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Resumo: Processo Civil Competência: 1 - Conceito: • Dividir dentro do poder judiciário, as funções de cada órgão. Distribuição das atribuições relativas ao desempenho da jurisdição, nos limites estabelecidos por lei. Critério Funcional: Determinar qual órgão é competente de acordo com a função que desempenha. • Horizontal – Mesmo nível hierárquico. • Vertical – Muda de acordo com as instâncias. Critério Territorial: Determinar em qual local a demanda deverá ser proposta. (art 53, III CPC). Determinação da competência Apesar das diversas classificações que os autores pátrios fazem acerca da competência, há certo consenso em adotar a seguinte sistematização: Têm-se as competências: I. Internacional: a. Exclusiva ou b. Concorrente II. Interna, que pode ser fixada em razão de quatro parâmetros: a. Território; b. Matéria; c. Valor; d. Função. Competência internacional: • Delimitar o espaço em que deve atuar a jurisdição, na medida em que o estado possa fazer cumprir soberanamente as suas sentenças. Exclusiva (art 23 cpc): • Em causas onde a competência dos tribunais brasileiros é exclusiva, sentença estrangeira não tem como ser homologada. “Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional” Concorrente ou cumulativa (art. 21 e 22 CPC): • A competência é concorrente, ou seja, podem essas causas também serem julgadas nos tribunais estrangeiros. Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Interna: • Em razão do território (ratione loci): baseia se em aspecto de natureza geográfica, isto é, em determinada porção do território, como, por exemplo, o domicílio do réu, fixada por critérios determinados em lei, sobre a qual o juiz exerce jurisdição • Em razão da matéria ou natureza (ratione materiae): considera a natureza do direito material controvertido, a saber, se o litígio versa sobre Direito Civil, Penal, etc. De um modo geral, constitui meio de especializar a Justiça, na medida em que leva à criação de varas exclusivas para a apreciação de pedidos relacionados com determinado ramo do direito público ou privado. • Em razão do valor da causa (ratione valoris): é determinada com base no valor atribuído à causa. • Em razão da função (competência funcional): pode materializar-se de diversas formas: o a) Pela prevenção: juízo já provocado para uma primeira medida terá competência para as subsequentes; o b) Em uma fase subsequente do processo: competência do juízo da fase cognitiva para a fase de cumprimento de sentença; o c) Casos das chamadas sentenças determinativas, nas quais a cláusula rebus sic stantibus fica ativa, permitindo adequação do que foi decidido às modificações de fato (p. ex., a ação de alimentos e posterior ação de revisão ou exoneração de alimentos). • Em razão da pessoa (ratione personae): leva em conta a prerrogativa expressa em lei e decorrente de motivos de interesse público, exercida por uma das partes envolvidas no litígio. Baseia se no princípio constitucional da isonomia, que assegura tratamento desigual aos desiguais, na medida de suas diferenças. Assim, por exemplo, se o Presidente da República cometer crime comum, será julgado pelo STF. Competência originária: • É aquela atribuída ao órgão jurisdicional para conhecer a causa em primeiro lugar. Competência derivada: • É atribuída ao órgão jurisdicional destinado a rever a decisão já proferida. Incompetência absoluta e relativa: A utilização errônea dos parâmetros estabelecidos na lei resultará em vício de incompetência do órgão judicial. Tal vício, conforme a natureza do critério e o interesse tutelado, pode ser sanável ou insanável, determinando as hipóteses de incompetência relativa e absoluta, respectivamente. • Os critérios absolutos de fixação da competência: são estabelecidos por normas cogentes de ordem pública em razão do interesse público, gerando sua violação vício insanável, que deve ser reconhecido ex officio pelo juiz, a qualquer tempo e grau de jurisdição, embora possa ser alegado pela parte. Por ser absoluta (mais grave), não pode ser modificada nem por vontade das partes nem por conexão ou continência. Seus critérios levam em consideração a natureza da causa (ratione materiae), a hierarquia, ou o critério funcional, e, para alguns, o critério em razão da pessoa. • Critérios relativos: Regra criada para atender interesse particular, somente poderá ser arguida pelo réu na contestação, sob pena de preclusão. O magistrado não pode reconhecer de oficio. As partes podem modificar voluntariamente a regra de competência relativa pelo foro de eleição (art 63 CPC), ou pela alegação (art 65 CPC). Conexão • Conforme o art. 55 do CPC/2015, reputam se conexas ações que tenham um vínculo ou nexo identificado pelo mesmo objeto (pedido) ou causa de pedir (contexto de fatos), não exigindo que sejam as mesmas partes. Se estiverem sendo processadas em juízos diferentes, deverão ser reunidas em um só juízo, a fim de evitar decisões colidentes. Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2º Aplica-se o disposto no caput: I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. § 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. Continência • De acordo com o art. 56 do CPC/2015, há continência quando em duas ou mais ações há identidade de partes e de causa de pedir, mas pedidos diferentes, sendo que, em relação a estes, o pedido de uma demanda abrange o da outra (ou das outras) por ser mais amplo. Diz se que, em relação ao objeto, há apenas uma parcial identificação, falando se, com isso, em uma relação de continência e de conteúdo. Conflito de competência • Conforme o art. 66 do CPC/2015, o conflito de competência surge a partir de um impasse entre os órgãos jurisdicionais, quando: dois ou mais juízes se declaram competentes para julgar (conflito positivo, inc. I); se consideram incompetentes (conflito negativo, inc. II); houver discussão quanto ao juízo prevento (conflito sui generis, inc. III),casos nos quais há modificação da competência (notadamente conexão ou continência). Assim, só haverá conflito de competência, seja em caso de competência absoluta ou relativa, quando houver dois juízos manifestando expressamente vontades colidentes entre si. Sujeitos do Processo: O juiz: Das garantias inerentes aos magistrados trata o art. 95 da CF26: I. Vitaliciedade: significa que o magistrado só pode perder o cargo mediante decisão judicial transitada em julgado27, com exceção, no caso do juiz de primeira instância, se estiver durante os dois primeiros anos de exercício, prazo durante o qual a perda dependerá apenas de deliberação do tribunal a que estiver vinculado. Entretanto, a garantia não impede que o juiz seja aposentado compulsoriamente aos setenta e cinco anos (art. 93, VI, c/c o art. 40, § 1º, II, da CF). II. Inamovibilidade: o juiz é imune a transferências de cargo contra a sua vontade (mesmo por promoção), salvo por motivo de interesse público, reconhecido pela maioria absoluta dos membros do tribunal a que o magistrado estiver vinculado ou do Conselho Nacional de Justiça (art. 93, VIII, da CF). III. Irredutibilidade de subsídio: proíbe quaisquer alterações que reduzam o valor de seu subsídio, pois tal diminuição possibilitaria a exposição do Poder Judiciário a coações e represálias provenientes de particulares ou de outros Poderes. Ressalte se, no entanto, que tal garantia restou bastante esvaziada em virtude da vedação à revisão automática dos salários, tendo sido reduzida, com isso, à expressão nominal dos salários dos juízes. Poderes, deveres e responsabilidades do juiz: I. Assegurar às partes igualdade de tratamento; II. Velar pela duração razoável do processo; III. Prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; IV. Determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; V. Promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; VI. Dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; VII. Exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; VIII. Determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX. Determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X. Quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5º da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. Auxiliares da justiça: a) Escrivão; b) Chefe de secretaria; c) Oficial de justiça; d) Perito; e) Depositário; f) Administrador; g) Intérprete; h) Tradutor; i) Mediador; j) Conciliador; k) Partidor; l) Distribuidor; m) Contabilista; e n) Regulador de avarias. As partes Partes da demanda: autor e réu • As partes, como sujeitos parciais do processo, são, em geral, aquele que formula o pedido em juízo e aquele em face de quem se pede a tutela jurisdicional. Muitos autores utilizam diversas nomenclaturas para se referirem às partes do processo (abrange autor, réu e terceiros), tais como: partes principais (partes da demanda: autor e réu) e partes secundárias (terceiros intervenientes); partes da lide ou, simplesmente, partes. Litisconsórcio • Definição: Se, por um lado, é inconcebível a existência de um processo sem partes, por outro podem existir processos em que haja pluralidade de partes. Nesse sentido, o litisconsórcio é justamente o instituto processual relativo à pluralidade de partes, de modo que, havendo litisconsórcio, teremos em pelo menos um dos polos da relação jurídica processual mais de um sujeito. • Registre se que o litisconsórcio somente pode ocorrer nos casos expressamente autorizados pela lei. Em outros termos: o Novo Código de Processo Civil estabelece, nos arts. 113 e 114, as hipóteses em que se admite a pluralidade de autores e/ ou de réus, e as partes não podem, escoradas tão somente em sua vontade, formar litisconsórcio em situação não prevista pelo direito positivo. Dessa forma, a pluralidade de partes, embora possível, é excepcional. • O litisconsórcio difere da intervenção de terceiros, isto é, do ingresso no processo de pessoa que não o autor ou o réu, a qual também só é admitida nos casos previstos em lei, embora, ocasionalmente, possa ocorrer que terceiros atuem em litisconsórcio31. Da mesma forma, difere o litisconsórcio da cumulação subjetiva de lides, porquanto poderá haver pluralidade de partes em um mesmo processo sem que haja litisconsórcio. Pode ser: • Ativo: Quando há pluralidade do polo ativo; • Passivo: Quando há pluralidade de réus; • Misto: Quando formado junto a distribuição da ação. Quando o processo se inicia com pluralidade de partes; • Facultativo ou não obrigatório: quando a presença de todos os litisconsortes não é necessária para o exame do mérito da causa; O litisconsórcio facultativo ocorre, segundo o art. 113 do CPC/2015, quando houver: o 1) Entre elas comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; o 2) Entre as causas conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; o 3) Afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. • Necessário ou obrigatório: no qual todos os litisconsortes devem estar presentes, sob pena de inexistência jurídica, ineficácia ou nulidade absoluta, segundo diferentes correntes doutrinárias. • Comum ou simples: quando a decisão proferida pelo juiz pode ser diferente para cada um dos litisconsortes (art. 117 do CPC/2015); • Especial ou unitário: no qual a decisão do juiz necessariamente será igual para todos os litisconsortes em função da natureza da relação jurídica que não pode ser cindida, tal como ocorre na ação de anulação de casamento, onde qualquer decisão dirá sempre respeito a ambos os interessados. • Originário ou inicial: formado desde o início da ação, sendo essa a regra geral; • Superveniente ou ulterior: formado em momento posterior ao início da ação. Os terceiros Conceito: Diferencia-se do litisconsórcio, havendo pluralidade de partes da demanda, pois o ingresso se dá como autor ou réu, enquanto a intervenção de terceiros é a possibilidade de participar, intervir por interesse indireto, não sendo autor nem réu. Em Processo Civil, a intervenção de terceiros – regida pelo princípio básico segundo o qual a intervenção em processo alheio só é possível mediante expressa permissão legal – classifica se: I. De acordo com a iniciativa do terceiro, em intervenção voluntária ou espontânea e obrigatória ou provocada; II. Conforme a inserção do terceiro na relação processual existente, em assistência e chamamento ao processo; III. Quanto à formulação de nova relação jurídica processual no mesmo processo, encontramos a denunciação da lide, na medida em que a oposição agora, no novo CPC, é tratada no rol dos procedimentos especiais, e não mais como espécie de intervenção de terceiros. Modalidades de intervenção de terceiros Assistência • Assistência simples: a assistência será considerada simples quando o direito do terceiro não estiver sendo discutido no processo, sendo, em contrapartida, considerada litisconsorcial quando seu interesse também for objeto dadiscussão. • Assistência litisconsorcial: o assistente participa da própria relação jurídica material debatida no processo, razão por que, de modo mais evidente do que na situação anterior, será atingido pelos efeitos da sentença (p. ex., intervenção de um condômino no processo que tem por objeto uma pretensão reivindicatória e que foi instaurado por iniciativa de outro condômino). Denunciação da lide Conceito: Constitui verdadeira demanda incidental de garantia. Com ela, formula-se pretensão em face do terceiro (ou de algum dos litisconsortes da demanda principal), convocando o a integrar o processo. Com isso, instaura-se uma nova demanda no mesmo processo, que será, em verdade, uma “ação regressiva, in simultaneus processus”, isto é, uma ação de regresso antecipada em caso de sucumbência do denunciante. Na denunciação da lide, temos uma relação de prejudicialidade, já que, vencendo o denunciante na demanda principal, a segunda demanda instaurada por força da denunciação restará prejudicada. O incidente de desconsideração de personalidade jurídica Conceito: a matéria agora prevista no novo CPC, nos arts. 133 a 137, já está positivada há algum tempo em nosso ordenamento jurídico. A ideia da personalidade jurídica e de seu arcabouço normativo contribuiu, e muito, para o fortalecimento e para a segurança das atividades empresariais. Contudo, a partir do momento em que ocorre o abuso do direito, torna-se necessário adaptar o ordenamento jurídico, a fim de evitar o uso ilegítimo da empresa. O amicus curiae Conceito: O amicus curiae não atua em prol de um interesse seu, sendo sua atuação institucional, e o benefício do autor ou do réu apenas consequência de sua atuação, e não fundamento desta. Independentemente da discussão em torno da natureza jurídica dessa figura, o fato é que ele é o portador de interesses institucionais dispersos na sociedade, de forma a ultrapassar interesses unicamente particulares. O que é relevante para ele é a aplicação do direito objetivo em conformidade com suas finalidades institucionais, estando muito mais próximo da atuação do Ministério Público como custos legis ou do perito judicial do que da própria figura do assistente. O amicus curiae é um amigo da corte, e não das partes. Explicamos melhor: sua melhor denominação no direito brasileiro talvez seja amicus partis ou amicus causae, pois comparece mais com o intuito de ajudar uma das partes do que mesmo de trazer esclarecimentos ao tribunal.] Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. § 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. § 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae. § 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. Art. 21. Art. 22. Art. 55. Art. 138.
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