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DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS É o processo evolutivo de perda de vigor, de produtividade, de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de manejos inadequados. Os solos apresentam compactados, com baixos níveis de pH, baixos teores de Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio e Matéria Orgânica, e altos níveis de alumínio, Ferro e Manganês. Figura 1: Representação gráfica simplificada do processo de degradação de pastagens cultivadas em suas diferentes etapas no tempo. A pastagem é um sistema biológico, com perdas e exportações de energia (produtos) para outros organismos. Dada a precariedade, o desconhecimento ou a incapacidade de adoção de determinados pacotes tecnológicos, é natural que se instale o processo de degradação da pastagem, variando apenas a precocidade e velocidade de declínio e produção, conforme o solo e o clima. Portanto, e necessário conhecer as forrageiras que se adaptam às condições edafoclimáticas da região, manter os níveis de nutrientes de acordo com as exigências nutricionais da planta, bem como avaliar a capacidade de suporte das pastagens para utilizar o manejo mais adequado. Sabe-se que os componentes clima-solo-planta estão intrinsecamente ligados, sujeitos aos erros de manejo. A degradação ocorre quando há a quebra do equilíbrio das interações. Estima-se que 80% das áreas destinadas às pastagens no Brasil apresentam algum estágio de degradação. 1 – Causas da degradação Fatores ligados a estabelecimento da forrageira e de manejo. Plantio de espécies forrageiras não adaptadas às condições edafoclimáticas da região Má formação inicial: Causada pela ausência ou mau uso de alguns itens Práticas de conservação do solo Correção da acidez ou adubação Escolha inadequada da espécie Sistemas e métodos de plantio Manejo animal na fase de formação Baixo vigor e valor cultural das sementes Época de semeadura inadequada Manejo e práticas culturais Uso de fogo como rotina Método, épocas e excesso de roçagem Ausência ou uso inadequado de adubação de manutenção Ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras; a falta de diversidade provoca o desenvolvimento rápido de pragas das pastagens (p.ex.: cigarrinha das pastagens) Manejo animal Excesso de lotação Manejo inapropriado de pastejo Ausência ou aplicação incorreta de práticas de conservação do solo após o uso relativo ou uso prolongado de pastejo Incompatibilidade de espécies consorciadas Cultivo de pastagens em solos com baixa fertilidade natural ou em solos antes férteis, mas esgotados. 1.1 – Intensidade de utilização das pastagens: sub e superpastejo O numero de animais por hectare que a pastagem pode suportar por unidade de tempo é basicamente função da produção de forragem, que será condicionada pelos fatores edafoclimáticas e da planta forrageira. O consumo de forragem é fortemente determinado pela qualidade e oferta que, para a mesma pastagem em determinado momento, varia inversamente com a taxa de lotação. Portanto, a taxa de lotação influencia a disponibilidade de pasto, isto é, a pressão de pastejo a que a pastagem é submetida. O estabelecimento de sistemas de pastagens deve estar relacionado com as características morfofisiológicas das espécies forrageiras. É muito importante a adoção de práticas de manejo que permitam rápida rebrotação das plantas, após o corte ou pastejo. Portanto, é preciso conjugar os componentes, intervalo entre cortes ou pastejo e altura do corte ou pastejo, sempre com o objetivo de obter a persistência da forrageira, associada a produção e qualidade da forragem. Figura 2: Relação entre pressão de pastejo, ganho de peso por animal e ganho de peso por unidade de área. Subpastejo: Taxa de lotação baixa em relação a capacidade de suporte da pastagem. A oferta de forragem é alta, e o animal efetua o pastejo seletivamente, podendo atingir a máxima ingestão de forragem, conforme seu valor nutritivo e suas características do relvado. Entretanto, a produção por hectare é comprometida. Ocorre perda de forragem (excedente não consumido) e perda no valor nutritivo, com menor digestibilidade. Superpastejo: O elevado número de animais por área implica menor oferta de forragem por animal, propiciando dessa forma uma dieta com menor qualidade e comprometimento da produção animal. Em condições de superpastejo permanente, pode ocorrer abertura da comunidade vegetal, provocando compactação excessiva, favorecendo a erosão e reduzindo a fertilidade. Essa relação de super e sub pastejo interfere também na qualidade e composição botânica da forragem. Assim, em condições de superpastejo, onde ocorrem cortes frequentes, a quantidade de folhas deixadas para captação de luz e realização de fotossíntese é frequentemente pequena, levando a morte em casos extremos se tal condição permanecer ao longo do tempo. Figura 4: Efeito da pressão de pastejo na composição botânica e proporção relativa de plantas palatáveis, não-palatáveis e invasoras. Naturalmente, o principal efeito causado pelos animais é a desfolhação, pois reduz a área foliar com consequências sobre os carboidratos de reserva, perfilhamento, crescimento de raízes, crescimento de novas folhas. 1.2 – Deficiências de nutrientes Umas das principais causas da degradação de pastagens é a redução da fertilidade do solo em razão dos nutrientes perdidos por processos de produtivos, exportação, erosão, lixiviação, volatilização, fixação e acúmulo de malhadores. A demanda por nutrientes pelas plantas forrageiras está em função do tipo de solo, níveis de adubação, espécie utilizada e intensidade de uso das pastagens. Dessa forma, a queda de vigor e disponibilidade de forragem pode ser fruto do esgotamento de, principalmente: fósforo, potássio e nitrogênio, que foram exportados da pastagem através de produtos animais e pela ação do tempo. Tabela 1: Percentagem de perdas de nutrientes extraídos por uma pastagem que podem ocorrer anualmente. DISCRIMINAÇÃO NUTRIENTES N P K Retido no corpo do animal 9 10 1 Acúmulo no malhador 11 12 13 Erosão superficial 3 15 3 Volatilização 15 0 0 Fixação em argila e matéria orgânica 0 19 0 Lixiviação 5 0 0 Total de perdas 43 56 17 1.3 – Escolha da espécie forrageira inadequada A escolha inadequada da espécie pode levar a degradação de pastagens, especialmente quando não se leva em consideração suas exigências de fertilidade, clima, hábito de crescimento, facilidade de propagação, entre outras características. Desta forma, pode-se dizer que não existe forrageiras ruins e sim, para cada tipo de clima, solo, nível de tecnologia a ser utilizada e produtividade potencial esperada, existe uma espécie ou cultivar mais indicada. Para a escolha adequada, deve-se tomar por base o diagnostico feito com informações como: histórico da área e condições de clima e solo. Uma vez escolhida a espécie forrageira, o passo seguinte é a uma boa formação de pastagem. Tabela: Espécies de gramíneas recomendadas para diferentes condições edafoclimáticas. CLIMA/SOLO Fértil Médio Fraco Tropical Úmido Colonião Jaraguá B. Decumbens Elefante B. Decumbens B. Humidicula Jaraguá B. Brizanta Setária Estrela B. ruziziensis Pangola Rhodes - Gordura Croast – Cross - - Tropical Seco Guiné Guiná Buffel Sempre-Verde Setária Andropogon Estrela Setária Gordura Subtropical Úmido Croast-Cross Pangola Azevém anual Rhodes Green Hemátria Festuca Gatton - Subtropical Seco - - Andropogon Fonte: Alcântara (1985) 1.4 – Plantas invasoras As plantas invasoras devem ser vistas mais como uma consequência da degradação do que uma causa, uma vez que, devido aoseu comportamento oportunista, ocupam espaços deixados pelas forrageiras. Devido à alta eficiência que a maioria dessas plantas apresentam em translocar nutrientes durante a senescência das folhas, e em concentrar P na matéria seca, quando comparadas com algumas gramíneas forrageiras, essas espécies podem desempenhar um importante papel em sequestrar o P do solo, ajudando assim a diminuir sua disponibilidade para as plantas forrageiras. O problema da invasão de plantas daninhas está ligado diretamente à grande capacidade que estas têm para competir com as gramíneas cultivadas como pastagem. Apresentam maior propagação de sementes; maior crescimento de plântulas e desenvolvimento do sistema radicular, o que gera melhor aproveitamento na extração de água e nutrientes; maior adaptabilidade a diferentes condições de clima e solo. 1.5 – Clima A temperatura, precipitação pluviométrica e a radiação solar são os três fatores climáticos que interagem sobre o germoplasma forrageiro. Para o Brasil tropical e subtropical, as forrageiras tropicais apresentam distribuição estacional da produção de matéria seca, durante o ano, paralelamente aos gradientes de temperatura e de precipitação pluviométrica. AVALIAÇÃO DO GRAU DE DEGRADAÇÃO 1 – Critérios para avaliação do grau de degradação Degradação de pastagem é um fenômeno relativamente comum em ecossistemas tropicais e sua caracterização como degradada ou em degradação pode estar relacionada a aspectos bem particulares, relativos à região ou nível tecnológico da propriedade rural, isto é, relativa à produtividade que se considera ideal para aquela região e pastagem em particular. Figura 5: Representação simplificada do conceito de degradação de pastagem. Degradação agrícola: Causada pela presença de plantas invasoras. Não ocorre degradação das características físico-químicas do solo, que em certos casos, podem ate melhorar, devido ao aumento da cobertura vegetal. Nesta situação, ocorre perda de produtividade da gramínea relacionada a competitividade de recursos, causando, portanto, queda acentuada na capacidade de suporte das pastagens. Em outro extremo, a degradação da pastagem pode ser caracterizada pela intensa diminuição da vegetação da área pela degradação do solo que, por diversas razões de natureza química (perda de nutrientes e acidificação), física (erosão e compactação) ou biológica (perdas da Matéria Orgânica) estaria perdendo a capacidade de sustentar produção vegetal significativa, sendo classificada como degradação biológica. Em 1975, Sttodart et al. relataram que alguns estágios de degradação podem ser facilmente identificados e são característicos da maioria das pastagens degradadas: 1) Distúrbio fisiológico da espécie dominante 2) Mudança na composição botânica 3) Invasão de novas espécies Esses três estágios são marcados pela redução da quantidade e qualidade do pasto. Em um estágio mais avançado, pode ocorrer o quase desaparecimento da espécie dominante e, posteriormente, o desaparecimento de invasoras. Primeiro estágio: Redução da população de forrageira e outras espécies menos preferidas pelos animais começam a surgir nas partes descobertas. Com o solo descoberto, inicia-se o processo de erosão. Segundo estágio: Outras forrageiras menos apreciadas pelos animais começam iniciam o domínio da área. Terceiro estágio: A pastagem é totalmente tomada pelas espécies invasoras e aumenta a perda de solo por erosão. No primeiro e segundo estágio, o pasto ainda pode ser recuperado, ou seja, pode-se trabalhar para que se restabeleça, sem a necessidade de que seja formado novamente. Recuperação implica em menor custo. Para ser considerada excelente, a pastagem deve possuir mais de 2500 kg/ha de matéria seca (MS) disponível, estar formada em mais de 75% da área com a forrageira implantada, estar com plantas de altura média de 40cm de altura e relação folha/colmo maior que 1. Para ser considerada uma boa pastagem, deve possuir de 1500 a 2500 kg/ha de MS. A forrageira deve ocupar de 50 a 75% da área cultivada, com altura de 40cm e relação folha/colmo próximo a 1. Um pastagem em estagio razoável, deve apresentar de 750 a 1500 kg/ha de MS, com ocupação da forrageira implantada de 25 a 50% da área e altura de 40 cm, apresentando relação folha/colmo menor que 1, já aparentando sinais de erosão. A pastagens é considerada pobre quando possui produção de forragem abaixo de 750 kg/ha, ocupa menos de 25% da área, possui altura abaixo de 40cm e apresenta-se com sinais evidentes de erosão. Em síntese, as principais formas de degradação de pastagens e possíveis soluções estão associadas a baixa fertilidade do solo que diminui as reservas orgânicas da planta, diminuindo a capacidade de rebrota. Logo, reduz a área de fotossíntese ativa, ocasionando perdas de massa verde, o que diminui a população de plantas forrageiras. Essa diminuição favorece o aparecimento de plantas daninhas, permitindo que o espaço e a luminosidade sejam utilizados para o desenvolvimento de plantas invasoras. A falta de cobertura do solo, devido a diminuição da população de plantas forrageiras, provoca a erosão eólica e hídrica, ocasionando perda de solo, de matéria orgânica e nutrientes. RENOVAR OU RECUPERAR 1 – Renovação e recuperação de pastagens degradadas É com base nos parâmetros de avaliação que se conclui quando se deve recuperar ou renovar uma pastagem. Propõe-se, principalmente, partir para a recuperação nos estágios iniciais de degradação, quando o manejo será mais fácil, o tempo, os riscos e os custos menores. O custo de formação de uma pastagem não é baixo, valendo a pena ter certeza da impossibilidade de recuperação. Recuperação: Restabelecimento da produção de forragem, de acordo com o interesse econômico, mantendo-se a mesma espécie ou cultivar. Renovação: Utilização da área degradada para formação de uma nova pastagem com outra espécie forrageira, geralmente mais produtiva e adaptada às condições locais, com a adoção de praticas de melhoria das características físico-química do solo (descompactação , calagem, adubação de estabelecimento e de manutenção e uso mais racional da pastagem) É necessária uma análise criteriosa, considerando o grau de degradação; utilização da futura área recuperada/renovada; disponibilidade de máquinas; conhecimento de técnicas e capital disponível. Renovar ou recuperar pastagens é a única alternativa para aumento da produtividade pecuária sem a necessidade de expandir as áreas de pastagens. A recuperação e intensificação do uso de pastagens cultivadas devem ser preconizadas a fim de reduzir a expansão em áreas de florestas, propiciando benefícios de ordem ecológica (preservação da floresta), econômica (custo de formação de pastagem maior que recuperação) e social (necessidade de mão-de-obra) com vistas à sustentabilidade dos sistemas pastoris. SUSTENTABILIDADE: Manutenção da produção ao longo do tempo, sem que ocorra a degradação dos recursos naturais dos quais a produção é dependente. Bourland estima que em 2025 a população mundial demandará 62% a mais de alimentos, que deverão vir de tecnologias que aumentem a produtividade. A FAO estima que a oferta de carnes terá de ser elevada de 200 milhões de toneladas para 470 milhões de toneladas em 2050. Nenhum outro segmento da sociedade brasileira tem um desafio comparável ao nosso. Outro fator importante na recuperação/renovação de pastagens, na área ambiental, é a mitigação de gases do efeito estufa. Maia et al (2009) verificaram o efeito do manejo da pastagem no sequestro de carbono pelo solo e concluíram que, em pastagens manejadas com moderada pressão de pastejo, rotação de piquetes, controle de plantas daninhas, entre outros, apresentaram, em média, acúmulo de 0,72 mg de c/ha/ano. Já em pastagens considerada degradadas, que tiveram superpastejo, baixo emprego de tecnologiae alta infestação de daninhas, houve emissão de 0,27mg c/ha/ano. METODOS DE RECUPERAÇÃO 1 – Recuperação e renovação direta Entende-se por recuperação direta as práticas mecânicas e químicas aplicadas a pastagem com o intuito de revigora-la sem substituir a espécie existente. Incluem-se, nas operações mecânicas, a aplicação superficial a lanço de insumos, escarificação, subsolagem, gradagem e aração e nas opções químicas a calagem, a gessagem e a adubação. Quanto mais avançado, mas drástica deverá ser a ação mecânica. A renovação direta seria as ações relativas as praticas agronômicas aplicadas sobre pastagens degradadas no sentido de substituir a espécie presente e reverter o processo de degradação através da implantação de uma nova espécie forrageira. Essa alternativa apresenta, de forma geral, problemas de ordem práticas e econômicas, pois as espécies de forrageiras tropicais, mesmo quando a pastagem está em degradação, possuem elevado banco de sementes, no solo e taxas altas de crescimento relativo. Portanto, deve atentar-se para a possível competição entre as espécies forrageiras. O manejo correto do sistema solo-planta-animal é mais importante do que a simples troca de planta forrageira. Recuperar diretamente a pastagem através de calagem e adubação superficial chega a ser 1,5 a 7 vezes mais barato do que as alternativas que envolvem o preparo de solo e a mudança da planta forrageira. Os custos de renovação da pastagem de forma direta, em solos de baixa fertilidade natural ou já esgotados, varias de US$ 300 a US$350, enquanto recuperação direta de pastagens já implantadas pode ser feita com custos de US$ 50 a US$ 200/ha A recuperação direta, além de ser de menor custo, também é mais rápida e de menor risco. Tabela: Produção acumulada de matéria seca de pastes aéreas t/h de brach decumb, sob efeito de quatro tratamentos. Zimmer 1004 TRATAMENTOS Produção Acumulada (t/ha) Estação Seca (t/ha) Águas (t/ha) Testemunha 8,3 1,1 7,2 Macro/Micronutrientes 13,1 1,1 12,0 Gradagem 7,3 0,9 6,4 Gradagem + Macro/micronutrientes 8,5 1,0 7,5 2 – Recuperação e Renovação indireta A recuperação indireta pode ser compreendida como aquela efetuada através de práticas mecânicas, químicas e culturais, utilizando-se umas pastagem anual (milheto, aveia) ou uma lavoura de grãos (milho, soja, arroz) por certo período de tempo, a fim de revigorar a espécie forrageira existente. Após a utilização do pasto anual ou colheita de grãos da lavoura, deixa-se a pastagem retornar através do banco de sementes existentes, ou procede-se a uma semeadura complementar para uniformizar a população de plantas. O objetivo principal e aproveitar a adubação residual empregada no pasto anual ou lavoura para recuperar a espécie de pastagem existente com menores custos. A produção de carne ou leite obtida com o pasto anual, de forma intensiva, ou a venda dos grãos da lavoura amortizam em partes os custos de recuperação e renovação da pastagem. A renovação indireta, por sua vez, pode ser entendida como aquela efetuada através de práticas mecânicas, químicas e culturais, utilizando-se de uma pastagem anual ou uma lavoura anual de grãos por certo período de tempo, a fim de substituir a espécie forrageira existente por outra de melhor valor nutritivo ou com diferentes características que as da espécie em degradação. Sistemas agroflorestais A utilização de sistemas agroflorestais tem sido, nas últimas décadas, bastante difundida como alternativa para recuperação de áreas degradadas, atribuindo-se à combinação de espécies arbóreas com culturas agrícolas e/ou animais a melhoria nas propriedades físico-químicas de solos degradados, bem como na atividade de microrganismos, considerando a possibilidade de um grande número de fontes de matéria orgânica. Estruturalmente e com base na natureza dos componentes, os SAF são classificados em: Sistemas Agrissilviculturais - envolvem cultivos agrícolas e árvores, incluindo arbustos e (ou) trepadeiras; Sistemas Silvipastoris - referem-se à associação de pastagens e (ou) animais e árvores; Sistemas Agrissilvipastoris - combinam cultivos agrícolas, pastagens e (ou) animais e árvores. Em qualquer um desses sistemas a integração de seus componentes poderão se dar de forma simultânea ou seqüencial e em uma infinidade de combinações possíveis. Esses sistemas diminuem os impactos ambientais negativos, inerentes aos sistemas convencionais de criação de gado, por favorecerem a restauração ecológica de pastagens degradadas, diversificando a produção das propriedades rurais, gerando lucros e produtos adicionais, ajudando a depender menos de insumos externos (como adubos, postes e mourões), permitindo e intensificando o uso sustentável do solo, além de outros benefícios como incorporação de nutrientes e o incremento da atividade microbiana do solo, favorecida pela melhora do microclima proporcionado pela serapilheira, resultando na melhoria da fertilidade do solo; maior conforto térmico para os animais; e o aumento do valor nutritivo da forragem. MANEJO APÓS A RECUPERAÇÃO O sistema de pastejo, a intensidade (altura), a frequência de pastejo (dias de ocupação e de descanso), o ajuste do número de animais pela oferta de forragem e a utilização de fertilizantes são aspectos que devem ser considerados. Os métodos de pastejo não são o ponto chave para o sucesso do empreendimento com base em pastagens e sim uma alternativa de manejo. De forma geral, com qualquer método de pastejo, deve-se sempre buscar: Obter o máximo de produção de forragem de boa qualidade; obter boa distribuição da produção de forragem durante o na; manter a pastagem produtiva por muitos anos; e manter a espécie ou espécies em equilíbrio. Existe dois tipos básicos de pastejo, o rotacionado e contínuo, e suas variações. O objetivo do rotacionado, comparado com o continuo, é controlar a frequência de desfolhamento empreendido pelos animais, trazendo, como consequência, aumento no nível produtivo da pastagem. 1 – Pastejo contínuo Prevê-se, teoricamente, a presença de animais na pastagem o ano todo, a qual é constituída de uma ou mais espécies forrageiras. Os custos de formação e manutenção é menor, em função da menor quantidade de cercas, cochos e bebedouros, menor manejo dos animais, possibilidade de se obter desempenho animais mais elevado em função da possibilidade de maior seletividade dos animais. Todavia, apresenta desvantagens como: pastejo seletivo é prejudicial às pastagens, ocasiona superpastejo das partes das plantas mais palatáveis; distribuição de dejetos irregulares; menor produção por área; favorece degradação de pastagem; número de UA relativamente baixo. 2 – Pastejo Rotacionado A pastagem é subdividida em piquetes, que são ocupados periodicamente pelos animais e, em seguida, as áreas permanecem por certo tempo de descanso. Enquanto o rebanho pasteja em um piquete, vários outros estarão se recuperando. Quando a forrageira do piquete tiver sido consumida até a altura mínima, após o pastejo, transfere-se o rebanho para outro piquete que já tenha se recuperado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Devemos classificar o nível de degradação para tomar a decisão sobre qual o método de recuperação ou renovação deverá ser escolhido. Considerar as condições das propriedades, partindo daí para os métodos diretos e indiretos de recuperação/renovação, envolvendo operações de preparo de solo somente se necessário. De modo geral, os métodos diretos são para as pastagens menos degradadas e os indiretos para pastagens mais degradadas. A recuperação efetiva das pastagens depende do manejo fisiológico adequado da planta forrageira, representado principalmente por período de descanso e ocupação dos pastos, acompanhados de resíduos de pastejo adequados e recomposição da fertilidade do solo. Uma vez recuperada, a pastagem submetida a manejoadequado tanto da planta quanto do solo, pode persistir durante décadas, sem necessidade de reforma. CÓDIGO FLORESTAL Por exigência legal, as propriedades rurais devem conservar a vegetação de ocorrência natural nas áreas definidas como de preservação permanente (APP) e de reserva legal (RL). As APPs são áreas estratégicas e de alta fragilidade ambiental que exercem papel importante na preservação de mananciais e recursos hídricos para garantir a estabilidade climática, hidrológica e geomorfológica, o fluxo gênico de fauna e flora e a proteção ao solo. As RLs são áreas designadas à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas, e o uso sustentável dos recursos naturais são permitidos. Esta gama de serviços ambientais, proporcionada por essas áreas protegidas, é considerada fundamental para o bem-estar da sociedade e o desenvolvimento econômico sustentável. Estas determinações constam no Código Florestal Brasileiro (CFB) desde 1964. Um dos principais destaques no legislativo em 2012 foi a aprovação do Novo Código Florestal Brasileiro, Lei 12.651 de 25 de maio de 2012, onde ocorreu alterações nas dimensões de RL e APPs definidas no CFB. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE 1 – APP consolidada nas faixas marginais de qualquer curso de água natural (mata ciliar de beira de rio) 2 – APP consolidada no entorno das nascentes e dos olhos de água perenes 3 – APP consolidada no entorno dos lagos e lagoas naturais. 4 – APP consolidada no entorno dos reservatórios d’água artificiais Para os reservatórios artificiais de água destinados à geração de energia ou abastecimento público, que foram registrados ou tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados anteriormente à Medida Provisória nº 2166/67 de 24/08/2001, a faixa da Área de Preservação Permanente (APP) será a diferença entre estes dois níveis de água da represa: o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum, que é o nível de água atingido pela represa nos casos de enchentes. Essas medidas, portanto, variam de acordo com o reservatório e com a declividade do terreno. 5 – APP consolidada nas encostas ou em partes destas, topo de morros, montes, montanhas e serras Será admitida a manutenção de atividades florestais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo e infraestrutura de atividades agrossilvipastoris desenvolvidas em: „ Encostas ou parte destas com declividade superior a 45°. „ Em topo de morros, montes, montanhas com inclinação média maior que 25°. „ Em áreas com altitude superior a 1.800 metros qualquer que seja a vegetação. O pastoreio extensivo nos locais referidos deverá ficar restrito às áreas de vegetação campestre natural ou já convertidas para vegetação campestre, admitindo-se o consórcio com vegetação lenhosa perene ou de ciclo longo. Será admitida, ainda, a manutenção de atividades florestais, culturas de espécies lenhosas e infraestrutura de atividades agrossilvipastoris desenvolvidas nas APPs consolidadas de bordas de tabuleiros ou chapadas dos imóveis de até quatro módulos fiscais, desde que autorizadas pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente. RESERVA LEGAL O tamanho da Reserva Legal varia dependendo do estado da Federação. Bioma Reserva legal Amazônia 80% Cerrado 35 – 20% Caatinga 20% Mata Atlântica 20% Pampa 20% Em síntese:
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