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PAPER ERGONOMIA E RISCOS EM UM CANTEIRO DE OBRAS.

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1 Mitzi Alves da Silva 
2 Fabrício dos Santos Baptista 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Segurança do Trabalho (FLEX 6174) – Prática do Módulo I 
- 09/07/20 
ERGONOMIA E RISCOS EM UM CANTEIRO DE 
OBRAS. 
Mitzi Alves da Silva ¹ 
Fabrício dos Santos Baptista² 
 
RESUMO 
 
As transformações no cenário nas últimas décadas trouxeram grandes desafios com relação ao 
entendimento dos fenômenos que direta e indiretamente afetam o trabalho das pessoas. Concernem 
as mudanças organizacionais que diz respeito às condições de trabalho, que nada mais é do que a 
ergonomia. A ergonomia vem assumindo um papel de grande importância no ambiente de trabalho, 
que envolvem a relação do homem com as diversas tecnologias presentes nesses ambientes e as 
necessidades de qualidade, e de produtividade. A Construção Civil é um setor que se destaca no 
cenário nacional no que diz respeito a afastamentos devido a doenças ocupacionais ou acidentes 
de trabalho. As obras de pequeno porte hoje dependem ainda da força dos homens, os quais 
apresentam baixo grau de instrução, trabalhando normalmente ao ar livre com condições de 
segurança precárias e materiais e ferramentas inadequadas no que se refere à ergonomia. Ao 
longo deste Paper será apresentado um estudo sobre o aspecto conceitual da ergonomia e seus 
benefícios para o ambiente produtivo e com objetivo geral mostrar a importância da ergonomia 
para a saúde do trabalhador dentro de um canteiro de obras e avaliar os constrangimentos 
ergonômicos. Para obter as referências necessárias ao entendimento do tema, este Paper foi 
baseado em pesquisa bibliográfica e estudo in loco. 
 
Palavras-chave: Ergonomia. NR17. Riscos. 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O trabalho que a princípio surgiu para suprir as necessidades básicas de subsistência do 
homem tornou-se o ponto central da vida cotidiana após a Revolução Industrial, ocupando a maior 
parte do tempo da sociedade moderna (DEJOURS, 1993). Atualmente a disputa acirrada em um 
mercado competitivo tem transformando a organização e gestão de empresas de um modo geral, 
frente a um novo cenário empresarial e com a globalização tem sido evidente a mudança de 
paradigmas no ambiente empresarial em busca de melhores condições e desempenhos em termos de 
qualidade e produtividade. Nesse contexto, as boas condições de trabalho vêm sendo gradualmente 
reconhecidas como de grande importância para que as organizações cumpram suas metas, prazo e 
demandas do mercado de trabalho. 
No mundo todo se tem observado, principalmente na indústria da construção civil, que 
novos métodos, controles e planejamentos inseridos na execução das obras, não acompanham o 
ritmo, por exemplo, de teorias aplicadas a projetos ou tecnologias inseridas em outros setores da 
indústria (GEHBAUER, 2002). 
2 
 
 
 
Segundo Guérin et al (2001), é através da análise do trabalho que é possível entender a 
atividade dos trabalhadores (incluindo, por exemplo, postura, esforços, informação, condições 
ambientais, psíquicas, dentre outras) como uma resposta pessoal a uma série de determinantes, 
algumas das quais relacionadas à empresa (organização do trabalho formal, restrições de tempo, 
etc.) e outras relacionadas ao operário (idade, características pessoais, experiência, etc.). A 
ergonomia neste sentido vem a contribuir para o processo organizacional por ser uma forma de 
disciplina orientada que abrange as atividades do ser humano, principalmente, em um ambiente de 
produção. 
A ergonomia como ciência teve suas origens na Segunda Guerra Mundial, quando as 
relações entre o homem e a máquina se tornaram fundamentais para as corridas armamentistas e os 
avanços tecnológicos na área bélica, embora em situações desfavoráveis, como o campo de batalha, 
essas funções exigissem precisão e habilidade dos trabalhadores. Como os erros eram críticos 
nessas situações, houve um aumento em pesquisa para adaptar os instrumentos para as 
características e habilidades do operador, princípio que inicia a modelagem da ergonomia como a 
que conhecemos hoje (PINHEIRO e FRANÇA, 2006). 
A indústria da construção civil representa uma das áreas de trabalho mais primitivas e com 
menor enfoque ergonômico atualmente. Segundo Iida (2005) isso se deve ao fato das atividades 
serem dispersas e do pouco poder de organização entre os trabalhadores. Estes estão sujeitos à 
realização de tarefas manuais árduas, e muitas vezes sem o uso de equipamentos de proteção. 
Associando-se às baixas remunerações e níveis de escolaridade, e longas jornadas, tornam os 
profissionais mais suscetíveis aos riscos físicos e mentais devido ao trabalho. 
Diante desse contexto este Paper tem como objetivo geral demonstrar a importância da 
aplicabilidade dos conceitos e ideias da ergonomia, realizando uma análise ergonômica do trabalho 
em um canteiro de obras. A partir desta, comparar os resultados obtidos com as normas e 
bibliografias disponíveis, identificando se os mesmos estão dentro dos valores estipulados, a fim de 
sugerir melhorias viáveis, portanto, através desse estudo busca-se uma forma de demonstrar os 
perigos associados à atividade, a forma como o operário trabalha e se submete a riscos por ele não 
identificados e que são costumeiros. 
 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
Considerando-se que o presente estudo busca avaliar riscos e adequar as práticas incorretas 
visando um maior bem-estar ao trabalhador em um canteiro de obras, este Paper seguiu diretivas 
presentes em Normas Regulamentadoras para a correta fundamentação teórica e legal da pesquisa. 
3 
 
 
 
A vista disto, este estudo baseia-se principalmente na NR 17 (Norma Regulamentadora 17) que se 
refere à ergonomia, a qual estabelece parâmetros que possibilitem a adequação das condições e do 
ambiente de trabalho, garantindo além de tudo, saúde e segurança do trabalhador juntamente com a 
eficácia do processo. 
Entende-se que o estado de saúde de um trabalhador não independe de sua atividade 
profissional, porém, de um modo geral, o assunto acerca da relação saúde-trabalho, está mais 
voltado à degradação de saúde enquanto ausência de doença ou dano funcional ao seu organismo. 
Não obstante isso se deve ter em mente que as marcas deixadas por uma atividade profissional 
dependem de fatores, como a natureza da atividade, as condições nas quais ela se realiza, o tempo 
de duração desta atividade e as características individuais do trabalhador (TEIGER et al., 1981 apud 
MUSSI, 2006). 
A análise do trabalho busca encontrar dados que permitam a diminuição da disfunção do 
sistema de produção, entre as concepções prescritas do trabalho e a atividade real do trabalhador. 
Existem diversas definições de ergonomia, pois muitas procuram ressaltar o caráter interdisciplinar 
e como diz Iida (2005, p. 02) “o objeto de estudo é a interação entre o homem e o trabalho no 
sistema homem-máquina-ambiente, ou mais precisamente, as interfaces desse sistema, onde 
ocorrem trocas de informações e energias entre o homem, máquina e ambiente, resultando na 
realização do trabalho”. 
Segundo o mesmo autor, ressalta que a melhor definição é da Associação Brasileira de 
Ergonomia que adota a seguinte definição: 
 
Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a 
organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de 
forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficâcia das 
atividades humanas. 
 
Wachowicz (2013), destaca que a ergonomia, independente da situação, visa sempre adaptar 
o trabalho ao homem e para tal, a NR 17 estabelece que as condições de trabalho levem em 
consideração as características psicofisiológicas dos operários juntamente com a natureza da obra 
executada, tais condições incluem manuseio de materiais, utilização de equipamentos, condições 
ambientais e a própria organização das tarefas. Ou seja, cabe à chefia e aosprofissionais 
habilitados, adequar o volume de trabalho físico/mental que o operário poderá realizar a fim de 
protegê-lo de acidentes e doenças ocupacionais (WACHOWICZ, 2013). 
 Segundo Vieira (2010), a indústria da construção civil gira em torno de investimentos que 
possibilitem a produtividade esperada, porém, tal produtividade só acontece com o envolvimento do 
trabalhador. Para isso, é de suma importância cuidar da saúde e segurança desse trabalhador, o qual 
impacta diretamente em perdas e qualidade de produção no setor (NETTO, 2015). 
4 
 
 
 
 Silva (2001) afirma que o setor da construção civil possui área de atuação para todos os 
tipos e tamanhos de empresas, com diferenças, que mostram como as empresas que atuam neste 
setor podem ter características bem diferentes, tanto no que diz respeito à parte tecnológica, 
capacidade de investimento, especialidade nos serviços, sem falar na rotatividade das empresas, e 
também pela diferença no número de empregados dos subsetores. 
Conforme Silva (2014), o ramo da construção civil é destaque em afastamentos e acidentes 
de trabalho no Brasil, pois se trata de um trabalho árduo e de intenso esforço físico. Reforça ainda, 
que a ergonomia deve ser um fator de preocupação, pois através de boas práticas podemos 
minimizar riscos laborais e proteger a integridade física dos trabalhadores do setor. 
Com base nos dados do MPT (Ministério Público do Trabalho, 2018), em um intervalo de 
tempo de apenas cinco anos, entre 2012 a 2017, a construção civil apresentou uma taxa de 
afastamentos de 2,4% do total de ocorrências no país, o que corresponde a 7,5 milhões de dias de 
trabalho perdidos. 
 
 
 
QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO 
Atividade 
Econômica 
Anos Típico Trajeto 
Doença do 
trabalho 
Sem CAT 
Assinada 
Total de Acidentes 
 2013 40.694 7.324 800 13.590 62.408 
Construção Civil 2014 39.406 7.457 617 12.254 59.734 
 2015 31.945 5.913 505 2.649 41.012 
Tabela 1. Quantidade de acidentes do trabalho por situação do registro e motivo na construção civil no Brasil 
 (Fonte: Anúario Estático de Acidentes do Trabalho – MTPS) 
 
Observa-se que, no período de 2013 a 2015, houve uma queda na quantidade de acidentes do 
trabalho, mas apesar dessa queda, o alto índice de acidentes ainda é preocupante, pois segundo a 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), estima-se que 6.000 sofram acidentes no mundo 
devido a atividade relacionadas com o trabalho 
Barkokébas Jr. et al. (2003) comenta que as condições e meio ambiente de trabalho na 
construção civil apresentam diversos riscos de acidentes do trabalho, isso devido à mutação 
constante do ambiente de trabalho e a confusão que se faz em acreditar que o “provisório” significa 
“improvisado”, ou seja, medidas falhas. 
A Lei 8.213/91 (Plano de Benefícios da Previdência Social), em seu artigo 19, define 
acidente de trabalho como da seguinte forma: 
 
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou 
pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta lei, 
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou a perda ou 
redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. 
 
Dentre as principais doenças que acometem o trabalhador, faz-se destaque para a LER 
(Lesões por Esforços Repetitivos) e a DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao 
5 
 
 
 
Trabalho), sendo atualmente as mais conhecidas e que atingem principalmente a coluna vertebral e 
os membros superiores (JUNIOR, 2005). 
Conforme Netto (2015) apud Guimarães (2009), a LER e a DORT são decorrentes de 
diversas atividades praticadas pelo trabalhador, as quais se manifestam em músculos, articulações, 
tendões, ligamentos, nervos e vasos e, a dor provocada por tais lesões, são as causas principais dos 
afastamentos devido a incapacidade laborativa gerada por ela. 
Os riscos ergonômicos mais frequentes na construção civil, na opinião de FERNANDES et 
al. (1989), são: levantamento e transporte manual de peso, postura e jornada de trabalho. 
A intervenção ergonômica na construção civil é mais difícil do que nas outras indústrias. 
São vários os fatores que contribuem para isto: O local de trabalho é mudado todo dia; há grande 
rotatividade dos trabalhadores; muitos trabalhadores são contratados por empreiteiras e os 
proprietários da obra alegam não terem condições de contratarem um especialista em ergonomia 
(SCHENEIDER, 1995). 
 O sistema terceirizado de produção acaba sendo um método das empresas desvincularem o 
vínculo empregatício dos trabalhadores, e com este os direitos a seguridade social dos obreiros. 
Segundo Barros (2003) este modelo de produção, negligencia direitos como aposentadoria, INSS, 
FGTS, plano de saúde, entre outros, submetendo o trabalhador à exclusão social. 
 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
 A pesquisa é sempre a possibilidade de sair de uma situação de mero 
reconhecimento/desconhecimento dos rituais práticos da vida cotidiana, para produzir 
conhecimento dos dispositivos engendrados na atividade, desnaturalizando formas cotidianas de 
existência. Tal afirmação valida à experiência e o saber dos trabalhadores, assim como mobiliza os 
próprios participantes/pesquisadores, o que possibilita a transformação das condições e dos 
processos de trabalho (ALTHUSSER, 1980). O desenvolvimento deste Paper toma a seguinte 
sistematização, pesquisa, análise e propostas de soluções. O levantamento de dados se deu a partir 
da realização de visitação in loco, da realidade dos canteiros de obras da região da Amurel. A 
maioria das obras estava na fase de levantamento de paredes, porém executando tarefas diversas, 
tais como: preparo e lançamento do concreto, montagem e colocação das formas, armação das 
ferragens. 
Inicialmente foram realizadas observações “in loco”, onde foi possível analisar aspectos 
gerais referentes às condições de trabalho num canteiro, sendo notados vários fatores como: 
6 
 
 
 
condições ambientais, o meio ambiente físico, as instalações dos operários, a organização do 
canteiro e aspectos relacionados à segurança do trabalho. 
 
 
Imagem 1. Banheiro disponibilizado pela empreiteira para os funcionários. 
Fonte: Autora 
 
 
 
Imagem 2. Anexo ao banheiro, vestiário e depósito de materiais. 
Fonte: Autora 
 
Tendo em vista a obtenção das percepções e sugestões dos trabalhadores quanto às questões 
de ergonomia e segurança no posto de trabalho foi levantado um questionamento com questões 
abertas para a coleta de dados como tempo de serviço em construção civil, se das atividades 
desenvolvidas alguma causa qualquer tipo de desconforto, tarefa mais difícil, identificação dos 
riscos ergonômicos, pausas, transporte de cargas, postura, ruído, vibração, esforço físico, 
movimentos repetitivos, riscos dispersos pelo canteiro, dentre outras. Com base nos resultados o 
quadro a seguir (Quadro 1) mostra os riscos ergonômicos detectados com relação a cada ocupação 
pesquisada, sendo assinalados os que foram mais visíveis em cada uma delas. 
7 
 
 
 
 
OCUPAÇÃO POSTURA FORÇA PESO 
MOVIMENTOS 
REPETITIVOS 
RUÍDO VIBRAÇÃO 
Servente x x x x 
Pedreiro x x x x x x 
Ferreiro x x x 
Carpinteiro x x x 
Quadro 1. Riscos ergonômicos. 
Fonte Autora 
 
Outra técnica de análise empregada foi o registro fotográfico e o acompanhamento das 
diversas atividades desenvolvidas pelos obreiros durante a realização dos serviços. É significante 
elencar que o processo participativo dos trabalhadores e das obras em questão não se limitara a uma 
simples coleta de opiniões e observações, mas servirá de grande subsídio na definição da realidade 
do trabalho, na identificação dos riscos ergonômicos e na busca de soluções para que estes sejam 
extintos ou minimizados. Visto que o pedreiro e servente são fundamentais na construção civil, pois 
elessão aqueles que, literalmente, colocam a “mão na massa”. 
Baseados nas observações, realizou-se uma análise postural, com a intenção de constatar as 
consequências da postura incorreta na saúde dos trabalhadores. As posturas foram classificadas nas 
seguintes categorias: 
 
 
Imagem 3. Ferreiros realizando o entrelaçamento de laje. 
Fonte: Autora 
 
 
 A postura neste posto de trabalho variou muito com o tipo de estrutura que estava sendo 
armada. As posturas dominantes eram as inclinadas e as totalmente inclinadas (inclinação para 
frente > 90°), apresentando estas um grande esforço na coluna dos trabalhadores. Foi observado que 
o armador levantava uma carga média de 5-20 kg a cada 4 minutos, e o que dificultava este trabalho 
8 
 
 
 
é que quase todo levantamento de peso implicava no carregamento, e este era feito na maioria das 
vezes em uma superfície ruim. Foram observados movimentos repetitivos de grande intensidade na 
hora de armar as ferragens, onde os trabalhadores precisavam torcer o punho várias vezes. 
 Ao longo das visitas foram constatados postura inadequada durante o preparo da massa na 
própria obra, utilizando a betoneira, pois o mesmo era obrigado a ficar curvado por um longo 
período de tempo para misturar a massa. Isso ocorreu principalmente nas edificações de pequeno 
porte, os ruídos estavam presentes na hora da mistura do concreto onde era utilizada a betoneira, 
isso também no caso do concreto ser fabricado na própria obra. 
 
 
Imagem 4. Funcionários trabalhando. 
Fonte: Autora 
 
 
 
Imagem 5. Pedreiro trabalhando em andaime de madeira. 
Fonte: Autora 
 
9 
 
 
 
 Na atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes cada tijolo assentado 
corresponde a um ciclo de trabalho, e tem duração de 25 segundos, perfazendo um total de 4 ciclos 
por minuto. 
 
 
Figura 1. Sistema OWAS de medidas antropométricas dinâmicas 
Fonte: Martins Neto, 2008. 
 
 
Avaliando essas posturas, o sistema WinOWAS classifica em quatro categorias, as quais são 
apontadas dependendo do tempo de duração das posturas, conforme a jornada de trabalho realizada, 
que são: 
 
Risco 1 Postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais 
Risco 2 
Postura que deve ser revisada durante a próxima revisão rotineira dos 
métodos de trabalho 
Risco 3 Postura que deve merecer atenção a curto prazo 
Risco 4 Postura que deve merecer atenção imediata 
Tabela 2. Classificação das posturas pelo sistema WinWOAS. 
Fonte: Adaptado de Lida (1990). 
 
 
10 
 
 
 
A partir deste ponto o software classifica as posturas executadas de acordo com as categorias 
de ação a serem tomadas com isso foi possível ter uma visão ampla das tarefas executadas pelos 
trabalhadores e percebeu-se que para a fase de preparação de argamassa, que representou 15% do 
serviço, assentamento na alvenaria: representaram 39% do serviço, aplicação de argamassa e reboco 
representou 31% das tarefas, e encontra-se na categoria três, necessitando de correções logo que 
possível e em relação à movimentação de materiais, que representou 15% é necessário fazer 
correção ao longo do processo. 
Através do estudo apresentado notou-se que há uma demanda intensa em relação à coluna, 
membros superiores e inferiores, e as atividades apresentou ser excessivamente desgastante e ao 
longo do cumprimento das atividades os trabalhadores realizam as tarefas de forma errada, o que 
implica na saúde a curto e longo prazo. 
Foi possível observar que esporadicamente os trabalhadores vão ao banheiro. A jornada de 
trabalho no canteiro não possui pausas de descanso regulares, além do período de almoço e lanche. 
A temperatura 15°C e 26°C ao ar livre, entretanto os trabalhadores frequentemente entravam em 
contato, manual ou por via respiratória, com poeira, areia e cimento, não utilizaram máscara e 
muitas das vezes tossiam. Existia uma boa parceria entre os trabalhadores, que quando questionados 
sobre isto, relataram uma necessidade de rápida realização da tarefa e dependência de tarefas entre 
os colaboradores. 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Ao final desta pesquisa bibliográfica foi possível formular uma série de constatações, grande 
parte das empresas desconhecem a NR 17, também, as recomendações ergonômicas. Em sua 
maioria as empresas fornecem, gratuitamente, os EPI’s aos seus trabalhadores, porem pode-se 
constatar que em um canteiro de obras apenas 15% dos trabalhadores utilizam luvas e óculos de 
proteção, os demais alegam que as luvas atrapalham a execução de suas tarefas, e por isso não as 
utilizam. Nesse sentido, não existe nenhum tipo de treinamento e/ou esclarecimento fornecido pelas 
empresas, com relação às recomendações ergonômicas. Quase em sua totalidade os DDR não 
aplicam os procedimentos corretos para se efetuar o levantamento, transporte ou empregabilidade 
de materiais em um canteiro de obras, bem como as consequências advindas de procedimentos 
incorretos para tal. Serviços que exigem a utilização da pá são frequentes nos canteiros de obras, e 
levam o trabalhador a efetuar movimentos que forçam a coluna vertebral, de forma semelhante ao 
que ocorre durante o levantamento e transporte manual de cargas. Relacionando-se a este fato, as 
maiores queixas dos trabalhadores que executam as tarefas de levantamento e transporte de cargas, 
11 
 
 
 
nos canteiros de obras. Com base nas pesquisas e in loco, pode se chegar ao resultado de um 
número próximo a 60% dos trabalhadores de canteiro de obras apresentam dores lombares, mas não 
reconhecem que estas dores são provenientes do levantamento e/ou transporte de cargas de forma 
inadequada. 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
Com base nas pesquisas bibliográficas e visitações pode-se dizer que as condições dos 
canteiros de obra em si já configuram um risco à saúde e à segurança do trabalhador. Estes riscos 
são aumentados em função da forma de executar as atividades pelo funcionário, pois não existe 
dentro das empresas um procedimento para cada tarefa. O que existe são orientações verbais dadas 
pelo engenheiro ou pelo mestre de obra. A qualificação da mão de obra é baixa e muitas vezes o 
próprio operário toma decisões de como realizar a atividade. Muitas empresas pagam os 
funcionários pela produtividade do mesmo o que leva, principalmente em trabalhadores novos e 
inexperientes, a realização das tarefas com maior rapidez e assim se desgastando fisicamente com o 
trabalho pesado. Seria proveitoso que antes de iniciar a jornada dentro de um canteiro de obras os 
trabalhadores fizessem aquecimentos que, segundo Iida (2005), previnem distensões musculares e 
aumentam a irrigação sanguínea. Assim o operário começaria sua jornada de trabalho mais atento, 
reduzindo o risco de acidentes. 
Identifica-se que há coerência entre os fatores estudados, na medida em que, internamente 
aos grupos de risco e proteção, os fatores se inter-relacionam. Além disso, alguns fatores de risco se 
contrapõem diretamente aos outros fatores de proteção, o que só ratifica sua classificação desta 
forma. Neste sentido, ficam como colaboração deste estudo os indicativos que podem alterar 
numericamente o número de acidentes de trabalho. Lembrando ainda, que tais fatores, na medida 
em que se relacionam com condições de trabalho, requerem uma mudança cultural, no sentido de 
valorizar mais os trabalhadores que a compõem, dando-lhes subsídios para um trabalho digno, 
decente, que satisfaça a necessidade de sua clientela e que, ao mesmo tempo, não seja danoso para 
quem executa as tarefas. Cabe ressaltar a importância da satisfação no trabalho, ponto tão discutido 
pela ergonomia, que se aplica intimamente à área da saúde, fato bem marcado pelas conclusões 
deste estudo. 
 
 
12 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
ALTHUSSER, L. Posições II. Rio de Janeiro: Graal, 1980. 
BARKOKÉBAS JR; B.; VÉRAS, J. C. Acidentabilidade na Construção Civil: Ergonomia e 
Segurançado Trabalho na análise dos acidentes de trabalho no Estado de Pernambuco. I 
Jornada de Ergonomia. Juiz de Fora, 2003. 
 
BARROS, P. C. R.; MENDES, A. M. B. Sofrimento psíquico no trabalho e estratégias defensivas 
dos operários terceirizados da construção civil. Psico-USF. v. 8, n. 1, p. 63-70, 2003. 
 
DEJOURS. C., et. al. Por um trabalho, fator de equilíbrio. RAE São Paulo 1993;33:98-104. 
 
DEJOURS C. A loucura do trabalho. São Paulo: Cortez, 1987, p.168. 
 
FERNANDES, M.B. et al. Riscos Ergonômicos na construção civil. Revista CIPA. São Paulo, p. 
34-36, 1989. 
 
GEHBAUER, F. Planejamento e gestão de obras: um resultado prático da cooperação técnica 
Brasil. – Alemanha. Paraná, Editora CEFET, 2002. 
 
GUÉRIN F. et. al. Compreender o Trabalho para transformá-lo. Editora Edgar Blucher, São 
Paulo, SP, 2001. 
 
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. 
 
JUNIOR, R. R. Protocolo de diagnóstico e tratamento das LER/DORT. Boletim Saúde, Rio 
Grande do sul, v. 19, n. 1, jan./jun. 2005. Disponível em: 
<http://www.esp.rs.gov.br/img2/v19%20n1_16ProtocolDiagnost.pdf> Acesso em: 20 jun. 2020. 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (MPT). MPT Notícias. Brasília. Disponível em: 
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MUSSI, G. Prevalências de distúrbios Osteomusculares Relacionados ao trabalho ( 
LER/DORT) em profissionais Cabeleleiras de Institutos de Beleza de Dois distritos da cidade 
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<www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde.../GiseleMussi2006.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2020. 
 
NETTO, E. P. S. Análise das condições ergonômicas de trabalho em atividades típicas na 
execução de revestimentos em superfícies verticais de edificações. Dissertação de Mestrado. 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015. 
 
PINHEIRO, A. K. da S.; FRANÇA M. B. A. Ergonomia aplicada à anatomia e a fisiologia do 
trabalhador. Goiânia: AB, 2006. 
 
SCHNEIDER, Scott. Implement Ergonomic Interventions in construction. Applied 
Occupational and Environmental. Outubro, 1995. 
 
13 
 
 
 
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