabela 2 mostra as melhores condições de pH de alguns coagulantes. Tabela 2- Melhores condições de pH dos coagulantes Coagulante pH Referência Sulfato de alumínio Al2(SO4)3 Entre 5,5 e 8 Franco (2009) Sulfato férrico Fe2(SO4)3 Entre 4 e 11 Bratby (2006) Cloreto férrico FeCl3 Entre 4 e 11 Bratby (2006) PAC Aln (OH) m(Cl3) n-m Entre 5 e 10 Constantino e Yamamura (2009) Sulfato ferroso FeSO4 Acima de 8,5 Bratby (2006) Fonte: Autor (2017) A utilização de coagulantes no tratamento de efluentes tem sido muito difundida, em virtude do crescente uso de processos físico-químicos, principalmente quando associados ao tratamento do esgoto para reuso. No Brasil, os coagulantes mais utilizados no tratamento de efluentes, são sulfato de alumínio e o cloreto férrico, devido à sua disponibilidade no mercado, baixo custo e boa eficiência. Vários autores descreveram os benefícios de coagulantes férricos e de alumínio. 38 Viveiros (2008) utilizou o sulfato de alumínio e o cloreto férrico no teste de coagulação/floculação para o tratamento do efluente da usina de reciclagem de plástico e observou que o sulfato de alumínio numa concentração variando de 311,58 a 324,08mg/L para pH 7,06, apresentou uma melhor eficiência comparado ao cloreto férrico, removendo mais de 90% de turbidez e cor do efluente. Vaz et al. (2010) avaliou a eficiência dos mesmos coagulantes, no tratamento de efluente de uma indústria de galvanoplastia, e observou que o cloreto férrico apresentou uma maior remoção de cor e turbidez, sendo de 31,57% e 95,27%, respectivamente, para uma concentração de 40 mg/L. Franco (2009) também utilizou o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, sob as dosagens de 5mg/L a 60mg/L, para o tratamento das águas residuais de uma ETA, e concluiu que o cloreto férrico apresentou maiores vantagens na remoção de cor e turbidez que o sulfato de alumínio. Morcelli (2011), analisou os coagulantes sulfato de alumínio, sulfato de zinco e cloreto férrico, através da técnica de coagulação/floculação/sedimentação em fotobioreatores, para remoção das algas. Os resultados apresentaram que o melhor agente coagulante foi o sulfato de alumínio com uma concentração de 250 mg/L. Visando a identificação do coagulante que oferecesse um melhor custo/benefício, Constantino e Yamamura (2009), comparou os coagulantes Sulfato de Alumínio e o PAC, no processo de tratamento de água da ETA Maringá e verificou que o PAC resultou em um gasto maior de coagulante, porém, apresentou resultados melhores que o sulfato de alumínio com relação a qualidade da água produzida, melhorando de forma significativa os níveis de turbidez. Já Souza, Souza e Pereira (2014) também avaliou a eficiência desses mesmos coagulantes, nos processos de tratamento de água de uma lavanderia industrial e concluiu que o PAC, sob dosagem de 0,20 mg/L, obteve remoções de 90% de cor, 94,5% da turbidez enquanto o sulfato de alumínio, sob dosagem de 300 mg/L, removeu 56% de cor e 95% da turbidez. Santos et al. (2014) avaliou a eficiência do cloreto férrico, sulfato de alumínio e o PAC no processo de coagulação/floculação no tratamento do efluente do tanque de equalização de uma indústria petroquímica. Nesse estudo o PAC, com 150 mg/L, concentração relativamente menor que os sulfato de alumínio e o cloreto férrico que foram colocados em 300 mg/L, apresentou uma remoção de turbidez de 96,5% a 98,2%, muito maior comparado aos outros coagulantes que removeram de 90% a 97,3% da turbidez. 39 Rocha et al. (1999) avaliou a viabilidade do polimento de efluentes de lagoas de estabilização utilizando o PAC, Cloreto férrico e o Sulfato de alumínio e concluiu que o PAC mostrou uma melhor eficiência na remoção de sólidos suspensos totais, em menores quantidades, se comparadosaos outros coagulantes. Da mesma forma, Torres (2017) utilizou o PAC e o cloreto férrico nos efluentes de lagoas de estabilização para a recuperação da biomassa algal e concluiu que o PAC apresentou um melhor rendimento com o pH da amostra natural, sob uma dosagem de dosagem de 100 mg/L, sendo capaz de recuperar uma biomassa de algas, em base seca, de cerca de 1140 kg/dia e 541 kg/dia para a lagoa facultativa e de maturação, respectivamente. Dantas (2013) utilizou o cloreto férrico e o sulfato de alumínio em testes de coagulação/floculação para remoção das algas de uma lagoa facultativa, chegando a conclusão de que o cloreto férrico removeu 97% da cor e turbidez do efluente, apresentando uma melhor eficiência se comparada ao sulfato de alumínio que removeu 95% da cor e turbidez. De acordo com Guigui et al., (2002), o cloreto férrico, o sulfato férrico e o PAC possuem uma ótima eficiência na remoção da matéria orgânica natural presente no efluente, e são bons coagulantes para serem utilizados no pré-tratamento para reduzir o problema de fouling nas membranas. Mediante o exposto é possível afirmar que a eficiência dos coagulantes varia de acordo com a natureza de cada efluente. Dessa forma, para o efluente da lagoa de estabilização da ETE Mangabeira, serão avaliados os seis coagulantes (sulfato de alumínio, sulfato férrico e ferroso, sulfato de zinco, cloreto férrico e o PAC), para verificar os que se comportam melhor na remoção de cor e turbidez, e em menores quantidades. 40 3. METODOLOGIA 3.1.Caracterização da ETE Mangabeira Esta pesquisa foi realizada através de análises do efluente da Estação de Tratamento de Esgoto, localizado no bairro de Mangabeira, no município de João Pessoa- PB. Esta ETE pertence à CAGEPA (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba) e recebe esgoto predominantemente doméstico dos bairros de Gramame, Grotão, Valentina, João Paulo II, Funcionários I e II, Jardim São Paulo, Bancários, Monsenhor Magno, Ernesto Geisel e Mangabeira (SILVA et al. 2016). Segundo os dados do SNIS (2017), relativos ao ano de 2015, de todo o esgoto gerado em João Pessoa, apenas 66% é coletado, com uma vazão de 29.734 m³/ano e todo ele é tratado. Sendo que aproximadamente 30% vai para a ETE Mangabeira, e 70% para a ETE Róger, a qual trata o esgoto dos outros bairros da cidade. Atendendo a uma população de 599.226 habitantes. Por outro lado, existem evidências de que nem todo esgoto coletado em João Pessoa chega às estações de tratamento (BATISTA, 2014). A ETE Mangabeira possui três módulos que operam com duas lagoas anaeróbias (LA) e uma lagoa facultativa (LF) mostradas na figura 6. Figura 6- Vista aérea da ETE Mangabeira Fonte: Adaptado do Google Earth Como a maioria da ETE’s existentes no Brasil, esta é composta por tratamento preliminar, primário e secundário. A princípio, no tratamento preliminar, o efluente passa por um sistema de gradeamento com seção de 3/8x 1½” (0,95 x 3,81cm) e espaçamento de 1¼” (3,18cm), que 41 serve para impedir que os sólidos grosseiros passem para a outra fase. Em seguida, o esgoto passa por uma estação elevatória, depois é encaminhado para o desarenador que é dividido em dois canais paralelos, com dimensões de 8,25 x 1,25m cada, e altura do depósito de areia de 0,30m, considerando um período de limpeza de 15 dias. No desarenador ocorre a sedimentação dos grãos de areia mais pesados. Logo após, o efluente vai para a calha Parshal, que é um medidor de vazão, com dimensão nominal de 9” (23cm) e capacidade máxima de 132,4l/s (CAGEPA, 1994 apud Baracuhy 2006). Na ETE Mangabeira o tratamento primário é realizado pelas lagoas anaeróbias e o secundário, pelas lagoas facultativas. Os efluentes gerados nos três módulos são encaminhados por uma única tubulação e lançados no rio Cuiá, que desemboca no oceano a poucos quilômetros da ETE. A tabela 3 mostra as características das lagoas anaeróbias e facultativa do módulo II que possui as mesmas características que os módulos I e III. Tabela 3- Características das lagoas do módulo II Características Lagoas Anaeróbia 1 (LA1) Anaeróbia 2 (LA2) Facultativa (LF) Comprimento (m) 63,1 63,1 228,5 Largura (m) 63,1 63,1 140,0 Área (ha) 0,4 0,4 3,2 Profundidade (m) 3,70 3,70 1,8 Volume (m³) 14800 14800 57600 Vazão (m³/dia) 8275 8275 8275 Tempo de Detenção Hidráulico (dia) 1,8 1,8 7 Fonte: adaptado de CAGEPA 4 (1994) apud Baracuhy (2006) 3.2.Planta de Ultrafiltração O efluente da lagoa facultativa do módulo I é bombeado até uma caixa d’água (caixa 1) com capacidade de 500 litros, localizada a aproximadamente 200 metros da lagoa e a 2m da planta de UF (figura 7). A planta de UF foi instalada em um container com dimensões aproximadas 6,00 x 2,40m. 4 GOVERNO DA PARAÍBA- COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTOS DA PARAÍBA. Legislação de saneamento e recursos hídricos. João Pessoa, Paraíba, 2006. 559p. 42 Figura 7- Localização da caixa 1 e da planta de UF Fonte: Autor (2017) Da caixa 1, o efluente é bombeado para um conjunto de dois filtros de areia em série, localizados na parte externa da planta, e um filtro de tela, localizado na parte interna da planta. Em seguida, o efluente era armazenado em um tanque de alimentação (Tanque 1), com capacidade de armazenar até 140L do efluente (figura 8). Figura 8- Tanques de armazenamento do efluente. Tanque 1 (efluente não tratado); Tanque 2 (efluente tratado) Fonte: Autor (2017) 43 Na parte de trás do container também estão localizados os depósitos, onde será inserido o coagulante e um aparelho digital, onde estão localizadas as bombas. A figura 9 mostra cada um desses elementos e sua localização. Figura 9- Elementos contidos na parte de trás da planta piloto Fonte: Autor (2017) Numa tela de comando para as bombas dosadoras, é digitado o valor necessário de coagulante, e essa quantidade é bombeada para a tubulação no qual estará contido o efluente que sairá do Tanque 1. A partir do momento em que o coagulante se mistura com o efluente do tanque 1, estará caracterizando o processo de coagulação na planta piloto. Em seguida, o efluente passará pelo processo de floculação ou mistura lenta (figura 10). Na própria etapa de floculação, também pode ocorrer a sedimentação dos flocos, dependendo da pressão estabelecida na membrana. Após isso, o efluente passa pelos reatores de membrana (figura 11), onde ficam retidas a maior parte dos sólidos formados nos processos de coagulação/floculação. 44 Figura 10- Floculação na Planta de UF Fonte: Autor (2017) Figura 11- Reatores de membrana de ultrafiltração Fonte: Autor (2017) Após passar pelo reator de membrana, o efluente é armazenado no tanque 2, já mostrado na figura 8 e encaminhado para a caixa 3 (Figura 9). O efluente final, contido na caixa 3, é o que pode ser reutilizado para as diversas áreas: agrícolas, industriais e domésticas. A água de retrolavagem da planta de ultrafiltração é despejada numa caixa (caixa 2) - caixa de rejeito-, conforme Figura 9. 45 3.3.Amostragem O efluente era coletado no tanque de armazenamento (tanque 1), localizado dentro da planta de UF, o qual já tinha passado pelas lagoas anaeróbias e facultativa do módulo I, pela caixa 1 e filtros de areia e tela. As amostras eram armazenadas em garrafas plásticas com a capacidade de 5L para as análises serem realizadas sem mudança de amostras. Foram realizadas dez coletas no total, nos meses de abril, maio e julho de 2017, em um horário entre 8:00 – 9:00 horas da manhã. Os dias de coleta para realização de cada análise estão descritas no quadro 5. Quadro 5 - Dias de coleta e análise do esgoto pH= entre 5,0 e 5,5 (ajustado) pH= entre 7,3 a 7,9 (natural) Dia Coagulante
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