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1 Mitzi Alves da Silva 2 Fabrício dos Santos Baptista Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Segurança do Trabalho (FLEX 6174) – Prática do Módulo I - 09/07/20 ERGONOMIA E RISCOS EM UM CANTEIRO DE OBRAS. Mitzi Alves da Silva ¹ Fabrício dos Santos Baptista² RESUMO As transformações no cenário nas últimas décadas trouxeram grandes desafios com relação ao entendimento dos fenômenos que direta e indiretamente afetam o trabalho das pessoas. Concernem as mudanças organizacionais que diz respeito às condições de trabalho, que nada mais é do que a ergonomia. A ergonomia vem assumindo um papel de grande importância no ambiente de trabalho, que envolvem a relação do homem com as diversas tecnologias presentes nesses ambientes e as necessidades de qualidade, e de produtividade. A Construção Civil é um setor que se destaca no cenário nacional no que diz respeito a afastamentos devido a doenças ocupacionais ou acidentes de trabalho. As obras de pequeno porte hoje dependem ainda da força dos homens, os quais apresentam baixo grau de instrução, trabalhando normalmente ao ar livre com condições de segurança precárias e materiais e ferramentas inadequadas no que se refere à ergonomia. Ao longo deste Paper será apresentado um estudo sobre o aspecto conceitual da ergonomia e seus benefícios para o ambiente produtivo e com objetivo geral mostrar a importância da ergonomia para a saúde do trabalhador dentro de um canteiro de obras e avaliar os constrangimentos ergonômicos. Para obter as referências necessárias ao entendimento do tema, este Paper foi baseado em pesquisa bibliográfica e estudo in loco. Palavras-chave: Ergonomia. NR17. Riscos. 1. INTRODUÇÃO O trabalho que a princípio surgiu para suprir as necessidades básicas de subsistência do homem tornou-se o ponto central da vida cotidiana após a Revolução Industrial, ocupando a maior parte do tempo da sociedade moderna (DEJOURS, 1993). Atualmente a disputa acirrada em um mercado competitivo tem transformando a organização e gestão de empresas de um modo geral, frente a um novo cenário empresarial e com a globalização tem sido evidente a mudança de paradigmas no ambiente empresarial em busca de melhores condições e desempenhos em termos de qualidade e produtividade. Nesse contexto, as boas condições de trabalho vêm sendo gradualmente reconhecidas como de grande importância para que as organizações cumpram suas metas, prazo e demandas do mercado de trabalho. No mundo todo se tem observado, principalmente na indústria da construção civil, que novos métodos, controles e planejamentos inseridos na execução das obras, não acompanham o ritmo, por exemplo, de teorias aplicadas a projetos ou tecnologias inseridas em outros setores da indústria (GEHBAUER, 2002). 2 Segundo Guérin et al (2001), é através da análise do trabalho que é possível entender a atividade dos trabalhadores (incluindo, por exemplo, postura, esforços, informação, condições ambientais, psíquicas, dentre outras) como uma resposta pessoal a uma série de determinantes, algumas das quais relacionadas à empresa (organização do trabalho formal, restrições de tempo, etc.) e outras relacionadas ao operário (idade, características pessoais, experiência, etc.). A ergonomia neste sentido vem a contribuir para o processo organizacional por ser uma forma de disciplina orientada que abrange as atividades do ser humano, principalmente, em um ambiente de produção. A ergonomia como ciência teve suas origens na Segunda Guerra Mundial, quando as relações entre o homem e a máquina se tornaram fundamentais para as corridas armamentistas e os avanços tecnológicos na área bélica, embora em situações desfavoráveis, como o campo de batalha, essas funções exigissem precisão e habilidade dos trabalhadores. Como os erros eram críticos nessas situações, houve um aumento em pesquisa para adaptar os instrumentos para as características e habilidades do operador, princípio que inicia a modelagem da ergonomia como a que conhecemos hoje (PINHEIRO e FRANÇA, 2006). A indústria da construção civil representa uma das áreas de trabalho mais primitivas e com menor enfoque ergonômico atualmente. Segundo Iida (2005) isso se deve ao fato das atividades serem dispersas e do pouco poder de organização entre os trabalhadores. Estes estão sujeitos à realização de tarefas manuais árduas, e muitas vezes sem o uso de equipamentos de proteção. Associando-se às baixas remunerações e níveis de escolaridade, e longas jornadas, tornam os profissionais mais suscetíveis aos riscos físicos e mentais devido ao trabalho. Diante desse contexto este Paper tem como objetivo geral demonstrar a importância da aplicabilidade dos conceitos e ideias da ergonomia, realizando uma análise ergonômica do trabalho em um canteiro de obras. A partir desta, comparar os resultados obtidos com as normas e bibliografias disponíveis, identificando se os mesmos estão dentro dos valores estipulados, a fim de sugerir melhorias viáveis, portanto, através desse estudo busca-se uma forma de demonstrar os perigos associados à atividade, a forma como o operário trabalha e se submete a riscos por ele não identificados e que são costumeiros. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Considerando-se que o presente estudo busca avaliar riscos e adequar as práticas incorretas visando um maior bem-estar ao trabalhador em um canteiro de obras, este Paper seguiu diretivas presentes em Normas Regulamentadoras para a correta fundamentação teórica e legal da pesquisa. 3 A vista disto, este estudo baseia-se principalmente na NR 17 (Norma Regulamentadora 17) que se refere à ergonomia, a qual estabelece parâmetros que possibilitem a adequação das condições e do ambiente de trabalho, garantindo além de tudo, saúde e segurança do trabalhador juntamente com a eficácia do processo. Entende-se que o estado de saúde de um trabalhador não independe de sua atividade profissional, porém, de um modo geral, o assunto acerca da relação saúde-trabalho, está mais voltado à degradação de saúde enquanto ausência de doença ou dano funcional ao seu organismo. Não obstante isso se deve ter em mente que as marcas deixadas por uma atividade profissional dependem de fatores, como a natureza da atividade, as condições nas quais ela se realiza, o tempo de duração desta atividade e as características individuais do trabalhador (TEIGER et al., 1981 apud MUSSI, 2006). A análise do trabalho busca encontrar dados que permitam a diminuição da disfunção do sistema de produção, entre as concepções prescritas do trabalho e a atividade real do trabalhador. Existem diversas definições de ergonomia, pois muitas procuram ressaltar o caráter interdisciplinar e como diz Iida (2005, p. 02) “o objeto de estudo é a interação entre o homem e o trabalho no sistema homem-máquina-ambiente, ou mais precisamente, as interfaces desse sistema, onde ocorrem trocas de informações e energias entre o homem, máquina e ambiente, resultando na realização do trabalho”. Segundo o mesmo autor, ressalta que a melhor definição é da Associação Brasileira de Ergonomia que adota a seguinte definição: Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficâcia das atividades humanas. Wachowicz (2013), destaca que a ergonomia, independente da situação, visa sempre adaptar o trabalho ao homem e para tal, a NR 17 estabelece que as condições de trabalho levem em consideração as características psicofisiológicas dos operários juntamente com a natureza da obra executada, tais condições incluem manuseio de materiais, utilização de equipamentos, condições ambientais e a própria organização das tarefas. Ou seja, cabe à chefia e aosprofissionais habilitados, adequar o volume de trabalho físico/mental que o operário poderá realizar a fim de protegê-lo de acidentes e doenças ocupacionais (WACHOWICZ, 2013). Segundo Vieira (2010), a indústria da construção civil gira em torno de investimentos que possibilitem a produtividade esperada, porém, tal produtividade só acontece com o envolvimento do trabalhador. Para isso, é de suma importância cuidar da saúde e segurança desse trabalhador, o qual impacta diretamente em perdas e qualidade de produção no setor (NETTO, 2015). 4 Silva (2001) afirma que o setor da construção civil possui área de atuação para todos os tipos e tamanhos de empresas, com diferenças, que mostram como as empresas que atuam neste setor podem ter características bem diferentes, tanto no que diz respeito à parte tecnológica, capacidade de investimento, especialidade nos serviços, sem falar na rotatividade das empresas, e também pela diferença no número de empregados dos subsetores. Conforme Silva (2014), o ramo da construção civil é destaque em afastamentos e acidentes de trabalho no Brasil, pois se trata de um trabalho árduo e de intenso esforço físico. Reforça ainda, que a ergonomia deve ser um fator de preocupação, pois através de boas práticas podemos minimizar riscos laborais e proteger a integridade física dos trabalhadores do setor. Com base nos dados do MPT (Ministério Público do Trabalho, 2018), em um intervalo de tempo de apenas cinco anos, entre 2012 a 2017, a construção civil apresentou uma taxa de afastamentos de 2,4% do total de ocorrências no país, o que corresponde a 7,5 milhões de dias de trabalho perdidos. QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO Atividade Econômica Anos Típico Trajeto Doença do trabalho Sem CAT Assinada Total de Acidentes 2013 40.694 7.324 800 13.590 62.408 Construção Civil 2014 39.406 7.457 617 12.254 59.734 2015 31.945 5.913 505 2.649 41.012 Tabela 1. Quantidade de acidentes do trabalho por situação do registro e motivo na construção civil no Brasil (Fonte: Anúario Estático de Acidentes do Trabalho – MTPS) Observa-se que, no período de 2013 a 2015, houve uma queda na quantidade de acidentes do trabalho, mas apesar dessa queda, o alto índice de acidentes ainda é preocupante, pois segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), estima-se que 6.000 sofram acidentes no mundo devido a atividade relacionadas com o trabalho Barkokébas Jr. et al. (2003) comenta que as condições e meio ambiente de trabalho na construção civil apresentam diversos riscos de acidentes do trabalho, isso devido à mutação constante do ambiente de trabalho e a confusão que se faz em acreditar que o “provisório” significa “improvisado”, ou seja, medidas falhas. A Lei 8.213/91 (Plano de Benefícios da Previdência Social), em seu artigo 19, define acidente de trabalho como da seguinte forma: Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Dentre as principais doenças que acometem o trabalhador, faz-se destaque para a LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e a DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao 5 Trabalho), sendo atualmente as mais conhecidas e que atingem principalmente a coluna vertebral e os membros superiores (JUNIOR, 2005). Conforme Netto (2015) apud Guimarães (2009), a LER e a DORT são decorrentes de diversas atividades praticadas pelo trabalhador, as quais se manifestam em músculos, articulações, tendões, ligamentos, nervos e vasos e, a dor provocada por tais lesões, são as causas principais dos afastamentos devido a incapacidade laborativa gerada por ela. Os riscos ergonômicos mais frequentes na construção civil, na opinião de FERNANDES et al. (1989), são: levantamento e transporte manual de peso, postura e jornada de trabalho. A intervenção ergonômica na construção civil é mais difícil do que nas outras indústrias. São vários os fatores que contribuem para isto: O local de trabalho é mudado todo dia; há grande rotatividade dos trabalhadores; muitos trabalhadores são contratados por empreiteiras e os proprietários da obra alegam não terem condições de contratarem um especialista em ergonomia (SCHENEIDER, 1995). O sistema terceirizado de produção acaba sendo um método das empresas desvincularem o vínculo empregatício dos trabalhadores, e com este os direitos a seguridade social dos obreiros. Segundo Barros (2003) este modelo de produção, negligencia direitos como aposentadoria, INSS, FGTS, plano de saúde, entre outros, submetendo o trabalhador à exclusão social. 3. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa é sempre a possibilidade de sair de uma situação de mero reconhecimento/desconhecimento dos rituais práticos da vida cotidiana, para produzir conhecimento dos dispositivos engendrados na atividade, desnaturalizando formas cotidianas de existência. Tal afirmação valida à experiência e o saber dos trabalhadores, assim como mobiliza os próprios participantes/pesquisadores, o que possibilita a transformação das condições e dos processos de trabalho (ALTHUSSER, 1980). O desenvolvimento deste Paper toma a seguinte sistematização, pesquisa, análise e propostas de soluções. O levantamento de dados se deu a partir da realização de visitação in loco, da realidade dos canteiros de obras da região da Amurel. A maioria das obras estava na fase de levantamento de paredes, porém executando tarefas diversas, tais como: preparo e lançamento do concreto, montagem e colocação das formas, armação das ferragens. Inicialmente foram realizadas observações “in loco”, onde foi possível analisar aspectos gerais referentes às condições de trabalho num canteiro, sendo notados vários fatores como: 6 condições ambientais, o meio ambiente físico, as instalações dos operários, a organização do canteiro e aspectos relacionados à segurança do trabalho. Imagem 1. Banheiro disponibilizado pela empreiteira para os funcionários. Fonte: Autora Imagem 2. Anexo ao banheiro, vestiário e depósito de materiais. Fonte: Autora Tendo em vista a obtenção das percepções e sugestões dos trabalhadores quanto às questões de ergonomia e segurança no posto de trabalho foi levantado um questionamento com questões abertas para a coleta de dados como tempo de serviço em construção civil, se das atividades desenvolvidas alguma causa qualquer tipo de desconforto, tarefa mais difícil, identificação dos riscos ergonômicos, pausas, transporte de cargas, postura, ruído, vibração, esforço físico, movimentos repetitivos, riscos dispersos pelo canteiro, dentre outras. Com base nos resultados o quadro a seguir (Quadro 1) mostra os riscos ergonômicos detectados com relação a cada ocupação pesquisada, sendo assinalados os que foram mais visíveis em cada uma delas. 7 OCUPAÇÃO POSTURA FORÇA PESO MOVIMENTOS REPETITIVOS RUÍDO VIBRAÇÃO Servente x x x x Pedreiro x x x x x x Ferreiro x x x Carpinteiro x x x Quadro 1. Riscos ergonômicos. Fonte Autora Outra técnica de análise empregada foi o registro fotográfico e o acompanhamento das diversas atividades desenvolvidas pelos obreiros durante a realização dos serviços. É significante elencar que o processo participativo dos trabalhadores e das obras em questão não se limitara a uma simples coleta de opiniões e observações, mas servirá de grande subsídio na definição da realidade do trabalho, na identificação dos riscos ergonômicos e na busca de soluções para que estes sejam extintos ou minimizados. Visto que o pedreiro e servente são fundamentais na construção civil, pois elessão aqueles que, literalmente, colocam a “mão na massa”. Baseados nas observações, realizou-se uma análise postural, com a intenção de constatar as consequências da postura incorreta na saúde dos trabalhadores. As posturas foram classificadas nas seguintes categorias: Imagem 3. Ferreiros realizando o entrelaçamento de laje. Fonte: Autora A postura neste posto de trabalho variou muito com o tipo de estrutura que estava sendo armada. As posturas dominantes eram as inclinadas e as totalmente inclinadas (inclinação para frente > 90°), apresentando estas um grande esforço na coluna dos trabalhadores. Foi observado que o armador levantava uma carga média de 5-20 kg a cada 4 minutos, e o que dificultava este trabalho 8 é que quase todo levantamento de peso implicava no carregamento, e este era feito na maioria das vezes em uma superfície ruim. Foram observados movimentos repetitivos de grande intensidade na hora de armar as ferragens, onde os trabalhadores precisavam torcer o punho várias vezes. Ao longo das visitas foram constatados postura inadequada durante o preparo da massa na própria obra, utilizando a betoneira, pois o mesmo era obrigado a ficar curvado por um longo período de tempo para misturar a massa. Isso ocorreu principalmente nas edificações de pequeno porte, os ruídos estavam presentes na hora da mistura do concreto onde era utilizada a betoneira, isso também no caso do concreto ser fabricado na própria obra. Imagem 4. Funcionários trabalhando. Fonte: Autora Imagem 5. Pedreiro trabalhando em andaime de madeira. Fonte: Autora 9 Na atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes cada tijolo assentado corresponde a um ciclo de trabalho, e tem duração de 25 segundos, perfazendo um total de 4 ciclos por minuto. Figura 1. Sistema OWAS de medidas antropométricas dinâmicas Fonte: Martins Neto, 2008. Avaliando essas posturas, o sistema WinOWAS classifica em quatro categorias, as quais são apontadas dependendo do tempo de duração das posturas, conforme a jornada de trabalho realizada, que são: Risco 1 Postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais Risco 2 Postura que deve ser revisada durante a próxima revisão rotineira dos métodos de trabalho Risco 3 Postura que deve merecer atenção a curto prazo Risco 4 Postura que deve merecer atenção imediata Tabela 2. Classificação das posturas pelo sistema WinWOAS. Fonte: Adaptado de Lida (1990). 10 A partir deste ponto o software classifica as posturas executadas de acordo com as categorias de ação a serem tomadas com isso foi possível ter uma visão ampla das tarefas executadas pelos trabalhadores e percebeu-se que para a fase de preparação de argamassa, que representou 15% do serviço, assentamento na alvenaria: representaram 39% do serviço, aplicação de argamassa e reboco representou 31% das tarefas, e encontra-se na categoria três, necessitando de correções logo que possível e em relação à movimentação de materiais, que representou 15% é necessário fazer correção ao longo do processo. Através do estudo apresentado notou-se que há uma demanda intensa em relação à coluna, membros superiores e inferiores, e as atividades apresentou ser excessivamente desgastante e ao longo do cumprimento das atividades os trabalhadores realizam as tarefas de forma errada, o que implica na saúde a curto e longo prazo. Foi possível observar que esporadicamente os trabalhadores vão ao banheiro. A jornada de trabalho no canteiro não possui pausas de descanso regulares, além do período de almoço e lanche. A temperatura 15°C e 26°C ao ar livre, entretanto os trabalhadores frequentemente entravam em contato, manual ou por via respiratória, com poeira, areia e cimento, não utilizaram máscara e muitas das vezes tossiam. Existia uma boa parceria entre os trabalhadores, que quando questionados sobre isto, relataram uma necessidade de rápida realização da tarefa e dependência de tarefas entre os colaboradores. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao final desta pesquisa bibliográfica foi possível formular uma série de constatações, grande parte das empresas desconhecem a NR 17, também, as recomendações ergonômicas. Em sua maioria as empresas fornecem, gratuitamente, os EPI’s aos seus trabalhadores, porem pode-se constatar que em um canteiro de obras apenas 15% dos trabalhadores utilizam luvas e óculos de proteção, os demais alegam que as luvas atrapalham a execução de suas tarefas, e por isso não as utilizam. Nesse sentido, não existe nenhum tipo de treinamento e/ou esclarecimento fornecido pelas empresas, com relação às recomendações ergonômicas. Quase em sua totalidade os DDR não aplicam os procedimentos corretos para se efetuar o levantamento, transporte ou empregabilidade de materiais em um canteiro de obras, bem como as consequências advindas de procedimentos incorretos para tal. Serviços que exigem a utilização da pá são frequentes nos canteiros de obras, e levam o trabalhador a efetuar movimentos que forçam a coluna vertebral, de forma semelhante ao que ocorre durante o levantamento e transporte manual de cargas. Relacionando-se a este fato, as maiores queixas dos trabalhadores que executam as tarefas de levantamento e transporte de cargas, 11 nos canteiros de obras. Com base nas pesquisas e in loco, pode se chegar ao resultado de um número próximo a 60% dos trabalhadores de canteiro de obras apresentam dores lombares, mas não reconhecem que estas dores são provenientes do levantamento e/ou transporte de cargas de forma inadequada. 5. CONCLUSÃO Com base nas pesquisas bibliográficas e visitações pode-se dizer que as condições dos canteiros de obra em si já configuram um risco à saúde e à segurança do trabalhador. Estes riscos são aumentados em função da forma de executar as atividades pelo funcionário, pois não existe dentro das empresas um procedimento para cada tarefa. O que existe são orientações verbais dadas pelo engenheiro ou pelo mestre de obra. A qualificação da mão de obra é baixa e muitas vezes o próprio operário toma decisões de como realizar a atividade. Muitas empresas pagam os funcionários pela produtividade do mesmo o que leva, principalmente em trabalhadores novos e inexperientes, a realização das tarefas com maior rapidez e assim se desgastando fisicamente com o trabalho pesado. Seria proveitoso que antes de iniciar a jornada dentro de um canteiro de obras os trabalhadores fizessem aquecimentos que, segundo Iida (2005), previnem distensões musculares e aumentam a irrigação sanguínea. Assim o operário começaria sua jornada de trabalho mais atento, reduzindo o risco de acidentes. Identifica-se que há coerência entre os fatores estudados, na medida em que, internamente aos grupos de risco e proteção, os fatores se inter-relacionam. Além disso, alguns fatores de risco se contrapõem diretamente aos outros fatores de proteção, o que só ratifica sua classificação desta forma. Neste sentido, ficam como colaboração deste estudo os indicativos que podem alterar numericamente o número de acidentes de trabalho. Lembrando ainda, que tais fatores, na medida em que se relacionam com condições de trabalho, requerem uma mudança cultural, no sentido de valorizar mais os trabalhadores que a compõem, dando-lhes subsídios para um trabalho digno, decente, que satisfaça a necessidade de sua clientela e que, ao mesmo tempo, não seja danoso para quem executa as tarefas. Cabe ressaltar a importância da satisfação no trabalho, ponto tão discutido pela ergonomia, que se aplica intimamente à área da saúde, fato bem marcado pelas conclusões deste estudo. 12 REFERÊNCIAS ALTHUSSER, L. Posições II. Rio de Janeiro: Graal, 1980. BARKOKÉBAS JR; B.; VÉRAS, J. C. Acidentabilidade na Construção Civil: Ergonomia e Segurançado Trabalho na análise dos acidentes de trabalho no Estado de Pernambuco. I Jornada de Ergonomia. Juiz de Fora, 2003. BARROS, P. C. R.; MENDES, A. M. B. Sofrimento psíquico no trabalho e estratégias defensivas dos operários terceirizados da construção civil. Psico-USF. v. 8, n. 1, p. 63-70, 2003. 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Avaliação de risco ergonômico: pedreiro na construção civil. INOVAE – Journal of Engineering and Technology Innovation, São Paulo, v. 2, n. 3, p.77-94, set/dez 2014. ISSN 2357-7797. SILVA, W. G. Análise ergonômica do Posto de trabalho do Armador de ferro da construção civil. Florianópolis, 2001. 133p. (Mestrado - Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina) VIEIRA, R. B. Interferência ergonômica nas atividades da construção civil: estudo de caso em uma obra de Feira de Santana. Monografia. Universidade Estadual de Feira de Santana. Bahia, 2010. WACHOWICZ, M. C. Ergonomia. e-Tec Brasil. Instituto Federal do Paraná. Curitiba - PR. 2013.
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