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RELATÓRIO: A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA CULPA: A COMPENSAÇÃO DE DANOS NO EXERCÍCIO DA MEDICIDA

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RELATÓRIO: A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA CULPA: A COMPENSAÇÃO DE DANOS NO EXERCÍCIO DA MEDICIDA
Sara Maria Souza de Sá
A presente pesquisa foi desenvolvida por Verá Lucia Raposo da faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Portugual com a finalidade de analisar as dificuldades apresentadas pela responsabilidade civil para lidar com as indevidas práticas médicas e como essas práticas são compensadas aos que por ela foram prejudicados através do sistema denominado como “no-fault”, o que nas palavras da autora é “um mecanismo no qual o paciente é compensado por via de um fundo económico de socialização do risco, independentemente da demonstração de negligência por parte do médico”, abarcando que, embora este seja um sistema que possui inúmeras vantagens, ainda assim envolve muitas dificuldades, riscos e fragilidades, levando em consideração que tal modelo só opera-se com sucesso em casos muito específicos e concretos que serão abordados ao longo do estudo.
De início, a autora busca apresentar o enquadramento prático do problema, como sendo casos onde um ato médico acaba por lesar o paciente, momento este que cabe ao direito de forma direta ou indireta providenciar algumas compensações, como sendo: Arrecadar uma compensação de danos patrimoniais e não patrimoniais; penalizar o infrator ocasionando o impedimento de exercer a medicina; obter uma forma explicação e pedido de desculpas; garantir a conscientização do ato para que este não mais se repita. Contudo, o atual modelo jurídico de compensações acaba por cumprir apenas duas destas e ainda de forma imperfeita, segundo a autora, o que leva pacientes, familiares, sociedade em geral e até mesmo profissionais da saúde a tamanha insatisfação com o resultado jurídico. 
Em contrapartida ao fracasso do atual modelo de compensação, apresenta-se o sistema denominado no-fault model, como sendo o modelo que abdique da culpa do profissional da saúde, que diferentemente do modelo anterior que busca encontrar um culpado para imputar todos os danos, no modelo no-fault a preocupação maior é em compensar o paciente lesado ao invés de apontar o dedo e identificar culpas, levando em consideração que a origem da maioria dos danos vem das falhas do sistema, do serviço, hospital, ou melhor, do sistema geral de saúde e não no indivíduo. Ou seja, neste modelo o paciente será compensado independentemente de haver ou não alguma culpa.
Este modelo vem sendo usado na Nova Zelândia e os países nórdicos, como também, vendo sendo aplicado de forma uma pouco mais limitada em alguns estados norte-americanos, França e Bélgica. 
 Em segundo plano, a autora busca comparar o modelo nórdico com o modelo no-fault, o que apresenta ser uma difícil tarefa, uma vez que, são sistemas que em suma se diferem dos demais. A autora apresenta que mecanismo nórdico é coberto pelo dinheiro angariado por via dos seguros pagos pelos prestadores de saúde, ao passo que o modelo neozelandês é custeado pelo contribuinte mediante impostos. Outro ponto apresentado é que o modelo nórdico o conceito “evitabilidade” determina os casos de danos indenizáveis, o que o torna um dos elementos basilares da estrutura compensatória. Já o modelo no-fault desconsidera o caráter de evitabilidade do dano. 
Em seguida a autora apresenta o modelo escandinavo, focando essencialmente em exemplo da Suécia para compensação de pacientes. Neste modelo, o custo da compensação é coberto por um seguro pago pelos próprios profissionais da saúde, sendo inicialmente de forma voluntaria e partir de 1996 obrigatória para todos médicos que atuam em hospitais públicos e aqueles que embora exerçam a medicina de forma privada, celebram um acordo com o Estado. Este fundo cobre danos resultantes do tratamento e do diagnóstico, desde que evitáveis, dentre vários outros planos de cobertura.
O modelo da Nova Zelândia, sua compensação ocorre através de um fundo monetário de socialização do risco custodiado pelos contribuintes, sendo que neste modelo não são todos os danos sofridos pelos pacientes compensados, mas tão somente aqueles que podem ser qualificados como lesão resultante do tratamento. Assim, para fins de compensação, o dano indemnizável será aquele sofrido por uma pessoa que recebe o tratamento de saúde de um profissional de saúde devidamente licenciado, desde que tenha sido causado pelo tratamento (causalidade jurídica

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