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1 2 Antônio Gonçalves Sobreira ARQUEOLOGIA BÍBLICA 1a Edição Sobral/2018 3 4 Sumário Palavra do Professor autor Sobre o autor Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE I: NATUREZA E PROPOSITO DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA O que é Arqueologia? Funções da Arqueologia Bíblica Por que Antigas Cidades e Civilizações Desapareceram? A Escavação de um Sítio Arqueológico A Arqueologia e o Texto da Bíblia UNIDADE II: DESCOBERTAS MAIS EXPRESSIVAS Os manuscritos do mar morto O obelisco negro de Shalmaneser III (854-824 a.c) Pedra moabita UNIDADE III: A ERA DOS PATRIARCAS Era de Abraão O Zigurate Descobertas no Egito. Êxodo e conquista de Canaã Os cananeus Ugarite Invenção do alfabeto UNIDADE IV: A ARQUEOLOGIA E O NOVOTESTAMENTO Arqueologia e papirologia Jesus existiu? Os essênios e o Cristianismo Baixo Império Romano: o início da perseguição ICHTUS? 5 6 A Destruição de Jerusalém Flávio Josefo Leitura obrigatória Explicando melhor com a pesquisa Pesquisando na internet Saiba mais Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Palavra do professor autor Caro (a) estudante, Estamos iniciando essa disciplina com um desafio, de adquirir mais conhecimento em uma área que mescla ciência e história bíblica. A arqueologia bíblica tem corroborado para que a Bíblia ganhe cada vez mais credibilidade como um livro histórico, desmistificando uma antiga ideia preconceituosa que via a Bíblia como mera coletânea de mitos e histórias curiosas e interessantes mais sem nenhuma correspondência com a realidade histórica. É quase que senso comum acreditar que a Arqueologia Bíblica tem sua importância por conseguir provar as verdades da fé bíblica. Nada mais longe da verdade, pois as verdades da fé não podem ser provadas por achados arqueológicos. No entanto elas são fortalecidas quando se comprova a veracidade dos fatos históricos a que se vinculam. Um aspecto importante de como a arqueologia colabora com os estudos bíblicos é que ela tem provado a fidelidade na transmissão dos textos sagrados, em vista das descobertas no campo da papirologia, e uma confirmação histórica de dados, personagens, lugares da geografia bíblica, como dignos de total credibilidade. A arqueologia bíblica se mostrará um campo de estudo fascinante que nos transportará para épocas e lugares muito distantes do nosso. Boa sorte! 7 8 Sobre o autor Antônio Gonçalves Sobreira é pós-graduado em Ciências da Educação e Psicopedagogia. Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA (2013). Graduação em Bacharelado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (2009). Bacharel em Teologia Seminário Latino Americano de Teologia (1997). Atualmente é professor do Instituto Superior de Teologia Aplicada. Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Teologia Sistemática. Ambientação à disciplina A arqueologia é uma ciência que estuda restos e vestígios de civilizações antigas e tem como uma das suas especialidades a arqueologia bíblica, e a arqueologia do Oriente Médio. Na perspectiva ocidental a região mais estudada ou explorada é a chamada terra Santa, localizada no Oriente Médio. A arqueologia Bíblica tem toda uma metodologia que a caracteriza legitimamente como verdadeira ciência. As técnicas científicas empregadas são as mesmas da arqueologia em geral, com escavações e datação radiométrica, entre outras. Em contraste, a arqueologia do antigo Médio Oriente é mais ampla e generalizada, tratando simplesmente do Antigo Oriente sem tentar estabelecer uma relação específica entre as descobertas e a Bíblia. A arqueologia bíblica é a disciplina que se ocupa da recuperação e investigação científica dos restos materiais de culturas passadas que podem iluminar os períodos e descrições da Bíblia. Usa-se como base de tempo, um amplo período entre o ano 2000 a.C. e 100 d.C.. Outros preferem falar de arqueologia da Palestina, referindo-se aos territórios situados ao leste e oeste do Rio Jordão. Esta designação expressa o fato da arqueologia bíblica estar especialmente circunscrita aos territórios que serviram de cenário aos relatos bíblicos. A função da arqueologia bíblica não é confirmar ou desmentir os eventos bíblicos, nem pretende influenciar determinadas doutrinas teológicas, tal como a da salvação. Limita-se ao plano científico e não entra no terreno da fé. Ainda assim, alguns resultados da arqueologia bíblica podem e têm contribuído para aumentar o conhecimento sobre alguns dados históricos descritos nos relatos bíblicos envolvendo governantes, personagens, batalhas e cidades. 9 10 Trocando ideias com os autores Sugerimos que leia a obra: Arqueologia Bíblica. Esse livro mostra como a arqueologia bíblica confirma os relatos históricos da Bíblia. Um dos primeiros passos para o entendimento das Escrituras é discernir o significado do texto conforme escrito originalmente. Ainda que seja improvável que os arqueólogos desenterrem algum autógrafo as cópias passadas adiante chegaram até nós tão bem preservadas que nos dão a certeza de termos em nossas mãos a Palavra de Deus tal como foi revelada. Esses e outros temas são abordados na obra. PRICE, Randall. Arqueologia Bíblica. CPAD: São Paulo, 2016. Propomos também que leia a obra: Escavando a Verdade. A escavação é um ponto de partida. A verdade é o único objetivo final que realmente interessa. Entre estes dois extremos cabem: aventuras, descobertas, polêmicas e conclusões. Se isto é contado através de uma narrativa cativante e ilustrado com fotos e mapas, o resultado só pode ser um livro extremamente agradável e informativo. SILVA, Rodrigo. Escavando a Verdade. Casa Publicadora Brasileira: São Paulo, 2008. Guia de estudo: Após a leitura das obras, produza um texto abordando a importância da Arqueologia para um entendimento da Bíblia. Problematização No mundo atual muitos se questionam acerca da autenticidade dos textos bíblicos, a historicidade de seus personagens e de suas histórias. Sabemos que a arqueologia por meio da papirologia tem feito descobertas impressionantes nesse campo. Também é bastante comum encontrarmos pessoas que consideram a Bíblia um mito e seus relatos peça de ficção. Guia de estudo: Com base no que foi mencionado, produza um texto abordando como a arqueologia bíblica pode ajudar o cristão a fortalecer sua convicção na historicidade dos eventos bíblicos e como o fortalecimento da convicção da historicidade da Bíblia colabora com a convicção e confiança na sua mensagem? 11 12 A NATUREZA E O PROPÓSITO DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA 1 Conhecimento Conhecer os aspectos introdutórios da disciplina Arqueologia Bíblica, técnicas, terminologia, elementos. Habilidade Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em ambiente acadêmico acerca do tema. Atitude Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la nas suas práxis. 13 14 O que é arqueologia? A palavra arqueologia vem de duas palavras gregas, archaios e logos, que significam literalmente “um estudo das coisas antigas”. No entanto, o termo se aplica, hoje, ao estudo de materiais escavados pertencentes a eras anteriores. A arqueologia bíblica pode ser definida como um exame de artefatos antigos outrora perdidos e hoje recuperados e que se relacionam ao estudo das Escrituras e a caracterização da vida nos tempos bíblicos. A arqueologia é basicamente uma ciência. O conhecimento neste campo se obtém pela observação e estudosistemáticos, e os fatos descobertos são avaliados e classificados num conjunto organizado de informações. A arqueologia é também uma ciência composta, pois busca auxílio em muitas outras ciências, tais como a química, a antropologia e a zoologia. Naturalmente, alguns objetos de investigação arqueológica (tais como obeliscos, templos egípcios e o Parthenon em Atenas) jamais foram “perdidos”, mas talvez algum conhecimento de sua forma ou propósito original, bem como o significado de inscrições neles encontradas, tenha se perdido. Funções da Arqueologia Bíblica: A arqueologia auxilia-nos a compreender a Bíblia. Ela revela como era a vida nos tempos bíblicos, e que passagens obscuras da Bíblia realmente significam, e como as narrativas históricas e os contextos bíblicos devem ser entendidos. A Arqueologia também ajuda a confirmar a exatidão de textos bíblicos e o conteúdo das Escrituras. Ela tem mostrado a falsidade de algumas teorias de interpretação da Bíblia. Tem auxiliado a estabelecer a exatidão dos originais gregos e hebraicos e a demonstrar que o texto bíblico foi transmitido com um alto grau de exatidão. Tem confirmado também a exatidão de muitas passagens das Escrituras, como, por exemplo, afirmações sobre numerosos reis e toda a narrativa dos patriarcas. Não se deve ser dogmático, todavia, em declarações sobre as 15 16 confirmações da arqueologia, pois ela também cria vários problemas para o estudante da Bíblia. Por exemplo: relatos recuperados na Babilônia e na Suméria descrevendo a criação e o dilúvio de modo notavelmente semelhante ao relato bíblico deixaram perplexos os eruditos bíblicos. Essas descobertas levantam a seguinte polêmica: teria o autor do gênesis plagiado o relato sumério? Há ainda o problema de interpretar o relacionamento entre os textos recuperados em Ras Shamra (uma localidade na Síria) e o Código Mosaico. Pode-se, todavia, confiantemente crer que respostas a tais problemas virão com o tempo. Até o presente não houve um caso sequer em que a arqueologia tenha demonstrado definitiva e conclusivamente que a Bíblia estivesse errada! Por que Antigas Cidades e Civilizações desapareceram? Sabemos que muitas civilizações e cidades antigas desapareceram como resultado do julgamento de Deus. A Bíblia está repleta de tais indicações. Algumas explicações naturais, todavia, também devem ser brevemente observadas. As cidades eram geralmente construídas em lugares de fácil defesa, onde houvesse boa quantidade de água e próximo a rotas comerciais importantes. Tais lugares eram extremamente raro no Oriente Médio antigo. Assim, se alguma catástrofe produzisse a destruição de uma cidade, a tendência era reconstruir na mesma localidade. Uma cidade podia ser amplamente destruída por um terremoto ou por uma invasão. Fome ou pestes podiam despovoar completamente uma cidade ou território. Nesta última circunstância, os habitantes poderiam concluir que os deuses haviam lançado sobre o local uma maldição, ficando assim temerosos de voltar. Os locais de cidades abandonadas reduziam-se rapidamente a ruínas. E quando os antigos habitantes voltavam, ou novos moradores chegavam à região, o hábito normal era simplesmente aplainar as ruínas e construir uma nova cidade. Formavam-se, assim, pequenos morros ou taludes, chamados de tell, com muitas camadas superpostas de habitação. Às vezes, o suprimento de água se esgotava, rios mudavam de curso, vias comerciais eram redirecionadas ou os ventos da política sopravam noutra direção - o que resultava no permanente abandono de um local. Meio e método A arqueologia bíblica é um ramo da arqueologia do Próximo Oriente que constitui o quadro em que se desenrolou a maior parte dos acontecimentos narrados na Bíblia. O objetivo da arqueologia bíblica é investigar até que ponto as descobertas arqueológicas feitas no Próximo Oriente contribuem para esclarecer os antecedentes históricos e culturais do texto bíblico. Seu objetivo não é provar a veracidade da mensagem religiosa contida na Bíblia, pois esta se adereça a fé, e nunca pode ser objeto de investigação científica. Próximo Oriente: compreende a região da Ásia próxima ao Mar Mediterrâneo, a oeste do rio Eufrates, incluindo: Síria, Líbano, Israel, Palestina e Iraque. Todavia, uma vez que a história bíblica se inscreve num contexto histórico social preciso, a Arqueologia pode se pronunciar sobre a validade do quadro histórico em que sua mensagem religiosa é inserida. Se o quadro histórico demonstra-se válido, então a mensagem religiosa ganha também confiança. Os trabalhos arqueológicos modernos permitem conhecer bem melhor o contexto histórico e cultural da Bíblia do que era possível antes que a pá do arqueólogo se pusesse trabalhar em meados do século passado. A Bíblia nada perde de seu valor quando se empreende um estudo comparativo das antigas culturas do Próximo Oriente. Ao contrário, essas pesquisas põem em relevo o que o povo da Bíblia tinha em comum com seus contemporâneos, bem como aquilo que os distinguia dos demais. Partindo de dados arqueológicos, este estudo comparativo demonstra cada vez mais que o povo hebreu partilhava uma cultura comum com outros povos semitas, que, falava uma língua muito parecida com outras línguas de Canaã, e que sofria as mesmas influências políticas e culturais que seus vizinhos, embora fosse herdeiro de uma fé infinitamente mais pura e mais elevada que a deles. 17 18 Além disso, a arqueologia permite compreender alusões históricas mencionadas só por alto pelo texto bíblico. Ninguém poderia supor a partir dos poucos versos que o Velho Testamento consagra a Onri (1 Reis 16: 23-28), que este rei de Israel gozava de uma influência política considerável. Do mesmo modo dependemos de fontes extras bíblicas vindas à luz em escavações arqueológicas para saber que o Rei Acabe de Israel foi um dos aliados mais importantes da coalizão que se opôs ao rei da Assíria na Batalha de Qarqar (853 A.C.). É, pois um dos objetivos deste curso obter uma compreensão clara dos fatos históricos mencionados na Bíblia a luz da arqueologia do Próximo Oriente. Há um século, sob a influência da alta crítica, era comum se afirmar que a história bíblica não passava de um acervo de lendas. Hoje, graças às descobertas arqueológicas, o fundo histórico da Bíblia é olhado com muito mais respeito. Assim, uma das maiores autoridades no campo da Arqueologia Bíblica podia afirmar a poucas décadas: "Não há dúvida que a arqueologia tem confirmado a historicidade fundamental da tradição do Antigo Testamento" ( ALBRIGHT, Arqueologia e a religião de Israel, 1955, p. 176). Não somente a história, mas também as línguas antigas têm sido beneficiadas por descobertas arqueológicas fortuitas ou planejadas. A descoberta de milhares de tabletes nos arquivos de Mari, de Ugarite, de Tell el- Amarna, para mencionar apenas alguns enriqueceram enormemente nosso conhecimento das línguas semíticas antigas. O progresso subsequente da filologia e da semântica tem facilitado à tradução e a interpretação de um grande número de textos bíblicos que de outro modo teriam permanecido obscuros. As fontes de informações arqueológicas consistem de objetos descobertos no curso de escavações, tais como vasos, utensílios, joias, estatuetas, etc., bem como os documentos escritos que as antigas civilizações nos legaram; Guerras ou desastres naturais causaram a destruição de muitas das cidades e vilas da antiguidade. Uma vez abandonadas, sofreram o desgaste do tempo, chuvas, tempestades de areia, etc. Outras cidades despareceram sob as cinzas de uma explosão vulcânica. Este foi o caso de Herculano e Pompeia em (69 A.D) ou de Sancorine, por volta de 1500 (a.C.) A vida em Nínive parou subitamente quando a cidade foi destruídaem 612 (a.C.) pelo ataque combinado dos Medos e dos Babilônicos. A destruição foi tão completa que quando Alexandre visitou a região, menos de três séculos mais tarde, o lugar mesmo da antiga capital tinha caído no esquecimento. Quando Botta e Layard ai começaram escavações por volta de 1840, encontraram os palácios dos reis da Assíria quase que intactos. A Escavação de um Sítio Arqueológico O arqueólogo bíblico pode se dedicar à escavação de um sítio arqueológico por várias razões. Se o talude que ele for estudar reconhecidamente cobrir uma localidade bíblica, ele provavelmente procurará descobrir as camadas de ocupações relevantes à narrativa bíblica. Ele pode está procurando uma cidade que se sabe ter existido, mas ainda não foi positivamente identificada. Talvez procure resolver dúvidas relacionadas à proposta identificação de um sítio arqueológico. Possivelmente estará procurando informações concernentes a personagens ou fatos da história bíblica que ajudarão a esclarecer a narrativa bíblica. Uma vez que o escavador tenha escolhido o local de sua busca, e tenha feito os acordos necessários (incluindo permissões governamentais, financiamento, equipamento e pessoal), ele estará pronto para começar a operação. Uma exploração cuidadosa da superfície é normalmente realizada em primeiro lugar, visando saber o que for possível através de pedaços de cerâmica ou outros artefatos nela encontrados, verificar se certa configuração de solo denota a presença do resto de alguma edificação, ou descobrir algo da história daquele local. Faz-se, sem seguida, um mapa do contorno do talude e escolhe-se o setor (ou setores) a ser (em) escavado (s) durante uma sessão de escavações. Esses setores são geralmente divididos em subsetores de um metro quadrado para facilitar a rotulação das descobertas. 19 20 A Arqueologia e o Texto da Bíblia Embora a maioria das pessoas pense em grandes monumentos e peças de museu e em grandes feitos de reis antigos quando se faz menção da arqueologia bíblica, cresce o conhecimento de que inscrições e manuscritos também têm uma importante contribuição ao estudo da Bíblia. Embora no passado a maior parte do trabalho arqueológico estivesse voltada para a história bíblica, hoje ela se volta crescentemente para o texto da Bíblia. O estudo intensivo de mais de 3.000 manuscritos do Novo Testamento (N.T.) grego, datados do segundo século da era cristão em diante, tem demonstrado que o (N.T.) foi notavelmente bem preservado em sua transmissão desde o terceiro século até agora. Nem uma doutrina foi pervertida. Westcott e Hort concluíram que apenas uma palavra em cada mil do (N.T.) em grego possui uma dúvida quanto a sua genuinidade. Uma coisa é provar que o texto do (N.T.) foi notavelmente preservado a partir do segundo e terceiro séculos; coisa bem diferente é demonstrar que os evangelhos, por exemplo, não evoluíram até sua forma presente ao longo dos primeiros séculos da era cristã, ou que Cristo não foi gradativamente divinizado pela comunidade cristã. Na virada do século XX uma nova ciência surgiu e ajudou a provar que nem os Evangelhos e nem a visão cristã de Cristo sofreram evoluções até chegarem à sua forma atual. Grenfell e Hunt realizaram escavações no distrito de Fayun, no Egito (1896-1906), e descobriram grandes quantidades de papiros, dando início à ciência da papirologia. Os papiros, escritos numa espécie de papel grosseiro feito com as fibras de juncos do Egito, incluíam uma grande variedade de tópicos apresentados em várias línguas. O número de fragmentos de manuscritos que contêm porções do (N.T.) chega hoje a 77 papiros. Esses fragmentos ajudam a confirmar o texto final encontrado nos manuscritos maiores, feitos de pergaminho, datados do quarto século em diante, ajudando assim a formar uma ponte mais confiável entre os manuscritos mais recentes e os originais. O impacto da papirologia sobre os estudos bíblicos foi fenomenal. Muitos desses papiros datam dos primeiros três séculos da era cristã. Assim, é possível estabelecer o desenvolvimento da gramática nesse período, e, com base no argumento da gramática histórica, datar a composição dos livros do (N.T.) no primeiro século da era cristã. Na verdade, um fragmento do Evangelho de João encontrado no Egito pode ser paleograficamente datado de aproximadamente 125 (d.C.) Descontado certo tempo para o livro entrar em circulação, deve-se atribuir ao quarto Evangelho uma data próxima do fim do primeiro século é exatamente isso que a tradição cristã conservadora tem atribuído a ele. Ninguém duvida que os outros três Evangelhos são um pouco anteriores ao de João. Se os livros do (N.T.) foram produzidos durante o primeiro século, foram escrito bem próximo dos eventos que registram e não houve tempo de ocorrer qualquer desenvolvimento evolutivo. Todavia, a contribuição dessa massa de papiros de todo tipo não para aí. Eles demonstram que o grego do (N.T.) não era um tipo de linguagem inventada pelos seus autores, como se pensava antes. Ao contrário, era, de modo geral, a língua do povo dos primeiros séculos da era cristã. Menos de 50 palavras em todo o (N.T.) foram cunhadas pelos apóstolos. Além disso, os papiros demonstraram que a gramática do (N.T.) grego era de boa qualidade, se julgada pelos padrões gramaticais do primeiro século, não pelos do período clássico da língua grega. Além do mais, os papiros gregos não bíblicos ajudaram a esclarecer o significado de palavras bíblicas cuja compreensão ainda era duvidosa, e lançaram nova luz sobre outras que já eram bem entendidas. Até recentemente, o manuscrito hebraico do Antigo Testamento (A.T.) de tamanho considerável mais antigo era datado aproximadamente do ano 900 da era cristã, e o (A.T.) completo era cerca de um século mais recente. Então, no outono de 1948, os mundos religioso e acadêmico foram sacudidos com o anúncio de que um antigo manuscrito de Isaías fora encontrado numa 21 22 caverna próxima à extremidade noroeste do Mar Morto. Desde então um total de 11 cavernas da região têm cedido ao mundo os seus tesouros de rolos e fragmentos. Dezenas de milhares de fragmentos de couro e alguns de papiro forma ali recuperado. Embora a maior parte do material seja extra bíblico, cerca de cem manuscritos (em sua maioria parcial) contêm porções das Escrituras. Até aqui, todos os livros do (A.T.), exceto Ester, estão representados nas descobertas. Como se poderia esperar, fragmentos dos livros mais frequentemente citados no (N.T.) também são mais comuns em Qumran (o local das descobertas). Esses livros são Deuteronômio, Isaías e Salmos. Os rolos de livros bíblicos que ficaram melhor preservados e têm maior extensão são dois de Isaías, um de Salmos e um de Levítico. O significado dos Manuscritos do Mar Morto é tremendo. Eles fizeram recuar em mais de mil anos a história do texto do (A.T.) (depois de muito debate, a data dos manuscritos de Qumran foi estabelecida como os primeiros séculos (a.C e d.C). Eles oferecem abundante material crítico para pesquisa no (A.T.), comparável ao de que já dispunham há muito tempo os estudiosos do (N.T.) Além disso, os Manuscritos do Mar Morto oferecem um referencial mais adequado para o (N.T.), demonstrando, por exemplo, que o Evangelho de João foi escrito dentro de um contexto essencialmente judaico, e não grego, como era frequentemente postulado pelos estudiosos. E ainda, ajudaram a confirmar a exatidão do texto do (A.T.) A Septuaginta, comprovava os Manuscritos do Mar Morto, é bem mais exata do que comumente se pensa. Por fim, os rolos de Qumran nos ofereceram novo material para auxiliar na determinação do sentido de certas palavras hebraicas. DESCOBERTAS MAIS EXPRESSIVAS 2 Conhecimento Conhecer as descobertas mais importantes para a arqueologiabíblica. Habilidade Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em ambiente acadêmico acerca do tema. Atitude Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la nas suas práxis. 23 24 Os manuscritos do Mar Morto Os Manuscritos do Mar Morto podem ser considerados a maior descoberta arqueológica do século XX. Graças a eles, caiu por terra a alegação de que a Bíblia conteria erros oriundos de copistas descuidados ou mal intencionados. Datados seguramente de até 250 anos antes de Cristo, os pergaminhos preservados nas cavernas de Qumran, no deserto da Judeia, teriam sido escritos pelos Essênios uma comunidade de judeus ascetas, e descobertos em 1947, deixaram claro que as versões bíblicas existentes até então (e, logicamente, as de hoje também) eram plenamente confiáveis e refletiam o conteúdo da versão corrente no tempo de Jesus – a versão que Ele leu e considerou autorizada. Porém, Rachel Elior, criou uma nova tese sobre quem escreveu tais manuscritos. Há dez anos ela se dedica ao estudo dos Manuscritos e afirma que os autores deles não foram os essênios, como comumente alegado, mas, sim, os saduceus. Veja alguns trechos da matéria: “Elior (...) concluiu que os textos pertenciam a um clã de sacerdotes conhecidos como saduceus, e que os essênios não passam de uma ficção literária criada pelo historiador judeu Flávio Josefo, que viveu em Roma no século I”. Ela argumenta que a versão fantasiosa foi acatada como verdade desde então, mas que não há uma só menção aos próprios essênios nos manuscritos: ‘Ao contrário, os autores identificam-se claramente como sacerdotes, filhos de Zadoque. ’ Os saduceus foram banidos de Jerusalém no século (II a.C.), e Elior acredita que os manuscritos são parte da biblioteca do templo levada por eles para um esconderijo seguro no deserto. Descrições dos essênios feitas por antigos gregos e romanos afirmam que havia milhares deles vivendo em comunidade e que evitavam o sexo. Isso chama atenção, pois ia contra a exortação bíblica de ‘crescei e multiplicai-vos’, respeitadíssima 25 26 no judaísmo. ‘Não faz sentido milhares de pessoas terem vivido em desacordo com a lei religiosa e não haver menção alguma a elas em textos ou fontes judaicas do período’, argumenta Elior. “Elior não cede aos críticos. ‘A maioria de meus oponentes só leu Josefo e outras referências clássicas sobre os essênios’, diz. ‘Deveriam ler os Manuscritos do Mar Morto. Neles está a prova.” Durante toda a Idade Média, por interesses principalmente políticos e econômicos, a Igreja foi aos poucos agasalhando em seu seio doutrinas e costumes absolutamente contrários ao espírito e ensinos de Jesus e dos apóstolos. Por essa razão, muitas pessoas passaram a temer que a Bíblia também tivesse sofrido alterações significativas. O receio era de que o texto do Antigo Testamento que temos hoje não fosse exatamente aquele no qual Jesus e os apóstolos basearam todos os seus ensinos; que não fosse mais a “Palavra de Deus” como originalmente havia sido escrita. Felizmente, a Arqueologia praticamente acabou com essa dúvida. E tudo graças a um menino! Em 1947, vasculhando as cavernas do extremamente árido e inóspito lado ocidental do Mar Morto, em busca de uma ovelha perdida, um garoto beduíno encontrou grandes vasos de barro que continham antigos manuscritos escondidos ali. A partir de então, outros beduínos e arqueólogos encontraram, em onze cavernas da região, mais de 800 diferentes manuscritos, incluindo todos os livros do Antigo Testamento, com exceção dos livros de Ester e Neemias. De alguns livros da Bíblia foram encontrados apenas fragmentos; em outros casos, a maior parte do texto foi recuperada. O livro do profeta Isaías foi encontrado praticamente inteiro! Apenas um dos rolos havia sido escrito em finas folhas de cobre. Todos os demais foram escritos em pergaminho (pele de animal especialmente preparada para essa finalidade). Assim, por terem utilizado material orgânico, esses livros bíblicos puderam ser submetidos ao processo de datação conhecido como Carbono 14. Outro método utilizado para determinar a época em que foram escritos foi à análise paleográfica (análise da forma da escrita, que em cada época tem características típicas). Surpreendentemente, constatou-se que os manuscritos havia sido produzidos entre o século (II a.C.) e o século (I d.C) – portanto, em dias anteriores e contemporâneos a Jesus. Judeus zelosos dessa época, provavelmente para salvar os livros sagrados de algum perigo iminente, devem tê-los escondido nas remotas e quase inacessíveis cavernas do Mar Morto. E maior surpresa ainda, quando comparados, constatou-se que os livros do Antigo Testamento que temos hoje são essencialmente idênticos aos textos que existiam nos dias de Jesus. Jesus certa vez disse: “Vós examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim” (João 5:39). Como é confortador saber que as Escrituras que temos hoje em nossas mãos são aquelas mesmas que Jesus lia e ensinava. O obelisco negro de shalmaneser III (854-824 a.C) O arqueólogo Henry Layard descobriu este obelisco de pedra negra, em 1846, durante as suas escavações do sítio de Kalhu, a antiga capital da Assíria. Foi erguido um monumento público em (825 a.C) numa época de guerra civil. As esculturas em relevo glorificavam as conquistas do rei Shalmaneser III (reinou de 858-824 aC). Ele enumera as suas campanhas militares de trinta e um anos e que o tributo que exigiu aos seus vizinhos, incluindo camelos, macacos, um elefante e um rinoceronte. Reis assírios, muitas vezes recolhidos animais e plantas exóticas, como expressão de seu poder. Há cinco cenas de homenagem, cada qual ocupa quatro painéis 27 28 em volta do rosto do obelisco e é identificado por uma linha de escrita cuneiforme acima do painel. De cima para baixo são eles: Sua de Gilzanu (no noroeste do Irão), Jeú de Bit Omri (antigo norte de Israel), Uma régua de Musri sem nome (provavelmente Egipto), Marduk-apil-usur de Suhi (Médio Eufrates, Síria e Iraque), Qalparunda de Patin (região de Antakya, na Turquia). O segundo registo a partir do topo inclui a imagem mais antiga sobrevivente de um israelita: a Jeú bíblica, rei de Israel, trouxe ou mandou o seu tributo em cerca de (841 a.C) Acabe, filho de Omri, rei de Israel, tinham perdido a vida na batalha há alguns anos, lutando contra o rei de Damasco, em Ramote-Gileade (2aReis 8:28,29; 2a Crónicas 22:5,6). O seu segundo filho (Joram) foi sucedido por Jeú, um usurpador, que rompeu a aliança com a Fenícia e Judá, e submetidos à Assíria. A legenda abaixo da cena, escrito em cuneiforme Assíria, pode ser traduzida “O tributo de Jeú, filho de Omri: eu recebi dele prata, ouro, uma tigela de ouro, um vaso de ouro com fundo aguçado, copos de ouro, baldes de ouro, estanho, um pessoal de um rei [e] lanças”. Os especialistas em escrita cuneiforme começaram então a traduzir as quase 200 linhas de textos desse rei. Elas falavam de vários governantes de diversos lugares que haviam presenteado Salmanasar III e lhe prestado homenagem, prostrando-se diante dele. Vários nomes bem diferentes dos nossos estavam no texto: Marduk-apil-usur, rei de Suhi, Qalparunda, rei de Patin, Jeú, rei de Israel. Pedra Moabita Pedra Moabita ou Estela de Mesa é uma pedra de basalto, com uma inscrição sobre Mesa, Rei de Moabe. Essa registra a conquista de Moabe por Omri, Rei de Israel Setentrional. Após a morte de Acabe, filho de Omri, Mesa revolta-se depois de prestar vasalagem por 40 anos. Esta inscrição completae confirma o relato bíblico em (II Reis 3:4-27). A estela teria sido feita, aproximadamente, por volta de (830 a.C). A estela foi adquirida em Jerusalém pelo missionário alemão F. A. Klein, em 1868. Encontrada em Díbon, a antiga capital do Reino de Moabe, a 4 milhas a Norte do Rio Árnon. Encontra-se no Museu do Louvre, em Paris. Com a exceção de algumas variações, mostra que a escrita dos moabitas era idêntica ao hebraico. Menciona o Tetragrama Sagrado no lado direito da estela, na linha 18. É um documento de grande importância e interessante relativo ao estudo da linguística hebraica, ou seja, a formação e evolução do alfabeto hebraico. A Pedra Moabita confirma o nome de locais e de cidades moabitas mencionadas no texto bíblico: Atarote e Nebo (Números 32:34,38), Aroer, o Vale de Árnon, planalto de Medeba, Díbon (Josué 13:9), Bamote-Baal, Bet- Baal-Meon, Jaaz [em hebr. Yáhtsha] e Quiriataim (Josué 13:17-19), Bezer (Josué 20:8), Horonaim (Isaías 15:5), e Bet-Diblataim e Queriote (Jeremias 48:22,24). Transcrição em português da Pedra Moabita "Eu Mesa, filho de [deus] Quemós [...], Rei de Moabe, o dibonita – o meu pai reinou sobre Moabe 30 anos e eu reinei depois do meu pai – fiz este lugar alto para Que- mós, Qarhoh, porque ele me salvou de todos os reis e fez-me triunfar de todos os meus adversários. No que toca a Omri, Rei de Israel [Setentrional], este humilhou Moabe durante muito tempo, porque Quemós estava irritado com sua terra. E o seu filho seguiu-o e disse também: Hei-de humilhar Moabe. No meu tempo ele o disse, mas eu triunfei 29 30 sobre ele e a sua casa, enquanto Israel tinha perecido para sempre! Omri tinha ocupado a terra de Mádaba e Israel tinha habitado lá no seu tempo e durante metade do tempo do seu filho [Acabe, filho de Omri], por 40 anos; mas Que- mós habitou ali, no meu tempo. E construí Baal-Meon, fazendo nela um reservatório [ou cisterna]; construí também Qaryaten. Os homens de Gade tinham sempre habitado a terra de Atarot e o rei de Israel tinha construído Atarot para eles; mas eu combati contra a cidade e tomei-a e matei todos os habitantes da cidade para satisfação de Quemós e Moabe. E trouxe dali Arel, seu cabecilha, arrastando-o para diante de Quemós em Qeriot e estabeleci homens de Sharon e de Maharit. E Quemós disse-me: Vai e toma [o Monte] Nebo a Israel. Assim, eu fui de noite e combati contra ela, desde do raiar aurora até meio dia, tomando-a e matando todos, 7 mil homens, mulheres, rapazes, raparigas e servas, por que tinham sido devotados anátema [ou destruição] para Ashtar-Quemós. E dali os tirei [...] de YHVH (Jeová), arrastando até diante de Quemós. E o rei de Israel tinha construído Jahaz e residia ali, enquanto lutava contra mim, mas Quemós tirou- o de diante de mim. E tomei de Moabe duzentos homens de guerra, todos de primeira classe, e coloquei-os contra Jahaz e tomei-a para anexar Díbon. Fui eu que construí Qarhoh, o muro das florestas e muro da cidadela; também construí as suas portas e construí as suas torres e construí a casa do Rei e fiz os seus reservatórios para água, dentro da cidade. E não havia cisterna dentro da cidade de Qarhoh, por isso disse ao povo: Que cada um de vós faça uma cisterna para si mesmo, na sua casa. E eu cortei vigas para Qarhoh com prisioneiros israelitas. Construí Aroer e fiz a estrada no Vale de Aroer; construí Bet-Bamot, pois tinha sido destruída; construí Becer – pois estava em ruínas – com 50 homens de Dibon, pois todo o território de Díbon era minha leal dependência. E reinei em paz sobre as 100 cidades que tinha acrescentado ao país. E eu construí [...], Medeba, Bet-Diblaten e Bet-Baal- Meon, e estabeleci ali o [...] país. E quando Hauronen, ali moraram [...] Quemós disse-me: Vai lá baixo e combate contra Hauro- nen. E eu desci e combati contra a cidade e tomei-a, e Quemós habitou lá no meu tempo..." Os Amuletos de Ketef Hinnom (1979) , Contêm os mais antigos textos do Antigo Testamento (séc. VII-VI a.C.), descoberto por um arqueólogo bíblico, o hùngaro-israelense Gabriel Barkay (1944-). Os chamados Amuletos de Ketef Hinnom são, na realidade, dois rolos de papel de prata minúsculos provavelmente usados como amuletos em volta do pescoço, achados na câmara funerária 25 da caverna 24 de Ketef Hinnom (em hebraico: 'ombro de Hinom', um sítio arqueológico localizado numa colina com vista para o Vale de Hinom, a sudoeste da Cidade Velha de Jerusalém). Entre 1975 e 1980, Gabriel Barkay descobriu alguns sepulcros em Ketef Hinnom, um sítio arqueológico perto de Jerusalém, com uma série de câmaras funerárias cortadas na pedra, em cavernas naturais. O local parecia ser arqueologicamente estéril e tinha sido usado para armazenar armamento durante o período otomano. A maior parte daqueles sepulcros tinha sido saqueada, mas felizmente o conteúdo de Câmara 25, foi preservado devido a um aparente desabamento parcial do teto da caverna, ocorrido também muito tempo antes. O sepulcro foi datado como entre os séculos (VII e VI a.C), antes do exílio. O sepulcro continha restos de esqueletos de 95 pessoas, 263 vasos de cerâmica inteiros, 101 peças de joalheria, entre elas 95 de prata e 6 de ouro, muitos objetos esculpidos de osso e marfim e 41 pontas de flechas de bronze ou de ferro. Além disso, havia dois pequenos e curiosos rolos de prata, sendo que um deles tinha cerca de uma polegada de comprimento e menos de meia 31 32 polegada de espessura, enquanto que o outro tinha meia polegada de comprimento e um quinto de polegada de espessura. Admitiu-se que esses rolos fossem usados como amuletos e que contivessem alguma inscrição. O processo ultradedicado, desenvolvido para abrir os rolos de papel sem que os mesmos se desintegrassem, levou três anos. Quando os rolos foram abertos e limpos, a inscrição continha porções de Números (6:24-26): O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti... E te dê a paz. Esta inscrição é uma das mais antigas e preservadas contendo o nome do Deus Israelita: YHWH ou Jeová. Os chamados de Amuletos de Ketef Hinnom, na realidade dois rolos de papel de prata minúsculos achados na câmara funerária 25 da caverna 24 de Ketef Hinnom, contêm a mais antiga inscrição bíblica (600 a. C). O Papiro de John Rylands, redescoberto (1934) por C. H. Roberts na Biblioteca John Rylands (1801-1888) em Manchester, Inglaterra. Conhecido como o "fragmento de São João", é um fragmento de papiro exposto na Biblioteca de John Rylands, Manchester, Reino Unido. Escrito em grego antigo, o papiro contém parte do capítulo 18 do Evangelho segundo João, estando, na frente, os versículos (31-33) e, no verso, os versículos (37 e 38). Alguns historiadores afirmam que o papiro com o texto do Evangelho de João (18:31-33,37-38), teria sido escrito entre o período de 100 a 125 (d.C.). Outros argumentam que o estilo da escrita, leva a uma data entre os anos (125 e 160 d.C.). Independentemente destas diferenças, o manuscrito foi amplamente aceito como o texto mais antigo de um evangelho canônico, tornando-se assim, o primeiro documento que se refere à pessoa de Jesus. De qualquer modo, o papiro, que conta parte da história de Jesus de Nazaré, remonta a poucos anos após a morte de seu discípulo João . A Pintura Mural Tumba de Beni Hasan (1923), Tebas, uma pintura mural da tumba de um nobre em Beni Hasan, Egito, que data do tempo de Abraão (XIX a. C) A descoberta revelou como era a cultura patriarcal por volta de dois anos antes de Cristo. A Estela de Tel Dã (1993), cuja descoberta provou, sem sombra de dúvidas, a existência do rei Davi (1015-975 a. C.) e seu reinado. 33 34 Placa comemorativa sobre conquista militar da Síria sobre a região de Dã. A inscrição traz de modo bem legível a expressão "casa de Davi",que pode ser uma referência ao templo ou à família real. O mais importante, todavia, é que menciona, pela primeira vez fora da Bíblia, o nome de Davi, indicando que este foi um personagem real. Esta descoberta também fez a mídia admitir que a Bíblia possa ser tomada como fonte de documentação histórica. O Tablete 11 (1872) do Épico de Gilgamés, descoberto pelo arqueólogo bíblico e assiriologista inglês George Smith (1840-1876). A descoberta deste documento provou a antiguidade do relato do dilúvio. Em (1848-1849) o arqueólogo Austin Henry Layland fez uma animadora descoberta enquanto estava escavando a antiga cidade mesopotâmica de Nínive, hoje em dia no Iraque. Ele desenterrou várias tábuas de argila que continham a história escrita preservadas mais antiga da humanidade: o Épico de Gilgamesh. O Épico de Gilgamesh foi encontrado em vários tabletes de barro partidas na cidade Assíria de Nínive em (1853). Outro achado importante que vem das escavações de Henry Layard é um velho conto babilônico do dilúvio. Quando o Épico de Gilgamés foi publicado pela primeira vez na Europa em 1872 através da tradução de George Smith, ele causou uma sensação que rivalizava com as teorias de Darwin. Algumas pessoas o declaravam uma prova histórica do dilúvio do Gênesis, enquanto outros ainda desdenhavam da asseveração de que a Bíblia é singular e autêntica. Em toda a literatura mesopotâmica, o conto do dilúvio no tablete 11 representa a principal correlação com o texto bíblico. Na história recontada aqui, Gilgamés é avisado sobre o dilúvio por Utnapishtim, um homem que ganhou a imortalidade, e como o Noé bíblico, também passou salvo pelas águas do dilúvio. Em seu relato do dilúvio, ele diz que o deus criador favoreceu-o avisando-o sobre o dilúvio e ordenando-lhe que construísse um barco (cf. Gn 6.13-17). Neste barco ele levou sua família, tesouros e todas as criaturas vivas (cf. Gn 6.18-22; 7.1-16), escapando assim da tempestade enviada pelos céus que destruiu o restante da humanidade (cf. Gn 7.17-23). De acordo com seus cálculos, a tempestade acabou no sétimo dia, e a terra seca apareceu no décimo segundo dia (cf. Gn 7.24) quando o barco veio repousar sobre o monte Nisir, no Curdistão (ao invés do bíblico monte Ararate, na Turquia). A Fonte de Giom, a Ha Gihon (1833), mencionado em (II Samuel 2:13) e (Jeremias 41:12), pesquisada pelo arqueólogo estadunidense Edward Robinson. A Inscrição de Siloé é uma passagem de texto inscrito, encontrada originalmente no Túnel de Ezequias, aqueduto que supria água da Fonte de Giom para a piscina de Siloé na parte leste de Jerusalém. Descoberto (1880), a inscrição registra a construção do túnel no século (VIII a.C). Encontra-se entre os registros mais antigos escritos na língua hebraica, usando-se o alfabeto Paleo-Hebrew. 35 36 O Selo de Baruque (1975), descoberta que provou a existência do secretário e confidente do profeta Jeremias. O profeta Jeremias durante os últimos anos do reino de Judá profetizou o exílio e o retorno dos judeus, eles teriam que aceitar o jugo de Babilônia e não resistir. Ele foi encarcerado, ameaçado de morte e posto como falso profeta e traidor. Jeremias nomeou Baruque, o filho de Nérias, seu escriturário. Foram encontrados em uma loja de antiguidades em Jerusalém alguns pedaços de barro marcados com um selo. Dentro desta coleção há duas peças que acredita-se ter pertencido a Baruque. Em exibição no Museu de Israel em Jerusalém, nas três linhas lê-se: Berekhyauhuh, o filho de Neriyauhuh, o escriturário. O Palácio de Sargão II (1843), rei da Assíria mencionado em (Isaías 20:1), descoberto por Paul Emile Botta (1802-1870). A existência do Palácio de Sargão II foi posta em dúvida por historiadores por muitos séculos até essa descoberta (1843), que pôs fim a negação histórica da menção bíblica feita em (Isaías 20:1). O Obelisco Negro de Salmaneser (1845), um artefato que o arqueólogo Austen Henry Layard (1817-1894) encontrou, na antiga cidade de Nínive. Assim chamado um dos mais antigos artefatos arqueológicos a se referir a um personagem bíblico: o rei hebreu Jeú, que viveu cerca de nove séculos antes de Cristo. Assim como o prisma de Taylor, ambos são artefatos que mostram duas derrotas militares de Israel. Este artefato mostra um desenho do rei Jeú prostrado diante de Salmaneser III, oferecendo tributo a ele e encontra- se preservado, agora, no Museu Britânico, em Londres. O segundo descreve o cerco de Senaqueribe a Jerusalém, citando textualmente o confinamento do rei Ezequias. Inscrição de Siloé – Encontrada acidentalmente por algumas crianças que nadavam no tanque de Siloé. Essa antiga inscrição hebraica marca a comemoração do término do túnel construído pelo rei Ezequias, conforme o relato de (II Crônicas 32:2-4). Textos de Balaão – Fragmentos de escrita aramaica encontrados em Tell Deir Allá, que relatam um episódio da vida de "Balaão filho de Beor" e descrevem uma de suas visões – indícios de que Balaão existiu e viveu em Canaã, como afirma a Bíblia no livro de (Números 22 a 24). Papiro de Ipwer – Oração sacerdotal escrito por um egípcio chamado Ipwer, onde questiona o deus Horus sobre as desgraças que ocorrem no Egito. As pragas mencionadas são: O rio Nilo torna-se sangue; escuridão cobrindo a terra; animais morrendo no pasto; entre outras, que parecem fazer referência às pragas relatadas no livro de Êxodo. Tabletes de Ebla – Cerca de 14 mil tábuas de argila foram encontradas no norte da Síria, em 1974. Datadas de (2.300 a 2.000 a.C), elas remontam a época dos patriarcas. Os tabletes descrevem a cultura, nomes de cidades e pessoas (como Adão, Eva, Miguel, Israel, Noé) e o modo de vida similar ao dos patriarcas descrito principalmente entre os capítulos 12 e 50 do livro de Gênesis, indicando sua historicidade. Tijolo babilônico de Nabucodonosor – O achado arqueológico traz a seguinte inscrição em cuneiforme: "(eu sou) Nabucodonosor, Rei de Babilônia. Provedor (do templo) de Ezagil e Ezida; filho primogênito de Nabopolassar”. Vale notar que por muito tempo se afirmou que a cidade da Babilônia era um mito e muito mais lendário ainda seria o rei Nabucodonosor. Estela de Merneptah – Coluna comemorativa, datada de cerca de (1207 a.C), que descreve as conquistas militares do faraó Merneptah. Israel é mencionado como um dos inimigos do Egito no período bíblico dos juízes, provando que Israel já existia como nação neste tempo, o que até então era negado pela maioria dos estudiosos. É a menção mais antiga do nome "Israel" fora da Bíblia. 37 38 A ERA DOS PATRIARCAS 3 Conhecimento Estudo dos principais achados arqueológicos no período dos patriarcas, e sua relação com a historicidade das narrativas bíblicas do período. Habilidade Interpretar textos sobre o tema bem como saber fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminários em ambiente acadêmicos acerca do tema. Atitude Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la na sua práxis 39 40 A era de Abraão (1800) A era de Abraão começa com a saída de Abraão de Ur dos Caldeus, por volta do ano 1800 (a.C). A crítica literária do séc. XIX considerava-a folclore e lenda, mas descobertas feitas na Mesopotâmia desde 1840 veem nesses acontecimentos, uma história verossímil. Em 1854, Taylor estudou as colinas de Ur, descobriu o templo de Ur e uns cilindros recobertos de inscrições. Pesquisas posteriores revelaram o esplendor da civilização suméria, que fora governada por dinastia de Ur. Foram descobertos textos sumérios antigos e mais completos de grande valor histórico e literário. Em (1922 a 1934) Leonardo Wooley, descobre que a cidade de Ur tinhaa forma oval e possuía uma torre. Taylor desenterrou porções de uma grande torre templo ou zigurate (a montanha do céu), que ascendia em três pisos a uma altura de 21 metros. Em cada uma de suas quatro esquinas havia um nicho, onde existiam cilindros escritos (registros dos fundamentos), que traziam o nome da cidade, de seu fundador e daqueles que de vez em quando tinham reconstruído o zigurate. No quarto com lixo acumulado de um templo próximo havia uma coleção 41 42 de tabuinhas cuneiformes. Em uma delas o rei Nabonido (556-536 a.C), fazia referências à edificação e aos reparos periódicos do grande zigurate. Há também uma oração a Nannar, o deus Lua, pelo próprio rei e por seu filho Belsazar, para que fosse “guardado do pecado” e “estivesse satisfeito com a abundância da vida”. Estas e outras inscrições confirmam o relato bíblico sobre Belsazar. A torre sagrada, o zigurate. A torre tinha três andares, e no topo havia um pequeno santuário, conhecido como a corte de Nannar, deus sumério chamado de “Sin” pelos semitas. Nos tempos mais antigos, os mortos foram enterrados nos cemitérios, mas durante a 3a dinastia de Ur, eram sepultadas no subsolo da casa. Em cada novo enterro, os ossos precedentes eram empurrados para as paredes, o que permitia ao recém-chegado ser “recolhido com seus pais”. No caso dos reis, havia câmara até com 10 metros de profundidade, eram enterrado com seus tesouros e os súditos que o acompanhavam eram sepultados na mesma câmara ou numa antecâmara. Esses acompanhantes poderiam ter decido de bom grado para acompanhá-lo no além. Na Bíblia, a primeira vez que menciona uma sepultura está relacionado com o sepultamento de Sara. Abraão comprou dos habitantes de hebrom um pedaço de terra, a caverna de Macpela, para sepultar sua morta. (Gn. 23.2-20). O nome Abraão foi decifrado sobre vários tabletes cuneiformes encontrados em Ur. Sara, Nahor e outros também foram encontrados: Jacó , Lia e Labão. O Código de Lipid- Ishtar, a lei 25 reflete a experiência de Agar, a escrava de Sara: “Se um homem desposar uma mulher e esta lhe desse filhos, e esses filhos estivessem vivos, e por ventura uma escrava por sua vez desse filhos a seu senhor, mas que o pai lhe outorga liberdade à escrava e seus filhos, os filhos da escrava não partilharia a propriedade com os filhos (legítimo) do senhor”. As leis de Eshnuna, achadas em 1948, parágrafo 25, nos lembram da experiência de Jacó: “Se um homem visita à casa de seu sogro, e se seu sogro o aceita como seu servo, mas (não obstante) da sua filha a (outro), o pai reembolsará em dobro o dote de noivado que recebeu”. De todos os códigos o mais completo é o de Hamurabi. Este foi descoberto em 1902, por arqueólogos franceses dirigidos por Jacques de Morgan. Hamurabi é um rei Sumério, que recebeu a ordem do seu deus de justiça, Shamash, que lhe deu ordem de escrever o código. Esse código nos ajuda a entender o cotidiano na mesopotâmia nos tempos dos patriarcas. A sociedade babilônica aparece dívida em três classes: a aristocracia, a classe média, e os escravos. Muitas das leis visavam à proteção da propriedade, dos empréstimos, do depósito de dinheiro em mãos de terceiros, de campos arrendados, etc. O adultério, o divórcio, bem como a disposição dos dotes de casamentos, recebia atenção do legislador. O parágrafo 170 estabelece os direitos dos filhos de uma escrava gerados pelo seu senhor. Nesse caso o pai deveria conhecê-lo como filho legítimo. (SCWHANTES, 1988, p.22). Estas legislações mais antigas do que a Bíblia, ajudam na compreensão de documentos e da legislação Bíblica. Podemos constatar certo paralelismo entre os usos e costumes praticados por Abraão e seus descendentes e as leis 43 44 dos códigos em voga na Mesopotâmia. De Ur Abraão dirigiu-se a cidade de Harã, essa cidade também é identificada pela arqueologia, existindo ainda hoje, como a moderna Harran, no vale do rio Balique, na alta Mesopotâmia. E como Ur, Harã era o centro do culto ao deus lunar Sin. Em Nuzi, cidade próxima de Harran, o prof. Eduardo Chiera, em 1925 descobriu arquivos de várias famílias. Documentos sugerem que se um homem não tivesse herdeiro, era o caso de Abraão, podia designar alguém da sua escolha, mesmo que fosse um escravo. Outra lei previa que uma esposa estéril podia dar a seu marido uma escrava, a fim de receber um herdeiro por ela. Mas se posteriormente um filho nascesse da primeira esposa, o filho da escrava perdia a prerrogativa de primogênito. Compare com (Gn. 16.1-3 e 21.10). Os textos de Nuzi mencinam os ídolos domésticos, comparáveis aos ídolos que Raquel furtou da casa de seu pai (Gn 31,19). A luz destes textos compreende-se que a posse destes ídolos equivalia a um título de propriedade. O que Raquel provavelmente quis fazer foi legitimar a favor de Jacó a posse dos rebanhos levados da fazenda paterna. Descobertas no Egito A Bíblia nos informa em (Gn 12.10) que algum tempo depois que Abraão chega a Canaã há uma fome e ele desce para o Egito. Descobertas arqueologias em sepulturas de rei egípcio mostra que era comum caravanas vindas da Ásia irem ao Egito em busca de comida. Em uma parede de uma sepultura encontra-se pintada uma caravana de semitas, e o nome do chefe da caravana era Abshar. “A vida tal como ela aparece nas narrativas do Gênese consagrado aos patriarcas, enquadra perfeitamente com o que se sabe hoje, por outras vias, do começo do segundo milênio, mas não se quadra com um período mais recente. É esta uma das contribuições mais importantes que a arqueologia terá trazido ao estudo do Velho Testamento no curso dos últimos quatro decênios.” (Schwantes 1988, p. 24). Reconhece-se geralmente que a descida de Jacó ao Egito deve ter coincidido com o período durante o qual os hiksos dominavam este país. Os hiksos representam uma camada da palestina que, sob a pressão de outros povos vindos do norte, invadiram e ocuparam o Egito durante um século, entre 45 46 (1680 a.c e 1580 a.c). Sua maioria era de origem semítica. Eles adotaram a escrita hieroglífica e a tradição religiosa do país. O fato de Jacó e sua família foram bem recebidos no Egito sugere que a descida ao Egito deve ter ocorrido durante o período dos hiksos. A política lhes era favorável. O egiptólogo americano Henry Breastes, escreveu: “Não é impossível imaginar que um chefe das tribos de Jacó tenha assumido, por um tempo, o poder neste período sombrio para o vale do Nilo”. Costumes e práticas egípcias descritas no gênese Apoiando-se sobre as numerosas referencias nos livros de Gênesis e êxodo aos costumes e práticas egípcia da época muitas autoridades reconhecem que a história de José leva o cunho da autenticidade. José não foi o único semita a ser vendido aos egípcios no curso do segundo milênio. Um antigo papiro do Museu de Brooklin contém o nome de 79 servos de uma grande mansão egípcia, dos quais 40 têm nomes puramente semíticos. Títulos como “chefe dos copeiros” e “chefe dos padeiros”, mencionados em (Gn 40.2), correspondem às funções bem conhecidas em documentos egípcios. A frase de (Gn 41:43): “E fê-lo subir ao seu segundo carro”, aponta para a época dos hiksos, porque foram eles os primeiros a introduzir carros no Egito. Um argumento favorável à estadia dos israelitas no Egito pode ser tirado da ocorrência de um grande número de nomes egípcios entre os parentes de Moisés. Ele mesmo tinha um nome egípcio. Como ocorre entre os povos semíticos, nomes egípcios eram frequentemente compostos do nome de um deus e de um verbo. Exemplos: Ramose, o deus-sol nasceu. Ahmose, o deus-lua nasceu; thumose, o deus thot nasceu. A uma omissão do nome de uma divindade no nome de Moisés. Certamente por ter renunciado o culto idolátrico. O vocabulário da última parte do livro de gênesis dá evidenciasda influência da língua egípcia sobre o hebraico. Em (Gn 41,42), palavra para linho fino é shesh. Em egípcio é shash. Não somente certas palavras tiveram sabor egípcio, mas, mesmo algumas cerimonias. “Serás um grande sacerdote de Amon. Seus tesouros e seus celeiros estarão debaixo do teu sinete.” O Êxodo e a conquista de Canaã (A Estela de Israel) A primeira menção de Israel em fontes extra bíblicas foi feita pelo Faraó, Merneptá, cerca de (1230 a.C). Merneptá fez erigir uma estela para comemorar sua vitória sobre os líbios e seus aliados que tentaram invadir o Egito. Esta inscrição é conhecida como a estela de Israel. Encontra-se no museu do Cairo. “Tehenu (a Líbia) esta desolada; Hatti esta pacificada; Cananã é Asquelão; tomada é Gezer; Janoã é reduzida a não existência; Israel é desolada, sua semente já não existe; Hurru tornou-se uma viúva para o Egito!” De acordo com esta inscrição, Israel é localizado na palestina ao tempo da 47 48 escrita da estela. Os historiadores não recebem auxílio de fontes egípcias quanto à estada de Israel no Egito ou a data do êxodo. Mas isso é compreensível devido os registros fragmentários dos registros históricos egípcios. O fato é que nenhum monarca faria questão de registar para a posteridade um episódio pouco lisonjeiro. A contribuição da arqueologia para esclarecer a rota do êxodo é extremamente modesta. Um povo em movimento de um lugar para outro não deixa muita evidência que possa ser detectada pela arqueologia. Tudo que se pode esperar da arqueologia é o esclarecimento da identidade de certos lugares mencionados no relato bíblico, especialmente os do começo e do fim da rota seguida. A localidade do Monte Sinai é um problema de geografia e não de arqueologia. A antiga tradição que identificava com Jebel Musa, a montanha a cuja tradição encontrava o Mosteiro de Sta. Catarina, deve ser abandonada. Há melhores razões para identificar o Monte Sinai com es-Safsafeh, um pico ao noroeste de Jebel Musa. Os Cananeus Influências culturais em Canaã, dentre os rivais mais persistentes de Israel pela posse de Canaã estavam os filisteus. O território todo foi chamado de palestina. De acordo com o profeta Amós, os filisteus teriam vindo de Caftor (Amos 9.7), identificada com a ilha de Creta. As descobertas arqueológicas na palestina impressionam, pois as formas e decorações não se parecem com os modelos canaanitas, mas com os modelos do mundo grego, de onde se crer que os filisteus teriam vindo. Os filisteus não construíram novas cidades. Simplesmente destruíam seus habitantes. Eram superiores aos Israelitas em questões tecnológicas. Ler (I Sam. 13: 19-21). Fica evidente a partir deste texto que no começo da Idade do Ferro, cerca de (1200 a.C), os filisteus retinham o monopólio dos produtos de ferro na Palestina. Não havia ferreiros em Israel que conhecesse os segredos do fundir e temperar o metal. Podemos imaginar que artigos de ferro custavam uma pequena fortuna, e os filisteus cobravam preços exorbitantes para afiá-los. Os cananeus, um ramo da população semítica do Crescente Fértil, ocupavam a Palestina no tempo da conquista israelita. Os cananeus tinham afinidades raciais e linguísticas com os fenícios, que habitavam no território correspondente com o os Líbios, e com os habitantes de Ugarite, importante centro comercial situado 200 km mais para o norte sobre o mediterrâneo. O hebraico é por sua vez aparentado com a língua falada pelos cananeus. (Isaias 19.18) refere-se ao dialeto de Canaã. A linguagem da Pedra Moabita, da qual falaremos , mostra quão parecidos eram todos estes dialetos. Se os hebreus não encontraram barreira linguística em Canaã é fácil compreender como eles seriam facilmente influenciados pelos costumes e a religião dos cananeus. Isso explica como o culto de divindades indígenas, tais como Baal e Astarote, pôde propagar-se entre os israelitas logo depois que Josué e sua geração saíram de cena. Ugarite Graças a descobertas feitas em Ugarite desde 1929 por Claude Schaeffer e seus colaboradores dispomos de muitas informações sobre a religião dos cananeus no passado. Os investigadores têm sido recompensados com a descoberta de vários documentos e arquivos (em forma de tabletes), na maior parte escrita na língua semítica. Os documentos em sua maioria tratam de questões comerciais, mas também têm sido encontrados textos religiosos. “Esta literatura fornece aos estudiosos uma ideia muito mais clara dos deuses e deusas, rituais, cantos, orações e mitos correntes entre os cananeus. 49 50 Visto que o Ugarítico e o hebraico são ramos do mesmo tronco semítico, não surpreende achar semelhanças entre o vocabulário religioso e analogias de estilo entre a poesia ugarítica e a de Israel.” (SCHWANTES, 1988, p. 42). “Um estudo dos poemas e lendas mostram que a religião praticada em Ugarite, na qual o culto da fertilidade desempenhava um papel importante, na era politeísta e grosseira. Cria-se que os rituais contribuíam para multiplicar as colheitas e os rebanhos. Baal era considerado o deus que enviava a chuva e engordava o gado. Não fosse a seriedade moral de profetas como Samuel e Elias, Israel não teria sobrevivido à sedução do culto pagão.” (SCWHANTES, 1988, p.42). Invenção do alfabeto Uma das principais contribuições dos cananeus à cultura foi à invenção do alfabeto. As primeiras tentativas datam de (1800 a.C). Crê-se que foram os midianitas contratados pelos egípcios para trabalhar no rigoroso clima do Sinai, foram os primeiros a conceber a ideia de escrever com vinte e dois símbolos que representavam os sons consonantais fundamentais de sua língua. Uma teoria sugere que tomaram emprestados estes símbolos da escrita hieroglífica egípcia, e os adaptaram as suas necessidades. Por meio do comércio esta novidade teria chegado a Canaã e aos Fenícios. Os fenícios merecem crédito, não pela invenção do alfabeto, como se crê popularmente, mas por terem transmitidos o conhecimento do alfabeto aos povos ocidentais. O número de escritos nesse alfabeto primitivo já chegou a 25. É reconhecido que o alfabeto grego, bem como o nosso, é derivado do protótipo fenício. O alfabeto não teria sido introduzido na Grécia antes do nono século antes de nossa era. Os etruscos teriam tomado emprestado o alfabeto dos gregos e os teria transmitindo aos latinos, que por sua vez o transmitiram aos demais povos latinos da época. Mudança de cultura É de se esperar que as descobertas arqueológicas revelassem uma mudança de cultura depois que os israelitas ocupassem Canaã. Este foi realmente o caso. As vilas que surgiram em regiões montanhosa, cerca de (1200 e 1100 a.C), mostra que o nível cultural dos israelitas era inferior ao de seus vizinhos cananeus. As casas eram pobres e a cerâmica inferior. Isso é compreensível em virtude de que eles eram nômades e habitavam em tendas. Uma nova invenção permitiu o desenvolvimento de vilas maiores, que dependiam de abastecimento de água para sobreviverem. Esta inovação foi à criação de cisternas revestidas de cal, tornando-as impermeáveis. Moisés e o alfabeto A História tem calado muitos críticos da Bíblia. A redação do Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia) por Moisés é um bom exemplo. Pouco tempo atrás, afirmava-se que a invenção do alfabeto tinha sido feita entre os séculos (XII ou XI a.C). Isso era apresentado como um argumento para “provar” que Moisés não podia ter escrito o Pentateuco, visto que em seu tempo não haviam ainda inventado a arte de escrever. No entanto, escavações arqueológicas em Ur, na antiga Caldéia, têm comprovado que Abraão era cidadão de uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur, os meninos aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geografia. Três alfabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblose em Ras Shamra, que são bem anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C). Estudiosos modernos sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética para escrever o Pentateuco. O arqueólogo William F. Albright datou essa escrita como sendo do início do século (XV a.C tempo de Moisés). Interessante é notar que essa escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a incumbência de escrever seus livros (Êxodo 17:14). Veja o que disse Merryl Unger sobre a escrita do Antigo Testamento: “A coisa importante é que Deus tinha uma língua alfabética simples, pronta para registrar a divina revelação, em vez do difícil e incômodo cuneiforme da Babilônia e Assíria, ou o complexo hieróglifo do Egito.” Deus sempre sabe mesmo o que faz! Pense bem. Se o alfabeto tivesse sido realmente inventado pelos fenícios, cuja existência foi bem posterior à de 51 52 Moisés, e se as escritas anteriores – hieroglífica e cuneiforme – foram apenas decifradas no século passado, como poderia Moisés ter escrito aqueles livros? Se o tivesse feito, só poderia fazê-lo em hieróglifos, língua na qual a própria Bíblia diz que Moisés era perito (Atos 7:22) e, nesse caso, o Antigo Testamento teria ficado desconhecido até o século passado, quando o francês Champollion decifrou os hieróglifos egípcios. Acontece que, no princípio do século XX, nos anos (1904 e 1905), escavações na península do Sinai levaram à descoberta de uma escrita muito mais simples que a hieroglífica, e era alfabética! Com essa descoberta, a origem do alfabeto se transportava da época dos fenícios para a dos seus antecessores, séculos antes, os canaanitas, que viveram no tempo de Moisés e antes dele. Portanto, foram estes antepassados dos fenícios que simplificaram a escrita. E passaram a usar o alfabeto em lugar dos hieróglifos, isto é, sinais que representam sons ao invés de sinais que representam ideias. Moisés, vivendo 40 anos numa região (Midiã) onde essa escrita era conhecida, viu nela a escrita do futuro, e passou a usá-la por duas grandes razões: (1) a impressão grandiosa que teve de usar uma língua alfabética para seus escritos e que se compunha de apenas 22 sinais bastante simples comparados com os ideográficos que aprendera nas escolas do Egito; (2) Moisés compreendeu que estava escrevendo para o seu próprio povo, cuja origem era semita como a dos habitantes da terra onde estava vivendo, e que não eram versados em hieróglifos por causa de sua condição de escravos. A ARQUEOLOGIA E O NOVO TESTAMENTO 4 Conhecimento Conhecer as principais descobertas da arqueologia e papirologia que se relacionam com o Novo Testamento. Habilidade Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em ambiente acadêmico acerca do tema. Atitude Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la nas suas práxis. 53 54 Arqueologia e a papirologia O estudo intensivo de mais de 3.000 manuscritos do (N.T) grego, datados do segundo século da era cristã em diante, tem demonstrado que o (N.T) foi notavelmente bem preservado em sua transmissão desde o terceiro século até agora. Westcott e Hort concluíram que apenas uma palavra em cada mil do (N.T) em grego possui uma dúvida quanto à sua genuinidade. Uma coisa é provar que o texto do (N.T) foi notavelmente preservado a partir do segundo e terceiro séculos; coisa bem diferente é demonstrar que os evangelhos, por exemplo, não evoluíram até sua forma presente ao longo dos primeiros séculos da era cristã, ou que Cristo não foi gradativamente divinizado pela comunidade cristã. Na virada do século XX uma nova ciência surgiu e ajudou a provar que nem os Evangelhos e nem a visão cristã de Cristo sofreram evoluções até chegarem à sua forma atual. Grenfell e Hunt (1896-1906) realizaram escavações no distrito de Fayun, no Egito e descobriram grandes quantidades de papiros, dando início à ciência da papirologia. Os papiros, escritos numa espécie de papel grosseiro feito com as fibras de juncos do Egito, incluíam uma grande variedade de tópicos apresentados em várias línguas. O número de fragmentos de manuscritos que contêm porções do (N.T) chega hoje a 77 papiros. Esses fragmentos ajudam a confirmar o texto final encontrado nos manuscritos maiores, feitos de pergaminho, datados do quarto século em diante, ajudando assim a formar uma ponte mais confiável entre os manuscritos mais recentes e os originais. O impacto da papirologia sobre os estudos bíblicos foi fenomenal. Muitos desses papiros datam dos primeiros três séculos da era cristã. Assim, é possível estabelecer o desenvolvimento da gramática nesse período, e, com base no argumento da gramática histórica, datar a composição dos livros do (N.T) no primeiro século da era cristã. Na verdade, um fragmento do Evangelho de João encontrado no Egito pode ser paleograficamente datado de aproximadamente (125 d.C) Descontado um certo tempo para o livro entrar em circulação, deve-se atribuir ao quarto Evangelho uma data próxima 55 56 do fim do primeiro século - é exatamente isso que a tradição cristã conservadora tem atribuído a ele. Ninguém duvida que os outros 3 Evangelhos são um pouco anteriores ao de João. Se os livros do (N.T) foram produzidos durante o primeiro século, foram escrito bem próximo dos eventos que registram e não houve tempo de ocorrer qualquer desenvolvimento evolutivo. Todavia, a contribuição dessa massa de papiros de todo tipo não para aí. Eles demonstram que o grego do (N.T) não era um tipo de linguagem inventada pelos seus autores, como se pensava antes. Ao contrário, era, de modo geral, a língua do povo dos primeiros séculos da era cristã. Menos de 50 palavras em todo o (N.T) foram cunhadas pelos apóstolos. Além disso, os papiros demonstraram que a gramática do (N.T) grego era de boa qualidade, se julgada pelos padrões gramaticais do primeiro século, não pelos do período clássico da língua grega. Além do mais, os papiros gregos não bíblicos ajudaram a esclarecer o significado de palavras bíblicas cujas compreensão ainda era duvidosa, e lançaram nova luz sobre outras que já eram bem entendidas. Personagens mencionados no (N.T) Por toda a extensão do território bíblico existem diversas tumbas "tradicionalmente" atribuídas a vários personagens bíblicos, às vezes muitas para um único indivíduo. Em diversos casos, não há evidência histórica ou arqueológica para validar a identificação. No entanto, existem pelo menos sete ocasiões onde há fortes, senão conclusivas, evidências sobre a localização do local de sepultamento de uma pessoa, ou pessoas, descritas na Bíblia. Jesus. Na atual Jerusalém existem dois locais declarados como a tumba de Jesus: a Igreja do Santo Sepulcro e a Tumba do Jardim. Esta última foi identificada como a tumba de Jesus apenas no final do século XIX e carece de credibilidade histórica. Uma longa tradição, datada do primeiro século, atribui a tumba de Jesus ao local da Igreja do Santo Sepulcro na Antiga Cidade de Jerusalém. No século IV Constantino localizou o local da tumba abaixo de um templo romano do século II e construiu a igreja sobre o local. Esta igreja foi repetidamente restaurada e mantida pelos séculos desde então e é compartilhada por seis credos: Católico Romano, Ortodoxo Grego, Armênios, Sírios, Coptas e Etíopes. Caifás, o Sumo Sacerdote. Caifás foi o sumo sacerdote por 18 anos, de (18-36 d.C) Aparentemente, obteve esta posição através do casamento com a filha de Anás, chefe de um poderoso clã de sumo sacerdotes (Jo 18:13). Caifás é considerado vil por ter sido o líder na conspiração que culminou na crucificação de Jesus. Em uma reunião de líderes religiosos, Caifás declarou que "vos convém quemorra um só homem pelo povo, e que não pereça a nação toda" (Jo 11:50). Ele se referia à possível intervenção de autoridades romanas caso os ensinamentos de Jesus gerassem uma insurreição. Suas palavras foram proféticas no sentido em que Jesus morreu pelas pessoas, por todas elas do mundo, como sacrifício de expiação dos pecados. Após ter sido preso, Jesus foi levado à casa de Caifás e ali detido pela noite. Os guardas zombavam dele e feriam-no (Lc 22:63-65). Na manhã seguinte Ele foi interrogado e novamente agredido. Caifás lhe perguntou "És tu o Cristo (Messias), o Filho do Deus bendito?" "Eu sou", Jesus respondeu (Mc 14:61-62). Caifás então entregou Jesus a Pilatos para ser julgado. Após a crucificação de Jesus, Caifás continuou a perseguir a igreja primitiva, levando os apóstolos a líderes religiosos e dizendo-lhes: "Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem." Pedro e os outros apóstolos responderam: "Importa antes obedecer a Deus que aos homens" (At 5:28-29). A tumba da família de Caifás foi acidentalmente descoberta por operários que construíam uma estrada em um parque ao sul da Antiga Jerusalém. Os arqueologistas foram então ao local em regime de urgência e encontraram 12 ossuários (caixas para ossos feitas de calcário) ao examinar o local contendo os restos mortais de 63 indivíduos. O ossuário mais 57 58 ornamentado tinha a inscrição de nome "José filho de (ou da família de) Caifás." Este era o nome completo do sumo sacerdote que prendeu Jesus, documentado como Josephus (Antiguidades 18:2, 2;4, 3). No seu interior existiam os restos de um homem de 60 anos, que quase certamente pertenciam ao mesmo Caifás do Novo Testamento. Este memorável achado provê, pela primeira vez, os restos físicos de um indivíduo descrito na Bíblia. César Augusto - Um grande político e administrador, Augusto reinou sobre o Império Romano de (27 a.C. a 14 d.C). Foi justamente Augusto que decretou o censo que levou José e Maria a Belém, onde Jesus nasceu (Lc 2:1-7). Augusto construiu para si mesmo um grande mausoléu em Roma, nas margens orientais do Rio Tibre, um quarto de milha a noroeste do Fórum Romano. Os restos mortais estão atualmente localizados no centro do Piazza Augusto Imperatore. O mausoléu possuía 285 pés de diâmetro e 143 pés de altura e tinha uma estátua do imperador em seu topo. Suas cinzas estavam em uma urna ao centro, enquanto as cinzas dos membros da dinastia foram colocadas em urnas em um corredor que circundava o salão. Embora algumas urnas tenham sido encontradas por escavações, as cinzas já haviam desaparecido há muito tempo. Cidades mencionadas no (N.T) Betel - Referência bíblica: "Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza, mas em Betel daqui por diante não profetizarás mais, porque é o santuário do rei e casa real" (Am 7.12,13). " “Albright fez uma escavação de ensaio em Betel em 1927 e posteriormente empenhou uma escavação oficial em 1934. Seu assistente, Kelso, continuou as escavações de 1954 a 1960" (ACHTEMEIER, 1985). Cafarnaum - Referência bíblica: "E, chegando eles a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as dracmas, e disseram: O vosso mestre não paga as dracmas?" (Mt 17.24). "Cafarnaum foi identificada desde 1856 e, a partir de então, tem sido alvo de escavações nos últimos 130 anos" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harpers Bible Dictionary San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc., 1985). Corazim - Referência bíblica: "Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! peque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependidos, com saco e com cinza" (Mt 11.21). "Escavações na atual cidade deserta indicam que ela abrangeu uma área de doze acres e foi construída com uma série de terraços com o basalto da região montanhosa local" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harper's Bible Dictionary San Francisco: Harper ando 10. Éfeso - Referência bíblica: "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus" (Ef 1.1; grifo do autor). "E encheu-se de confusão toda a cidade e, unânimes, correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem" (At 19.29) . A cidade em referência é Éfeso. "Arqueólogos austríacos encontraram em escavações, no século passado, um teatro de 24.000 assentos, bem como muitos outros edifícios públicos e ruas do primeiro e segundo séculos depois de Cristo, de forma que a pessoa que visita o local pode ter uma boa impressão da cidade como foi conhecida pelo apóstolo Paulo" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harpers Bible Dictionary San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc.,1985). Jope - Referência bíblica: "E, como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, lhe mandaram dois varões, rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com eles." (At 9.38). "Durante escavações no local da antiga cidade de Jope (XIII a.C.) o portão da fortaleza foi descoberto..." (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harper's Bible Dictionary, San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc., 1985). Diante desta simples exposição, podemos afirmar como Sir Frederic Kenyon, que disse: "Portanto, é legítimo afirmar que, em relação à Bíblia, contra a qual diretamente se voltou à crítica destruidora da segunda metade do século dezenove, as provas arqueológicas têm restabelecido a sua autoridade. E mais: têm aumentado o seu valor ao torná-la mais inteligível por 59 60 meio de um conhecimento mais completo de seu contexto e ambiente. A arqueologia ainda não se pronunciou definitivamente a respeito, mas os resultados já alcançados confirmam aquilo que a fé sugere que a Bíblia só tem a ganhar com o aprofundar do conhecimento". Descobertas relacionadas a Jesus Nas últimas quatro décadas, descobertas espetaculares confirmam o pano de fundo histórico dos Evangelhos. Em 1968, por exemplo, o esqueleto de homem crucificado foi encontrado em uma caverna funerária na parte norte de Jerusalém. Foi um achado significativo: embora se saiba que os romanos crucificam milhares de supostos traidores, rebeldes e ladrões, os restos de uma vítima de crucificação jamais tinham sido encontrados. Os ossos, preservados num ossuário de pedra, pareciam pertencer a um homem entre 25 e 30 anos. Havia indícios de que seus pulsos tinham sido transpassados com pregos. Os joelhos haviam sido dobrados e virados para o lado, e um prego de ferro (ainda alojado no osso de um calcanhar) fora enfiado nos dois pós. As duas tíbias pareciam ter sido quebradas, quem sabe se confirmar o relato do Evangelho de João (19:32-33): "Foram pois os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que com ele fora crucificado." Havia muito que se dizia que os carrascos romanos costumavam jogar os cadáveres dos crucificados em valas comuns ou abandoná-los na cruz para serem devorados por animais carniceiros. Mas a descoberta dos restos de um crucificado contemporâneo de Jesus em uma sepultura evidenciou que os romanos às vezes permitiam um enterro familiar, como relato do sepultamento de Jesus. Em 1990, durante a construção de um parque a pouco mais de três quilômetros ao sul do Monte do Templo, os operários descobriram uma câmara funerária secreta, datada do século 1o, contendo 12 ossuários de calcário. Em um deles, que guardava os ossos de um sexagenário, havia a inscrição "Yehosef bar Qayafa", ou seja, "José, filho de Caifás". Os especialistas acreditam que se trata dos restos de Caifás, o supremo sacerdote de Jerusalém que, segundo os Evangelhos, esteve envolvido na prisão de Jesus,
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