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Faculdade Delta Viviane Pires AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL UNILATERAL Salvador, 2020 Faculdade Delta Viviane Pires AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL UNILATERAL Trabalho apresentado na disciplina de Órtese e Prótese, do curso de fisioterapia da faculdade UNIME, ministrada pela professora Alyne Rodrigues, com o objetivo de ampliar conhecimentos. Salvador, 2018 INTRODUÇÃO O termo amputação é definido como a remoção de uma extremidade do corpo por meio de cirurgia ou acidente. Na medicina, esta prática é utilizada para controlar a dor ou doença que está acometendo o membro em questão. Durante a história foi amplamente usada como punição por crimes. Embora a amputação seja vista como uma mutilação, incapacidade ou impossibilidade de realizar atividades rotineiras, na realidade, este procedimento deve ser encarado como o início de uma nova fase, pois, mesmo que um membro tenha sido perdido, com consequente alteração da imagem corporal, houve a eliminação de um perigo iminente da perda da vida ou de alívio de um sofrimento. As causas mais comuns que levam à amputação são de ordem vascular, causadas por: vasculopatias periféricas, traumáticas, tumorais, infecciosas, congênitas e iatrogênicas. A etiologia mais comumente observada gerada por eventos vasculares é a diabetes e o tabagismo. Etiologias traumáticas afetam uma parcela significativa da população em decorrência dos acidentes de trânsito, de trabalho ou, menos frequentemente, resultante de outra causa. AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL UNILATERAL Perda parcial do segmento corporal situado entre a articulação do joelho e tornozelo, seccionando a perna em plano transversal (horizontal), comprometendo as estruturas ósseas (tíbia e fíbula), e tecidos moles (músculos, tendões, vasos, nervos). A citação “parcial” procede, pois o prefixo “trans” é pertinente ao nível da amputação). A causa mais frequente de amputação em MMII, é oriunda de vasculopatias periféricas, onde quase sempre estão associadas patologias como diabetes, tromboangeíte obliterante, e tabagismo. Causas traumáticas ocorrem usualmente por acidentes automobilísticos, esmagamento por soterramentos, projéteis de armas de fogo, explosão de minas terrestres, picadas de ofídios (cobras), queimaduras elétricas. No trabalho em questão a etiologia da amputação é vasculopatia periférica por diabetes. A doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) caracteriza-se pela obstrução aterosclerótica progressiva das artérias dos membros inferiores, afetando gradualmente e de maneira adversa a qualidade de vida dos pacientes. As artérias de diabéticos apresentam mais calcificação de parede e maior número de células inflamatórias. As obstruções arteriais apresentam com mais frequência uma distribuição infrapatelar, acometendo vasos da perna. Estes fatos, associados a outras diferenças na fisiopatologia das lesões do pé diabético, implicam pior prognóstico desses pacientes, com maiores taxas de morbidade e mortalidade associadas à DAOP. A amputação transtibial tem três diferentes níveis. T1 - (proximal) amputação no terço superior da perna, T2 - (medial) amputação no terço médio da perna e T3 - (distal) amputação no terço inferior da perna. A amputação do paciente é em nível distal. PLANO TERAPEUTICO PRÉ OPERATÓRIO Avaliação física detalhada do paciente, esclarecimentos sobre o prognóstico funcional, discussões sobre dor fantasma e sobre as metas de reabilitação de curto, médio e longo prazo. É recomendado iniciar ainda antes da cirurgia os exercícios que serão necessários para a reabilitação subsequente. Prática de transferência correta da cama para a cadeira de rodas. Isso permite fortalecer de antemão a musculatura. Fortalecimento dos membros superiores. Preparação do paciente para as transferências, a independência no leito, o trabalho nas barras paralelas e a condução de cadeiras de rodas. Monitoramento e estimulação do membro contralateral. Para o fortalecimento e à prevenção/correção de deformidades. Sempre que possível, anteriormente a uma cirurgia de amputação, uma avaliação cognitiva deve ser realizada na tentativa de se identificar a habilidade do paciente em aprender, se adaptar e usar a prótese, assim como a capacidade do mesmo para alcançar um nível ótimo de autonomia e independência com o uso do equipamento. CIRURGIA A cirurgia de amputação tem por objetivo retirar o membro acometido e criar novas perspectivas para a melhora da função da região amputada. O cirurgião deve ter em mente que, ao amputar um segmento corporal do paciente, estará criando um novo órgão de contato com o meio exterior, o coto de amputação, e deverá planejar a estratégia cirúrgica antevendo um determinado processo de reabilitação que deverá contar com uma equipe multiprofissional composta, por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos. O projeto terapêutico do paciente deve ser pactuado dentro da equipe multiprofissional, objetivando garantir uma atenção integral e evitando a existência de condutas conflituosas. Devem ser observados os cuidados necessários para se manter a integridade da ferida cirúrgica para que não ocorra nenhuma intercorrência durante o período de cicatrização. Neste período, o coto de amputação não deve ser mantido imobilizado, iniciando as mobilizações no coto entre 24 a 48 horas após a cirurgia de amputação. PLANO TERAPEUTICO PÓS OPERATÓRIO Orientar ao paciente sobre o correto posicionamento no leito hospitalar, principalmente pensando na prevenção de contraturas em flexão do joelho. Deve-se manter as articulações de quadril e ou de joelho neutras, não fornecendo apoios em regiões que possam posicionar o membro em flexão. No posicionar o coto de amputação para fora do leito. Na postura sentada, deve ser fornecido um apoio para coto de amputação, o qual deve manter o joelho em extensão. REABILITAÇÃO / PROTETIZAÇÃO Todos os amputados necessitam de reabilitação, e nem todos de protetização. Avaliar a reserva cardiovascular; A cicatrização; O revestimento cutâneo; A mobilidade articular; A força muscular, controle, motor (desequilíbrios, ataxias, alterações da sensibilidade profunda...) Capacidade cognitiva (conseguir aprender a utilizar a prótese de modo funcional). Imediatamente após a cirurgia, os cuidados com a ferida operatória e posicionamento correto do membro amputado é fundamental, principalmente pensando na prevenção de contraturas em flexão do joelho. De 24 a 48 horas após a cirurgia, iniciar cinesioterapia leve, com exercícios isométricos, e de mobilidade articular leve, ativamente, conforme tolerância e intensidade da dor referida. Após a retirada dos pontos cirúrgicos, atenção a boa cicatrização da ferida operatória, suavemente massagear em volta para prevenir aderências aos planos profundos, massagear suavemente o coto, empregar calor profundo (ultra-som) quando constatado clínica sugestiva de dor causada por neuroma; progressivamente manter a tonicidade muscular da perna e reforçar esta musculatura. Para o controle do edema no coto de amputação, é necessária a realização da circumetria do coto. Após a cicatrização completa o iniciar o enfaixamento do coto para ajudar a dar forma ao mesmo, impedindo que as extremidades recebam toda a sobrecarga e peso do corpo além de diminuir possíveis edemas. O enfaixamento também diminui a sensibilidade do coto, preparando melhor a região para as próteses. Iniciar marcha com um par de bengalas / muletas axilares, ou andador, tão logo seja possível, a partir de 24 a 48 horas após a cirurgia de amputação. A prótese transtibialé constituída pelos seguintes componentes Ortoprotésicos: Encaixe transtibial; Canela ou Pilão; Pé Protésico; e Sistema de Suspensão. Sabendo que as próteses para amputações transtibiais podem ser exoesqueléticas ou endoesqueléticas, dos tipos PTB, PTS, KBM, Pótese (PTB, PTS,OU KBM) com coxal (manguito coxa), e prótese ajoelhada, com finalidades passiva, estética ou cosmética, apenas para composição ou demonstração de simetria dos MMII; proporcionar marcha funcional para o desempenho normal da pessoa em suas atividades da vida diária, incluído o trabalho; para banho, piscinas e praias; e para a prática de esportes. Foi prescrita a Prótese endoesquelética ou modular pois são montadas a partir de componentes que podem ser combinados entre si de diversas maneiras, ou seja, escolhe-se um encaixe, um tipo de joelho, um tipo de pé, etc. Permite, ainda, ajuste no seu alinhamento de modo individualizado. Os componentes de uma prótese modular podem, de modo geral, ser substituídos e reparados. Confeccionada em titânio por ser extremamente leve e resistente. O encaixe prescrito é O TSB (Total Surface Bearing) encaixe de contacto total, em que as forças do peso do amputado e da resultante da marcha, são exercidas em todo o membro residual, deixando de haver zonas exclusivamente de pressão e outras exclusivamente de descompressão. Foi desenvolvido para compensar as limitações do encaixe PTB. Pela distribuição da pressão por todo o coto, torna a prótese mais confortável e reduz a possibilidade de desenvolver edema distal. O TSB é mais leve e com melhores resultados de suspensão. Para o encaixe interno o Liner em silicone é o mais indicado, pois consegue dispersar as forças sobre o coto, é resistente a água, suor e influências atmosféricas e é inodoro e insípido. O pé é articulado e multiaxial, pois possibilita movimentos em três planos, adequado para terrenos irregulares, reduz a flexão do joelho no momento de descarga do peso, reduz a tensão de cisalhamento no coto, assegura um rápido contacto total do pé no solo no momento de descarga do peso e adapta-se ao terreno. Após protetização tem-se treino de marcha com a prótese definitiva, ensino do calçar e descalçar a prótese e os cuidados de manutenção e limpeza a ter com a prótese, além de: Exercícios de fortalecimento ADM (CPD); Transferência de peso na prótese; Deambulação nas paralelas; Reeducação para levantar e sentar; Deambulação sem a ajuda das paralelas; Treino em escadas e rampas. Após Alta do tratamento tem-se 1ª consulta de revisão 3 meses depois, com orientação para correções do encaixe se necessário e a 2 ª consulta de revisão cerca de 1 ano após a recepção da prótese. Nos primeiros 6 a 18 meses existe grande variabilidade no volume do coto, a frequência das consultas pode ser alterada de acordo com as necessidades do amputado. Quando as dimensões do coto estabilizaram e a adaptação à prótese foi conseguida, o amputado é avaliado uma vez por ano. Os processos de pré-protetização e de pós-protetização provocaram variações da circumetria do coto nos pacientes e mesmo após a fase Pré-protética, as medidas do coto ainda continuam variando. Devido a essa variação, é importante a confecção de uma prótese provisória até a estabilização das medidas do coto e então, a utilização de uma prótese definitiva, permitindo ao paciente melhor adequação do coto à prótese. REFERENCIAS ARAUJO. Renato Praxedes. Amputação transtibial. Disponível em: <https://www.proreabilitacao.com.br/papo-cafezinho/demetrio-praxedes- araujo/amputacao-transtibial>. Acessado em: 12 de abril de 2020. BRASIL. Instituto Nacional do Seguro Social. Manual sobre Prescrição de Órteses, Próteses Ortopédicas não Implantáveis e Meios Auxiliares de Locomoção. – Brasília, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à pessoa amputada / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 1. ed. 1. reimp. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. VENCIO. SÉRGIO Et. Al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2014- 2015/Sociedade Brasileira de Diabetes; [organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio]. – São Paulo: AC Farmacêutica, 2015. P. 293-303. I.PEREIRA Et. al. Amputação de membro inferior. Que reabilitação? Serviço de Medicina Física e de Reabilitação. Disponível em: <https://repositorio.hff.min- saude.pt/bitstream/10400.10/1029/3/Amputa%C3%A7%C3%A3o%20do%20membro%20i nferior.pdf>. Acessado em: 12 de abril de 2020. MATOS. José Pedro Fulgêncio de. UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA À EFICIÊNCIA DE PRÓTESES TRANSTIBIAIS: Comparação entre Próteses Transtibiais com 4 diferentes Sistemas de Suspensão. Instituto Politécnico de Lisboa, 2014. Disponível em:<https://repositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/10237/1/Uma%20abordagem%20metodol %C3%B3gica%20%C3%A0%20efici%C3%AAncia%20de%20pr%C3%B3teses%20transti biais_compara%C3%A7%C3%A3o%20entre%20pr%C3%B3teses%20transtibiais%20com %204%20diferentes%20sistemas%20de%20suspens%C3%A3o.pdf> Acessado em: 12 de abril de 2020. MATSUMURA. Adriane Daolio et.al. Avaliação pré e pós protética da circumetria dos cotos de amputados transtibiais. Revista Acta Fisiatra. Instituto de Medicina Física e Reabilitação. Disponível em: <http://www.actafisiatrica.org.br/detalhe_artigo.asp?id=521>. Acessado em: 12 de bril de 2020.
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