Buscar

Peça Resposta a Acusação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE MG
Autos do Processo nº
Gabriela, já qualificado nos autos da ação em epígrafe, por seu advogado que a esta subscreve (procuração anexa), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, com base nas razões de direito e de fato a seguir aduzidas.
	I - SÍNTESE DOS FATOS
	Gabriela nascida em 28/04/1990, acabou terminando o relacionamento com namorado com Patrick, pois não estava mais suportando agressões físicas, como também humilhações que vinha sofrendo, assim acabou sendo expulsa do imóvel em que residia com o companheiro, em uma comunidade carente na cidade de Belo Horizonte MG. Juntamente com o filho do casal de apenas 03 anos de idade e sem ter nenhum contato no Estado, passou a pernoitar com o filho locais de acesso público como moradora de rua, dependendo assim de ajuda de desconhecimentos para alimentar-se juntamente com seu filho.
À época dos fatos, Gabriela fez amizade com Maria, outra mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela. No dia 24 de dezembro de 2010, não mais aguentando a situação e vendo o filho chorar e ficar doente em razão da ausência de alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda, Gabriela decidiu ingressar em um grande supermercado da região, onde escondeu na roupa três pacotes de biscoito Bauduco, cujo valor totalizava R$18,00 (dezoito reais). Ocorre que a conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança, que a abordou no momento em que ela deixava o estabelecimento comercial sem pagar pelos bens, e apreendeu os três produtos escondidos.
	Em sede policial, Gabriela confirmou os fatos, mas reiterou a ausência de recursos financeiros e a situação de fome e risco físico de seu filho. O que é perfeitamente entendido, pois qualquer pai ou mãe que ama seu filho, vendo o mesmo em situação de fome, buscaria uma forma de alimenta-lo , não se importando se for um modo legal, pois o é importante salientar que o biscoito Bauduco era exclusivamente para alimentar o seu filho, onde estava passando muita fome. 
Juntado à Folha de Antecedentes Criminais sem outras anotações, o laudo de avaliação dos bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, inclusive o fiscal de segurança e o gerente do supermercado, o auto de prisão em flagrante e o inquérito policial foram encaminhados ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de Gabriela pela prática do crime do Art. 155, caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, além de ter opinado pela liberdade da acusada.
	O magistrado em atuação perante o juízo competente, no dia 18 de janeiro de 2011, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público, concedeu liberdade provisória à acusada, deixando de converter o flagrante em preventiva, e determinou que fosse realizada a citação da denunciada. Contudo, foi concedida a liberdade para Gabriela antes de sua citação e, como ela não tinha endereço fixo, não foi localizada para ser citada. Devido a sua grande força de vontade, em 2015 a ré conseguiu um emprego e ficando assim em melhores condições.
	Maria, hoje residente na rua X, na época dos fatos também era moradora de rua e tinha conhecimento de suas dificuldades Diante disso, em 16 de março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país, Gabriela , prontamente com seu preposto compareceram ao cartório, onde são informados que o processo estava em seu regular prosseguimento desde 2011, sem qualquer suspensão, esperando a localização da ré para citação. 
	II – DAS PRELIMINARES
	A) DA PRESCRIÇÃO
	Conforme narrado nos fatos, Gabriela acabou cometendo furto simples, sendo praticado em 24/12/2010, com isso a mesma tinha apenas 20 anos de idade, ou seja, é menor de 21 anos de idade. O crime imputado à ré é de furto simples, com pena cominada em 04 anos. Conforme os moldes do artigo 109, IV, do Código Penal, onde os crimes cuja as penas máximas não excedam quatro anos, prescrevem em 08 anos. 
	A ré à data do fato sendo menor de 21 anos, e com fulcro no artigo 115 do código penal, o prazo prescricional é reduzido pela metade, quando o criminoso, ao tempo do crime era menor de 21 anos. Desta mesma forma, deve ser reconhecido que o crime imputado a Gabriela se encontra prescrito, pois entre a data do recebimento da denúncia até a data que ela foi citada, acabou transcorrendo o lapso temporal de mais de 4 anos, assim devendo ser declarado extinta sua punibilidade (artigo 107, IV, do CP).
	Conforme exposto, se verifica a extinção da punibilidade em decorrência da prescrição com fulcro no artigo 397, IV do CPP, devendo o magistrado absolver sumariamente a ré
	III) DO MÉRITO
A) DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Diante do fato e o valor dos bens subtraídos (dezoito reais), como também o contexto do delito cometido há ocorrência do princípio da insignificância na ação delituosa que a ré praticou. Os requisitos elencados pelo STF, onde se encontra a aplicação do princípio da insignificância, está na situação, ou seja, a ausência da periculosidade social da ação, mínima ofensividade da conduta do agente.
Gabriela acabou agindo motivada por não mais aguentar ver seu filho chorar e adoecer em razão da falta de alimentos para consumir, o bem subtraído tinha o único intuito de satisfazer a fome de uma criança sem nenhum alimento, além do mais, três pacotes de biscoitos jamais iriam trazer danos a um supermercado.
A conduta da ré, é moldada ao tipo penal de furto previsto no art 155 do CP. A tipicidade ramifica-se em material e formal. O qual a ré não se vislumbra de nenhuma delas, pois há de se reconhecer que sua conduta atípica, não houve nenhuma infração penal, devendo assim ser absolvida sumariamente com fulcro no artigo 397, III do CPP.
B) DO ESTADO DE NECESSIDADE
Na conduta da ré, existe uma exclusão de ilicitude, assim conhecida como Estado de Necessidade (artigo 23, I, do CP). Conforme também disposto no artigo 24 do CP, que se considera o estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de algum perigo atual, com o qual não se provocou com sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo o sacrifício da circunstância, não era razoável exigir-se. Conforme o caso em tela o único objetivo era alimentar seu filho, que se encontrava faminto e vivendo em situação de rua, sem conseguir emprego não viu outra alternativa para tentar saciar a fome de seu filho.
É evidente que a ré não provocou por sua vontade a situação de fome e risco de seu filho, onde terminou o relacionamento com Patrick, por não suportar mais as agressões e humilhações que vinha sofrendo, não viu outra alternativa a não ser deixar o imóvel que residia em comunidade carente, onde chegou até dormir em locais de acesso público e dependia de estranhos para se alimentar, pois não tinha nenhum conhecido e nem parentes no Estado. Dessa forma, sem mais esperança das coisas melhorarem e sem a quem recorrer para ajudá-la com alimentos, a situação chegou a forma tão extrema que não era razoável exigir da ré que sacrificasse a integridade física de seu filho a fim de não causar lesão de ínfimo valor ao supermercado. Assim, Maria também moradora de rua, presenciou todo o fato ocorrido, como também tinha todo o conhecimento de suas necessidades.
Assim, deve ser a ré absolvida com fulcro no art 397, I, do CPP.
	
IV– DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência: 
A)	inicialmente, seja acatada a preliminar suscitada a fim de que seja feita a absolvição sumária da ré, com fulcro no artigo 397, IV, do CPP em decorrência da prescrição; 
B)	subsidiariamente, seja julgado improcedente o pedido para absolver sumariamente a acusada na forma do artigo 397, inciso III, do CPP, como também em decorrência do princípio da insignificância;
C)	Absolvição sumária da ré com fulcro no artigo 397, I, do CPP em decorrência do estado de necessidade
D)	caso Vossa Excelência assim não entenda, seja intimadaa testemunha Maria ao final arrolada, para que sejam ouvidas na audiência de instrução e julgamento. 
E)	Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos, juntada de documentos e especial para a oitiva das seguintes testemunhas, que deverão ser previamente intimadas.
Termos em que se pede deferimento. 
 	 26 de março de 2015
 Advogado 
 OAB n.º
Rol de testemunhas:
1. Maria, qualificação, endereço

Outros materiais