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Direito Civil

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Prévia do material em texto

Seção 5 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
DIREITO 
CIVIL 
 
 2 
 
 
 
 
 
 
Caro aluno, a primeira questão é a definição do recurso cabível à espécie. 
Considerando que houve a prolação de uma sentença, com resolução de mérito, o 
recurso cabível é o de apelação, nos moldes do art. 1.009, do Código de Processo Civil 
(BRASIL, 2.015). 
 
O recurso de apelação deve ser interposto contendo uma peça de interposição à 
primeira instância, onde se identifica como juízo competente a Vara Cível e Comarca 
onde tramitou o processo, comunicando a interposição do recurso, requerendo a sua 
remessa à instância superior e requerendo a juntada do comprovante de pagamento 
das custas recursais (art. 1.010, parágrafo terceiro do Código de Processo Civil 
(BRASIL, 2.015). 
 
Em seguida, inicia-se a peça direcionada para a 2ª instância, onde devem ser 
inseridos os nomes das partes, dados do processo de primeira instância, e um 
direcionamento aos Desembargadores, para atender o disposto no art. 1.010, inciso 
I, do Código de Processo Civil. Importa salientar que, mesmo no regime do CPC de 
1.973 revogado, as peças são apresentadas simultaneamente, quando da 
interposição do Recurso de Apelação. 
 
É importante inserir um tópico atestando a tempestividade do recurso, onde será 
informada a data da publicação da decisão que se quer recorrer, a data de 
interposição e a conclusão pela sua tempestividade. 
 
 
 
Seção 5 
Na prática! 
 
 3 
Deve haver a exposição dos fatos, identificando a parte dispositiva da sentença e 
também a decisão dos Embargos de Declaração para efeito de, posteriormente, 
delimitar nas razões o objeto de impugnação do recurso, no sentido de atender ao 
disposto no art. 1.010, inciso II, do Código de Processo Civil. 
 
No caso, considerando que existe questão não julgada em primeiro grau, a 
impugnação ao valor da causa, é possível invocar, em sede de preliminar, o pedido 
para que haja o julgamento da impugnação ao valor da causa, em sede de apelação, 
a teor do art. 1.013, parágrafo 3, inciso III, do Código de Processo Civil, suscitando a 
ofensa ao art. 292, inciso IV, do Código de Processo Civil (Brasil, 2.015), pois o valor 
da causa não foi deduzido em consonância com o conteúdo econômico da causa. 
 
Em seguida, será apresentado o tópico DAS RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA 
DECISÃO, que é o mérito recursal. Esse tópico é redigido em cumprimento ao disposto 
no art. 1.010, inciso III, do Código de Processo Civil de 2.015 (BRASIL, 2.015). Nesse 
tópico deve constar a existência de contradição da fundamentação de conclusão 
quanto as provas produzidas, relatadas na própria sentença com a conclusão a que 
chegou o magistrado quanto à culpa das partes. Deve-se fazer uma contraposição 
desses argumentos, invocando a ofensa ao art. 1.022, inciso I do Código de Processo 
Civil, mencionando que as provas dos autos indicam para a culpa exclusiva da Apelada 
no evento e que deveria haver responsabilidade exclusiva desta pelo acidente. Quanto 
às razões de direito, deve-se mencionar que tal decisão contraria o disposto nos artigos 
186, 927, 944 e 945, do Código Civil e arts 28, 29, inciso II e 34, do Código de Trânsito 
Brasileiro, afirmando que os dispositivos foram aplicados de forma incorreta, pois não 
houve responsabilidade da Apelante e não deveria haver imputação de culpa 
concorrente à Apelante, pois a causa preponderante do acidente foi invasão do veículo 
da Apelada na contramão direcional da Apelante. Recomenda-se inserir jurisprudência 
no sentido da abaixo colacionada: 
 
“ACIDENTE DE TRÂNSITO. Derrapagem – Invasão da faixa de 
direção oposta. Óleo na pista. Fato perfeitamente previsível. 
Responsabilidade do condutor reconhecida. Precedentes 
jurisprudenciais. Indenização material devida. Dano moral 
 
 4 
inocorrente. Recurso a que se dá provimento parcial. (TJSP, Apel. 
Civ. N. 992.08.048771-1, Rel. Des. Milton Carvalho, j. 7/12/2010). 
 
 
Em seguida, em respeito ao princípio da eventualidade, deve haver um tópico 
afirmando que, caso o juiz entenda por alguma culpa da Apelante, que seja 
novamente mensurado o grau de culpabilidade, pois as provas indicam pela 
responsabilidade muito maior da apelada no acidente, devendo haver a 
redistribuição dos percentuais, sob pena de ofensa aos artigos 944 e 945, do Código 
Civil Brasileiro (BRASIL, 2.002). 
 
Em seguida, deve ser apresentado um tópico de pedido de reforma da distribuição dos 
honorários e custas processuais, posto que a sentença apresenta aparente 
contradição, pois a decisão dos Embargos de Declaração alterou os percentuais da 
condenação para 40% à Ré e 60% à Autora sem, contudo, alterar a distribuição 
sucumbencial proporcional à condenação, o que ofendeu o disposto no art. 86, do 
Código de Processo Civil (BRASIL, 2.015). No mesmo tópico, deve-se refletir a respeito 
da possibilidade de inversão da condenação das custas processuais e honorários de 
advogado em caso de procedência total do recurso e, caso haja procedência parcial 
para redistribuir a condenação, que seja considerada a possibilidade de que a Autora 
seja responsável por arcar com todo o valor da condenação, a teor do art. 86, parágrafo 
único, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2.015). 
 
Por fim, é importante invocar a reforma da decisão em relação à compensação de 
honorários, aduzindo a inaplicabilidade da súmula 306, do Superior Tribunal de Justiça, 
em virtude da aplicabilidade do artigo 85, §14, do Código de Processo Civil (BRASIL 
2.015). 
 
No pedido de reforma da decisão, em atendimento ao disposto no art. 1.010, inciso IV, 
do Código de Processo Civil (BRASIL, 2.015), deve ser feito requerimento para 
intimação do apelado para apresentação de contrarrazões. Nos pedidos deve ser 
 
 5 
requerido o provimento do recurso de apelação para, preliminarmente, reformar a r. 
sentença, para julgar procedente a impugnação ao valor da causa, no sentido de 
alterar o valor da causa para R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) e, no mérito 
recursal, julgar improcedentes os pedidos iniciais e totalmente procedentes os pedidos 
da reconvenção, para considerar procedente a impugnação ao valor da causa, bem 
como para condenar a Apelada no pagamento da quantia de R$ 22.000,00 (vinte e dois 
mil reais), com inversão dos ônus sucumbenciais. Caso não se entenda dessa forma, 
deve o recurso ser provido parcialmente para alterar o percentual da responsabilidade 
pelo acidente, bem como alteração dos ônus sucumbências e despesas processuais, 
retirando-se a compensação de honorários. 
A peça processual deve ser concluída com o lançamento da data do último dia do prazo 
recursal, que vence em 07/12/2018, bem como o nome e assinatura do advogado. 
 
Aqui, registramos novamente que, em Exames da Ordem dos Advogados, você não 
deve se identificar! 
 
 
 
EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU/SP 
 
Autos do processo nº ............................... 
 
 VIAÇÃO METEORO LTDA., já qualificada nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO 
POR DANOS MATERIAIS C/C PERDAS E DANOS que lhe move CAIPIRA HORTALIÇAS 
LTDA., inconformada com a r. sentença de fls., que julgou parcialmente procedentes 
os pedidos iniciais vem, respeitosamente, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO 
com fundamento nos art. 1.009 do Código de Processo Civil, requerendo a sua remessa 
à instância superior após as formalidades de estilo bem como o provimento do recurso 
para reformar a r. sentença. 
Questão de ordem! 
 
 6 
 
 Requer a juntada do comprovante de pagamento das custas processuais 
referentes ao recurso. 
 
 Termos em que, 
 pede e espera deferimento. 
 
 Belo Horizonte, .... de ....................... de ............. 
 
 
 
 P/p. Nome do advogado 
 Assinatura e OAB 
 
APELANTE: VIAÇÃO METEORO LTDA. 
APELADA: CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA. 
 
 
 
Autos de nº............................ 
 
 
Comarca de Bauru/SP 
 
 
 
 7 
EMÉRITOS DESEMBARGADORES, 
 
 DOS FATOSA Apelada ajuizou a presente ação de indenização aduzindo, em síntese que, em 
11/02/2017, o veículo da ora Apelante teria causado danos ao veículo de propriedade 
da Autora, em virtude de acidente de trânsito. Ao final, a Apelada pediu o valor de R$ 
35.000,00 referente ao conserto do veículo, além de danos emergentes representados 
pelo valor de 10.000,00, relativos ao valor do prejuízo sofrido com fornecedores e 
locador do imóvel, além de R$ 30.000,00 referentes aos lucros cessantes da empresa 
pela paralisação da atividade. 
 
Após ser devidamente citada, a Apelante apresentou sua contestação, na qual foi 
negada a responsabilidade pelo acidente de trânsito, tendo em vista as provas 
produzidas. Foi também requerida denunciação da lide da empresa Trafegar S/A, bem 
como pedido de reconvenção, ao requerendo o conserto no veículo da Reconvinte, no 
valor de R$ 22.000,00. 
 
Inicialmente, a denunciação da lide foi indeferida, pela ausência de juntada da Apólice 
original de seguro e do Contrato de Seguro. Contudo, posteriormente, 
 
após a impugnação, ocorreu audiência de instrução e julgamento, onde as partes 
ouviram as suas testemunhas. 
 
Encerrada a instrução, o r. juízo julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, 
para condenar a ré ao pagamento do percentual de 60% do valor dos reparos do 
veículo e dos lucros cessantes, e também parcialmente procedente a Reconvenção, 
para condenar a ora Apelada ao pagamento da quantia correspondente a 40% do valor 
dos reparos requeridos em sede de reconvenção. 
 
 
 8 
A ora Apelante interpôs Embargos de Declaração, ante a ocorrência de omissão e 
contradição. O juízo acolheu parcialmente os Embargos de Declaração, para julgar 
procedente a denunciação da lide, bem como para redistribuir a condenação, de modo 
a harmonizar com a parte de fundamentação e a dispositiva, condenando assim a ora 
Apelante ao pagamento da quantia correspondente a 40% do valor da indenização 
pelo conserto do veículo da autora e lucros cessantes, condenando ainda a ora Apelada 
ao pagamento do montante correspondente a 60% do valor do conserto do veículo da 
Apelante. Não obstante, não reconheceu contradição relacionada `a distribuição dos 
ônus sucumbenciais, bem como da distribuição da culpa divergente das provas 
existentes nos autos. 
 
Esta a decisão que se pretende apelar. 
 
 TEMPESTIVIDADE. 
 
A r. decisão que acolheu parcialmente os Embargos de Declaração, interpostos 
tempestivamente da r. sentença, foi publicada em ................... 
 
Dessa forma, conclui-se que o termo final para apresentação do Recurso de Apelação 
vence em .......... 
 
Isto posto, conclui-se que é tempestiva a presente apelação. 
 
 PRELIMINARMENTE – DA AUSÊNCIA DE DECISÃO DA IMPUGNAÇÃO DO VALOR DA 
CAUSA. 
 
O art. 1.013, parágrafo 3, inciso III, do Código de Processo Civil, admite-se que apelação 
verse sobre pedido ou questão não julgada pela r. sentença, por omissão. 
 
 
 9 
Observa-se que a Apelante apresentou em sua contestação, Impugnação ao valor da 
causa, buscando a alteração do valor da demanda de R$ 1.000,00 para R$ 75.000,00, 
para que fosse adequado o conteúdo econômico do pedido. Ocorre que o r. juízo não 
julgou tal situação, revelando-se a omissão em prejuízo à Apelante, pois eventual 
reversão do julgado vai repercutir nas verbas de custas processuais e honorários 
advocatícios. 
 
Tal situação infringiu o disposto no art. 292, inciso V, do Código de Processo Civil. 
 
Dessa forma, requer a V.Exª. preliminarmente, que seja apreciado o pedido de 
impugnação ao valor da causa, com o provimento do recurso de apelação, para alterar 
o valor da causa para R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais). 
 
 DAS RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO. 
 
 
Lamentavelmente, o digno juízo de 1º grau não agiu com o costumeiro acerto na r. 
sentença, pois a decisão foi prolatada sem considerar da forma correta as provas 
produzidas nos autos. Ademais, a partir das provas produzidas nos autos, pode-se 
concluir que a culpa exclusiva do acidente foi da empresa Apelada. 
 
Com efeito, a r. sentença, com as alterações decorrentes do provimento parcial dos 
Embargos de Declaração, julgou “parcialmente procedentes os pedidos da Autora 
Caipira Hortaliças, para condenar a Ré Viação Meteoro Ltda. no pagamento da quantia 
de R$ 14.000,00 (quatorze mil reais), correspondentes a 40% do valor do conserto do 
veículo, bem como da quantia de R$ 12.000,00 (doze mil reais), correspondente a 40% 
do valor dos lucros cessantes requeridos na exordial. Julgo improcedente o pedido de 
danos emergentes referentes aos fornecedores e locador do imóvel da Autora. Os 
valores deverão ser corrigidos pela tabela da corregedoria de justiça e os juros 
moratórios de 1%, contados ambos a partir do fato danoso, a teor das súmulas 43 e 54 
do Superior Tribunal de Justiça. Fixo os honorários em 20% sobre o valor atribuído à 
 
 10 
causa, devendo a Autora arcar com 40% do valor e a Ré a arcar com 60% do valor, 
permitida a compensação, nos termos da súmula 306 do Superior Tribunal de Justiça. 
Custas processuais na mesma proporção, devendo a Autora arcar com 40% e a Ré a 
arcar com 60%. 
 
 
Ocorre que a r. sentença apresenta grave contradição, bem como divergência em 
relação às provas produzidas nos autos. Ademais, a distribuição dos honorários 
advocatícios ocorreu com divergência ao grau de culpabilidade das partes, 
considerado pelo r. juízo, representando em prejuízo à ora Apelante. Por fim, permitiu 
a compensação de honorários de sucumbência, que não é mais admitida pelo Código 
de Processo Civil Brasileiro. 
 
Dessa forma, a decisão carece de reforma. Senão vejamos: 
 
 DA CULPA EXCLUSIVA DA APELADA PELO ACIDENTE – DECISÃO 
EM CONTRARIEDADE ÀS PROVAS PRODUZIDAS PELOS AUTOS. 
 
Na r. sentença, houve o entendimento de que “considerando essas 
circunstâncias, ambos os motoristas infringiram o disposto nos artigos 28, 29, inciso II 
e 34 do Código Brasileiro de Trânsito. 
 
No caso, faltou às partes a necessária diligência no cumprimento das normas de 
trânsito, sendo certo que a conduta de uma ocasionou o equívoco da outra.” 
 
Ocorre que, como demonstram os depoimentos das testemunhas, bem como 
do relato dos peritos e policiais que acompanharam a perícia, a posição final dos 
veículos e a percepção das testemunhas indicaram que, na verdade, o veículo da 
Apelada foi quem invadiu a contramão direcional, por ter perdido o controle do veículo 
em razão de ter derrapado. 
 
 11 
 
Ora, a própria sentença, ao fazer o relato na parte dispositiva, reconhece que “O 
depoimento da testemunha 1, qualificada na ata de audiência, demonstra que o 
veículo ônibus conseguiu parar primeiro, e foi atingido posteriormente. No entanto, o 
depoimento da testemunha, bem como dos peritos que cobriram o evento, indicavam 
que o veículo da Autora teria invadido a contramão direcional, vindo a colidir no veículo 
da Ré.” 
 
Essa afirmativa indicava que o juiz concluiu pela culpa do veículo da Autora, 
que causou a colisão em razão da invasão da contramão direcional. 
 
No entanto, no momento de realizar a conclusão, o r. juízo se equivocou, 
preferindo o caminho de distribuir os prejuízos entre as partes, em autêntica 
contradição na r. sentença. 
 
Mas, não obstante ter sido alertado nos Embargos de Declaração de tamanha 
contradição, o r. juízo entendeu por manter a culpa concorrente, embora todos os 
elementos probatórios indiquem que a culpa é exclusiva da Apelada! 
 
Nesse ponto, restaram infringidos os artigos 186 e 927 do Código Civil, e houve 
aplicação equivocada dos arts. 944 e 945, também do Digesto Civil earts. 46 e 48, §1º 
do Código de Trânsito Brasileiro, pois a narrativa apresentada na contestação indicou 
que a sentença não está em harmonia com as provas apresentadas nos autos. 
 
 A decisão infringiu também o art. 1.022, inciso I, do Código de Processo Civil, 
pois não eliminou a contradição apontada nos Embargos de Declaração.No caso, restou devidamente provado que não houve negligência, imprudência 
ou imperícia pelo condutor da Apelante, posto que a batida ocorreu em razão de 
invasão da contramão direcional do veículo da Apelada. Tal situação indica que, por 
 
 12 
conseguinte, não há o dever de indenizar, já que a culpa exclusiva do acidente foi da 
Ré/Apelada. 
 
Em casos similares, já se decidiu que a responsabilidade do acidente é de quem 
invadiu a contramão direcional: 
 
“ACIDENTE DE TRÂNSITO. Derrapagem – Invasão da faixa de 
direção oposta. Óleo na pista. Fato perfeitamente previsível. 
Responsabilidade do condutor reconhecida. Precedentes 
jurisprudenciais. Indenização material devida. Dano moral 
inocorrente. Recurso a que se dá provimento parcial. (TJSP, Apel. 
Civ. N. 992.08.048771-1, Rel. Des. Milton Carvalho, j. 7/12/2010). 
 
“RESPONSABILIDADE CIVIL - Acidente de trânsito - Colisão de 
veículos trafegando em sentidos 
opostos. Invasão da contramão por um deles. Culpado 
motorista que assim procede, ainda mais porque levava 
passageiros na caçamba da camionete. Proprietária do veículo 
que responde por culpa "in vigilando", na medida em que 
permitiu a sua utilização por terceiro, ainda que sem vínculo 
empregatício para consigo, pouco importando, de resto, que se 
tratasse de transporte gratuito. Recurso da requerida 
desprovido. RESPONSABILIDADE 
CIVIL. Acidente de trânsito. Indenização por danos morais. 
Dano moral que decorre do próprio acidente, sendo até mesmo 
desnecessária a prova efetiva do sofrimento do autor. O valor 
da indenização por danos morais, porque ausentes parâmetros 
legais, está reservado ao prudente arbítrio do juiz, de sorte que, 
fixado em patamar razoável, tendo em vista as circunstâncias da 
causa, sem contrariar a lei ou o bom senso, não se revelando 
irrisório e nem exorbitante, descabe a intervenção do órgão 
colegiado a respeito. Recursos desprovidos. RESPONSABILIDADE 
CIVIL. Acidente de trânsito . Indenização por danos materiais. 
 
 13 
As despesas havidas com medicamentos e transporte realizadas 
após o acidente devem ser ressarcidas, inclusive as 
supervenientes à sentença, que futuramente venha a vítima 
arcar em consequência das sequelas decorrentes do sinistro, até 
o final da convalescença, estas apuráveis em liquidação por 
artigos. Recurso da requerida parcialmente provido.”(TJSP, Apel. 
Civ. 9202361-77.2005.8.26.0000, rel. Des. João Thomas Diaz 
Parra, j. 29/03/2007). 
 
 Dessa forma, conclui-se que a decisão carece de reforma, para que sejam 
julgados totalmente improcedentes os pedidos da Autora/Apelada. 
 
 Por outra senda, nota-se que a decisão quanto à reconvenção também carece 
de reforma, pois, se houver o reconhecimento de que houve a improcedência dos 
pedidos da Apelada, em vista do acidente ter ocorrido por sua exclusiva 
responsabilidade, é também necessário reconhecer a procedência total do pedido 
manifestado na reconvenção, o que induz à necessidade de reforma da r. sentença 
quanto a esse pedido, pois não faria qualquer sentido julgar improcedente um pedido 
da Autora sem reconhecer a procedência total dos pedidos da Apelante. 
 
 Assim, deve o recurso ser provido, para reformar a decisão e condenar a Apelada 
ao pagamento da quantia de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais), referentes ao 
conserto do veículo. 
 
 PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE – CULPA CONCORRENTE COM ALTERAÇÃO DA 
DISTRIBUIÇÃO DE CULPA. 
 
 No entanto, atento ao princípio da eventualidade, ainda que se entenda por 
alguma culpa da Apelante, infere-se que o r. juízo cometeu equívoco quando distribuiu 
a culpa do acidente em 40% para esta Apelante e 60% para a Apelada. O fato do 
 
 14 
preposto da Apelante ter feito uma manobra brusca foi uma resposta reflexa do ato 
imprudente cometido pelo condutor do veículo de propriedade da Apelada. 
 
 Com efeito, pelos depoimentos das testemunhas, peritos e policiais, verifica-se 
que a causa preponderante do acidente foi a invasão do veículo na contramão 
direcional, o que atrai, no mínimo, 80% da responsabilidade do acidente para a 
Apelada. 
 
 Assim, ainda que se entenda por alguma culpa por parte da ora Apelante, 
constata-se que houve ofensa ao art. 945 do Código Civil, pois não houve a devida 
distribuição da condenação na proporção de culpa das partes. 
 
 Portanto, caso não se entenda pela culpa exclusiva das partes, deve a r. sentença 
ser reformada para alterar o percentual e culpa e, por conseguinte, a condenação da 
Apelada, que deve ficar em, no máximo, 20% dos valores, seja dos danos materiais, 
lucros cessantes ou 
 
 DA DISTRIBUIÇÃO EQUIVOCADA DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – PEDIDO 
DE REFORMA DA DECISÃO – IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS. 
 
 Na parte dispositiva da r. sentença, a distribuição dos ônus sucumbenciais foi da 
seguinte forma: 
 
“Fixo os honorários em 20% sobre o valor atribuído à causa, devendo a Autora arcar 
com 40% do valor e a Ré a arcar com 60% do valor, permitida a compensação, nos 
termos da súmula 306, do Superior Tribunal de Justiça. Custas processuais na mesma 
proporção, devendo a Autora arcar com 40% e a Ré a arcar com 60%.” 
 
 
 15 
 Inicialmente, deve ser ressaltado que eventual procedência total do recurso, 
para reconhecer a culpa exclusiva, deve reverter a distribuição sucumbencial contra a 
Apelante. 
 
 Não obstante, nota-se que a r. decisão incorreu em equívoco, quando condenou 
a Apelante em honorários em proporção distinta à da sua derrota no feito. 
 
 Isto porque, ao dar parcial provimento aos Embargos de Declaração, a alteração 
dos percentuais ali fixados deveria ter causado a alteração do percentual de 
distribuição dos ônus sucumbenciais. 
 
Neste ponto, dispõe o art. 86, do Código de Processo Civil: 
 
“Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, 
serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. 
Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do 
pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos 
honorários.” 
Ao se equivocar nos percentuais, a decisão incorreu em ofensa ao referido 
dispositivo, pelo que deve haver a correção. No entanto, caso seja reformada a decisão 
quanto ao percentual, e constatada a sucumbência mínima, deve a parte Apelada ser 
responsabilizada totalmente pelas despesas e honorários de sucumbência, pelo que 
requer a reforma da decisão no tocante à distribuição dos honorários e despesas 
processuais. 
Por fim, observa-se que a r. sentença, de forma equivocada, invocou a aplicação 
da Súmula 306, do Superior Tribunal de Justiça, para determinar a compensação dos 
honorários de sucumbência. 
 
 
 16 
Todavia, o Código de Processo Civil, em seu art. 85, parágrafo 14, do Código de 
Processo Civil: 
“Art. 85- (omissis) 
 
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm 
natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos 
oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a 
compensação em caso de sucumbência parcial.” 
Ressalte-se que a referida súmula era aplicável sob a égide do CPC de 1.973, e já 
não há mais pertinência em sua utilização, ante a expressa disposição legal quanto à 
propriedade dos honorários e a impossibilidade de compensação. Dessa forma, restou 
infringido o art. 85, parágrafo 14, do Código de Processo Civil. 
 
 Isto posto, deve a decisão ser reformada, para que seja decotada da decisão a 
possibilidade de compensação de honorários. 
 
 CONCLUSÃO 
DO REQUERIMENTO 
 Isto posto, requer: 
 
A intimação da Apelada para, se quiser, apresentar suas contrarrazões. 
DOS PEDIDOS 
Oo provimento do recurso de apelação, para, preliminarmente, reformar a r. 
sentença, para julgar procedente a impugnação ao valor da causa, no sentido de 
alterar o valor da causa para R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) e, no mérito 
recursal, julgar improcedentes os pedidos iniciais e totalmente procedentes os 
 
 17 
pedidos da reconvenção, para considerar procedente a impugnaçãoao valor da 
causa, bem como para condenar a Apelada no pagamento da quantia de R$ 
22.000,00 (vinte e dois mil reais) com inversão dos ônus sucumbenciais. Caso não 
se entenda dessa forma, deve o recurso ser provido parcialmente, para alterar o 
percentual da responsabilidade pelo acidente, bem como alteração dos ônus 
sucumbências e despesas processuais, retirando-se a compensação de honorários. 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
07, de dezembro de 2.018. 
 
P/p. Nome do advogado 
 Assinatura do Advogado e OAB 
 
 
 
1- Qual o recurso deve ser interposto das decisões que resolvam ou não o mérito 
da causa? 
RESPOSTA: O art. 1.009, do CPC, aduz que o recurso cabível da sentença é a apelação. 
2- O recurso de apelação deve ser interposto apenas em relação às situações 
previstas na sentença, ou pode abranger outras situações julgadas no 
processo? 
RESPOSTA: O Recurso de Apelação, com a redação do Código de Processo Civil de 
2.015, abrange não só as razões de mérito como também pedidos não apreciados ao 
longo do primeiro grau, e decisões interlocutórias que não poderiam ser objeto de 
agravo. 
 
 
Resolução comentada 
 
 18 
3- Quais são os efeitos previstos no CPC para o Recurso de Apelação? 
RESPOSTA: Temos os efeitos devolutivo, suspensivo e translativo. 
 
O efeito devolutivo permite que todas as matérias impugnadas no recurso possam ser 
reapreciadas pelo Tribunal responsável pelo julgamento do recurso. Esse efeito 
devolutivo pode abranger as matérias deduzidas em primeiro grau julgadas e as que 
não foram apreciadas pelo juízo. Podem também abranger questões que poderiam ser 
apreciadas de ofício pelo juízo. Quanto ao efeito translativo, este permite que 
nulidades que sejam declaradas permitam que o tribunal, de imediato, julgue essas 
questões, sem necessidade de que os autos sejam enviados ao juízo de primeira 
instância. 
Por fim, quanto ao efeito suspensivo, ele quer dizer que a eficácia da decisão fica 
suspensa até o julgamento deste. Lembramos que, em regra, o efeito suspensivo 
prevalece, mas existem hipóteses previstas em lei em que não há efeito suspensivo. 
Vale lembrar também que, se a decisão contiver parte de matérias em que é possível 
o efeito suspensivo e parte não suscetível a efeito suspensivo, a apelação pode ser 
recebida no efeito suspensivo em relação à primeira e sem efeito suspensivo em 
relação à segunda. 
 
4- No caso em exame, quais partes você recomendaria a inclusão no recurso de 
apelação? Quais os tópicos deveriam ser inseridos? 
RESPOSTA: Inicialmente, a peça deve ser dividida em duas partes, sendo a primeira 
ao juízo prolator da decisão e a segunda ao tribunal. Na primeira, deve ser dirigida 
ao juízo de primeiro grau, com nome das partes, número de processo e interposição 
do recurso. Depois, deve ser apresentado um tópico de tempestividade para 
confirmar o preenchimento desse pressuposto recursal. Devem ser narrados os 
principais fatos da lide, especialmente os que vão ser objeto de abordagem em seu 
recurso, finalizando com o resumo da decisão recorrida. Pode haver a inclusão de 
preliminar, que vai dizer respeito a vícios da decisão, questões não julgadas em 
primeiro grau por omissão do juízo ou decisões interlocutórias não agraváveis, 
como explicado anteriormente. Em seguida, nas razões para o pedido de reforma 
da decisão, deve haver a inserção dos trechos ou fundamentos da decisão que se 
quer recorrer, com a crítica quanto ao seu equívoco e a necessidade de reforma. 
Ao final, deve-se pedir pelo provimento do recurso, para a reforma ou cassação da 
decisão, buscando assim fazer prevalecer o resultado almejado pelo cliente. 
 
 19 
 
5- Em relação às mudanças introduzidas no Recurso de Apelação pelo Código de 
Processo Civil de 2.015, quais as situações estão sendo discutidas na doutrina 
e jurisprudência e que merecem atenção? 
 
RESPOSTA: 
As modificações introduzidas pela Apelação tem causado muitas reflexões a 
respeito da sua aplicabilidade prática. Para ilustrarmos essa situação, trouxemos 
aqui algumas situações já ilustradas pelo Fórum Permanente de Processualistas. 
 
Enunciado 23- (art. 218, § 4º; art. 1.003) O Tribunal não poderá julgar extemporâneo 
ou intempestivo recurso, na instância ordinária ou na extraordinária, interposto 
antes da abertura do prazo. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral 
dos Recursos, Apelação e Agravo) 
 
Enunciado 82- (art. 932, parágrafo único; art. 938, § 1º) É dever do relator, e não 
faculdade, conceder o prazo ao recorrente para sanar o vício ou complementar a 
documentação exigível, antes de inadmitir qualquer recurso, inclusive os 
excepcionais. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, 
Apelação e Agravo) 
 
Enunciado 83- (art. 932, parágrafo único; art. 76, § 2º; art. 104, § 2º; art. 1.029, § 3º) 
Fica superado o enunciado 115 da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC 
(“Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem 
procuração nos autos”). (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos 
Recursos, Apelação e Agravo) 
 
Enunciado 99 - (art. 1.010, §3º) O órgão a quo não fará juízo de admissibilidade da 
apelação. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, 
Apelação e Agravo) 
 
 
 20 
Enunciado 207 - (arts. 988, I, 1,010, § 3º, 1.027, II, “b”) Cabe reclamação, por 
usurpação da competência do tribunal de justiça ou tribunal regional federal, contra 
a decisão de juiz de 1º grau que inadmitir recurso de apelação. (Grupo: Ordem dos 
Processos nos Tribunais e Recursos Ordinários) 
 
Enunciado 217- (arts. 1.012, § 1º, V, 311) A apelação contra o capítulo da sentença 
que concede, confirma ou revoga a tutela antecipada da evidência ou de urgência 
não terá efeito suspensivo automático82 . (Grupo: Ordem dos Processos nos 
Tribunais e Recursos Ordinários) 
 
Enunciado 218- (art. 1.026) A inexistência de efeito suspensivo dos embargos de 
declaração não autoriza o cumprimento provisório da sentença nos casos em que a 
apelação tenha efeito suspensivo. (Grupo: Ordem dos Processos nos Tribunais e 
Recursos Ordinários) 
 
Enunciado 243- (art. 85, § 11). No caso de provimento do recurso de apelação, o 
tribunal redistribuirá os honorários fixados em primeiro grau e arbitrará os 
honorários de sucumbência recursal. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. 
Prazos).

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