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Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/15219/como-ensinar-matematica-para-
alunos-surdos
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 319, 01 de Fevereiro | 2019
Matemática
Como ensinar Matemática para
alunos surdos?
Crianças com deficiência auditiva precisam de imagens para aprender o
universo dos números. E elas aprendem de forma diferente.
Bruna Tiussu
MEIO VISUAL: Explorar o lúdico e manipular objetos ajuda a aproximar os alunos da
Matemática
Ensinar a tabuada ou as quatro operações fundamentais fica mais fácil quando o professor
consegue criar histórias capazes de abarcar esses conceitos. Ou dá conta de formular situações-
problema para discutir em sala de aula. Mas como ensinar aos surdos o mesmo conteúdo
matemático, por vezes abstrato, e garantir que todos os alunos aprendam?
O aumento dos estudantes com alguma deficiência auditiva nas escolas tem levado educadores a
pesquisar mais a fundo um elemento que permeiatodo o processo da aprendizagem: a linguagem.
Afinal, trata-se de crianças e adolescentes que se comunicam, exploram e conhecem o mundo
principalmente por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). No caso da Matemática, o conteúdo
é mais bem aprendido pelos alunos quando se exploram recursos visuais.
Para encontrar os estímulos certos para seus alunos, Inay Rijo faz um diagnóstico logo no início do
ano letivo. Responsável pelas aulas de Matemática do 6º e do 8º ano do Fundamental na Emebs
Anne Sullivan, de educação bilíngue para surdos, em São Paulo, ela propõe uma atividade de lógica
para entender as potencialidades individuais e, então, adaptar a aula-base de maneira que todos
acompanhem. “O professor precisa ter esse olhar atento, aguçado. Não é porque todos são
deficientes auditivos que aprendem da mesma forma. Uma turma de surdos também é
https://novaescola.org.br/conteudo/15219/como-ensinar-matematica-para-alunos-surdos
heterogênea”, afirma.
“Deficientes auditivos não têm
impeditivo cognitivo para a
aprendizagem, mas sem a imagem
eles não conseguem assimilar o
conteúdo. No caso da Matemática, é
preciso ir para o concreto,
confeccionar materiais”, diz José
Gilson Bezerra da Silva, professor da
Emeb Durvalina Cardoso Pontes, em
Santana do Ipanema (AL), que
repensou as estratégias didáticas em
sala de aula quando recebeu um
aluno surdo na turma do 4º ano em
2018, optando por jogos, objetos do
cotidiano e cédulas para trabalhar
operações e conceitos monetários. A alternativa beneficiou também os demais alunos.
LEIA TAMBÉM: E no caso da Língua Portuguesa, como incluir alunos surdos?
“A pedagogia visual é ótima para surdos e ouvintes. Principalmente na Matemática, onde há muita
abstração e um medo historicamente criado, o conteúdo é mais bem compreendido quando a
criança manipula objetos, assiste a vídeos ou trabalha o lúdico em jogos”, explica Adriana Bellotti,
professora da disciplina de Libras do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da
USP, em São Carlos.
Formada em Matemática, Inay conta que passou a entender melhor os caminhos para a
aprendizagem dos alunos em um curso de especialização. “É preciso adotar recursos que exploram
a visão”, diz. Diariamente, ela busca formas concretas de representar conceitos, adapta jogos que
encontra na internet e contextualiza os conteúdos para o universo dos alunos. Quando foi ensinar
operações com números inteiros para o 6º ano, por exemplo, trabalhou uma série de situações
com dados coloridos, em que os vermelhos representavam os números positivos e os azuis, os
negativos.
No 8º ano, se por um lado foi fácil ensinar conteúdos de Geometria, que são bem visuais, ela
precisou da criatividade para apresentar conceitos monetários. “Meus alunos não estavam
acostumados a lidar com dinheiro e troco. Isso não fazia parte do dia a dia deles”, conta Inay, que
simulou um mercado na aula, tornando palpável um conteúdo ainda abstrato para a turma.
“Ao pensar em contextos que deem à criança condições de formular hipóteses, ele está instigando a
produção de questionamentos, que mais tarde serão validados. O professor apenas facilita o ensino,
não dá o conhecimento. É o aluno que o constrói”, explica Ana Carolina Petreche Harris Sampaio,
que pesquisa didática da Matemática na pós-graduação do Instituto Vera Cruz.
/conteudo/12892/como-incluir-alunos-surdos-na-lingua-portuguesa
Escassez de materiais e de formação
Um dos desafios que Inay enfrenta é a escassez de material didático adequado para que os alunos
pesquisem sozinhos, após o horário escolar. “Há poucas videoaulas de Matemática em Libras
disponíveis. E para usar este suporte é preciso primeiro ter acesso à internet.” A professora também
aponta a falta de incentivo para a formação continuada dos educadores.
“Existir uma lei que garanta às crianças com deficiência o acesso à educação pública é muito bacana.
Mas não é suficiente. Ela exige do governo outros tipos de investimento: o físico, para que as escolas
estejam adequadas para a inclusão desses alunos; e o intelectual, para que os professores tenham
domínio dos recursos didáticos necessários para atendê-los”, diz Ana Carolina.
Adriana destaca ainda o apoio do
intérprete para fazer a interlocução entre as
línguas: “O ideal é que eles trabalhem
juntos. Na Matemática, o professor deve
entregar o plano de aula com antecedência
para que o intérprete tenha tempo de
estudar e se preparar. É a partir dessa
parceria e do contato com o aluno deficiente
que se descobrem os melhores caminhos”.
Como já dominava Libras, José Gilson não
contou com o auxílio de um intérprete na
sala de aula, e tinha de se desdobrar na
comunicação com os dois públicos. “Ou você oraliza ou faz sinais. A otimização do tempo neste caso
foi um desafio”, diz. Por lei, todo aluno deficiente auditivo tem direito a um intérprete durante as
aulas, mas ainda há grande escassez desse profissional em muitas cidades brasileiras. Outro ponto
importante é o envolvimento dos pais, que, se possível, devem ser incentivados pelo professor a
participar do processo educacional da criança com deficiência. Segundo Adriana Bellotti, muitas
vezes a família não aceita a deficiência ou possui poucos recursos para aprender Libras. A escola,
portanto, acaba sendo peça essencial.
Ciente disso, a escola de José Gilson desenvolve uma oficina voltada aos pais de alunos com
deficiência. Uma vez por semana, eles aprendem Libras e trabalham alguns conteúdos junto aos
filhos, para que entendam melhor o funcionamento de seu raciocínio lógico. “Os pais precisam
saber conversar, ajudar nas tarefas, participar do aprendizado”, explica o educador. Ele também
criou um projeto para ensinar aos alunos ouvintes noções básicas de Libras, a fim de facilitar a
comunicação e o convívio. “Inclusão significa estar apto para receber. É isso que precisamos fazer.”
DO ABSTRATO PARA O VISUAL
Cinco dicas para incluir o aluno com deficiência no mundo matemático
 
Fotos: Christian Braga
Materiais concretos: Objetos e jogos devem fazer parte das aulas. Pesquise referências na internet e pense
em maneiras de adaptá-las para o conteúdo a ser ensinado
1
Imagens e ilustrações: Faça uso de vídeos e do datashow para complementar ou contextualizar a
explicação de conceitos mais abstratos
2
Parceria: Atue em conjunto com o intérprete. Crie uma rotina de trabalho, compartilhe o plano de aula e
converse sobre o desenvolvimento dos alunos
3
Olha atento: Foque na individualidade de cada estudante. Perceba as potencialidades e explore as
habilidades que facilitarão o aprendizado deles
4
Interação: Faça atividades em grupos para incentivar a troca entre ouvintes e surdos. As habilidades de um
podem ajudar o outro na compreensão do conteúdo
5

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