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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Caroline Fernanda Vieira – R.A. 1903134 Flávio Antônio Ferreira – R.A. 1903229 Jason Lemos de Pontes – R.A. 1904255 Pedro Loureiro – R.A. 1905780 Reinaldo Borges Moreira – R.A. 1904064 Rejane Aparecida dos Santos Proença– R.A. 1902186 Thais Giovana Queiroz – R.A. 1906785 O uso do jogo lúdico interdisciplinar como ferramenta auxiliadora no ensino de matemática, alfabetização e letramento Vídeo do Projeto Integrador < https://www.youtube.com/watch?v=z_pRbivspeM&t=1s> Capão Bonito - SP 2022 UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO O uso do jogo lúdico interdisciplinar como ferramenta auxiliadora no ensino de matemática, alfabetização e letramento Relatório Técnico-Científico apresentado na disciplina de Projeto Integrador para Licenciatura I para o curso de Licenciatura em Pedagogia, Matemática e Letras da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). Capão Bonito - SP 2022 FERREIRA, Flávio Antônio; LOUREIRO, Pedro; MOREIRA, Reinaldo Borges; PONTES, Jason Lemos de; PROENÇA, Rejane Aparecida dos Santos; QUEIROZ, Thais Giovana; VIEIRA, Caroline Fernanda. O uso do jogo lúdico interdisciplinar como ferramenta auxiliadora no ensino de matemática, alfabetização e letramento. 29F. Relatório Técnico- Científico. Licenciatura em Pedagogia – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tutor: Prof. Ricardo Antônio Fidelis de Lima. Polo Capão Bonito, 2022. RESUMO Os recentes estudos direcionados aos centros escolares, observaram as dificuldades que os professores enfrentam no processo de ensino-aprendizagem das disciplinas de matemática e língua portuguesa, onde os resultados são apontados como insatisfatórios mesmo com seu crescimento e desenvolvimento nas salas de aulas aos longos dos anos. E diante dessa problemática resolvemos trabalhar com uma turma do 2º Ano do ensino fundamental, assim trazendo como proposta principal a utilização de um jogo lúdico interdisciplinar como ferramenta auxiliadora no desenvolvimento e aprendizagem em sala de aula em relação as disciplinas de matemática, alfabetização e letramento. Levado em consideração essa realidade enfrentada pela docente e seus respectivos alunos, o objetivo desse Projeto é apresentar uma solução que amenize esses obstáculos e possa contribuir de forma positiva e benéfica para ambos os lados aprendizagem e desenvolvimento escolar. Por fim, espera-se que o resultado apresentado seja de grande valia para a professora colaboradora do projeto e que outros educadores venham-se inspirar em novas formas de ensino-aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização; Letramento; Ludicidade; Ensino Fundamental. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1– CRIANÇAS BRINCANDO DE SOLETRAÇÃO E DOMINÓ ............................23 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 05 2. DESENVOLVIMENTO................................................................................................. 06 2.1 OBJETIVOS ............................................................................................................. 07 2.1.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 07 2.1.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 07 2.2 JUSTIFICATIVAS .................................................................................................... 07 2.2.1 Delimitação do problema ........................................................................................ 08 2.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 09 2.3.1 A criança e a linguagem .......................................................................................... 09 2.3.2 A importância do lúdico no processo educativo ...................................................... 12 2.3.3 O processo de alfabetização nas séries iniciais do ensino fundamental .................... 14 2.4 APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS NO PROJETO INTEGRADOR........16 2.5 METODOLOGIA ...................................................................................................... 19 2.5.1 Imersão........................................................................................................................19 2.5.2 Análise e síntese...........................................................................................................20 2.5.3 Ideação.........................................................................................................................20 2.5.4 Prototipar.....................................................................................................................21 2.5.5 Implementação.............................................................................................................21 3. RESULTADOS .............................................................................................................. 22 3.1. SOLUÇÃO INICIAL ....................................................................................................... 22 3.2. SOLUÇÃO FINAL ......................................................................................................... 22 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 25 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 27 ANEXOS ............................................................................................................................ 29 ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO ............................................................... 29 5 1. INTRODUÇÃO Para Carrano (2012) observa-se por meio de pesquisas as dificuldades que os professores enfrentam no processo de ensino-aprendizagem das disciplinas de matemática e língua portuguesa, onde os resultados são apontados como insatisfatórios mesmo com seu crescimento e desenvolvimento nas salas de aulas aos longos dos anos. E ainda segundo Carrano (2012) um dos motivos negativos desses resultados insatisfatórios são a falta de interesse e compromisso dos alunos em sala de aula, porém, é correto observa ambos os lados, todavia será que a forma a qual o professor está trazendo e desenvolvendo esse conteúdo pedagógico em sala pode estar sendo de maneira mais eficiente e eficaz? Deve-se possuir a consciência que cada aluno aprende de maneira individual, alguns aprendem com uma maior facilidade e outros possuem dificuldades na aprendizagem, assim para alguns alunos a forma de ensino que está sendo praticada é favorável, mas para outros não está sendo adequado, portanto, o professor tem o dever de encontrar uma melhor forma que seja compatível com a dificuldade de cada aluno, entretanto adaptando para que ambos aprendam (CARRANO, 2012). E diante dessa problemática resolvemos trabalhar com uma turma do 2º Ano do Ensino Fundamental, assim trazendo como proposta principal a utilização de um jogo lúdico interdisciplinar como ferramenta auxiliadora no desenvolvimento e aprendizagem em sala de aula em relação as disciplinas de matemática, alfabetização e letramento. Em relação aplicação do jogo em sala de aula, pois é uma excelente ferramenta de auxílio na aprendizagem dos alunos, pois além de despertaro interesse e a concentração deles, também colabora que o ensino seja uma atividade divertida e prazerosa, assim contribuindo no desenvolvimento e interação das crianças em trabalhar em grupo. O jogo a ser confeccionado e disponibilizado para a professora e os seus alunos será de dominó, no qual foi desenvolvido a ideia de soletração e a palavra dita da forma correta, assim o aluno tem o direito de colocar uma peça do jogo e ir desenvolvendo as jogadas. O dominó é um jogo de fácil confecção, além de poder ser jogado tanto dentro da sala de aula, como em algum espaço externo disponível na escola, como por exemplo, quadra ou pátio. Por fim, espera-se que o resultado apresentado seja de grande valia para a professora colaboradora do projeto e que outros educadores venham-se inspirar em novas formas de ensino-aprendizagem. 6 2. DESENVOLVIMENTO Os desafios presentes no ensino da Matemática e Língua Portuguesa são há muito tempo estudados por pesquisadores da área de educação. Referente a matemática, Segundo Pólya (1986, p.10 apud Chas, 2014, p.99), “A Matemática tem a duvidosa honra de ser a matéria menos apreciada do curso [...]”. Isso se deve principalmente ao fato de que há uma certa tendência de rejeição do aluno à disciplina, seja devido ao método de ensino pouco atrativo ou pela dificuldade de compreensão e aplicação da disciplina no dia a dia do âmbito escolar. Quanto a Língua Portuguesa, especificamente alfabetização e letramento, Salmória (2012) afirma que: “alfabetizar é possibilitar que o aluno tenha conhecimento não só das letras, mas, sobretudo, do significado, a fim de compreender o que está escrito, pois, mediante aquisição e produção de conhecimento, são obtidas outras formas de linguagem”. O presente trabalho iniciou-se por meio de conversas com a professora Aline Ariane, docente responsável por um segundo ano do ensino fundamental em uma Escola Municipal de Capão Bonito, São Paulo. Foram identificadas dificuldades de aprendizado dos alunos nas disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa, principalmente em relação à alfabetização e letramento (de ambas as disciplinas), onde então fora apresentado para professora uma proposta pedagógica com intuito de auxiliá-la quanto a esse problema. Levado em consideração essa realidade enfrentada pela docente e seus respectivos alunos, o objetivo desse Projeto é apresentar uma solução que amenize esses obstáculos e possa contribuir de forma positiva e benéfica para ambos os lados aprendizagem e desenvolvimento escolar. Será confeccionado e posteriormente doado para a professora colaboradora um jogo lúdico interdisciplinar envolvendo alfabetização e letramento matemático juntamente com alfabetização e letramento da língua portuguesa. Com o jogo espera-se obter resultados positivos quanto a aprendizagem de todos os alunos, principalmente os que mais apresentem dificuldades nessas áreas de conhecimento. O Projeto será trabalhado com a expectativa de que auxilie a todos alunos e docentes que dele tiverem acesso, porém com ênfase em primeiro lugar a auxiliar a professora colaboradora nesse grande desafio encontrado. Diante do cenário apresentado, foram estabelecidos o objetivo geral e os objetivos específicos a serem trabalhados, detalhados nos próximos tópicos abaixo. 7 2.1. OBJETIVOS 2.1.1. Objetivo Geral Desenvolver um jogo interdisciplinar como metodologia lúdica para o auxílio no ensino de matemática, alfabetização e letramento. 2.1.2. Objetivos Específicos 1) Identificar as dificuldades de aprendizagem dos alunos em relação as disciplinas de matemática, alfabetização e letramento. 2) Apresentar e elaborar uma ferramenta pedagógica multidisciplinar, baseado em ludicidade, que auxilie no aprendizado de matemática, alfabetização de letramento. 3) Analisar resultados e avaliar se os métodos e recursos apresentados no projeto irão auxiliar alunos e professora colaboradora, em relação ao objetivo proposto. 2.2. JUSTIFICATIVA O uso de jogos pedagógicos como auxiliar no ensino escolar, é uma estratégia bastante positiva, pois as crianças em geral, aprendem mais e melhor, enquanto brincam e se divertem, com a vantagem ainda dessa aprendizagem ser significativa para si, ou seja, fazer sentido, enquanto aquisição de conhecimento. De acordo com Freire (1991) quando a matéria, é transmitida aos alunos, apenas usando lousa e giz, por exemplo, esse conteúdo, pode até ser assimilado em partes, ou em fragmentos, assim caracterizando uma "educação bancária". E em continuidade Freire (1991) explica o termo de uma educação bancária, assim o professor detentor de todo o conhecimento, transmite o conceito teórico e prático ao aluno, que nada possui em sua bagagem intelectual inicial, necessitando do professor como aquele ser 8 supremo que detém "todo o conhecimento" e o aluno recebe todo conteúdo pronto, pois está vazio. Por fim, Freire (1991) quando a criança brinca com jogos pensados estrategicamente para a aprendizagem desses conteúdos, o conhecimento não é transmitido pelo professor, mas ele passa a ser construído pelo próprio aluno, por meio das hipóteses, conjecturas, questionamentos, aceitação ou não das regras, assim o professor passa a ocupar o lugar apenas de mediador e todo protagonismo é exclusivamente do aluno. 2.2.1. Delimitação do problema Nessa classe do 2° ano do ensino fundamental, há qual iremos auxiliar a professora Aline Ariane, existem alguns alunos que estão apresentando dificuldades nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. O grupo elaborou a proposta de uso de jogos pedagógicos interdisciplinares na sala de aula, assim foi sugerida à professora e de imediato ela aceitou participar desse desenvolvimento e aplicação, em vista que será de grande valia, utilizar esse recurso, atualmente, que não é tão utilizado pelos professores nas escolas. Alguns dos pontos negativos nessa não utilização dos recursos tecnológicos nas escolas algumas vezes, por exemplo, excesso de alunos nas salas de aulas, pois necessitam de instalações físicas compatíveis para serem aplicados, também outro ponto negativo fica na questão do material disponível, pois as vezes a escola não possui capacidade para disponibilizar para todos alunos e seria inviável para o professor a confecção e o custo do mesmo, assim esses são alguns dos pontos negativos que os jogos nem sempre são utilizados nas salas de aulas das escolas. Em continuidade pensando nessas questões, o nosso grupo do Projeto Integrador, irá disponibilizar todo material e doar á professora o jogo em questão, assim para que possa enriquecer suas aulas, tornando esse processo de construção de conhecimento mais atrativo aos seus alunos, todavia facilitando a compreensão de conceitos e tornando o momento de aprender divertido para todos os envolvidos. Por fim, pensando também na inclusão, esse jogo irá envolver toda a classe e não somente os alunos que apresentam dificuldades, pois haverá interação entre os mesmos, por exemplo, formação de equipes, assim aumentando as oportunidades daqueles alunos que possuem conhecimento no conteúdo interagir e contribuir com os alunos que tem dificuldade 9 em assimilar, todavia proporcionando a cooperação mútua entre toda a turma da escola em questão. 2. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.3.1. A criança e a linguagem Segundo Deheinzelin (1994), a natureza do conhecimento humano é “inventiva, construtiva”. A autora ensina que: A origem do pensamento humano é a imitação, entendida segundo o ponto de vista piagetiano como uma espécie de representação em atos. Ora, toda a representação supõe estabelecer diferenças entre coisas entre si e os seus múltiplos significados. Esta diferenciação prevê o exercício da função simbólica, da capacidade de elaborar imagens,símbolos, ideias, linguagens para representar as coisas (DEHEINZELIN, 1994, p. 10-11, grifo meu). É desta forma, que a gênese da linguagem escrita, tem sua essencialidade marcada desde a infância. É por ela que as coisas antes percebidas pela criança e apenas verbalizadas, passa a assumir a forma de algo que a permita interpretar e ser interpretada pelos seus próximos. A autora supracitada lança a pertinente questão “o que são métodos de alfabetização e onde eles estão materializados?”, isso porque muitos professores estão desamparados no quesito “como fazer?” (DEHEINZELIN, 1994). Diante de uma querela histórica acalorada quando o assunto é método, a autora esclarece que “nem sempre o método está ligado a uma adesão por uma vertente metodológica estrita, nem a um livro para alfabetizar”. (FRADE, 2003, p. 19). Ou seja, quando o assunto é alfabetizar o professor não pode esperar ou mesmo se pautar numa conduta de verdade absoluta nesse método ou naquela corrente educacional. Pereira (2013) explica que devido à tecnologia e o acesso de informações pelos alunos, a escola se torna, por vezes, bastante desmotivadora pela forma como os conteúdos são ensinados neste espaço. Deste modo, a autora explica que a exposição oral é um método de ensino mais antigo e mais utilizado pelos professores, e ao mesmo tempo também, mais criticado, pois fomenta a passividade dos estudantes, levando ao desinteresse e desatenção dos mesmos. 10 Frade (2003, p. 20) cita Emília Ferreiro (2001) ao mencionar que a alfabetização num processo de inovação não se prende tão somente ao livro, mas no saber do professor. Quando questionada se ela pretendia com seus estudos extinguir os livros de alfabetização em nosso país, ela deu a seguinte resposta: Os melhores livros didáticos são boa leitura, boas enciclopédias, bons dicionários. Estes sim, são os melhores livros didáticos. Quantos são os educadores que sabem alfabetizar com materiais de boa qualidade, com materiais que não foram feitos para ensinar a ler, mas que feitos para ler? Com materiais que não foram pensados para ensinar a escrever? Mas que ajudam a escrever. E também com materiais diversos (FRADE, 2003, p. 20 apud FERREIRO, 2001, p. 4). Frade (2003, p. 21) lança uma ponderação bastante interessante que não contraria a estudiosa Emília Ferreiro (2001), porém de suma importância num contexto de espírito de pesquisador científico e de docente preocupado com sua formação e autoavaliação, isto é, se o processo de alfabetização moderno está no saber do professor, compete indagar: “o conhecimento sobre como alfabetizar mediante qualquer material está descrito em quais lugares? Em quais pesquisas? Afinal, como e onde circula esse conhecimento?”. (FRADE, 2003, p. 21). No final compreendemos que as estratégias clássicas estão presentes, no momento certo, para os alunos certos, na ordem estabelecida pela necessidade pedagógica, e que são melhor aproveitadas por quem já tem conhecimento de métodos e possui a memória desses procedimentos. (...) O fato é que alguns professores têm tentado hoje conciliar os métodos que conheceram antes, para garantir o trabalho com a decodificação, com inovações pedagógicas emanadas do discurso científico e dos órgãos oficiais. Assim, pode-se dizer que, dependendo da história de formação do professor e de sua memória pedagógica, este poderá contar com recursos diferenciados na sala de aula. O problema é que não temos dado a visibilidade necessária a esses procedimentos, no sentido de construir modelos de ação, para os professores que não dispõem desses recursos nem na memória, nem no livro de alfabetização, nem nos cursos de formação (FRADE, 2003, p. 21-22, grifo nosso). Além dessa problemática supramencionada Frade (2003, p. 22) ainda salienta que a dicotomia entre a recusa dos métodos de decodificação existentes e necessários no processo de alfabetização com a inovação que supervaloriza o letramento existente é descabida já que “através de pesquisas históricas, sabemos que alfabetizar sempre foi um problema difícil, que não se esgota num material nem apenas em um tipo de conduta metodológica”. A autora finaliza o texto esclarecendo que embora as lutas já existentes persistirão muitos problemas em torno da alfabetização persistem, a realidade de que um aluno imerso em atividades riquíssimas de letramento pode não aprender a ler e escrever o mesmo pode ocorrer 11 com outro aluno que mediante um método fônico e de decodificação, embora alfabetizado, não consegue criar links e valorizar a função social da leitura e da escrita em seu dia a dia. Defendo a ideia de que precisamos recortar e descrever, no conjunto de práticas de letramento, aspectos específicos que provocam um certo sucesso no trabalho com decodificação, para torná-los públicos, sem receio de que uma discussão metodológica seja considerada um retrocesso. Estaremos somando – e não subtraindo – uma perspectiva importante na formação e no ofício de professor: o como fazer (FRADE, 2003, p. 29). A autora enfatiza que a educação e suas especificidades, como o processo de alfabetização e do letramento, são vivos e não homogêneos, não existe uma verdade absoluta e única para que um ser seja alfabetizado por determinado método ou se desenvolva no aspecto de compreender e assimilar a função social da língua e da escrita apenas por determinada corrente de trabalho pedagógico, existe o fato social em si e fatores que tornam cada ser-no- mundo dotado de particularidades. É comum ouvir que a escola em um lugar privilegiado para estimular o gosto pela leitura, isto é, metaforicamente falando, seriam “celeiros de leitores”, contudo a prática pedagógica tem levado esse contato do aluno com os livros como uma tarefa burocrática, sem graça e que não oferece desafios. Para alterar esse quadro, a autora norteia: Para começar, é preciso compreender que, antes de analisar e refletir sobre os aspectos formais da literatura (história, linguagem etc.), os estudantes têm de gostar de ler. E isso só se faz de uma maneira: lendo, lendo, lendo. Porém ninguém sabe nascendo. Cabe à escola dar acesso às obras e ensinar os chamados comportamentos leitores: “entrar” na aventura com os personagens, comentar sobre o enredo, buscar textos semelhantes, conhecer mais sobre o autor, trocar indicações literárias. Tudo pelo prazer que a leitura proporciona, de nos levar a outros lugares e épocas. Um percurso que idealmente começa na infância -, mas também pode ser iniciado mais tarde (nunca é tarde para abrir o primeiro livro) (MEIRELLES, 2012, p. 49). Só assim os alunos terão prazer em “viajar” pelos mundos e épocas distintos oferecidos pela literatura, e claramente, a leitura deixará de ser uma tarefa escolar e passará a ser um hábito cotidiano. É na Educação Infantil que ocorre o desenvolvimento do comportamento leitor e se estimula o aprender a aprender literatura desde cedo. Nesse momento os professores devem focar sua prática pedagógica com atividades que permitam seus alunos manusear as obras, se encantar com as ilustrações e começar a desenvolver o mundo das letras. Não é o caso de se ensinar literatura propriamente dita, mas conduzir os alunos ao imaginário do livro, e sobretudo, 12 não subestimar a capacidade dos alunos, logo se deve apresentar os diversos gêneros textuais para eles. Meirelles (2010, p. 50) esclarece que o professor deve ler para seus alunos ainda não alfabetizados, porque assim eles começarão a se interessar pelo mundo das palavras. Como dito, os alunos não são alfabetizados nessa fase de suas vidas, por isso a leitura deve ser feita pelo professor, sem esquecer é claro, que os alunos devem manipular, folhear e descobrir o mundo novo que há dentro dos livros. Em relação ao “como ler” a autora explica que há dois modelos básicos: aquela individualonde o aluno manuseia/folheia o livro sozinha e há contribuição para a autonomia desse aluno, e aquela situação, onde ocorre a roda da leitura que contribui muito para a socialização dos alunos. Um ponto salutar levantado por Meirelles (2012, p. 51) é no que se refere à postura adequada, entonação de voz e uso correto das ilustrações para ajudar a conduzir a narrativa, só assim a criança apresentará interesse e obterá interesse pela leitura, visto que, se a leitura se der de forma mecânica as crianças ficarão entediadas. Tal afirmação também é concernente ao tempo utilizado para a leitura. Já é amplamente sabido que a leitura deve ser uma atividade diária BA Educação Infantil. Mas nunca é demais lembrar que as crianças pequenas não têm paciência para ficar muito tempo fazendo a mesma coisa. Portanto, reserve dez ou 15 minutos por dia no início dessa “caminhada”. Sobrecarregar os pequenos pode transformar a hora da leitura num momento chato. E aos poucos, vai aumentando esse tempo. À medida que criam o hábito da leitura, os pequenos começam a prestar atenção em histórias mais longas (MEIRELLES, 2010, p. 51). Se há a preocupação com o tempo para tornar as aulas mais excitantes, o mesmo deve ocorrer em relação ao espaço, isto é, o acesso aos livros deve ser o mais fácil possível, e nesse momento com essa atitude e postura que se ensina os alunos sobre o cuidado que deve se ter com os livros. 2.3.2. A Importância do Lúdico no Processo Educativo Fernandes (2010) esclarece que a dimensão lúdica do jogo confere a ele característica de um instrumento de grande relevância no processo de ensino-aprendizagem, haja vista que 13 garante de forma dinâmica o desenvolvimento de aspectos relacionados às áreas: cognitivas, afetiva, social, linguística e motora, entre outras. E neste contexto, Prereira (2013) salienta que o jogo é a forma de motivar os alunos para a aprendizagem implicando as seguintes características: esforço, trabalho, disciplina, originalidade, respeito entre “jogadores”, lidar com a satisfação ao ganhar, lidar com a frustração ao perder, tentar novamente, se superar, ter esperanças e sofrer com paixão e dignidade. Além disso, aprender com prazer, entusiasmo e interesse. Seria um olhar piagetiano, já que nesse prisma toda criação é necessariamente uma transformação, e só é concebível transformar algo real, pois não se pode transformar o vácuo, o inexistente ou mesmo aquilo que ainda não o é. Tem-se algo, parte-se deste, que tem uma existência, um conteúdo, a criança agindo sobre isto, reinventa essa coisa que era, agora com sua expressão. Isto é criação, a criança avança, progride e se desenvolve (MACEDO, 1999). O desenvolvimento da criança ao imitar, ao se inserir no mundo do faz-de-conta, de maneira alguma a faz viver em um mundo sem regras e à mercê de responsabilidade sob o mundo real. A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre as pessoas, sobre o eu e sobre o outro. A infância tem muitos detalhes e encantos. É a idade da sutileza e da sensibilidade. Atropelar o seu curso normal provoca prejuízos que serão levados para toda a vida. Exercitar a paciência aguardando o momento oportuno para vivenciar todas as importantes fases da criança é uma lição de sabedoria que pais e educadores necessitam aprender para respeitar (SANTOS, 2008, p. 41). Destaca-se que o jogo é, por sua vez, um instrumento de desenvolvimento e um processo de interação entre a criança, meio ambiente, a percepção e o movimento, que permite a criança a aprender: (1) os valores do grupo; (2) o confronto aliado ao respeito de ideias e vontades dos outros; (3) a interação com os pares; (3) a adquirir as destrezas sociais necessárias para a vida adulta, e a, (4) a sua integração na sociedade que o rodeia (PEREIRA, 2013). Fernandes (2010) traz a mesma linha de raciocínio, isto é, de que os jogos educacionais favorecem a construção: (1) do pensamento crítico; (2) da autonomia; (3) do raciocínio; (4) da criatividade; (5) do exercício; (6) da cooperação, e, (7) da responsabilidade. 14 2.3.3. O Processo de Alfabetização nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental É comum ouvir que a escola é um lugar privilegiado para estimular o gosto pela leitura, isto é, metaforicamente falando a escola seria um “celeiro de leitores”, contudo a prática pedagógica tem levado esse contato do aluno com os livros como uma tarefa burocrática, sem graça e que não oferece desafios. O “celeiro de leitores” cede espaço para “uma escola que não gosta de crianças”, “uma escola burra e incompetente” que desconhece as particularidades e singularidades da infância, que se pauta no “conhecimento sem significado”, que segue seus currículos engessados e aulas sem reais planejamentos e resultados pretendidos. Vale o lembrete de que “só se pode pensar e aprender aquilo do que se pode falar”.1 Para alterar esse quadro, Meirelles (2010, p. 49) norteia: (...) Para começar, é preciso compreender que, antes de analisar e refletir sobre os aspectos formais da literatura (história, linguagem etc.), os estudantes têm de gostar de ler. E isso só se faz de uma maneira, lendo, lendo, lendo, porém ninguém nasce sabendo. Cabe à escola dar acesso às obras e ensinar os chamados comportamentos leitores: “entrar” na aventura com os personagens, comentar sobre o enredo, buscar textos semelhantes, conhecer mais sobre o autor, trocar indicações literárias. Tudo pelo prazer que a literatura proporciona, de nos levar a outros lugares e épocas. Um percurso que idealmente começa na infância – mas também pode ser iniciado mais tarde (nunca é tarde para abrir o primeiro livro). (Meirelles, 2010, p. 49, grifo nosso). Todavia, o cenário da alfabetização dentro das Séries Iniciais do Ensino Fundamental perpassa por alguns entraves e empecilhos no conceito e acepção dessa alfabetização, bem como, questões inerentes, tais como: Por que ler? Quem lê? Como ler? Quando ler? Onde guardar os livros? O que ler? continuam mitificando o desenvolvimento dos comportamentos leitores e a concretização do gosto pela leitura desde cedo. Pestun (2005), com base nas análises dos resultados obtidos em sua pesquisa, indica que parece existir uma relação causal entre consciência fonológica e ulterior desempenho em leitura e escrita, haja vista que a consciência fonológica foi medida antes de as crianças terem aprendido a ler e a soletrar. Deste modo, apreende-se o entendimento que o estímulo por parte dos professores para que seus alunos soletrem e externem seus conhecimentos prévios sobre fonemas, letras e sibalas, influenciam diretamente no desenvolvimento e a aquisição, ambos futuramente, do domínio da leitura e da escrita. 1 Ela não aprendeu a lição de ALVES, Rubem. Ela não aprendeu a lição. In: ______. Coleção Pensamento Vivo de Rubem Alves em Audiolivro. Curitiba: Nossa Cultura, 2008, vol. 1, 2ª tiragem. 15 Assim, segue algumas ponderações defendidas por Meirelles (2010, p. 50-51) que esclarecem as dúvidas mais comuns. - Os professores não devem subestimar a capacidade de seus alunos, e devem ler para eles desde o primeiro dia na escola; - E além da leitura, imprescindível é oportunizar que esses alunos manuseiem e folheiem os livros de histórias, esse contato enriquece muito o interesse pela leitura e pela escrita; - Nesse momento de leitura individual, em que o aluno manuseia e folheia o livro sem ser alfabetizado, ele desenvolve sua autonomia e a formação de sua identidade. O livro não pode ser enxergado como objeto frágil e de posse apenas dos adultos; - A roda da leitura, por sua vez, onde o professor lerá a história além de propiciar ao aluno sua “viagem” ao mundo letrado, trabalha a socialização entre todos os alunos; - Na rodada leitura o professor deverá se atentar à entonação e o uso correto das ilustrações para ajudar na narrativa e apreensão dos fatos pelos alunos. Afinal se a leitura se der de forma mecânica causará tédio e desinteresse aos mesmos; - A sobrecarga de tempo de leitura também é um fator prejudicial e desmotivador para a criança que está iniciando sua vida escolar. Se não houver tempo planejado, bem como ocorrer extrapolação do bom senso pelo professor, eles poderão considerar que o ato da leitura é chato e maçante. Não se pode esquecer que a criança é movimento, é música, é ser social e cultural, essas nuances devem ser sempre ressaltadas pelo caminhar pedagógico; - Na sala de aula o acesso aos livros deve se dar da forma mais simples e natural possível, afinal, o livro não é objeto de manuseio apenas de adultos e nem irá se “quebrar” ou “desmanchar” nas mãos da criança, aí se encontra uma ótima oportunidade para que os educadores discutam com a classe sobre a importância de conservação dos materiais que não lhe pertencem, tanto aqueles que são dos demais coleguinhas e principalmente dos livros que é de utilização de todos os alunos da escola; - A escolha do que ler normalmente se esbarra na preferência dos alunos pelos contos de fada, contudo a apresentação de outros gêneros, como a poesia, é vital para o desenvolvimento do comportamento leitor e pelo gosto da leitura desde cedo. - O professor deve recorrer à sondagem e a uma avaliação inicial para aferir o que seus alunos entendem sobre leitura e escrita e em quais níveis de aprendizagem se encontram. Pois bem, vê-se, conforme Meirelles (2010) que as dificuldades sempre levantadas, estão alicerçadas pelo despreparo dos professores que tendem à autocobrança e impõem aos alunos uma “alfabetização precoce mecânica e funcionalista”, e, como dito anteriormente, se esquecem de ver “as crianças como sujeitos de cultura e história, sujeitos sociais” que 16 brincam, inventam, simbolizam, que levam seus conhecimentos prévios para o mundo da fantasia e recorrem à ludicidade no momento de aprenderem a linguagem escrita. O processo de alfabetização tem início e estabelece suas bases quando a criança está manipulando e explorando os objetos, descobrindo suas propriedades, quando está imitando alguém, quando reproduz – à sua maneira – o que viu, sentiu, experimentou e conheceu. Quando dá nome às coisas que estão à sua volta; quando está adquirindo noções de classificação e seriação, quando tem oportunidades de ouvir, contar, ler e dramatizar histórias, oportunidades que lhe permitem construir as operações mentais que atendem o ato de ler (SANTOS, 2008, p.41). Como bem explicita Fernandes (2011, apud Serra, 2011), as crianças não devem jamais ser subestimadas e sim concebidas como leitores plenos desde antes da alfabetização. Pestun (2005) sugere que o desempenho em consciência fonológica parece ser um bom indicador de sinais de risco para Distúrbio de Leitura e Escrita, ou seja, quanto antes as crianças puderem estar ambientadas em contatos com atos educativos que permeiam (cantigas de roda, jogos de rima, identificação de sons iniciais de palavras, soletração), mais terão domínio da leitura e da escrita. Fernandes (2010) em seu estudo assevera que é necessário envolver o aluno nesse processo educativo, buscando seu interesse e interatividade em relação ao mesmo, e ainda, nos adverte, que será difícil ter êxito na educação se ela continuar recorrendo apenas aos moldes tradicionais de ensino. 2.4 APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS NO PROJETO INTEGRADOR A proposta desse “Projeto Integrador V” é baseada no uso de metodologias ativas de aprendizagem para o auxílio da alfabetização de crianças com dificuldades na área matemática e da Língua Portuguesa, por meio da aplicação de um jogo lúdico que será confeccionado pelo grupo e posteriormente doado para a professora. Destaca-se abaixo algumas das disciplinas que mais contribuíram para o desenvolvimento do trabalho: Em relação à disciplina “Alfabetização e Letramento I e II”, destaca-se que: utilizado dos conceitos aprendidos nessas duas disciplinas para o desenvolvimento do trabalho, visto que o “Projeto Integrador V” é voltado para a alfabetização e letramento de língua portuguesa e matemática. Com os conhecimentos adquiridos nessas disciplinas ficou visível o 17 ponto de vista da professora colaboradora em relação as dificuldades de alfabetização de seus alunos, tornando para o grupo fato importante para relacionar as teorias da disciplina com a prática em sala de aula. Concernente à disciplina “Didática”, pode-se afirmar que visa o estudo da relação do aluno e professor utilizando de atividades lúdicas como metodologia de ensino, nesse caso desse presente projeto, a ludicidade como ferramenta auxiliadora no ensino de matemática e língua portuguesa. Com base nos conteúdos dessa disciplina observa-se a importância das diversas maneiras a qual o professor pode alcançar seu objetivo de ensino, cada profissional docente tem sua maneira de ensinar e a cada turma tem que conhecer e encontrar qual o melhor método de ensino e como aplicá-lo adequadamente e no momento certo, principalmente quando se trata de salas heterogêneas e com alunos em estágios de aprendizagens diferentes. No que se refere à “Metodologias Ativas de Aprendizagem”, menciona-se que é por meio desta disciplina que pudemos entender os conceitos gerais de metodologias ativas e projetos por interdisciplinaridade, além de conhecer fundamentos teóricos e metodológicos da interdisciplinaridade e transversalidade como metodologias alternativas e significativas de aprendizagem. Conhecemos concepções e etapas de um projeto interdisciplinar, entendendo o aluno como centro do processo de aprendizagem e a importância do estabelecimento de critérios coerentes e significativos para avaliar os conhecimentos adquiridos pelos alunos no processo de aprendizagem quando trabalhamos com ensino por projetos. Por sua vez, em relação à “Metodologia de Desenvolvimento de Materiais Didáticos para o Ensino”, explica-se que por meio desta disciplina se entende a importância das teorias de aprendizagem e sua relação com os pressupostos teóricos e metodológicos dos processos de ensino e de aprendizagem, além da importância da estruturação e realização do planejamento didático para a prática docente, para um trabalho significativo e que alcance seus objetivos de aprendizagem. Nesta disciplina se aprofundou o conhecimento sobre as metodologias de ensino e sua relevância na prática docente e a importância histórica dos materiais didáticos na construção e viabilização da aprendizagem. O trabalho deste “Projeto Integrador V” encontrou nesta disciplina os conhecimentos e referenciais teóricos para elaborar o jogo proposto neste PI, relacionando a teoria e a prática, a necessidade do aluno e a aplicabilidade do material, além do retorno da professora colaboradora para aprimoramento do jogo, seja por meio da mudança de regras, mudança de palavras que foram usadas na soletração, ou seja, buscou-se desenvolver um material que levasse aos alunos aprendizado significativo, noções de trabalho em equipe, lógica matemática e soletração de palavras, conjunto de habilidades que o grupo entende ser 18 fundamental para o desenvolvimento da série/ano que foi desenvolvido o “Projeto Integrador V”. Frisa-se que a disciplina “Fundamentos e Práticas no Ensino de Matemática”, nos subsidia com o conteúdo de que a educação matemática é e continua sendo um dos maiores desafios dos educadores na atualidade, se por um lado a tecnologia trouxe uma evolução nos mais diversos setores da economia, na área educacional, tornou-se um aliado e um inimigo, aliado se bem utilizado e inimigo, desde que utilizado sem critério e para qualquer situação. Matemática se aprende no dia adia, na prática e na realização de exercícios teóricos e na prática real por meio de situações cotidianas, tais como compras em mercados, padarias, lojas de brinquedos, roupas, ou seja, na vida, mas hoje o uso indiscriminado da tecnologia, para qualquer situação leva o docente a uma situação extremamente difícil, afinal, se a tecnologia está aí, por que não a usar? No dia a dia o aluno utiliza o celular e calculadora para realizar seu aprendizado, resolve a lógica matemática, mas na hora de realizar o mecanismo, a conta em si, utiliza a calculadora, o aluno conhece, entende a lógica, mas não consegue desenvolver o mecanismo da soma, subtração, multiplicação e divisão, pois está perdendo este “time”, pois a sequência para realizar contas é mecânico, tecnicista, ou seja, de treino todo dia. Esta é uma conversa que deve ser levada em consideração, pois o aluno conhece a lógica, desenvolve o raciocínio e realiza toda a mecanização das contas com o recurso tecnológico em sala de aula, mas quando é cobrado por avaliações externas que não permitem o uso desta tecnologia, não conseguem avançar visto que muda o contexto daquilo que ele vive em seu dia a dia, o que fazer então? Permitir o uso da tecnologia em avaliações externas? Proibir o uso da tecnologia no dia a dia? E, na realidade, o que prevalece? São perguntas que precisam ser levadas em consideração no aprendizado matemático. Ainda, em relação à disciplina “Fundamentos e práticas no ensino de matemática”, ela nos trouxe abordagens e aspectos relacionados as temáticas estruturadas na BNCC, tais como: “Números”, “Álgebra”, “Geometria”, “Grandezas e Medidas” e “Probabilidade e Estatística” de Matemática no Ensino Fundamental, anos iniciais, além de levar ao grupo uma visão do ensino de matemática por meio da modelagem matemática, assunto até então desconhecido pelo grupo, e que contribuiu significativamente na abordagem e forma de estruturar este “Projeto Integrador V”. Outro tema relevante nesta disciplina foi a ideia de resolução de problemas por meio de investigações matemáticas e de como a história na educação matemática pode nos ensinar como o passado reflete atualmente no aprendizado 19 matemático e como este conhecimento do passado pode ser utilizado atualmente para corrigir erros e potencializar o aprendizado matemático. 2.5 METODOLOGIA A proposta do Projeto Integrador V é o desenvolvimento de uma Pesquisa Descritiva a partir de uma abordagem qualitativa sobre o uso da ludicidade como ferramenta potencializadora do aprendizado interdisciplinar a partir da alfabetização e letramento matemático, bem como, da alfabetização e letramento da língua portuguesa. Os registros contidos nesse projeto buscam descrever como os recursos lúdicos, se bem aplicados por profissionais capacitados, podem auxiliar tanto professores, quanto alunos no desenvolvimento do conhecimento matemático e suas relações com a alfabetização e letramento, além do desenvolvimento social e intelectual dos alunos. Para elaboração desse Projeto, desde o início ao fim, seguiu-se os passos determinados pelo Design Thinking, em busca de alcançar o objetivo proposto. De acordo com o grupo e definições desenvolvidas em reuniões as etapas ficaram divididas da seguinte forma: 2.5.1 Imersão Nos últimos dois anos devido a pandemia do Covid 19, os alunos permaneceram em suas casas e na grande maioria sem acesso ao conhecimento devido a precariedade das escolas públicas de levar ao aluno uma infraestrutura mínima para que eles conseguissem desenvolver as habilidades e competências do ano letivo em que se encontravam. A dificuldade de ser alfabetizado e letrado matematicamente ou na língua mãe se tornou mais evidente após este período e a partir destes problemas o grupo procurou buscar respostas para estas questões. Mediante pesquisas em sites, livros e artigos não encontramos nenhuma literatura ou proposta de intervenção semelhante, o uso de jogo de dominó e soletração, o que nos traz um desafio maior e uma vontade no grupo de desenvolver este trabalho com o objetivo de alcançar a aprendizagem significativa do aluno. 20 A partir de conversas com a Escola Municipal Prof. Elias Jorge Daniel e seus professores, houve o interesse por parte da docente Aline Ariane Santos Rodrigues Ferreira de desenvolver o Projeto Integrador V e nos apoiar neste estudo, por entender que a proposta a ser desenvolvida pode auxiliar seus alunos a diminuir as dificuldades de aprendizagem na alfabetização e letramento tanto matemático como da língua portuguesa. Decidido então, em grupo, realizar-se o trabalho na escola acima mencionada, a própria integrante Rejane conversou com a docente colaboradora, onde a mesma aceitou e disponibilizou-se a auxiliar no desenvolvimento do projeto no que fosse necessário. O Projeto Integrador será então realizado na Escola Municipal Elias Jorge Daniel, na cidade de Capão Bonito/SP, em uma sala do segundo ano com vinte e quatro alunos, com o auxílio da professora colaboradora Aline Ariane Santos Rodrigues Ferreira. 2.5.2 Análise e Síntese No segundo passo, com os dados coletados em mãos, o grupo realizou algumas reuniões, por meio de WhatsApp, para definir e planejar como poderiam auxiliar a professora e os alunos para que a alfabetização e letramento tanto matemático e da língua portuguesa fosse realizada, já que envolve vinte e quatro alunos do 2° Ano do Ensino Fundamental. Nos projetos integradores anteriores, buscou-se o uso da tecnologia para amenizar os problemas de aprendizagem, mas na proposta atual, voltamos o olhar para o uso do lúdico por meio de jogos simples do cotidiano da população, assim como o jogo de dominó e soletração, adaptando e integrando o conhecimento matemático, a soletração de palavras e a socialização entre os alunos. Na fase inicial do projeto faremos rodadas de conversas entre o grupo e a docente para a montagem e elaboração do jogo, na sequência a adequação e elaboração das regras e posteriormente o uso e aplicação do jogo em sala de aula. 2.5.3 Ideação Em continuidade ao trabalho, o grupo por várias vezes desenvolveu reuniões virtuais para chegar em um consenso sobre qual material a desenvolver, assim durante as mesmas 21 houveram vários momentos de brainstorming, onde cada participante colaborou com suas ideias de como auxiliar a professora e amenizar as dificuldades encontradas por ela. Pensou-se, em vários recursos que poderiam ser utilizados, como brinquedos confeccionados em material reciclável, jogos com temas lúdicos e cada participante interagiu com inúmeras ideias e sugestões, por fim, resultando na ideia do jogo de dominó gigante e soletrações. 2.5.4 Prototipar A partir das conversas e ideação do projeto o grupo buscou por meio de pesquisas na internet de imagens de peças de dominó que estivessem disponíveis para serem obtidas por meio de licenças do tipo creative commons. Imagens encontradas! Fizemos uma ampliação delas para o tamanho de uma folha A4, imprimimos as 28 peças e colamos num pedaço de papelão, pra melhorar a sustentação e facilitar a pegada das peças pelos alunos, além disso, as peças foram colocadas em saquinhos plásticos para evitar que fiquem sujas e estraguem durante a aplicação do jogo. O grupo fez a escolha das vinte e oito palavras que serão usadas durante a soletração, devido ao jogo apresentar 28 peças, além da elaboração das regras para aplicação do jogo. 2.5.5 Implementação No último estágio, como o período atravessado exige cautela e medidas de segurança, devido a pandemia que ainda nos assola, para preservação dos envolvidos, integrantes do grupo, professora colaboradora e alunos, não será possível ir a campo fazer a implementação, porém após a aplicação do jogo pela docente, o feedback da professora foi positivo, a mesma informaque o jogo surtiu curiosidade dos alunos, proporcionou a integração e socialização dos mesmos e também o desenvolvimento de raciocínio lógico matemático, pois as equipes se organizaram, montaram estratégias para organizar as peças, instituíram um líder para que fosse organizando as peças para serem colocadas no jogo e também o auxílio entre os alunos da equipe durante a soletração das palavras. Os recursos confeccionados no projeto foram doados para a professora colaboradora, seguindo protocolos de segurança estabelecidos devido a pandemia do Covid 19. 22 3. RESULTADOS 3.1. Solução inicial Após conversa com a professora colaboradora do projeto, nós discutimos via “Grupo de WhatsApp” sobre qual proposta iríamos utilizar. Como se sabe, a utilização de jogos ajuda muita no desenvolvimento das crianças e com isso decidimos que iriamos elaborar um jogo, porém ainda não sabíamos qual utilizar. Mas, depois de algumas conversas um integrante do grupo, disse que era voluntário no escoteiro em sua cidade e nos contou sobre sua experiência com a utilização de um dominó gigante em uma das brincadeiras realizadas. Após a exposição dessa experiência relatada por ele, discutimos como poderíamos utilizar essa ideia para solucionar o problema apresentado pela professora. Como era necessário a integração de duas matérias, decidimos trabalhar com alfabetização e letramento, utilizando o dominó integrado a um jogo de soletração. Objetivos: As crianças seriam divididas em dois grupos e cada grupo teria uma quantidade de peças de dominó (em formato A4), a professora iria dizer uma palavra e uma pessoa do grupo que fosse a vez teria que soletrar a palavra corretamente, após saber se a palavra estava correta, iria ver se tinha a peça do dominó correta para a jogada. Mas caso o grupo erra- se iria ser passado a vez para o outro grupo. A temática foi elaborada com objetivos para ajudar a solucionar o problema, sendo pensado da seguinte maneira: Com o soletrando, visa melhorar a ortografia, bem como, o vocabulário dos alunos. Já com a utilização do dominó tem por objetivo aprender sobre habilidades relacionadas ao raciocínio logico, por meio da observação, reflexão e tomada de decisão. 3.2. Solução Final Pensando em desenvolver um jogo interdisciplinar, que auxiliasse a professora colaboradora do 2° ano em suas dificuldades, com o ensino da matemática e o letramento, em grupo decidimos por confeccionar um jogo de dominó gigante, no estilo tradicional, mas em escala maior. Acompanhando o jogo, confeccionamos também fichas com palavras curtas 23 sugeridas pela própria professora, a qual será utilizada para complementar o jogo de dominó, que terá jogadas e soletração de palavras a cada rodada. O jogo de dominó contém 28 peças grandes, impressas em papel A4, e 28 fichas com palavras simples e curtas para serem soletradas pelos alunos, durante a brincadeira. A professora ficou bastante empolgada em testar o jogo com seus alunos, usou a quadra da escola, por ser um ambiente maior, que os alunos teriam maior mobilidade para brincar com o jogo. Como suas sugestões foram ouvidas, ficou bastante satisfeita com o resultado alcançado, e segundo seu próprio relato, esse jogo será também compartilhado com outra professora do 2° Ano, que ficou bastante curiosa para jogar com seus alunos. Sendo assim, os objetivos foram alcançados com sucesso, ao inserir um jogo não habitual nas séries iniciais, e usá-lo de forma lúdica, pedagógica, interdisciplinar, auxiliando a prática docente, trazendo mais significado ao ensino de Matemática e Língua Portuguesa/ Letramento. Com essa intervenção, abre nos também a reflexão, em como inserir em nossa prática futura, um ensino usando a ludicidade, utilizando o novo, criando, inventando, buscando sempre confeccionar, produzir materiais diferenciados, que possam alcançar os alunos e tornar a aprendizagem divertida, leve e prazerosa. FIGURA 1 – CRIANÇAS BRINCANDO DE SOLETRAÇÃO E DOMINÓ 24 25 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A dificuldade de aprendizagem na área matemática e de leitura e interpretação de textos continua sendo uma das maiores dificuldades dos alunos nos diversos segmentos de aprendizagem, seja na educação infantil, ensino fundamental ou médio, visto os resultados apresentados em sistemas de avaliações externas como Saeb, Saresp e Pisa. Encontrar uma forma de amenizar estas defasagens é uma busca constante em todas as unidades escolares, mas como fazê-la? E de que forma fazer? São perguntas realizadas a todo momento pelos educadores. O “Projeto Integrador V” apresentado buscou demonstrar a possibilidade de aprendizado por meio do uso dos jogos de tabuleiro, e a possível potencialização e facilitação do aprendizado matemático e da leitura/interpretação de textos por meio da ludicidade, cooperação e soletração de palavras. O projeto foi desenvolvido com os alunos da Escola Municipal “Elias Jorge Daniel”, na cidade de Capão Bonito/SP, em uma sala do segundo ano com vinte e quatro alunos, com o auxílio da professora colaboradora Aline Ariane Santos Rodrigues Ferreira. O objetivo do “Projeto Integrador V” foi encontrar alternativas de aprendizado por meio do desenvolvimento de um jogo lúdico de tabuleiro, tipo dominó, porém gigante, adaptado para a realidade da sala e que permitisse desenvolver competências como raciocínio lógico, reconhecimento de palavras e o trabalho em equipe, e tendo como resultado o aprendizado matemático e o desenvolvimento da leitura e compreensão de textos. Em conversas iniciais com a docente Aline, ela se mostrou muito preocupada com o aprendizado matemático de seus alunos, e por meio de conversas e de troca de informações, apresentamos a proposta do grupo para este “Projeto Integrador V” e se haveria interesse pelo desenvolvimento do projeto. Informamos que a proposta do “Projeto Integrador V” seria a criação de um jogo adaptado como objetivo de desenvolver o raciocínio lógico por meio das regras já conhecidas do jogo de dominó, adaptado para as necessidades de aprendizado da sala em questão. O jogo foi aplicado pela professora colaboradora, ela percebeu um interesse muito grande por parte dos alunos, pois o jogo foi aplicado fora da sala de aula, na quadra, local com maior espaço e mais organizado para a aplicação do jogo, visto que os alunos são divididos em duas equipes, então eles se organizam escolhendo um líder, organizando as peças para a jogada e ajudando o aluno que terá que soletrar a palavra. 26 O jogo criado será compartilhado com as demais professoras da mesma série, pois foi demonstrado para estas nas reuniões de ATPC e jogo levou curiosidade e interesse pelos demais docentes pela aplicação nas demais sala do segmento segundo ano. A professora colaboradora relata que o jogo foi muito instigante e produtivo, mas comenta que conseguirá verificar o real aprendizado no final deste semestre pois colocará nas suas avaliações as palavras utilizadas na soletração e elaborará questões que exijam dos alunos o raciocínio de quais peças completariam um jogo fictício, ou seja, quais seriam as peças que os alunos teriam que completar, caso estivessem jogando o mesmo. Buscou-se por meio deste projeto integrador desenvolver o raciocínio lógico, a leitura e interpretação de textos, bem como a aprendizagem da soletração e grafia correta de palavras, além do espírito de cooperação, respeito e trabalho em equipe. Os integrantes deste “Projeto Integrador V”, entendem que o ensino matemático é fundamental para o pleno desenvolvimento de qualquer criança associado com a leitura e interpretação de textos e perante as discussões entendeu-se que o uso do lúdico seria uma forma de levar este conhecimento para o alunode forma simples, prazerosa e prática. Cada criança é única e seu aprendizado também! Encontrar formas de levar o conhecimento a estas crianças se torna algo fundamental dentro do contexto do educador e estar aberto a novas possibilidades também. A proposta deste “Projeto Integrador V” foi instigante, pois associar diversas áreas do conhecimento numa proposta de intervenção e aprendizagem nos trouxe um desafio considerável e estimulante, ou seja, nos fez sair da “caixinha”, do tradicional, para buscar novas formas de agir, de pensar e de levar o conhecimento real aos alunos do segundo ano da Professora Aline. 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Rubem. Ela não aprendeu a lição. 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