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Direito Constitucional II Organização do Estados Brasileiro II Prof. Jan Silva BENS E COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERATIVOS I 1. União Federal 1.1. Bens da União 1.2. Competência administrativa (não legislativa ou material) 1.3. Competência legislativa 2. Estados-membros 2.1. Bens dos Estados-membros 2.2. Competência administrativa (não legislativa ou material) 2.3. Competência legislativa 1. Municípios 1.1. Bens dos Municípios 1.2. Competência administrativa (não legislativa ou material) 1.3. Competência legislativa 2. Distrito Federal 2.1. Bens do Distrito Federal 2.2. Competência administrativa (não legislativa ou material) 2.3. Competência legislativa 3. Territórios Federais BENS DOS ENTES FEDERATIVOS BENS DOS ESTADOS-MEMBROS De acordo com o art. 26 da CRFB/88, incluem-se entre os bens dos Estados: • I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; • II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob o domínio da União, Municípios ou terceiros; • III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; • IV - as terras devolutas não compreendidas entre as terras da União. Bens dos Municípios, do Distrito Federal • Não há delimitação na Constituição Federal de 1988 dos bens dos Municípios e do Distrito Federal: • Os Municípios têm bens, desde que não sejam da União ou dos Estados; • O Distrito Federal tem a competência para ter os mesmo bens que os Estados e os Municípios. Repartição de Competências • Repartição ou divisão de competências é a técnica pela qual o constituinte distribui, com base na natureza e no tipo histórico de federação, os encargos de cada unidade federada, preservando-lhes a autonomia política no âmbito do Estado Federal. • Competências federativas são parcelas de poder atribuídas, pela soberania do Estado Federal, aos entes políticos, permitindo-lhes tomar decisões, no exercício regular de suas atividades, dentro do capital do círculo pré-traçado pela Constituição da República. • Cada ente político desempenha tarefas distintas, agrupadas em diversas classes. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios atuam na área determinada pelo constituinte originário, exercendo atribuições legislativas administrativas e tributárias. Conceito de Competência • A Competência ou complexo de poderes funcionais cometidos ao ente ou órgão é a parcela do poder público que lhe cabe. • A competência de um ente ou órgão, além de traduzir o modo como participa no exercício das funções do Estado, traduz igualmente a sua posição relativa em face dos outros órgãos e a função que ele desempenha no sistema constitucional. • A competência traduz-se numa autorização ou legitimação para a prática de atos jurídicos (aspecto positivo) e num limite para essa prática (aspecto negativo). Princípio básico para a distribuição de competências • O princípio da predominância do interesse objetiva nortear a repartição de competências entes políticos, tomando por base a natureza do interesse afeto a cada um deles, levando em consideração a lógica de atribuir aos entes os problemas que lhes são mais afetos. • As questões nacionais são de interesse da União; questões regionais são de interesse dos Estados-membros; e as questões locais são de interesse do Município. Assim, as questões nacionais são de competência da União, as questões regionais dos Estados e as locais dos Municípios. Técnicas de Repartição de Competências • Enumeração taxativa das competências da União: • As competências remanescentes, não enumeradas, são conferidas aos Estados; • Enumeração taxativa das competências dos Estados: • As competências remanescentes, não enumeradas, são conferidas à União; • Enumeração taxativa das competências de todos os entes federativos: • Todos os entes da federação têm as suas competências enumeradas na Constituição. Técnicas de Efetivação da Repartição de Competências • Repartição Horizontal de Competências – delegação de competências próprias de cada ente; • Modelo tradicional, no qual não há cooperação entre os entes federativos; • Repartição Vertical de Competências – delegação de competências comuns aos entes federativos; • Modelo no qual os entes têm competências comuns e devem cooperar na implementação dos serviços públicos. Princípio da predominância do interesse no Brasil • Distribuição de competências dos entes segundo o princípio da predominância do interesse no Brasil: • Competências Exclusivas: interesse geral ou nacional: art. 21 da CRFB/88 - são exclusivas porque são de um único ente e de mais ninguém, ou seja, não são passíveis de delegação. No caso brasileiro, são competências administrativas da União; • Competências Privativas: art. 22 da CRFB/88 - são competências de um único ente, mas que podem ser delegadas se houver autorização legal (são delegáveis com base em lei). No caso brasileiro, as competências legislativas poderão ser delegadas aos Estados por lei complementar; • Competências Comuns: art. 23 da CRFB/88 - são competências administrativas que cabem a todos os entes federativos; (continuação) • Competências Concorrentes: art. 24 c/c art. 30, II da CRFB/88 - são competências legislativas que atribuem segundo as regras dos parágrafos do art. 24 um papel legislativo à União e aos Estados Membros e, aos Municípios, em caráter suplementar, naquilo que couber, por força do art. 30, II da CRFB/88; • Competência Residual ou Remanescente: interesse regional: art. 25 da CRFB/88 - são as competências remanescentes ou residuais são competências exclusivas, administrativas, legislativas, dos Estados- Membros, ou seja, os assuntos das competências remanescentes são dos Estados-Membros. Serão todos aqueles assuntos que não são da competência exclusiva e privativa da União e nem do Município, é o que remanesce; • Competências Locais – interesse local: art. 30, II da CRFB/88 - são competências legislativas e exclusivas dos Municípios. TÉCNICAS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS FEDRATIVAS NA CRFB/88 TÉCNICA APLICAÇÃO AOS ENTES PREVISÃO CONSTITUCIONAL Dos Poderes Enumerados À União e aos Municípios Arts. 21 e 22 e art. 30 Dos Poderes Remanescentes Aos Estados Art. 25, § 1º Da Reserva Especial de Competência Ao Distrito Federal Art. 32, § 1º Da Delegação Legislativa Delegado aos Estados por LC Art. 22. § Único Da Atuação Administrativa Paralela Todos os Entes Art. 23 Da Atuação Legislativa Concorrente À União, Estados e DF Art. 24 Da Atuação Exclusiva Aos Municípios Art. 30, I Da Atuação Suplementar Aos Município Art. 30, II Da Atuação Residual À União Arts. 145 e 162 COMPETÊNCIAS DA UNIÃO Art. 21 CRFB/88 Art. 22 CRFB/88 Art. 23 CRBB/88 Art. 24 CRBB/88 Administrativa Legislativa Administrativa Legislativa Exclusiva Privativa Comum Concorrente Indelegável Delegável Segundo o Parágrafo único do art. 22, a União pode delegar aos Estados as competências privativas Comum a todos os entes A União faz leis gerais e os Estados complementam. Os Municípios podem fazer leis locais Competências dos Estados-membros Competências Remanescentes Competência Residual Art. 25 O que não for da União. Competência Administrativa Competências Delegadas Art. 22, § 1º Delegada por lei complementar. Competência Legislativa Competências Comuns Art. 23 De todos os entes. Competência Administrativa Competências Suplementar Art. 24, § 2º União faz leis gerais e Estados suplementam / complementam Competências Supletiva Art. 24, § 3º Quando a União não faz a lei geral os Estados têm competência plena e podem fazer a lei geral Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões • A Constituição de 1988 (art. 25, § 3º) atribuiu aos estados a competência para instituir não só as regiões metropolitanas mas, também, aglomerações urbanas e microrregiões.• Região Metropolitana – conjunto de municípios contíguos, que apresentam certo nível de conturbação, e se concentram em torno de um município-polo. • Aglomerados Urbanos – áreas urbanas contíguas e conurbadas, mas sem um polo de atração. • Microrregiões – grupos de municípios contínuos com certa homogeneidade e problemas administrativos comuns, que não estão conturbados. Aspectos legais da criação de Regiões Metropolitanas, Aglomerações Urbanas e Microrregiões Legitimados Estados-Membros Requisito Formal Lei Complementar aprovada pela Assembleia Legislativa Requisito Material (elementos de constituição) Agrupamentos de municípios limítrofes: existem requisitos específicos para cada tipo de agrupamento, que devem ser observados. Finalidade Integrar a organização, planejamento e execução de funções públicas de interesse comum. Segundo o STF, o interesse comum inclui funções públicas e serviços. Função Pública de Interesse Comum (Lei nº 13.089/15) Política pública ou ação nela inserida cuja realização por parte de um Município, isoladamente, seja inviável ou cause impactos em Municípios limítrofes. Competências dos Municípios Competências Comuns Art. 23 São competências administrativas e todos os entes Competência Concorrente Art. 24, I, cominado com, Art. 30, II Competência Suplementar dos Municípios para completar leis gerais da União e Suplementares dos Estados quando forem de interesse local Competência de Interesse Local Art. 30, I Interesse predominante do Município. Não é exclusiva Competência Privativa Enumerada Art. 30, III ao IX Competências enumeradas dos Municípios Competência Privativa para o Plano Diretor Art. 182, § 1º Compete aos Municípios com mais de 20 mil habitantes elaborar um Plano Diretor Urbano Competências do Distrito Federal • Como o Distrito Federal é um ente híbrido, não é nem Estado, nem Município, tem a sua esfera de atuação aferida pela somatória de competências estaduais e municipais (art. 32, § 1º). • O Distrito Federal tem competências Estaduais e Municipais no que couber. • A autonomia do Distrito Federal é parcialmente tutelada pela União: • O art. 32, § 4º, determina que lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros Militar. • Embora essas entidades estejam subordinadas ao Governador do Distrito Federal, conforme art. 144, § 6º, elas são mantidas e organizadas diretamente pelo União (art. 21, XIV). • O Poder Judiciário e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios também são organizados e mantidos pela União, conforme art. 21, XIII combinado com o art. 22, XVII. Territórios Natureza São unidades descentralizadas da Administração Federal, com autonomia administrativa e financeira, equipadas, para efeitos legais aos órgãos da administração indireta (art. 3º do Decreto-Lei 411/69). Finalidade Desenvolvimento econômico, social, político e administrativo, visando à criação de condições para a ascensão à categoria de Estado. Natureza Jurídica Autarquia Federal. Criação Por lei federal >> Transformação em Estado é possível (art. 18, § 3º) Divisão Municipal É possível. Administração Feita por Governador nomeado pelo PR e aprovado pelo Senado Federal. Competência Legislativa Não tem. A Câmara Territorial tem apenas poder deliberativo (art. 33 §3º). Judiciário Organizado pelo TJ do DF e Territórios. É federal. MP e Defensoria MP do DF e Territórios / Defensoria Pública da União e Territórios. Fiscalização da Contas Competência do Congresso Nacional, com auxílio do TCU. Autonomia Autonomia administrativa, mas não é ente federativo.
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