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GUIA DE ESTUDO DE CONSTRUÇÃO

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Sumário 
 
MÓDULO 1- Planejamento Educacional 
1.1 Percurso Histórico 
1.2 A Construção do Planejamento Educacional 
 
MÓDULO 2-. Projeto Político Pedagógico (PPP) 
2.1 O Projeto Político Pedagógico como Inovação Emancipatória 
2.2 Princípios Norteadores do Projeto Político Pedagógico 
2.3 A Identidade da Escola 
2.4 Currículo Escolar 
 
MÓDULO 3 - Metodologia de Trabalho para a Elaboração 
do Projeto Político Pedagógico 
 
3.1 Planejamento Pedagógico na Perspectiva da Gestão Democrática 
3.2 A Construção da Proposta Pedagógica 
 
MÓDULO 4 - Da Educação Tradicional às Novas 
Tecnologias Aplicadas à Educação: percurso histórico 
4.1 A Mudança de Tempos, Espaços e Relações na Escola a Partir do uso 
de Tecnologias e da Inclusão Social 
 
 
 
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MÓDULO 5 - Universidade, Políticas Públicas e Novas 
Tecnologias Aplicadas à Educação a Distância 
 
5.1 Políticas Públicas Neoliberais e a Expansão da EAD 
5.2 A EAD e as Políticas Públicas de Democratização e “Inclusão” Digital 
 
MÓDULO 6 - Alternativas e Estratégias das Instituições de 
Ensino Superior (IES) Frente às Transformações do 
Paradigma Educacional Contemporâneo 
 
6.1 Alterações no Contexto Educacional em Função da Incorporação da 
Tecnologia 
6.1.1 Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica 
6.2 Perfil do Professor e as Exigências de Formação 
6.2.1 Habilidades Docentes para o Uso das Novas Tecnologias 
6.3 A Colaboração em uma Rede de Aprendizagem 
 
 
 
 
 
 
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 MÓDULO 1 – Planejamento Educacional 
 
 
 
 
MÁRCIA REGINA BARRELLI 
Disciplina: Construção de Projetos Pedagógicos e 
Tecnologias Aplicadas à Docência 
Módulo 1 – Planejamento Educacional– Faculdade 
Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 1– Planejamento 
Educacional.1.Planejamento 2.Projeto Pedagógico 
3.Gestão Democrática 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
 
No primeiro módulo, discutiremos sobre planejamento educacional. 
Iniciaremos por uma conceituação de planejamento, planejamento 
educacional e breve histórico deste movimento no Brasil, refletindo sobre 
a questão do Estado como instituição que planeja. Finalizaremos com a 
reflexão de planejamento educacional participativo, apontando para a 
necessidade, a relevância, os limites e as possibilidades do planejamento 
e da participação no processo de tomada de decisões. 
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa 
jornada de estudos. 
 
 
Ótimo aprendizado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 1. Introdução ao conceito de Planejamento 
As circunstâncias nas quais vivemos e das quais fazemos parte no 
século XXI, entre desafios, conflitos, as tecnologias da comunicação, o 
tempo e o espaço digital, o complexo de elementos que constituem 
nossa realidade, lugares, objetos, ações, palavras, significados, 
intencionalidades, movimentos, as relações (sociais, humanas, políticas, 
culturais, de poder), as divergências, a diversidade, estando o ser 
humano, ser racional, buscando processos de transformar suas ideias 
em realidade - nos coloca diante de uma necessidade: 
 
- Planejar ações mediante objetivos- organizar, conhecer, educar, 
separar, juntar, construir, ordenar, comparar, relacionar, qualificar, 
ampliar...divisar o futuro...nosso viver. 
E esta atividade surge desde o aparecimento do homem no 
universo, já que nós humanos dotados da capacidade de pensar, 
elaborar e reelaborar pensamos e organizamos a prática de uma ação, 
e, historicamente, desde o “homem das cavernas”, constatamos, por 
analogia, a atividade de planejar. O homem planejava sua ação de caça 
para alimentar-se, produzia e usava suas ferramentas, com pedras, 
madeiras, aproveitava o couro e a pele de suas caças para proteger-se 
do frio, e a descoberta do fogo, ampliou ainda mais seu poder de 
planejamento, ação, sobrevivência, criação, mudanças e transformação 
de ideias. 
 
 
 
 
 
 
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Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - 
“Superando sua condição natural e criando um mundo 
cultural, o homem se torna senhor de seu destino, escolhe 
as alternativas que mais satisfação lhe proporcionem, 
renuncia a outras que lhe pareçam mais custosas, abre 
caminhos para atingir metas” FONSECA, NASCIMENTO, 
SILVA, J.M. (1995) 
 
Assim, podemos caracterizar o planejamento como uma atividade 
humana, pela qual são estabelecidos objetivos, metas, fins, a serem 
alcançados, com estratégias e métodos definidos, cuja principal 
característica é a flexibilidade, ou seja, possibilita, ação, reflexão, 
mudanças no percurso e novas tomadas de decisão. 
 
Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, 
entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de 
empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e 
outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de 
reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de 
necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e 
recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, 
em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das 
avaliações (PADILHA,2001, p.30) 
 
Planejar é definir objetivos e escolher o melhor curso de ação para 
alcançá-los. O planejamento define onde se pretende chegar o que 
deve ser feito, quando, como e em que sequência. (CHIAVENATO, 
1993, p 367) 
 
 
 
 
 
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Segundo EVANGELISTA, o processo de evolução do 
planejamento, desde o seu surgimento até a atualidade, apresentou 
fases definidas que acompanhou a organização da História da 
humanidade, passando pelo período racionalista, antiguidade e idades 
média, moderna e contemporânea. 
Da revolução industrial, das guerras mundiais, da invenção da 
bomba atômica, a modernização das guerras, a corrida espacial, os 
avanços das tecnologias da informação e da comunicação. 
No entanto, verificamos que as concepções de planejamento 
recaem em uma abordagem tecnicista, que historicamente, desde a 
Antiguidade apontou 
o Estado como instituição, utilizando-se de estratégias de organização 
de ações em determinadas áreas para alcançar objetivos. 
Como cita SCAFF, em seu artigo, Coombs (1970, p.17) apontou 
que na constituição espartana, indícios de planificação da educação 
aparecem para adaptar aos objetivos militares, sociais e econômicos 
daquele modelo de sociedade. Também, Platão sugere um plano de 
educação apropriado à sociedade ateniense. 
E consequentemente, motivadas por ideologias próprias, as 
sociedades capitalistas, socialistas, os modelos socialdemocratas, 
socioliberais, liberais, neoliberais, vêm utilizando, de forma explícita, o 
planejamento ou a planificação, como uma intervenção sócio política 
econômica institucionalmente legalizada. É compreensível que além de 
ser uma questão técnica, o planejamento governamental, é uma 
questão política, relacionando-seassim com o exercício de poder, que 
sugere ou não, um instrumento que se transforme em ameaça à 
liberdade e à democracia. Esta reflexão, faremos na sequência deste 
módulo, quando discutiremos aspectos históricos do planejamento 
educacional no Brasil e planejamento educacional participativo. 
 
 
 
 
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 Síntese 
 
 O principal elemento do planejamento: a 
racionalidade, que é também principal elemento 
distintivo da condição humana. Pensar antes de 
agir. Organizar a ação. Adequar meios a fins e 
valores. Estas expressões sintetizam o conceito de 
planejamento, considerando-o uma técnica, uma 
ferramenta para a ação, de natureza flexível, 
possibilitando alterações no percurso. Coloca-se esta 
questão dentro do que se convenciona chamar de 
visão instrumental do planejamento, destacando-se 
seu aspecto utilitário, a partir das necessidades, 
anseios, ideias, desejos e transformações, com a 
previsão de meios e recursos disponíveis para atingir 
os objetivos. 
 
 
1.1.1- Planejamento: elementos, modalidades e procedimentos 
 
Vimos que o planejamento é uma ação pensada pelo homem que 
busca alterar, modificar e interagir nos múltiplos ambientes, para atingir 
determinados objetivos. Segundo, EVANGELISTA, o planejamento, 
muitas vezes é confundido com um plano, um programa, um projeto, 
sendo que a diferença percebemos na realização, nos resultados, na 
tomada de decisões, no acompanhamento e na avaliação. Existem 
diferentes conceitos e teorias sobre as formas de planejamento, plano, 
projeto e programa. Para clarearmos nosso debate, descrevemos alguns 
elementos do planejamento e na sequência uma breve conceituação que 
nos guiará na compreensão dos diferentes termos utilizados. 
 
 
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Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - 
“O planejamento é um processo contínuo de conhecimento 
e análise da realidade escolar em suas condições 
concretas, busca de alternativas para soluções de 
problemas e de tomadas de decisões” LIBÂNEO,J.C.(2001) 
 
 De acordo com a citação de EVANGELISTA em seu artigo, para 
Néreci “todo planejamento, para ser consequente, preciso ser unitário, 
flexível, exequível, realístico e claro”, constituindo-se de três fases: 
previsão, programação e avaliação. Em geral todo planejamento das 
atividades constam dos seguintes itens ou elementos: 
 
 O que - O problema. O que se pretende fazer ou pesquisar? 
 Por que – A justificativa. As razões, a relevância do plano ou 
projeto. 
 Para que – Objetivos que se pretende alcançar. 
 Para quem – Público a quem se destina o trabalho. 
 Com quem – Recursos humanos. 
 Com que – Recursos materiais e financeiros. 
 Como – Metodologia explica os procedimentos adotados para o 
alcance dos objetivos. 
 Quando – Período de realização. 
 Onde – Local de realização. 
Quanto – Avaliação dos resultados. 
 Quanto às definições de plano, projeto, programa, EVANGELISTA, 
em seu artigo esclareceu a diferenciação: 
 
 
 
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Plano – é o documento, a materialização do planejamento, o 
registro da escrita dos elementos e objetivos a serem alcançados. 
 Projeto – do latim projectu, significa lançar para frente uma ideia. O 
projeto é a menor unidade do planejamento, com fins, objetivos e metas a 
serem alcançados em função de uma necessidade, um problema. 
 Programa – é um conjunto de projetos, de propostas 
operacionalizadas, desenvolvidos para o alcance de metas. 
 Esclarecida a diferença entre os conceitos: planejamento, plano, 
projeto, programa, ainda podemos caracterizar e definir algumas 
modalidades de planejamentos/planos: 
 Planejamento ou plano curricular – é a sistematização, no âmbito 
escolar, do currículo a ser desenvolvido a partir de referenciais definidos 
para o sistema em função dos objetivos e dos alunos que são atendidos. 
 Planejamento ou plano escolar – é a sistematização de todo 
planejamento para a escola, englobando todos os elementos necessários. 
 Planejamento ou plano de ensino – é a sistematização das 
atividades a serem desenvolvidas, elaborado pelo professor responsável, 
embasado no plano curricular. 
Planejamento ou plano de disciplina – é a sistematização e 
organização de atividades a serem desenvolvidas ao longo do bimestre, 
semestre, de uma determinada disciplina. 
 Planejamento ou plano de unidade – é a sistematização dos 
elementos de uma disciplina, organizados por um determinado período ou 
por temas geradores. 
 Planejamento ou plano de aula – é a sistematização das aulas e 
atividades a serem desenvolvidas em sala de aula, organizando o dia 
letivo, com objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação. 
 
O planejamento se concretiza em planos e projetos, tanto da escola e do 
currículo quanto do ensino. Um plano ou um projeto é um esboço, um 
esquema que representa uma ideia, um objetivo, uma meta, uma sequência 
de ações que irão orientar a prática. A ação do planejar subordina-se à 
natureza da atividade realizada (LIBÂNEO, 2001, p.83). 
 
 
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Síntese 
 
 Reafirmamos o conceito de planejamento, 
considerando-o um instrumento para organização da 
ação escolar e educativa, de natureza participativa, 
flexível, possibilitando alterações no percurso. 
Fizemos, então, esclarecimentos sobre os conceitos 
planejamento, plano, programa, projeto, discutindo 
sobre os elementos constitutivos, e ainda 
descrevemos sobre as modalidades de 
planejamentos/planos (curricular, escolar, de ensino, 
de disciplina, de unidade, de aula). 
 
 1.2. Planejamento educacional no Brasil 
Como nos referimos no item anterior, sob uma dimensão técnica, o 
conceito de planejamento, nos remete à ideia de organização, otimização 
de recursos, intencionalidade e qualidade. De acordo com BAFFI, 
planejamento é: “o processo de busca de equilíbrio entre os meios e fins, 
entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, 
instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividade 
humanas. 
Assim, o conceito de planejamento para a educação, foi se 
transformando num processo de estruturar objetivos, traçar metas, 
organizar conteúdos, a partir das necessidades da sociedade e do capital. 
 
 
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Entende-se que a política educacional passa a conceber o 
planejamento como cumprimento das propostas, e metas, por exemplo, nos 
sistemas de ensino, determinando essa situação a política está respaldada 
pelos interesses das classes dominantes e a garantia do cumprimento de 
leis. 
De acordo com a citação de OLIVEIRA e CYPRIANO,(2014) em 
seu artigo: 
[...] uma forma especifica de intervenção do Estado em educação, que se 
relaciona, de diferentes maneiras, historicamente condicionadas, com as outras 
formas de intervenção do Estado em educação (legislação e publica), visando a 
implantação de uma determinada política educacional do Estado, estabelecida 
com a finalidade de levar o sistema educacional a cumprir funções que lhe são 
atribuídas enquanto instrumento deste mesmo Estado (HORTA,1987) 
Com a preocupação em relação às principais necessidades a 
serem alcançadas e qual o caminho a seguir para atingir estes objetivos, 
lança-se ao ato de planejar, e como instrumento mediador entre a política 
educacional, o planejamento assume suas funções seja na sociedade ou 
entre o poder e o saber. 
No Brasil, paracompreendermos como se deu o planejamento 
educacional no século XX e no primeiro decênio do século XXI, é 
necessário entender a função social da educação, atrelada historicamente, 
ao desenvolvimento econômico e social, e aos movimentos de 
centralização e descentralização que condicionaram as formas de 
participação na ação de planejar a educação no país. 
 
 
 
 
 
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Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - 
“Sob esta ótica, o planejamento educacional encontra-se 
não subordinado à política, mas entendido como 
instrumento de poder...um meio pelo qual o Estado reforça 
sua intervenção na sociedade como um todo... ” OLIVEIRA, 
e CYPRIANO, A.M.C.C (2014) 
 
Podemos inferir que a preocupação com o sistema educacional e 
com uma política de educação estatal no Brasil, surge no final do Império 
e início da República, e até então a educação estava sob a intervenção e 
organização da Igreja. A educação destinada às minorias, onde as classes 
sociais mais privilegiadas, tinham acesso à educação/escolarização, tida 
como instrumento de ascensão social e de poder. 
Com a Revolução de 1930, o país, na era de Vargas, caracteriza-se 
pelo fortalecimento do poder estatal centralizado, permeado pela 
passagem de uma economia baseada na agricultura para industrialização. 
Foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública. O primeiro esboço 
de um plano de educação nacional, o Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova, em 1932, sinalizando a necessidade de organização de 
um sistema nacional de educação pública. 
Promulgada a Constituição Federal de 1934 houve a elaboração de 
um Plano Nacional de Educação, implantando a gratuidade e 
obrigatoriedade do ensino primário e, em 1937, com uma nova 
Constituição previu-se a introdução do ensino profissionalizante, para 
atender às novas necessidades da sociedade no que diz respeito ao 
desenvolvimento econômico. 
 
 
 
 
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O período compreendido entre 1940 a 1950, percebemos o 
planejamento educacional organizado para promover o crescimento e 
reduzir a pobreza, e considerava o analfabetismo como responsável pela 
situação de subdesenvolvimento do país. Porém, alguns aspectos eram 
esquecidos, como por exemplo a educação como direito de todos, as 
formas de vinculação do financiamento da educação, a descentralização 
por meio da criação dos sistemas educacionais. 
A partir da década de 1960, surgem mais indícios e ações 
concretas de planejamento educacional no país, com a promulgação da 
Lei de Diretrizes e Bases 4024/61 e da Lei da Lei de Diretrizes e Bases 
5692/71, seguindo a lógica 
de que o planejamento educacional é concebido dentro de uma 
perspectiva centralizadora, racionalista e tecnocrata, prevalecendo a 
continuidade do Estado no controle das políticas educacionais e da 
organização curricular. 
Durante o período da Ditadura Militar (1964 a 1985), o 
planejamento da educação brasileira, predominantemente ligado ao 
controle do sistema autoritário, burocrático e centralizado, visando que a 
educação acompanhasse as mudanças econômicas e sociais do país, 
para atender as necessidades de mercado e aos interesses de 
determinados grupos econômicos. 
O fim da ditadura militar e o processo de abertura democrática, a 
promulgação da Constituição de 1988, apontou ao surgimento de diversos 
movimentos sociais, e no âmbito educacional, o espaço escolar, 
educativo, foi aberto para a participação social dentro da lógica de uma 
educação democrática e de qualidade para todos. 
Nos anos de 1990, embora a democratização da educação e da 
escola, sejam fortes e importantes processos para descentralização do 
planejamento da educação brasileira, no que se refere à participação, 
autonomia (pedagógica, administrativa e financeira), gestão democrática, 
 
 
 
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organização curricular, como traz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
nacional 9394/96, o Estado ainda aparece como organizador de uma 
política educacional, pautada na globalização, no neoliberalismo, segundo 
o que citam OLIVEIRA e CYPRIANO, (2014) em seu artigo, SAVIANI, 
aponta o planejamento educacional brasileiro, subordinado às condições 
internacionais, para a obtenção de recursos financeiros. 
Entre os anos 1990 até os dias atuais a descentralização, o 
financiamento, a avaliação e autonomia passam a fazer parte da realidade 
dos 
estados e municípios, no entanto, esta autonomia está ligada ao grau de 
dependência financeira e na gestão de políticas públicas desenvolvidas. 
Destacando que, no século XXI, o Estado brasileiro, aparece na esfera 
educacional, como aquele que planeja e avalia, sendo que esta avaliação 
assume papel de controle do que ocorre no sistema educativo. 
No entanto, nós educadores, precisamos estar atentos, 
questionando o exagero no enfoque técnico pedagógico do planejamento 
educacional, que visa elevar a produtividade do sistema educacional, 
buscando sua adequação à estrutura socioeconômica, sem novos ônus 
financeiros, não correspondendo a uma visão qualitativa, que considere as 
especificidades da área educacional e que permita a efetiva participação 
dos mais diversos segmentos da comunidade escolar nas decisões 
coletivas. 
 
Assim, com este breve histórico, nos lançamos ao debate do 
planejamento educacional participativo. 
 
 
 
 
 
 
 
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 Síntese 
 Na história da educação brasileira, o 
planejamento educacional, apresenta indícios a partir 
da década de 1930, apresentam-se elementos de 
planificação e sistematização da educação pelo 
poder estatal, considerando que anteriormente a este 
período cabia à Igreja a intervenção e organização 
da educação no país. Destaca-se ainda que o 
principal mote do planejamento educacional no Brasil 
é considerar a educação como instrumento de 
controle, de desenvolvimento econômico e social, 
voltado para os interesses da política vigente e das 
classes e grupos dominantes. Após iniciativas e 
medidas legais que evidenciaram o planejamento 
educacional no Brasil, a partir de 1988, verifica-se a 
lógica da descentralização e da gestão democrática 
por uma educação de qualidade para todos, 
apontando para o planejamento participativo. No 
entanto, a globalização e a política neoliberal, 
continuará influenciando diretamente no 
planejamento e organização do sistema educacional 
brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 1.3. Planejamento Educacional Participativo 
 
 Definimos e conceituamos planejamento e suas modalidades, 
discutiremos a seguir um dos principais valores na ação do planejamento: 
a participação dos envolvidos no processo. 
 O planejamento participativo é, de fato, uma tendência no campo 
educacional, visto como um conjunto de propostas de ferramentas de 
intervenção na realidade. 
 O planejamento participativo pretende ser mais do que uma ferramenta 
para a administração; parte da ideia que não basta uma ferramenta para 
“fazer bem as coisas” dentro de um paradigma instituído, mas é preciso 
desenvolver conceitos, modelos, técnicas, instrumentos para definir “as 
coisas certas” a fazer, não apenas para o crescimento e a sobrevivência da 
entidade planejada, mas para a construção da sociedade; neste sentido, 
inclui como sua tarefa contribuir para a construção de novos horizontes, 
entre os quais estão, necessariamente,valores que constituirão a sociedade. 
(GANDIN, 2001, p.87) 
Com esta afirmação de GANDIN, podemos inferir que nas escolas, 
o planejamento participativo não se encerra por definir coletivamente a 
organização dos conteúdos, mas se refere principalmente à organização 
coletiva e sistematização dos resultados que pretender buscar, em relação 
aos seus alunos, às suas realidades sociais, e a partir disto a avaliação 
detalhada da prática educativa e docente, seja propositiva para práticas 
alternativas influentes na construção e transformação social. 
Segundo FONSECA, NASCIMENTO, SILVA, (1995) valorizar a 
participação é considerar importante o próprio processo de planejamento 
e não apenas o produto final, e quem inicia o processo de planejamento 
deve prever a participação dos envolvidos, e que muitas vezes não ocorre 
espontaneamente, exige esforço, dedicação, ações mobilizadoras, 
exercício de poder descentralizado, partilhado. Os gestores 
 
 
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do plano precisam estar cientes que enfrentarão contradições, tensões e 
conflitos. Os participantes nas tomadas de decisões, por sua vez, cientes 
da manifestação individual e coletiva, de seu comprometimento e 
responsabilização. 
Podemos considerar que o planejamento participativo é um instrumento 
eficaz, no princípio da gestão democrática, na construção dos ideais 
coletivos da escola, no entanto, os líderes da gestão e os envolvidos 
devem estar atentos às formas que ocorrem a participação. 
 
A principal característica do que hoje se chama Planejamento Participativo 
não é o fato de nele se estimular a participação das pessoas. Isto existe em 
quase todos os processos de planejamento: não há condições de fazer algo 
na realidade atual sem, pelo menos, pedir às pessoas que tragam sugestões. 
Usa-se esta “participação” até para iludir e/ou cooptar. (GANDIN, 2001, 
p.82) 
 
Surge, então, a necessidade de esclarecer a questão dos âmbitos 
de participação. De acordo com, FONSECA, , NASCIMENTO, SILVA, 
(1995) é importante a fixação de regras claras e democraticamente 
definidas que organizem os processos decisórios e as formas de 
execução e avaliação do planejado, e para tanto, alguns mecanismos da 
própria instituição educacional– colegiados, conselhos de escola, grêmios, 
associações, equipes de trabalho, grupos de estudo de horário coletivo, 
reuniões pedagógicas -, podem favorecer a participação dos envolvidos 
no planejamento pensado coletivamente e para coletividade. Criar 
espaços para as diversas vozes, para o exercício da participação e da 
democracia, atingindo as relações que se dão cotidianamente em todos os 
âmbitos sociais, é reconhecer que cada pessoa, cada envolvido no 
processo de planejamento de um projeto político pedagógico, é um sujeito 
de direitos e deveres, com imensas potencialidades e corresponsáveis na 
tomada de decisões. Como VASCONCELLOS, (2106) cita Paulo Freire, “a 
boniteza não tem de estar tanto no produto, mas sobretudo no processo”. 
 
 
 
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O texto que vai surgir talvez não tenha o mesmo 
brilho de um outro produzido por um pequeno grupo, 
todavia, manifesta a realidade do grupo naquele momento 
(podendo vir a ser aperfeiçoado nas próximas edições). O 
Projeto deve expressar de maneira simples (o que não 
significa dizer simplista) as opções, os compromissos, a 
visão de mundo e as tarefas assumidas pelo grupo; de pouco 
adianta um projeto com palavras “alusivas”, chavões, 
citações e mais citações, quando a comunidade sequer se 
lembra de sua existência. (VASCONCELLOS, 2006, p.25) 
 
 
Para VASCONCELLOS, (2006) a elaboração e o desenvolvimento 
dos Projetos Político Pedagógicos, na perspectiva do planejamento 
participativo tem duas grandes contribuições: 1- o rigor teórico 
metodológico (qualidade formal) e 2- a participação (qualidade política). 
Quanto à participação, nas instituições educativas, VASCONCELLOS, 
(2006) descreve ser frequente ouvir expressões de descontentamento 
relativo à falta de participação no projeto, e em suas indagações, 
considera que isto ocorre pois, há casos onde o educador sequer tem a 
oportunidade de participar da elaboração do projeto. Forma-se um 
pequeno grupo (alguns professores com a direção e coordenação 
pedagógica), que elabora o texto e leva para apreciação do coletivo, que, 
muitas vezes aprova sem questionar (para não “sobrar” tarefas e 
responsabilidades). Outra situação pode se dar mesmo quando o sujeito 
está presente nos vários momentos da construção, mas sem acreditar no 
processo, não se envolve, não se sente pertencente, não questiona, ou 
seja, não participa efetivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
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Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos. 
“A principal característica do que hoje se chama 
Planejamento Participativo não é o fato de nele se 
estimular a participação das pessoas. ... Usa-se esta 
“participação” até para iludir e/ou cooptar”. GANDIN, 
( 2001) 
 
Assim, para que a participação, como um dos anseios mais 
fundamentais do humano: ser levado em conta, tomar parte, ser incluído, 
ser respeitado, tenha sentido, é necessária uma disposição em mudar 
realmente, os envolvidos precisam estar sensibilizados na decisão de 
fazer, de como e quando fazer, assumindo a condição de sujeito e não de 
objeto do processo de planejamento. A participação aumenta o grau de 
consciência política, de responsabilidade, reforça o controle sobre a 
autoridade, potencializando a legitimidade das intenções planejadas e 
realizadas. 
Seguindo a crença que o planejamento participativo é a ferramenta 
mais eficaz, dentro da lógica da gestão democrática, na construção de 
ideais coletivos em escolas e outros espaços educativos, GANDIN, D. e 
GANDIN, L., (2003) apresentam a proposta de três momentos distintos, 
porém integrados, na elaboração do plano/projeto: 1. a indicação de um 
horizonte ou referencial (definição de um ideal social e educacional, onde 
o coletivo quer chegar, ações voltadas numa mesma direção); 2. a 
 
 
 
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construção de um diagnóstico que julgue a prática à luz do referencial 
(não deve ser confundido com um levantamento de problemas, mas sim 
das necessidades da escola e seus sujeitos); 3. programação das ações 
concretas (definidas as necessidades e a distância entre o real e o ideal, 
pode-se elaborar a programação, ou seja, as ações concretas a serem 
realizadas). 
Concluímos, com a certeza que ação do planejamento participativo 
na elaboração dos planos/projetos das instituições educativas é uma 
tarefa complexa, mas necessária, já que buscamos uma educação 
balizada na construção e/ou transformação de uma sociedade de fato 
democrática, mais justa, mais humana, e que acolha e respeite as 
diferenças e a diversidade. 
 
 Síntese 
 
O planejamento participativo é, de fato, uma 
tendência no campo educacional, visto como um 
conjunto de propostas de ferramentas de intervenção 
na realidade. 
O planejamento participativo não se encerra por 
definir coletivamente a organização dos conteúdos, 
mas se refere principalmente à organização coletiva 
e sistematização dos resultados que pretender 
buscar, em relação aos seus alunos, às suas 
realidades sociais, e a partir disto a avaliação 
detalhada da prática educativa e docente, seja 
propositiva para práticas alternativas influentes na 
construção e transformação social. 
 
 
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 1.4. Considerações Finais 
 
Finalizando o Módulo 1, esperamos que você tenha compreendido 
as concepções em estudo do planejamento educacional, sua 
conceituação, elementos, modalidades e procedimentos, bem como um 
breve histórico da educação brasileira no que diz respeito às iniciativas e 
às ações concretas de planejamento educacional. Discutimos também 
sobre o planejamento participativo, suas contribuições, bem como sobre 
as dificuldades e desafios enfrentados para realizá-lo nos espaços 
educativos. No próximo Módulo, aprofundaremos a discussão sobre a 
temática projeto político pedagógico, utilizando elementos e aprendizados 
do Módulo1. 
Até lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 MÓDULO 2 – Projeto Político Pedagógico 
 
 
 
MÁRCIA REGINA BARRELLI 
 
Disciplina: Construção de Projetos Pedagógicos e 
Tecnologias Aplicadas à Docência 
Módulo 2 – Projeto Político Pedagógico– Faculdade 
Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 2– Projeto Político 
Pedagógico 1.Planejamento participativo 2.Projeto 
Pedagógico 3.Gestão Democrática 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
No segundo módulo, discutiremos sobre projeto político pedagógico 
e sua materialização expressa no cotidiano das unidades educacionais e 
espaços educativos, na perspectiva participativa, democrática, coletiva, 
emancipadora. Iniciaremos por uma revisão de conceitos referentes ao 
planejamento educacional, refletindo sobre as dimensões indissociáveis 
do instrumento projeto político pedagógico, as características de inovação 
reguladora e emancipatória. Finalizaremos revisitando as contribuições da 
LDBEN 9394/96 para o projeto político pedagógico. 
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa 
jornada de estudos. 
 
 
Ótimo aprendizado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 2. Revisando Conceitos 
No primeiro módulo aprendemos sobre as concepções e definições 
da ação de planejar, do planejamento educacional participativo, bem 
como sobre os elementos e modalidades do planejamento. 
Caracterizamos o planejamento como uma atividade humana, pela 
qual são estabelecidos objetivos, metas, fins, a serem alcançados, com 
estratégias e métodos definidos, cuja principal característica é a 
flexibilidade, ou seja, possibilita, ação, reflexão, mudanças no percurso 
e novas tomadas de decisão. Segundo PADILHA, planejamento é 
processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e 
objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, 
setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. 
O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão 
sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização 
de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, 
visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas 
definidas, a partir dos resultados das avaliações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - 
“...a esse pano de fundo que proponho discutir o 
planejamento participativo com base na escola, tratando-o 
como instrumental teórico prático capaz de facilitar a 
convergência entre o refletir e agir no espaço escolar. 
Como ferramenta capaz de vitalizar experiências 
educativas e instituições e de respaldar a construção, com 
democracia, do projeto político pedagógico da escola. 
Nessa perspectiva, o planejamento participativo poderá 
constituir-se num instrumento pedagógico e político 
mudança. ” ( FALKEMBACH, in Veiga, 1996, p 131) 
 
Refletimos também que, em contraposição aos modelos 
burocratizados de planejamento, que se sustentam na divisão de 
tarefas, na fragmentação da ação educativa e em concepções de 
caráter instrumental e técnico do planejamento, a gestão democrática da 
educação e o planejamento participativo implicam no fortalecimento da 
gestão e decisões coletivas, assumindo, assim, a função de mediador e 
articulador do trabalho coletivo na educação. 
Quanto às definições de plano, projeto, programa, EVANGELISTA, 
(2010) em seu artigo esclareceu a diferenciação: 
 
 
 
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Plano – é o documento, a materialização do planejamento, o 
registro da escrita dos elementos e objetivos a serem alcançados. 
Projeto – do latim projectu, significa lançar para frente uma ideia. O 
projeto é a menor unidade do planejamento, com fins, objetivos e metas 
a serem alcançados em função de uma necessidade, um problema. 
Programa – é um conjunto de projetos, de propostas 
operacionalizadas, desenvolvidos para o alcance de metas. 
Esclarecidos estes conceitos e definida desde o módulo 1 qual 
concepção de planejamento educacional que iremos trilhar e 
compartilhar – perspectiva democrática, participativa e coletiva -, na 
sequência da discussão seguiremos com a caracterização do projeto 
político pedagógico e suas implicações. 
 
Síntese 
Neste item revisamos os conceitos do módulo 1 
referentes às definições de planejamento, plano, 
programa, projeto, ação. Reiteramos que a 
concepção que vamos seguir é a de planejamento 
educacional participativo democrático e coletivo, e 
assim poderemos aprofundar nossa discussão de 
projeto político pedagógico como instrumento de 
transformação e mudança nas unidades 
educacionais brasileiras. 
 
 
 
 
 
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2.1- Projeto Político Pedagógico – Conceito e Dimensões 
 
Projeto – do latim projectu, significa lançar para diante. 
Partindo do sentido etimológico do termo projeto, podemos dizer, 
que ao construirmos os projetos das unidades educacionais, 
planejamos o que temos intenção de fazer. Segundo VEIGA (1995, 
p.12), lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando 
o possível. É antever um futuro diferente do presente. Nas palavras 
de Gadotti e Vasconcellos: 
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. 
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, 
atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em 
função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o 
presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a 
determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação 
possível, comprometendo seus atores e autores. (GADOTTI,1994) 
O projeto político pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser 
entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de 
planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada, 
que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar, a partir 
de um posicionamento quanto á sua intencionalidade e de uma leitura da 
realidade. Trata-se de um importante caminho para a construção da 
identidade da instituição. É um instrumento teórico metodológico para 
transformação da realidade. (VASCONCELLOS, 2002) 
Podemos assim, nessa perspectiva, relembrar das reflexões do 
módulo 1, quando caracterizamos o ato deplanejar como processo de 
ação reflexão ação sobre a realidade diagnosticada, então o projeto 
político pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de 
ensino e atividades diversas. Portanto, projeto não é um documento a ser 
construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades 
 
 
 
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educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. O 
projeto é processo vivido, é construído e vivenciado em todos os 
momentos, por todos os envolvidos como o processo educativo da 
unidade educacional. 
Para tanto, acredita-se, que o projeto político pedagógico deve se 
constituir na referência norteadora de todos os aspectos da ação 
educativa da unidade educacional. Por isso, sua elaboração requer, para 
ser expressão viva de um projeto coletivo, a participação de todos os que 
compõem a instituição, mapeando o diagnóstico do que a escola é hoje, e 
também apontando o que se pretende ser, com organização e 
sistematização, desencadeando mudanças na direção de uma formação 
educativa e cultural, de qualidade, para todas as crianças e jovens que 
frequentam a escola pública e popular. 
 
 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - 
“A implementação de projeto político pedagógico é 
condição para que se afirme (ou se construa 
simultaneamente) a identidade da escola, como espaço 
pedagógico necessário à construção do conhecimento e da 
cidadania”. (BUSSMANN,. in VEIGA, 1995) 
 
 
 
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Então, com esta ideia de participação, as dimensões do projeto 
político pedagógico não se esgotam apenas no conceito da palavra 
projeto, mas ampliamos nosso debate para o entendimento e discussão 
destas dimensões (político pedagógica). Podemos elucidar e nos 
posicionar compreendendo que não se constrói um projeto sem objetivos, 
sem direção sem intenções; é uma ação orientada pela intencionalidade, 
tem um sentido explícito, de um compromisso coletivamente firmado 
ideologicamente, com práticas pedagógicas também escolhidas 
intencionalmente. Assim, entende-se que as dimensões política 
pedagógica do projeto são indissociáveis, caminham juntas, pois as 
escolhas não são neutras. 
No processo de compreensão das dimensões político e pedagógico 
do PPP, é preciso considerar dois outros aspectos: 
• A função social da educação e da escola – a educação 
numa sociedade cada vez mais excludente, definir a 
educação e a escola como um espaço de emancipação, de 
transformação; 
 
• A organicidade entre o PPP e os anseios e necessidades da 
comunidade escolar – o projeto deve propiciar todas a 
dimensões da vida escolar, não se reduzindo a uma 
somatória de planos ou sugestões copiadas, e esquecidos 
nas gavetas ou prateleiras, mas um documento vivo, 
elaborado, acompanhado, avaliado e repensado. 
Assim, conforme o documento MEC Projeto Vivencial p.3 3 4“...é na 
ação pedagógica da escola que se torna possível a efetivação de práticas 
sociais emancipatórias, da formação de um sujeito social, crítico, solidário, 
compromissado, criativo, participativo. É nessa ação que se cumpre, se 
realiza, a intencionalidade orientadora do projeto construído. 
 
 
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Compreender essa dialética entre político e pedagógico torna-se 
imprescindível para que o PPP não se torne um documento pleno de 
intenções e vazio de ações; de pouco adianta declarar que a finalidade da 
escola é forma um sujeito critico, criativo, participativo, ou anunciar sua 
vinculação às teorias críticas se, nas suas práticas pedagógicas 
cotidianas, perduram estruturas de poder autoritárias, currículos 
engessados, experiências culturais empobrecidas. ” 
As colocações até aqui feitas parecem ser suficientes para 
esclarecer que um projeto político pedagógico, “corretamente” elaborado 
não traz garantias para que a instituição educativa se transforme 
repentinamente, num passe de mágica, numa escola de melhor qualidade, 
mas traz aos seus participantes, a oportunidade de construírem 
coletivamente o seu caminhar conscientemente, interferindo nos limites e 
possibilidades, com propostas democráticas, significativas, pensando num 
processo educativo e de ensino aprendizagem de melhor qualidade, que 
promova a mudança e que portanto, esteja voltada para a maioria das 
pessoas. 
 
Síntese 
Aprendemos que projeto, do latim projectu, 
significa lançar para diante. Projeto político 
pedagógico é o plano global da instituição, elaborado 
a partir da perspectiva democrática com a 
participação de toda a comunidade educativa, ação 
intencional, que visa a construção do conhecimento 
e da cidadania, bem como a expressão e efetivação 
de práticas sociais emancipatórias. 
 
 
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 2.1.1- Inovação regulatória e inovação 
emancipatória 
 
 Estudamos que o projeto político pedagógico é um instrumento da 
ação educativa que pode trazer mudanças, inovações, transformações. 
No entanto, estas mudanças, inovações, nem sempre, são 
emancipatórias. 
 
Inovação regulatória (ou técnica) caracteriza-se por ser mudança 
instituída formalmente, organizacional, descontextualizada, temporária e 
parcial, descomprometida com os sujeitos protagonistas envolvidos, 
desprezando as diferenças, as relações de conflito, de força. Nega a 
diversidade de interesses, pois é uma ação sem a participação de todos e 
não compartilham da mesma concepção de homem, de sociedade, de 
educação. 
Nesta perspectiva, regulatória, o projeto político pedagógico, pode 
ser uma novidade, uma inovação, assumido como um instrumento 
organizacional, quantitativo, de padronização, de controle burocrático, um 
conjunto de atividades que vão gerar um produto: um documento 
encadernado, pronto e acabado, elaborado, por tecnocratas, ou por um 
pequeno grupo da instituição, não coadunando com a concepção de 
projeto que estudamos e acreditamos: planejamento educacional 
participativo. 
 Segundo VEIGA, assumir a característica da inovação regulatória, 
é deixar de lado o processo de produção coletiva, integral, priorizando, por 
exemplo, inovar para melhorar parcialmente alguns resultados da 
aprendizagem, da aprendizagem, do laboratório, da biblioteca, voltando-se 
assim, para um currículo burocratizado, de controle, de cumprimento de 
metas e índices. 
 
 
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Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos – inovação regulatória e 
emancipatória 
“As ações na escola transformaram-se em procedimentos 
pulverizados e desconectados. O poder conjunto perde sua 
força e descaracteriza-se pela fragmentação. Não se 
discutem ideias, contradições, mas, ao contrário, foge-se 
dos debates numa preocupação contraditoriamente 
apasiguadora, visto que essa postura fortalece ou a 
hostilidade ou a indiferença. ” BUSSMANN, in VEIGA, 
(1995). 
 
Já a inovação emancipatória corresponde com as concepções que 
estudamos no módulo 1 e neste módulo. O projeto político pedagógico 
não é um fim em si mesmo, um documento encadernado na gaveta. Na 
perspectiva emancipatória a inovação e o PPP estão organicamente 
articulados, integrando-se fins e meios, pautados por processos de ruptura 
com as normas conservadoras já instituídas, cristalizadas. É de natureza 
democrática, coletiva, ético social e cognitivo instrumental, visando à 
eficácia dos processos formativos sob o olhar da ética, referenciadaao 
contexto social. 
Baseia-se em processos dialógicos e não impositivos, mobilizando 
todos os sujeitos envolvidos, protagonizando vozes antes silenciadas, 
valorizando os diversos tipos de saberes e necessidades, construindo 
assim a proposta pedagógica educativa significativa para a unidade 
educacional. 
 
 
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 Síntese 
 
Esclarecemos sobre a inovação regulatória e 
emancipatória, como características que podem 
acompanhar o projeto político pedagógico. 
Diferenciando-as, resumidamente, a primeira está 
ligada à inovação técnica que o projeto político 
pedagógico pode representar, considerando este 
como um documento organizado, pronto e acabado 
sem a participação de seus atores. Já a segunda 
refere-se à inovação que o projeto político 
pedagógico pode oportunizar se for considerado 
como o plano integral da instituição, elaborado a 
partir da perspectiva democrática com a participação 
de todos os sujeitos envolvidos, bem como a 
expressão e efetivação de práticas sociais 
transformadoras. 
 
 
 2.2. As contribuições da LDB 9394/96 para o PPP 
 
Conforme vimos no módulo 1, nos anos de 1990, a democratização 
da educação e da escola, consistiram em fortes e importantes processos 
para descentralização do planejamento da educação brasileira, no que se 
refere à participação, autonomia (pedagógica, administrativa e financeira), 
gestão democrática, organização curricular, como traz a Constituição de 
1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96. 
 
 
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A Constituição de 1998, ao incorporar a gestão democrática da 
educação como princípio em atendimento aos movimentos sociais 
intensos à época, garantiu novas formas de organização e administração 
dos sistemas de ensino, tendo como principal objetivo a universalização 
do ensino no país. Nos artigos 205 a 210, destinados à Educação, 
verificamos princípios de igualdade de condições de acesso à educação, 
liberdade de aprender e ensinar, pluralismo de ideias e concepções 
pedagógicas, gratuidade e gestão democrática do ensino público, o que 
consideramos um grande avanço, no processo de democratização na 
história do país e na história da educação brasileira, seja no aspecto 
político pedagógico e social, como no aspecto da gestão financeira. 
Podemos afirmar assim, que os debates e as reflexões constantes 
sobre a democratização da escola, e a promulgação da Constituição de 
1998, oportunizaram a instituição do princípio da gestão democrática no 
ensino público, com enfoque na autonomia dos sistemas e instituições, 
bem como a criação de mecanismos para a participação de diversos 
segmentos da sociedade e das comunidades locais. 
Na sequência, como reflexo e produto do processo de 
democratização, a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDBEN 9394/96), expressou a síntese dos debates e exigências 
sociais e legais dos sistemas de ensino e trouxe com a gestão escolar 
democrática o fortalecimento do processo pedagógico, como o caminho 
mais viável para a participação corresponsável de todos os sujeitos, 
autores e atores, nas decisões da organização coletiva dos projetos das 
escolas, com vistas à igualdade de condições, respeito ao pluralismo e às 
diferenças, aos resultados efetivos de qualidade e significativos à 
emancipação e transformação social. 
 
 
 
 
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Mais especificamente, relacionado ao projeto político pedagógico, a 
LDBEN, concedeu às escolas e, consequentemente aos segmentos 
envolvidos, “progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e 
de gestão financeira”, “incumbência de elaborar e executar sua proposta 
pedagógica”, “incumbência de informar os pais e responsáveis sobre a 
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua 
proposta pedagógica”, aos professores “incumbência em participar da 
elaboração da proposta pedagógica e do projeto pedagógico do 
estabelecimento de ensino e elaborar e cumprir plano de trabalho 
estabelecido”. 
 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a temática em 
estudo e desdobramentos - 
“É preciso fazer um problema do óbvio, daquilo que se 
forma o cotidiano, como meio de ressaltar, de sentir o 
mundo mais vivamente e de poder voltar a encontrar o 
significado daquilo que nos rodeia”. (SACRISTAN, in Veiga 
1995) 
 
 
 
 
 
 
 
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Embora, temos presenciado os avanços e conquistas com 
processo de democratização balizado também pela promulgação de leis 
que favoreceram a gestão democrática da educação brasileira, vale 
ressaltar que a legislação por si só não garante a implantação e 
implementação de mudanças visando a gestão financeira, administrativa, 
política e pedagógica. Assim, como afirmam GANDIN e GANDIN (2003) [...] 
pensam muitos que a lei vai mudar a realidade e transformar escolas em 
instituições competentes...Pensar e colocar em práticas as inovações 
propostas pelas determinações legais, requer discussão e cautela. 
Segundo GANDIN e GANDIN, (2003) convém ressaltar algo muito positivo: 
o planejamento educacional, produzido na modalidade de projeto político 
pedagógico, é considerado como ferramenta para implementação de 
processos pedagógicos. No entanto, é necessária cautela para não 
incorremos na inovação regulatória, tomando a introdução das novidades 
da LDBEN 9394/96, legitimadora de um controle tecnicista e burocrático. 
Mas podemos, sim, com reflexão crítica, utilizar a ferramenta do projeto 
político pedagógico, como inovação emancipatória, visando o engajamento 
coletivo rumo às transformações significativas. 
Concluímos assim, que as considerações e discussões sobre a 
implantação da LDB, ressaltam que as legislações e prescrições oficiais 
não se incorporam à escola tal e qual foram pensadas e formuladas, mas 
são percebidas e interpretadas dentro de uma determinada ordem escolar 
existente, muitas vezes a partir de praticadas consolidadas, costumes 
instalados e valores estabelecidos pela sociedade. Conforme MACHADO, 
que cita Rockwell (1995,p.14) em seu artigo, 
[...] não se trata simplesmente de que existam algumas práticas que 
correspondam a normas e outras que se desviam delas. Toda experiência 
escolar participa nesta dinâmica entre normas oficiais e a realidade 
cotidiana [...] O conjunto de praticas cotidianas resultantes deste processo é 
o que constitui o contexto formativo real tanto para professores como para 
alunos [...]. 
 
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. Síntese 
 No Brasil partir de 1988, com a promulgação da 
Constituição verifica-se a lógica da descentralização 
e da gestão democrática. Em decorrência a LDBEN 
9394/96, pautada em princípios democráticos, 
aponta por uma educação de qualidade para todos. 
Uma das novidades da LDB estudadas neste módulo 
foi a introdução do projeto político pedagógico, como 
ferramenta do planejamento educacional 
participativo, visando maior autonomia às unidades 
educacionais brasileiras. 
 
 
2.4. Considerações Finais 
 
Finalizando o Módulo 2, esperamos que você tenha compreendido 
as concepções em estudo do projeto político pedagógico, sua 
conceituação, dimensões e características, bem como as contribuições da 
LDBEN 9394/96 para o projeto político pedagógico. No próximo Módulo, 
aprofundaremos a discussão sobre a metodologia de trabalho para a 
elaboração do projeto político pedagógico, referenciadaa uma proposta 
concreta de planejamento e currículo, que vem sendo construída e 
vivenciada por coletivos humanos singulares, na perspectiva da gestão 
democrática, utilizando elementos e aprendizados do Módulo2. 
Até lá! 
 
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 MÓDULO 3 – Metodologia de trabalho para a elaboração do 
Projeto Político Pedagógico 
 
 
 MÁRCIA REGINA BARRELLI 
 
 Disciplina: Construção de Projetos Pedagógicos e 
Tecnologias Aplicadas à Docência 
Módulo 3 – Metodologia de trabalho para a 
elaboração do Projeto Político Pedagógico– 
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 
2016. 
Guia de Estudos – Módulo 3– Metodologia de 
trabalho para a elaboração do Projeto Político 
Pedagógico 1.Currículo 2.Projeto Pedagógico 
3.Proposta Pedagógica 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
 
No terceiro módulo, discutiremos sobre a metodologia de trabalho 
para a elaboração do projeto político pedagógico das unidades 
educacionais e espaços educativos, na perspectiva participativa, 
democrática, coletiva, emancipadora. Para tanto, utilizaremos o conteúdo 
aprendido e refletido nos módulos 1 e 2, conceitos referentes ao 
planejamento educacional participativo, projeto político pedagógico. 
Durante o percurso do módulo 3 estudaremos os princípios norteadores 
do projeto político pedagógico, linhas de construção de proposta 
pedagógica, finalizando nossa reflexão sobre a identidade da escola 
expressa no currículo. 
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa 
jornada de estudos. 
 
 
Ótimo aprendizado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 3. Princípios norteadores do projeto político pedagógico 
 
No primeiro módulo aprendemos sobre as concepções e definições 
da ação de planejar, do planejamento educacional participativo, bem 
como sobre os elementos e modalidades do planejamento. Trilhamos o 
segundo módulo caracterizando o projeto político pedagógico como uma 
modalidade de planejamento, na perspectiva da gestão democrática, 
coletiva, como inovação emancipadora. Segundo Vasconcellos: 
 
Projeto político pedagógico é um instrumento teórico 
metodológico que visa ajudar enfrentar os desafios do 
cotidiano da escola, só que de forma refletida, consciente, 
sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. 
É uma metodologia de trabalho que possibilita 
ressignificar a ação de todos os agentes da instituição. 
(VASCONCELLOS, C.S. 2006, p.143) 
 
Esclarecidos estes conceitos e definida desde o módulo 1 qual 
concepção de planejamento educacional que iríamos trilhar e 
compartilhar – perspectiva democrática, participativa e coletiva -, 
seguiremos nossa discussão com a caracterização do projeto político 
pedagógico e suas implicações, relativos aos princípios norteadores. 
VEIGA (2002 p.16), cita Saviani, que define quais seriam estes 
princípios norteadores, que segundo este autor são “os arcabouços para 
a sua efetivação processual [...] proporcionam ambientes favoráveis ás 
discussões e debates.” 
 
 
 
 
 
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São os princípios: 
▪ Igualdade de condições para acesso e permanência na escola – 
o projeto político pedagógico, expresso na ação educativa, em seu 
conjunto, pode propiciar, democraticamente a igualdade de condições 
a todos os atores, ingressantes na escola pública, sujeitos de direitos 
de nela permanecerem; 
▪ Qualidade – aspecto que não privilegia minorias econômicas e 
sociais. Está associada ao princípio da igualdade, considerando que 
é do interesse da sociedade que seus cidadãos sejam educados, 
instruídos e formados, e que esta é a principal função da escola, 
administrá-la de modo eficiente e eficaz, o desafio do PPP é o de 
propiciar uma qualidade para todos. Quando assim administrada, a 
escola oferece condições para a permanência dos que nela 
ingressarem e o direito à aprendizagem. 
▪ Gestão democrática – a gestão democrática constitui-se no princípio 
de discussão para participação ampla de autores e atores do projeto 
político pedagógico das unidades educacionais, abrangendo as 
dimensões pedagógica, administrativa e financeira, implicando no 
repensar da estrutura de poder da escola, da compreensão em 
profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica, num 
compromisso e na construção coletiva. 
▪ Liberdade- está associada ao princípio da autonomia, à capacidade 
da escola de delinear sua própria identidade, possibilitando as 
escolhas do projeto político pedagógico. Estas escolhas envolvem as 
dimensões políticas, administrativas e pedagógicas, evidenciando a 
escola que temos e a escola que queremos. A ideia de autonomia 
está ligada à concepção emancipadora da educação. 
 
 
 
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▪ Valorização do magistério – princípio central na discussão do PPP. 
Pois a formação continuada dos profissionais da escola, 
compromissada com construção do PPP, não deve limitar-se aos 
conteúdos curriculares, mas se estender à discussão da escola como 
um todo e suas relações com a sociedade. 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com princípios 
norteadores do projeto político pedagógico - “O 
planejamento dialógico é alternativa porque, com a 
ampliação da comunicação pelo diálogo coletivo e 
interativo desde a formulação das questões relacionadas, 
por exemplo, às questões orçamentárias, pedagógicas ou 
administrativas das escolas e das políticas públicas 
educacionais, vai acontecendo num processo de 
participação, de envolvimento [...] É essa a grande 
vantagem do planejamento dialógico, organizado, 
democraticamente sistematizado e voltado para o respeito 
à autonomia dos sujeitos partícipes do processo.” 
(PADILHA, P.R. 2002, p.26) 
 Seguindo, podemos perceber que a construção do projeto político 
pedagógico, na perspectiva dos princípios norteadores acima arrolados – 
igualdade de condições de acesso e permanência, qualidade, gestão 
democrática, liberdade, valorização do magistério -, fundamentam-se nos 
mesmos princípios que balizam a escola pública e democrática, de 
qualidade. No documento, MEC Escola de gestores - projeto político 
 
 
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pedagógico: dimensões conceituais – Projeto vivencial, o autor Gimeno 
Sacristan é citado, ao discutir um projeto de escola pública da 
modernidade, destacando, seus objetivos e finalidades (SACRISTAN, 
2001,p.24): 
▪ Fundamentação da democracia 
▪ Estímulo ao desenvolvimento da personalidade do sujeito 
▪ Difusão e incremento do conhecimento e da cultura em geral 
▪ Inserção dos sujeitos no mundo 
▪ Custódia, cuidado dos mais jovens 
Assim, podemos dizer que os princípios norteadores somados 
aos objetivos e finalidades apontadas por Sacristan, se relacionam e se 
condicionam, evidenciando inclusive nossas concepções de planejamento 
educacional participativo e projeto político pedagógico, pois expressam 
uma crença numa educação democrática, que inclui sujeitos, que 
transforma, emancipa, através do cuidado, do desenvolvimento e difusão 
de conhecimento e de cultura, com liberdade, participação, autonomia. 
Trata-se de aprender para conhecer e transformar o mundo em que se 
vive. 
[...] aluno aprende apenas quando se torna sujeito de sua 
aprendizagem.E para ele tornar-se sujeito de sua 
aprendizagem ele precisa participar das decisões que 
dizem respeito ao projeto de escola que faz parte também 
do seu projeto de vida. Não há educação e aprendizagem 
sem sujeito da educação e da aprendizagem. A 
participação pertence à própria natureza do ato 
pedagógico. (GADOTTI, 2000, p.36) 
 
 
 
 
 
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 Síntese 
Neste item refletimos sobre os princípios 
norteadores do projeto político pedagógico. São eles: 
- igualdade de condições de acesso e permanência, 
qualidade, gestão democrática, liberdade, 
valorização do magistério. E também sobre os 
objetivos e finalidades da escola públicas propostos 
por Sacristan: fundamentação da democracia, 
estímulo ao desenvolvimento da personalidade do 
sujeito, difusão e incremento do conhecimento e da 
cultura em geral, inserção dos sujeitos no mundo e 
custódia, cuidado dos mais jovens. 
 
3.1- Construção do Projeto Político Pedagógico 
 
Retomando o módulo 1, e, portanto, seguindo a crença que o 
planejamento participativo é a ferramenta mais eficaz, dentro da lógica da 
gestão democrática, na construção de ideais coletivos em escolas e 
outros espaços educativos, GANDIN, e GANDIN, (2003) L., apresentam a 
proposta de três momentos distintos, porém integrados, na elaboração do 
plano/projeto: 1. a indicação de um horizonte ou referencial (definição de 
um ideal social e educacional, onde o coletivo quer chegar, ações voltadas 
numa mesma direção); 2. a construção de um diagnóstico que julgue a 
prática à luz do referencial (não deve ser confundido com um 
levantamento de problemas, mas sim das necessidades da escola e seus 
sujeitos); 3. programação das ações concretas (definidas as necessidades 
 
 
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e a distância entre o real e o ideal, pode-se elaborar a programação, ou 
seja, as ações concretas a serem realizadas). 
A adoção da metodologia condizente aos fins que se deseja 
alcançar é critério essencial para o êxito do projeto político pedagógico. A 
legitimidade e racionalidade do projeto político pedagógico vinculam-se à 
metodologia usada na sua construção. São variados os caminhos da 
elaboração e implementação do projeto político pedagógico da escola. 
Nós escolhemos trilhar nossos estudos no âmbito do planejamento 
dialógico/participativo, então princípio metodológico a formulação de 
perguntas e questionamentos para problematizar a realidade, como 
proposta de trabalho na elaboração do projeto. 
3.1.1- Elementos do Projeto Político Pedagógico 
 
Acolhendo as propostas de GANDIN e GANDIN,(2003) quando 
inicia-se o processo de construção coletiva do projeto político pedagógico, 
indica-se um marco referencial – a escola que queremos -, e durante esta 
indicação o grupo de atores e autores o projeto da escola vão levantando 
o diagnóstico e as necessidades, definindo as ações para alcançar onde 
se quer chegar. E neste processo de construção e organização do 
trabalho pedagógico da escola, entendido, então, como o próprio projeto 
político pedagógico, apontam-se elementos básicos constitutivos, segundo 
VEIGA (2002, p.22): 
▪ Finalidades da escola – há necessidade de se refletir sobre a 
ação educativa que a escola desenvolve com base nas 
finalidades e objetivos definidos no coletivo. As finalidades 
podem ser de cunho social, político, cultural, humanístico. 
▪ Estrutura organizacional – compreende a estrutura 
administrativa e pedagógica. A estrutura administrativa 
refere-se a gestão de recursos humanos, físicos e 
financeiros. Equipamentos, prédio escolar, distribuição das 
dependências, todas as instalações físicas, caracterização 
 
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local. A estrutura pedagógica envolve todos os aspectos que 
referem às ações educativa e do ensino aprendizagem. 
▪ Currículo – é um importante elemento constitutivo do projeto 
político pedagógico, e implica, a interação entre os sujeitos 
do processo educativo, pressupondo a produção, a 
transmissão e assimilação de conhecimentos historicamente 
produzidos. Em uma determinada concepção o currículo, 
pode se referir à organização do conhecimento escolar, mas 
não é uma mera simplificação de rol de conteúdos. O 
currículo não é um instrumento neutro, expressa uma 
ideologia, uma cultura, não pode ser separado do contexto 
social. No próximo item vamos discutir mais sobre a 
identidade da escola quando expressamos o currículo 
“escolhido” com o projeto político pedagógico, lembrando 
aqui, que balizamos nosso estudo de planejamento e de 
projeto político pedagógico na inovação emancipatória, 
então, portanto, o currículo definido terá papel fundamental 
para contestar, resistir e transformar. 
▪ Tempo escolar – calendário escolar, horário escolar, são 
exemplos que levam à compartimentalização do tempo. É 
importante que os educadores percebam e criem novos 
espaços e tempos para conhecerem melhor seus estudantes 
como e o que estão aprendendo, quais as dificuldades e 
necessidades. Exemplos: espaços e projetos extra, além dos 
horários de aula já previstos. 
▪ Processo de decisão – criação e previsão de mecanismos de 
participação de todos os envolvidos no processo educativo, 
avaliando e acompanhando, assim, o projeto político 
pedagógico. Exemplos destes mecanismos, como já vimos 
no módulo 1: colegiados, conselhos de escola, grêmios, 
associações, equipes de trabalho. 
 
 
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▪ Relações de trabalho – baseadas em princípios 
democráticos, assim também será a construção do projeto 
político pedagógico, com atitudes de participação coletiva e 
dialógica, de solidariedade, reciprocidade, de 
descentralização do poder, articulando práticas 
emancipatórias. 
▪ Avaliação – a avaliação neste contexto, compreende as 
contradições e os conflitos. Envolve três momentos: a 
descrição e da problematização da realidade, a 
compreensão crítica desta realidade, e a proposta de ações 
coletivas, a serem constantemente avaliadas e retomadas, 
para um novo processo de tomadas de decisões. É o 
exercício: AÇÃO – REFLEXÃO - AÇÃO. 
 
Síntese 
 
Aprendemos neste item - marco referencial - a escola que queremos -, e 
durante esta indicação o grupo de atores e autores o projeto da escola 
vão levantando o diagnóstico e as necessidades, definindo as ações para 
alcançar onde se quer chegar. Começamos a delinear uma estrutura de 
projeto político pedagógico ao conhecermos os elementos constitutivos 
do projeto, segundo VEIGA (2002, p.22): 
- finalidades da escola 
- estrutura organizacional 
- currículo 
- tempo escolar 
- processo de decisão 
- relações de trabalho 
- avaliação 
 
 
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Reflita sobre as questões: 
O projeto político pedagógico é um modismo, um antídoto, 
ou uma ação necessária para uma educação de qualidade? 
Em que direção caminhar para provocar a construção 
coletiva de um projeto político pedagógico capaz de 
atender de um lado às necessidades dos alunos e de outro 
a escolha dos conteúdos e à mediação do saber? 
 
 
É importante destacar no âmbito do planejamento 
dialógico/participativo é necessário explicitar as articulações entre os 
diversos tipos de planos (plano de trabalho docente, plano de curso, plano 
de disciplina, plano de aula, plano de ensino, plano curricular), conceitos 
que aprendemos do módulo 1, tendo como eixo norteador o projeto 
político pedagógico. Nessa mesma perspectivaas instâncias colegiadas 
(conselho de escola, conselhos de séries, ciclos ou classes, grêmio 
estudantil e associações de pais e mestres) também comportam seus 
respectivos planos de trabalho cujas metas e objetivos são frutos da 
análise da realidade escolar e do campo de atuação de cada segmento. 
Destacamos, mais uma vez, que o projeto político pedagógico deve ser a 
referência para a reflexão e ação de todas essas instâncias colegiadas. 
Não pretendemos aqui estudar e apresentar receitas e modelos de 
projetos, nem mesmo de esgotar o assunto sobre a metodologia de 
elaboração do projeto político pedagógico, mas acreditamos que durante 
nossa jornada de estudos durante os módulos 1, 2 e este em questão, fica 
evidente nossa preocupação em provocar reflexões no sentido da prática 
democrática, participativa, dialógica, coletiva na construção dos projetos 
das escolas públicas de qualidade. 
 
 
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Apresentamos em seguida, de forma sucinta, como sugestão a ser 
discutida e refletida, uma proposta de organização, com componentes 
fundamentais de projeto político pedagógico baseada em PADILHA, 2003 
p.90: 
1. Identificação do projeto – nome do projeto, identificação geral da 
escola, período de duração do projeto (ano letivo, por exemplo), 
número de alunos, professores, funcionários, caracterização da 
escola, localização situação física da escola, recursos humanos e 
materiais, gestão da escola. 
2. Histórico e justificativa – registrar as articulações entre os 
segmentos escolares, incluindo a síntese do marco referencial – 
diagnóstico, a escola que temos e a escola que queremos. 
3. Objetivos gerais e específicos – o que se pretende alcançar em 
linhas gerais, ao sistema de ensino que a escola está ligada, e os 
específicos em cada plano de cada segmento e modalidades de 
plano. O desdobramento do objetivo em geral em específico traduz-
se na definição da proposta curricular. 
4. Metas – mais concretas que os objetivos, devem ser quantificadas 
e detalhadas (onde e quando vai ocorrer a ação). As metas devem 
ser enumeradas em consonância com as atividades que serão 
desenvolvidas durante a execução do projeto. 
5. Desenvolvimento metodológico e Recursos – escolha de 
estratégias de ação e previsão da disponibilidade de recursos 
físicos, materiais, humanos e financeiros. 
6. Cronograma- previsão da distribuição ordenada das ações 
cronologicamente. 
7. Avaliação- momentos de verificação da concretização parcial e total 
dos objetivos e metas, com previsão dos instrumentos de 
avaliação. 
 
 
 
 
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8. Conclusão- o projeto político pedagógico deverá oferecer 
elementos para discussão, elaboração e divulgação do Regimento 
Escolar ou Regimento Educacional, onde estará disposto todas as 
decisões dos segmentos participantes do processo educativo em 
relação à atribuições e competências administrativas e 
pedagógicas da escola. 
 
 
Reflita sobre as questões: 
A escola por meio de seu projeto político pedagógico pode 
mobilizar forças para processos qualitativos. É nessa 
perspectiva que fazem sentido problematizações como 
- quais finalidades da escola? 
- que cidadãos queremos formar? 
- que sociedade queremos construir? 
- quais conhecimentos, quais escolhas curriculares? 
- como mobilizar e efetivar a participação do coletivo? 
- e a sistemática de avaliação e retomada do projeto? 
 
Sem dúvida, o processo de planejamento, de estruturar e organizar 
o projeto político pedagógico é complexo. Não é banalizando esta 
complexidade que resolveremos os grandes desafios colocados aos 
educadores. No entanto, como já falamos o projeto político pedagógico é 
uma potente ferramenta de transformação da realidade educacional, ou 
seja, é uma mediação que ajuda organizar e estabelecer o desejado e o 
vivido, diminuindo esta distância. Fechamos este item com a citação de 
Vasconcellos, para reflexão: 
 
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“O grande potencial transformador do Planejamento 
Participativo está em articular os vários níveis de reflexão 
(para onde queremos ir, onde estamos e o que fazer para 
chegar lá) e em oferecer estes instrumentos de passagem 
do desejado - Marco Referencial – à Realidade: o 
Diagnóstico e a Programação.” (2006, p.49) 
 
Síntese 
 
Apresentamos neste item uma sugestão de 
proposta de organização de projeto político 
pedagógico, segundo Padilha. São os componentes 
desta proposta: 
- identificação do projeto 
- histórico e justificativa 
- objetivos gerais e específicos ( proposta 
curricular ) 
- metas 
- desenvolvimento metodológico e recursos 
- cronograma 
- avaliação 
- conclusão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 3. 2. A Identidade da Escola e o Currículo 
 
 Estudamos que o projeto político pedagógico é um instrumento da 
ação educativa que pode trazer mudanças, inovações, transformações. 
No entanto, estas mudanças, inovações, nem sempre, são 
emancipatórias. 
 Inovação regulatória (ou técnica) caracteriza-se por ser mudança 
instituída formalmente, organizacional, descontextualizada, temporária e 
parcial, descomprometida com os sujeitos protagonistas envolvidos, 
desprezando as diferenças, as relações de conflito, de força. Nega a 
diversidade de interesses, pois é uma ação sem a participação de todos e 
não compartilham da mesma concepção de homem, de sociedade, de 
educação. 
 Nesta perspectiva, regulatória, o projeto político pedagógico, pode 
ser uma novidade, uma inovação, assumido como um instrumento 
organizacional, quantitativo, de padronização, de controle burocrático, um 
conjunto de atividades que vão gerar um produto: um documento 
encadernado, pronto e acabado, elaborado, por tecnocratas, ou por um 
pequeno grupo da instituição, não coadunando com a concepção de 
projeto que estudamos e acreditamos: planejamento educacional 
participativo. 
 Já a inovação emancipatória corresponde com as concepções que 
estudamos no módulo 1 e neste módulo. O projeto político pedagógico 
não é um fim em si mesmo, um documento encadernado na gaveta. Na 
perspectiva emancipatória a inovação e o PPP estão organicamente 
articulados, integrando-se fins e meios, pautados por processos de ruptura 
com as normas conservadoras já instituídas, cristalizadas. É de natureza 
democrática, coletiva, ético social e cognitivo instrumental, visando à 
 
 
 
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eficácia dos processos formativos sob o olhar da ética, referenciada ao 
contexto social. 
Baseia-se em processos dialógicos e não impositivos, mobilizando 
todos os sujeitos envolvidos, protagonizando vozes antes silenciadas, 
valorizando os diversos tipos de saberes e necessidades, construindo 
assim a proposta pedagógica educativa significativa para a unidade 
educacional. 
Então, um projeto político pedagógico baseado em princípios 
democráticos, como inovação emancipatória, expressará uma identidade 
de escola através de sua proposta, coerente, cumprindo sua função social 
de propiciar a efetiva aprendizagem e desenvolvimento por parte de todos 
os alunos. 
 
 
 
Reflita sobre a afirmativa relacionando com a 
temática em estudo e desdobramentos 
“ A escola coloca-se como agenciadora do 
saber; no entanto, o processo de aquisição desse 
saber pode se dar tanto de maneira opressiva, 
tendo como centro a indisciplina do aluno suas 
possíveis limitações individuais e sociais como, 
também,

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