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ATENÇÃO ÀS MULHERES NO CLIMATÉRIO E MENOPAUSA

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ATENÇÃO ÀS MULHERES NO CLIMATÉRIO E MENOPAUSA
· Conceito de climatério:
O termo deriva da palavra grega klimacter, que significa período crítico da vida humana, sendo comumente usados como sinônimo de menopausa. Porém, são conceitos distintos. 
A menopausa é um fenômeno que se define retroativamente, pois representa a cessação permanente da menstruação por um período igual ou superior a doze meses, sendo o resultado da perda da função folicular dos ovários.
O termo climatério / perimenopausa é utilizado para definir o período da vida reprodutiva da mulher durante o qual a menopausa ocorre. O climatério se inicia na pré-menopausa e termina um ano após a menopausa (OMS Esse período da vida da mulher marca a transição da fase reprodutiva para uma outra não reprodutiva. 
Em 2001 foi proposta uma divisão do climatério em estágios:
a) Transição menopausal (37 aos 46 anos);
b) Perimenopausa (46 aos 50anos);
c) Pós-menopausa (51 aos 65 anos);
d) Terceira idade, após os 65 anos de idade.
A menopausa ocorre geralmente dos 48 aos 52 anos.
· Sinais e sintomas do climatério
Esses sinais são classificados cronologicamente, onde tem os que incidem a curto e a longo prazo.
a) Manifestações iniciais:
· Irregularidade menstrual;
· Sintomas vasomotores (fogachos que frequentemente começam com uma sensação de pressão na cabeça, seguida pela sensação de calor na cabeça, pescoço e no tórax, palpitações e ondas de calor);
· Manifestações atróficas no sistema Genitário (prurido, dispareunia);
· Alterações da pele e dos fâneros;
· Alterações psíquicas (vão da fadiga à depressão).
b) Manifestações tardias:
· Osteoporose;
· Doenças cardiovasculares.
· Fatores que influenciam a gênese dos sintomas do climatério
Condições de saúde anteriores da mulher, influenciam sua manifestação, por exemplo, se a mulher apresentou prévios transtornos psiquiátricos prévios pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de sintomas psíquicos após a menopausa, mesmo que traços da personalidade e características pessoais poderiam influenciar o aparecimento dessa sintomatologia.
Nem todos os sintomas do climatério apontados pelas mulheres são decorrentes da carência estrogênica;
Relação entre os sintomas psicológicos sentidos ao longo da vida e os outros eventos produtivos experimentados pela mulher; 
Fatores culturais podem influenciais a forma como cada uma experimenta as mudanças psicológicas e fisiológicas típicas dessa fase do ciclo produtivo;
Mulheres que tem maior autoestima e realização pessoal, o climatério é menos sintomático;
Essa etapa coloca a mulher em vulnerabilidade;
A menopausa era considerada um marco dramático do declínio da sexualidade e da feminilidade e o climatério representava a castração da mulher, pois acreditava-se que os baixos níveis extrínsecos estavam associados a ausência da libido e a incapacidade sexual;
Sensação de peso a família, necessidade de buscar alguém que as auxilie a enfrentar seus problemas e que ouça suas angustias e duvidas;
· Angustias e duvidas das mulheres no climatério:
Em uma sociedade em que se valorizam a juventude e o vigor físico e na qual a mulher tem maior valor social quando possui capacidade de gerar filhos, essas questões não encontrarão respostas favoráveis as mudanças trazidas pelo climatério, pois muitos valores postos pela sociedade e se perdem e/ou se reconfiguram nessa etapa da vida.
· Climatério no âmbito da saúde pública
No que se refere a assistência a mulher no climatério, percebe-se que os programas e as ações específicas voltadas para assistir a mulher de meia-idade ficam na dependência de iniciativas individuais e da sensibilidade de cada profissional, não configurando uma ação articulada e organizada dos serviços de saúde voltada para o atendimento integral.
Muitos autores enfatizam a necessidade de capacitação e atualização dos profissionais da rede primária de saúde, a fim de incrementar o diagnóstico e o manejo integral do climatério por meio da integração das ciências da saúde com as ciências sociais, ampliando sua abordagem.
Os serviços de saúde precisam adotar estratégias que evitem a ocorrência de oportunidades perdidas de atenção as mulheres no climatério. Isto é, evitar ocasiões em que as mulheres entram em contato com os serviços e não recebem orientações ou ações de promoção, prevenção e ou recuperação, de acordo com o perfil epidemiológico deste grupo populacional.
· Assistência à mulher na fase climatérica
Para que a atenção à saúde da mulher no climatério se concretize, um passo fundamental é a decisão política do gestor. Este grupo populacional precisa estar incluído no planejamento e é necessário que haja recursos financeiros para implementação das ações, além de apoio técnico, envolvimento com a sociedade civil, entre outros elementos destinados a este fim.
A implantação da atenção à saúde da mulher no climatério pressupõe a existência de profissionais de saúde devidamente capacitados (as) e sensibilizados (as) para as particularidades inerentes a este grupo populacional. A atenção básica é o nível de atenção adequado para atender a grande parte das necessidades de saúde das mulheres no climatério e é necessário que a rede esteja organizada para oferecer atendimento com especialistas, quando indicado. Devem ser efetuadas parcerias com as áreas de DST/Aids, de doenças crônicas não transmissíveis – incluindo o câncer, saúde mental, odontologia, nutrição, ortopedia, entre outras.
As oportunidades de intervenções ocorrem durante a anamnese que valoriza a escuta, no exame clinico que inclui aferição do peso, da altura, da circunferência abdominal e da pressão arterial, no elenco de exames solicitados. Também no encaminhamento para grupos psico-educativos ou para outros profissionais. 
A orientação dos profissionais da saúde no climatério assume uma melhor qualidade de vida na meia-idade, pois a interação paciente-profissional de saúde e a influência dos meios de comunicação de massa assumem a garantia de informações corretas sobre o climatério e motiva a mulher a buscar assistência nessa fase da vida.
Porem trata-se de uma passagem silenciosa, a menopausa não recebe a mesma atenção do que as demais etapas da vida da mulher.
A assistência de enfermagem a mulher climatérica nos serviços de saúde deverá ser implementada em um modelo interdisciplinar, no qual o acolhimento, a educação e a promoção da saúde das mulheres sejam prioridades, sempre com o objetivo de resgatar-lhe a autonomia e a qualidade de vida.
Consultórios adequadamente montados para atendimento ginecológico são suficientes, desde que disponham de balança antropométrica, Esfigmomanômetro e estetoscópio, além de material de consumo e descartável pertinente.
· Saúde reprodutiva da mulher no climatério
Os direitos sexuais e reprodutivos são direitos humanos já reconhecidos em leis nacionais e documentos internacionais sobre Direitos Humanos e em outros documentos consensuais.
 Destacam-se entre os marcos referenciais internacionais que definem os direitos sexuais e os direitos reprodutivos:
· Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo/Egito, em 1994, que conferiu um papel primordial à saúde e aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos, abandonando a ênfase na necessidade de limitar o crescimento populacional como forma de combater a pobreza e as desigualdades, focalizando-se no desenvolvimento do ser humano;
· IV Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em Beijing, em 1995, em que se reafirmam os acordos estabelecidos no Cairo e avança-se na definição dos direitos reprodutivos e dos direitos sexuais como Direitos Humanos, definindo-se os direitos sexuais de maneira mais autônoma em relação aos direitos reprodutivos.
Em âmbito nacional, como marcos referenciais em relação aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos, estão:
· Constituição Federal de 1988;
· Lei nº 9.263, que regulamenta o planejamento familiar.
· Anticoncepção no climatério
A instalação da irregularidade menstrual ocorre no início desta fase, consequente a diminuiçãoda fertilidade e ocorrência de alguns ciclos anovulatórios, ou com corpo lúteo insuficiente. Em geral, nessa fase, as pessoas passam a buscar maior qualidade nas relações sexuais, inversamente proporcional à quantidade praticada na juventude, o que leva a uma diminuição da periodicidade. Devido a estes motivos, qualquer método de anticoncepção adotado pelas mulheres tem maior eficácia nesta faixa etária.
Em que pese a liberdade de escolha da mulher e/ou do casal, a prática da anticoncepção no climatério comporta grandiosa importância, pois há uma maior possibilidade de complicações maternas em uma gravidez nessa fase da vida. Além disso, há maior ocorrência de anomalias cromossômicas fetais e abortamentos espontâneos. 
O risco relativo de mortalidade materna aumenta de próximo a 1 até os 30 anos para 4,9 dos 35-40 anos, para 8,3 dos 40-44 anos e 22,2 a partir dos 45 anos. A possibilidade de anomalias cromossômicas é de 1/192 aos 35 anos; 1/66 aos 40 anos; 1/21 aos 45 anos e 1/10 aos 48 anos. Estatística semelhante também ocorre em relação aos abortamentos, devido a vários motivos, como as anomalias cromossomiais e a fase lútea inadequada.
A mulher nessa fase da vida pode usar qualquer método anticoncepcional, desde que não apresente algumas das condições clinicas que contraindiquem o seu uso.
É importante incentivar a adoção da dupla proteção, que consiste no uso do preservativo masculino ou feminino, associado a qualquer outro método anticoncepcional escolhido.
· Métodos hormonais
· Anticoncepcional hormonal combina oral (AHCO)
São comprimidos que contem dois hormônios sintético (estrogênio e progesterona) parecidos com o produzido pelos ovários da mulher. No climatério, além de oferecer segurança contraceptiva com eficácia maior que 99%, apresentam algumas vantagens, como o controle do ciclo menstrual, diminuição da duração, da quantidade do fluxo, da dismenorréia e da síndrome de tensão pré-menstrual, que geralmente se intensificam nesta fase.
A utilização deste método pode prosseguir até a menopausa, caso a mulher não apresente complicações ou contraindicações à medicação. Para a verificação da ocorrência ou não da menopausa, é necessário dosar o FSH na fase folicular precoce ao ciclo que se segue à parada do anticoncepcional. Valores maiores que 40 mUI/ml sugerem falência ovariana, o que deve ser repetido e confirmado depois de 30 dias sem medicação, suspendendo assim o uso do método.
· Anticoncepcional hormonal oral só de progesterona (minipílula)
Anticoncepcional hormonal oral que utiliza apenas a progesterona - levonorgestrel, noretisterona ou desogestrel, com a vantagem em ser uma alternativa quando contraindicado o uso dos estrogênios. Apresenta poucos efeitos colaterais, e entre eles o mais comum é o sangramento de disrupção, devido à atrofia endometrial que pode provocar. Oferece eficácia um pouco inferior aos AHCO, o que é contrabalançada pela menor fertilidade no climatério. Pode ser utilizado durante a amamentação.
· Anticoncepcional hormonal injetável
Esta escolha tem vantagens em relação à anticoncepção por via oral, como um menor dano hepático, a não ocorrência de interações com outras medicações também utilizadas pela via oral, além de eficácia superior decorrente do não esquecimento da tomada diária. Existem dois tipos de anticoncepcionais injetáveis: 
a) o injetável mensal, que é uma combinação de um éster de um estrogênio natural, o estradiol, e um progestógeno sintético, diferentemente dos anticoncepcionais orais combinados, nos quais ambos os hormônios são sintéticos; 
b) o injetável trimestral que contém apenas um progestógeno, o acetato de medroxiprogesterona, que é liberado lentamente na circulação sanguínea.
· Implantes;
· Anel vaginal;
· Adesivo anticoncepcional transdérmico;
· Pílula anticoncepcional de emergência;
· Dispositivo intra-uterino (DIU);
· Métodos de barreira;
· Métodos comportamentais;
· Esterilização cirúrgica.
· Gestação no climatério
Atualmente, muitas mulheres, com relação estável ou não, têm optado por ter filho após os 35 anos, embora este período coincida com o declínio da fertilidade, devido ao envelhecimento natural dos ovários. O potencial reprodutivo da mulher diminui gradativamente após a terceira década de vida, mesmo que a função ovariana permaneça até a menopausa.
No climatério a possibilidade de ocorrência de gestação é menor, há uma maior incidência de abortamentos e de malformações congênitas, que refletem o envelhecimento e diminuição da qualidade do óvulo, o que acontece gradual e naturalmente com a idade.
A indicação de investigação de infertilidade em uma mulher após os 35 anos ocorre após 6 meses de tentativas para engravidar. Além de uma história clínica bastante cuidadosa na busca de etiologias possíveis, procede-se à análise da ocorrência de ovulação e da integridade e permeabilidade uterina e tubárea e do espermocitograma do parceiro.

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