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PRÁTICAS DE ENSINO PARA A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: MATEMÁTICA, LEITURA E ESCRITA Autoras: Patrícia Cesário Pereira Offial Viviane Pessoa Padilha Patel Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Profa. Ana Paula Fischer Hort Revisão Gramatical: Profa. Camila Thaisa Alves Bona Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © UNIASSELVI 2013 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090 376 O322p Offial, Patrícia Cesário Pereira. Práticas de ensino para deficiência intelectual: matemática, leitura e escrita / Patrícia Cesário Pereira Offial; Viviane Pessoa Padilha Patel. Indaial : Uniasselvi, 2013. 107 p.: il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-655-7 1. Educação inclusiva. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci Impresso por: Copyright © UNIASSELVI 2013 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Patrícia Cesário Pereira Offial Graduada em Pedagogia pela FURB Blumenau/SC (1999), especialista em Administração escolar pela FAE, Curitiba/PR (2005), Mestre em Educação pela UNIVALI, Itajaí/ SC (2012) e professora do curso de Pedagogia da Graduação (UNIASSELVI), professora da Pós- graduação. Publicou: Formação Estética e Literatura; Formação Estética e Artística Saberes Sensíveis; Nas Asas das Gaivotas. Viviane Pessoa Padilha Patel Possui graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (2003) e Especialização em Educação Especial, AUPEX (2005), Especialização em Gestão e Tutoria, Uniasselvi (2011). Atualmente atua como Professora Tutora Interna no Curso de Pedagogia da Uniasselvi, sendo responsável pelas disciplinas de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e Psicomotricidade. Publicou o caderno de estudo de Psicomotricidade e os artigos “Articulações entre ‘o Enigma de Kaspar Hauser’ e a Constituição do sujeito na perspectiva Vygotskyana”, “Educação a Distância no Ensino Superior: modalidade que promove a Inclusão dos Deficientes”. Sumário APRESENTAÇÃO ........................................................................ 7 CAPÍTULO 1 organização e Planejamento doS eSPaçoS na educação com deficienteS intelectuaiS .......................................................... 9 CAPÍTULO 2 a conStrução do conhecimento matemático Para uma educação incluSiva ........................................................ 31 CAPÍTULO 3 adaPtação de materiaiS e recurSoS PedagógicoS Para trabalhar matemática com alunoS deficiência intelectual ............. 59 CAPÍTULO 4 a conStrução daS comPetênciaS de leitura e eScrita com o deficiente intelectual: deSenvolvendo eStratégiaS .................... 79 CAPÍTULO 5 a avaliação no ProceSSo da aquiSição da leitura e eScrita do aluno deficiente intelectual .................................. 95 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): Este caderno possibilita ao leitor uma proposta de ensino para a deficiência intelectual com ênfase no ensino da matemática, leitura e escrita. Apresenta sugestões quanto às adaptações para uma escola que se preocupa com a inclusão social. No decorrer das leituras você perceberá que as práticas descritas poderão lhe auxiliar num trabalho pedagógico para TODOS. Nosso propósito é conduzir VOCÊ, leitor, a compreender que um trabalho voltado para a inclusão é possível. O primeiro capítulo propõe as adequações para a organização e planejamento dos espaços na Educação com Deficientes Intelectuais, promovendo o respeito às diferenças e as especificidades de cada educando. O segundo capítulo trata do ensino da matemática com os alunos que apresentam deficiência intelectual, oferece orientações e atividades que estimulam o seu raciocínio lógico. No terceiro capítulo constam as adaptações curriculares que contribuem para a aprendizagem do deficiente intelectual. O quarto capítulo visa às atividades de leitura e escrita que favoreçam o desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual, trazendo propostas diversificadas que estimulem sua linguagem oral e escrita. O quinto e último capítulo incita reflexões relacionadas em como e porque avaliar o deficiente intelectual. Tenha uma boa leitura! As autoras. CAPÍTULO 1 organização e Planejamento doS eSPaçoS na educação com deficienteS intelectuaiS A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Compreender a importância da organização e planejamento com o Deficiente Intelectual. 3 Organizar situações que beneficiem o desenvolvimento do aluno em suas diferentes áreas do conhecimento. 11 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 contextualização Caro (a) pós – graduando, vamos primeiramente fazer alguns questionamentos: Você, como agente do processo educacional, compreende que as práticas de ensino devem acolher as particularidades de todos os educandos, sendo ele com ou sem deficiência? • Que para atender a todos, a escola deve possibilitar um ensino de qualidade que respeite as diferenças e as especificidades de cada educando? Para fazer uma reflexão, convidamos você a ler este texto. ESCOLA DOS ANIMAIS Era uma vez uma escola para animais. Os professores tinham certeza de que possuíam um programa de ensino inclusivo, porém, por algum motivo, todos os animais estavam indo mal. O pato era a estrela da classe de natação, porém não conseguia subir nas árvores. O macaco era excelente subindo em árvores, mas era reprovado na natação. Os frangos se destacavam nos estudos sobre os grãos, mas desorganizavam tanto a aula de subir em árvores que sempre acabavam na sala do diretor. Os coelhos eram sensacionais nas corridas, mas precisavam de aulas particulares em natação. O mais triste de tudo era ver as tartarugas que, depois de vários exames e testes, foram diagnosticadas como tendo “atraso de desenvolvimento”. De fato, foram enviadas para classe de educação especial numa distante toca de esquilos. A pergunta é: quem eram os verdadeiros fracassados? Fonte: Disponível em: <http://www.logisticaiec.com.br/ Estrat%C3%A9gias%20pedag%C3%B3gicas%20EE3.pdf>. Acesso em: 03 set. 2012. 12 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita A inclusão dos deficientes intelectuais na escola regular ainda é um grande desafio, que permeia toda a sociedade, família e a escola. Novas estratégias de ensino, procedimentos e metodologias capazes de auxiliar e inserir-los no mundo cultural são os objetivos de uma escola que trabalha numa perspectiva inclusiva. Este capítulo tem como objetivo demonstrar como uma criança que apresenta deficiência intelectual pode envolver-se ativamente no processo do conhecimento, adquirindo relações mediante sua atuação com o meio, tornando-se um ser atuante, construindo sua própria história. aPrendizagem do aluno com deficiência intelectual O aluno aprende muito mais quando lhe é permitido um aprendizado no qual possa utilizar-se das próprias experiências (FREIRE, 1999, p. 56).Quando a escola recebe um aluno com deficiência, qual a primeira reação da maioria dos professores? Medo, angústia, ansiedade, compaixão, cobrança? Esses sentimentos com certeza fazem parte da vida de muitas pessoas que trabalham na educação. Perante estas indagações, vamos estabelecer um conceito sobre a deficiência intelectual. Segundo a Convenção da Guatemala, cujas discussões foram inseridas na constituição Brasileira pelo Decreto nº 3.956/ 2001, no seu artigo 1º, define a deficiência como “uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”. Muitos são os conceitos abordados. Dentro dos paradigmas dos médicos, a deficiência intelectual pode ser considerada como um atraso no desenvolvimento, muitas vezes sendo irreversível, sendo, por si só, uma justificativa para uma maior dificuldade na aprendizagem. A princípio muitas teorias acreditavam que as crianças com deficiência eram apenas receptoras passivas que repetiam as informações repassadas pelo professor. As teorias atuais demonstram que toda pessoa, seja ela com ou sem deficiência, deve envolver-se ativamente no seu processo de aprendizagem, construindo uma relação dialética em relação ao seu conhecimento. Quando a escola recebe um aluno com deficiência, qual a primeira reação da maioria dos professores? Medo, angústia, ansiedade, compaixão, cobrança?s. 13 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 Segundo Vygostsky (2003), os métodos de ensino para criança com deficiência deveriam ser os mesmos aplicados com crianças “normais”, apenas o ritmo de aprendizagem destas crianças é mais lento, esta é a única diferença. Já para Mantoan (1998) as pessoas com deficiência intelectual necessitam de competência intelectual, desenvolvida a partir de iniciativas que estimulem suas capacidades e autonomia, que tenham o direito de decidir e opinar sobre suas necessidades. E o meio social tem um papel fundamental neste processo, garantindo o direito de se desenvolver e atuar juntos com as demais pessoas na sociedade, sendo protagonista de sua própria história. Figura 1 - Crianças interagindo Fonte: Disponível em: <http://inclusaobrasil.blogspot.com.br/2011/01/ como-ensinar-criancas-com-def.html>. Acesso em: 10 set. 2012. É de por meio de uma aprendizagem significativa que a criança constrói sua autonomia intelectual e social. O professor é um agente desafiador nesta etapa, é ele quem vai possibilitar e dar instrumentos para que a criança sinta-se motivada, desafiada a viver situações que exijam que ela demonstre suas habilidades. É neste momento que o desafio torna-se indispensável na conquista da aprendizagem. Para Vygotsky (1994), aprendizagem é um processo no qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes e valores. É com a interação com o meio, com as pessoas, que aprendizagem acontece. Para Vygotsky (1994), aprendizagem é um processo no qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes e valores. É com a interação com o meio, com as pessoas, que aprendizagem acontece. 14 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita A Educação inclusiva ainda é um desafio para toda a sociedade. O primeiro passo para que a inclusão aconteça de forma concreta é desfazer a ideia de que em nossa sala de aula todos somos iguais. Precisamos ter consciência das diferenças, cada criança aprende e se relaciona de formas diferentes. E com a aprendizagem isto não é diferente, é algo individual, cada criança aprende em seu ritmo. A seguir, leia um trecho da reportagem publicada pela revista Nova Escola (2006), sobre os avanços de alunos que tem Deficiência Intelectual. OS AVANÇOS DE UM ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Aos 7 anos, este garoto atento ao exercício nem sequer pronunciava o próprio nome: Henrique. Sua família pouco sabia como ajudá-lo. Na escola, ele pôde conhecer a si mesmo, o manejo das coisas, as outras crianças... Estudar foi a primeira porta aberta para o desenvolvimento, que ele encontrou num ensino que respeita o tempo de cada um. “Antes, jogos, letras e cores não queriam dizer nada para mim... mas agora, que estou na escola, fazem parte da minha vida” Henrique Michel da Silva, 10 anos. Foto: Gustavo Lourenço. “Hoje a escola é a sua casa”, conta Regina Graner, professora da 4ª série da EMEF Professor Taufic Dumit, em Piracicaba, a 160 quilômetros de São Paulo. “Ele conversa, participa das aulas e troca ideias com os colegas.” Para Henrique Michel da Silva, é uma grande conquista. Aos 10 anos, está aprendendo a comandar a própria vida, que antes era dominada pela deficiência intelectual. Além de ter dificuldade para falar e se fazer entender, ele não conseguia comer nem se vestir sozinho. Sua mãe achava isso um impedimento insuperável. “Ele sempre foi mais lento para aprender as coisas”, justificava a dona-de-casa Elisângela de Fátima Oliveira da Silva quando era indagada pela professora do filho. Elisângela não imaginava do que Henrique seria capaz se fosse 15 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 incentivado de maneira adequada. Foi com a ajuda da professora Marta Giuste da Silva, na 1ª série, que ele conseguiu dizer seu nome claramente pela primeira vez. “Comecei um trabalho com ele desde a pronúncia”, diz a educadora. Daí em diante, o processo deslanchou. O menino revelou-se um dedicado aprendiz na sala de aula, daqueles que não se calam cada vez que têm uma dúvida. Ao mesmo tempo, a professora conversou muito com a mãe de Henrique e conscientizou-a de que a escola regular tinha a obrigação de receber seu filho. Na sala de apoio, o garoto contou com uma professora para ajudá-lo a se desenvolver no que tinha mais dificuldade. Com o tempo, passou a ler histórias por meio de imagens e a contá-las aos amigos. Quem tem deficiência é capaz de muita coisa: ler, escrever, fazer contas, correr, brincar e até ser independente. A grande novidade é que, se a criança for estimulada a descobrir seu potencial, as dificuldades deixam de persistir em tudo o que ela faz. Fonte: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ inclusao/educacao-especial/tempo-cada-424559.shtml>. Acesso em: 10 jan. 2013 o PaPel do ProfeSSor na aPrendizagem do deficiente intelectual A primeira tarefa do professor... é, pois, a de procurar adaptar o aluno a uma dada situação, sem encobrir-lhe a sua complexidade. É moldar no espírito da criança, não um hábito novo, nem mesmo uma crença nova, mas um método e um instrumento novo que lhe permitam compreender e se conduzir (PIAGET, 1972, p, 64). A função do professor é de ser mediador, atuante, que promova estímulos concretos, levando o aluno a refletir e a desenvolver-se, que saiba entender os diferentes ritmos. Quanto maior for o processo de mediação, mas eficaz será a aprendizagem dos alunos. A função do professor é de ser mediador, atuante, que promova estímulos concretos, levando o aluno a refletir e a desenvolver-se, que saiba entender os diferentes ritmos. 16 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita A mediação é necessária para o desenvolvimento das funções cognitivas do sujeito, entretanto, tão importante quanto beneficiar-se das ações mediadas provenientes do mediador, o sujeito precisa também desenvolver sua própria autonomia na busca da aprendizagem e da construção do conhecimento de forma independente. O processode aprender a aprender depende desse desenvolvimento, dessa autonomia na busca pelo crescimento, pela maturidade (FEUERSTEIN, 1994, p. 83). Mediar uma aprendizagem significativa, respeitando as diferenças, bem como o aprendizado de cada um, favorecendo e respeitando a individualidade, este é o maior desafio dos professores que trabalham com a inclusão. O foco da aprendizagem em um modelo tradicional que o aluno apenas treina e segue modelos não permeia mais na educação atual. Figura 2 - Função do Professor Fonte: Adaptado do Projeto Escola Viva. O professor deve conhecer a criança, saber sobre sua deficiência, não trabalhar em cima das limitações, mas sim nas possibilidades, a fim de superá- las. O trabalho educativo voltado para o desenvolvimento integral fundamenta- se na capacidade e nas possibilidades de avanço da criança. O ensino deve ser voltado a desafios, provocando constantemente as funções psicológicas, superando dia a dia as limitações que a deficiência e a própria sociedade impõem. Planejamento daS eStratégiaS de enSino O professor deve conhecer a criança, saber sobre sua deficiência, não trabalhar em cima das limitações, mas sim nas possibilidades, a fim de superá-las. 17 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 Quando nos reportamos ao planejamento e a estratégias de ensino, nos deparamos com a seguinte pergunta: qual estratégia de ensino pode contribuir com o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual? O professor e toda equipe pedagógica da escola precisam estar cientes de que o caminho para a construção do conhecimento precisa ser estruturado pelos procedimentos pedagógicos estipulados por toda equipe. Uma das metas é planejar várias estratégias de ensino, pois devemos respeitar o ritmo de aprendizagem de cada aluno e os caminhos que o mesmo utiliza para chegar ao conhecimento. O planejamento é um fio condutor do processo de ensino e aprendizagem. É nele que os objetivos são articulados às estratégias, ou seja, é por meio deles que as práticas educacionais tornam-se adequadas às reais necessidades dos alunos (FALCINI, 2009, p. 7). Conforme o Programa de capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental Necessidades Especial em sala de aula (MEC), algumas estratégias de ensino pode dar mais sentido à aprendizagem, e torná-la mais gratificante e agradável. Quando o professor planeja as atividades, tem que já prever várias estratégias, pois o planejamento tem que ter sentido para os alunos, eles devem saber o que estão realizando e para que servem tais atividades. Seguem algumas estratégias que pode auxiliar o professor na hora de escrever um planejamento: • Construir novos temas ou conteúdos com base nos conhecimentos que os alunos já possuem. Independente da limitação do aluno, cada um, da sua forma, adquire informações, conhecimentos e experiências diárias. O professor pode a partir disso e trabalhar com conteúdos que fazem parte da rotina de cada educando. • Utilizar de experiências diárias dos alunos. Ao ensinar um novo conceito, o professor pode incluir exemplos extraídos das experiências diárias dos alunos. Assim, torna-se mais evidente a importância do que está a ensinar. • Tornar a aprendizagem funcional. Para dar mais sentido à aprendizagem e tornar clara a sua finalidade, é necessário oferecer oportunidade do aluno aplicar e expressar suas vivências. Quando nos reportamos ao planejamento e a estratégias de ensino, nos deparamos com a seguinte pergunta: qual estratégia de ensino pode contribuir com o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual? 18 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita • Despertar o interesse pelo conteúdo, por meio de histórias. Os alunos de qualquer idade apreciam muito histórias, por este motivo o professor deve se utilizar desta estratégia para explicar os mais diversos conteúdos. • Relacionar aprendizagem com outros assuntos. O professor deve estar atento, trabalhar com a interdisciplinaridade, reportando sempre uma disciplina à outra, relacionando os novos assuntos com os que já foram aprendidos. • Excursões e trabalhos de campo. Devem ser utilizados de forma regular ao longo do ano, construir uma nova aprendizagem que se liga, na prática, àquilo que eles vivenciaram. • Utilizar jogos e brincadeiras. Há uma variedade de jogos e brincadeiras que levam as crianças a aprender brincando. Os jogos e as brincadeiras são eficientes recursos pedagógicos que contribuem para uma excelente prática. Figura 3 - Aluno com deficiência em sala de aula Fonte: Disponível em: <http://brasilfashionnews.blogspot.com.br/2011/10/ jornal-on-line-brasil-fashion-news-14.html>. Acesso em: 14 set. 2012. Diferentes estratégias de ensino proporcionam ao aluno maior interação e participação nas atividades propostas pelo professor, possibilitando o conhecimento. 19 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 Resaltamos que não existem receitas prontas, métodos ideais que devem ser seguidos, mas sim professores dispostos a refletir sobre sua prática, a fim de avaliar quais estratégias de ensino e quais atividades vão auxiliar na aprendizagem de cada aluno. Atividades de Estudos: 1) Conforme as afirmações explanadas durante o texto, cite e descreva ações que você, enquanto professor, pode promover para auxiliar na aprendizagem do aluno com deficiência Intelectual. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Um bom planejamento deve ser flexível e passível de alterações. Ele pode ser a chave que auxiliará o aluno numa aprendizagem significativa. Nesse sentido, descreva quais iniciativas o professor deve tomar na construção de um planejamento. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 20 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ NA MINHA ESCOLA TODO MUNDO É IGUAL. Rossana Ramos, Editora: Cortez, 2004. Este livro trabalha com as diferenças. Em uma escola em que todos os alunos convivem em harmonia, procurando superar as diferenças e dificuldades, para que todos sejam, realmente, iguais. Ele é um excelentelivro para trabalhar com a inclusão nas escolas. Boa leitura! organizando o ambiente eScolar Como organizar o ambiente escolar para receber aluno com deficiência intelectual? Pense! Com certeza esta é uma dúvida que permeia a cabeça de muitas pessoas da comunidade escolar, e que será discutida no decorrer desta leitura. Primeiro, quando recebemos um aluno com deficiência em nossa escola, a adaptação deve partir do próprio ambiente, e não do aluno, a escola deve adaptar- se para receber e incluir este em todos os espaços e nas atividades propostas. Figura 4 - Troca de ideias em sala de aula Fonte: Disponível em: <http:// insightsdapsicologia.blogspot. com.br/2011_07_01_ archive.html>. Acesso em: 16 set.2012. 21 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 Toda escola, seguindo os princípios da educação, seja ela pública ou privada, deve atender a todas as crianças, sejam elas com ou sem deficiência, mas para que este atendimento seja efetivo, a escola tem que assumir um compromisso com acessibilidade, com a capacitação de profissionais, com flexibilização e adaptação de currículo. Conforme Henriques (2009, p.11.), A escola só será entendida como ela realmente é: de todos e para todos, à medida que, na reflexão sobre a escola, a comunidade da qual se originou os alunos, suas necessidades, os objetivos a serem alcançados por meio da ação educacional, tiver o envolvimento de todos. Toda escola deve desenvolver e regulamentar os procedimentos para a identificação de necessidades educacionais presentes no seu alunado, com o objetivo de seu garantir a todos ao conhecimento e o desenvolvimento de suas potencialidades. É responsabilidade da escola, garantir que as necessidades educacionais de seus alunos sejam identificadas e atendidas. As adaptações realizadas na escola, sejam elas arquitetônicas ou curriculares, devem ter o mesmo objetivo, garantir a inclusão de todos. Conforme Coll (1996), algumas adaptações podem beneficiar o acesso e a permanência do aluno com deficiência na escola: • a criação de um ambiente físico com materiais adequados à necessidade de cada aluno; • melhoria na comunicação com colegas e professores; • adequação de métodos de ensino; • favorecer grupos que possibilitem ao aluno com deficiência a integração e aprendizagem; • organização do ambiente escolar, para que fique acessível a todos; • adaptação do tempo e dos critérios para o cumprimento dos objetivos; • ter acesso a atividades dentro e fora da sala de aula, para o aluno vivenciar os diferentes ambientes e contextos; • integração de oportunidades de fazer escolhas, através das diferentes áreas curriculares; • trabalho em grupo; • adaptação para alunos que têm dificuldade na escrita, trazer textos ou atividades impressas; • fazer leitura de textos em voz alta, coletivamente; As adaptações realizadas na escola, sejam elas arquitetônicas ou curriculares, devem ter o mesmo objetivo, garantir a inclusão de todos. 22 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita • utilização de materiais concretos; • trabalhar com situações problemas, que são vivencias do cotidiano do aluno, exemplo: trabalhar com receitas, passeios programados, atividades • laborais. Quando trabalhamos com a educação inclusiva, a nossa prática pedagógica deve estar voltada para a reflexão, de como está meu trabalho, como os alunos estão se desenvolvendo, as adaptações e a organização do ambiente escolar estão corretas, todas essas indagações vão fazer parte da rotina de trabalho do professor. Para que o ambiente escolar favoreça a inclusão é muito importante que toda comunidade escolar esteja engajada nesta causa, a fim de assegurar que todos tenham direito a uma educação de qualidade, que ela esteja voltada à diversidade e seja garantida a todos os cidadãos. Não podemos deixar que a inclusão fique apenas em textos ou em leis, temos que exercê-la, fazer e lutar para que aconteça em todas as estâncias de forma concreta. CARVALHO, Rosita Edler. Removendo Barreiras para a Aprendizagem. 6ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2007. Este livro tem uma abordagem que se estende à remoção de barreiras para a aprendizagem de todas as crianças e jovens, em qualquer segmento do ensino. Educadora experiente em relação a políticas educacionais, pesquisadora exigente e professora universitária, ela apresenta valiosas sugestões para se remover barreiras para a aprendizagem no sentido pedagógico e da reorganização escolar. recurSoS fíSicoS e materiaiS eSPeciaiS Devemos destacar que, em alguns casos, a deficiência Intelectual vem associada a outras deficiências ou síndromes, gerando um maior comprometimento em aspectos relacionados à linguagem e à coordenação motora. Nesses casos, o uso de recursos e materiais adaptados auxilia o professor no desenvolvimento da sua prática pedagógica, sendo um componente indispensável no acompanhamento da aprendizagem. 23 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 Utilizar recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação, buscando viabilizar a participação do aluno nas situações prática vivenciadas no cotidiano escolar, para que o mesmo, com autonomia, possa otimizar suas potencialidades e transformar o ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida (MEC, 2006, p. 29). A seguir vamos apresentar algumas adaptações pedagógicas, são alterações simples que os professores, com ajuda dos pais, podem confeccionar, e que, bem utilizadas, são eficazes e indispensáveis na prática da acessibilidade. materiaiS adaPtadoS Para trabalhar com matemática A seguir serão apresentados alguns materiais adaptados que servem para trabalhar matemática. a) Tangram Imantado Visa desenvolver o raciocínio lógico e a discriminação de formas e cores, dentre outras. Confeccionado para aluno com dificuldade de preensão. A colocação do imã facilita ao aluno o manuseio e a fixação das peças. Auxilia em dificuldades advindas da espasticidade e de movimentos involuntários de membros superiores, características comuns em alunos com paralisia cerebral do tipo espástica ou atetóide. Figura 5 – Tangram Descrição: O jogo é utilizado sobre uma placa imantada revestida com papel contact. As peças pos- suem imãs na parte posterior e são feitas em madeira com espessura de 1,5 cm e pintadas com tinta lavável. Adaptação: Marilãine Bonaldo e Mônica Gerdullo. Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/ pdf/rec_adaptados.pdf>. Acesso em: 16 set. 2012. 24 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita a) Correspondência um a um Permite relacionar o numeral com a quantidade. Confeccionado para alunos com dificuldade de manuseio de lápis e papel, em exercícios de “ligar”, fazendo a correspondência entre o numeral e sua respectiva quantidade. Figura 6 – Jogo correspondência Descrição: Jogo de encaixe, confeccionado em madeira, com- posto por duas caixas com uma abertura lateral para retirada das fichas de madeira. As fichas do lado direito apresentam figuras e as fichas do lado esquerdo apresentam os numerais, que correspon- dem à quantidade exibida nas fichas da direita. Criação: Eduardo José Manzini e Elaine Cristina de Moraes. Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/ pdf/rec_adaptados.pdf>. Acesso em: 16 set. 2012. c) Régua de Madeira Adaptada Facilita o uso da régua ao aluno que possui dificuldade de preensão. Figura 7 - Regra adaptada Descrição: O recurso é composto poruma régua de madei- ra comum com um suporte, também de madeira, colado bem ao meio para facilitar o movimento de preensão. Adaptação: Denise Amoroso de Lima. Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/ pdf/rec_adaptados.pdf>. Acesso em: 16 set. 2012. 25 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 materiaiS adaPtadoS Para trabalhar com leitura e eScrita A seguir serão apresentados alguns materiais adaptados que servem para trabalhar leitura e escrita. a) Quadro Agarradinho Disponibiliza para o aluno uma alternativa de comunicação. Foi confeccionado para um aluno que não falava e estava em processo de alfabetização. Esse material tem sido utilizado por outros alunos com paralisia cerebral, em fase escolar. Figura 8 – Quadro Descrição: O Recurso é confeccionado com lâmina de com- pensado, forrado com placas de espuma fina e encapado com tecido emborrachado. Uma faixa de velcro permite grudar saquinhos cheios de areia ou arroz. Nesses saquinhos são colados numerais, letras ou formas geométricas. O quadro mede 70 cm de comprimento por 50 cm de largura. Esse ta- manho pode ser ajustável à necessidade do aluno. Adaptação: Miralva Santos Barreto e Maria Car- men Fidalgo Santos. Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/ pdf/rec_adaptados.pdf>. Acesso em: 16 set. 2012. b) Suporte para Lápis Possibilita uma melhor preensão, caso o aluno demande vontade e/ou possibilidade para usar o lápis. O tamanho da haste do tubo foi confeccionada para atender à necessidade do aluno. Este recurso facilita a escrita do aluno com paralisia cerebral. 26 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita Figura 9 – Suporte para lápis Descrição: O recurso foi confeccionado com um tubo de PVC, uma rolha de cortiça e lápis comum ou de cera. Adaptação: Maria Carmen Fidalgo Santos. Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/ pdf/rec_adaptados.pdf>. Acesso em: 16 set. 2012. c) Caderno de Madeira Imantado Auxilia na coordenação viso-motora, na noção de parágrafo e espaço delimitado e na sequenciação. Auxilia também na alfabetização e é utilizado por alunos que não possuem a coordenação motora fina para trabalhar com lápis e papel. Facilita movimentos de flexão e extensão de braços podendo ser utilizado na posição em pé, inclinada ou deitada sobre a carteira. Confeccionado para um aluno que não conseguia pegar as peças, mas conseguia empurrá-las. Ao cair nas canaletas, o imã gruda na placa de latão. Figura 10 – Caderno adaptado Descrição: Caderno confeccionado em madeira resistente, me- dindo 40 cm de largura por 60 cm de comprimento. Contém canaletas que representam as linhas do caderno. O espaço entre as canaletas pode ser va- riável dependendo da necessidade de cada aluno. Sob as canaletas é colocada uma placa de latão. O caderno é acompanhado por um abecedário de madeira e sob cada peça é colado um imã. Adaptação e confecção: Silvia Regina Neves da Silva. Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/ pdf/rec_adaptados.pdf>. Acesso em: 16 set. 2012. A seguir, uma reportagem da revista Nova Escola, que relata como o uso de recursos e materiais adaptados pode auxiliar na aprendizagem dos alunos com deficiência. 27 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 TODA NOVIDADE É BEM-VINDA Além de acessíveis, novos recursos tornam as atividades mais atraentes para a classe inteira. Daniela Talamoni Verotti (novaescola@atleitor.com.br) CONTATO ALTERNATIVO Matheus se comunica com os colegas e as professoras por meio da prancha de comunicação. Foto: Léo Drumond. Vai bem longe o tempo em que a voz, o quadro-negro e o giz eram as únicas ferramentas de trabalho do professor. Imagens, objetos, jogos, livros, filmes, músicas, tudo o que possa ser usado a favor da aprendizagem é bem-vindo e ganha importância ainda maior nos novos tempos da escola inclusiva. Afinal, além de proporcionar aulas mais estimulantes, diversificar recursos é uma maneira de torná-las também mais acessíveis a todas as crianças - tenham elas deficiência ou não. Essa prática foi adotada pela EE Pedro Fernandes da Silva Júnior, em Ribeirão das Neves, a 32 quilômetros de Belo Horizonte. Lá estuda Matheus Henrique Reis Alves. O garoto teve paralisia cerebral e, como consequência, comprometimento severo dos quatro membros e do sistema fonoarticulatório. Hoje, aos 8 anos, cursa o 3º ano da escola regular e está sendo alfabetizado. Com a ajuda de recursos flexibilizados, ele desenha, lê, interpreta textos, resolve as operações matemáticas, participa das atividades em sala e se comunica, além de escrever no computador. O que garante a interação de Matheus é uma prancha de comunicação. Ele movimenta o pé direito e usa uma sapatilha adaptada, com suporte para lápis. “Isso permite que ele desenhe, pinte e participe das atividades”, explica a pedagoga Vânia Loureiro, da equipe de reabilitação infantil do Hospital Sarah Belo Horizonte, que desenvolveu os equipamentos. 28 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita A prancha é um cartaz em que são colocadas figuras e imagens que representam pessoas da família e da escola, lugares frequentados, atividades de lazer ou tarefas básicas, como escovar os dentes, ir ao banheiro, dormir e beber água. Quando quer dizer algo, ele aponta com o pé a figura correspondente. Na escola, a prancha de comunicação de Matheus ganhou letras e números e os professores a usam para checar se ele entendeu o conteúdo. “Para uma atividade de leitura, a professora de apoio prepara respostas para as perguntas sobre a história que será contada”, explica Eleuza de Fátima Neiva, titular da turma. “Quando apresento as questões que são discutidas oralmente, ele aponta a resposta na prancha.” Rosemary de Lima Ferreira Mendes, professora de apoio, foi buscar orientação com a equipe do Sarah na hora de elaborar as pranchas. “Já temos algumas com o vocabulário cotidiano da sala, com o alfabeto, com números e com atividades de múltipla escolha, além da que foi construída originalmente.” Matheus agora testa um programa de comunicação alternativa no computador. O software, doado pelo hospital, lança letras na tela e o menino clica, com o pé, num dispositivo adaptado à cadeira quando surge a que quer usar. Assim cria suas primeiras palavras. “Ele já escreve o próprio nome e algumas expressões simples”, comemora Rosemary. “No futuro, essa ferramenta vai ser muito importante na vida dele.” Para ler a reportagem na íntegra acesse: http://revistaescola. abril.com.br/inclusao/educacao-especial/toda-novidade-bem- vinda-495945.shtml Fonte: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ inclusao/educacao-especial/toda-novidade-bem- vinda-495945.shtml>. Acesso em: 12 jan. 2013. algumaS conSideraçõeS Caro (a) pós-graduando (a), no desenvolvimento deste primeiro capítulo, foi apresentado como ocorre a aprendizagem de alunos dos deficientes intelectual, quais as expectativas, anseios e perspectivas dos professores com relação a este processo. 29 OrganizaçãO e PlanejamentO dOs esPaçOs na educaçãO cOm deficientes intelectuais Capítulo 1 Através de planejamentos bem estruturados, com metodologias fundamentadas para prática da inclusão, os professores vêm superando os desafios que cercam seu cotidiano. Vamos encontrar barreiras em nosso trabalho todos os dias, a forma de como lidar com elas é que vai dizer que profissionais somos. A organização dos espaços, com recursos pedagógicos e imobiliáriosadaptados, chegou à educação para contribuir principalmente na superação de obstáculos existentes nas escolas, mas o grau de intensividade da inclusão depende de toda comunidade escolar e da sua família. Mas quando entramos na sala de aula, o principal agente motivador é o professor, pois é ele que com toda sua criatividade e disposição remove qualquer barreira existente entre o aluno e sua aprendizagem. referênciaS ARANHA, Maria Salete Fábio. Projeto Escola Viva: Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola: necessidades educacionais especiais dos alunos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e material pedagógico para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física: recursos pedagógicos adaptados / Secretaria de Educação Especial - Brasília: MEC: SEESP, 2002, fascículo 1. COLL, C; MIRAS, M. A interação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. (org). Psicologia da Educação: desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. FALCONI, Eliane Regina Moreno; SILVA, Natalie Aparecida Sturaro. Estratégias de trabalho para alunos com deficiência intelectual AEE. Disponível em: <http://www.logisticaiec.com.br/Estrat%C3%A9gias%20pedag%C3%B3gicas%20 EE3.pdf>. Acesso em: 16 set. 2012. FEUERSTEIN, Reuven; FEUERSTEIN, S. Experiência de aprendizagem mediada: uma revisão teórica. Londres: Casa publicando Ltd. de Freund, 1994. HENRIQUES, Rosângela Maria. O Currículo Adaptado na Inclusão do Deficiente Intelectual. (2009). Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao. pr.gov.br/portals/pde/arquivos/489-4.pdf>. Acesso em: 16 set. 2012. 30 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Ser ou estar, eis a questão: explicando o déficit intelectual. Rio de Janeiro: Editora WVA.1998. MANTOAN, Maria Tereza Eglér; BATISTA, Cristina Abranches Mota. Atendimento Educacional Especializado em Deficiência Mental. In: GOMES, Adriana L. Limaverde. Deficiência Mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2006. (Série Atendimento educacional especializado). PIAGET, Jean. A Evolução Intelectual da Adolescência à Vida Adulta. Porto Alegre: Faculdade de Educação, 1993. Traduzido de: Intellectual Evolution from Adolescence to Adulthood. Human Development, v. 15, p. 1-12, 1972. VYGOTSKY, Liev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994. VYGOTSKY, Liev. S.; LEONTIEV, Aleksei N.; LURIA, Aleksandr. R. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 7. Ed. São Paulo: Ícone, 2003. CAPÍTULO 2 a conStrução do conhecimento matemático Para uma educação incluSiva A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Esclarecer como ocorre processo de aprendizagem em alunos com deficiência intelectual. 3 Apresentar subsídios e estratégias de intervenção na construção do conhecimento matemático. 3 Aplicar aprendizagem significativa, participativa e colaborativa. 33 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 contextualização A escola tem a função de produzir mudanças fundamentais no desenvolvimento cognitivo dos alunos. O grande desafio da atualidade para a educação é ter professores comprometidos com seu trabalho, que lutem pelo objetivo de que todos os alunos tenham iguais oportunidades de acesso à aprendizagem e acessibilidade. No trabalho voltado aos saberes da matemática, nosso desafio como educadores é ainda maior. É necessário pensar o quanto a matemática pode favorecer o progresso do conhecimento para todos os alunos com deficiência Intelectual, o quanto ela é importante não só para vida escolar, mas para o dia- dia, pois tudo à nossa volta está associado aos números, quantidades, formas e valores que são partes integrantes do nosso cotidiano. É necessário para todos nós que assumimos trabalhar por uma educação, enfrentar as desigualdades sociais, o preconceito, reconhecendo que todos têm direito de construir uma relação autônoma e fecunda com o saber, para isso, requer um diálogo constante entre as formulações políticas e acadêmicas, teóricas e práticas, gerais e específicas, provisórias ou permanentes, que vamos sendo capazes de produzir desde a vontade de conhecer o que é ensinar e aprender matemática, mas também e talvez, sobretudo, desde a vontade política de atuar nas salas de aula, nas escolas, para que aprender matemática deixe de ser, como em tantos casos, uma alienação progressiva e passe a ser, para cada aluno, uma experiência de afirmação de si mesmo como aprendiz da cultura e agente social (PANIZZA, 2006, p.13). O ensino da matemática deve ter significado, sentido do que está sendo aprendido, levando o aluno a refletir e a sentir que em todos os momentos da sua vida a matemática está presente: ao comprar um doce, ao jogar bolas de gude com os amigos, ao repartir o lanche, ao jogar futebol. Nosso trabalho é fazer com que a matemática seja uma aprendizagem significativa, prazerosa e acessível a todos a alunos. Neste capítulo, nossos objetivos são: • Apresentar um trabalho com a construção dos conhecimentos matemáticos voltados aos alunos com deficiência Intelectual. • Trazer subsídios e estratégias de intervenção. • Propiciar conhecimentos práticos e lógicos. • Promover o diálogo entre as vivências do aluno com as experiências escolares. 34 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita o enSino da matemática com alunoS que aPreSentam deficiência intelectual “O que é ensinado deve estar carregado de significado, deve ter sentido para o aluno.” (Charnay, 1994) Caro (a) pós-graduando (a), vamos refletir: • Como está o ensino da matemática nas escolas? • Os nossos alunos encontram dificuldades na compreensão dos conceitos matemáticos? • É como está a nossa prática em sala de aula? Há muitas práticas que valorizam somente um conhecimento lógico por meio de conceitos abstratos, fato que dificulta a aprendizagem do aluno com deficiência intelectual, desfavorecendo-o em relação aos outros alunos, pois a própria deficiência já impõe algumas limitações. Nesse sentido, poderá apresentar maior dificuldade em elaborar construções lógicas na aprendizagem da matemática. A atividade matemática, aquela que os matemáticos desenvolveram durante séculos, aquela na qual queremos introduzir as crianças, e a construção de um mundo matemático por sujeitos. É atividade de um sujeito que não é nem receptor de verdades eternas, nem espectador de um mundo pitoresco, mas autor de seu saber. É construção de um universo matemático aberto e estruturado (PANIZZA, 2006, p.16). Os professores têm um papel fundamental nesta etapa, precisam estar atentos para saber a real necessidade do aluno, em que fase se encontra, que experiência de aprendizagem já obteve. Conhecer o aluno é a primeira tarefa do professor em sala de aula. Seu papel de mediador e desafiador do conhecimento envolve o aluno em situações de acesso ao saber, oportunizando o desenvolvimento do seu potencial cognitivo. Conhecer o aluno é a primeira tarefa do professor em sala de aula. Seu papel de mediador e desafiador do conhecimento envolve o aluno em situações de acesso ao saber, oportunizando o desenvolvimento do seu potencial cognitivo. 35 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Cada criança tem seu tempo de aprender, devido a issodevemos respeitar o ritmo de aprendizagem de cada um, fazendo com que venha a superar suas limitações na velocidade ajustada com suas habilidades. Figura 11 - Respeitar o tempo de cada aluno Fonte: Disponível em: <http://economiafinancas.com/>. Acesso em: 23 set. 2012. Para que a aprendizagem ocorra em benefício ao aluno, alguns recursos e materiais adaptados devem estar presentes no dia a dia da sala de aula. Estes recursos e materiais auxiliam no desenvolvimento do raciocínio lógico, já que a dificuldade maior é trabalhar com níveis abstratos. Segundo Batista; Mantoam (2006), algumas características podem intrometer-se na construção do conhecimento lógico-matemático, dentre elas destacam-se: • Capacidade perceptiva: os alunos com deficiência intelectual têm dificuldade com as relações espaciais, distâncias, e sequenciamento. Estas dificuldades podem interferir na aquisição e demonstração de conceitos e habilidades matemáticas, tais como a estimativa de tamanho e distância e a solução de problemas. • Linguagem: o vocabulário referente a conceitos matemáticos não é apenas variado, mas também abstrato. Alunos com dificuldades e/ou deficiência no domínio da linguagem também podem ter dificuldades com o entendimento destes conceitos matemáticos tais como: primeiro, segundo, maior que, menor que etc. 36 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita • Abstração: as pessoas com deficiência mental têm maior dificuldade para alcançar o pensamento abstrato, sendo necessário que a abstração seja ensinada a elas e com maior tempo. • Memória: muitos alunos com problemas de aprendizado têm dificuldades de lembrar-se de informações que foram apresentadas. Isto é especialmente evidente com os símbolos abstratos usados na Matemática (mais, menos, maior que etc.). • Raciocínio: alunos com deficiência apresentam dificuldades para raciocinar, tornando a resolução de situações-problema difícil para eles. • Atenção: alunos apresentam dificuldade de se concentrar em uma situação de aprendizagem formal. • Motivação: alguns alunos com deficiência não se sentem motivados espontaneamente, necessitando da mediação do professor para se envolver com as atividades. Isso ocorre principalmente com as atividades com maior grau de dificuldade e que não apresentam uma função social imediata e clara. Apesar das inúmeras barreiras encontradas, o deficiente intelectual faz grandes progressos só que em ritmo mais lento, com persistência e desafio ele vem superando seus limites e transportando todas as barreiras encontradas no caminho da aprendizagem. Para isso, é necessário estimular o aluno com deficiência mental a progredir nos níveis de compreensão, desafiando-o a adquirir condições de passar de um tipo de ação passiva, automática e mecânica diante de uma situação de aprendizado/experiência. Neste sentido, o professor desempenha um papel fundamental, mas não podemos esquecer que todos na escola e na família devem estar presentes nesta etapa, cada um fazendo a sua parte, para garantir que o processo educacional ocorra com êxito. Figura 12 - Trabalho em equipe Fonte: Disponível em: <http://www.bomconselho.com.br/ content/home/>. Acesso em: 23 set. 2012. Apesar das inúmeras barreiras encontradas, o deficiente intelectual faz grandes progressos só que em ritmo mais lento, com persistência e desafio ele vem superando seus limites e transportando todas as barreiras encontradas no caminho da aprendizagem. 37 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Confira alguns artigos sobre a deficiência Intelectual. • DESENVOLVIMENTO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA APRENDIZAGEM DA ARITMÉTICA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL GUARAPUAVA, 2008 Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos /2509-6.pdf • EDUCAR NA DIVERSIDADE: PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS NA SALA DE AULA REGULAR (WINDYZ BRAZÃO FERREIRA) Fonte: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ensaiospedago gicos2006.pdf(p. 317-324). a) Sistema de Numeração “O verdadeiro conhecimento deve descobrir- nos o universo em cada instante, como se nos fizesse assistir ao seu nascimento”. (Louis Lavelle) Quando propomos aos alunos situações em que os números apareçam como ferramentas para possíveis soluções, quais são os contextos que utilizamos? Para que servem os números? Como e quando são usados? Segundo Parra e Saiz (1992, p. 94), os números servem para serem usados como o descrito a seguir. • Como memória da quantidade Os números dão a possibilidade de recordar uma quantidade, embora esta não esteja presente. Por exemplo, quando se pede a um aluno que busque 38 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita em um armário a quantidade de tesouras necessárias para cada integrante de sua mesa, ele poderá realizar vários procedimentos. Levar quantas viagens for necessário, uma tesoura por vez ou apanhar várias tesouras de uma vez só sem prever quantas crianças tem na mesa; ou pode contar quantas crianças tem na mesa, incluindo também ele. Neste caso, pôr em prática o aspecto cardinal do número, o número como memória da quantidade. • Como memória da posição Os números também permitem recordar posição de um elemento dentro de uma série ordenada sem que seja preciso repetir toda a série. Por exemplo, se os armários da sala estão numerados, a criança que tem o armário com o número 7 não precisa começar a procurar do número 1, mas pode dirigir-se diretamente ao número que designa a posição na qual vai colocar sua mochila. Se os livros da biblioteca da sala estão numerados, no fichário que indica o título correspondente a cada número facilitará a procura do livro desejado e a ordem posterior. Nos dois casos aparecerá o número em seu aspecto ordinal. • Como código O fato de um ônibus “24” se chamar vinte e quatro, não significa que entrem 24 passageiros, nem que o bilhete custa R$ 24,00, nem que vai percorrer 24 quilômetros, nem também que é o vigésimo quatro na ordem de inscrição da linha do ônibus. Não expressa, portanto, nem o aspecto cardinal, nem ordinal, somente como código que permite diferenciar esta linha de outra que faz percursos diferentes. Igualmente aos números de telefones, que também são usados como códigos, pois eles não significam quantidades de nenhuma ordem. • Para expressar grandezas Os números aparecem às vezes associados a diferentes grandezas: tem 5 anos, pesa 32 quilos, mede 1,40 metros, vai estar na escola às 9 horas. • Para prever resultados. Os números permitem também calcular resultados, embora essas quantidades não estejam presentes, não sejam visíveis e, inclusive, quando a ação transformadora das quantidades expressas no problema não possa ser realizada diretamente sobre os objetivos. 39 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Apresentamos alguns exemplos de como podemos trabalhar com números: 1) JOGO DE BINGO Objetivos • Melhorar interpretação de números. • Utilizar números redondos como fonte de informação para saber como se lê um número. Material necessário Saquinho opaco com os números de 1 a 90, ou um globo de bingo com bolinhas com os mesmos números, cartelas de bingo, lápis e canetinha ou fichas para marcar os números sorteados. Desenvolvimento Organize a classe para um jogo de bingo e explique as regras. Depois, agrupe as crianças em duplas (considerando aquelas que têm conhecimentos numéricos próximos para favorecer o intercâmbio de ideias) e distribua uma cartela de bingo a cada dupla. Comece o jogo sorteando e falando em vozalta os números, sem mostrá-los às crianças. Em seguida, peça a elas que tentem localizá-los na cartela. Depois que elas buscarem os números, você pode mostrá-los ou escrevê-los no quadro. É importante estar atento às discussões que poderão ser promovidas com base nas hipóteses levantadas pelas crianças ou das dúvidas que surgirem nesse momento. Exemplo: se as crianças estão em dúvida se trinta e cinco é escrito deste modo, 35, ou ao contrário, 53, vale a pena colocar os dois números no quadro e provocar um confronto de ideias e justificativas entre os alunos. Fonte: disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica- pedagogica/jogo-bingo-618796.shtml>. Acesso em: 24 set. 2012. 2) JOGO LÓGICO Estimula: Noções de quantidade, cor, encaixe e raciocínio lógico. 40 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita Figura 13 - Brinquedoteca: Sucata vira Brinquedo Fonte: Santa Marli P. dos Santos. Descrição: Uma bandeja grande de ovos (quadrada). Pintar uma das bandejas com tinta guache em seis cores diferentes, sendo uma fileira de cada cor. Cortar 84 peças de outras bandejas e colorir com as mesmas cores do tabuleiro. Fazer dois dados: um deles é pintado nas mesmas cores do tabuleiro, e o outro, com quantidade de 1 a 6. Exploração: Cada criança escolhe uma cor. Espalham-se as peças pequenas na mesa. Joga-se então o dado da cor e em seguida o da quantidade. Verifica-se o resultado (ex. 4 e amarelo) e retiram-se as peças encaixando-as no tabuleiro, na fileira da mesma cor. Ganha quem primeiro preencher a sua fileira. Fonte: MAFRA, Sônia Regina Corrêa. O Lúdico e o desenvolvimento da Criança Deficiente Mental. 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao. pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2444-6.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2013. 3) APRENDENDO A TRABALHAR COM DINHEIRO Objetivos Interpretar a informação contida numa escrita numérica. Material necessário Cópias das tabelas. 41 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Desenvolvimento Flexibilização para deficiência intelectual. Em geral, estudantes com deficiência intelectual têm menos vivência social. Por isso, costumam ser mais privados de casos que envolvem o uso do dinheiro (como identificar o preço de produtos, utilizar cédulas, calcular o troco etc.). Sendo assim, é interessante orientar a família do aluno para que ele seja incluído em situações desse tipo. Atividades em que o estudante possa vivenciar situações de compra e venda, seja na lanchonete da escola ou em situações escolarizadas com o uso de cédulas que imitam as verdadeiras. É importante que essas orientações sejam feitas antes de esta proposta ser apresentada para toda a classe. Assim, o aluno com necessidades especiais pode ter melhores condições de aprender e participar. Um caixa eletrônico entrega notas de R$1, R$10 e R$100 quando os clientes fazem um saque. O caixa sempre entrega a menor quantidade possível de notas. Complete o seguinte quadro para saber quantas notas de cada tipo o caixa entregou em cada um dos casos: Valor solicitado Notas de R$100,00 Notas de R$10,00 Notas de R$1,00 R$398,00 R$204,00 R$360,00 Após o quadro ser preenchido, analise com os alunos as respostas dadas. Eles podem reparar que os algarismos usados para responder ao problema são os mesmos que compõem os valores (por exemplo, 3, 9 e 8). Uma segunda questão para discutir com as crianças é interpretar a informação que uma escrita numérica oferece. Por exemplo, basta olhar o número 398 para saber que uma decomposição possível é 3x100+9x10+8. * Esta atividade pode ser proposta com diferentes valores para cada grupo, conforme o que as crianças já dominam. Proponha novos desafios de acordo com as conquistas de cada grupo. Fonte: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica- pedagogica/ensinando-usar-dinheiro-472741.shtml>. Acesso em: 25 set. 2012. 4) DOMINÓ DE NÚMEROS Em geral, estudantes com deficiência intelectual têm menos vivência social. Por isso, costumam ser mais privados de casos que envolvem o uso do dinheiro (como identificar o preço de produtos, utilizar cédulas, calcular o troco etc.). Sendo assim, é interessante orientar a família do aluno para que ele seja incluído em situações desse tipo. 42 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita Estimula: reconhecimento de numerais, noção de adição e de subtração, desenvolvimento do pensamento. Figura 14 - Criar para brincar Descrição: 28 cartelas de aproximadamente 6x12 cm, com dois números em cada uma. Números de 0 a 9 (recortados de folhas de calendá- rio), na quantidade de quatro cada, foram colados nas duas partes dos dominós, se- guindo as mesmas características do jogo de dominó. Fonte: Nylse Helena Silva Cunha Exploração: • Jogar como dominó, associando os números iguais. • Mudar a regra do jogo e, ao invés de colocar números iguais, criar outra opção, por exemplo, somando mais dois ao número da cartela, ou subtraindo dois etc. Figura 15 - Brinquedoteca: Sucata vira Brinquedo 5) RODA PIÃO Estimula: relação número/quantidade, coordenação motora e identificação. Fonte: Santa Marli P. dos Santos. 43 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Descrição: Confeccionar uma caixa de papelão com 40x40cm para ser o tabuleiro. Como mesmo tamanho (40 cm) fazer um quadrado de papel branco e dividi- lo em 16 quadrados menores (10x10cm). Colorir alguns quadrados com cores diversas, deixando alguns em branco. Os quadrados coloridos são numerados alternadamente de 1 a 5. Cola-se esta cartela no fundo da caixa. Para confeccionar o pião, recorta-se em papelão, um círculo de 5 cm , colorindo com as mesmas cores do tabuleiro. Fazer um furo no centro e colocar um pedaço de lápis com ponta, de modo que ele fique com o mesmo tamanho nos dois lados do círculo. Com a mesma cor dos quadrados numerados, confeccionar o material de contagem e colocar num saquinho de pano. Exploração: Roda-se o pião no tabuleiro, e conforme o número e a cor onde o pião parou, o jogador retira da mesa as peças do material de contagem. Quando o pião parar num quadrado em branco, o jogador perde a vez. Ganha quem conseguir o maior número de peças. 6) JOGO DE ARGOLA Figura 16 - Brinquedoteca: Sucata vira Brinquedo Estimula: percepção viso- -motora, identificação de cores e a relação número/quantidade. Fonte: Santa Marli P. dos Santos Descrição: 10 garrafas descartáveis. Colocar uma porção de areia no fundo da garrafa. Cortar papel crepom de cores variadas, em tiras e colocar em cada garrafa uma cor. 44 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita Recortar em papel preto os numerais de 1 a 10 e colar um em cada garrafa. Cortar tampas de plástico no tamanho que encaixem nas garrafas, para servir de argolas. Exploração: As garrafas ficam agrupadas, e a uma distância de 4 a 6 metros, as crianças lançam a argola: quando acertam, verificam o número contido na garrafa e retiram no material de contagem a cor e a quantidade correspondentes. Ganha quem conseguir o maior número de pontos. Fonte: MAFRA, Sônia Regina Corrêa. O Lúdico e o desenvolvimento da Criança Deficiente Mental. 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao. pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2444-6.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2013. conceito lógico matemático: PráticaS eStimuladoraS em Sala de aula O aluno aprende muito mais quando lhe é permitido um aprendizado no qual lhe possa utilizar- se das próprias experiências.PAULO FREIRE Lidamos com a matemática em muitos momentos de nosso cotidiano como, por exemplo, ao calcular preços, descontos de produtos, para medir uma determinada área, ao realizar receitas na cozinha, ao programar os quilômetros de uma viagem, entre tantas outras ocasiões. A matemática está contida em situações que nem mesmo percebemos, como é o caso da música, o ritmo também é um cálculo. Segundo os PCN’s, a matemática é essencial na formação do cidadão (BRASIL, 1997). Você se lembra das brincadeiras de esconde-esconde, em que tínhamos que nos esconder enquanto o outro colega contava? Quantas brincadeiras, jogos e músicas envolviam números e quantidades, não é? Algumas são inesquecíveis. Por isso, ao trabalhar números e quantidades, temos que considerar as vivências do aluno. Nesse sentido, esclarecem Agón e Pla (2008) que a criança, antes mesmo de se inserir na escola, já aplica noções básicas da matemática, ao contar objetos, ao ordenar brinquedos, ao representar sua idade; ações que mais tarde lhe permitirão fazer a relação do número à quantidade. 45 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Mas você deve estar se perguntando: A intenção é proporcionar à criança o conhecimento lógico matemático por meio de experiências, jogos e brincadeiras, pois assim como qualquer criança, o deficiente intelectual também constrói significados pelas ações e posteriormente poderá progredir para a representação mental. Para Piaget (1976), o pensamento lógico ocorre na interação entre sujeitos. Por esse motivo é fundamental realizar trabalhos em grupos, estimulando a cooperação, construção e troca de experiências, independente de ser uma classe com deficientes intelectuais ou não. Nessa esteira, o aluno com deficiência intelectual deve ser estimulado a participar de todos os projetos, jogos, brincadeiras e atividades em conjunto com os demais alunos da sala. Ao planejar qualquer atividade, o professor deve ter em mente uma prática voltada para aprendizagem, que acompanhe o processo individual de cada aluno. Para estimular o raciocínio lógico do deficiente intelectual, pensamos em algumas práticas que o ajudarão nesse processo. Mas lembrem-se, crianças e jovens com deficiência intelectual manifestam na maioria das vezes, pouco tempo de concentração, por isso recomendamos que, em jogos, cartazes, histórias, ou qualquer outra dinâmica, sejam utilizadas muitas cores e formas diferenciadas, tornando-as mais atrativas. Figura 17 – Operações concretas Para Piaget (1976), o pensamento lógico ocorre na interação entre sujeitos. Por esse motivo é fundamental realizar trabalhos em grupos, estimulandoa cooperação, construção e troca de experiências, independente de seruma classe com deficientes intelectuais ou não. Fonte: Disponível em: <http:// ensineseubebe.blogspot.com. br/2010/07/matematica-concreta. html>. Acesso em: 15 set. 2012. 46 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita Acompanhe agora algumas sugestões de atividades, segundo Major e Walsh (1990). a) Noção Espacial • SETAS INDICADORAS Corte vinte setas de cartolina de 10 cm de comprimento e prenda-as em um quadro grande com clipes. Disponha as setas de maneira que apontem para a direita, esquerda, para cima e para baixo. Por exemplo: Figura 18 - Setas Fonte: Major e Walsh (1990) Sugestão em sala: • Estão vendo as setas? Para que direção elas apontam - direita, esquerda, para cima, para baixo? • Joguem a bola na direção que a seta indicar. Se apontar para cima, joguem a bola para cima e peguem apenas com uma das mãos, e assim com as demais setas. • Vamos ver com que rapidez vocês conseguem seguir as setas. Essa é uma atividade que auxiliará os alunos a desenvolver as habilidades básicas de orientação espacial. A proposta é iniciar com atividades mais simples e gradativamente avançar os estágios. O aluno poderá ser estimulado a registrar o que vivenciou na brincadeira, por meio de desenho, colagem, escrita, números. Para explorar as operações de adição, subtração, multiplicação e adição, é necessário que o aluno aprenda o sistema de numeração decimal. • DADINHOS MATEMÁTICOS Providencie seis pares de dados, papel e lápis para marcar pontos. Divida a classe em cinco ou seis grupos e decida em qual processo (adição, subtração, multiplicação ou divisão) os alunos deverão trabalhar. Vai depender do estágio dos alunos. 47 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Figura 19 - Jogos matemáticos Fonte: Disponível em: <http://laizek.com/2010/04/somos-dados-somos-cascas/dados/>. Acesso em: 25 set. 2012. Sugestão em sala: • Cada grupo vai receber um par de dados. O aluno que tirar o valor mais alto começa primeiro; quem tirar o menor começa por último e quem empatar joga de novo. • O aluno que ficar por último, deverá anotar todos os nomes num papel e marcar um ponto para cada resposta correta. • Quando já souberem a ordem dos jogadores, o primeiro aluno deverá jogar os seis dados e somar (subtrair, multiplicar ou dividir) os resultados. • Para cada resposta correta, ganham 1 ponto. • Cada jogador só terá uma chance. Neste jogo pode-se usar 3 ou 4 dados para adição ou multiplicação, ou fazer os alunos adicionarem, subtraírem ou dividirem suas respostas por 2 ou outro número. Para o aluno com deficiência intelectual, as regras devem estar bem claras e muito bem explicadas, assim ele poderá participar sem maiores frustações, afinal queremos que todos se sintam capazes, não é? Segundo Bondezan (2012), uma prática com objetos possibilita a elaboração de conceitos matemáticos, e com isso auxiliará a compreensão do sistema de numeração decimal, que consequentemente contribuirá para aprendizagem das operações e também na resolução de problemas. b) As Operações Para o aluno com deficiência intelectual, as regras devem estar bem claras e muito bem explicadas, assim ele poderá participar sem maiores frustações, afinal queremos que todos se sintam capazes, não é? 48 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita Após se ter explorado muito bem noções de matemática por meio das ações concretas, pode-se avançar para as operações, iniciando com a adição. • Adição Na adição deve-se ter atenção quanto às etapas de compreensão da criança. Estudos de Segarra (1992 apud SÁNCHES-CANO; BONALDS, 2008, p. 317.) indicam que há níveis que devem ser respeitados, conforme é mostrado a seguir: • Adição por reunião de objetos compreendidos entre 0 a 5. • Adição de números de uma cifra compreendidos entre 0 a 10. • Adição com resultados entre 10 e 20. • Adição com dezenas. • Adição de três parcelas • Adição “levando” (ao emprestar do número ao lado). Quando o aluno já consegue expressar seu entendimento lógico matemático, podemos estimulá-lo a realizar alguns exercícios. Como o exemplo a seguir: 1) Cálculo mental. Convidamos o aluno a responder oralmente as seguintes informações: a) Quanto é 1 mais 2 (mais 1, mais 3, mais 4.....até chegar em 5 mais 10)? b) Quanto é 1 mais 1 (até chegar em 10 mais 10)? Caso o aluno não consiga responder mentalmente, pode ser conduzido a realizar as contas com os dedos, ou materiais alternativos. 2) Operações espontâneas Os alunos também podem ser estimulados a criar continhas de adição e representar por meio de desenho, depois explicar aos colegas suas hipóteses. 3. Operações escritas Solicitamos ao aluno que responda algumas somas, exemplo: “quanto é 6 mais 5?”. Ao responder, pedimos que represente no papel por meio da escrita asoma que fez mentalmente. • Subtração Essa operação se torna um pouco mais difícil para o aluno, pois implica não só em “tirar” algo, como também na noção de comparação e soma. 49 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Sánchez (2008) indica que se trabalhe inicialmente com subtrações de “retirada”. 1) Cálculo mental Solicitamos ao aluno que responda oralmente as seguintes questões, exemplo: a) “quanto é 4 menos 1?”; b) “quanto é 4 menos 4?”. Caso o aluno não consiga responder, poderá utilizar os dedos, desenhos ou materiais. 2) Operações escritas Pedimos ao aluno que represente suas ações mentais no papel, “agora escreva o que você fez”. • Multiplicação Até chegar à multiplicação a criança já deve ter bem claro as estratégias aplicadas na adição e subtração. O meio mais fácil para se compreender mentalmente o processo da multiplicação é partindo da repetição da soma, 3+3+3= 9. Dessa maneira ficará mais claro entender que 3 vezes 3 é igual a 3 mais 3 mais 3. Partindo dessa lógica, a criança poderá entender também a tabuada. Mas lembre-se, o deficiente intelectual precisa de muita clareza, qualquer operação deve sempre partir das ações concretas para depois entrar nas ações mentais e só então para o registro. • Divisão Na divisão são realizadas todas as operações anteriores, por isso é necessário que o aluno tenha uma boa compreensão das demais contas. Recomenda-se que seja introduzido por uma história, ou um contexto, para depois chegar à divisão. Convido você a fazer a leitura de um texto que trata da ideia sobre classificação da multiplicação e divisão, elaborada pelo psicólogo francês Gérard Vergnaud. Essa proposta busca demonstrar as relações que existem entre as operações, mesmo antes da sistematização de seus algoritmos. Mas, será que essa ideia é possível de ser trabalhada na escola? Veremos no estudo a seguir: A classificação da multiplicação e da divisão Assim como no campo aditivo, os problemas do campo multiplicativo foram divididos em categorias pelo psicólogo francês Gérard Vergnaud. Com essa organização, é possível trabalhar os conceitos de multiplicação e divisão já nos primeiros anos do Ensino Fundamental. 50 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita EXEMPLO OBSERVAÇÃO VARIAÇÕES Proporcionalidade Na festa de aniversário de Carolina, cada criança levou 2 refrigerantes. Ao todo, 8 crianças compareceram à festa. Quantos refrigerantes havia? • Oito crianças levaram 16refrigerantes ao aniversário de Carolina. Se todas as crianças levaram a mesma quantidade de bebida, quantas garrafas levou cada uma? • Numa festa foram levados 16refrigerantes pelas crianças e cada uma delas le- vou 2 garrafas. Quantas crianças havia? • Quatro crianças levaram 8refrigerantes à festa. Supondo que todas levaram o mesmo número de garrafas, quantos refrigerantes haveria se 8 crianças fossem à festa? Marta tem 4 selos. João tem 3 vezes mais do que ela. Quantos selos tem João? • João tem 12 selos e Marta tem a terça parte da quantidade do amigo. Quantos selos tem Marta? Organização Retangular Um salão tem 5 fileiras com 4cadeiras em cada uma. Quantas cadeiras há nesse salão? • Um salão tem 20 cadeiras, com 4 delas em cada fileira. Quantas fileiras há no total? • Um salão tem 20 cadeiras distribuídas em colunas e fileiras. Como elas podem ser organizadas? Combinatória Uma menina tem 2 saias e 3 blusas de cores diferentes. De quantas maneiras ela pode se arrumar combinando as saias e as blusas? • Uma menina pode combinar suas saias e blusas de 6 maneiras diferentes. Sabendo que ela tem apenas 2 saias, quantas blusas ela tem? • Uma menina pode combinar suas saias e blusas de 6 maneiras diferentes. Sabendo que ela tem apenas 3 blusas, quantas saias ela tem? 51 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 Consultoria Célia Maria Ccarolino Pires, coordenadora da Pós-graduação em Educação Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Priscila Mmonteiro, formadora do programa Matemática É D+ Ilustrações: Carlo Giovani A possibilidade de mudança no ensino se baseia principalmente na Teoria dos Campos Conceituais, do psicólogo francês Gérard Vergnaud, que teve suas primeiras inserções no Brasil no fim dos anos 1980. O pesquisador diferencia o campo aditivo do campo multiplicativo, identificando as particularidades de cada uma das áreas, mas também ressaltando o que elas têm em comum: as operações não são estanques - não se pode descolar a adição da subtração, assim como não se separa a multiplicação da divisão, e não há somente um caminho para solucionar os problemas matemáticos. Com tantas negativas em seus pontos-chave, a teoria de Vergnaud se coloca em contraposição ao ensino convencional. “Trabalhar com campos conceituais é romper o contrato didático estabelecido tradicionalmente”, explica Lilian Ceile Marciano, orientadora pedagógica e formadora de professores da Escola da Vila, em São Paulo. “Primeiro você apresenta a situação-problema. Só depois de ela ser elaborada pelos alunos, é possível começar a discussão sobre as possíveis estratégias para resolvê-la.” O aluno pode não ter familiaridade com o algoritmo nem perceber que a adição repetida faz parte do caminho para a multiplicação, mas vai se apropriando da operação com as ferramentas que já possui. Fonte: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ matematica/fundamentos/multiplicacao-divisao-ja-series- iniciais-500495.shtml>. Acesso em: 27 fev. 2013. Como você pode ter lido neste texto, há diferentes estratégias de se explorar os conceitos lógicos matemáticos. O mais importante é que o professor utilize estratégias lúdicas e materiais concretos em seu trabalho com o deficiente intelectual, respeitando o seu tempo de aprender. 52 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Matemática, Leitura e Escrita Confira agora alguns materiais que auxiliam o deficiente intelectual no ensino da matemática. São recursos materiais que poderão ser usados para auxiliar o ensino da matemática para deficientes mentais independentemente da utilização dos métodos a que se referem. Destacamos: I. Material Cuisenaire Este material, de Georges Cuisenaire (1953), consiste em dez peças confeccionadas em cores diferentes: • Branca = 1 • Vermelha = 2 • Verde clara = 3 • Carmim = 4 • Amarela = 5 • Verde escura = 6 • Preta = 7 • Marrom = 8 • Azul = 9 • Alaranjada = 10 A menor peça é um cubo com um centímetro de aresta e indica a unidade. A partir deste cubo são construídas as demais peças. A segunda peça é um paralelepípedo, cuja base, igual ao cubo e altura dupla correspondente a dois cubos, indica a quantidade dois. A terceira peça é, também, um paralelepípedo com a base igual ao cubo e a altura tripla, ou seja, correspondente a três cubos, indica a quantidade três. E, assim, as outras peças continuam a aumentar até chegar à altura igual a dez vezes a aresta do cubo. Deve ser observado que, na construção do material por Cuisenaire, haja a preocupação de fazer uma associação entre número e cor conforme exemplificação a seguir: • A peça menor, cubo, que corresponde à unidade, é branca; 53 a cOnstruçãO dO cOnhecimentO matemáticO Para uma educaçãO inclusiva Capítulo 2 • As peças 2, 4 e 8 são: vermelha, carmim e marrom (nuances do vermelho); • As peças 3, 6 e 9 são: verde clara, verde escura azul (nuances do verde/azul); • As peças 5 e 10 são amarela e alaranjada (nuances do amarelo); • A peça 7 é preta. Deve-se notar, ainda, a seguinte
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