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_______________________________________ Especializando/professor do curso Matemática na Prática, pela Universidade Federal Espírito Santo. Pesquisa sobre: A Importância dos Jogos Lúdicos no Ensino-Aprendizagem da Matemática. lucianasmoulin@hotmail.com. TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - SEAD/UFES/ UAB A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS LÚDICOS NO ENSINO- APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA Luciana da Silva Moulin¹ lucianasmoulin@hotmail.com Orientadora: Márcia Cade marciabrandaoead@gmail.com Polo de Alegre RESUMO Este trabalho apresenta uma análise e reflexão sobre utilização de jogos lúdicos dentro da sala de aula, para que os alunos aprendam a matemática de uma forma prazerosa e divertida. Trata- se do desenvolvimento de novos hábitos de estudo, o que exige o engajamento de todos os que trabalham na escola, ressaltamos também a contribuição dos jogos lúdicos nas aulas de matemática, tanto para o professor quanto para o aluno, principalmente nos primeiros anos do ensino, sabendo que o lúdico beneficiará com maneira significativa para o desenvolvimento intelectual e potencial de cada aluno. Assim, foi proposto trabalhar com jogos matemáticos para explorar o conhecimento e o raciocínio lógico do aluno. Nosso objetivo é analisar a utilização dos jogos lúdicos no ensino da matemática na primeira série do ensino médio. Conceituar o termo Lúdico como sendo qualidade daquilo que estimula através da fantasia, do divertimento ou da brincadeira, na visão de alguns autores reforçarem esses conceitos percebendo o quanto o ato de brincar é importante para o desenvolvimento intelectual e cognitivo dos estudantes, mas ainda citar alguns jogos que ira auxiliar no processo aprendizagem do aluno, bem como suas contribuições nessa área do conhecimento matemático. Através disso podemos observar a importância de utilizar jogos lúdicos no processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos matemáticos, além do interesse, participação e motivação demonstrada pelos alunos na construção e análise dos conceitos trabalhados. PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Aprendizagem Matemática. Desenvolvimento. 1 INTRODUÇÃO O ensino tradicional da matemática não possibilita aos alunos a assimilação efetiva dos conteúdos ministrados pelo professor, pois não são estimulados a apreendê- mailto:marciabrandaoead@gmail.com TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 2 los e levá-los a prática constante (CABRAL, 2006). Por essa forma de transmissão, a matemática tornou-se motivo de apreensão, desânimo e receio por parte dos alunos. A matemática está integrada em diversas áreas do conhecimento (AGUIAR, 2008) e o seu aprendizado se inicia desde o início da idade escolar. Entretanto, as práticas de ensino adotadas por professores nem sempre levam o aluno a se envolver completamente com o conteúdo. A aprendizagem ao ser encarada como um fardo e dever aos alunos torna-se falha e pouco motivadora (NETO; FONSECA, 2013). Nesse sentido, há a necessidade de integrar o processo de aprendizagem despertando no aluno a criatividade, iniciativa e o interesse pelo conteúdo abordado, facilitando o seu aprendizado de uma maneira proveitosa (DALARMI, 2013). Quando há motivação e prazer, o aluno tem a capacidade de se dedicar ao ensino e sente-se estimulado pelos professores para assimilar até conteúdos considerados difíceis (NETO; FONSECA, 2013). Mudando a tradição no ensino, o professor pode fazer uso de recreações nos mais diferentes assuntos nas aulas de matemática. O uso de atividades lúdicas em sala de aula faz com que os alunos tenham atração pela escola e também melhora o relacionamento interpessoal no ambiente escolar (SOARES, 2017). Além disso, a inclusão de jogos e brincadeiras nas aulas norteia o processo de ensino e aprendizagem, sendo favorável ao desenvolvimento intelectual e cognitivo de cada indivíduo. A compreensão das atividades e trabalhos da escola é mais eficaz com a abordagem dos jogos em aula. Outro fator é a competição gerada no uso dos jogos lúdicos que pode ser considerada como ponto positivo na aprendizagem, visto que é mais um estímulo à atenção e dedicação dos alunos. Isso faz com que o aluno seja centralizado nesse processo, auxiliando-o a interagir e construir o seu próprio conhecimento (DALARMI, 2013). Os avanços científicos e tecnológicos permitiram que até jogos eletrônicos fossem desenvolvidos para fins educacionais, o que desperta o interesse de muitas crianças e jovens que têm sempre a mão os seus smartphones, tablets, computadores (LOZZA; RINALDI, 2017). TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 3 Segundo Souza et al. (2017) bons resultados têm sido percebidos com a aplicação de jogos em sala de aula, pois o aluno é explorado em sua criatividade e participação, e também desenvolve estratégias para resolver os problemas. Este estudo se constitui numa reflexão sobre a necessidade de inserir práticas docentes diferentes e propostas de trabalho que possuem materiais com características muito próprias, que são utilizados também de forma distinta e em momentos diferentes no processo ensino-aprendizagem. Esta pesquisa justifica-se na medida em que hoje, ao aluno, deve ser dado o direito de aprender. Não um „aprender‟ mecânico, repetitivo, de fazer sem saber o que faz e porque faz. Muito menos um 'aprender' que se esvazia em brincadeiras. Mas, um aprender significativo do qual o aluno participe raciocinando, compreendendo, reelaborando o saber historicamente produzido e superando, assim, sua visão ingênua, fragmentada e parcial da realidade. Desse modo, este trabalho traz contribuições para que os profissionais da área percebam que esta é uma ferramenta inovadora das estratégias para o ensino- aprendizagem de Matemática e que um Laboratório de Ensino de Matemática pode ser fundamental para que se efetive com sucesso. Em outro momento, o mais importante não será a sala-ambiente, mas sim, a discussão e resolução de uma situação problema ligada ao contexto do aluno, ou ainda, à discussão e utilização de um raciocínio mais abstrato e, além disso, relacionar subsídios para implantá-la nas escolas. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO ENSINO DE MATEMÁTICA O ensino da matemática e o aprendizado podem ser divertidos tanto para o professor quanto para os alunos, pois conseguem assimilar o conteúdo abordado e se envolvem com as dinâmicas de trabalho (SOUZA et al., 2017). Assim, os jogos apresentam um papel fundamental no processo ensino-aprendizagem. Aos professores, a TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 4 brincadeira dirigida pode alcançar os objetivos de uma aprendizagem produtiva e aos alunos, um estímulo ao desenvolvimento de suas habilidades psicomotoras e cognitivas. Uma boa quantidade de habilidades matemáticas pode ser desenvolvida com o uso de jogos, tais como o raciocínio lógico, resolução de problemas, entre outros (BARBOSA et al., 2015). Além disso, outras habilidades inerentes ao ser humano são estimuladas com a aplicação de jogos em aula, como hábitos intelectuais, sociais, etc. Ponte e Serrazina (2000) relata que o desinteresse dos alunos na disciplina e a dificuldade na aprendizagem estão baseados no fato de os educadores não serem abertos às novas práticas de ensino. A falta de interesse começa pelos próprios professores, o que leva a monotonia da rotina. A inserção do aluno no ambiente de recreação e aprendizado é bastante importante, pois ele busca os meios de solucionar problemas, explorando a criatividade individual, aumentando sua gama de conhecimentos (RIZZI e HAYDT, 2001). Quando sugerimos a utilização de jogos nas aulas de matemática, desenvolvemos a hipótese de que podem auxiliar em todos os níveis de ensino. Dessa forma, o objetivo de jogo tem que ser claro, adequado e sempre representar um desafiopara o nível com o qual estamos trabalhando. No jogo, mesmo que seja derrotado, o indivíduo pode conhecer-se, estabelecer o limite de sua competência como jogador, avaliar o que tem que ser trabalhado, aprender a perder e trabalhar estratégias para que não seja derrotado na próxima vez. Pedagogicamente o jogo se apresenta produtivo ao professor, ou seja, facilitador na aprendizagem de estruturas muitas vezes de difícil assimilação, e produtivo ao aluno que desenvolve a capacidade de pensar, analisar, refletir, compreender conceitos matemáticos. A competição garante dinamismo, movimento, propiciando interesse e contribuindo para o desenvolvimento social. A competição faz com que o aluno elabore estratégias, e com o tempo, aprimore essas estratégias, a fim de superar deficiências. A busca pela competição faz com que o jogador sempre procure desafios maiores, a fim de sempre se superar, pois a competição no jogo propicia um constante autoavaliação do sujeito sobre suas competências, habilidades, etc. TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 5 Apesar de parecer que haja somente vantagens, os jogos também possuem desvantagens, como por exemplo, quando os alunos são motivados apenas pelo jogo, sem saber o que jogam. Desse modo, o jogo, na Educação Matemática, passa a ter o caráter de material de ensino quando considerado promotor de aprendizagem. O aluno, colocado diante de situações lúdicas, apreende a estrutura lógica da brincadeira e, deste modo, aprende também a estrutura matemática presente (MOURA, 1996). 2.2 O JOGO NA SALA DE AULA O professor nem sempre tem clareza das razões fundamentais pelas quais os materiais didáticos ou jogos são importantes para o ensino-aprendizagem da matemática e normalmente são necessários, e em que momento deve ser usado. Geralmente costuma-se justificar a importância desses elementos apenas pelo caráter "motivador" ou pelo fato de se ter "ouvido falar" que o ensino da matemática tem de partir do concreto ou, ainda, porque através deles as aulas ficam mais alegres e os alunos passam a gostar da matemática. Entretanto, será que podemos afirmar que o material concreto ou jogos pedagógicos são realmente indispensáveis para que ocorra uma efetiva aprendizagem da matemática? O jogo deve ser visto como um importante instrumento pedagógico, para favorecer a aprendizagem do aluno, em especial a aprendizagem matemática e através dos jogos, os educandos vão percebendo que é possível aprender de forma divertida, passando assim, a compreender e a utilizar convenções e regras que serão empregadas no processo de ensino-aprendizagem, tendo um melhor aprendizado em relação aos conteúdos vistos e que a escola não é o único local de realização de atividades matemáticas. Uma prática pedagógica que utilize atividades lúdicas irá favorecer a autonomia dos educandos. Segundo Piaget (1991), aprender matemática através de jogos para nossos educandos não é considerado como um momento para a aprendizagem, pois o aluno não identifica a ligação entre a atividade lúdica e a possibilidade de se aprender a TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 6 matemática. Para a maioria dos nossos alunos, o intervalo é ligado ao momento de descontração, conversa, jogos e a aprendizagem são ligados ao contexto de trabalho. Com a utilização dos jogos, os alunos se esforçam para superar obstáculos, tanto cognitivos quanto emocionais, sendo que se estão motivados, ficam mais ativos mentalmente. Sendo o jogo livre de pressões e avaliações faz com que haja uma maior aprendizagem (Figura 1). É através da curiosidade que os alunos vão explorando o mundo e descobrindo cada vez mais sobre ele, criando conceitos através de jogos e atividades e relacionando- os com a realidade. O professor, por outro lado, consciente de que não consegue alcançar resultados satisfatórios junto a seus alunos e tendo dificuldades de, por si só, repensar satisfatoriamente seu fazer pedagógico procura novos elementos - muitas vezes, meras receitas de como ensinar determinados conteúdos - que, acredita, possam melhorar este quadro. Figura 1 – Jogos utilizados por alunos em aula prática. Fonte: Autor da pesquisa, 2018. TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 7 2.3 O LÚDICO ASSOCIADO AO ENSINO DA MATEMÁTICA A aprendizagem de Matemática deve ser prazerosa, interessante, instigante e motivadora, útil como instrumentadora para a vida e o trabalho, formando cidadãos éticos, capazes de manejar situações do seu cotidiano, através da modelagem, da formulação de problemas, da relação dos conhecimentos matemáticos com as demais Ciências, utilizando as Estatísticas, estimativas e probabilidades. A implantação de sala – ambiente de Matemática na escola, traz possibilidades para a melhoria do ensino, mas, exige uma nova organização escolar: professores, alunos e funcionários necessitam rever suas práticas e se apropriar do novo funcionamento da escola, o que leva tempo e requer grande investimento de todos. O campo dos recursos didáticos e particularmente da Sala – Ambiente de Matemática é tão rico e tão diverso, que provoca a discussão e o debate entre posturas às vezes coincidentes, às vezes discrepantes entre os educadores Matemáticos. O estudo pretende propor alguns critérios que contribuam para articular uma prática docente em um Laboratório de Ensino de Matemática. Também quer oferecer elementos que possibilitem a análise dessas condições e, em caso de necessidade, que ajudem a modificá-las num sentido determinado. A Matemática, assim como o ensino em geral, está passando por um momento de transformações. Os educadores vêm buscando alternativas para cada vez mais aproximar a sala de aula do cotidiano, da vida. A tecnologia que minuto a minuto transforma o atual em obsoleto, está à disposição para ser usada como agente transformador. Os alunos, as famílias e principalmente a sociedade exigem uma nova escola, onde a aprendizagem torne-se prazerosa, criativa e significativa. As dificuldades encontradas por alunos e professores no processo ensino- aprendizagem da matemática são muitas. Por um lado, o aluno não consegue entender a matemática que a escola lhe ensina, muitas vezes é reprovado nesta disciplina, ou então, mesmo que aprovado, sente dificuldades em utilizar o conhecimento “adquirido. Em síntese, não consegue efetivamente ter acesso a esse saber de fundamental importância”. TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 8 O objetivo de ensinar o número é o da construção que o aluno faz da estrutura mental do número. O educador deve priorizar o ato de encorajar o aluno a pensar autonomamente em todos os tipos de situação. Cabe a ele buscar formas didáticas diferenciadas para ensinar, que estimulem as formas de pensamento dos alunos, fazendo com que elas pensem por si. Não apenas limitando a um mesmo raciocínio, mas propiciando atividades diferenciadas para estimular a mente do aluno, que está em pleno desenvolvimento, para que o aluno sinta o desejo de pensar logicamente. Cabe ao professor estar inovando na sua maneira de ensinar a prática lúdica pode ser uma maneira de estimular, o desenvolvimento mental, pois faz com o aluno se torne mais interessados em aprender, ou mesmo acaba estudando mais sem perceber, pois, através dessa prática aprender e ensinar se torna mais divertido, faz da construção do conhecimento uma forma mais prazerosa de se aprender e desenvolver a mente o intelecto do aluno. Diante disso, vê-se que a matemática é matéria de difícil aprendizado e temida pela maioria dos alunos, por isso a inserção de jogos e atividades lúdicas tornam as aulas menos cansativas e mais atrativas, excluindo as teorias que a matemática é um “bicho de sete cabeças” e impossível de aprendê-la. A atividade lúdicatorna o ambiente menos hostil e aproxima mais o professor do aluno, apresentando excelentes resultados, acabando com bloqueios e medos que os alunos apresentem com relação à matemática. No momento do jogo, os alunos não se sentem intimidados e sentem maior desejo de participar da brincadeira, porque durante a aplicação das atividades elas se sentem iguais acabando com os medos, deixando transparecer apenas a vontade de brincar, e acabam por aprender de forma que nem imaginavam. 2.4 O JOGO E A MATEMÁTICA A apresentação do lúdico na educação matemática tornou-se necessário no processo de ensino, pois favorece aos alunos aprender os conteúdos com prazer e divertimento, melhorando a aprendizagem. TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 9 A adoção de materiais lúdicos facilita a construção do conhecimento dos alunos, os envolve na prática pedagógica, melhora o desempenho curricular e influencia na rotina social no ambiente de sala. O gosto vem sendo aprendido em função das necessidades, da maturidade e de experiências anteriores bem-sucedidas, inclusive para a aprendizagem. É algo recorrente e deve sempre estar presente no ensino de forma criativa trazendo consigo desafios em nível adequado aos alunos que ao obter êxito seu auto eficácia é aumentada e “passam a mostrar comportamentos mais complexos de explorar, manipular, pesquisar, persistir, indagar e procurar novos desafios”. O aprender se torna fácil e agradável quando há o desejo impulsionado dentro de si, à predisposição torna o aprender mais significativo. Para que alguém aprenda é necessário que queira aprender e cabe ao que vai ensinar equipar-se de recursos variados e atualizar-se. Conhecer seus alunos e seus interesses atuais, identificar um fator de motivação mais condizente, adaptando-se aos meios disponíveis para se obter o êxito desejado. Os motivos para aprender se referem aos vários níveis biológico, psicológico e social do desenvolvimento humano. Como ao realizar exercício físico para liberar energia e ou apresentar boas notas para evitar a punição dos pais e adquirir status diante dos amigos. A admiração da família ou dos amigos é também um impulso de gerar no indivíduo o desejo de aprender. Os jogos, ultimamente, vêm ganhando espaço em nossas escolas numa tentativa de trazer o lúdico para dentro da sala de aula. A pretensão da maioria dos professores, com a sua utilização, é a de tornar as aulas mais agradáveis com o intuito de fazer com que a aprendizagem se torne algo fascinante. Além disso, as atividades lúdicas podem ser consideradas como uma estratégia que estimula o raciocínio levando o aluno a enfrentar situações conflitantes relacionadas com seu cotidiano e, também, a utilização dos jogos vem confirmar o valor formativo da matemática, não no sentido apenas de auxiliar na estruturação do pensamento e do raciocínio dedutivo, mas, também, de auxiliar na aquisição de atitudes. Penso que através de jogos, é possível desenvolvermos no aluno, além de habilidades matemáticas, a sua concentração, a sua curiosidade, o coleguismo, o companheirismo, a sua autoconfiança e a sua autoestima. Para tanto, o jogo passa a ser TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 10 visto como um agente cognitivo que auxilia o aluno a agir livremente sobre suas ações e decisões fazendo com que ele desenvolva além do conhecimento matemático também a linguagem, pois em muitos momentos será instigado a posicionar-se criticamente frente a alguma situação. Além disso, na sociedade em que vivemos, designados por alguns como a sociedade da informação ou a sociedade do conhecimento, novas habilidades passam a ser exigidas não só no mercado de trabalho como, também, na vida social dos cidadãos. Efeito disso, a capacidade de resolver problemas, utilizar a imaginação e a criatividade passam a ser requisitos cada vez mais indispensáveis. Enquanto a capacidade de memorização, repetição e mecanização se tornam insuficientes frente à eficácia do computador e das máquinas em geral. A dúvida sobre se o jogo é ou não educativo, se deve ou não ser usado com fins didáticos poderia ser solucionada, se cada educador assumisse o papel de organizador do ensino, isto quer dizer que cada professor deve ter consciência de que o seu trabalho é organizar situações de ensino possibilitasse ao aluno ter consciência do significado do conhecimento a ser adquirido e para que o apreenda, torna-se necessário um conjunto de ações a serem executadas com métodos adequados. A busca da compreensão de regras, as tentativas de aproximação das ações adultas vividas no jogo estão em acordo com pressupostos teóricos construtivistas, que asseguram ser necessária a promoção de situações de ensino que permitam colocar o aluno diante de atividades que lhe possibilitem a utilização de conhecimentos prévios para a construção de outros mais elaborados. Por tratar-se de ação educativa, ao professor cabe organiza-la de uma maneira que estimule a autoestruturação do aluno, desta maneira, é que a atividade possibilitará tanto a formação do aluno como a do professor, que deve estar atento aos “erros” e “acertos” dos alunos, poderá buscar o aprimoramento do seu trabalho pedagógico. O jogo na educação matemática parece justificar-se ao introduzir uma linguagem matemática que aos poucos será incorporada aos conceitos matemáticos formais, ao desenvolver a capacidade de lidar com informações e ao criar significados culturais para os conceitos matemáticos e estudo de novos conteúdos (Figura 2). A matemática, dessa forma, deve buscar no jogo a ludicidade das soluções construídas para as situações- problema vividas em seu dia-a-dia. TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 11 Figura 2 – Alunos utilizando jogos em aula prática. Fonte: Autor da pesquisa, 2018. 3 METODOLOGIA A partir do estudo realizado sobre a importância do jogo no ensino da Matemática, foi elaborado um projeto de ensino que serviu de base teórica para a realização das atividades propostas durante o estágio de prática de ensino. O objetivo do projeto foi o de proporcionar aos alunos um ambiente prazeroso, onde, por meio dos jogos, elas tivessem a oportunidade de compreender melhor a matemática, desenvolvendo o raciocínio, habilidades motoras, cognitivas e socioafetivas. Durante a execução, podemos constatar que os jogos lúdicos são um extraordinário instrumento de motivação, uma vez que transformam o conhecimento a ser assimilado em recurso de ludicidade e em sadia competitividade. A fim de enriquecer e melhorar o processo de ensino-aprendizagem da matemática em sala de aula foi utilizado como jogo lúdico o boliche das equações. O público-alvo deste estudo foram os alunos de uma turma da primeira série do ensino médio. Os materiais utilizados foram um jogo de boliche contendo seis pinos e uma TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 12 bola fabricados em material plástico, com um problema envolvendo equações de 2º grau afixado em cada pino. A atividade foi desenvolvida dentro de sala com autorização do professor da disciplina de matemática. Alunos de outras séries também participaram do projeto aplicado pelo professor da disciplina, porém não foram elementos de avaliação para este estudo (Figura 3). Figura 3 – Aluno jogando boliche para aprendizado de matemática em sala de aula. Fonte: Autor da pesquisa, 2018. A atividade proposta foi a resolução de problemas com equações cada pino derrubado, no qual os alunos divididos em grupos buscaram resolver os problemas de maneira cooperativa, onde um colabora com o outro da equipe para assim chegar em uma solução exata e pontuarem. A equipe que mais pontuasse seria vencedora. Uma folha de atividades com o tema relacionado a equações foi disponibilizadaao professor para aplicação e avaliação com os alunos (Anexo 1). TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 13 Após a execução do jogo foi realizado um debate com alunos e professor para avaliar o nível de aprendizado, as vantagens e desvantagens da aplicação do boliche, e assim pudessem comentar sobre os erros e acertos e também as dificuldades encontradas. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES Os critérios de avaliação do jogo foram seguindo alguns itens propostos por Medeiros; Schimiguel (2012). São eles: qualidade do conteúdo, feedback, motivação, imersão, objetivos claros e interação social. A análise dos resultados obtidos indica que é possível o uso de jogos em sala de aula como recurso para o ensino da Matemática. Foi constatado que tal metodologia levou os alunos a ter uma maior motivação para o aprendizado, sendo estimulados com o simples fato de resolverem um problema matemático por meio de um jogo. A proposta do boliche também influenciou a interação entre os alunos dentro da sala, no qual mesmo sendo uma competição, pôde-se perceber o esforço dos alunos em resolver a questão e responder corretamente, com o intuito de pontuar mais. Dessa forma, isso foi mais um ponto favorável ao processo de aprendizagem, pois contribuiu na cooperação entre os alunos das equipes. Calisto; Barbosa; Silva (2010) comprovaram que o jogo lúdico estimulou a atenção e motivou a competição e cooperação entre os alunos. Foi possível observar que o jogo lúdico foi muito eficaz, pois permitiu que muitos alunos realizassem as operações com mais segurança e habilidade, além de levá- los a reconhecerem seus próprios conhecimentos adquiridos depois de aplicado o jogo e resolvidos os problemas gerados por eles. Teve-se uma grande preocupação para que cada aluno tivesse seu próprio tempo para realizar a atividade, o que fez compreender que o aluno precisa ser respeitado, pois TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 14 cada um responde ao conteúdo abordado em sala de maneira individual (MOREIRA; FONSECA; NASCIMENTO, 2016). O processo de aprendizagem é construído aos poucos, assim, ele necessita de um tempo para se adequar e se sentir seguro. Ficou evidenciado, durante a aplicação desta proposta, um envolvimento dos alunos nas tarefas, cada um ao seu modo, com sua particularidade. Essa segurança também foi percebida no professor, o qual ao utilizar os jogos em suas aulas demonstra consideração pelo aluno. Isso favorece o enriquecimento intelectual e aumenta a gama de conhecimento para ambos, desenvolvendo uma aprendizagem significativa e motivada ao estudo (MOREIRA; FONSECA; NASCIMENTO, 2016). A colaboração do professor foi fundamental, pois direcionou a aprendizagem dos conceitos e foi um mediador na execução do jogo, auxiliando os alunos quando era necessário intervir, não os deixando sozinhos no momento do jogo (FRANÇA et al., 2016). As atividades do jogo tornam-se mais sérias e comprometidas a partir do controle mantido pelo professor, promovendo uma aprendizagem eficiente (CUNHA, 2012). Ao se avaliar a produtividade do jogo com os alunos, foi observado que eles apresentaram empolgação com a situação, pois foi algo relativamente novo, destituindo a sensação de que o aprendizado é feito de uma maneira chata, mas sim, que pode ser de divertida e prazerosa, trazendo inúmeros benefícios ao ensino (DALARMI, 2013; RIBEIRO; OLIVEIRA; CEDRO, 2012). O jogo é considerado como um fator estimulador do desenvolvimento, colocando como prioridade as necessidades do ensino, influenciando beneficamente a aprendizagem. O aluno é a parte principal de todo esse processo. Não se torna apenas o acumulador de informações, mas contribui e se vê construindo seu próprio conhecimento. Assim, é importante que os jogos sejam inseridos na rotina escolar, promovendo momento de interação social entre alunos e professores, assimilando novos conhecimentos e reforçando os conteúdos teóricos abordados pelo professor (BERNARDES, 2013). TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 15 Outro ponto percebido na abordagem do jogo foi os elogios de se levar algo novo e lúdico para eles aprenderem e exercitarem, pois a forma tradicional de ensino nos foi relatada como uma dificuldade de aprendizado, no qual os alunos acham que o uso de quadro e giz apenas não favorece o ensino. Eles demonstraram bastante interesse pelo jogo e sugeriram que fosse levado mais vezes e também outros tipos de jogos. Ao finalizarmos a atividade, discutimos quais eram os objetivos e pôde ser avaliado o nível de conhecimento dos alunos. O debate foi realizado de maneira informal, como uma roda de conversa, no qual os alunos puderam expressar suas opiniões do que foi positivo e negativo e dar suas sugestões para futuras melhorias. É interessante destacar que para os objetivos serem alcançados é necessária uma contribuição mútua entre alunos e professores, reforçando que a atenção e motivação são as principais formas de contribuir para que o processo de ensino-aprendizagem seja de sucesso, o que pode ser melhorado com o auxílio de jogos lúdicos. Cada educador matemático possui seus próprios pressupostos teóricos dos quais emerge sua práxis em sala de aula. No entanto, é preciso que se reflita, se coloque sob suspeita algumas das suas crenças e que se abra a guarda para novas estratégias educativas. Para um ensino eficiente de Matemática o professor tem necessidade de partir do concreto para o abstrato. Para isso, ele deve desenvolver métodos próprios, integrados nas teorias que estuda, levando em conta as necessidades dos alunos. Optar por um material exige, então, por parte do professor, reflexões teórico- pedagógicas sobre o papel histórico do ensino da Matemática, para cumprir sua função essencial: ensinar Matemática. Todos devem ser chamados e ter oportunidade de discutir profundamente as consequências dessa mudança e a organização de regras para o trabalho para que haja melhoria na qualidade das aulas. Os alunos também devem saber como se comportar, para que não se sintam perdidos frente a essa proposta. TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 16 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo se constituiu numa reflexão sobre a necessidade de inserir práticas docentes diferentes, por meio de um jogo lúdico usando boliche para o aprendizado de conteúdo de matemática. Pôde-se concluir que a aplicação do jogo foi realizada de maneira proveitosa, sendo observado o engajamento e empolgação dos alunos na atividade, favorecendo o processo ensino-aprendizagem. Foi percebido como o jogo é importante para ser usado em sala de aula, como um auxílio ao ensino de matemática, motivando os alunos a se interessarem pelo exercício das atividades propostas. Colocar o aluno como o centro, parte integrante da atividade foi excelente para que ele se sentisse importante, dedicando atenção à atividade e deixando de ser um mero “depósito de informações”. A cooperação e a socialização foram pontos chaves observados entre os alunos e também com o professor, mesmo se tratando de um jogo que influenciasse a competição. O lúdico exerce um papel fundamental e merece atenção dos professores. Através do jogo de boliche os alunos conseguiram resolver os problemas relacionados aos conteúdos de matemática que foram ensinados em sala. Porém, ficou evidente que o professor deve estar consciente da direção dos jogos com finalidades pedagógicas, estabelecendo os objetivos de antemão. 5 REFERÊNCIAS TCC – Matemática na Prática Segunda Turma - Sead/Ufes/UAB 17 AGUIAR, E. V. B. As novas tecnologias e o ensino-aprendizagem. Vértices, v. 10, n. 1, 2008. ANTUNES, C. Jogos para estimulação das inteligências múltiplas. 11. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998. BARBOSA, C. P. etal. A utilização de jogos como metodologia de ensino da Matemática: uma experiência com alunos do 6o ano do Ensino Fundamental. ForScience, v. 3, n. 1, p. 70–86, 30 jun. 2015. BRASIL ESCOLA. Aplicando jogos matemáticos em sala de aula. Disponível em: https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/aplicando-jogos- matematicos-sala-aula.htm. Acesso em 15 de janeiro de 2019. CABRAL, M. A. A utilização de jogos no ensino de matemática. [s.l.] Universidade Federal de Santa Catarina, 2006. DALARMI, T. T. O uso de jogos nas aulas de matemática. 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Dentre os números -2, 0, 1, 4, quais deles são raízes da equação x2-2x-8= 0? 3. O quadrado da minha idade menos a idade que eu tinha 20 anos atrás e igual a 2000. Quantos anos eu tenho agora? 4. Quais são as raízes da equação x2 - 14x + 48 = 0? 5. Determine quais os valores de k para que a equação 2x² + 4x + 5k = 0 tenha raízes reais e distintas. http://www.matematicadidatica.com.br/EquacaoSegundoGrauExercicios.aspx#anchor_ex3 http://www.matematicadidatica.com.br/EquacaoSegundoGrauExercicios.aspx#anchor_ex3 http://www.matematicadidatica.com.br/EquacaoSegundoGrauExercicios.aspx#anchor_ex7
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