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Seção 5 ESPELHO DE CORREÇÃO DIREITO CIVIL 2 Caro aluno, a primeira questão é a definição do recurso cabível à espécie. Considerando que houve a prolação de uma sentença, com resolução de mérito, o recurso cabível é o de apelação, nos moldes do art. 1.009, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2.015). O recurso de apelação deve ser interposto contendo uma peça de interposição à primeira instância, onde se identifica como juízo competente a Vara Cível e Comarca onde tramitou o processo, comunicando a interposição do recurso, requerendo a sua remessa à instância superior e requerendo a juntada do comprovante de pagamento das custas recursais (art. 1.010, parágrafo terceiro do Código de Processo Civil (BRASIL, 2.015). Em seguida, inicia-se a peça direcionada para a 2ª instância, onde devem ser inseridos os nomes das partes, dados do processo de primeira instância, e um direcionamento aos Desembargadores, para atender o disposto no art. 1.010, inciso I, do Código de Processo Civil. Importa salientar que, mesmo no regime do CPC de 1.973 revogado, as peças são apresentadas simultaneamente, quando da interposição do Recurso de Apelação. É importante inserir um tópico atestando a tempestividade do recurso, onde será informada a data da publicação da decisão que se quer recorrer, a data de interposição e a conclusão pela sua tempestividade. Seção 5 Na prática! 3 Deve haver a exposição dos fatos, identificando a parte dispositiva da sentença e também a decisão dos Embargos de Declaração para efeito de, posteriormente, delimitar nas razões o objeto de impugnação do recurso, no sentido de atender ao disposto no art. 1.010, inciso II, do Código de Processo Civil. No caso, considerando que existe questão não julgada em primeiro grau, a impugnação ao valor da causa, é possível invocar, em sede de preliminar, o pedido para que haja o julgamento da impugnação ao valor da causa, em sede de apelação, a teor do art. 1.013, parágrafo 3, inciso III, do Código de Processo Civil, suscitando a ofensa ao art. 292, inciso IV, do Código de Processo Civil (Brasil, 2.015), pois o valor da causa não foi deduzido em consonância com o conteúdo econômico da causa. Em seguida, será apresentado o tópico DAS RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO, que é o mérito recursal. Esse tópico é redigido em cumprimento ao disposto no art. 1.010, inciso III, do Código de Processo Civil de 2.015 (BRASIL, 2.015). Nesse tópico deve constar a existência de contradição da fundamentação de conclusão quanto as provas produzidas, relatadas na própria sentença com a conclusão a que chegou o magistrado quanto à culpa das partes. Deve-se fazer uma contraposição desses argumentos, invocando a ofensa ao art. 1.022, inciso I do Código de Processo Civil, mencionando que as provas dos autos indicam para a culpa exclusiva da Apelada no evento e que deveria haver responsabilidade exclusiva desta pelo acidente. Quanto às razões de direito, deve-se mencionar que tal decisão contraria o disposto nos artigos 186, 927, 944 e 945, do Código Civil e arts 28, 29, inciso II e 34, do Código de Trânsito Brasileiro, afirmando que os dispositivos foram aplicados de forma incorreta, pois não houve responsabilidade da Apelante e não deveria haver imputação de culpa concorrente à Apelante, pois a causa preponderante do acidente foi invasão do veículo da Apelada na contramão direcional da Apelante. Recomenda-se inserir jurisprudência no sentido da abaixo colacionada: “ACIDENTE DE TRÂNSITO. Derrapagem – Invasão da faixa de direção oposta. Óleo na pista. Fato perfeitamente previsível. Responsabilidade do condutor reconhecida. Precedentes jurisprudenciais. Indenização material devida. Dano moral 4 inocorrente. Recurso a que se dá provimento parcial. (TJSP, Apel. Civ. N. 992.08.048771-1, Rel. Des. Milton Carvalho, j. 7/12/2010). Em seguida, em respeito ao princípio da eventualidade, deve haver um tópico afirmando que, caso o juiz entenda por alguma culpa da Apelante, que seja novamente mensurado o grau de culpabilidade, pois as provas indicam pela responsabilidade muito maior da apelada no acidente, devendo haver a redistribuição dos percentuais, sob pena de ofensa aos artigos 944 e 945, do Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2.002). Em seguida, deve ser apresentado um tópico de pedido de reforma da distribuição dos honorários e custas processuais, posto que a sentença apresenta aparente contradição, pois a decisão dos Embargos de Declaração alterou os percentuais da condenação para 40% à Ré e 60% à Autora sem, contudo, alterar a distribuição sucumbencial proporcional à condenação, o que ofendeu o disposto no art. 86, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2.015). No mesmo tópico, deve-se refletir a respeito da possibilidade de inversão da condenação das custas processuais e honorários de advogado em caso de procedência total do recurso e, caso haja procedência parcial para redistribuir a condenação, que seja considerada a possibilidade de que a Autora seja responsável por arcar com todo o valor da condenação, a teor do art. 86, parágrafo único, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2.015). Por fim, é importante invocar a reforma da decisão em relação à compensação de honorários, aduzindo a inaplicabilidade da súmula 306, do Superior Tribunal de Justiça, em virtude da aplicabilidade do artigo 85, §14, do Código de Processo Civil (BRASIL 2.015). No pedido de reforma da decisão, em atendimento ao disposto no art. 1.010, inciso IV, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2.015), deve ser feito requerimento para intimação do apelado para apresentação de contrarrazões. Nos pedidos deve ser 5 requerido o provimento do recurso de apelação para, preliminarmente, reformar a r. sentença, para julgar procedente a impugnação ao valor da causa, no sentido de alterar o valor da causa para R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) e, no mérito recursal, julgar improcedentes os pedidos iniciais e totalmente procedentes os pedidos da reconvenção, para considerar procedente a impugnação ao valor da causa, bem como para condenar a Apelada no pagamento da quantia de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais), com inversão dos ônus sucumbenciais. Caso não se entenda dessa forma, deve o recurso ser provido parcialmente para alterar o percentual da responsabilidade pelo acidente, bem como alteração dos ônus sucumbências e despesas processuais, retirando-se a compensação de honorários. A peça processual deve ser concluída com o lançamento da data do último dia do prazo recursal, que vence em 07/12/2018, bem como o nome e assinatura do advogado. Aqui, registramos novamente que, em Exames da Ordem dos Advogados, você não deve se identificar! EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU/SP Autos do processo nº ............................... VIAÇÃO METEORO LTDA., já qualificada nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C PERDAS E DANOS que lhe move CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA., inconformada com a r. sentença de fls., que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais vem, respeitosamente, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO com fundamento nos art. 1.009 do Código de Processo Civil, requerendo a sua remessa à instância superior após as formalidades de estilo bem como o provimento do recurso para reformar a r. sentença. Questão de ordem! 6 Requer a juntada do comprovante de pagamento das custas processuais referentes ao recurso. Termos em que, pede e espera deferimento. Belo Horizonte, .... de ....................... de ............. P/p. Nome do advogado Assinatura e OAB APELANTE: VIAÇÃO METEORO LTDA. APELADA: CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA. Autos de nº............................ Comarca de Bauru/SP 7 EMÉRITOS DESEMBARGADORES, DOS FATOSA Apelada ajuizou a presente ação de indenização aduzindo, em síntese que, em 11/02/2017, o veículo da ora Apelante teria causado danos ao veículo de propriedade da Autora, em virtude de acidente de trânsito. Ao final, a Apelada pediu o valor de R$ 35.000,00 referente ao conserto do veículo, além de danos emergentes representados pelo valor de 10.000,00, relativos ao valor do prejuízo sofrido com fornecedores e locador do imóvel, além de R$ 30.000,00 referentes aos lucros cessantes da empresa pela paralisação da atividade. Após ser devidamente citada, a Apelante apresentou sua contestação, na qual foi negada a responsabilidade pelo acidente de trânsito, tendo em vista as provas produzidas. Foi também requerida denunciação da lide da empresa Trafegar S/A, bem como pedido de reconvenção, ao requerendo o conserto no veículo da Reconvinte, no valor de R$ 22.000,00. Inicialmente, a denunciação da lide foi indeferida, pela ausência de juntada da Apólice original de seguro e do Contrato de Seguro. Contudo, posteriormente, após a impugnação, ocorreu audiência de instrução e julgamento, onde as partes ouviram as suas testemunhas. Encerrada a instrução, o r. juízo julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, para condenar a ré ao pagamento do percentual de 60% do valor dos reparos do veículo e dos lucros cessantes, e também parcialmente procedente a Reconvenção, para condenar a ora Apelada ao pagamento da quantia correspondente a 40% do valor dos reparos requeridos em sede de reconvenção. 8 A ora Apelante interpôs Embargos de Declaração, ante a ocorrência de omissão e contradição. O juízo acolheu parcialmente os Embargos de Declaração, para julgar procedente a denunciação da lide, bem como para redistribuir a condenação, de modo a harmonizar com a parte de fundamentação e a dispositiva, condenando assim a ora Apelante ao pagamento da quantia correspondente a 40% do valor da indenização pelo conserto do veículo da autora e lucros cessantes, condenando ainda a ora Apelada ao pagamento do montante correspondente a 60% do valor do conserto do veículo da Apelante. Não obstante, não reconheceu contradição relacionada `a distribuição dos ônus sucumbenciais, bem como da distribuição da culpa divergente das provas existentes nos autos. Esta a decisão que se pretende apelar. TEMPESTIVIDADE. A r. decisão que acolheu parcialmente os Embargos de Declaração, interpostos tempestivamente da r. sentença, foi publicada em ................... Dessa forma, conclui-se que o termo final para apresentação do Recurso de Apelação vence em .......... Isto posto, conclui-se que é tempestiva a presente apelação. PRELIMINARMENTE – DA AUSÊNCIA DE DECISÃO DA IMPUGNAÇÃO DO VALOR DA CAUSA. O art. 1.013, parágrafo 3, inciso III, do Código de Processo Civil, admite-se que apelação verse sobre pedido ou questão não julgada pela r. sentença, por omissão. 9 Observa-se que a Apelante apresentou em sua contestação, Impugnação ao valor da causa, buscando a alteração do valor da demanda de R$ 1.000,00 para R$ 75.000,00, para que fosse adequado o conteúdo econômico do pedido. Ocorre que o r. juízo não julgou tal situação, revelando-se a omissão em prejuízo à Apelante, pois eventual reversão do julgado vai repercutir nas verbas de custas processuais e honorários advocatícios. Tal situação infringiu o disposto no art. 292, inciso V, do Código de Processo Civil. Dessa forma, requer a V.Exª. preliminarmente, que seja apreciado o pedido de impugnação ao valor da causa, com o provimento do recurso de apelação, para alterar o valor da causa para R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais). DAS RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO. Lamentavelmente, o digno juízo de 1º grau não agiu com o costumeiro acerto na r. sentença, pois a decisão foi prolatada sem considerar da forma correta as provas produzidas nos autos. Ademais, a partir das provas produzidas nos autos, pode-se concluir que a culpa exclusiva do acidente foi da empresa Apelada. Com efeito, a r. sentença, com as alterações decorrentes do provimento parcial dos Embargos de Declaração, julgou “parcialmente procedentes os pedidos da Autora Caipira Hortaliças, para condenar a Ré Viação Meteoro Ltda. no pagamento da quantia de R$ 14.000,00 (quatorze mil reais), correspondentes a 40% do valor do conserto do veículo, bem como da quantia de R$ 12.000,00 (doze mil reais), correspondente a 40% do valor dos lucros cessantes requeridos na exordial. Julgo improcedente o pedido de danos emergentes referentes aos fornecedores e locador do imóvel da Autora. Os valores deverão ser corrigidos pela tabela da corregedoria de justiça e os juros moratórios de 1%, contados ambos a partir do fato danoso, a teor das súmulas 43 e 54 do Superior Tribunal de Justiça. Fixo os honorários em 20% sobre o valor atribuído à 10 causa, devendo a Autora arcar com 40% do valor e a Ré a arcar com 60% do valor, permitida a compensação, nos termos da súmula 306 do Superior Tribunal de Justiça. Custas processuais na mesma proporção, devendo a Autora arcar com 40% e a Ré a arcar com 60%. Ocorre que a r. sentença apresenta grave contradição, bem como divergência em relação às provas produzidas nos autos. Ademais, a distribuição dos honorários advocatícios ocorreu com divergência ao grau de culpabilidade das partes, considerado pelo r. juízo, representando em prejuízo à ora Apelante. Por fim, permitiu a compensação de honorários de sucumbência, que não é mais admitida pelo Código de Processo Civil Brasileiro. Dessa forma, a decisão carece de reforma. Senão vejamos: DA CULPA EXCLUSIVA DA APELADA PELO ACIDENTE – DECISÃO EM CONTRARIEDADE ÀS PROVAS PRODUZIDAS PELOS AUTOS. Na r. sentença, houve o entendimento de que “considerando essas circunstâncias, ambos os motoristas infringiram o disposto nos artigos 28, 29, inciso II e 34 do Código Brasileiro de Trânsito. No caso, faltou às partes a necessária diligência no cumprimento das normas de trânsito, sendo certo que a conduta de uma ocasionou o equívoco da outra.” Ocorre que, como demonstram os depoimentos das testemunhas, bem como do relato dos peritos e policiais que acompanharam a perícia, a posição final dos veículos e a percepção das testemunhas indicaram que, na verdade, o veículo da Apelada foi quem invadiu a contramão direcional, por ter perdido o controle do veículo em razão de ter derrapado. 11 Ora, a própria sentença, ao fazer o relato na parte dispositiva, reconhece que “O depoimento da testemunha 1, qualificada na ata de audiência, demonstra que o veículo ônibus conseguiu parar primeiro, e foi atingido posteriormente. No entanto, o depoimento da testemunha, bem como dos peritos que cobriram o evento, indicavam que o veículo da Autora teria invadido a contramão direcional, vindo a colidir no veículo da Ré.” Essa afirmativa indicava que o juiz concluiu pela culpa do veículo da Autora, que causou a colisão em razão da invasão da contramão direcional. No entanto, no momento de realizar a conclusão, o r. juízo se equivocou, preferindo o caminho de distribuir os prejuízos entre as partes, em autêntica contradição na r. sentença. Mas, não obstante ter sido alertado nos Embargos de Declaração de tamanha contradição, o r. juízo entendeu por manter a culpa concorrente, embora todos os elementos probatórios indiquem que a culpa é exclusiva da Apelada! Nesse ponto, restaram infringidos os artigos 186 e 927 do Código Civil, e houve aplicação equivocada dos arts. 944 e 945, também do Digesto Civil earts. 46 e 48, §1º do Código de Trânsito Brasileiro, pois a narrativa apresentada na contestação indicou que a sentença não está em harmonia com as provas apresentadas nos autos. A decisão infringiu também o art. 1.022, inciso I, do Código de Processo Civil, pois não eliminou a contradição apontada nos Embargos de Declaração.No caso, restou devidamente provado que não houve negligência, imprudência ou imperícia pelo condutor da Apelante, posto que a batida ocorreu em razão de invasão da contramão direcional do veículo da Apelada. Tal situação indica que, por 12 conseguinte, não há o dever de indenizar, já que a culpa exclusiva do acidente foi da Ré/Apelada. Em casos similares, já se decidiu que a responsabilidade do acidente é de quem invadiu a contramão direcional: “ACIDENTE DE TRÂNSITO. Derrapagem – Invasão da faixa de direção oposta. Óleo na pista. Fato perfeitamente previsível. Responsabilidade do condutor reconhecida. Precedentes jurisprudenciais. Indenização material devida. Dano moral inocorrente. Recurso a que se dá provimento parcial. (TJSP, Apel. Civ. N. 992.08.048771-1, Rel. Des. Milton Carvalho, j. 7/12/2010). “RESPONSABILIDADE CIVIL - Acidente de trânsito - Colisão de veículos trafegando em sentidos opostos. Invasão da contramão por um deles. Culpado motorista que assim procede, ainda mais porque levava passageiros na caçamba da camionete. Proprietária do veículo que responde por culpa "in vigilando", na medida em que permitiu a sua utilização por terceiro, ainda que sem vínculo empregatício para consigo, pouco importando, de resto, que se tratasse de transporte gratuito. Recurso da requerida desprovido. RESPONSABILIDADE CIVIL. Acidente de trânsito. Indenização por danos morais. Dano moral que decorre do próprio acidente, sendo até mesmo desnecessária a prova efetiva do sofrimento do autor. O valor da indenização por danos morais, porque ausentes parâmetros legais, está reservado ao prudente arbítrio do juiz, de sorte que, fixado em patamar razoável, tendo em vista as circunstâncias da causa, sem contrariar a lei ou o bom senso, não se revelando irrisório e nem exorbitante, descabe a intervenção do órgão colegiado a respeito. Recursos desprovidos. RESPONSABILIDADE CIVIL. Acidente de trânsito . Indenização por danos materiais. 13 As despesas havidas com medicamentos e transporte realizadas após o acidente devem ser ressarcidas, inclusive as supervenientes à sentença, que futuramente venha a vítima arcar em consequência das sequelas decorrentes do sinistro, até o final da convalescença, estas apuráveis em liquidação por artigos. Recurso da requerida parcialmente provido.”(TJSP, Apel. Civ. 9202361-77.2005.8.26.0000, rel. Des. João Thomas Diaz Parra, j. 29/03/2007). Dessa forma, conclui-se que a decisão carece de reforma, para que sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos da Autora/Apelada. Por outra senda, nota-se que a decisão quanto à reconvenção também carece de reforma, pois, se houver o reconhecimento de que houve a improcedência dos pedidos da Apelada, em vista do acidente ter ocorrido por sua exclusiva responsabilidade, é também necessário reconhecer a procedência total do pedido manifestado na reconvenção, o que induz à necessidade de reforma da r. sentença quanto a esse pedido, pois não faria qualquer sentido julgar improcedente um pedido da Autora sem reconhecer a procedência total dos pedidos da Apelante. Assim, deve o recurso ser provido, para reformar a decisão e condenar a Apelada ao pagamento da quantia de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais), referentes ao conserto do veículo. PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE – CULPA CONCORRENTE COM ALTERAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE CULPA. No entanto, atento ao princípio da eventualidade, ainda que se entenda por alguma culpa da Apelante, infere-se que o r. juízo cometeu equívoco quando distribuiu a culpa do acidente em 40% para esta Apelante e 60% para a Apelada. O fato do 14 preposto da Apelante ter feito uma manobra brusca foi uma resposta reflexa do ato imprudente cometido pelo condutor do veículo de propriedade da Apelada. Com efeito, pelos depoimentos das testemunhas, peritos e policiais, verifica-se que a causa preponderante do acidente foi a invasão do veículo na contramão direcional, o que atrai, no mínimo, 80% da responsabilidade do acidente para a Apelada. Assim, ainda que se entenda por alguma culpa por parte da ora Apelante, constata-se que houve ofensa ao art. 945 do Código Civil, pois não houve a devida distribuição da condenação na proporção de culpa das partes. Portanto, caso não se entenda pela culpa exclusiva das partes, deve a r. sentença ser reformada para alterar o percentual e culpa e, por conseguinte, a condenação da Apelada, que deve ficar em, no máximo, 20% dos valores, seja dos danos materiais, lucros cessantes ou DA DISTRIBUIÇÃO EQUIVOCADA DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO – IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS. Na parte dispositiva da r. sentença, a distribuição dos ônus sucumbenciais foi da seguinte forma: “Fixo os honorários em 20% sobre o valor atribuído à causa, devendo a Autora arcar com 40% do valor e a Ré a arcar com 60% do valor, permitida a compensação, nos termos da súmula 306, do Superior Tribunal de Justiça. Custas processuais na mesma proporção, devendo a Autora arcar com 40% e a Ré a arcar com 60%.” 15 Inicialmente, deve ser ressaltado que eventual procedência total do recurso, para reconhecer a culpa exclusiva, deve reverter a distribuição sucumbencial contra a Apelante. Não obstante, nota-se que a r. decisão incorreu em equívoco, quando condenou a Apelante em honorários em proporção distinta à da sua derrota no feito. Isto porque, ao dar parcial provimento aos Embargos de Declaração, a alteração dos percentuais ali fixados deveria ter causado a alteração do percentual de distribuição dos ônus sucumbenciais. Neste ponto, dispõe o art. 86, do Código de Processo Civil: “Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários.” Ao se equivocar nos percentuais, a decisão incorreu em ofensa ao referido dispositivo, pelo que deve haver a correção. No entanto, caso seja reformada a decisão quanto ao percentual, e constatada a sucumbência mínima, deve a parte Apelada ser responsabilizada totalmente pelas despesas e honorários de sucumbência, pelo que requer a reforma da decisão no tocante à distribuição dos honorários e despesas processuais. Por fim, observa-se que a r. sentença, de forma equivocada, invocou a aplicação da Súmula 306, do Superior Tribunal de Justiça, para determinar a compensação dos honorários de sucumbência. 16 Todavia, o Código de Processo Civil, em seu art. 85, parágrafo 14, do Código de Processo Civil: “Art. 85- (omissis) § 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.” Ressalte-se que a referida súmula era aplicável sob a égide do CPC de 1.973, e já não há mais pertinência em sua utilização, ante a expressa disposição legal quanto à propriedade dos honorários e a impossibilidade de compensação. Dessa forma, restou infringido o art. 85, parágrafo 14, do Código de Processo Civil. Isto posto, deve a decisão ser reformada, para que seja decotada da decisão a possibilidade de compensação de honorários. CONCLUSÃO DO REQUERIMENTO Isto posto, requer: A intimação da Apelada para, se quiser, apresentar suas contrarrazões. DOS PEDIDOS Oo provimento do recurso de apelação, para, preliminarmente, reformar a r. sentença, para julgar procedente a impugnação ao valor da causa, no sentido de alterar o valor da causa para R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais) e, no mérito recursal, julgar improcedentes os pedidos iniciais e totalmente procedentes os 17 pedidos da reconvenção, para considerar procedente a impugnaçãoao valor da causa, bem como para condenar a Apelada no pagamento da quantia de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais) com inversão dos ônus sucumbenciais. Caso não se entenda dessa forma, deve o recurso ser provido parcialmente, para alterar o percentual da responsabilidade pelo acidente, bem como alteração dos ônus sucumbências e despesas processuais, retirando-se a compensação de honorários. Termos em que, Pede e espera deferimento. 07, de dezembro de 2.018. P/p. Nome do advogado Assinatura do Advogado e OAB 1- Qual o recurso deve ser interposto das decisões que resolvam ou não o mérito da causa? RESPOSTA: O art. 1.009, do CPC, aduz que o recurso cabível da sentença é a apelação. 2- O recurso de apelação deve ser interposto apenas em relação às situações previstas na sentença, ou pode abranger outras situações julgadas no processo? RESPOSTA: O Recurso de Apelação, com a redação do Código de Processo Civil de 2.015, abrange não só as razões de mérito como também pedidos não apreciados ao longo do primeiro grau, e decisões interlocutórias que não poderiam ser objeto de agravo. Resolução comentada 18 3- Quais são os efeitos previstos no CPC para o Recurso de Apelação? RESPOSTA: Temos os efeitos devolutivo, suspensivo e translativo. O efeito devolutivo permite que todas as matérias impugnadas no recurso possam ser reapreciadas pelo Tribunal responsável pelo julgamento do recurso. Esse efeito devolutivo pode abranger as matérias deduzidas em primeiro grau julgadas e as que não foram apreciadas pelo juízo. Podem também abranger questões que poderiam ser apreciadas de ofício pelo juízo. Quanto ao efeito translativo, este permite que nulidades que sejam declaradas permitam que o tribunal, de imediato, julgue essas questões, sem necessidade de que os autos sejam enviados ao juízo de primeira instância. Por fim, quanto ao efeito suspensivo, ele quer dizer que a eficácia da decisão fica suspensa até o julgamento deste. Lembramos que, em regra, o efeito suspensivo prevalece, mas existem hipóteses previstas em lei em que não há efeito suspensivo. Vale lembrar também que, se a decisão contiver parte de matérias em que é possível o efeito suspensivo e parte não suscetível a efeito suspensivo, a apelação pode ser recebida no efeito suspensivo em relação à primeira e sem efeito suspensivo em relação à segunda. 4- No caso em exame, quais partes você recomendaria a inclusão no recurso de apelação? Quais os tópicos deveriam ser inseridos? RESPOSTA: Inicialmente, a peça deve ser dividida em duas partes, sendo a primeira ao juízo prolator da decisão e a segunda ao tribunal. Na primeira, deve ser dirigida ao juízo de primeiro grau, com nome das partes, número de processo e interposição do recurso. Depois, deve ser apresentado um tópico de tempestividade para confirmar o preenchimento desse pressuposto recursal. Devem ser narrados os principais fatos da lide, especialmente os que vão ser objeto de abordagem em seu recurso, finalizando com o resumo da decisão recorrida. Pode haver a inclusão de preliminar, que vai dizer respeito a vícios da decisão, questões não julgadas em primeiro grau por omissão do juízo ou decisões interlocutórias não agraváveis, como explicado anteriormente. Em seguida, nas razões para o pedido de reforma da decisão, deve haver a inserção dos trechos ou fundamentos da decisão que se quer recorrer, com a crítica quanto ao seu equívoco e a necessidade de reforma. Ao final, deve-se pedir pelo provimento do recurso, para a reforma ou cassação da decisão, buscando assim fazer prevalecer o resultado almejado pelo cliente. 19 5- Em relação às mudanças introduzidas no Recurso de Apelação pelo Código de Processo Civil de 2.015, quais as situações estão sendo discutidas na doutrina e jurisprudência e que merecem atenção? RESPOSTA: As modificações introduzidas pela Apelação tem causado muitas reflexões a respeito da sua aplicabilidade prática. Para ilustrarmos essa situação, trouxemos aqui algumas situações já ilustradas pelo Fórum Permanente de Processualistas. Enunciado 23- (art. 218, § 4º; art. 1.003) O Tribunal não poderá julgar extemporâneo ou intempestivo recurso, na instância ordinária ou na extraordinária, interposto antes da abertura do prazo. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, Apelação e Agravo) Enunciado 82- (art. 932, parágrafo único; art. 938, § 1º) É dever do relator, e não faculdade, conceder o prazo ao recorrente para sanar o vício ou complementar a documentação exigível, antes de inadmitir qualquer recurso, inclusive os excepcionais. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, Apelação e Agravo) Enunciado 83- (art. 932, parágrafo único; art. 76, § 2º; art. 104, § 2º; art. 1.029, § 3º) Fica superado o enunciado 115 da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC (“Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos”). (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, Apelação e Agravo) Enunciado 99 - (art. 1.010, §3º) O órgão a quo não fará juízo de admissibilidade da apelação. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, Apelação e Agravo) 20 Enunciado 207 - (arts. 988, I, 1,010, § 3º, 1.027, II, “b”) Cabe reclamação, por usurpação da competência do tribunal de justiça ou tribunal regional federal, contra a decisão de juiz de 1º grau que inadmitir recurso de apelação. (Grupo: Ordem dos Processos nos Tribunais e Recursos Ordinários) Enunciado 217- (arts. 1.012, § 1º, V, 311) A apelação contra o capítulo da sentença que concede, confirma ou revoga a tutela antecipada da evidência ou de urgência não terá efeito suspensivo automático82 . (Grupo: Ordem dos Processos nos Tribunais e Recursos Ordinários) Enunciado 218- (art. 1.026) A inexistência de efeito suspensivo dos embargos de declaração não autoriza o cumprimento provisório da sentença nos casos em que a apelação tenha efeito suspensivo. (Grupo: Ordem dos Processos nos Tribunais e Recursos Ordinários) Enunciado 243- (art. 85, § 11). No caso de provimento do recurso de apelação, o tribunal redistribuirá os honorários fixados em primeiro grau e arbitrará os honorários de sucumbência recursal. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos).
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