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FILOSOFIA DO DIREITO - MATERIAL UNIDADE 1

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Filosofia do Direito 
UNIDADE I: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DO DIREITO 
Profª. Bianca Monteiro de Castro 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
2 
SUMÁRIO 
1. O QUE É FILOSOFIA? ............................................................................ 3 
1.1. A FILOSOFIA ........................................................................................ 3 
1.2. FILOSOFAR É POSSÍVEL? .................................................................. 4 
1.3. QUAL O CAMINHO? ............................................................................. 5 
1.4. ÁREAS DA FILOSOFIA ........................................................................ 6 
1.5. SINTETIZANDO .................................................................................... 7 
1.6. PARA REFLETIR .................................................................................. 7 
1.7. QUESTÕES .......................................................................................... 8 
2. A FILOSOFIA DO DIREITO ..................................................................... 9 
2.1. A FILOSOFIA JURÍDICA ....................................................................... 9 
2.2. FILOSOFIA E DIREITO ....................................................................... 10 
2.3. QUAL O CAMINHO? ........................................................................... 10 
2.4. FILOSOFIA, DIREITO E CIÊNCIA ...................................................... 11 
2.5. SINTETIZANDO .................................................................................. 12 
2.6. PARA REFLETIR ................................................................................ 12 
2.7. QUESTÕES ........................................................................................ 13 
3. DIREITO – UM PENSAR FILOSÓFICO ................................................. 14 
3.1. DIREITO .............................................................................................. 14 
3.2. FINALIDADES DO DIREITO ............................................................... 15 
3.3. CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO ....................................................... 15 
3.4. ATRIBUTOS DO DIREITO .................................................................. 17 
3.5. SINTETIZANDO .................................................................................. 17 
3.6. PARA REFLETIR ................................................................................ 18 
3.7. QUESTÕES ........................................................................................ 18 
4. JUSTIÇA – UM PENSAR FILOSÓFICO ................................................ 20 
4.1. JUSTIÇA ............................................................................................. 20 
4.2. ESPÉCIES DE JUSTIÇA .................................................................... 22 
4.3. O DIREITO É JUSTO? ........................................................................ 23 
4.4. SINTETIZANDO .................................................................................. 23 
4.5. PARA REFLETIR ................................................................................ 24 
4.6. QUESTÕES ........................................................................................ 24 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 25 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
3 
 
UNIDADE I: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DO DIREITO 
1. O QUE É FILOSOFIA? 
Antes de adentrarmos no conteúdo específico de Filosofia do Direito, é 
importante compreendermos sobre a própria Filosofia, para que possamos 
então tratar de assuntos relacionados à temas especificamente jurídicos. 
Nesse sentido, podemos questionar: o que é a Filosofia? 
 Objetivos 
● Compreender o significa Filosofia. 
● Identificar o papel da Filosofia na formação das formas de pensar. 
● Verificar como a Filosofia é capaz de desenvolver a criticidade social. 
 
1.1. A FILOSOFIA 
A Filosofia, um dos pilares da cultura ocidental, surgiu no século VI a.C. 
como fruto da cultura grega. De acordo com sua etimologia, ou seja, com a 
origem de sua denominação, a palavra “filosofia” decorre da soma de duas 
palavras gregas: philos e sophia (RACHID, 2014). 
 
Assim, podemos entender que, de acordo com sua origem, a Filosofia 
significa “amor ou amizade pela sabedoria” ou ainda “a busca pela sabedoria”. 
Ou seja, o papel da Filosofia está relacionado ao comprometimento com o 
pensar e com o conhecimento. 
Segundo André Comte-Sponville, a Filosofia é uma prática discursiva 
razoável e teórica/ conceitual, podendo inclusive, ser considerada como uma 
Philos 
(Amizade/ Amor) 
Filosofia 
Sophia 
(Saber/ Sabedoria) 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
4 
prática teórica “não científica”. Isso porque a Filosofia não constitui uma ciência 
ou conhecimento, mas proporciona reflexões sobre as ciências e saberes 
existentes. 
 
1.2. FILOSOFAR É POSSÍVEL? 
Segundo Kant, não é possível aprender Filosofia, mas aprender a 
filosofar. Assim, o ato de filosofar acontece quando o indivíduo começa a 
questionar seu próprio pensamento, o pensamento dos outros, mundo, a 
sociedade, o que a experiência nos ensina e também o que ela nos deixa 
ignorar. 
Assim, parece evidente que, filosofar é um ato individual, considerando 
que, cada indivíduo terá suas próprias indagações e percepções sobre as 
abstrações realizadas. Por isso, apesar de contar com filósofos profissionais e 
professores, a Filosofia se constitui como uma dimensão humana, tendo em 
vista que cada indivíduo dotado de vida e razão poderá articular essas duas 
faculdades. 
De acordo com Comte-Sponville: 
 
A necessidade de refletir sobre o conhecimento, sobre a vida, o futuro e 
tantas outras coisas, faz com que tudo à nossa volta seja objeto de 
investigação. Para a Filosofia, tudo deve ser questionado, pois é justamente 
esse momento que torna possível um conhecimento aprofundado sobre 
determinada coisa. Interessante observar que “mesmo diante de crenças e 
valores, a filosofia não admite pontos que não possam ser investigados, 
“É claro que podemos raciocinar sem filosofar (por exemplo, 
nas ciências), viver sem filosofar (por exemplo, na tolice ou na 
paixão). Mas não podemos, sem filosofar, pensar nossa vida e 
viver nosso pensamento: já que isso é a própria filosofia.” 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
5 
sujeitando todas as coisas a uma análise crítica, racional e argumentativa” 
(RACHID, 2014, p.22). 
Assim, a Filosofia questiona e investiga a arte, a religião, a política, a 
ética, a moral, o Direito e tudo aquilo que em contato com o ser humano, pode 
fazê-lo refletir e então, filosofar. 
 
1.3. QUAL O CAMINHO? 
 
Muitos são os caminhos da Filosofia. Almejando o conhecimento 
universal e tentando compreender os fundamentos dos seus objetos de estudo, 
ela se debruça sobre os estudos de elementos como valores, a Justiça, o 
Direito, a moral, a liberdade e muitos outros. 
Algumas características da Filosofia se destacam desde o seu 
surgimento, são elas: o conteúdo, o método e a finalidade: 
 
Nessa perspectiva, podemos entender que a Filosofia busca explicar a 
realidade por meio da razão para buscar o conhecimento. 
Fato é que não é fácil definir o que seja Filosofia, pois ela vem 
historicamente mostrando seu dinamismo. Ao acompanhar a realidade social, 
precisamos considerar que a atividade da Filosofia dependerá do contexto que 
CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA 
CONTEÚDO 
 
 
Conteúdo 
 
 
 
MÉTODO 
 
Método 
 
 
FINALIDADE 
 
 
Finalidade 
 
 
 
A Filosofia busca a 
explicação de 
tudo, não se 
limitando apenas a 
uma parte da 
realidade. 
Utiliza-se da 
razão para suas 
explicações, 
substituindo a 
mitologia e a 
religião antes 
utilizadas. 
O objetivo da 
Filosofia, como o 
próprio nome 
denuncia,
é a 
busca pelo 
conhecimento. 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
6 
se apresenta, pois de acordo com a época em questão, ela buscará respostas 
para a realidade correspondente. 
De acordo com Rachid: 
 
Atualmente, a Filosofia busca o conhecimento dentro dos mais 
diferentes ramos, proporcionando aos profissionais de diversas áreas uma 
reflexão e uma perspectiva mais ampla da prática profissional que 
desenvolvem. 
A filosofia é acessível a toda sociedade, não é necessário ser filósofo 
para ter acesso à ela, basta que o indivíduo tenha capacidade de abstração, 
uma vez que a filosofia é formada por raciocínio e discursos, expressando-se 
através de palavras que designam ideias gerais, noções e conceitos. 
 
1.4. ÁREAS DA FILOSOFIA 
A Filosofia se divide em várias áreas de estudo que se traduzem em: 
epistemologia, metafísica, ética e lógica: 
A epistemologia é a ciência do conhecimento e busca compreender 
elementos como a natureza, a validade, a estrutura, a origem, os métodos e os 
limites do objeto de estudo. 
A metafísica é responsável por estudar os fundamentos da realidade. 
Divide-se em ontologia (que estuda o ser em seus aspectos gerais e abstratos) 
e cosmologia (que estuda o universo e o cosmos, como por exemplo, a 
existência de Deus e do mundo). 
Verifica-se que inicialmente foi associada à perseguição da verdade 
através da razão, afastando-se de explicações mitológicas. Em um 
segundo momento, fortemente influenciada pelo cristianismo, refletiu na 
busca da salvação com o domínio de questões relacionadas à fé 
religiosa e, posteriormente, novamente moldada, se verificou como uma 
forma de viver e como um comportamento a ser adotado pelos homens 
perante o universo (RACHID, 2014, p.22). 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
7 
A ética se dedica ao estudo 
dos valores morais e o 
comportamento dos indivíduos 
por meio da razão, almejando a 
melhor forma de convivência 
entre as pessoas. 
A lógica busca garantir a 
validade da argumentação por 
meio do estudo e organização 
dos argumentos que decorrem 
do raciocínio. 
 
 
 
 
 
 
1.5. SINTETIZANDO 
A Filosofia utiliza a razão como método para seus estudos. Por meio da 
razão, as investigações e reflexões filosóficas, a Filosofia busca afastar o 
conhecimento das crenças, considerando que as crenças são subjetivas e 
discutíveis e que o conhecimento busca uma verdade justificada racionalmente. 
Assim, apesar de nem todas as crenças serem falsas, a filosofia busca o 
conhecimento aprofundado, dedicando-se à busca pela verdade. 
 
1.6. PARA REFLETIR 
 
A Filosofia proporciona o questionamento de verdades inquestionáveis, 
que são válidas universalmente para uma organização sistematizada 
unificadamente pelo homem racional. Quando a capacidade de pensar, 
argumentar e questionar é perdida, o indivíduo se vê atrofiado mentalmente. 
A Filosofia constitui-se em um saber crítico, não podendo o filósofo 
satisfazer-se com respostas prontas, por ser questionador, crítico. Assim, o 
Áreas de Estudo da 
Filosofia 
Cosmologia 
Ontologia 
Ética 
Epistemologia 
Metafísica 
Lógica 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
8 
pensar filosófico faz com que o indivíduo saia do estado de paralisia e 
aceitação, afinal “numa sociedade em que as respostas estão todas prontas, 
onde as normas são aceitas sem discussão, a tendência é estagnar”. 
 
1.7. QUESTÕES 
Para testar sua compreensão sobre o conteúdo dessa aula, pense: 
 A Filosofia tem um único significado? Como podemos explicá-la? 
 Qual o papel da Filosofia na formação das formas de pensar? Existem 
verdades inquestionáveis na perspectiva filosófica? 
 Como a Filosofia é capaz de desenvolver a criticidade social? 
 Quais as principais características e áreas de estudo da Filosofia? 
 
Indicação de Leitura Complementar 
 
Para saber mais sobre o tema, você pode ler as páginas 1 a 
9 do Livro “Filosofia do Direito” de Alysson Leandro 
Mascaro, disponível em Minha Biblioteca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
9 
2. A FILOSOFIA DO DIREITO 
Agora, precisamos diferenciar a Filosofia e a Filosofia do Direito. 
Compreendemos que a Filosofia consiste em uma sistematização e 
enfrentamento do pensamento, do mundo e da nossa realidade. E o Direito? 
Pensar o direito corresponde a realizar reflexões sobre a sociedade, a história, 
o justo e a Justiça. 
 Objetivos 
● Compreender a identidade da Filosofia Jurídica. 
● Identificar a relação entre Filosofia e Direito. 
● Verificar como a Filosofia pode ser aplicada no cotidiano jurídico. 
 
2.1. A FILOSOFIA JURÍDICA 
A Filosofia do Direito, conforme sua denominação anuncia, se refere à 
aplicação da Filosofia ao campo jurídico, observando as tendências e 
conhecimentos historicamente acumulados. 
 Como vimos anteriormente, a Filosofia se dedica ao estudo aprofundado 
de determinado objeto e, no caso da Filosofia Jurídica, o Direito é o objeto de 
estudo da Filosofia e, por este fato, busca compreender os fundamentos do 
Direito, considerando as diferentes realidades existentes e o dinamismo social 
no meio em que se insere. 
Assim, segundo Rachid, a Filosofia do Direito analisa o 
comportamento e as atividades dos operadores do Direito, 
visando diagnosticar como ele é e como deveria ser, 
auxiliando nos posicionamentos, formas de pensar e agir no 
âmbito jurídico. 
Nessa perspectiva, “a Filosofia do Direito possui como característica a 
função de a função de procurar adequar o direito à realidade jurídica, 
buscando, sempre, a solução mais justa ao caso concreto” (RACHID, 2014, 
p.24). 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
10 
2.2. FILOSOFIA E DIREITO 
A filosofia do Direito indaga a da legitimidade e a aplicação das normas 
jurídicas. Por isso, a especificidade da disciplina permeia as noções do que se 
possa considerar por direito. Para alguns, o fenômeno jurídico se circunscreve 
às normas estatais. Para outros, as apreciações sobre o justo também entram 
na composição do direito. Assim, a filosofia do direito não se limita à responder 
o que é Direito, se estendendo para além da compreensão média do operador 
do direito sobre si próprio e sua atividade. 
Dessa forma, a filosofia do direito pretende desvendar as relações entre 
o direito e a política, o direito e a moral, o direito e o capitalismo, e as demais 
relações que possam escapar à visão do jurista. 
 
 
 
2.3. QUAL O CAMINHO? 
A partir dos estudos filosóficos aplicados ao Direito, o jurista consegue 
refletir e operar os mecanismos sociais existentes. 
O corpo jurídico bem como o conjunto de leis e códigos é de 
conhecimento de todos que trabalham no campo do Direito. No entanto, cada 
DIREITO 
Política 
Moral 
Capitalismo 
 
 
 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
11 
vez mais, busca-se o profissional que vai além, ou seja, não apenas conhece 
as leis e decora modelos de petições, mas é capaz de desenvolver uma 
capacidade reflexiva e crítica sobre sua prática profissional. 
Assim, a Filosofia do Direito compreende que a liberdade e a justiça são 
inerentes à todos os indivíduos e que o profissional do Direito deve se 
conscientizar da sua capacidade de aplicar seu conhecimento para a 
concretização desse fim. 
 
2.4. FILOSOFIA, DIREITO E CIÊNCIA 
 Cientes de que o Direito é uma ciência social, podemos nos questionar 
se, enquanto ciência, ele pode se relacionar com o pensamento filosófico. 
De acordo com Magri:
 
A Filosofia proporciona a investigação aprofundada, portanto, o 
profissional do Direito deve manter-se atento ao constante questionamento de 
sua prática, sendo capaz de compreender também as demais realidades 
existentes na sociedade. 
O direito não se revela apenas em seu aspecto interno, ou seja, apenas 
na aplicação das normas técnicas do corpo jurídico. Ele se manifesta 
O conhecimento científico e o filosófico devem coexistir, uma vez que
o operador 
do Direito deve saber tanto como se dá a aplicação da norma jurídica ao caso 
concreto quanto também como se sustenta o ordenamento jurídico a fim de que o 
Direito atinja seus fins. Assim, se você estivesse na fila do caixa ouvindo aqueles 
dizeres daquele senhor que reclamava do sistema jurídico, deveria estar apto a lhe 
dar a explicação jurídica, mas também compreender filosoficamente a causa de 
seu equívoco de pensamento e, ao mesmo tempo, constatar que o atual sistema 
jurídico, de fato, não confere a sensação de justiça que os jurisdicionados esperam 
dele (MAGRI, 2014, p. 50) 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
12 
socialmente, de modo histórico, a partir de determinadas estruturas e relações 
sociais. 
Por isso, a filosofia do direito deve refletir sobre questões relacionadas a 
economia, ao capitalismo, política, cultura, religiões e as classes sociais. 
Assim, podemos entender que a filosofia do Direito se refere a expressão 
máxima do próprio direito enquanto verdade social. 
 
2.5. SINTETIZANDO 
Vamos entender um pouco mais sobre a essência do Direito se 
pensarmos que a Filosofia do Direito se ocupa das relações sociais que são 
constituintes e constituídas pelo direito, e isso envolve também o campo da 
apreciação do Direito enquanto manifestação do justo e do injusto na 
sociedade. 
Nesse sentido, precisamos compreender que a Filosofia do Direito 
tomada no seu sentido mais amplo, almeja a busca pela verdade, ocupando-se 
da relação do fenômeno jurídico com a totalidade da sociedade, e não somente 
com a totalidade interna das técnicas jurídicas. Ou seja, acima de tudo, sendo 
uma provocação ao direito e ao mundo, a Filosofia do Direito aponta as razões 
estruturais e o caráter injusto ou justo do direito e do próprio mundo. Ou seja, 
além de apenas aplicar a norma jurídica, busca compreender como essa norma 
refletirá no contexto social, os efeitos e impactos que poderá gerar socialmente. 
 
2.6. PARA REFLETIR 
A Filosofia, por meio de sua reflexão, pretende proporcionar ao operador 
do Direito a capacidade crítica necessária para transformar o Direito em 
Justiça. Nesse sentido, ao afirmar que “a Filosofia do Direito é verdade jurídica 
maior que o próprio Direito”, Mascaro evidencia o caráter dinâmico das normas 
jurídicas, visto que estas não são inquestionáveis e/ou imutáveis. No entanto, 
para que as mudanças aconteçam, é necessário pensar no que existe, para 
que seja identificado um ideal ou meta e, então seja estabelecida a 
transformação. 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
13 
2.7. QUESTÕES 
Para testar sua compreensão sobre o conteúdo dessa aula, pense: 
● Em que consiste a Filosofia Jurídica? 
● Quais as relações entre Filosofia e Direito? 
● Como a Filosofia pode ser aplicada no cotidiano jurídico? 
● Qual a importância da Filosofia para o operador do Direito? Qual perfil 
se espera desse profissional? 
 
Indicação de Leitura Complementar 
 
Para saber mais sobre o tema, você pode ler as 
páginas 10 a 17 do Livro “Filosofia do Direito” de Alysson 
Leandro Mascaro, disponível em Minha Biblioteca. 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
14 
3. DIREITO – UM PENSAR FILOSÓFICO 
Nesse momento, depois de perpassar por estudos de Filosofia e suas 
contribuições para o campo jurídico, é chegada a hora de pensar o direito e 
suas estruturas! 
O Direito se acha intimamente ligado à Filosofia. Atuando sobre os 
indivíduos ao nortear a conduta social, o Direito ocupa-se de questões 
polêmicas, que exigem reflexão e acabam gerando juízos de valor. Não há 
como se elaborar o Direito ou aplicá-lo sem filosofia. O espírito do jurista há de 
estar receptivo à lei, mas ao mesmo tempo sensível à teleologia do Direito, e o 
fim deste é sempre o bem-estar dos homens em sociedade ou a organização 
do Estado. 
Lembrem-se, o pensamento jurídico não é só uma explicação profunda 
do direito, mas também o enfrentamento do direito e da sociedade. 
Mas, afinal... O que é o Direito? Ele é o mesmo em todos os tempos? 
 
 Objetivos 
 
● Refletir sobre os conceitos de Direito. 
● Conhecer as classificações do Direito 
● Analisar os atributos do Direito por um viés filosófico. 
 
3.1. DIREITO 
Segundo Mascaro, “o direito não é o mesmo em todos os tempos 
históricos”. Ou seja, no decorrer do tempo diversas formas de pensamento 
sobre o Direito e o justo se manifestam e, de acordo com cada época, a 
concepção sobre tais institutos era correspondente à sociedade vigente. 
Nesse sentido, vale lembrar que o Direito surgiu em decorrência da 
necessidade de regular a convivência social. A necessidade de viver em 
sociedade fez com que os seres humanos, mesmo com valores, costumes, 
hábitos, comportamentos e pensamentos diferentes, tentassem estabelecer 
padrões para a convivência. 
 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
15 
Esses padrões se referem às regras jurídicas estabelecidas para que a 
coesão social se mantenha. Segundo Nader, “ao criar modelos de 
comportamento social, à luz dos valores de conservação e desenvolvimento do 
homem, o Direito torna possível a convivência e participa, por sua importância 
e como área definida do saber, na ordem geral das coisas”. 
Com a evolução da sociedade, o pensamento jurídico, social e político 
sofre alterações e influencia o entendimento acerca do Direito. 
Por isso, é preciso pensar que, se a sociedade está em constante 
evolução, o Direito, enquanto mecanismo de regulação, também está. Por tal 
motivo, o termo “Direito” possui diversas interpretações. 
Ao menos do plano ideal, o objetivo principal do Direito pode ser 
entendido como a busca pela concretização da Justiça e do bem comum, o que 
nos faz perceber que o estudo filosófico do Direito compreende em observá-lo 
como um sistema vivo, que acompanha a transformação das civilizações 
(RACHID, 2014). 
 
3.2. FINALIDADES DO DIREITO 
 
 
3.3. CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO 
O Direito é classificado pela Filosofia do Direito de diversas formas: 
Direito Objetivo e Direito Subjetivo, Direito Natural e Direito Positivo e, Direito 
Finalidades do Direito 
Solucionar conflitos 
Regular a vida social 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
16 
Direito Objetivo: 
Refere-se à norma ou ao conjunto de 
normas impostas pelo Estado que 
compõem o ordenamento jurídico 
Direito Subjetivo: 
Trata-se das faculdades jurídicas do 
indivíduo, ou seja, a possibilidade de usar 
as leis para reconhecer um Direito. 
Direito Natural: 
Sistema de normas de condutas 
intersubjetivas que buscam uma 
compreensão universal para o fenômeno 
jurídico. 
Direito Positivo: 
É o Direito posto, escrito, elaborado pelo 
homem e que compõe um sistema de 
normas de conduta fixado pelo Estado. 
Direito Estatal: 
Refere-se às normas editadas pelo Estado 
que vinculam a sociedade e compõe o 
ordenamento jurídico. 
Direito não Estatal: 
Considera que as normas criadas para os 
particulares também fazem parte do 
ordenamento jurídico. 
Estatal e Direito não Estatal. Vejamos a seguir, de forma esquematizada, o que 
essas classificações significam: 
 
 
Direito Objetivo 
x 
Direito Subjetivo 
Classificações 
do Direito 
Direito Estatal 
x 
Direito Não Estatal 
Direito Natural 
x 
Direito Positivo 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
17 
3.4. ATRIBUTOS DO DIREITO 
 
3.5. SINTETIZANDO 
Para compreendermos o Direito e sua aplicação de forma mais clara, 
devemos estudar a Filosofia do Direito considerando os aspectos e variações 
históricas, culturais, políticas, sociais, entre outras, que sejam capazes de 
contribuir com nossa formação. 
Apesar de existirem diversas interpretações sobre o Direito, tais 
interpretações não devem ignorar a realidade social. Por tal motivo, Montalvão 
afirma que “posicionamentos estritamente legalistas são incompatíveis a 
complexidade do fenômeno jurídico”. Nesse sentido, é preciso desenvolver
a 
capacidade de enfrentamento para que seja possível obter o melhor resultado 
na prática profissional. 
A Filosofia do Direito contribui com as formas de classificação do Direito: 
Direito Objetivo e Direito Subjetivo, Direito Natural e Direito Positivo e, Direito 
ATRIBUTOS DE VALIDEZ DO DIREITO 
VIGÊNCIA 
 
 
Vigência 
 
 
 
EFICÁCIA 
 
Eficácia 
 
 
EFETIVIDADE 
 
 
Efetividade 
 
 
 
Validade 
extrínseca na 
norma pelo 
preenchimento 
de 
formalidades 
essenciais à sua 
formação. 
Período de 
tempo no qual 
a norma se 
mantém 
obrigatória. 
Resultado 
social positivo 
alcançado 
pelas normas 
jurídicas. Lei 
eficaz é a que 
provoca as 
consequências 
sociais 
almejadas em 
sua elaboração. 
Fenômeno 
social de 
obediência às 
normas 
jurídicas. 
Norma que 
logra extensa 
adesão entre os 
seus 
destinatários e 
acatamento 
pelos órgãos 
encarregados. 
LEGITIMIDADE 
 
 
Legitimidade 
 
 
 
Justificação 
ética das 
normas. 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
18 
Estatal e Direito não Estatal. E, por fim, denominamos genericamente os vários 
atributos do Direito: vigência, eficácia, efetividade, legitimidade. 
 
3.6. PARA REFLETIR 
 
“Nos Estados democráticos, o Direito se apresenta como 
instrumento da justiça e visa a proporcionar o bem-estar dos 
indivíduos, a inserção social, o progresso coletivo. Nos Estados 
totalitários, constitui aparelho de dominação; meio de 
efetivação ou permanência da ideologia institucionalizada. 
Neles, em primeiro lugar, o Direito é posto na salvaguarda dos 
interesses do Estado e de seus dirigentes; preservada esta 
ordem de prioridades, tutela os valores privados desde que 
compatíveis com os públicos.” (PAULO NADER) 
 
Muitas pessoas consideram que Direito e Justiça são sinônimos. No 
entanto, isso consiste em um equívoco. O Direito é um mecanismo para a 
obtenção da Justiça, mas nem sempre o Direito é justo. 
Como fenômeno complexo que admite diversas possibilidades de 
definição, segundo Ferraz Jr., o Direito “de um lado, protege-nos do poder 
arbitrário, exercido à margem de toda regulamentação” e, de outro, “é um 
instrumento manipulável que frustra as aspirações dos menos privilegiados e 
permite o uso de técnicas de controle e dominação que, por sua complexidade, 
é acessível apenas a uns poucos especialistas”. 
Nesse sentido, a Filosofia proporciona o questionamento do Direito, 
fazendo com que o jurista tenha a possibilidade de transformá-lo. 
 
3.7. QUESTÕES 
Para testar sua compreensão sobre o conteúdo dessa aula, pense: 
● O Direito tem um único significado? Como você o explicaria? 
● O Direito é imutável? Explique. 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
19 
● Quais as classificações do Direito, de acordo com a Filosofia Jurídica? 
● Explique o que são os atributos de validez do Direito. 
 
Indicação de Leitura Complementar 
 
Para saber mais sobre o tema, você pode ler as 
páginas 10 a 17 do Livro “Filosofia do Direito” de Alysson 
Leandro Mascaro, disponível em Minha Biblioteca. 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
20 
4. JUSTIÇA – UM PENSAR FILOSÓFICO 
Nesse momento, depois de perpassar por estudos de Filosofia e suas 
contribuições para o campo jurídico, é chegada a hora de pensar o direito e 
suas estruturas, no sentido de pensar e refletir sobre o injusto, o justo e a 
Justiça a partir da Filosofia do Direito. 
A nossa compreensão acerca do significado de Justiça está intimamente 
ligado à nossa capacidade de analisar e compreender a realidade social. 
Nesse sentido, é possível que você esteja se perguntando: O que é a Justiça? 
O Direito é justo? 
 Objetivos 
 
● Refletir sobre os conceitos de Justiça. 
● Analisar o justo e a Justiça na perspectiva do Direito. 
● Perceber como as estruturas de Justiça e injustiça se apresentam 
socialmente. 
● Relacionar lei e Justiça, bem como Direito e Justiça. 
 
4.1. JUSTIÇA 
Assim como o Direito, a definição de Justiça também pode variar. Isso 
porque, de acordo com cada contexto (tempo, sociedade, cultura, etc.) ela será 
entendida de uma forma. No entanto, a noção de Justiça refere-se à valores ou 
princípios sociais superiores como a equidade, o respeito e a verdade. 
A Filosofia vislumbra a Justiça como uma virtude ou uma qualidade 
subjetiva do indivíduo. Além disso, sob o ponto de vista aristotélico, pretende 
dar a cada um aquilo que é seu. 
Sandel nos faz a seguinte provocação: 
“Uma sociedade justa procura promover a virtude de seus cidadãos? Ou 
a lei deveria ser neutra quanto às concepções concernentes à virtude, 
deixando os cidadãos livres para escolher, por conta própria, a melhor 
forma de viver? 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
21 
Segundo uma ideia comumente aceita, essa questão divide o 
pensamento político em antigo e moderno. Em um sentido importante, 
essa ideia está correta. Aristóteles ensina que a justiça significa dar às 
pessoas o que elas merecem. E para determinar quem merece o quê, 
devemos estabelecer quais virtudes são dignas de honra e recompensa. 
Aristóteles sustenta que não podemos imaginar o que é uma Constituição 
justa sem antes refletir sobre a forma de vida mais desejável. Para ele, a 
lei não pode ser neutra no que tange à qualidade de vida. 
Em contrapartida, filósofos políticos modernos - de Immanuel Kant, 
no século XVlll, a John Rawls, no século XX - afirmam que os princípios de 
justiça que definem nossos direitos não devem basear-se em nenhuma 
concepção particular de virtude ou da melhor forma de vida. Ao contrário, 
uma sociedade justa respeita a liberdade de cada indivíduo para escolher 
a própria concepção do que seja uma vida boa.” 
 
Nessa perspectiva, temos que considerar que, devido à amplitude do 
tema e suas diversas acepções, não podemos conceituar o termo Justiça de 
uma única forma. No entanto, partindo do sentido Filosófico, podemos afirmar 
que a Justiça corresponde a um conceito fundamental da vida jurídica, política, 
social e religiosa, surgindo como uma das quatro virtudes cardinais: prudência, 
justiça, coragem e temperança. 
Radbruch, propõe que a Justiça divide-se em três aspectos: 
 
IGUALDADE 
(Justiça Formal) 
ADEQUAÇÃO 
(Justiça material) 
SEGURANÇA JURÍDICA (Paz 
jurídica) 
Todos são iguais perante a lei. A 
lei determina quem são os iguais 
e os desiguais. 
O conteúdo da justiça é o 
que melhor se adequar ao 
caso concreto. 
Não pode ser cientificamente 
estabelecido 
Igualdade como justiça em 
sentido estrito 
Adequação como justiça 
social 
Segurança jurídica 
Observa-se a forma da justiça. Observa-se o conteúdo da 
justiça. 
Observa-se a função da justiça. 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
22 
4.2. ESPÉCIES DE JUSTIÇA 
Historicamente, a Justiça foi entendida de formas diferentes: 
ESPÉCIES DE JUSTIÇA CARACTERÍSTICAS 
Justiça Divina 
(Aurélio Agostinho) 
 
 Perfeita, justa e imutável 
 Aplica-se a todos 
 O homem conhece por revelações 
Justiça Humana 
(Aurélio Agostinho) 
 
 Resulta do homem 
 Falível 
 Passível de alterações 
Justiça Legal/ Geral/ 
Social 
(São Tomás de Aquino) 
 
 Possui o bem comum como objeto 
 As partes dão a comunidade o que lhe é devido 
Justiça Comutativa 
(São Tomás de Aquino) 
 Trata das relações particulares 
 Um sujeito (particular) dá a outro (particular) o que lhe é 
devido 
Justiça Distributiva 
(São Tomás de Aquino) 
(Aristóteles) 
 
 Distribui/ confere a cada um aquilo que lhe é devido por 
sua participação na sociedade 
 Hipótese em que se distribui honra ou riqueza 
 Observa o princípio da atribuição em função do mérito 
 Pode-se dar de forma desigual na comunidade, 
conforme o mérito do indivíduo 
 A sociedade confere ao particular 
 Diz respeito aos bens públicos 
Justiça Retificadora/ 
Vindicativa/ 
Corretiva 
(Aristóteles) 
 
 Possui papel coercitivo 
 Impõe punição ao ofensor 
 Trata do justo
nas relações particulares 
 Conforme as relações privadas, se dividem em: 
voluntárias e involuntárias 
Justiça Objetiva 
 
 Interpretação da norma por que aquele que detém 
competência perante a sociedade 
Justiça Subjetiva Justiça pessoal do indivíduo associada aos seus 
sentimentos 
Fonte: Adaptado de Rachid, 2014. 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
23 
4.3. O DIREITO É JUSTO? 
Não raro, os operadores do Direito estão tão imersos na sua realidade 
profissional, na resolução de seus casos concretos, ocupados com seus 
afazeres, que acabam se distanciando da das reflexões sobre as concepções 
da Justiça e do Justo. 
Nesse sentido, precisamos compreender que, o justo é uma espécie de 
sombra do próprio Direito, porque mesmo que não se concretize, uma das 
funções do Direito não está ligada à aplicação das normas jurídicas visando a 
obtenção da Justiça? 
 É aqui que a Filosofia do Direito mostra grandes contribuições, tendo em 
vista que, proporciona intensas reflexões sobre o que seria justo. Por esse 
motivo, devemos nos preocupar também com a relação estrutural do direito 
com o todo histórico e social e a preocupação com as apreciações do justo e 
do injusto, no sentido de ampliar nossos horizontes, refletindo sobre as 
injustiças existentes a nossa volta. 
 
4.4. SINTETIZANDO 
Em geral, na história do pensamento jurídico, o justo foi sempre tomado 
como uma preocupação legitimadora e conservadora. Nos tempos medievais e 
modernos, o justo era a manutenção do já dado, não importando qual fosse 
esse dado, porque, para os medievais, a Justiça estava entrelaçada aos ideais 
religiosos que visava a manutenção da ordem existente. Deus o queria, e, para 
os modernos, a ordem exigia a conservação do já existente. 
Mas, a reflexão sobre a verdade na esfera do direito exige uma 
postulação crítica sobre a Justiça, afinal, o justo acaba revelando as estruturas 
do injusto nas sociedades existentes. Nesse sentido, o filósofo do Direito deve 
estar ciente que a exploração capitalista, a distribuição desigual das riquezas, a 
indignidade, a tortura e a perseguição são exemplos daquilo que pode passar 
até hoje por direito, mas que se relacionam à estruturas de injustiça e devem 
ser rejeitadas. 
 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
24 
4.5. PARA REFLETIR 
 
 
 
 
4.6. QUESTÕES 
Para testar sua compreensão sobre o conteúdo dessa aula, pense: 
● Como podemos compreender o conceito de Justiça? 
● Qual o papel do operador do Direito frente ao justo e a Justiça? 
● O que são estruturas de Justiça e injustiça e como se apresentam 
socialmente? 
● Relacione lei e Justiça, bem como Direito e Justiça. 
● Quais são as espécies de Justiça e quais as suas principais 
características? 
● Explique a seguinte afirmação: “Ocupar-se do justo, portanto, é uma 
espécie de tensão máxima à qual há de se conduzir a filosofia do direito” 
(MASCARO, 2018). 
 
Indicação de Leitura Obrigatória 
“Até que ponto as pessoas 
estão livres em vez de 
coagidas?” 
MICHAEL SANDEL 
 
 
Introdução à Filosofia do Direito 
25 
 
Para saber mais sobre o tema, você deve ler as páginas 
95 a 102 do Livro “Filosofia do Direito” de Paulo Nader, 
disponível em Minha Biblioteca. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
COMTE-SPONVILLE, André. Apresentação da filosofia. São Paulo. Martins 
Fontes, 2002. p.11-16. 
MASCARO. Filosofia do Direito. São Paulo, Atlas, 2018. 
MONTALVÃO, Bernardo. Manual de Filosofia e Teoria do Direito. Bahia. 
Juspodivm, 2018. 
NADER, Paulo. Filosofia do Direito. São Paulo. Gen, 2018. 
RACHID, Alyson. Filosofia do Direito. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2014. 
SANDEL, Michael J. Justiça – o que é fazer a coisa certa. 26ª Edição, Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

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