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Radcliffe Brown e o Estrutural-Funcionalismo AULA 5

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Aula 5: Radcliffe-Brown e o Estrutural-Funcionalismo
Apresentação
Como vimos na aula anterior, Bronislaw Malinowski foi um dos principais responsáveis por introduzir na Antropologia o método e a escrita etnográfica. Por sua vez, coube a seu contemporâneo Radcliffe-Brown, introduzir na Antropologia britânica a disciplina teórica da Sociologia Francesa – Émile Durkheim e Marcel Mauss – auxiliando os novos pesquisadores de campo com um conjunto mais rigoroso de conceitos.
Três anos mais velho que Malinowski ultrapassando-lhe a fama e o sucesso, liderando da Antropologia Social Britânica no final da década de 1930.
Radcliffe-Brown e o Estrutural-Funcionalismo
 Alfred Reginald Radcliffe-Brown. ( Fonte: https://goo.gl/hCVjsr.)
Vida e Obra
Alfred Reginald Radcliffe-Brown nasceu em 17 janeiro de 1881, em Birmingham, Inglaterra. Aos 5 anos ficou órfão de pai. Rex, como então era chamado, foi um garoto prodígio, conseguindo uma bolsa de estudo na King Edward’s School.
Cancelou seus estudos antes de completar 18 anos para trabalhar na biblioteca de Birmingham, e assim, prestar ajuda financeira a sua mãe que então trabalhava como dama de companhia para sustentar a família;
Seu irmão mais velho, Herbert, o incentivou a continuar os estudos e o sustentou enquanto Radcliffe-Brown cursava Ciências Pré-médicas. Em seguida, Radcliffe-Brown ganhou uma bolsa de estudo no Trinity College, em Cambridge, Inglaterra.
É digna de nota a falta de interesse de Radcliffe-Brown em relação às populações indígenas do Brasil. Sobre elas, ele nada escreveu, embora tenha tido interesse pelas populações tradicionais de outros continentes em que desenvolveu suas atividades acadêmicas, como África e Austrália.
Para Melatti e Fernandes (1978, p. 30), tudo indica que Radcliffe-Brown estava pouco familiarizado com a cultura brasileira, pois, de acordo com os autores
“[...] havia uma atitude de estranheza e hesitação no relacionamento entre Radcliffe-Brown e os professores, brasileiros ou estrangeiros, da Universidade de São Paulo. Conta que, em certa ocasião, quando da recepção solene de um intelectual paraguaio pela Faculdade de Direito, Radcliffe-Brown compareceu com a beca da Universidade de Oxford, o que obrigou todos os demais professores a vestirem suas becas. Isso por certo indica que não só Radcliffe-Brown estava pouco familiarizado com a etiqueta do meio social que o acolhia, como também que ninguém tinha com ele suficiente intimidade para lhe informar a respeito dela”.
Em 1946, Radcliffe-Brown aposentou-se pela Universidade de Oxford. Mesmo após sua aposentadoria formal, continuou ocupando cargos em Cambridge, Londres, Manchester, Grahamstown e Alexandria. Faleceu em 1955, em Londres, na Inglaterra.
Radcliffe-Brown deu início ao seu trabalho de campo, nas Ilhas Andaman em 1906. Da pesquisa resultou sua tese de doutorado sobre os nativos dessas ilhas. Sendo influenciado por seu mestre Rivers, Radcliffe-Brown, em sua primeira investigação, abordou os costumes do povo andaman buscando explicações por meio de suposições históricas.
Todavia, como mencionam Mellati e Fernandes (1978, p. 25):
“Radcliffe-Brown, ao contrário, [esteve] sempre próximo da orientação de Durkheim. Rompendo logo no início de sua carreia com o historicismo, suas diretrizes teóricas e metodológicas se mantiveram mais ou menos as mesmas ao longo da sua carreira”.
Já em 1910, Radcliffe-Brown partiu para a Austrália, onde realizou seu segundo trabalho de campo. Naquela viagem, levou como acompanhante seu amigo e confidente Grant Watson, que cursava Ciências Naturais, mas que depois se tornou romancista.
Além de Watson, o grupo foi formado pela filantropa Sra. Battes e um marinheiro sueco, empregado particular de Radcliffe-Brown. A expedição foi financiada por um criador de gado que, tendo assistido à conferência de Radcliffe-Brown justificando os objetivos da expedição, pensou ser uma boa chance de retribuir parte da fortuna que seus trabalhadores aborígenes haviam lhe ajudado a ganhar.
A quase totalidade dos trabalhos realizados por Radcliffe-Brown, nas Ilhas Andaman, foi realizada na Grande Andaman, em maior parte por dificuldades linguísticas.
Inicialmente, trabalhou usando a língua indostânica que era inteligível entre os mais jovens, e, depois de certo período de tempo, passou a usar o dialeto local.
Radcliffe-Brown considerou que seus progressos, na coleta de informações, foram irrelevantes. Esses foram substanciais já no final da sua permanência em campo, quando então localiza um informante que falava inglês e que serviu-lhe como tradutor conseguindo, enfim, fazer algum progresso.
Kuper (1978, p. 57) chama a atenção para as diferenças entre o trabalho de campo empregado por Malinowski nas Ilhas Trobriand e aquele realizado por Radcliffe-Brown:
É impressionante o contraste com o trabalho de Malinowski nas Ilhas Trobriand. Até os seus métodos de coleta de dados são inadequados. Seu mestre, Rivers, desenvolvera o método genealógico, mas Radcliffe-Brown confessou: “Compilei certo número de genealogias dos nativos, mas lamentavelmente a minha própria experiência no uso do método genealógico, e a minha consequente inépcia para superar as dificuldades com que me deparei, fizeram desse ramo de minhas investigações um fracasso.
Para Radcliffe-Brown o importante para o etnólogo, em seu trabalho de campo, é a observação da organização social dos nativos antes do contato com a cultura ocidental. Nesse caso, a observação participante é de pouca ou nenhuma utilidade. Assim, Radcliffe-Brown propõe que os informantes escrevam  “qual era a constituição das ilhas em tempos idos”. E ainda:
[...] não seria seguro, entretanto, basear quaisquer argumentos de importância para a Sociologia somente na descrição acima do sistema andamanês de relações.
(KUPER, 1978, p. 58)
O trabalho de campo, tal como realizado por Radcliffe-Brown, foi classificado em etnografia de levantamento, que difere radicalmente do tipo de etnografia feito quase no mesmo momento por Malinowski nas Ilhas Trobrians.
Ainda houve tribos australianas que poderiam ser observadas e estudadas diretamente, mas Radcliffe-Brown não foi até elas, preferindo limitar-se ao estudo formal, como observou um dos seus discípulos: “ele não pode observar como funcionava essa estrutura ideal e lógica. Era forma sem conteúdo” (KUPER, 1978, p. 60).
Radcliffe-Brown fez uma longa pesquisa de campo nas Ilhas Andaman. Em seguida, fez uma série de curtos períodos de campo na Austrália. Sua experiência nessa metodologia é praticamente a mesma dos antropólogos modernos de sua época, que passaram um período maior junto a determinado povo indígena ou tradicional, a fim de recolher informações para elaborar sua tese, ficando suas pesquisas de campo posteriores condicionadas às folgas ou férias docentes.
Radcliffe-Brown almejava realizar uma pesquisa de campo bastante longa, na Austrália, mas foi impedido pela doença e pela guerra. Depois disso, conjuntamente com as atividades docentes, exerceu por diversas vezes cargos de direção, o que talvez possa ter lhe interrompido as pesquisas de campo.
Para os antropólogos Julio Cezar Melatti e Florestan Fernandes (1978, p. 27) o trabalho de campo de Radcliffe-Brown nada deixa a desejar enquanto descrição etnográfica. Se, por vezes, Radcliffe-Brown passou a impressão de pouco afeito ao trabalho de campo, isso se deve, segundo os autores acima mencionados, que em seus escritos:
[...] nunca faz referência à maneira como realmente realizou a pesquisa; são raras as passagens em que se anima a narrar algum incidente que tenha ocorrido no campo, assim, como são raros os casos narrados à guisa de ilustração de como atua uma regra ou um costume. Os dados são apresentados já completamente depurados, em generalizações abstraídas dos acontecimentos particulares em que se baseiam. Em suma, não deixa os leitores sentir a maneira como foi vivida a pesquisa.
Radcliffe-Brown, por meio de seu trabalho de campo, apresentou à Antropologia teoria e método científico. Foi inspiração paraa nova geração de antropólogos britânicos, entre esses, destacam-se Evans-Pritchard 2 e Meyer Fortes 3 .
Método
 Meninas adaman.
Radcliffe-Brown seguiu o método de Durkheim em grande parte de seus aspectos, mas não chegou a concordar com todas as suas teorias. Assim, como Durkhem, admitiu a possibilidade de classificar as sociedades, mas não utilizou os mesmos métodos de Durkheim; endossou a importância que Durkheim atribuía à procura das funções sociais, mas rejeitou o uso do conceito de causa, que substituiu pela procura de princípios.
Como Durkheim, procurava também explicações de cunho social para os fenômenos sociais, rejeitando as justificativas de natureza psicológica ou biológica.
Ao investigar os andamaneses em sua tese The Andaman Islanders, publicada em 1926, Radcliffe-Brown salientou como a sobrevivência daquela sociedade dependia da permanência de certos sentimentos nas mentes das pessoas.
Essa explicação poderia ser de natureza psicológica, caso Radcliffe-Brown não tivesse chamado a atenção para o fato de que esses sentimentos são transmitidos pelos ritos e mitos – fenômenos essencialmente sociais.
Nessa obra, encontramos dois conceitos básicos para a interpretação de Radcliffe-Brown (apud MELATTI; FERNANDES, 1978, p. 13): significado e função social.
Para o autor:
O significado de uma palavra, um gesto, um rito, está no que ele expressa, e isso é determinado por suas associações com um sistema de ideias, sentimentos e atitudes mentais.
(KUPER, 1978, p. 58)
O autor usa o conceito de função social:
Para denotar os efeitos de uma instituição (costumes e crenças) enquanto concernentes à sociedade e sua solidariedade ou coesão.
(RADCLIFFE-BROWN, apud MELATTI e FERNANDES, 1978, p. 13)
Em The Andaman Islanders, Radcliffe-Brown expõe que, para explicar um rito, é necessário, primeiro, encontrar seu significado, ou seja, os sentimentos que expressam, e, depois, identificar sua função social, salientando como as sociedades necessitam da presença de tais sentimentos para existir.
Radcliffe-Brown não restringiu suas investigações ao estudo de uma sociedade particular (andamaneses) ou de um grupo de sociedade (australianos). Também se debruçou na pesquisa de determinadas instituições, comparando a maneira como se manifestam em cada sociedade.
Entre essas instituições, as que receberam mais atenção do antropólogo foram o totemismo e o sistema de parentesco.
No artigo 4 O método comparativo em Antropologia Social, publicado em 1952, Radcliffe-Brown esboça o problema do totemismo, que não é o assunto principal, mas é tratado em um longo exemplo.
Radcliffe-Brown muda o foco da questão feita ao totemismo.
Não pergunta mais, por exemplo: por que há uma atitude ritual com os animais e outras espécies naturais? O questionamento, agora, é a seguinte: por que esta espécie é colocada de forma oposta àquela outra?
Vejamos como essa questão é colocada nos termos do autor:
O problema para o qual lhes desejo chamar a atenção, aqui, é bem diferente. Supondo-se que é adequado, por alguma razão, identificar divisões sociais pela associação com espécie naturais, qual o princípio pelo qual pares tais como gavião-real e corvo, águia e corvo, coiote e gato-selvagem, são escolhidos para apresentar as metades de uma divisão dual? A razão para fazer essa pergunta não é curiosidade ociosa. É licito supor que uma compreensão do princípio em questão nos dará um importante meio de penetrar no modo pelo qual os próprios nativos pensam a respeito da divisão dual como uma parte de sua estrutura social. Em outras palavras, ao invés de perguntar ‘Por que todas as aves?’, podemos indagar ‘Por que particularmente gavião-real e corvo, e outros pares?
(RADCLIFFE-BROWN, 1978 , p. 49)
Dito de outra forma, o motivo da associação de determinadas espécies a segmentos sociais não pode ser apreendido na espécie em si, mas na relação entre as características de uma espécie com as de outras.
 Águia. ( Fonte: Shutterstock )
 “O totemismo hoje” | ( Fonte: https://www.amazon.com.br/Totemismo-Hoje-Claude.)
Segundo Mellati e Fernandes (1978) a contribuição desse artigo, para o problema do totemismo, foi tão importante que o antropólogo Lévi-Strauss praticamente o adotou como parte da conclusão de seu livro O totemismo hoje.
O segundo tipo de instituição a que Radcliffe-Brown dedicou longos anos de investigação, comparando sua presença em diversas sociedades, foi o sistema de parentesco. Nesse campo, o antropólogo teve mais liberdade para desenvolver suas pesquisas, já que Lewis Morgan apoiou-se em explicações históricas dos sistemas de parentesco e a Sociologia Francesa praticamente negligenciou esse tema de estudo.
Radcliffe-Brown observa que os sistemas de parentescos eram, sobretudo, sistemas de relações sociais moldados pelos tipos de solidariedade e oposição que permeavam as relações sociais.
Esse tipo de relação está presente em seu estudo sobre o “gracejo” - um problema abordado inúmeras vezes em várias obras. Radcliffe-Brown (apud KUPER, 1978, p. 77) observa que, no grupo dos tongas, existe uma relação descontraída e amistosa entre um homem e o pai de sua mãe.
Vejamos nas palavras do autor:
[...] Contudo, se uma criança tomar excessivas liberdades com o seu Kokwana, o velho dir-lhe-á: ‘Vá brincar com o seu malume (irmão da mãe)’. Com efeito, o malume é, para seu sobrinho uterino, muito diferente de qualquer outro parente. Não é necessária qualquer mostra de respeito para com ele! ‘Vá para o bombela em sua aldeia; faça o que lhe apetecer. Você come tudo o que quiser sem pedir licença. Se estiver doente, ele cuidará muito bem de você e fará sacrifícios para você’... Quando o mupsuaiana vai para o seu tio materno, acompanhando por seus camaradas que farejam uma boa refeição, as esposas do malume (irmão da mãe) chama-nos: ‘Vem cá, marido! Veja, o seu malume escondeu alguma comida no fundo da cubata... por detrás da grande cesta. Vá buscá-la!’ O rapaz rouba a comida, foge com ela e come até a última dentada com seus amigos. O malume regressa e mostra-se furioso. Mas, quando lhe contam que a brincadeira foi feita pelo seu mupsuaiana, encolhe os ombros... Quando o sobrinho volta outro dia o malume diz: ‘Você nos matou de fome o outro dia!’ E o rapaz responde: ‘Não há mais comida à mão para que eu possa fazer isso outra vez?’ Por vezes, o malume (irmão da mãe) aponta para uma de suas mulheres e diz ao ntukula: ‘Esta é sua esposa. Faça com que ela o trate bem!’ Essa mulher desfruta a situação, que acha muito divertido. Faz uma carícia ao ntukula e chama-o de nkata (marido). O gracejo chega a ponto de, às vezes, o sobrinho dizer ao tio: ‘Por favor, apresse-se e morra para que eu possa ter a sua mulher’. E o malume responde: ‘Pretende matar-me com uma pistola?’”... Mas toda esta conversa é mero gracejo.
(RADCLIFFE-BROWN, 1978 , p. 49)
Radcliffe-Brown ( apud KUPER, 1978, p. 79) conclui dessa análise que a conduta brincalhona (gracejo) como a de evitação 5 são “modos de organizar um sistema definido e estável de comportamento social, em que os componentes conjuntivos e disjuntivos [...] são mantidos e combinados”.
Embora a lista de publicações de Radcliffe-Brown não seja muito extensa, seu prestígio e o impacto que suas pesquisas tiveram na Antropologia Social foram de grande alcance.
1. Ao longo da aula, lemos e discutimos trechos de textos de Radcliffe-Brown. Com base neles, responda à questão: Em que consiste a Sociologia propagada por Radcliffe-Brown?
Gabarito
Uma das características fundamentais da obra madura de Radcliffe-Brown consistiu na obstinação de expor e definir, por meio de textos e pronunciamentos, a sua visão de Sociologia como uma espécie de ciência natural e, por conseguinte, contrário às reconstruções historicistas.
Assim, Radcliffe-Brown procura estudar ou explicar o aspecto social de uma dada sociedade privilegiando o ponto de vista sincrônico em detrimento da análise diacrônica que estuda as relações sociais e culturais das sociedades através dos tempos.
Radcliffe-Brown se preocupa com a lógica interna do sistema socialde cada sociedade investigada. Não é que ele tivesse alguma coisa contra a História, essa poderia esclarecer os estudos sociais, mas sublinhava que era sempre possível entender as sociedades de um ponto de vista a-histórico.
2. O totemismo atraiu grande interesse dos antropólogos do século XIX e XX. Foi geralmente definido como um aspecto do modo como o homem concebe o relacionamento entre o mundo social e o natural.
O estudo sobre totemismo deteve grande atenção por parte de Radcliffe-Brown desde o tempo de sua investigação nas Ilhas Adaman.
Qual foi a grande contribuição de Radcliffe-Brown para o estudo do totemismo?
Gabarito
Por meio de seu método comparativo, Radcliffe-Brown aborda o estudo de totemismo. Para ele, os totens não são selecionados por causa de sua importância como alimento, colocando dessa vez, a seguinte questão: “Por que razões determinadas espécies eram selecionadas para simbolizar certas relações de grupos?” Depois de fazer um estudo comparativo Radcliffe-Brown chegou à conclusão que as ideias australianas sobre a águia e o corvo são apenas um caso particular de um fenômeno geral. Pois, segundo o antropólogo, a ideia australiana de “oposição” é uma aplicação particular da associação dos contrários que constitui característica universal do pensamento humano, pelo que pensamos por pares de contrários.
3. De acordo com Kuper (1978), Radcliffe-Brown dedicou longos anos da sua aposentadoria a narrar a história de suas diferenças em relação a Malinowski. Chegando Malinowski à Grã-Bretanha, em 1910, mostrou a Radcliffe-Brown um ensaio que escrevera sobre os aborígenes australianos, contendo um ponto de vista durkheimiano sobre função social.
Em 1914, na reunião histórica da Seção H, da Associação Britânica, na Austrália, “tivemos longas discussões sobre Antropologia, sobre as finalidades e os métodos de pesquisa de campo, e chegamos a um acordo razoavelmente completo”. Mas, depois, no final da década de 1920, Malinowski começou a propagar uma teoria da “Antropologia Funcional”, que tratava de toda uma gama de funções não sociais (MALINOWSK apud KUPER, 1978, p. 82).
Aponte as principais diferenças entre a Antropologia Funcionalista e a Sociologia Comparada propagada por Radcliffe-Brown.
Gabarito
Vimos que a grande influência no pensamento de Radcliffe-Brown foi a Sociologia Francesa. O autor compartilhou sempre o ponto de vista durhkeimiano, relacionado “não com as funções biológicas, mas com as funções sociais; não com o indivíduo biológico abstrato, mas com as pessoas concretas de uma sociedade” (RADCLIFFE-BROWN apud KUPER, 1978, p. 82). E ainda escreveu mais tarde: “como oponente sistemático do funcionalismo de Malinowski, posso ser chamado de antifuncionalista”.

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