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Expressão Plástica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. José Alfonso Ballestero Alvares Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Do Bidimensional para o Tridimensional • Introdução; • Bidimensional; • Tridimensional; • Transformando o Bidimensional em Tridimensional. · Descrever as características principais do bidimensional e como identificá-lo; · Descrever as características principais do tridimensional e como identificá-lo; · Transformar o bidimensional em tridimensional; · Trabalhar com planos paralelos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Do Bidimensional para o Tridimensional UNIDADE Do Bidimensional para o Tridimensional Introdução Quero começar lhe fazendo a mesma pergunta que Wong (2010, p. 237) nos propõem, porque a reputo muito importante, vamos a ela: O que é um mundo bidimensional? Ex pl or A pergunta pode parecer num primeiro instante supérflua e improcedente, você certamente me responderá de imediato “ora! A palavra já nos diz o que é! Um mundo com duas dimensões!”. No entanto, se parar para pensar um pouco chegará à conclusão que o mundo bidimensional não existe, trata-se apenas de uma abstração, uma criação humana. Como nos alerta Wong (2010, p. 237), quando desenhamos, pintamos, im- primimos, tingimos e até quando escrevemos estamos desenvolvendo atividades que produzem um mundo bidimensional. Mas, se você analisar detalhadamente o que ocorre quando vemos enlevados uma pintura, perceberá que estamos vendo de forma tridimensional, como bidimensional, uma paisagem (por exemplo) que apreciamos por sua beleza pictórica. Atualmente, com o progresso da técnica e da tecnologia, transformamos ins- tantaneamente o tridimensional em bidimensional. Uma câmera, imediatamente, transforma tudo que estamos vendo em uma imagem plana. Até mesmo marcas de textura, como no caso da madeira ou de uma pedra, também nos sugerem a imaginária bidimensional. Mas, como muito bem nos recorda Wong (2010, p. 237), “é pelo olhar huma- no que o mundo bidimensional ganha significado”. Realmente, vivemos de fato em um mundo tridimensional. O que observamos não é uma imagem plana, mas algo com três dimensões, com profundidade físi- ca, que constitui a terceira dimensão. Observe agora, neste instante, onde você está: o chão sob nossos pés se projeta e se estende até o infinito; você pode olhar para a frente, para trás, para a direita, para a esquerda, para cima e para baixo. O que temos diante de nossos olhos é na realidade um continuum de espaço no qual estamos envoltos. Observe que há coisas ou objetos que estão próximos a você e que, se desejar, poderá tocá-los; outros, mais distantes e intangíveis, mas possíveis de tocar se você deles se aproximar. Mais, ainda, essas coisas (dependendo de seu tamanho e peso) você pode pegar, tocar, virar em suas mãos. Observe que cada movimento que fizer com esse objeto você verá algo novo e diferente, porque o ângulo de incidência de nosso olhar será modificado. Da mesma forma, se estamos apreciando uma paisagem ou uma cena e andarmos em sua direção (algo impossível no mundo bidimensional), os obje- tos ou elementos à distância irão pouco a pouco se tornando maiores e seus formatos e contornos se modificarão, pois veremos mais algumas superfícies e menos outras. 8 9 Isso nos leva a uma constatação muito importante: Importante! Nosso entendimento de um objeto tridimensional nunca será completo! Importante! Isso ocorre pelo simples motivo de que a imagem tomada mostra apenas duas dimensões. Por exemplo, uma forma circular vista a determinada distância pode ser uma esfera, cone, cilindro ou qualquer objeto de base circular. Para compreender um objeto tridimensional, seja ele qual for, devemos observá-lo de “diferentes ângulos e distâncias e recompor as informações em nosso cére- bro para obter uma compreensão completa de sua realidade tridimensional”. (WONG, 2010, p. 238) Portanto, é apenas na mente humana que o mundo tridimensional adquire realmente seu significado amplo e total. O desenho bidimensional nada mais é do que o esforço humano consciente para organizar de forma harmoniosa vários elementos com o objetivo primor- dial de criar interesse e chamar a atenção do observador de forma intencional. É exatamente isso que faremos nesta unidade: a transformação de uma forma bidimensional em tridimensional. Para tanto, veremos primeiro quais são as características do bidimensional e depois as do tridimensional para identificar no que uma difere da outra, como trabalhar com elas em nosso desempenho profissional e como utilizá-las. Bidimensional Já comentamos no início deste material que a própria palavra nos informa de sua principal característica, ou seja, possui duas dimensões: a altura e a lar- gura. Assim: largura al tu ra Figura 1 9 UNIDADE Do Bidimensional para o Tridimensional Importante! Observe bem..., veja que podemos afirmar que todos os nossos desenhos estarão sempre sobre uma superfície plana bidimensional, característica essa que nos remete a um polígono. Importante! Esse aspecto é muito importante para nossa vida profissional, porque é a ferramenta primordial para o desenvolvimento e a criação de um desenho, uma imagem, um projeto em qualquer aplicação ou área profissional. Por esse moti- vo, ele é tão importante para nós e merece nossa atenção e estudo. Tridimensional Para falar do tridimensional é necessário começar chamando sua atenção para o fato de que é diferente e mais completo do que o bidimensional. Exige uma atitude diferente do profissional. Para se fazer uma representação tridimensional, “você deve ser capaz de visualizar mentalmente a forma inteira e girá-la mentalmente em todas as direções como se a tivesse em suas mãos”, esse é o conselho que Wong (2010, p. 239) nos dá. Ou seja, não confie em sua memória ou familiaridade, não se restrinja a uma primeira imagem; você precisa se apropriar e explorar totalmente a relação de profundidade, espaço, impacto da massa e a natureza diferente dos materiais. Para pensar de forma tridimensional, devemos considerar e conhecer em primeiro lugar as três direções primárias. Importante! Três direções primárias: vertical, horizontal e transversal. Importante! As três direções primárias consti- tuem em uma direção vertical que se desloca para cima e para baixo, uma direção horizontal que se desloca para a esquerda e para a direita e uma di- reção transversal que se desloca para a frente e para trás. Assim: Figura 2 Fonte: WONG, 2010 10 11 Para cada uma das direções podemos construir um plano, então teremos um plano vertical, um plano horizontal e um plano transversal. Assim: Figura 3 Fonte: WONG, 2010 Se agora você duplicar os planos que aparecem na figura anterior, o plano ver- tical se tornará os planos da frente e de atrás, o plano horizontal se tornará os pla- nos superior e inferir e o plano transversal será os planos lateral esquerda e lateral direita. E o que surgirá disso tudo? Claro! Um cubo! Assim: Figura 4 E, assim, aqui temos o nosso famoso cubo com as três dimensões para poder chamá-lo de tridimensional, ou seja: altura, largura e profundidade. Veja: Figura 5 11 UNIDADE Do Bidimensional para o Tridimensional Importante! Observe que com a visão tridimensional elaboramos nossas maquetes, volumetrias, curvas de nível, perspectivas e uma infinidade de aplicações. Importante! É importante frisar que o desenho tridimensional possui três grandes con- juntos de elementos constitutivos, os denominados elementos conceituais, os visuais e os relacionais. A seguir você encontra alguns comentários impor- tantes a respeito de cada um dele, de acordo com o preconizado por Wong (2010, p. 241): a) Elementos conceituais: não existem fisicamente, mas percebemos sua presença; são: o ponto, a linha, o plano e o volume; b) Elementos visuais: são visíveis e constituem a aparência final do dese- nho; são: o formato, o tamanho, a cor e a textura; c) Elementos relacionais:são os que estabelecem a estrutura total e as correspondências internas entre os elementos visuais; são: a posição, a direção, o espaço e a gravidade. Muito bem! Com esses conceitos em mente, agora já podemos desenvolver e transformar nosso pensamento bidimensional em tridimensional. Transformando o Bidimensional em Tridimensional O processo de transformação do bidimensional em tridimensional é muito sim- ples e fácil, veja como fazer isso. 1º. Passo: pegue um pedaço de cartolina quadrada de 5 x 5. 2º. Passo: faça um corte do meio de um dos lados em direção ao centro do quadrado. 5 cm 5 cm Figura 6 Figura 7 12 13 3º. Passo: dobre desde o centro da cartolina em direção à aresta mais próxima e... Pronto!!! Já temos algo tridimensional a partir do bidimensional. Figura 8 Figura 9 Planos paralelos ou em série Os planos paralelos ou em série têm sua origem pela sobreposição dos pró- prios planos. Vamos fazer um exercício bem simples, mas muito interessante, para que você aprenda outra forma de transformar o bidimensional em tridimensional. 1º. Passo: corte 20 quadradinhos de 4 x 4 cm de cartão paraná. 2º. Passo: cole um a um, um sobre o outro, use pouca cola, pois é mais efi - ciente e seca mais rápido quando terminar de colar os 20 quadradinhos. 4 cm 4 cm Figura 10 Figura 11 13 UNIDADE Do Bidimensional para o Tridimensional Surgirá um cubo de aproximadamente 4 cm de lado, uma vez mais obtemos um tridimensional a partir do bidimensional! Figura 12 Veja que, para construir uma forma volumétrica, podemos pensar em cortes transversais ou na maneira como a forma pode ser cortada a intervalos regula- res, o que nos dará os planos em série. No exemplo colocado na figura anterior, mantive o tamanho, o formato e a direção de todos os elementos. Mas, o que ocorre se mudarmos a direção? A direção do plano pode variar em três direções, veja: a) rotação em torno do eixo vertical; b) rotação em torno do eixo horizontal; c) rotação em torno do próprio plano. Figura 13 A rotação em torno de um eixo vertical exige que se afastem os planos da disposição paralela. “A posição é definitivamente afetada, uma vez que cada mudança de direção requer ao mesmo tempo mudança de posição”. (WONG, 2001, p. 250) O que acontece então se mudarmos a direção e a posição? Então nesse caso os planos serão dispostos em radiação, em formato circular, veja: Figura 14 Fonte: WONG, 2010 Aqui os planos foram dispostos em radiação, dando origem ao formato circular. 14 15 Neste outro caso temos um formato com curvas à esquerda e à direita: Figura 15 Fonte: WONG, 2010 Considere sempre nesses arranjos que, caso os planos estejam fixos sobre uma base horizontal ou vertical, a rotação em torno de um eixo naturalmente não será possível. Mas, podemos ter ainda outros tipos de variações. Veja: Figura 16 Fonte: WONG, 2010 A rotação em torno de seu próprio plano indica que cada uma das arestas de cada plano foram movidas para outra posição sem modificar a direção básica do próprio plano, o que resulta em um formato torcido em espiral. Outra alternativa muito interessante é tornar os planos fisicamente curvos ou quebrados; experimente, você obterá resultados surpreendentes. Figura 17 Fonte: WONG, 2010 15 UNIDADE Do Bidimensional para o Tridimensional Iniciei aconselhando que você utilizasse cartão paraná, no entanto, para suas experiências você pode usar qualquer tipo de material para desenvolver seus planos em série ou paralelos. Com chapas acrílicas você obterá o efeito de trans- parência único; para construções em grande escala use madeira compensada; a espessura do cartão paraná, por sua vez, oferece excelente aderência à base. Se você trabalhar com o cartão, tome o cuidado de usar um adesivo que tenha liga rápida e firme; cuide para que a base esteja na horizontal e vá adicionando os planos com o adesivo, um a um, para depois colocá-lo na vertical, será mais fácil trabalhar. Se você deseja que os planos ofereçam a sensação de flutuar no ar, coloque um núcleo vertical central de suporte para os planos horizontais. As possibilidades são inúmeras e cabe a você descobri-las! Agora experimente criar novas formas, certamente descobrirá um mundo fasci- nante de possibilidades! 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Wikipedia Geometria espacial. https://goo.gl/jXAV3J Geometria Espacial https://goo.gl/Q3XCb2 Leitura Redundância Geometria espacial. https://goo.gl/DxV7ne A informatização da geometria e a modelagem através de planos seriados https://goo.gl/3b3ypR Do plano ao volume: a gramática dos planos em série como partida para a fabricação digital por meio de cortadoras a laser https://goo.gl/SysNJt 17 UNIDADE Do Bidimensional para o Tridimensional Referências DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991. MONTENEGRO, Gildo A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Edgard Blücher, 2001. WONG, Wucius. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 18
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