Prévia do material em texto
JUROS: CONCEITO Podem ser definidos como a remuneração paga pelos tomadores de recursos aos poupadores ou aos agentes intermediários (sistema bancário) pela privação da utilização do capital por parte do investidor, sendo representados por uma “taxa de juros”. Para a formação dessa taxa de juros, os seguintes aspectos devem ser levados em consideração: • Risco • Despesas • Inflação • Lucro REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO É a maneira pela qual os juros são somados ao capital: Capitalização simples Os juros incidirão sobre uma mesma base (capital inicial) Capitalização composta Os juros aplicados em cada mês serão somados ao capital precedente e, sobre ele, novos juros serão calculados (juros sobre juros) 1 2 REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO Exemplo: Valor Emprestado: R$ 10.000,00 Taxa de juros: 1% ao mês Prazo: 9 meses Regime de capitalização: simples Pede-se calcular o valor a pagar no 9º mês Juros simples: C.i.n Valor Futuro: C (1 + i.n) Juros Simples: 10.000,00 x 0,01 x 9 = 900,00 Valor Futuro: 10.000,00 (1 + 0,09) = 10.900,00 REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO Exemplo: Valor Emprestado: R$ 10.000,00 Taxa de juros: 1% ao mês Prazo: 9 meses Regime de capitalização: composto Pede-se calcular o valor a pagar no 9º mês Juros compostos: C [(1 +i)n- 1] Valor Futuro: C (1 +i)n Juros compostos: 10.000,00 [(1,01)9 -1] = 936,85 Valor Futuro: 10.000,00 (1,01)9 = 10.936,85 3 4 REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO O critério adotado pelo Judiciário quando não há disposição clara em contrato é a aplicação do regime de capitalização simples. Ou seja, na ausência de cláusula contratual que fixe e fundamente que os juros serão cobrados de forma composta, aplicam-se juros simples e a capitalização só poderá ocorrer de ano em ano. Entretanto, a Justiça admite a utilização da capitalização composta para juros remuneratórios caso haja no contrato de mútuo, referência à sua aplicação e que isto esteja suportado por Resolução do Banco Central do Brasil decorrente de decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária. Em relação aos juros moratórios, será utilizada a capitalização simples. JUROS REMUNERATÓRIOS Também conhecidos como “Juros Contratuais”, são aqueles devidos ao credor para remunerar o empréstimo do capital. Na cobrança de juros remuneratórios utiliza-se capitalização composta. 5 6 JUROS REMUNERATÓRIOS IMPORTANTE A edição da MP nº 1963-17/2000 reeditada sob o nº 2170-36/2001 permitiu as instituições financeiras a capitalização mensal dos juros remuneratórios desde que expressamente pactuada. O STJ aprovou a Súmula 382 que define que a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não caracteriza abuso. De acordo com a Súmula 530 do STJ, nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente contratada — por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos —, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Banco Central, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor. JUROS MORATÓRIOS São aqueles decorrentes do atraso culposo do devedor do cumprimento da obrigação, ou seja, pelo não pagamento da dívida na data de vencimento estipulada. Para a cobrança de juros moratórios utiliza-se a capitalização simples. A cobrança se dá de forma pró-rata. 7 8 JUROS MORATÓRIOS IMPORTANTE Nos termos do art. 406 do CC/2002 combinada com o art. 161, §1º do Código Tributário Nacional, a partir de 11.01.2003, a cobrança de juros moratórios passou a ser de 1% ao mês sempre de forma linear. O período da cobrança pode incidir sobre: I - todo período de inadimplência II - desde a data da citação inicial (art. 405 do CC/2002) III - de acordo com a decisão da sentença judicial No caso de crédito rural, é vedada a cobrança de juros moratórios em percentual superior a 1% ao ano ORIENTAÇÃO TÉCNICA A aplicação das taxas de juros adotadas pelas instituições financeiras, tanto remuneratórios quanto os moratórios, bem como os regimes de capitalização encontrados, têm sido matéria de muita discussão nos tribunais. Nesse sentido, o profissional não poderá manifestar opinião pessoal por se tratar de matéria jurídica devendo apresentar o seu laudo pericial atendendo ao que foi determinado no despacho judicial ou na sentença. 9 10 ORIENTAÇÃO TÉCNICA Na ausência de orientação judicial a respeito de como proceder aos cálculos, apresentará 03 demonstrativos ou planilhas de cálculos: 1) o saldo da conta corrente com base na taxa e regime de capitalização pactuados em contrato 2) as taxas efetivamente praticadas pelo banco, em base mensal, se estão de acordo ou em desacordo com o que foi contratado 3) o saldo da conta corrente com base na taxa pleiteada pelo autor (avaliar caso a caso) No final, caberá o magistrado, diante das informações acima, decidir o que for de direito. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA São facultadas as instituições financeiras cobrarem de seus devedores por dia de atraso no pagamento ou na liquidação de seus débitos, a comissão de permanência, que será calculada às mesmas taxas pactuadas no contrato original ou à taxa de mercado do dia do pagamento. Trata-se de um acréscimo percentual ao valor devido em face do tempo decorrido da data do vencimento à data do efetivo pagamento da dívida, visando remunerar o capital que, se tivesse sido recebido na data pactuada, poderia ser reaplicado no mercado às taxas correntes. A legislação não permite a cobrança da comissão de permanência cumulativamente com os juros remuneratórios, moratórios e multa contratual (Súmula 472 do STJ), além de não poder ultrapassar a soma de tais encargos. 11 12 COMISSÃO DE PERMANÊNCIA O problema é que a Comissão de Permanência cobrada pelas instituições financeiras nem sempre está especificada no contrato, pois os bancos se reservam o direito de cobrar o correspondente à maior taxa que estiver sendo praticada no mercado interbancário no dia do pagamento ou no dia do cálculo. Tendo em vista que os bancos costumam apresentar nos processos judiciais seus cálculos em valores absolutos, ou seja, não especificando o valor relativo aplicado sobre a base de cálculo, os magistrados e advogados frequentemente solicitam ao perito que realizam os cálculos com o percentual cobrado. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA Exemplo: Valor da dívida ou base de cálculo: R$ 37.580,03 Valor da comissão de permanência cobrado: R$ 1.189,54 Dias de atraso: 21 Calcular a taxa de comissão de permanência cobrada 13 14 COMISSÃO DE PERMANÊNCIA Primeiro passo: Somar o valor da dívida com a cobrança de comissão de permanência (Soma debitada: R$ 38.769,57) Segundo passo: Encontrar a taxa diária Utilizando a HP 37.580,03 CHS PV 38.769,57 FV 21 n i 0,1485 (0,1485% a.d) COMISSÃO DE PERMANÊNCIA Terceiro passo: Encontrar a taxa mensal Utilizando a HP 0,1485 Enter 100 / 0,0015 0,0015 Enter 1 + 1,0015 Enter 30 xy 1,0455 (A taxa cobrada foi de 4,55% a.m) 15 16 COMISSÃO DE PERMANÊNCIA Ou: 38.769,57 = 1,03165351 37.580,03 Logo, a taxa de juros durante 21 dias foi de 3,165% Como transformar para mês? Passo 1: Descapitaliza para 1 dia: (1,03165351)1/21 = 1,001485 (0,1485% a.d) COMISSÃO DE PERMANÊNCIA Passo 2: Capitaliza para 30 dias: (1,0014851)30 = 1,0455 (4,55% a.m) Outra forma de achar a taxa mensal direto é aplicando a seguinte fórmula: (1,03165351)30/21 = 1,0455 (4,55% a.m) 17 18