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Diacronia Interna e Externa da Língua Portuguesa aula 1 e 2

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Diacronia Interna e Externa da Língua 
Portuguesa 
Introdução a história externa da Língua Portuguesa: o Império Romano e sua expansão, a 
queda do Império Romano e suas consequências, a invasão dos bárbaros e a dos árabes, a 
luta pela reconquista e a formação dos estados europeus, o Condado Portucalense, a 
independência e expansão de Portugal, a Língua Portuguesa no atual contexto mundial; 
História interna da Língua Portuguesa: evolução fonética; Estruturação do léxico português; 
Transformações até o Português atual. 
AULA 1 
CONCEITOS INICIAIS 
É sempre bom iniciarmos o estudo de qualquer disciplina revendo alguns 
conteúdos aprendidos anteriormente. Você estudou ​gramática​ na escola. 
Mesmo que tenha tido aulas mais voltadas à interpretação de textos ou 
produção textual, conceitos gramaticais estavam sempre presentes nos 
exercícios. Nas aulas de língua estrangeira o professor falava sobre o verbo 
to be​, os pronomes, adjetivos, enfim, conceitos gramaticais. Mas você sabia 
que a palavra gramática tem mais de um sentido? Sabia ainda que existem 
vários tipos de gramática? 
O sentido mais comum é de um livro que explica as regras de uma 
determinada língua, outro muito corrente entre linguistas é a gramática não 
como um livro, mas como todo o conjunto de regras internas da língua. 
Assim, imagine que antropólogos encontrem na Amazônia uma tribo indígena 
isolada. Nunca tiveram contato com homens brancos e não sabem ler ou 
escrever, a sociedade em que vivem é ​ágrafa​, isto é, não tem um alfabeto. A 
língua desse povo hipotético tem uma gramática, pois a língua que falam tem 
regras. 
Entre as gramáticas escritas mais comuns, temos: 
Gramática descritiva 
Que descreve a forma como as pessoas falam. 
Gramática normativa 
Que elenca a forma ideal de se falar, com base na norma culta. É a gramática usada nas 
escolas e cursos de língua portuguesa. 
Gramática histórica 
Que apresenta a ​diacronia interna​ da língua, isto é, a história de como as palavras nasceram e 
evoluíram. 
Gramática comparada 
Que compara duas ou mais línguas. 
As duas primeiras gramáticas estudam a língua observando-a de uma forma 
estática, parada no tempo, e por ser apenas um recorte da língua em uma 
determinada época, chamamos ​sincronia​. As duas últimas gramáticas estudam a 
língua observando-a em movimento, vendo várias épocas de sua história, ao 
longo de sua evolução, e por isso chamamos ​diacronia​. 
A gramática é dividida em três partes: ​fonologia​, ​morfologia​ e ​sintaxe​. 
Vamos ver uma por vez. 
Fonologia 
A escrita nem sempre corresponde à fala. Palavras como ​paço​ e ​passo​ ou 
taxa​ e ​tacha​ têm a pronúncia, mas se escrevem de forma diferente. Veremos 
ao longo de nossas aulas por que isso acontece. Na escola você aprendeu 
que essas palavras são homônimas, homófonas, heterógrafas, e que o CH e 
o SS são dígrafos, porque duas letras representam um único som, no caso, 
um ​fonema​. 
Você sabe a diferença entre ​fone​ e ​fonema​, entre ​fonética​ e ​fonologia​? 
Vamos começar por esses conceitos. 
Nós temos um aparelho fonador, que consiste em boca, cavidade nasal, 
língua, dentes etc. Todos os órgãos que precisamos para falar. Os mudos 
não conseguem falar, por isso usam uma língua de sinais, usam as mãos e o 
rosto como substitutos do aparelho fonador e assim se comunicam. Por meio 
do aparelho fonador emitimos sons, os fones. Quando levantamos o 
inventário de sons particulares de uma língua, falamos de fonemas. Para isso, 
levantamos os pares mínimos, ou seja, palavras que mudam de significado se 
mudarmos algum fonema, como pato e bato, em que o /p/ e o /b/ são 
fonemas, porque têm relevância na língua. No caso do “s” chiado dos 
cariocas em oposição ao s sibilado dos paulistas, não podemos dizer que são 
fonemas, porque não criam novas palavras na língua. 
Vamos ver alguns conceitos de fonologia. 
Usaremos essas palavras ao longo de nosso curso, e aparecerão em futuras 
disciplinas. Vamos começar bem devagar, com definições simples, como 
ponto de partida. Essas não são definições “acadêmicas”, mas definições 
mais simples de conceitos que serão estudados de forma mais profunda ao 
longo do curso, com os vídeos e as aulas. 
Vamos lá: 
Fone = ​qualquer som emitido pelo aparelho fonador humano, que consiste 
nas cordas vocais, laringe, língua, lábios etc. 
Fonema = ​cada um dos sons “oficiais” que fazem parte de uma língua. 
Fonética = ​ciência linguística que estuda os fones. 
Fonologia= ​parte da gramática que estuda os fonemas. 
Letra = ​representação gráfica usada para escrever os fonemas. 
Ortografia = ​parte da gramática que estuda a correta escrita das palavras. 
Fonologia 
Morfologia 
Em todas as línguas, as palavras são formadas por meio de um sistema 
morfológico próprio. Usando a morfologia como critério, as línguas podem ser 
isolantes, aglutinantes ou flexivas. 
Nossa língua descende diretamente do latim, uma língua flexiva. Nessas 
línguas, as palavras são formadas por elementos como afixos e desinências. 
Vejamos alguns conceitos: 
Morfema = ​conjunto de fonemas que forma uma unidade de sentido, um 
elemento que se une às palavras para formar novas palavras. Os morfemas 
mais comuns em português são os prefixos, sufixos, radicais e desinências. 
Morfologia = ​parte da gramática que estuda os morfemas. 
Radical = ​morfema principal que guarda o sentido da palavra. 
Prefixo = ​morfema que vem antes do radical, como o ​in​- de infeliz. 
Sufixo = ​morfema que vem depois do radical, como o -​idade​ de felicidade. 
Desinência = ​morfema que vem ao final da palavra. 
Sintaxe 
Você deve se lembrar das aulas de sintaxe na escola, dos sujeitos, 
predicados, objetos, orações coordenadas e subordinadas. 
Sintaxe = ​parte da gramática que estuda a relação das palavras entre si, as 
frases e orações. 
Morfologia 
Origem e evolução das línguas 
Quando falamos em ​diacronia​,falamos sobre história. Hoje conhecemos a 
origem das línguas, mas nem sempre foi assim. Durante milhares de anos de 
história a humanidade ignorou como nasceram os idiomas. Somente nos 
últimos cinco séculos essa ciência vem se desenvolvendo. 
Embora não soubesse, o homem sempre se questionou por que os outros 
povos falam outras línguas, por que há falares regionais e sotaques, de onde 
vieram as línguas. 
O mito mais antigo de que se tem notícia é do povo sumério. No poema 
Enmerkar e o Senhor de Aratta, ​o herói ​Enmenrkar​ constrói uma torre e dois 
deuses rivais confundem as línguas dos homens. Os hebreus têm sua versão, 
a Torre de Babel, em que um povo resolve construir uma torre, cujo cume 
atingisse os céus. Para que isso não ocorresse, Deus confundiu as línguas. 
Outros povos, como os muçulmanos, índios americanos e povos europeus 
têm suas versões. 
Figura 2. A Torre de Babel (1563). Pintura de Pieter Brueghel. Museu de 
Kunsthistorisches, Viena, Áustria. 
 
Durante muito tempo se acreditou que as línguas haviam surgido ao mesmo 
tempo, como narra o mito da Torre de Babel. Com os conhecimentos de hoje, 
sabemos que não foi bem assim. As línguas nasceram de forma gradual, pois 
variações de região para região vão ocorrendo lentamente, de geração em 
geração, até que as línguas fiquem tão diferentes que passem a ser 
consideradas outras línguas e não mais variantes de uma mesma língua. 
Origem e evolução das línguas 
A história das línguas (diacronia interna) se une à história dos povos 
(diacronia externa), já que as línguas são instrumentos de comunicação dos 
povos e estão sujeitas às regras sociais e políticas. Devido às relações 
políticas internacionais, às guerras, às migrações, entre muitos outros fatores, 
as línguas se modificam, algumas desaparecem, deixando de ser faladas 
pelas novas gerações, outras se chocam, gerando línguas crioulas. O que 
mais acontece na história, contudo, é que povos que se separam têm suas 
línguas evoluindo de modo distinto, gerando outras línguas. 
Estudaremos ao longo de nosso curso a históriade povos pré-romanos, do 
Império Romano, do domínio muçulmano na Península, da Reconquista, e a 
história de Portugal desde sua fundação. Nesta primeira aula, contudo, 
veremos apenas uma breve história de como as línguas vêm sendo 
estudadas, o surgimento do método comparativo e do estudo da diacronia, 
que permitiu posteriormente o estudo da diacronia interna e externa da língua 
portuguesa. 
Figura 3. Expansão do proto-indo-europeu. 
 
Vamos recuar bastante no tempo para pegar a narrativa bem do início. 
Estamos na pré-história, período do neolítico, milhares antes de surgirem as 
primeiras formas de escrita e, portanto, a História. Em várias regiões do 
globo, os sons emitidos pelo aparelho fonador dos homens, descendentes 
diretos dos gritos dos nossos antepassados, começavam a se transformar em 
palavras. Ainda não sabemos se na África, onde surgiu o homem, nasceu 
uma única língua da qual todas descendem ou se várias línguas nasceram 
em locais distintos do globo, formando os diferentes troncos linguísticos. O 
que sabemos, sem dúvida, é que todas elas evoluíram e se fragmentaram em 
centenas de outras línguas. 
Na região cor-de-rosa, território que hoje pertence à Rússia, há 7 mil anos 
habitava um povo falante de uma única língua, o proto-indo-europeu. Entre 
4000 e 1000 a.C. eles migraram para outras áreas. O território em vermelho 
indica a área ocupada cerca de 2.500 a.C., a área em laranja por volta de 
1.000 a.C. 
Vê uma seta que se dirige à Península Itálica, em forma de bota? Ali foi um 
grupo que teve sua língua lentamente alterada, de geração em geração. Em 
pouco tempo, essa já estava diferente das línguas faladas em outras regiões, 
e séculos antes eram apenas variações regionais de uma mesma língua. 
Na Península Itálica, essa língua foi se alterando, até algo que podemos 
chamar de proto-itálico, uma língua da qual não restou nenhum documento 
escrito. Tudo o que sabemos foi reconstruído por linguistas, por meio do 
método comparativo que você vai conhecer na Aula 1. Dessa língua vieram 
as línguas itálicas. Dentre elas seu filho mais famoso: o latim. 
 ​Leia a matéria da revista Ciência Hoje e ouça a entrevista 
com o linguista Carlos Faraco sobre as mais recentes hipóteses de 
surgimento das línguas. 
http://cienciahoje.uol.com.br/podcasts/A%20origem%20das%20linguas.mp3/vi
ew 
 
Para aprofundamento do conteúdo desta aula, leia o capítulo 1 do livro 
da disciplina. 
 
 ​Sintetizando​Fechar 
O QUE APRENDEMOS NESTA ESTAÇÃO? 
»Os conceitos de gramática descritiva, normativa, histórica e comparada; 
»Os conceitos de fonologia, morfologia e sintaxe; 
»A origem das línguas e sua evolução e a história dos estudos 
linguísticos. 
 
AULA 2 
PROTO-HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 
Na Península Itálica floresceu um novo idioma, o latim, e o povo que falava essa 
língua indo-europeia criou um dos maiores impérios da história, o Império Romano. A 
língua latina foi levada a outros territórios, até o fim da Península Ibérica, onde surgiu 
a língua portuguesa, espanhola, galega, entre outras. 
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Antes da chegada dos romanos havia outros povos que falavam outras línguas. Elas 
foram suplantadas e esquecidas. Apenas algumas palavras como cama, esquerdo, 
gordo, cerveja, entre outras, permaneceram até hoje. 
O Império Romano 
O Império Romano rivalizava com Cartago, uma cidade fenícia localizada no norte da 
África (atual Tunísia). Roma e Cartago disputavam entre si o controle do Mar 
Mediterrâneo. No século III a.C., os romanos invadiram a Península Ibérica, como 
objetivo de cortar a ligação entre Cartago e as minas de ouro, prata, cobre e estanho 
da Hispânia 
Figura 4. Mapa do domínio romano. Em verde, Lusitânia, em azul, Galécia. Em 
branco, fronteira de Portugal, nos dias de hoje. Autor: Por Alexander Vigo – Obra do 
próprio, CC BY 3.0. 
 
Os romanos desenvolveram, na região conquistada, a mineração e expandiram a 
agricultura, plantando uvas para vinhos e cereais. Levaram a partir do século III a.C. 
o cristianismo, religião que permanece até hoje e que foi difundida por portugueses e 
espanhóis pelo mundo, séculos depois. O mais importante, para nosso curso, é que 
os romanos levaram a língua, o latim, idioma que durante séculos de evolução no 
território, que hoje corresponde a Portugal, se transformou gradualmente no 
português. As línguas dos povos anteriores foram suplantadas. Veremos na leitura 
da Aula 2 que restaram, atualmente, poucas palavras. 
O latim que serviu de base para nossa língua era uma versão popular, com menos 
rigor gramatical. Os romanos distinguiam o ​sermus urbanus​ (norma urbana, 
equivalente a nossa norma culta atual) do ​sermus ruralis​ (norma rural, equivalente ao 
nosso português popular, coloquial). 
Você já estudou latim e viu que algumas palavras se não eram parecidas com o 
português, pelo menos lembram outras do mesmo campo semântico, como (femina – 
mulher, magister – professor, ager – campo). A sintaxe também era bem 
“complicada”, mudava-se a desinência da palavra de acordo com a função sintática. 
Imagine a dificuldade que os povos que habitavam a região antes da chegada dos 
romanos tiveram para aprender o latim. Imagine ainda que grande parte dos 
romanos não dominava todas essas regras gramaticais e falava um latim mais 
despreocupado com as declinações. 
No vídeo, a seguir, você verá o trecho de um filme intitulado “A Vida de Brian”. Um 
revolucionário hebreu, durante o Império Romano, revoltado com a ocupação 
romana no Oriente Médio, picha uma parede com os dizeres “Romanos vão pra 
casa”, uma brincadeira com o lema “Yankee go home” muito usado por pessoas 
contrárias à ocupação dos Estados Unidos em qualquer lugar. Durante a pichação 
ele comete vários erros gramaticais, e é corrigido duramente por um militar romano. 
 ​Veja o vídeo:A vida de Brian. 
<https://www.youtube.com/watch?v=PWG0YohPrL0> 
 
Figura 5. Ruínas de umtemplo romano na cidade de Évora, Portugal. 
 
As Invasões Bárbaras 
No século V, com o declínio do Império Romano, o território foi ocupado por diversos 
povos germânicos, chamados de bárbaros pelos romanos. Eles falavam línguas de 
origem germânica e eram cristãos. 
Suevos e Visigodos foram os que mais tempo permaneceram em território hoje 
correspondente a Portugal. Veremos na Aula 2 que algumas palavras germânicas 
entraram no vocabulário do povo dominado e permanecem até hoje em português. 
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Os Suevos chegaram a fundar um reino com capital em Braga, foi o primeiro reino 
cristão na Europa. Por volta do século VIII os reinos Suevo e Visigodo sucumbiram 
ante o poderio militar dos muçulmanos. 
O Império Romano e as Invasões Bárbaras 
O Domínio Árabe 
Os mouros eram povos africanos, de pele negra, falavam berber ou árabe, eram 
convertidos ao Islamismo e em pouco tempo abraçaram o desejo de expandir a fé 
muçulmana para a Europa. 
Figura 6. A batalha de Guadalete. 
 
Foram muitas batalhas sangrentas entre mouros e bárbaros, até que o território foi 
sendo ocupado, rumo ao norte, gradualmente. Os povos locais que se renderam e 
não quiseram lutar permaneceram no território e pagavam tributos. O cristianismo e 
o judaísmo foram tolerados em alguns locais. Os árabes contribuíram muito na 
cultura local, ciência e agricultura. Introduziram o arroz, pêssegos e frutos cítricos, 
desconhecidos anteriormente. Veremos, na Aula 2, muitas das contribuições desses 
povos de pele negra e religião islâmica. Na língua portuguesa, hoje, contamos com 
mais de três mil palavras de origem árabe ou persa, a maioria foi adquirida durante a 
conquista árabe. Em espanhol também ficaram milhares de vocábulos. O comércio 
internacional fez algumas palavras árabes chegarem a outras línguas como o inglês, 
que não tiveram contato direto com o árabe. 
O tempo de permanência no território, hoje, de Portugal e Espanha proporcionou um 
legado linguístico de milhares de palavras no português e no espanhol, como visto, 
mas essas línguas não são aparentadas. O árabe é uma língua do tronco 
afro-asiático, e o português e o espanhol são indo-europeias. Apesar de não terem a 
mesma origem, essas línguas compartilham milhares de palavras. Veja a seguir um 
vídeo que mostra a semelhança de vocabulário entre o árabe e o espanhol. Uma 
moça diz em inglês algumas palavras, uma segunda jovem traduz a palavra para sua 
língua, o árabe, enquanto uma terceira, ao mesmo tempo, traduz para o espanhol. 
Elas se divertem, observando a semelhança entre as palavras. 
 ​Assista o vídeo: 
<https://www.facebook.com/AnnenbergMedia/videos/15184983851362
62/> 
Fonte: facebook. É preciso estar logado na rede social para conseguir assistir. 
 
As palavras ditas, foram: 
INGLÊS ÁRABE ESPANHOL PORTUGUÊS 
blousa bloosa blusa blusa 
pants bantalon pantalones calça 
shirt kamis camisa camisa 
sugar sookar azúcar açúcar 
guitar qithara guitarra violão 
cooking 
oil 
zayt aceite azeite 
scorpion aqrab alacrán escorpião 
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until hata hasta até 
music moseka música música 
É curioso notar que a semelhança nem sempre se deve de uma origem árabe para a 
palavra espanhola, no caso de música, tanto os termos em inglês, árabe, espanhol, 
português e outras línguas são uma transformação fonética do original grego 
mousikos​. Em alguns casos, as quatro línguas que comparamos na tabela 
apresentam semelhança, é o caso de blusa, açúcar e música. Em outros, são 
semelhantes apenas o árabe e o espanhol, escorpião e calça. Em outros, a 
semelhança é entre árabe, espanhol e português, como em camisa, azeite e até. Já 
em violão, o único caso em que o original árabe se manteve em inglês e espanhol, 
mas se perdeu em português, com a mudança de sentido da palavra para um 
instrumento musical elétrico, enquanto o sentido original foi preenchido por outra 
palavra, violão, o aumentativo de uma palavra de origem provençal, viola. 
Figura 7. O Alcázar de Sevilha, palácio existente até hoje, é um dos legados da 
ocupação muçulmana na Península Ibérica. Sevilha, Espanha. 
 
O Domínio Árabe 
Para aprofundamento do conteúdo desta aula, leia o capítulo 2 do livro da 
disciplina. 
SintetizandoFechar 
O QUE APRENDEMOS NESTA ESTAÇÃO? 
 
» A língua latina nasceu na Península Itálica e foi levada à região onde hoje fica 
Portugal; 
 
» Povos que habitavam a Península Ibérica, antes da chegada dos romanos, nos 
deixaram algum vocabulário; 
 
» O Império Romano respeitava as línguas locais, mas difundiu o latim de modo que 
se tornou língua oficial; 
 
» Os árabes dominaram a Península Ibérica por séculos, legando mais de 3 mil 
palavras para a língua portuguesa. 
 
 
 
 
- Neste circuito, viajamos por mais de sete mil anos de história. 
 
- Vimos a saída dos indo-europeus do território inicial, a chegada de alguns na 
península Itálica e a formação do latim. Vimos como esse latim vulgar suplantou as 
línguas originais da Península Ibérica e como os mouros muçulmanos, falantes de 
árabe, dominaram o território por muitos séculos, legando milhares de palavras à 
língua dos povos dominados que permanecem até hoje em português. 
 
- Conhecemos a diacronia externa e a interna, com a transformação de palavras do 
latim, que gradualmente se transformaram a ponto de se tornarem irreconhecíveis. 
 
- E por fim, a partir da discussão da diacronia como o ensino em ação, fizemos um 
exercício prático que nos mostrou a diacronia na sua relação teoria-prática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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