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ANDERSON ARTIGO SOBRE ERGONOMIA

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1
AVALIAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO DO TRABALHADOR
NA CONSTRUÇÃO CIVIL
EVALUATION OF THE ERGONOMIC RISK OF THE WORKER IN CIVIL CONSTRUCTION
Artigo Científico apresentado ao curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Faculdade IBRA como requisito final a obtenção do título de Engenheiro de Segurança do Trabalho
Autor: Anderson Emanuel de Souza Rocha
RESUMO
O maior intuito da Ergonomia e dos programas de Saúde e Segurança do Trabalho é reconhecer antecipadamente as condições inseguras e os atos inseguros que expõe os trabalhadores a riscos físicos, químicos e biológicos na execução de suas atividades dentro das organizações, fornecendo assim um ambiente de trabalho mais seguro e confortável. Para isso, ferramentas e programas prevencionistas são utilizados para a implantação desta filosofia trabalhista, que infelizmente é implementada por muitos empresários apenas por ser obrigatória, não visando o bem-estar de seus funcionários. O objetivo desse trabalho foi levantar junto à construção civil, as implicações relacionadas com a não Segurança do Trabalho e as decorrências relacionados à Segurança, tentando se obter os possíveis benefícios conquistados pela empresa e pelos trabalhadores. Essa pesquisa procurou descrever o programa de Saúde e Segurança do Trabalho da empresa e como este demonstrar como diminuir a gravidade dos acidentes ocorridos por motivo de acidente do trabalho.
Palavras - chave: Ergonomia. Construção Civil. Segurança no Trabalho. Risco Ergonômico.
ABSTRACT
The main aim of Ergonomics and Occupational Health and Safety programs is to recognize in advance the unsafe conditions and unsafe acts that expose workers to physical, chemical and biological risks in the execution of their activities within the organizations, thus providing a working environment more secure and comfortable. To that end, prevention tools and programs are used to implement this labor philosophy, which unfortunately is implemented by many entrepreneurs only because it is mandatory, not aimed at the well-being of its employees. The objective of this work was to raise with the construction industry the implications related to non-Work Safety and the consequences related to Safety, trying to obtain the possible benefits gained by the company and the workers. This research sought to describe the company's Health and Safety program and how it can demonstrate how to reduce the severity of accidents due to work accidents.
Keywords: Drugs. Desktop. Dependence. Work conditions.
INTRODUÇÃO
Do grego Ergos (trabalho) e Nomos (leis naturais, normas e regras), a Ergonomia existe e é aplicada desde o tempo do Homem das Cavernas, quando foi descoberto que se podia modificar uma pedra, deixando-a num formato que adaptasse melhor à forma e movimentos da mão, utilizando-a como ferramenta adaptada ao seu trabalho, neste caso, a caça (IIDA, 2005).
As mudanças tecnológicas e as novas técnicas de gestão têm causado várias mudanças nos métodos e nos processos de produção. Para acompanhar estas mudanças é necessário proporcionar aos trabalhadores condições de trabalho para que estes possam executar suas tarefas com conforto e segurança (MORAES; MONT’ALVÃO, 2013).
A Ergonomia pode contribuir para solucionar vários problemas relacionados com a saúde, conforto e segurança dos trabalhadores. Vários acidentes podem ser causados por falha humana e estas falhas ocorrem quando não há uma boa relação entre o homem e o trabalho. Esta má relação pode ocasionar ao homem diversos problemas de saúde, sejam eles: fisiológicos, psicológicos ou psíquicos (IIDA 2005).
Para que haja uma redução no número de acidentes e doenças, devem ser consideradas as condições de trabalho em cada atividade desenvolvida pelos trabalhadores. Estas condições de trabalho devem ser analisadas no projeto do posto, do ambiente e das ferramentas de trabalho, e somente se esta análise for feita de maneira correta, os riscos para a saúde do trabalhador poderão deixar de ser rotina nas atividades desenvolvidas. Caso esta análise não seja realizada no projeto, será necessário o estudo das condições das tarefas que estão sendo desenvolvidas pelos trabalhadores. Desse modo, poderão ocorrer correções, alterações ou melhorias, podendo estes ser de difícil obtenção e apresentarem custos adicionais (ARRIGONI, 2015)
Uma das técnicas a serem utilizadas neste ramo, para o estudo das condições da tarefa e a identificação dos problemas que possam estar ocorrendo nos postos de trabalhos é a Análise Ergonômica do Trabalho (AET). De acordo com Monteiro (2014) AET em um primeiro momento consiste em realizar entrevistas e levantar dados que permitam um conhecimento do funcionamento da empresa de forma global. Em seguida, devem-se realizar observações nos locais de trabalho, a fim de testar hipóteses previamente formuladas e compreender as causas do problema expresso na demanda, e suas interrelações com a situação de trabalho. Finalmente, tendo sido realizado e comprovado o diagnóstico, o ergonomista fará sugestões de soluções e deve propor um acompanhamento do processo de transformação da situação.
Um método de análise de postura chamado de OWAS reforça a intervenção da Análise Ergonômica do Trabalho no posto de trabalho na construção civil, que será desenvolvida neste trabalho.
O método OWAS (Ovako Working Posture Analysing System), segundo IIDA (2005), é uma técnica de amostra que permite que os dados posturais, sendo eles do dorso, braços, pernas e a carga manipulada pelo trabalhador, sejam analisadas para catalogar as posturas em quatro categorias de riscos, definida pelo software WinOWAS.
Conforme divulgado na Relação Anual de Informações Sociais – RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2017), a maior taxa de crescimento no ano 2017 ficou por conta da construção civil, que apresentou variação relativa de 16,11% em 2017, o equivalente a 224,5 mil empregos, resultado 130% acima da média nacional (+6,98%). Por outro lado, este alto índice de empregos pertence em sua maioria aos trabalhadores com baixa escolaridade.
Os trabalhos ergonômicos desenvolvidos na área da construção civil identificam as atividades realizadas pelos operários para desenvolver sua tarefa, analisando a forma do trabalho realizado, a postura do operário para a realização da tarefa, e se há nas ferramentas de trabalho uma adaptação deste ao homem. Será desenvolvido no trabalho uma avaliação do risco ergonômico do trabalhador da construção civil durante algumas tarefas do seu dia a dia, na qual o trabalhador estará́ exposto a acentuados riscos posturais, os quais variam conforme a região corporal a ser avaliada.
Os riscos ergonômicos são relativos à elementos fisiológicos e psicológicos inerentes a execução das atividades profissionais. Esses riscos podem ocasionar mudanças no organismo com relação ao estado emocional dos trabalhadores, comprometendo sua saúde, produtividade e segurança (IIDA, 2005).
Para que o trabalhador possa exercer suas funções sem riscos para a sua saúde, e com segurança, é primordial que se conheça a sua atividade laboral.
O objetivo do presente trabalho é discutir a importância da análise ergonômica do Trabalho em postos de trabalho da construção civil durante a execução de algumas tarefas. 
E ainda tem como objetivos específicos: compreender as normas que abrangem a Segurança do Trabalho; discutir os riscos ergonômicos nas atividades e propor melhorias para as mesmas; apresentar os fatores ambientais que envolvem os riscos ergonômicos na Engenharia Civil.
Todo indivíduo necessita desenvolver qualquer tipo de atividade que ofereça remuneração para que possa enquadrar-se dentro da sociedade, sendo esta atividade denominada de trabalho. O trabalho, quando executado de forma agradável por aquele que o realiza, dá sentido à vida, pois o indivíduo estará́ fazendo seu papel perante a sociedade, e ao mesmotempo não estará se desgastando ou sofrendo algum tipo de dano mental ou físico. Muitas vezes o trabalho não é desenvolvido de forma que agrade aquele que o realiza, o que o torna indesejável. Nesse caso, o trabalho passa a ser cumprido apenas por uma questão de sobrevivência.
A construção civil é um ramo de atividade que apresenta elevados índices de acidentes de trabalho. Conforme dados do Ministério Público do Trabalho, em 2006 ocorreram 29.054 ocorrências para 36.467 em 2017, um aumento de 20,32% nos números de acidentes de trabalho durante um ano. Outro alto índice da área são as doenças relacionadas à postura do trabalhador, principalmente devido as suas tarefas que são árduas e complexas que desafiam a ergonomia. As características do trabalho dos obreiros na construção civil mostram que estes estão vulneráveis a vários riscos ergonômicos. Estes riscos podem gerar fadiga, problemas na coluna do operário, perda de produtividade, absenteísmo, doenças ocupacionais e dores físicas.
Os problemas apresentados acima comprometem tanto a saúde do trabalhador quanto a produtividade da empresa. Com este propósito o presente trabalho faz uma intervenção ergonômica em postos de trabalhos a fim de se eliminar ou minimizar esses problemas.
REFERENCIAL TEÓRICO
Ergonomia
A Ergonomia é definida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como “A aplicação das ciências biológicas humanas em conjunto com os recursos e técnicas da engenharia para alcançar o ajustamento mútuo, ideal entre o homem e o seu trabalho, e cujos resultados se medem em termos de eficiência humana e bem-estar no trabalho” (OMS, 2018, p.01). 
De acordo com Lima, Júnior e Neto (2008), a ergonomia está direcionada para a pesquisa das relações entre o homem e seu ambiente de trabalho e os Riscos Ergonômicos são determinados como os fatores que podem comprometer a integridade física ou mental do trabalhador, acarretando-lhe desconforto ou doença. Ainda segundo o autor, dentre os variados riscos ergonômicos, podem ser citados: levantamento de peso, esforço físico, postura imprópria, domínio adequado de produtividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho demorada, monotonia e repetitividade, imposição de rotina intensa.
Esses riscos podem, ainda, gerar problemas de cunho psicológico e fisiológico, prejudicando a saúde do trabalhador, já que produzem alterações no organismo e no estado emocional, afetando sua produtividade, saúde e segurança, o que pode resultar em: Lesão por Esforço Repetitivo (LER), Doenças Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho (DORT), fadiga muscular, dores musculares, hipertensão arterial, distúrbio do sono, diabetes, doenças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna, entre outros (LIMA;JÚNIOR; NETO, 2008).
Moraes (2013) mencionam que a função da ergonomia no sistema de produção tem por finalidade contribuir mais efetivamente na mudança do trabalho, participando ativamente na implantação de projetos ergonômicos com objetivo de modificar os ambientes e proporcionar assim, condições laborais física e psicologicamente aceitáveis que colaborem na prevenção e atenuação dos efeitos nocivos à saúde causados pelo trabalho.
A Norma Regulamentadora 17 - Ergonomia (1990) tem por escopo determinar parâmetros que possibilitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de maneira a oferecer o máximo de bem-estar, segurança e desempenho hábil. Desse modo, a Ergonomia é um instrumento indispensável para a saúde do trabalhador e no ambiente de trabalho.
A Ergonomia é uma área de estudos extensa, que se utiliza de conhecimentos de diversas ciências para estabelecer uma sistemática de análise e intervenção de forma a propiciar uma melhor adaptação do trabalho ao homem. Uma análise ergonômica fundamenta-se tanto em dados físicos, antropométricos e avaliações dimensionais quanto em avaliações fisiológicas, biológicas e psicossociais, procurando identificar aspectos lesivos ao homem promovidos pela organização do trabalho através da Análise Ergonômica (AMARANTE et al., 2008).
Segundo Ilda (2015) a Ergonomia por ser uma área de grande abrangência, pode ser subdividida em: 
· Ergonomia de Concepção: Este tipo de Ergonomia permite agir de forma precoce, ou seja, se inicia na fase de planejamento e concepção dos locais/postos/instrumentos de trabalho, de modo a melhorar o ambiente de trabalho para o trabalhador.
· Ergonomia de Correção: É aplicada em situações que já existem, procurando corrigir situações com influência na segurança e na saúde dos trabalhadores ou em aspectos atrelados a produção. Geralmente exige um custo alto em sua implantação (MORAES, 2013).
· Ergonomia de Conscientização: Tem por finalidade capacitar os trabalhadores para estes realizar e identificar as dificuldades do dia-a-dia ou aqueles emergenciais. Vale destacar que nem sempre os problemas ergonômicos são totalmente resolvidos, nem na etapa concepção quanto na fase de correção, uma vez que, novas dificuldades surgem a qualquer tempo por cauda da dinâmica do processo produtivo. É importante trabalhar com a conscientização dos funcionários, por meio de frequentes treinamentos, cursos de aprimoramento e atualização constante, educando-os para que trabalhem de forma mais segura, reconhecendo os fatores de riscos que podem vir a surgir no ambiente de trabalho (OLIVEIRA, 2009).
· Ergonomia de Participação: Busca envolver o próprio usuário do sistema na resolução dos problemas ergonômicos, podendo ser o trabalhador ou o consumidor.
A Ergonomia tem como finalidade transformar os sistemas de trabalho para apropriar as atividades nele existentes considerando as particularidades, disposições e limitações das pessoas com vistas ao seu desempenho eficiente, adequado e garantido (ABERGO, 2010).
Logo, o estudo da ergonomia no ambiente de trabalho é imprescindível para propiciar ao trabalhador um excelente desempenho de suas atividades sem comprometer seu bem-estar. O desempenho do trabalhador está diretamente relacionado ao ambiente de trabalho adequado para esse trabalhador (ILDA, 2015).
Análise Ergonômica do Trabalho (AET)
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) examina uma situação de trabalho com a finalidade adaptá-la ao homem a partir da análise das condições técnicas, ambientais e organizacionais, procurando despontar as diferenças entre os trabalhos formais e o trabalho real (FREITAS, 2011).
Com a aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho, chega-se ao objetivo principal da ergonomia, que é promover o bem-estar dos trabalhadores através da identificação e correção de problemas que possam estar ocorrendo numa tarefa (BASÍLIO, 2008).
Para Monteiro (2014), a intervenção tem origem numa demanda, refletindo problemas relacionados com a produção ou às condições de trabalho. A origem da demanda necessita de análise e uma reformulação em termos ergonômicos. 
Com a reformulação da demanda, coloca-se a atividade como objetivo central da análise e intervenção. Estabelecido certo consenso quanto a forma de proceder ao estudo, exige-se observações em campo e entrevistas com os trabalhadores diretamente implicados e com outras pessoas na empresa (o que pressupõe certo prazo e disponibilidade desse pessoal), iniciando-se a AET propriamente dita (DUL; WEERDMEESTER, 2014).
A AET primeiramente consiste em realizar entrevistas e levantar dados para que se possa conhecer o funcionamento da empresa de uma forma geral. Posteriormente, devem-se realizar observações no local de trabalho com o objetivo de analisar as hipóteses formuladas e compreender as causas do problema expresso na demanda, e suas inter-relações com o trabalho que está sendo realizado. Com o diagnóstico realizado e comprovado, o profissional responsável farásugestões de soluções e deverá propor um acompanhamento no processo de transformação da situação analisada (GUIMARÃES; NAVEIRO, 2014).
Para a implementação da AET deve-se realizar cinco etapas: análise da demanda, funcionamento da empresa, observações gerais, observações detalhadas, diagnóstico e recomendações (MONTEIRO, 2014).
Análise da demanda
Esta fase da AET é importante, pois se considera a origem da demanda, os problemas, as perspectivas de ação e os meios disponíveis para a resolução dos problemas. Um erro nessa fase pode ocasionar um resultado negativo, pois será analisado o problema que poderá necessitar de uma ação ergonômica (BASÍLIO, 2008).
Os trabalhadores são considerados os responsáveis pelas insuficiências de produção quando estes sofrem as más condições de trabalho. Essa situação deveria proporcionar aos trabalhadores uma posição equivalente na observação e melhoria das condições de trabalho. Mas os trabalhadores não são solicitados para contribuir para a própria observação, passando a ser apenas objeto, e não o sujeito do seu próprio estudo (GUIMARÃES; NAVEIRO, 2014).
A formação dos trabalhadores em relação as suas condições de trabalho é desejável para permitir uma contribuição na análise das situações, na concepção das modificações e na permanência das melhorias.
As doenças profissionais, doenças ligadas ao trabalho, são os principais aspectos do custo humano do trabalho. Podemos destacar entre elas os acidentes de trabalho, o desgaste, a fadiga, o sofrimento e o desinteresse (ARRIGONI, 2015).
Ocorrem situações dentro da empresa que podem ocasionar acidentes de trabalho. Essas situações sem o acompanhamento de um estudo ergonômico correto são inviáveis, pois são incompatíveis com o trabalho e com o nível de produção exigido. O trabalhador nessa situação entra em conflito, pois é cobrado tanto pelas recomendações de segurança quanto pela exigência de produção (CAMPOS, 2011).
Ao investigar parte dos trabalhadores no ambiente de trabalho se chega a conclusão que a maioria sofre de fadiga, pois estes apresentam alguns aspectos de desinteresse e de sofrimento. Aquele decorre diretamente da divisão do trabalho e das tarefas, e este decorre da sobrecarga mental ou física (DUL; WEERDMEESTER, 2014).
“A intervenção é, de certo modo, uma “construção”, que se faz e se refaz com o avançar da análise, processo que depende da postura assumida pelo analista diante dos conflitos sociais e como ele é percebido pelos trabalhadores “ (MONTEIRO, 2014, p. 132).
Exploração do funcionamento da empresa
As informações contidas nesta fase são variadas e podem ser levantadas de acordo com o problema específico a ser estudado. No entanto, uma análise e compreensão geral dos determinantes da situação de trabalho na organização serão necessárias para se formular um diagnóstico e propor soluções eficientes (SENA; FARIA; FERNANDES, 2008).
Esta exploração deve procurar informações relativas: a história da empresa e sua política de desenvolvimento; ao mercado (consumidores ou clientes, concorrência entre outros); à tecnologia e as técnicas de produção; à população dos trabalhadores (idade, formação, qualificação, tipo de política pessoal da empresa, entre outros); à saúde coletiva; a legislação (ambiental, índices de periculosidade, insalubridade, propriedade industrial, entre outros); traços da produção (qualidade, quantidade, produtividade, entre outros); organização da produção (processo produtivo, “layout”, tecnologia, automação, fluxo, gestão de estoque e da qualidade, entre outros); organização do trabalho (horários e turnos, formas de remuneração, grau e forma de terceirização, equipes, divisão do trabalho, organograma, entre outros) (RONILDO; OSVALDO, 2016).
Esses dados devem ser aprofundados na medida em que servem para esclarecer o problema estudado, mas todos devem ter certa atenção para determinar quais exercerão uma maior influência sobre a situação (ARRIGONI, 2015).
O resultado desta exploração inicial é a definição das situações de trabalho sobre as quais se focalizará com mais detalhe a AET. Os critérios imediatos que orientará esta escolha podem ser a gravidade ou a frequência dos riscos, a ocorrências de acidentes ou doenças, e o papel de coordenação de um posto de trabalho ou função (GRANDJEAN, 2008).
É necessário fazer uma compreensão prévia do processo técnico e das tarefas das situações escolhidas. Esta primeira análise não é preciso relacionar os fenômenos físicos aos processos de fabricação, mas é importante passar as informações aos trabalhadores para que se entenda o processo. Deve-se dar uma atenção especial as variáveis mais significativas do processo, descrição de cargos e funções, das normas e critério de qualidade e outros documentos escritos (KROEMER; GRANDJEAN, 2015).
Neste momento, devem-se realizar as observações globais da atividade com interação direta com os operadores, fazendo entrevistas sobre os detalhes da sua atividade. Como resultado dessa observação, o ergonomista terá um conhecimento preciso da competência informal dos trabalhadores e dos problemas que eles estarão apresentando (DUL; WEERDMEESTER, 2014).
Observações detalhadas
As informações obtidas sobre a atividade possibilitará a formulação de um pré- diagnóstico sobre as atividades realizadas pelos trabalhadores. Nessa etapa, o pré- diagnóstico e as observações globais permitem definir quais as variáveis da situação deverão ser observadas de uma forma mais sistemática. Para que isso ocorra é necessário fazer um plano de observação bem definido, e enfocar os seguintes elementos: as variáveis, o tempo de duração e as técnicas de registro. (BASÍLIO, 2008).
A principal finalidade das observações sistemáticas é a comprovação das hipóteses detalhadas, que revelam grandes informações. As relações contexto – atividade – resultados somente são obtidas após o tratamento e análise das observações sistemáticas. Estas podem ser relativas: à sequencia de ações, modificações no processo, interrupções, padrões de comportamento, entre outras. Embora não seja ainda uma explicação da organização da atividade, as análises comparativas facilitam a compreensão das estruturas do comportamento (KROEMER; GRANDJEAN, 2015).
 
Diagnóstico e recomendações
A análise ergonômica tem como finalidade chegar à transformação efetiva das situações do trabalho, mas os resultados obtidos quando colocados em prática, não seguem obrigatoriamente o diagnóstico. Isso se deve a transformação que pode implicar em alteração nas estruturas sociais existentes, e nas determinações sociais que colocam limites restritos para a ação de transformação (FREITAS, 2011).
Os resultados são duas consequências diferentes, mas relacionadas com a Análise Ergonômica do Trabalho. As recomendações finais serão constituídas em orientações práticas de concepção adaptados à situação, com caráter eminentemente técnico, portanto, voltado às condições materiais e organizacionais ligadas ao posto de trabalho (CAMPOS, 2011).
No entanto, visto as relações evidenciadas pelo diagnóstico e as limitações que elas colocam à transformação no nível local, a AET traz em si um potencial crítico. Este permite um alargamento do espaço das ações possíveis e necessárias aos vários determinantes (RONILDO; OSVALDO, 2016).
Para que se possa aplicar a Análise Ergonômica do Trabalho em um posto de trabalho é necessário também que se conheçam suas interferências, ou seja, todos os riscos ambientais e a aplicação da segurança do trabalho nesse ambiente (GRANDJEAN, 2008).
SEGURANÇA DO TRABALHO
Para Oliveira (2009) podem ser encontrados os primeiros vestígios do que hoje é definido como trabalho, ainda na pré-história, em meio às comunidades tribais que utilizavam formasprimitivas de economia.
Nessa época, o trabalho complementava os sistemas da natureza, levando o homem apenas ao esforço da coleta. Conduzido pela necessidade de satisfazer a fome e de assegurar sua defesa pessoal, começou a produzir o que consumia, trazendo a caça, a pesca e formas rudimentares de agricultura a obrigação de fabricar instrumentos e com isso uma diversificação e evolução dos modos de trabalho (KRAWULSKI, 2008).
Segundo Barbosa (2013), no transcorrer da história essa evolução passou pelas sociedades escravistas, feudal, moderna e contemporânea de maneiras particulares em cada uma, porém Krawulski (2008) ressalta que o trabalho permaneceu enquanto necessidade humana, mesmo com as alterações estruturais nas formas de execução.
Embora se verifique a evolução do trabalho com a evolução humana, a preocupação sistêmica com a saúde e segurança no trabalho, surgiu muito tempo depois. Ao longo da revolução industrial, essa necessidade foi sendo construída, somente ganhando importância na Era Moderna. Antes deste período, o primeiro estudo completo sobre o assusto foi realizado por George Bauer (Inglaterra 1494-1555) culminando com a publicação em 1556 do livro De Re Metallica, no qual analisa os problemas relativos à extração e fundição de minerais de prata e ouro. Também discutia os acidentes do trabalho e as doenças mais comuns entre os mineiros e os meios de prevenção.
As mudanças que vêm ocorrendo no contexto social, econômico, político e tecnológico no mundo impõem às organizações a necessidade de se adotar novas táticas empresariais.
Essas transformações na organização do processo de trabalho, visando o aumento de produtividade e redução dos custos e vêm gerando impacto imediato nas relações de trabalho, implementação da terceirização, nova cultura gerencial e a introdução de novas tecnologias, em que a relação saúde, trabalho e meio ambiente vem ganhando uma nova dimensão. A precarização das condições de trabalho com aumento significativo de acidentes fatais e doenças do trabalho, devido à falta de investimento em treinamentos, mão de obra menos qualificada e mais barata, etc.
Para Gonçalves (2015, p.11) a segurança do trabalho pode ser definida como: “a ciência que, através de métodos preventivos apropriados, estuda as causas de acidentes de trabalho, possibilitando a adoção de medidas técnicas que objetivem eliminar ou, pelo menos, diminuir a ocorrência de acidentes de trabalho”.
A segurança do trabalho identifica, reconhece e controla todos os riscos nos postos de trabalho, que possam afetar de alguma maneira o trabalhador, e consequentemente diminuindo a sua capacidade de produzir. Para isso decorre um conjunto de normas e procedimentos de segurança, com medidas técnicas, administrativas, educacionais, médicas, etc, cujo objetivo é a proteção do trabalhador contra os riscos identificados no setor.
A segurança do trabalho pode ser entendida como um conjunto de práticas adotadas pelas empresas com o objetivo de eliminar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais ou ao menos diminuir os riscos de que ocorram, protegendo assim a integridade dos trabalhadores.
Lago et al., (2014, p. 25), define segurança do trabalho como “[...] uma série de medidas prevencionistas em relação aos acidentes de trabalho e às doenças ocupacionais. Tais medidas envolvem ações educacionais, psicológicas, motivacionais e administrativas. “
Nascimento (2012, p. 403) apresenta como definição para segurança do trabalho: “O conjunto de medidas que versam sobre condições específicas de instalação do estabelecimento e de suas máquinas, visando à garantia do trabalhador contra a natural exposição aos riscos inerentes à prática da atividade profissional”.
A falta de observância de medidas de segurança e saúde pode levar o trabalhador a perder a capacidade laborativa por acidentes ou doenças profissionais, e até mesmo a restrição de convívio com sua família.
Para Bisso (2010), as empresas estão ficando cada vez mais conscientes da importância de um programa de Segurança do Trabalho. Esta importância ultrapassa as fronteiras da empresa, afetando não somente empregados e empregadores, mas toda a sociedade em geral.
Devido às constantes pressões de entidades e da sociedade, as medidas de segurança do trabalho estão sendo cada vez mais incorporadas às empresas, e estas por sua vez estão descobrindo as vantagens em se investir em programas estruturados de segurança voltados à prevenção de acidentes.
Neto e Salim (2011) afirma que as empresas consideradas socialmente responsáveis possuem vantagens competitivas maiores dos que as empresas sem essa rotulagem. Desse modo, conclui-se que a prevenção dos acidentes de trabalho está se tornando cada vez mais importantes dentro das organizações.
A Lei 8213/1991 assim define acidente de trabalho: Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda, ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991).
Sob o ponto de vista jurídico, a Constituição Federal de 1988 assegura proteção ao trabalhador contra os riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII), ao mesmo tempo em que a legislação infraconstitucional, regula de maneira sistemática a matéria, estabelecendo com o fim de operacionalizar a garantia assegurada pela Carta Magna.
A segurança no trabalho requer uma abordagem integrada, segundo a qual o acidente de trabalho é um fenômeno de natureza, multifacetada, resultante de interações complexas entre fatores físicos, químicos, biológicos, psicológicos, culturais e sociais (MACIEL, 2011).
CIPA e Programas Internos Preventivos
A Seção III, Artigo 162 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) de 1943 afirma que todas as empresas com cinquenta ou mais empregados regidos pela CLT de acordo com as normas a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho.
De acordo com NR-5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) possui como foco a tomada de medidas preventivas relacionadas aos acidentes de trabalho. Assim como os funcionários ligados ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), a quantidade de membros de uma CIPA depende do grau de risco da empresa e do número de funcionários que a mesma possui.
A CIPA contará com representantes do empregador e dos empregados, em quantidades iguais. A seguir é apresentado o número mínimo de integrantes da CIPA de acordo com o número de empregados da empresa:
· De 50 (cinquenta) a 100 (cem) empregados: 2 representantes do empregador e 2 dos empregados;
· De 101 (cento e um) a 500 (quinhentos) empregados: 4 representantes do empregador e 4 dos empregados;
· De 501 (quinhentos e um) a 1000 (mil) empregados: 6 representantes do empregador e 6 dos empregados;
· De 1001 (mil e um) a 2500 (dois mil e quinhentos) empregados: 8 representantes do empregador e 8 dos empregados;
· De 2501 (dois mil e quinhentos e um) a 5000 (cinco mil) empregados: 10 representantes do empregador e 10 dos empregados;
· Mais de 5000 (cinco mil) empregados: 12 representantes do empregador e 12 dos empregados.
Os objetivos da CIPA estão diretamente ligados às atividades desenvolvidas pelo SESMT, como a análise de risco de acidentes, programas de prevenção de acidentes, desenvolvimento de palestras e seminários aos empregados, fiscalização do cumprimento de normas, entre outras atividades (MANUAL, 2005).
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é um programa preventivo obrigatório dentro das empresas composto por um conjunto de medidas visando à proteção do direito à saúde dos trabalhadores e à segurança no ambiente de trabalho.
A NR-9, responsável pelo PPRA afirma que seu objetivo é garantir a integridade dos trabalhadores através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controleda ocorrência de riscos ambientais existentes ou que possam vir a ocorrer no ambiente de trabalho, levando-se em conta a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. Esta NR ainda define os riscos ambientais (agentes físicos, químicos e biológicos) existentes nos ambientes de trabalho, levando-se em conta a intensidade, tempo de exposição e possíveis danos à saúde dos trabalhadores (MORAES, 2012).
O PPRA deverá conter um planejamento anual contendo metas, prioridades e cronograma; estratégias e metodologia de ação; forma de registro, armazenamento e divulgação dos dados, e por fim, a periodicidade e forma de avaliação desse desenvolvimento (MORAES, 2012).
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO
O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) tratado na NR-7 possui por finalidade diagnosticar as pioras na saúde dos trabalhadores e doenças ocupacionais devido ao desenvolvimento de uma atividade profissional. Além do combate a essas doenças, o PCMSO é responsável por estabelecer um calendário de exames médicos preventivos.
De acordo com a NR-7, o PCMSO contém um caráter mais voltado à prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho. Todo empregador possui a responsabilidade de elaborar e se fazer cumprir a eficácia do PCMSO; custear gratuitamente aos seus empregados os procedimentos relacionados a este programa e, indicar um médico do trabalho (contratado ou não) para coordenar o PCMSO. Em todo exame realizado, o médico deverá emitir um Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), devendo conter informações como: o nome completo do trabalhador, o número de seu documento de identidade e sua função; os riscos ocupacionais específicos na atividade exercida pelo trabalhador, ou até mesmo a ausência desses riscos; os procedimentos médicos (incluindo os exames realizados), contendo também a data de realização; o nome do médico com seu respectivo número de conselho de classe e por fim, uma definição de aptidão/inaptidão para o trabalhador exercer sua função. As empresas ainda são obrigadas, segundo a NR-7, a manter materiais destinados à prestação de primeiros socorros, ficando estes materiais sob a responsabilidade de uma pessoa treinada para este fim.
Construção Civil e a Segurança do Trabalho
A construção é um dos ramos de atividade mais antigos do mundo, desde quando o homem vivia em cavernas até os dias de hoje, a indústria da construção passou por um grande processo de transformação, seja na área de projetos, de materiais, de equipamentos, seja na área pessoal. Nos últimos 200 anos grandes obras foram construídos, obras que hoje são símbolo de muitas cidades e países, que se sobressaíram pela beleza, pelo tamanho, pelo custo, pela dificuldade de construção, como também pelo arrojo do projeto. Porém, em decorrência da construção de todas essas obras resultou-se a perda de milhares de vidas, provocadas por acidentes do trabalho e por doenças ocupacionais (POZZOBON; TEIXEIRA, 2017).
O setor da indústria da construção civil apresenta altos índices de acidentes de trabalho, tendo as mais diversas causas, como a falta de planejamento adequado, utilização inadequada de equipamentos de materiais, erros de execução, falta de motivação e informação, más condições de trabalho nos canteiros, terceirização indevidamente realizada, treinamento precário ou inexistente, ausência e uso incorreto de equipamentos de proteção.
O mínimo que as empresas devem fazer para diminuir a ocorrências de acidentes é seguir a Norma Regulamentadora do Trabalho (NR-18 – Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção) que estabelecem diretrizes, com o objetivo de implementar medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente do trabalho na construção civil (OLIVEIRA, 2009).
Um aspecto também presente nos canteiros de obra é o mau emprego dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). O EPI, de acordo com a legislação, “[...] é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador”.
Apesar de ser a última medida de segurança a ser tomada, e de existir uma Norma Regulamentadora exclusiva para a sua regulamentação - a NR 6 - muitas empresas não fornecem com frequência os EPI’s aos empregados e não orientam quanto ao seu uso, principalmente devido as falhas de comunicação, conforme atribui NR 6. Por isso explica-se o fato do EPI ser usado de forma inadequada, insuficiente ou ineficaz, o que pode causar, segundo alguns relatos de operários, reações adversas ou incômodas.
Proporcionalmente à importância que o setor de construção civil ocupa na economia brasileira, também pode se considerar o grande número de acidentes ocasionados nesse setor.
 De acordo com o Ministério da Previdência Social, a construção civil é o setor que mais registra acidentes de trabalho no País. De cada 10 casos, dois acontecem nos canteiros de obras. No Brasil, cerca de 700 mil acidentes de trabalho são registrados todos os anos.
O setor de construção civil é considerado como qualquer construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou subsolo, além de obras semelhantes como perfuração de poços, escavações, concretagem, terraplanagem, pavimentação, etc.
É o setor da economia brasileira que está se tornando cada vez mais representativo, principalmente após a iniciativa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que tem esse setor como seu principal foco, representando no ano de 2012, o percentual de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 95,2% entre 2003 e 2011. Apesar de o setor ainda ocupar um pequeno espaço no estoque de vagas, esse aumento representou 337 mil funcionários com carteira assinada a mais na construção civil (alta de 95,2%).
Devido à grande importância da construção civil, este setor possui uma grande empregabilidade. Ligado à quantidade de trabalhadores, está a falta de qualificação desses profissionais, que em sua maioria são trabalhadores sem estudos e sujeitos a trabalhos pesados e de alto risco deixando-os mais vulneráveis, recebendo salários no mínimo indignos para a profissão. Além da falta de qualificação, o setor sofre com problemas como a alta rotatividade da mão-de-obra que segundo De Cicco et al., (2013), afeta a prevenção de acidentes já que os trabalhadores não ficam tempo suficiente para criar e manter uma CIPA; além de impedir a adoção de técnicas desenvolvidas na produção industrial como a padronização e a repetibilidade. 
O tema “Segurança do trabalho na Construção Civil”, diz respeito á um assunto bastante atual. Durante o período de pesquisa, foi identificado que esse tema já foi abordado em comerciais de TV, revistas, além de vários noticiários que apresentaram graves acidentes relacionados com negligências no setor da construção civil.
Conforme pesquisa o Brasil ainda apresenta várias obras com irregularidades, mas estas não permitirem realizar pesquisa de campo, para não se comprometerem. Geralmente as construtoras só autorizam a visitar e fotografar, obras da empresa que tenha um Engenheiro de Segurança habilitado.
Considerando que a presença do Engenheiro já indica a aplicação das normas, observa-se que o grau de cumprimento ocorre com mais precisão nas obras que estão em etapa avançada de construção. Pode-se verificar isto no checklist das obras de uma forma geral, onde todas as especificações devem ser cumpridas. 
Segundo pesquisadores do referencial teórico, um grande número de acidentes ocorre por problemas de trajeto, mas a maior frequência ainda se deve por fatores de altura, como queda de andaimes e balancins. Nas estatísticas verifica-se que isto se comprova, já que grande parte dos acidentes são causados por buracos desprotegidos, má iluminação de escadas, escadas fora do nível especificado, altura da linha devida incorreta, isto por ainda não cumprirem corretamente as normas de segurança em altura (NR-35), a qual é relativamente nova. Outro ponto alarmante é por motivos de “falta de atenção”, como pedaços de madeira com pregos no chão, EPI’s espalhados e cestos sem tampa. Nas pesquisas, a utilização do capacete e da jugular para os trabalhadores e visitantes, se mostrou presente (FORMOSO; ROCHA; SAURIN, 2014). 
Este equipamento parece desnecessário, mas é de imensa importância, porque são incontáveis os acidentes relacionados á queda de ferramentas e materiais que dependendo da altura e da velocidade, podem causar danos fatais aos operários. Nesse ponto se faz presente a necessidade treinamento em segurança do trabalho. A verificação sobre a proteção de incêndio em obras da construção civil se mostra incompleta, já que mesmo contendo os equipamentos de combate corretos, geralmente as mesmas não contém um sistema de alarme para sinais perceptíveis em todos os locais da obra. 
Para diminuição do número de acidentes ocorridos, sugere-se que sejam elaborados treinamentos, planos de conscientização, motivação e capacitação para utilização dos profissionais de segurança para com os trabalhadores da obra. Conscientização, para que os trabalhadores possam se inteirar dos problemas que podem causar a empresa e a si mesmos. Motivação, para que haja a busca de melhores resultados. E treinamento, alertando os trabalhadores dos riscos de cada função do setor de construção, apresentando-lhes as etapas de produção da obra e as formas de proteção, com as quais os mesmos devem ser familiarizados. Sugere-se também que seja criado um cargo de “inspetor”, alguém que fique na obra permanentemente durante o horário de funcionamento inspecionando até os itens mais simples. A organização de palestras periódicas sobre assuntos pertinentes, também aproximaria os trabalhadores das normas (FORMOSO; ROCHA; SAURIN, 2014). 
A Segurança tem tudo para acontecer, tem Normas Regulamentadoras (NR) e leis que se seguidas corretamente, minimizam os acidentes. Mas para que isso ocorra, é preciso que as empresas do setor Civil e até construções privadas se conscientizem da verdadeira gravidade do assunto, aderindo a programas de Treinamento e Gestão de Segurança do Trabalho. E cabe principalmente aos profissionais do ramo, fazer a sua parte contribuindo não somente para a sua segurança, mas para a de todos e como consequência diminuindo a taxa de acidentes na Construção Civil (POZZOBON; TEIXEIRA, 2017).
CONCLUSÃO
A ergonomia se é uma ferramenta indispensável no ambiente de trabalho, proporciona ao trabalhador melhores condições, tanto psíquicas quanto físicas de desempenhar melhor suas atividades.
Nesse contexto, é importante estabelecer a relação entre a ergonomia e saúde do trabalhador e destacar os seguintes aspectos: a saúde e segurança do trabalho, a ergonomia e o ambiente de trabalho e a regularização da atividade na construção civil. A pesquisa realizada revelou que atitudes precisam ser adotadas a fim de proporcionar um ambiente de trabalho com mais qualidade, tendo em vista que a maior parte dos trabalhadores nessa área apresentam algum tipo de problema ergonômico decorrente do trabalho. Além disso, é preciso conscientizar os trabalhadores por meio de palestras e treinamentos referentes a saúde e segurança do trabalho.
De forma geral, a origem de todos os acidentes de trabalho se dá por meio de atos e/ou condições inseguras, o que em algumas vezes podem se transformar em acidentes com lesões gravíssimas e até fatais.
Alguns empresários estão adquirindo gradativamente a consciência sobre a importância de manter um ambiente seguro para seus funcionários seja por meio das pressões de órgãos trabalhistas ou pressões da sociedade. Entende-se que um acidente de trabalho pode afetar gravemente o setor financeiro de uma empresa, seja por meio de perdas de produtos, quebra de máquinas, parada de produção ou pagamentos de indenizações e desembolsos médicos/hospitalares ao acidentado.
Infelizmente, enquanto essa consciência não estiver intrínseca na nossa cultura, muitos trabalhadores estarão correndo riscos na execução de suas atividades devido à mentalidade de muitos empresários ainda acharem que programas de segurança só geram custos para sua organização.
O setor de construção civil é um dos grandes campeões em número e gravidade de acidentes do trabalho ocorridos no Brasil. As causas são diversas, como a alta rotatividade de mão-de-obra, o que muitas vezes impossibilita a implantação e manutenção de programas preventivos; a baixa escolaridade dos funcionários, que dificultam o acesso às informações sobre seus direitos; e, as próprias atividades e equipamentos inerentes à construção civil.
Na pesquisa verificou-se, que está acontecendo uma mudança de pensamento das empresas atualmente e a decisão de formar um Técnico em Segurança do Trabalho e implementar um Plano Global de Treinamento em Segurança melhoraram, o que vem ocasionando uma grande queda no número e gravidade dos acidentes ocorridos na Construção Civil. Deste modo pode-se afirmar que os gastos com a Segurança do Trabalho ao invés de custos, deveriam ser vistos como investimento pelas empresas. 
Pode-se concluir que os gastos gerados com a manutenção de um Programa de Treinamento em Saúde e Segurança do Trabalho por uma empresa são restituídos de uma forma um pouco mais difícil de mensuração, como o sentimento de segurança dos funcionários que ocasiona uma maior produtividade. Como relatado por diversos autores, empresas que se importam com a Segurança do Trabalho são mais competitivas e ganharão cada vez mais espaço no mercado devido ao movimento de preocupação social que foi iniciada nos últimos anos.
Assim como hoje programas de qualidade são exigidos a muitas empresas, como a série ISO (International Organization for Standardization), a tendência para os próximos anos é o aumento da importância das organizações mundiais preocupadas com a salubridade dos trabalhadores e o aprimoramento de normas internacionais sobre esta temática.
Enquanto as empresas não perceberem os benefícios alcançados com a Segurança do Trabalho, muitos acidentes e mortes ainda ocorrerão. Empregados devem se unir a sociedade em geral para pressionar e mostrar às empresas que todos precisam ter condições dignas e seguras para exercer suas atividades profissionais.
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