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Seção 1 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
CIVIL 
 
 2 
 
 
 
 
 
 
Futuros advogados, sejam bem-vindos! Estamos iniciando uma nova etapa de estudo, 
voltada ao desenvolvimento de aplicação prática dos conteúdos adquiridos ao longo 
dos últimos semestres. Certamente, trata-se de etapa importantíssima do curso de 
Direito, pois é a capacidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos no 
curso é que definirá o profissional que você será amanhã. Para tanto, temos que nos 
dedicar muito na construção das peças processuais e estratégias jurídicas ao longo 
desse semestre. Primeiro, contaremos um caso prático para que possamos embasar a 
construção das peças processuais. Posteriormente, apresentaremos algumas 
sugestões de argumentos e de técnicas processuais para a construção da petição. 
Barnabé é um senhor de 50 anos de idade. Ele é agricultor e vive da colheita e do 
transporte das hortaliças aos mercados das cidades vizinhas a Bauru/SP. Ele possui 
uma micro empresa chamada Caipira Hortaliças Ltda. – ME, cuja sede é na mesma 
cidade,, que utiliza para emitir notas fiscais aos comerciantes que adquirem os seus 
produtos. Com o esforço do seu trabalho, através da Caipira Hortaliças Ltda. – ME, 
Barnabé adquiriu uma pick-up Ford Ranger, placa GGG-1223, que utilizava para o 
transporte dos seus produtos. O seu veículo realizava entre 5 a 10 entregas por dia nas 
cidades próximas. 
No dia 11/02/2017, o sr. Barnabé retornava a Bauru/SP conduzindo a sua Pick-up após 
mais um dia cansativo de trabalho. Naquela noite, chovia muito e a estrada estava 
 
 
Seção 1 
DIREITO CIVIL 
Sua causa! 
 
 3 
escorregadia, e havia também muita neblina. Ocorre que, quando trafegava na curva 
do km 447 da rodovia BR-345, no município de Jaú/SP, o sr. Barnabé perdeu o controle 
do seu veículo. Os pneus traseiros derraparam, e o veículo rodopiou por sua pista, 
ficando atravessado na pista, sem, contudo, invadir a pista contrária. No entanto, um 
ônibus da Viação Meteoro Ltda., que trafegava na pista contrária, assustou-se com a 
manobra efetuada pelo Senhor Barnabé, e pisou no freio. Como a pista estava 
escorregadia e com um pouco de óleo, o motorista perdeu o controle do seu veículo e 
bateu de frente na pick-up Ranger. Com o impacto, a pick-up foi arremessada por cerca 
de10 (dez) metros, e bateu no barranco da pista. Com o impacto, o sr. Barnabé feriu-
se gravemente, apresentando um corte na testa, fratura nas pernas e nos braços. O 
veículo pick-up Ranger, com o impacto, ficou todo amassado, com danos no chassi e 
por toda a lataria. Pelo lado do ônibus, com o impacto, cinco passageiros, os senhores 
Lino, Cláudio, Ribamar, Jorge e Bráulio, que não estavam utilizando cinto de segurança, 
sofreram lesões. Lino quebrou o seu braço e teve uma pancada na cabeça. Cláudio teve 
um traumatismo craniano e está em observação no hospital local. Ribamar teve uma 
lesão na coluna e corre o risco de ficar com sequelas ou paralisia. Jorge e Bráulio 
tiveram escoriações leves. Em razão do acidente, a Polícia Rodoviária Federal 
interditou as pistas e chamou a perícia. A polícia tomou ainda o depoimento do 
motorista do ônibus, que afirmou que invadiu a pista contrária em razão de tentar 
desviar do veículo que estava derrapando e indo em sua direção. Posteriormente, no 
hospital, a polícia tomou o depoimento do sr. Barnabé, que afirmou que perdeu o 
controle do seu veículo em vista do ônibus ter invadido a contramão, o que o forçou a 
realizar uma manobra brusca que causou a derrapagem e o impacto com o ônibus. A 
perícia que esteve no local foi inconclusiva, pois, como estava chovendo, não 
conseguiu colher as medidas das derrapagens, embora tenha reconhecido a invasão à 
outra pista, mas não conseguiu definir se esta ocorreu antes ou após o choque. 
Estiveram também presentes a seguradora da pick-up, Shangai Marine, bem como a 
 
 4 
seguradora da empresa de ônibus da Viação Meteoro, a Seguradora Trafegar S/A. O 
relatório final de cada uma tinha conclusões distintas: a seguradora da empresa de 
ônibus considerou a pick-up como a responsável pelo acidente, enquanto que a 
seguradora da pick-up considerou a empresa de ônibus como a responsável. 
Após se submeter a cirurgias nos seus braços e pernas e tomar pontos na sua testa, 
embora agradecido por ter sobrevivido, o sr. Barnabé estava preocupado agora com a 
situação envolvendo o seu veículo e o seu sustento. Como ele trabalhava sozinho, não 
sabia como fazer para sobreviver no período de recuperação do acidente, e também 
como faria para transportar as hortaliças. Ele também tinha dúvidas de quem seria o 
responsável pelo ressarcimento do seu veículo: o motorista do ônibus, a empresa ou 
os dois. Foi apurado que a empresa Viação Meteoro Ltda. tinha sede em São Paulo/SP. 
A empresa de ônibus fez três orçamentos para o conserto do seu veículo, ficando 
apurado que o da concessionária Translíder ficaria em R$ 50.000,00 (cinquenta mil 
reais), o da Oficina Battera ficaria em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), enquanto 
que o orçamento da Oficina Restaurar Ltda. ficaria em R$ 40.000,00 (quarenta mil 
reais). Por outro lado, foi apurada a perda total do veículo do sr. Barnabé. Analisando 
o balanço mensal da empresa Caipira Hortaliças constatou-se que esta possuía um 
faturamento mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sendo que o lucro líquido mensal 
chegava ao montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais). No período de três meses, 
necessário ao restabelecimento da saúde do sr. Barnabé, a empresa zerou o seu 
faturamento, e ficou em dificuldades com o locador da loja, bem como com seus 
fornecedores, acumulando um prejuízo de R$ 10.000,00. 
Como a empresa de ônibus negou autoria do acidente e a sua seguradora não aceitou 
recompor os prejuízos, o sr. Barnabé foi a seu escritório em busca de orientação 
jurídica. 
 
 5 
Sr. Barnabé esteve em seu escritório portando os seguintes documentos: Boletim de 
Ocorrência, orçamentos do veículo Ford Ranger de propriedade da empresa, fotos dos 
danos causados no veículo, trocas de e-mails com a transportadora e sua seguradora 
e balanços mensais da sua empresa. 
Você, como advogado do r. Barnabé, deve colher toda a informação e documentação 
necessária e propor a peça processual cabível e realizar nela os pedidos necessários 
para o ressarcimento dos prejuízos suportados por sua empresa. 
 
 
 
 
Caro aluno, já temos um problema para resolver! Vamos lá: 
A primeira questão consiste em identificar qual é a espécie de Direito Material 
Tutelado, para definirmos as normas de Direito Processual aplicáveis. 
1- ANALISANDO A NATUREZA DO PEDIDO 
Inicialmente, vocês deverão identificar qual é a natureza da obrigação violada, e qual 
a maneira prevista em lei para buscar a recuperação dos prejuízos sofridos por 
Barnabé. 
Analisem a questão: existia algum vínculo jurídico anterior entre a empresa e Barnabé? 
Qual o instituto jurídico que poderia fundamentar o direito da empresa Caipira 
Hortaliças Ltda. – ME? 
O direito material que ampara o pedido seria a responsabilidade civil por perdas e 
danos, prevista no Código Civil nos artigos 186, 187, artigos 402 a 405 e artigos 927 e 
seguintes do Código Civil Brasileiro. 
1.1- APONTAMENTOS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL 
A responsabilidade civil consiste na previsão legal de que aquele que violou 
determinada norma jurídica ou de contrato vê-se submetido a consequências não 
desejadas de sua conduta danosa. A consequência é, exatamente, que o responsável 
Fundamentando! 
 
 6 
fica obrigado a reparar, e seu patrimônio pode ser objeto de penhora para pagamento 
dos eventuais prejuízos apurados no processo. 
Portanto, enquanto existe uma obrigação prevista na legislação, a responsabilidade 
civil seria a consequência jurídica do descumprimento da obrigação prevista. 
A responsabilidade civil, inicialmente, pode ser classificada em contratual ou 
extracontratual. Issodecorre da natureza do vínculo jurídico existente entre as partes. 
Por exemplo, se existe um contrato entre as partes estabelecendo nas cláusulas 
direitos e obrigações, a fonte da obrigação deverá ser buscada no contrato e em 
normas que disciplinam de forma geral as relações jurídicas contratuais. Neste caso, a 
responsabilidade será considerada como contratual. 
Por outro lado, quando não existe vínculo direto entre as partes, a responsabilidade 
civil é extracontratual, ou seja, o vínculo que tutela uma eventual lide envolvendo estas 
partes decorre da lei. 
Os pressupostos para que haja a condenação e a implicação de responsabilidade civil 
são: 
Figura 1 | Pressuposto da responsabilidade civil 
 
Fonte: elaborada pelo Autor. 
 
 
 7 
Quanto à prova do dano, é necessário demonstrar o prejuízo causado pelo ofensor 
responsável pela conduta antijurídica. Sem dano, não há o que reparar. 
Em relação à culpa, seria a necessidade de provar que a parte deixou de observar uma 
conduta de um homem médio no desempenho de uma determinada atividade, ação 
ou omissão. Os elementos da culpa são a imprudência, negligência ou imperícia. 
A imprudência seria uma conduta precipitada, em que a parte deixa de tomar cuidados 
e causa um dano; reflita a respeito da conduta praticada por nossos personagens da 
estória. A negligência trata-se de deveres previstos em lei ou em contratos que deixam 
de ser observados pela pessoa, o que pode causar danos. Como exemplo, podemos 
abordar a questão de omissão de socorro. 
A imperícia trata-se de uma modalidade de culpa que parte do pressuposto de que, 
pela profissão ou ofício do agente, esperava-se que este deveria agir tecnicamente de 
uma forma que não causasse dano à parte. Como exemplo, podemos falar de erros 
médicos ou equívocos cometidos por um advogado na condução do processo, como a 
perda de um prazo. 
Em linhas gerais, quanto à necessidade de prova da culpa, temos outras formas de 
responsabilidade civil, a saber: objetiva e subjetiva. 
A responsabilidade objetiva, prevista em diversas legislações como o Código Civil, 
Código de Defesa do Consumidor (lei 8.078/90) e Lei Ambiental (9.605/98), aduz que, 
em razão da natureza da atividade praticada pelo devedor ou pela natureza do vínculo 
estabelecido entre as partes, uma empresa ou pessoa responderá pelos danos 
causados, independentemente de culpa, ou seja, independentemente da necessidade 
de se comprovar a culpa. 
Como exemplo, podemos citar a responsabilidade de uma transportadora de pessoa 
para com os seus passageiros. Em razão da empresa auferir seus lucros com a 
atividade, caso esta cause algum dano ao passageiro, fica obrigada a reparar, salvo as 
hipóteses excludentes, como a força maior, caso fortuito ou culpa exclusiva da vítima. 
Por outro lado, a responsabilidade subjetiva prevê a necessidade de prova da culpa 
ou dolo, para que haja a sua configuração. 
 
 
 
 
 
 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Portanto, primeiro, temos que definir qual a natureza da responsabilidade, bem como 
a modalidade de culpa, até mesmo para definirmos a estratégia de produção de provas 
para fundamentar os pedidos. 
Após a definição desta, a primeira providência para aferir responsabilidade será a de 
localizar qual norma foi violada no caso concreto, para ensejar a responsabilidade civil. 
No caso narrado, qual norma jurídica tutela a atitude dos motoristas em uma estrada? 
Temos certeza de que muitos dos nossos futuros advogados já possuem carteira de 
motorista, não é mesmo? Para conquistar a licença de dirigir, certamente, vocês 
passaram por um exame de legislação. Essas normas estão previstas no Código 
Nacional de Trânsito, lei 9.503/97. 
Por este motivo, para verificarmos a conduta dos motoristas, é importante consultar o 
Código Nacional de Trânsito, Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997, que traz as normas 
de comportamentos de um motorista ou condutor de veículos. Chamamos a atenção 
para o Capítulo II – Normas Gerais de Circulação e Conduta, Capítulo VII – Da 
Sinalização de Trânsito, Capítulo IX Seção II – Da Segurança dos Veículos, bem como o 
Capítulo XV – Das Infrações, onde você pode encontrar uma conduta praticada pelo 
motorista que seja contrária às normas de trânsito. 
 
Em ações que envolvam responsabilidade civil, é importante, para 
efeito da estruturação da peça processual e da forma de realizar as 
provas, de identificar se a responsabilidade da outra parte por reparar 
danos é objetiva ou subjetiva, ou seja, se haverá a necessidade ou não 
de demonstrar a culpa. 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 9 
Quanto à questão dos valores decorrentes de orçamentos, a jurisprudência considera 
que deve ser cobrado o valor contido no orçamento menor dentre os três auferidos, 
para efeito de realização do pedido de reparação com base nos veículos: 
“No atinente ao dano, é de se adotar, como de regra para o ressarcimento, o valor 
constante no menor orçamento” (JTACSP, Revista dos Tribunais 108:134). 
No mesmo sentido, no julgamento do RESP 334.760, O Ministro José Delgado, do 
Superior Tribunal de Justiça, julgado em 25/02/2002, entendeu como correto o 
procedimento adotado pela empresa: 
Realização, por conta própria, dos reparos necessários no 
veículo, com a escolha, dentre 03 (três) orçamentos solicitados, 
pelo de menor valor, efetivado com equipe especializada do seu 
quadro de funcionários, tornando os gastos menos dispendiosos, 
o que evidencia presunção de boa-fé na apresentação dos danos 
suportados. 
 
No nosso caso, como a intenção é demonstrar a conduta da Empresa Transportadora, 
é necessário avaliar qual conduta ele praticou que ensejaria a sua responsabilidade e 
se haveria a necessidade de demonstrar a culpa. Embora não seja obrigatório, é 
interessante demonstrar que o valor pleiteado é o menor dos orçamentos, e que não 
está ocorrendo enriquecimento indevido por parte da autora. 
Feita essa identificação, temos que pensar agora quais serão os nossos pedidos! 
Para se falar nos danos causados que seriam objeto do pedido, podemos identificar 
duas espécies de danos: O dano emergente e os lucros cessantes. 
O dano emergente seria aquele valor que já é demonstrado como perda imediata, 
decorrente do evento danoso. 
Já os lucros cessantes, seriam os valores que uma pessoa ou empresa deixou de auferir, 
em virtude do ato danoso causado pela outra parte. Temos que verificar no caso 
concreto quais situações ocorreram! 
 
 
 
 
 
 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Depois de definirmos a natureza, vamos agora às questões processuais! 
1- QUESTÕES PROCESSUAIS 
A primeira questão que o advogado deve verificar antes de redigir uma peça 
processual é se a pretensão apresentada pelo seu cliente ainda poderá ser objeto de 
julgamento. Para tanto, temos que identificar qual é a pretensão e se ainda estamos 
dentro do prazo prescricional ou decadencial previstos em lei para manejá-la em juízo. 
Para essa análise, é importante que sejam verificados os artigos pertinentes à 
prescrição. Nos artigos 197 a 201, estão identificados os casos de impedimento e 
suspensão dos prazos prescricionais. Nos artigos 202 a 204, estão relacionadas as 
causas de interrupção da prescrição. Nos artigos 205 e 206, estão elencados os prazos 
prescricionais referentes às diversas pretensões processuais. Portanto, é importante 
verificar. 
Lembramos na oportunidade que, caso tenha transcorrido o prazo prescricional ou 
decadencial, o juízo prolatará decisão de mérito reconhecendo essa prescrição. 
Primeiro, temos que verificar qual a natureza do pedido a ser manejado para escolher 
o procedimento. Como sabemos, as ações podem ser declaratórias, mandamentais, 
constitutivas, mandamentais ou executivas lato sensu. 
 
É importante, em demandas envolvendo responsabilidade civil, que se 
identifique a natureza dos danos sofridos, pois a forma de prova-los é 
distinta. Enquanto que os danos emergentes, normalmente, 
pressupõem situações mais concretas,os lucros cessantes são uma 
forma de demonstrar a interrupção de um valor auferido que vinha 
ocorrendo com frequência ou que deveria ocorrer diante de uma 
situação concreta atual. Lembre-se de que ambos requerem efetiva 
comprovação! 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 11 
 
2.1- ESCOLHENDO O PROCEDIMENTO A SER ADOTADO 
 
A partir dessa premissa, o autor pode escolher entre a ação pelo procedimento 
comum, procedimento especial ou ação executiva, conforme a natureza da obrigação 
e a existência de título executivo constituído ou não. No nosso caso, já existe título 
executivo? Existe alguma peculiaridade em relação à providência judicial que está 
sendo deduzida em juízo? A partir dessas constatações, você pode escolher qual 
caminho será adotado. 
Figura 2 | Procedimentos Processuais 
 
Fonte: elaborada pelo Autor. 
Considerando, no caso, que trata-se de responsabilidade extracontratual e que não 
existe título executivo formado, teríamos que verificar nos procedimentos especiais se 
há algum voltado à situação dos autos. Se não houver nenhuma peculiaridade no 
direito tutelado que justifique a utilização dos procedimentos especiais, deve ser 
adotado o procedimento comum, previsto nos artigos 318 e seguintes do Código de 
Processo Civil de 2015 (BRASIL, 2015). 
 
 
 
 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2- DEFININDO A COMPETÊNCIA 
Trataremos agora da questão da competência. A competência pode ser relativa ou 
absoluta. Em alguns casos, a lei exige que haja o ajuizamento em determinado foro, 
matéria ou pessoa seja em razão das pessoas envolvidas. Tratam-se de competências 
absolutas. É importante verificar qual relação jurídica está em discussão, se existe 
alguma das partes com foro privilegiado ou se a legislação protege alguma das partes. 
A competência para processamento do processo é definida pelo Código de Processo 
Civil, mais precisamente, nos artigos 42 em diante do Código de Processo Civil. Leia-os 
atentamente. Sabemos que, em alguns casos, a competência é relativa, ou seja, se a 
parte contrária não se opuser ao foro escolhido pelo Autor, ela é prorrogada, ou seja, 
o juízo se mantém no local. 
Definida a competência, falaremos agora da questão da legitimidade passiva. 
2.3- DEFININDO A LEGITIMIDADE DAS PARTES 
No caso da legitimidade ativa, é importante avaliar a propriedade do patrimônio e 
quem foi impactado diretamente com a perda deste. 
No que tange à legitimidade passiva, observou-se que a transportadora é proprietária 
do veículo e que o seu empregado era o condutor do veículo. Para essa avaliação, é 
importante verificarmos nos artigos 927 e seguintes do Código Civil de 2002 de quem 
seria a legitimidade. Existem situações em que a pessoa diretamente envolvida e o 
O artigo 318 do Código de Processo Civil deixa claro que aplica-se a 
todas as demandas o procedimento comum, salvo disposição em 
contrário, que são os procedimentos especiais ou peculiaridades do 
processo de execução. O referido dispositivo dispõe, também, que 
aplica-se o procedimento comum aos especiais que não sejam 
incompatíveis com esses procedimentos. 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 13 
proprietário da coisa podem ser responsabilizados. Por outro lado, existem hipóteses 
em que se presume a culpa. 
Agora, vamos à peça processual! 
Em primeiro lugar, devemos definir: qual é a primeira peça processual a ser realizada 
em um processo? 
No momento de elaborar a peça, é importante observar o cumprimento dos requisitos, 
dispostos no artigo 319 do Código de Processo Civil. 
Inicialmente, coloca-se o Juízo e a Vara do local escolhido para o ajuizamento da ação. 
Posteriormente, procede-se à qualificação das partes, destacando os dados requeridos 
no art. 319, do CPC, destacando que deve constar o endereço eletrônico da parte, para 
eventuais comunicações em modalidade eletrônica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto aos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, é importante que você procure 
dividir em tópicos. Nos fatos, devem ser apresentados, estritamente, os dados 
fornecidos pelo caso tratado. Em se tratando de provas do exame da OAB, ressalva-se 
que nenhum dado ou situação pode ser acrescentado pelo aluno na peça, pois a 
introdução de elemento estranho na peça pode alterar o sentido da questão, o que 
levaria o avaliador a zerar a prova ou tirar pontos. 
É Importante, nessa parte, elaborar a petição invocando a técnica do silogismo. Vamos 
lembrar: premissa menor (fatos ocorridos e situação a qual o Autor pretende realizar 
o seu pedido), ou causa de pedir próxima. Premissa maior, ou causa de pedir remota, 
seriam as leis ou disposições contratuais que amparam o seu pedido. 
Em questões do exame de Ordem, você deve fornecer, estritamente, os 
dados apresentados na questão, sem fazer invenção de dados. 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 14 
 
Na parte dos fatos, lembre-se que o importante é contar a sua versão da história da 
situação que levou o Autor a juízo para deduzir a sua pretensão. A parte dos 
fundamentos jurídicos que a amparam serão deduzidas depois, a partir desses fatos. É 
o que chamamos de Causa de Pedir Próxima, que retrata a premissa menor 
Quantos aos fundamentos jurídicos, é importante que você apresente ao juízo quais 
os dispositivos legais, teses doutrinárias ou precedentes jurisprudenciais podem ajudá-
lo a formar o juízo de valor pelo julgador da causa. Portanto, notadamente quando a 
questão a ser tratada no processo for questão de direito, é muito importante que você 
tenha consciência de como os tribunais, especialmente os superiores (Tribunal de 
Justiça do seu Estado, o Superior Tribunal de Justiça ou o Supremo Tribunal Federal) 
pensam a respeito daquele tema. 
Lembre-se que, a partir do Código de Processo Civil de 2015 a teor do art. 332 do 
Código de Processo Civil, as causas que não dependam de prova, o juiz pode julgar 
liminarmente improcedentes os pedidos que contrariem enunciado ou súmula e 
acórdãos julgados em incidentes de resolução de demandas repetitivas ou enunciados 
de Tribunais de Justiça sobre direito local (leis estaduais e federais). Assim, temos que 
estudar antes. 
Feita a parte da dedução dos fatos e fundamentos jurídicos, é importante também 
considerar uma conclusão com os pedidos que você fará. 
O mais importante é lembrar a procedência dos pedidos elencados. Portanto, você 
deve pedir a procedência dos pedidos iniciais, para buscar qual providência do juízo 
você pretende (declarar, condenar, rescindir contratos etc.). 
A conclusão dos seus pedidos deve abranger também uma novidade introduzida pelo 
Código de Processo Civil de 2015: pedido de citação para contestar, pedidos, provas e 
interesse na realização de audiência de conciliação. 
A teor do inciso VII, do artigo 319, a parte deve constar se possui interesse na 
realização de audiência de conciliação. Esse fator importante poderá influenciar, 
inclusive, na forma de contagem do prazo judicial de contestação do Réu, caso este 
também não tenha interesse na realização da audiência. 
Depois, deve-se requerer que a parte Ré seja citada, identificando a forma como você 
deseja que ocorra a citação, descritas nos artigos 246 e seguintes do Código de 
Processo Civil. Em regra, a citação pode inicialmente ser realizada por oficial de justiça 
ou por carta com aviso de recebimento. 
 
 15 
 
No entanto, é interessante lembrar que, conforme dispõe o parágrafo primeiro do 
artigo 246 do Código de Processo Civil, as empresas públicas e privadas são obrigadas 
a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos para receber 
citações e intimações, que serão realizadas, preferencialmente, por essa forma. Essa 
disposição só não se aplica às empresas de pequeno porte. 
É importante que você identifique a modalidade que deseja, pois, caso o réu resida em 
outra comarca, será necessária a expedição de carta precatória para se concretizar o 
ato. 
É imprescindível lembrar de pedir a procedência dos pedidos, identificando-os, 
lembrando que o que são procedentessão os pedidos elencados, e não a ação! 
Portanto, você deve pedir a procedência dos pedidos iniciais para buscar qual 
providência do juízo você pretende (declarar, condenar, rescindir contratos, etc.). 
Após, você deve especificar na petição inicial as provas que deseja produzir para 
comprovar as suas alegações. 
A petição inicial deve também ser instruída com os documentos necessários à 
comprovação dos fatos, como aduz o artigo 320 do Código de Processo Civil. Observe 
que o juízo não poderá aceitar a juntada de documentos antigos após o ajuizamento 
da ação, salvo se for provado que tomou conhecimento após, pelo que é importante 
deduzir a sua pretensão em juízo com todos os documentos necessários. 
Por fim, deve ser atribuído à causa um valor. Neste ponto, é importantíssimo que você 
represente o conteúdo econômico do seu pedido, que é descrito nos artigos 291 e 
seguintes do Código de Processo Civil. Este valor impactará nas custas processuais e 
até mesmo na futura condenação em honorários advocatícios. Caso o valor esteja 
incorreto, o juiz pode corrigir de ofício ou o Réu pode impugnar, na contestação, o 
valor da causa. 
 
 
 
 
 
 
A petição deve ser assinada. Contudo, no exame da OAB, você não pode 
inserir o seu nome, pois não pode haver identificação na peça de quem 
está elaborando, sob pena de anulação da prova! 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 16 
Atenção, caso o juiz entenda que falte algum requisito da petição inicial ou 
documento essencial para a continuidade do feito, ele poderá determinar ao Réu a 
emenda da inicial. Caso a intimação não seja atendida, o juiz pode até mesmo 
indeferir a petição inicial e julgar o feito extinto, sem resolução do mérito! 
Agora temos todas as informações necessárias para elaborar uma petição. 
 
 
 
QUESTÃO 1 – Considerando o enunciado proposto, a empresa autora, situada em 
Bauru/SP, teve o seu veículo atingido quando transitava em Jaú/SP por um veículo de 
uma transportadora cuja sede é em São Paulo/SP. 
Enunciado: Considerando as regras de competência previstas no Código de Processo 
Civil, assinale a alternativa correta: 
a) A ação deve ser ajuizada, obrigatoriamente, na Comarca de São Paulo/SP, ou seja 
no domicílio do Réu. 
b) A ação deve ser ajuizada, obrigatoriamente, na Comarca de Bauru/SP, ou seja, o 
domicílio do Autor. 
c) A ação deve ser ajuizada, obrigatoriamente, na Comarca de Jaú/SP, local do 
acidente. 
d) Por se tratar de competência relativa, a ação pode ser ajuizada em São Paulo/SP, 
domicílio do Réu, ou em Jaú/SP, local do acidente. 
e) Por se tratar de competência relativa, a ação pode ser ajuizada em Bauru/SP, 
domicílio do Autor, ou em Jaú/SP, local do acidente. 
RESPOSTA CORRETA: E 
 
 
 
 
 
Primeira fase! 
 
 17 
Conforme dispõe o artigo 53, inciso V, do CPC, é competente: 
“V – Domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido 
em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.” 
Portanto, a empresa Caipira Hortaliças – ME poderia optar por seu foro ou pela 
Comarca do local do acidente. 
QUESTÃO 2 – Considerando a natureza da obrigação, marque a alternativa que 
representa qual procedimento será adotado para o ajuizamento da demanda. 
a) Procedimento comum. 
b) Procedimento especial de reparação de danos. 
c) Procedimento executivo. 
d) Procedimento de cumprimento de sentença. 
e) Procedimento de tutela provisória. 
RESPOSTA: 
O autor deverá optar pelo procedimento comum, pois, após verificar que trata-se de 
ação de responsabilidade civil por perdas e danos, verificando o Código de Processo 
Civil, percebe-se que não existe procedimento especial voltado à natureza dessa 
obrigação. 
Dessa forma, o autor deve se pautar no procedimento comum, previsto nos artigos 
318 e seguintes do novo CPC. 
 
 
 
 
Agora, é com você! Mãos à obra! 
Para iniciar, temos que definir qual a espécie de pedido será realizada no caso. Nesse 
ponto, pergunta-se: qual direito foi violado? Qual a consequência da violação do 
direito? Qual a forma de demonstrá-lo em juízo? 
 
Vamos Peticionar! 
 
 18 
Definida a natureza do direito, temos agora que definir a forma de exercer esse 
direito. Qual é a peça processual adequada a pleitear direitos? Como podemos 
definir o local e quais serão as partes envolvidas no processo? 
Após essas definições, temos que verificar quais fatos que podem ser provados 
devem ser inseridos na ação. Quais fatos você colocaria no processo? Após a 
narrativa desses, quais dispositivos legais amparam a pretensão do autor? Como 
relacionar os fatos narrados aos dispositivos legais inseridos? 
Feita a narrativa e a demonstração do direito que ampara a pretensão, deve-se fazer 
o pedido? De que forma podem ser realizados os pedidos? A procedência é dos 
pedidos ou da ação? O que mais deve ser pedido na peça processual? 
Qual valor da causa deve ser inserido?

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