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LIVRO-ARQUEOLOGIA

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Prévia do material em texto

1 
2 
Antônio Gonçalves Sobreira 
ARQUEOLOGIA 
BÍBLICA 
1a Edição 
Sobral/2018 
3 
4 
Sumário 
Palavra do Professor autor 
Sobre o autor 
Ambientação à disciplina 
Trocando ideias com os autores 
Problematizando 
UNIDADE I: NATUREZA E PROPOSITO DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA 
O que é Arqueologia? Funções da 
Arqueologia Bíblica 
Por que Antigas Cidades e Civilizações Desapareceram? A 
Escavação de um Sítio Arqueológico 
A Arqueologia e o Texto da Bíblia 
UNIDADE II: DESCOBERTAS MAIS EXPRESSIVAS 
Os manuscritos do mar morto O obelisco negro de 
Shalmaneser III (854-824 a.c) 
Pedra moabita 
UNIDADE III: A ERA DOS PATRIARCAS 
Era de Abraão O 
Zigurate 
Descobertas no Egito. Êxodo e 
conquista de Canaã 
Os cananeus 
Ugarite 
Invenção do alfabeto 
UNIDADE IV: A ARQUEOLOGIA E O NOVOTESTAMENTO 
Arqueologia e papirologia 
Jesus existiu? 
Os essênios e o Cristianismo Baixo Império 
Romano: o início da perseguição 
ICHTUS? 
5 
6 ​A Destruição de Jerusalém ​Flávio Josefo 
Leitura obrigatória 
Explicando melhor com a pesquisa 
Pesquisando na internet 
Saiba mais 
Vendo com os olhos de ver 
Revisando 
Autoavaliação 
Bibliografia 
Palavra do professor autor 
Caro (a) estudante, 
Estamos iniciando essa disciplina com um desafio, de adquirir mais 
conhecimento em uma área que mescla ciência e história bíblica. A arqueologia 
bíblica tem corroborado para que a Bíblia ganhe cada vez mais credibilidade 
como um livro histórico, desmistificando uma antiga ideia preconceituosa que 
via a Bíblia como mera coletânea de mitos e histórias curiosas e interessantes 
mais sem nenhuma correspondência com a realidade histórica. 
É quase que senso comum acreditar que a Arqueologia Bíblica tem sua 
importância por conseguir provar as verdades da fé bíblica. Nada mais longe 
da verdade, pois as verdades da fé não podem ser provadas por achados 
arqueológicos. No entanto elas são fortalecidas quando se comprova a 
veracidade dos fatos históricos a que se vinculam. Um aspecto importante de 
como a arqueologia colabora com os estudos bíblicos é que ela tem provado a 
fidelidade na transmissão dos textos sagrados, em vista das descobertas no 
campo da papirologia, e uma confirmação histórica de dados, personagens, 
lugares da geografia bíblica, como dignos de total credibilidade. A arqueologia 
bíblica se mostrará um campo de estudo fascinante que nos transportará para 
épocas e lugares muito distantes do nosso. 
Boa sorte! 
7 
8 
Sobre o autor ​Antônio Gonçalves Sobreira é ​pós-graduado em 
Ciências da Educação e Psicopedagogia. Graduado em 
Filosofia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – 
UVA (2013). Graduação em Bacharelado em Teologia 
pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (2009). 
Bacharel em Teologia Seminário Latino Americano de 
Teologia (1997). Atualmente é professor do Instituto 
Superior de Teologia Aplicada. Tem experiência na área de Teologia, com 
ênfase em Teologia Sistemática. 
Ambientação à disciplina 
A arqueologia é uma ciência que estuda restos e vestígios de 
civilizações antigas e tem como uma das suas especialidades a arqueologia 
bíblica, e a arqueologia do Oriente Médio. Na perspectiva ocidental a região 
mais estudada ou explorada é a chamada terra Santa, localizada no Oriente 
Médio. 
A arqueologia Bíblica tem toda uma metodologia que a caracteriza 
legitimamente como verdadeira ciência. As técnicas científicas empregadas 
são as mesmas da arqueologia em geral, com escavações e datação 
radiométrica, entre outras. Em contraste, a arqueologia do antigo Médio Oriente 
é mais ampla e generalizada, tratando simplesmente do Antigo Oriente sem 
tentar estabelecer uma relação específica entre as descobertas e a Bíblia. 
A arqueologia bíblica é a disciplina que se ocupa da recuperação e 
investigação científica dos restos materiais de culturas passadas que podem 
iluminar os períodos e descrições da Bíblia. Usa-se como base de tempo, um 
amplo período entre o ano 2000 a.C. e 100 d.C.. Outros preferem falar de 
arqueologia da Palestina, referindo-se aos territórios situados ao leste e oeste 
do Rio Jordão. Esta designação expressa o fato da arqueologia bíblica estar 
especialmente circunscrita aos territórios que serviram de cenário aos relatos 
bíblicos. 
A função da arqueologia bíblica não é confirmar ou desmentir os eventos 
bíblicos, nem pretende influenciar determinadas doutrinas teológicas, tal como 
a da salvação. Limita-se ao plano científico e não entra no terreno da fé. Ainda 
assim, alguns resultados da arqueologia bíblica podem e têm contribuído para 
aumentar o conhecimento sobre alguns dados históricos descritos nos relatos 
bíblicos envolvendo governantes, personagens, batalhas e cidades. 
9 
10 
Trocando ideias com os autores 
Sugerimos que leia a obra: ​Arqueologia Bíblica. 
Esse livro mostra como a arqueologia bíblica confirma os 
relatos históricos da Bíblia. Um dos primeiros passos para 
o entendimento das Escrituras é discernir o significado do 
texto conforme escrito originalmente. Ainda que seja 
improvável que os arqueólogos desenterrem algum 
autógrafo as cópias passadas adiante chegaram até nós 
tão bem preservadas que nos dão a certeza de termos em nossas mãos a 
Palavra de Deus tal como foi revelada. Esses e outros temas são abordados na 
obra. 
PRICE, Randall​. Arqueologia Bíblica. ​CPAD: São Paulo, 2016. 
Propomos também que leia a obra: ​Escavando a 
Verdade​. A escavação é um ponto de partida. A verdade é o 
único objetivo final que realmente interessa. Entre estes dois 
extremos cabem: aventuras, descobertas, polêmicas e 
conclusões. Se isto é contado através de uma narrativa 
cativante e ilustrado com fotos e mapas, o resultado só pode 
ser um livro extremamente agradável e informativo. 
SILVA, Rodrigo. ​Escavando a Verdade​. Casa Publicadora Brasileira: São 
Paulo, 2008. 
Guia de estudo: ​Após a leitura das obras, produza um texto abordando a 
importância da Arqueologia para um entendimento da Bíblia. 
Problematização 
No mundo atual muitos se questionam acerca da autenticidade dos 
textos bíblicos, a historicidade de seus personagens e de suas histórias. 
Sabemos que a arqueologia por meio da papirologia tem feito descobertas 
impressionantes nesse campo. Também é bastante comum encontrarmos 
pessoas que consideram a Bíblia um mito e seus relatos peça de ficção. 
Guia de estudo: ​Com base no que foi mencionado, produza um texto 
abordando como a arqueologia bíblica pode ajudar o cristão a fortalecer sua 
convicção na historicidade dos eventos bíblicos e como o fortalecimento da 
convicção da historicidade da Bíblia colabora com a convicção e confiança na 
sua mensagem? 
11 
12 
A NATUREZA E O PROPÓSITO 
DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA 
1 
Conhecimento 
Conhecer os aspectos introdutórios da disciplina Arqueologia Bíblica, técnicas, 
terminologia, elementos. 
Habilidade 
Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser 
capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em 
ambiente acadêmico acerca do tema. 
Atitude 
Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto 
estudado e incorporá-la nas suas práxis. 
13 
14 
O que é arqueologia? 
A palavra arqueologia vem de duas palavras gregas, ​archaios ​e logos, 
que significam literalmente “um estudo das coisas antigas”. No entanto, o termo 
se aplica, hoje, ao estudo de materiais escavados pertencentes a eras 
anteriores. 
A arqueologia bíblica pode ser definida como um exame de artefatos 
antigos outrora perdidos e hoje recuperados e que se relacionam ao estudo 
das Escrituras e a caracterização da vida nos tempos bíblicos. 
A arqueologia é basicamente uma ciência. O conhecimento neste campo 
se obtém pela observação e estudosistemáticos, e os fatos descobertos são 
avaliados e classificados num conjunto organizado de informações. A 
arqueologia é também uma ciência composta, pois busca auxílio em muitas 
outras ciências, tais como a química, a antropologia e a zoologia. 
Naturalmente, alguns objetos de investigação arqueológica (tais como 
obeliscos, templos egípcios e o Parthenon em Atenas) jamais foram “perdidos”, 
mas talvez algum conhecimento de sua forma ou propósito original, bem como 
o significado de inscrições neles encontradas, tenha se perdido. 
Funções da Arqueologia Bíblica: 
A arqueologia auxilia-nos a compreender a Bíblia. Ela revela como era 
a vida nos tempos bíblicos, e que passagens obscuras da Bíblia realmente 
significam, e como as narrativas históricas e os contextos bíblicos devem ser 
entendidos. 
A Arqueologia também ajuda a confirmar a exatidão de textos bíblicos e 
o conteúdo das Escrituras. Ela tem mostrado a falsidade de algumas teorias 
de interpretação da Bíblia. Tem auxiliado a estabelecer a exatidão dos 
originais gregos e hebraicos e a demonstrar que o texto bíblico foi transmitido 
com um alto grau de exatidão. Tem confirmado também a exatidão de muitas 
passagens das Escrituras, como, por exemplo, afirmações sobre numerosos 
reis e toda a narrativa dos patriarcas. 
Não se deve ser dogmático, todavia, em declarações sobre as 
15 
16 ​confirmações da arqueologia, pois ela também cria vários problemas para o 
estudante da Bíblia. Por exemplo: relatos recuperados na Babilônia e na 
Suméria descrevendo a criação e o dilúvio de modo notavelmente 
semelhante ao relato bíblico deixaram perplexos os eruditos bíblicos. Essas 
descobertas levantam a seguinte polêmica: teria o autor do gênesis plagiado 
o relato sumério? Há ainda o problema de interpretar o relacionamento entre 
os textos recuperados em Ras Shamra (uma localidade na Síria) e o Código 
Mosaico. Pode-se, todavia, confiantemente crer que respostas a tais 
problemas virão com o tempo. Até o presente não houve um caso sequer em 
que a arqueologia tenha demonstrado definitiva e conclusivamente que a 
Bíblia estivesse errada! 
Por que Antigas Cidades e Civilizações 
desapareceram? 
Sabemos que muitas civilizações e cidades antigas desapareceram 
como resultado do julgamento de Deus. A Bíblia está repleta de tais 
indicações. Algumas explicações naturais, todavia, também devem ser 
brevemente observadas. 
As cidades eram geralmente construídas em lugares de fácil defesa, 
onde houvesse boa quantidade de água e próximo a rotas comerciais 
importantes. Tais lugares eram extremamente raro no Oriente Médio antigo. 
Assim, se alguma catástrofe produzisse a destruição de uma cidade, a 
tendência era reconstruir na mesma localidade. Uma cidade podia ser 
amplamente destruída por um terremoto ou por uma invasão. Fome ou 
pestes podiam despovoar completamente uma cidade ou território. Nesta 
última circunstância, os habitantes poderiam concluir que os deuses haviam 
lançado sobre o local uma maldição, ficando assim temerosos de voltar. Os 
locais de cidades abandonadas reduziam-se rapidamente a ruínas. E quando 
os antigos habitantes voltavam, ou novos moradores chegavam à região, o 
hábito normal era simplesmente aplainar as ruínas e construir uma nova 
cidade. 
Formavam-se, assim, pequenos morros ou taludes, chamados de tell, 
com muitas camadas superpostas de habitação. Às vezes, o suprimento de 
água se esgotava, rios mudavam de curso, vias comerciais eram 
redirecionadas ou os ventos da política sopravam noutra direção - o que 
resultava no permanente abandono de um local. 
Meio e método 
A arqueologia bíblica é um ramo da arqueologia do Próximo Oriente que 
constitui o quadro em que se desenrolou a maior parte dos acontecimentos 
narrados na Bíblia. O objetivo da arqueologia bíblica é investigar até que ponto 
as descobertas arqueológicas feitas no Próximo Oriente contribuem para 
esclarecer os antecedentes históricos e culturais do texto bíblico. Seu objetivo 
não é provar a veracidade da mensagem religiosa contida na Bíblia, pois esta 
se adereça a fé, e nunca pode ser objeto de investigação científica. 
Próximo Oriente: ​compreende a região da Ásia próxima ao Mar Mediterrâneo, 
a oeste do rio Eufrates, incluindo: Síria, Líbano, Israel, Palestina e Iraque. 
Todavia, uma vez que a história bíblica se inscreve num contexto 
histórico social preciso, a Arqueologia pode se pronunciar sobre a validade do 
quadro histórico em que sua mensagem religiosa é inserida. Se o quadro 
histórico demonstra-se válido, então a mensagem religiosa ganha também 
confiança. Os trabalhos arqueológicos modernos permitem conhecer bem 
melhor o contexto histórico e cultural da Bíblia do que era possível antes que a 
pá do arqueólogo se pusesse trabalhar em meados do século passado. 
A Bíblia nada perde de seu valor quando se empreende um estudo 
comparativo das antigas culturas do Próximo Oriente. Ao contrário, essas 
pesquisas põem em relevo o que o povo da Bíblia tinha em comum com seus 
contemporâneos, bem como aquilo que os distinguia dos demais. Partindo de 
dados arqueológicos, este estudo comparativo demonstra cada vez mais que o 
povo hebreu partilhava uma cultura comum com outros povos semitas, que, 
falava uma língua muito parecida com outras línguas de Canaã, e que sofria as 
mesmas influências políticas e culturais que seus vizinhos, embora fosse 
herdeiro de uma fé infinitamente mais pura e mais elevada que a deles. 
17 
18 
Além disso, a arqueologia permite compreender alusões históricas 
mencionadas só por alto pelo texto bíblico. Ninguém poderia supor a partir dos 
poucos versos que o Velho Testamento consagra a Onri (1 Reis 16: 23-28), 
que este rei de Israel gozava de uma influência política considerável. Do 
mesmo modo dependemos de fontes extras bíblicas vindas à luz em 
escavações arqueológicas para saber que o Rei Acabe de Israel foi um dos 
aliados mais importantes da coalizão que se opôs ao rei da Assíria na Batalha 
de Qarqar (853 A.C.). É, pois um dos objetivos deste curso obter uma 
compreensão clara dos fatos históricos mencionados na Bíblia a luz da 
arqueologia do Próximo Oriente. 
Há um século, sob a influência da alta crítica, era comum se afirmar que 
a história bíblica não passava de um acervo de lendas. Hoje, graças às 
descobertas arqueológicas, o fundo histórico da Bíblia é olhado com muito mais 
respeito. Assim, uma das maiores autoridades no campo da Arqueologia 
Bíblica podia afirmar a poucas décadas: "Não há dúvida que a arqueologia tem 
confirmado a historicidade fundamental da tradição do Antigo Testamento" ( 
ALBRIGHT, Arqueologia e a religião de Israel, 1955, p. 176). 
Não somente a história, mas também as línguas antigas têm sido 
beneficiadas por descobertas arqueológicas fortuitas ou planejadas. A 
descoberta de milhares de tabletes nos arquivos de Mari, de Ugarite, de Tell el- 
Amarna, para mencionar apenas alguns enriqueceram enormemente nosso 
conhecimento das línguas semíticas antigas. O progresso subsequente da 
filologia e da semântica tem facilitado à tradução e a interpretação de um 
grande número de textos bíblicos que de outro modo teriam permanecido 
obscuros. As fontes de informações arqueológicas consistem de objetos 
descobertos no curso de escavações, tais como vasos, utensílios, joias, 
estatuetas, etc., bem como os documentos escritos que as antigas civilizações 
nos legaram; Guerras ou desastres naturais causaram a destruição de muitas 
das cidades e vilas da antiguidade. 
Uma vez abandonadas, sofreram o desgaste do tempo, chuvas, 
tempestades de areia, etc. Outras cidades despareceram sob as cinzas de uma 
explosão vulcânica. Este foi o caso de Herculano e Pompeia em (69 A.D) ou de 
Sancorine, por volta de 1500 (a.C.) A vida em Nínive parou subitamente 
quando a cidade foi destruídaem 612 (a.C.) pelo ataque combinado dos Medos 
e dos Babilônicos. A destruição foi tão completa que quando Alexandre visitou 
a região, menos de três séculos mais tarde, o lugar mesmo da antiga capital 
tinha caído no esquecimento. Quando Botta e Layard ai começaram 
escavações por volta de 1840, encontraram os palácios dos reis da Assíria 
quase que intactos. 
A Escavação de um Sítio Arqueológico 
O arqueólogo bíblico pode se dedicar à escavação de um sítio 
arqueológico por várias razões. Se o talude que ele for estudar 
reconhecidamente cobrir uma localidade bíblica, ele provavelmente procurará 
descobrir as camadas de ocupações relevantes à narrativa bíblica. Ele pode 
está procurando uma cidade que se sabe ter existido, mas ainda não foi 
positivamente identificada. Talvez procure resolver dúvidas relacionadas à 
proposta identificação de um sítio arqueológico. Possivelmente estará 
procurando informações concernentes a personagens ou fatos da história 
bíblica que ajudarão a esclarecer a narrativa bíblica. 
Uma vez que o escavador tenha escolhido o local de sua busca, e 
tenha feito os acordos necessários (incluindo permissões governamentais, 
financiamento, equipamento e pessoal), ele estará pronto para começar a 
operação. Uma exploração cuidadosa da superfície é normalmente realizada 
em primeiro lugar, visando saber o que for possível através de pedaços de 
cerâmica ou outros artefatos nela encontrados, verificar se certa configuração 
de solo denota a presença do resto de alguma edificação, ou descobrir algo 
da história daquele local. Faz-se, sem seguida, um mapa do contorno do 
talude e escolhe-se o setor (ou setores) a ser (em) escavado (s) durante uma 
sessão de escavações. Esses setores são geralmente divididos em 
subsetores de um metro quadrado para facilitar a rotulação das descobertas. 
19 
20 ​
A Arqueologia e o Texto da Bíblia ​
Embora a maioria das pessoas 
pense em grandes monumentos e 
peças de museu e em grandes feitos de reis antigos quando se faz menção 
da arqueologia bíblica, cresce o conhecimento de que inscrições e 
manuscritos também têm uma importante contribuição ao estudo da Bíblia. 
Embora no passado a maior parte do trabalho arqueológico estivesse voltada 
para a história bíblica, hoje ela se volta crescentemente para o texto da 
Bíblia. 
O estudo intensivo de mais de 3.000 manuscritos do Novo Testamento 
(N.T.) grego, datados do segundo século da era cristão em diante, tem 
demonstrado que o 
(N.T.) foi notavelmente bem preservado em sua transmissão desde o terceiro 
século até agora. Nem uma doutrina foi pervertida. Westcott e Hort 
concluíram que apenas uma palavra em cada mil do (N.T.) em grego possui 
uma dúvida quanto a sua genuinidade. 
Uma coisa é provar que o texto do (N.T.) foi notavelmente preservado a 
partir do segundo e terceiro séculos; coisa bem diferente é demonstrar que 
os evangelhos, por exemplo, não evoluíram até sua forma presente ao longo 
dos primeiros séculos da era cristã, ou que Cristo não foi gradativamente 
divinizado pela comunidade cristã. Na virada do século XX uma nova ciência 
surgiu e ajudou a provar que nem os Evangelhos e nem a visão cristã de 
Cristo sofreram evoluções até chegarem à sua forma atual. Grenfell e Hunt 
realizaram escavações no distrito de Fayun, no Egito (1896-1906), e 
descobriram grandes quantidades de papiros, dando início à ​ciência da 
papirologia. 
Os papiros, escritos numa espécie de papel grosseiro feito com as 
fibras de juncos do Egito, incluíam uma grande variedade de tópicos 
apresentados em várias línguas. O número de fragmentos de manuscritos 
que contêm porções do (N.T.) chega hoje a 77 papiros. Esses fragmentos 
ajudam a confirmar o texto final encontrado nos manuscritos maiores, feitos 
de pergaminho, datados do quarto século em diante, ajudando assim a 
formar uma ponte mais confiável entre os manuscritos mais recentes e os 
originais. ​O impacto da papirologia sobre os estudos bíblicos foi fenomenal. 
Muitos desses papiros datam dos primeiros três séculos da era cristã. Assim, 
é possível estabelecer o desenvolvimento da gramática nesse período, e, 
com base no argumento da gramática histórica, datar a composição dos 
livros do (N.T.) no primeiro século da era cristã. Na verdade, um fragmento 
do Evangelho de João encontrado no Egito pode ser paleograficamente 
datado de aproximadamente 125 (d.C.) Descontado certo tempo para o livro 
entrar em circulação, deve-se atribuir ao quarto Evangelho uma data próxima 
do fim do primeiro século é exatamente isso que a tradição cristã 
conservadora tem atribuído a ele. Ninguém duvida que os outros três 
Evangelhos são um pouco anteriores ao de João. Se os livros do (N.T.) foram 
produzidos durante o primeiro século, foram escrito bem próximo dos eventos 
que registram e não houve tempo de ocorrer qualquer desenvolvimento 
evolutivo. 
Todavia, a contribuição dessa massa de papiros de todo tipo não para 
aí. Eles demonstram que o grego do (N.T.) não era um tipo de linguagem 
inventada pelos seus autores, como se pensava antes. Ao contrário, era, de 
modo geral, a língua do povo dos primeiros séculos da era cristã. Menos de 
50 palavras em todo o (N.T.) foram cunhadas pelos apóstolos. Além disso, os 
papiros demonstraram que a gramática do (N.T.) grego era de boa qualidade, 
se julgada pelos padrões gramaticais do primeiro século, não pelos do 
período clássico da língua grega. Além do mais, os papiros gregos não 
bíblicos ajudaram a esclarecer o significado de palavras bíblicas cuja 
compreensão ainda era duvidosa, e lançaram nova luz sobre outras que já 
eram bem entendidas. 
Até recentemente, o manuscrito hebraico do Antigo Testamento (A.T.) 
de tamanho considerável mais antigo era datado aproximadamente do ano 
900 da era cristã, e o (A.T.) completo era cerca de um século mais recente. 
Então, no outono de 1948, os mundos religioso e acadêmico foram sacudidos 
com o anúncio de que um antigo manuscrito de Isaías fora encontrado numa 
21 
22 ​caverna próxima à extremidade noroeste do Mar Morto. Desde então um total ​de 11 
cavernas da região têm cedido ao mundo os seus tesouros de rolos e 
fragmentos. Dezenas de milhares de fragmentos de couro e alguns de papiro 
forma ali recuperado. Embora a maior parte do material seja extra bíblico, 
cerca de cem manuscritos (em sua maioria parcial) contêm porções das 
Escrituras. Até aqui, todos os livros do (A.T.), exceto Ester, estão 
representados nas descobertas. Como se poderia esperar, fragmentos dos 
livros mais frequentemente citados no (N.T.) também são mais comuns em 
Qumran (o local das descobertas). Esses livros são Deuteronômio, Isaías 
e Salmos. Os rolos de livros bíblicos que ficaram melhor preservados e têm 
maior extensão são dois de Isaías, um de Salmos e um de Levítico. 
O significado dos Manuscritos do Mar Morto é tremendo. Eles fizeram 
recuar em mais de mil anos a história do texto do (A.T.) (depois de muito 
debate, a data dos manuscritos de Qumran foi estabelecida como os 
primeiros séculos (a.C e d.C). Eles oferecem abundante material crítico para 
pesquisa no (A.T.), comparável ao de que já dispunham há muito tempo os 
estudiosos do (N.T.) Além disso, os Manuscritos do Mar Morto oferecem um 
referencial mais adequado para o (N.T.), demonstrando, por exemplo, que o 
Evangelho de João foi escrito dentro de um contexto essencialmente judaico, 
e não grego, como era frequentemente postulado pelos estudiosos. E ainda, 
ajudaram a confirmar a exatidão do texto do (A.T.) A Septuaginta, 
comprovava os Manuscritos do Mar Morto, é bem mais exata do que 
comumente se pensa. Por fim, os rolos de Qumran nos ofereceram novo 
material para auxiliar na determinação do sentido de certas palavras 
hebraicas. 
DESCOBERTAS 
MAIS EXPRESSIVAS 
2 
Conhecimento 
Conhecer as descobertas mais importantes para a arqueologiabíblica. 
Habilidade 
Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser 
capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em 
ambiente acadêmico acerca do tema. 
Atitude 
Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto 
estudado e incorporá-la nas suas práxis. 
23 
24 
Os manuscritos do Mar Morto 
Os Manuscritos do Mar Morto podem ser 
considerados a maior descoberta arqueológica 
do século XX. Graças a eles, caiu por terra a 
alegação de que a Bíblia conteria erros 
oriundos de copistas descuidados ou mal 
intencionados. Datados seguramente de até 
250 anos antes de Cristo, os pergaminhos 
preservados nas cavernas de Qumran, no deserto da Judeia, teriam sido 
escritos pelos Essênios uma comunidade de judeus ascetas, e descobertos 
em 1947, deixaram claro que as versões bíblicas existentes até então (e, 
logicamente, as de hoje também) eram plenamente confiáveis e refletiam o 
conteúdo da versão corrente no tempo de Jesus – a versão que Ele leu e 
considerou autorizada. 
Porém, Rachel Elior, criou uma nova tese sobre quem escreveu tais 
manuscritos. Há dez anos ela se dedica ao estudo dos Manuscritos e afirma 
que os autores deles não foram os essênios, como comumente alegado, 
mas, sim, os saduceus. Veja alguns trechos da matéria: 
“Elior (...) concluiu que os textos pertenciam a um clã de sacerdotes 
conhecidos como saduceus, e que os essênios não passam de uma ficção 
literária criada pelo historiador judeu Flávio Josefo, que viveu em Roma no 
século I”. Ela argumenta que a versão fantasiosa foi acatada como verdade 
desde então, mas que não há uma só menção aos próprios essênios nos 
manuscritos: ‘Ao contrário, os autores identificam-se claramente como 
sacerdotes, filhos de Zadoque. ’ Os saduceus foram banidos de Jerusalém no 
século (II a.C.), e Elior acredita que os manuscritos são parte da biblioteca do 
templo levada por eles para um esconderijo seguro no deserto. Descrições 
dos essênios feitas por antigos gregos e romanos afirmam que havia milhares 
deles vivendo em comunidade e que evitavam o sexo. Isso chama atenção, 
pois ia contra a exortação bíblica de ‘crescei e multiplicai-vos’, respeitadíssima 
25 
26 
no judaísmo. ‘Não faz sentido milhares de pessoas terem vivido em 
desacordo com a lei religiosa e não haver menção alguma a elas em textos ou 
fontes judaicas do período’, argumenta Elior. 
“Elior não cede aos críticos. ‘A maioria de meus oponentes só leu 
Josefo e outras referências clássicas sobre os essênios’, diz. ‘Deveriam ler 
os Manuscritos do Mar Morto. Neles está a prova.” 
Durante toda a Idade Média, por interesses principalmente políticos e 
econômicos, a Igreja foi aos poucos agasalhando em seu seio doutrinas e 
costumes absolutamente contrários ao espírito e ensinos de Jesus e dos 
apóstolos. Por essa razão, muitas pessoas passaram a temer que a Bíblia 
também tivesse sofrido alterações significativas. O receio era de que o texto 
do Antigo Testamento que temos hoje não fosse exatamente aquele no qual 
Jesus e os apóstolos basearam todos os seus ensinos; que não fosse mais a 
“Palavra de Deus” como originalmente havia sido escrita. Felizmente, a 
Arqueologia praticamente acabou com essa dúvida. E tudo graças a um 
menino! 
Em 1947, vasculhando as 
cavernas do extremamente árido e 
inóspito lado ocidental do Mar Morto, 
em busca de uma ovelha perdida, um 
garoto beduíno encontrou grandes 
vasos de barro que continham antigos 
manuscritos escondidos ali. A partir de 
então, outros beduínos e arqueólogos encontraram, em onze cavernas da 
região, mais de 800 diferentes manuscritos, incluindo todos os livros do 
Antigo Testamento, com exceção dos livros de Ester e Neemias. De alguns 
livros da Bíblia foram encontrados apenas fragmentos; em outros casos, a 
maior parte do texto foi recuperada. O livro do profeta Isaías foi encontrado 
praticamente inteiro! 
Apenas um dos rolos havia sido escrito em finas folhas de cobre. 
Todos os demais foram escritos em pergaminho (pele de animal 
especialmente preparada para essa finalidade). Assim, por terem utilizado 
material orgânico, esses livros bíblicos puderam ser submetidos ao processo 
de datação conhecido como Carbono 14. Outro método utilizado para 
determinar a época em que foram escritos foi à análise paleográfica (análise 
da forma da escrita, que em cada época tem características típicas). 
Surpreendentemente, constatou-se que os manuscritos havia sido 
produzidos entre o século (II a.C.) e o século (I d.C) – portanto, em dias 
anteriores e contemporâneos a Jesus. Judeus zelosos dessa época, 
provavelmente para salvar os livros sagrados de algum perigo iminente, 
devem tê-los escondido nas remotas e quase inacessíveis cavernas do Mar 
Morto. E maior surpresa ainda, quando comparados, constatou-se que os 
livros do Antigo Testamento que temos hoje são essencialmente idênticos 
aos textos que existiam nos dias de Jesus. 
Jesus certa vez disse: “Vós examinais as Escrituras porque julgais ter 
nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim” (João 5:39). 
Como é confortador saber que as Escrituras que temos hoje em nossas 
mãos são aquelas mesmas que Jesus lia e ensinava. 
O obelisco negro de shalmaneser III (854-824 a.C) 
O arqueólogo Henry Layard 
descobriu este obelisco de pedra negra, em 
1846, durante as suas escavações do sítio 
de Kalhu, a antiga capital da Assíria. Foi 
erguido um monumento público em (825 
a.C) numa época de guerra civil. As 
esculturas em relevo glorificavam as 
conquistas do rei Shalmaneser III (reinou de 
858-824 aC). Ele enumera as suas 
campanhas militares de trinta e um anos e que o tributo que exigiu aos seus 
vizinhos, incluindo camelos, macacos, um elefante e um rinoceronte. Reis 
assírios, muitas vezes recolhidos animais e plantas exóticas, como expressão 
de seu poder. Há cinco cenas de homenagem, cada qual ocupa quatro painéis 
27 
28 ​em volta do rosto do obelisco e é identificado por uma linha de escrita ​cuneiforme 
acima do painel. De cima para baixo são eles: Sua de Gilzanu (no 
noroeste do Irão), Jeú de Bit Omri (antigo norte de Israel), Uma régua de 
Musri sem nome (provavelmente Egipto), Marduk-apil-usur de Suhi (Médio 
Eufrates, Síria e Iraque), Qalparunda de Patin (região de Antakya, na Turquia). 
O segundo registo a partir do topo inclui a imagem mais antiga sobrevivente 
de um israelita: a Jeú bíblica, rei de Israel, trouxe ou mandou o seu tributo em 
cerca de (841 a.C) Acabe, filho de Omri, rei de Israel, tinham perdido a vida na 
batalha há alguns anos, lutando contra o rei de Damasco, em Ramote-Gileade 
(2aReis 8:28,29; 2a Crónicas 22:5,6). O seu segundo filho (Joram) foi sucedido 
por Jeú, um usurpador, que rompeu a aliança com a Fenícia e Judá, e 
submetidos à Assíria. A legenda abaixo da cena, escrito em cuneiforme 
Assíria, pode ser traduzida “O tributo de Jeú, filho de Omri: eu recebi dele 
prata, ouro, uma tigela de ouro, um vaso de ouro com fundo aguçado, copos 
de ouro, baldes de ouro, estanho, um pessoal de um rei [e] lanças”. 
Os especialistas em escrita cuneiforme começaram então a traduzir as 
quase 200 linhas de textos desse rei. Elas falavam de vários governantes de 
diversos lugares que haviam presenteado Salmanasar III e lhe prestado 
homenagem, prostrando-se diante dele. Vários nomes bem diferentes dos 
nossos estavam no texto: Marduk-apil-usur, rei de Suhi, Qalparunda, rei de 
Patin, Jeú, rei de Israel. 
Pedra Moabita 
Pedra Moabita ou Estela de Mesa é uma pedra de basalto, com uma 
inscrição sobre Mesa, Rei de Moabe. Essa registra a conquista de Moabe por 
Omri, Rei de Israel Setentrional. Após a morte de Acabe, filho de Omri​, ​Mesa 
revolta-se depois de prestar vasalagem por 40 anos. Esta inscrição completae confirma o relato bíblico em (II Reis 3:4-27). A estela teria sido feita, 
aproximadamente, por volta de (830 a.C). A estela foi adquirida em Jerusalém 
pelo missionário alemão F. A. Klein, em 1868. Encontrada em Díbon, a antiga 
capital do Reino de Moabe, a 4 milhas a Norte do Rio Árnon. Encontra-se no 
Museu do Louvre, em Paris. Com a exceção de algumas variações, mostra 
que a escrita dos moabitas era idêntica ao hebraico​. ​Menciona o Tetragrama 
Sagrado no lado direito da estela, na linha 18. É um documento de grande 
importância e interessante relativo ao estudo da linguística hebraica, ou seja, 
a formação e evolução do alfabeto hebraico. 
A Pedra Moabita confirma o nome de locais e de cidades moabitas 
mencionadas no texto bíblico: Atarote e Nebo (Números 32:34,38), Aroer, o 
Vale de Árnon, planalto de Medeba, Díbon (Josué 13:9), Bamote-Baal, Bet- 
Baal-Meon, Jaaz [em hebr. Yáhtsha] e Quiriataim (Josué 13:17-19), Bezer 
(Josué 20:8), Horonaim (Isaías 15:5), e Bet-Diblataim e Queriote (Jeremias 
48:22,24). 
Transcrição em português da Pedra Moabita 
"Eu Mesa, filho de [deus] Quemós [...], Rei de Moabe, o 
dibonita – o meu pai reinou sobre Moabe 30 anos e eu 
reinei depois do meu pai – fiz este lugar alto para Que- 
mós, Qarhoh, porque ele me salvou de todos os reis e 
fez-me triunfar de todos os meus adversários. No que 
toca a Omri, Rei de Israel [Setentrional], este humilhou 
Moabe durante muito tempo, porque Quemós estava 
irritado com sua terra. E o seu filho seguiu-o e disse 
também: Hei-de humilhar Moabe. No meu tempo ele o disse, mas eu triunfei 
29 
30 ​sobre ele e a sua casa, enquanto Israel tinha perecido para sempre! Omri ​tinha 
ocupado a terra de Mádaba e Israel tinha habitado lá no seu tempo e 
durante metade do tempo do seu filho [Acabe, filho de Omri], por 40 anos; 
mas Que- mós habitou ali, no meu tempo. E construí Baal-Meon, fazendo 
nela um reservatório [ou cisterna]; construí também Qaryaten. Os homens de 
Gade tinham sempre habitado a terra de Atarot e o rei de Israel tinha 
construído Atarot para eles; mas eu combati contra a cidade e tomei-a e 
matei todos os habitantes da cidade para satisfação de Quemós e Moabe. E 
trouxe dali Arel, seu cabecilha, arrastando-o para diante de Quemós em 
Qeriot e estabeleci homens de Sharon e de Maharit. E Quemós disse-me: Vai 
e toma [o Monte] Nebo a Israel. Assim, eu fui de noite e combati contra ela, 
desde do raiar aurora até meio dia, tomando-a e matando todos, 7 mil 
homens, mulheres, rapazes, raparigas e servas, por que tinham sido 
devotados anátema [ou destruição] para Ashtar-Quemós. E dali os tirei [...] de 
YHVH (Jeová), arrastando até diante de Quemós. E o rei de Israel tinha 
construído Jahaz e residia ali, enquanto lutava contra mim, mas Quemós 
tirou- o de diante de mim. E tomei de Moabe duzentos homens de guerra, 
todos de primeira classe, e coloquei-os contra Jahaz e tomei-a para anexar 
Díbon. Fui eu que construí Qarhoh, o muro das florestas e muro da cidadela; 
também construí as suas portas e construí as suas torres e construí a casa 
do Rei e fiz os seus reservatórios para água, dentro da cidade. E não havia 
cisterna dentro da cidade de Qarhoh, por isso disse ao povo: Que cada um 
de vós faça uma cisterna para si mesmo, na sua casa. E eu cortei vigas para 
Qarhoh com prisioneiros israelitas. Construí Aroer e fiz a estrada no Vale de 
Aroer; construí Bet-Bamot, pois tinha sido destruída; construí Becer – pois 
estava em ruínas – com 50 homens de Dibon, pois todo o território de Díbon 
era minha leal dependência. E reinei em paz sobre as 100 cidades que tinha 
acrescentado ao país. E eu construí [...], Medeba, Bet-Diblaten e Bet-Baal- 
Meon, e estabeleci ali o [...] país. E quando Hauronen, ali moraram [...] 
Quemós disse-me: Vai lá baixo e combate contra Hauro- nen. E eu desci e 
combati contra a cidade e tomei-a, e Quemós habitou lá no meu tempo..." 
Os Amuletos de Ketef Hinnom (1979​) 
, 
Contêm os mais antigos textos do Antigo Testamento (séc. VII-VI a.C.), 
descoberto por um arqueólogo bíblico, o hùngaro-israelense Gabriel Barkay 
(1944-). Os chamados Amuletos de Ketef Hinnom são, na realidade, dois rolos 
de papel de prata minúsculos provavelmente usados como amuletos em volta 
do pescoço, achados na câmara funerária 25 da caverna 24 de Ketef Hinnom 
(em hebraico: 'ombro de Hinom', um sítio arqueológico localizado numa colina 
com vista para o Vale de Hinom, a sudoeste da Cidade Velha de Jerusalém). 
Entre 1975 e 1980, Gabriel Barkay descobriu alguns sepulcros em Ketef 
Hinnom, um sítio arqueológico perto de Jerusalém, com uma série de câmaras 
funerárias cortadas na pedra, em cavernas naturais. O local parecia ser 
arqueologicamente estéril e tinha sido usado para armazenar armamento 
durante o período otomano. A maior parte daqueles sepulcros tinha sido 
saqueada, mas felizmente o conteúdo de Câmara 25, foi preservado devido a 
um aparente desabamento parcial do teto da caverna, ocorrido também muito 
tempo antes. 
O sepulcro foi datado como entre os séculos (VII e VI a.C), antes do 
exílio. O sepulcro continha restos de esqueletos de 95 pessoas, 263 vasos de 
cerâmica inteiros, 101 peças de joalheria, entre elas 95 de prata e 6 de ouro, 
muitos objetos esculpidos de osso e marfim e 41 pontas de flechas de bronze 
ou de ferro. 
Além disso, havia dois pequenos e curiosos rolos de prata, sendo que 
um deles tinha cerca de uma polegada de comprimento e menos de meia 
31 
32 ​polegada de espessura, enquanto que o outro tinha meia polegada de ​comprimento 
e um quinto de polegada de espessura. Admitiu-se que esses 
rolos fossem usados como amuletos e que contivessem alguma inscrição. 
O processo ultradedicado, desenvolvido para abrir os rolos de papel sem 
que os mesmos se desintegrassem, levou três anos. Quando os rolos foram 
abertos e limpos, a inscrição continha porções de Números (6:24-26): O 
Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre 
ti... E te dê a paz. Esta inscrição é uma das mais antigas e preservadas 
contendo o nome do Deus Israelita: YHWH ou Jeová. Os chamados de 
Amuletos de Ketef Hinnom, na realidade dois rolos de papel de prata 
minúsculos achados na câmara funerária 25 da caverna 24 de Ketef Hinnom, 
contêm a mais antiga inscrição bíblica (600 a. C). 
O Papiro de John Rylands​, redescoberto (1934) por C. H. Roberts na 
Biblioteca John Rylands (1801-1888) em Manchester, Inglaterra. Conhecido 
como o "fragmento de São João", é um fragmento de papiro exposto na 
Biblioteca de John Rylands, Manchester, Reino Unido. Escrito em grego antigo, 
o papiro contém parte do capítulo 18 do Evangelho segundo João, estando, na 
frente, os versículos (31-33) e, no verso, os versículos (37 e 38). 
Alguns historiadores afirmam que o papiro com o texto do Evangelho de 
João (18:31-33,37-38), teria sido escrito entre o período de 100 a 125 (d.C.). 
Outros argumentam que o estilo da escrita, leva a uma data entre os anos (125 
e 160 d.C.). 
Independentemente destas diferenças, o manuscrito foi amplamente 
aceito como o texto mais antigo de um evangelho canônico, tornando-se assim, 
o primeiro documento que se refere à pessoa de Jesus. De qualquer modo, o 
papiro, que conta parte da história de Jesus de Nazaré, remonta a poucos anos 
após a morte de seu discípulo João . 
A Pintura Mural Tumba de Beni Hasan ​(1923), Tebas, uma pintura 
mural da tumba de um nobre em Beni Hasan, Egito, que data do tempo de 
Abraão (XIX a. C) A descoberta revelou como era a cultura patriarcal por volta 
de dois anos antes de Cristo. 
A Estela de Tel Dã (1993), ​cuja descoberta provou, sem sombra de 
dúvidas, a existência do rei Davi (1015-975 a. C.) e seu reinado. 
33 
34 
Placa comemorativa sobre conquista militar da Síria sobre a região de 
Dã. A inscrição traz de modo bem legível a expressão "casa de Davi",que 
pode ser uma referência ao templo ou à família real. O mais importante, 
todavia, é que menciona, pela primeira vez fora da Bíblia, o nome de Davi, 
indicando que este foi um personagem real. Esta descoberta também fez a 
mídia admitir que a Bíblia possa ser tomada como fonte de documentação 
histórica. ​O Tablete 11 (1872) do Épico de Gilgamés​, descoberto pelo 
arqueólogo bíblico e assiriologista inglês George Smith (1840-1876). A 
descoberta deste documento provou a antiguidade do relato do dilúvio. 
Em (1848-1849) o arqueólogo Austin Henry Layland fez uma animadora 
descoberta enquanto estava escavando a antiga cidade mesopotâmica de 
Nínive, hoje em dia no Iraque. Ele desenterrou várias tábuas de argila que 
continham a história escrita preservadas mais antiga da humanidade: o Épico 
de Gilgamesh. 
O Épico de Gilgamesh foi encontrado em vários tabletes de barro 
partidas na cidade Assíria de Nínive em (1853). Outro achado importante que 
vem das escavações de Henry Layard é um velho conto babilônico do dilúvio. 
Quando o Épico de Gilgamés foi publicado pela primeira vez na Europa em 
1872 através da tradução de George Smith, ele causou uma sensação que 
rivalizava com as teorias de Darwin. Algumas pessoas o declaravam uma 
prova histórica do dilúvio do Gênesis, enquanto outros ainda desdenhavam da 
asseveração de que a Bíblia é singular e autêntica. 
Em toda a literatura mesopotâmica, o conto do dilúvio no tablete 11 
representa a principal correlação com o texto bíblico. Na história recontada 
aqui, Gilgamés é avisado sobre o dilúvio por Utnapishtim, um homem que 
ganhou a imortalidade, e como o Noé bíblico, também passou salvo pelas 
águas do dilúvio. Em seu relato do dilúvio, ele diz que o deus criador 
favoreceu-o avisando-o sobre o dilúvio e ordenando-lhe que construísse um 
barco (cf. Gn 6.13-17). Neste barco ele levou sua família, tesouros e todas as 
criaturas vivas (cf. Gn 6.18-22; 7.1-16), escapando assim da tempestade 
enviada pelos céus que destruiu o restante da humanidade (cf. Gn 7.17-23). De 
acordo com seus cálculos, a tempestade acabou no sétimo dia, e a terra seca 
apareceu no décimo segundo dia (cf. Gn 7.24) quando o barco veio repousar 
sobre o monte Nisir, no Curdistão (ao invés do bíblico monte Ararate, na 
Turquia). ​A Fonte de Giom, a Ha Gihon (1833​), mencionado em (II Samuel 2:13) 
e (Jeremias 41:12), pesquisada pelo arqueólogo estadunidense Edward 
Robinson. 
A Inscrição de Siloé é uma passagem de texto inscrito, encontrada 
originalmente no Túnel de Ezequias, aqueduto que supria água da Fonte de 
Giom para a piscina de Siloé na parte leste de Jerusalém. Descoberto (1880), a 
inscrição registra a construção do túnel no século (VIII a.C). Encontra-se entre 
os registros mais antigos escritos na língua hebraica, usando-se o alfabeto 
Paleo-Hebrew. 
35 
36 
O Selo de Baruque (1975), ​descoberta que provou a existência do 
secretário e confidente do profeta Jeremias. 
O profeta Jeremias durante os últimos anos do reino de Judá profetizou 
o exílio e o retorno dos judeus, eles teriam que aceitar o jugo de Babilônia e 
não resistir. Ele foi encarcerado, ameaçado de morte e posto como falso 
profeta e traidor. Jeremias nomeou Baruque, o filho de Nérias, seu escriturário. 
Foram encontrados em uma loja de antiguidades em Jerusalém alguns 
pedaços de barro marcados com um selo. Dentro desta coleção há duas peças 
que acredita-se ter pertencido a Baruque. Em exibição no Museu de Israel em 
Jerusalém, nas três linhas lê-se: Berekhyauhuh, o filho de Neriyauhuh, o 
escriturário. 
O Palácio de Sargão II ​(1843), rei da Assíria mencionado em (Isaías 
20:1), descoberto por Paul Emile Botta (1802-1870). 
A existência do Palácio de Sargão II foi posta em dúvida por 
historiadores por muitos séculos até essa descoberta (1843), que pôs fim a 
negação histórica da menção bíblica feita em (Isaías 20:1). 
O Obelisco Negro de Salmaneser ​(1845), um artefato que o 
arqueólogo Austen Henry Layard (1817-1894) encontrou, na antiga cidade de 
Nínive. ​Assim chamado um dos mais antigos artefatos arqueológicos a se referir 
a um personagem bíblico: o rei hebreu Jeú, que viveu cerca de nove séculos 
antes de Cristo. Assim como o prisma de Taylor, ambos são artefatos que 
mostram duas derrotas militares de Israel. Este artefato mostra um desenho do 
rei Jeú prostrado diante de Salmaneser III, oferecendo tributo a ele e encontra- 
se preservado, agora, no Museu Britânico, em Londres. O segundo descreve o 
cerco de Senaqueribe a Jerusalém, citando textualmente o confinamento do rei 
Ezequias. 
Inscrição de Siloé ​– Encontrada acidentalmente por algumas crianças 
que nadavam no tanque de Siloé. Essa antiga inscrição hebraica marca a 
comemoração do término do túnel construído pelo rei Ezequias, conforme o 
relato de (II Crônicas 32:2-4). 
Textos de Balaão ​– Fragmentos de escrita aramaica encontrados em 
Tell Deir Allá, que relatam um episódio da vida de "Balaão filho de Beor" e 
descrevem uma de suas visões – indícios de que Balaão existiu e viveu em 
Canaã, como afirma a Bíblia no livro de (Números 22 a 24). 
Papiro de Ipwer ​– Oração sacerdotal escrito por um egípcio chamado 
Ipwer, onde questiona o deus Horus sobre as desgraças que ocorrem no Egito. 
As pragas mencionadas são: O rio Nilo torna-se sangue; escuridão cobrindo a 
terra; animais morrendo no pasto; entre outras, que parecem fazer referência 
às pragas relatadas no livro de Êxodo. 
Tabletes de Ebla – ​Cerca de 14 mil tábuas de argila foram encontradas 
no norte da Síria, em 1974. Datadas de (2.300 a 2.000 a.C), elas remontam a 
época dos patriarcas. Os tabletes descrevem a cultura, nomes de cidades e 
pessoas (como Adão, Eva, Miguel, Israel, Noé) e o modo de vida similar ao dos 
patriarcas descrito principalmente entre os capítulos 12 e 50 do livro de 
Gênesis, indicando sua historicidade. 
Tijolo babilônico de Nabucodonosor ​– O achado arqueológico traz a 
seguinte inscrição em cuneiforme: "(eu sou) Nabucodonosor, Rei de Babilônia. 
Provedor (do templo) de Ezagil e Ezida; filho primogênito de Nabopolassar”. 
Vale notar que por muito tempo se afirmou que a cidade da Babilônia era um 
mito e muito mais lendário ainda seria o rei Nabucodonosor. 
Estela de Merneptah ​– Coluna comemorativa, datada de cerca de 
(1207 a.C), que descreve as conquistas militares do faraó Merneptah. Israel é 
mencionado como um dos inimigos do Egito no período bíblico dos juízes, 
provando que Israel já existia como nação neste tempo, o que até então era 
negado pela maioria dos estudiosos. É a menção mais antiga do nome "Israel" 
fora da Bíblia. 
37 
38 
A ERA DOS 
PATRIARCAS 
3 
Conhecimento 
Estudo dos principais achados arqueológicos no período dos patriarcas, e sua 
relação com a historicidade das narrativas bíblicas do período. 
Habilidade 
Interpretar textos sobre o tema bem como saber fazer exposição escrita, 
pública em eventos, palestras, seminários em ambiente acadêmicos acerca do 
tema. 
Atitude 
Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto 
estudado e incorporá-la na sua práxis 
39 
40 
A era de Abraão (1800) 
A era de Abraão começa com a saída de Abraão de Ur dos Caldeus, por 
volta do ano 1800 (a.C). A crítica literária do séc. XIX considerava-a folclore e 
lenda, mas descobertas feitas na Mesopotâmia desde 1840 veem nesses 
acontecimentos, uma história verossímil. Em 1854, Taylor estudou as colinas 
de Ur, descobriu o templo de Ur e uns cilindros recobertos de inscrições. 
Pesquisas posteriores revelaram o esplendor da civilização suméria, que 
fora governada por dinastia de Ur. Foram descobertos textos sumérios 
antigos e mais completos de grande valor histórico e literário. Em (1922 a 
1934) Leonardo Wooley, descobre que a cidade de Ur tinhaa forma oval e 
possuía uma torre. 
Taylor desenterrou porções de uma grande torre templo ou zigurate (a 
montanha do céu), que ascendia em três pisos a uma altura de 21 metros. 
Em cada uma de suas quatro esquinas havia um nicho, onde existiam 
cilindros escritos (registros dos fundamentos), que traziam o nome da cidade, 
de seu fundador e daqueles que de vez em quando tinham reconstruído o 
zigurate. ​No quarto com lixo acumulado de um templo próximo havia uma coleção 
41 
42 ​de tabuinhas cuneiformes. Em uma delas o rei Nabonido (556-536 a.C), fazia 
referências à edificação e aos reparos periódicos do grande zigurate. 
Há também uma oração a Nannar, o deus Lua, pelo próprio rei e por seu 
filho Belsazar, para que fosse “guardado do pecado” e “estivesse satisfeito com 
a abundância da vida”. Estas e outras inscrições confirmam o relato bíblico 
sobre Belsazar. 
A torre sagrada, o zigurate. 
A torre tinha três andares, e no topo havia um pequeno santuário, 
conhecido como a corte de Nannar, deus sumério chamado de “Sin” pelos 
semitas. Nos tempos mais antigos, os mortos foram enterrados nos cemitérios, 
mas durante a 3a dinastia de Ur, eram sepultadas no subsolo da casa. 
Em cada novo enterro, os ossos precedentes eram empurrados para as 
paredes, o que permitia ao recém-chegado ser “recolhido com seus pais”. 
No caso dos reis, havia câmara até com 10 metros de profundidade, 
eram enterrado com seus tesouros e os súditos que o acompanhavam eram 
sepultados na mesma câmara ou numa antecâmara. 
Esses acompanhantes poderiam ter decido de bom grado para 
acompanhá-lo no além. Na Bíblia, a primeira vez que menciona uma sepultura 
está relacionado com o sepultamento de Sara. Abraão comprou dos habitantes 
de hebrom um pedaço de terra, a caverna de Macpela, para sepultar sua 
morta. (Gn. 23.2-20). 
O nome Abraão foi decifrado sobre vários tabletes cuneiformes 
encontrados em Ur. Sara, Nahor e outros também foram encontrados: Jacó , 
Lia e Labão. 
O Código de Lipid- Ishtar, a lei 25 reflete a experiência de Agar, a 
escrava de Sara: “Se um homem desposar uma mulher e esta lhe desse filhos, 
e esses filhos estivessem vivos, e por ventura uma escrava por sua vez desse 
filhos a seu senhor, mas que o pai lhe outorga liberdade à escrava e seus 
filhos, os filhos da escrava não partilharia a propriedade com os filhos (legítimo) 
do senhor”. 
As leis de Eshnuna, achadas em 1948, parágrafo 25, nos lembram da 
experiência de Jacó: “Se um homem visita à casa de seu sogro, e se seu sogro 
o aceita como seu servo, mas (não obstante) da sua filha a (outro), o pai 
reembolsará em dobro o dote de noivado que recebeu”. 
De todos os códigos o mais completo é o de Hamurabi. Este foi 
descoberto em 1902, por arqueólogos franceses dirigidos por Jacques de 
Morgan. Hamurabi é um rei Sumério, que recebeu a ordem do seu deus de 
justiça, Shamash, que lhe deu ordem de escrever o código. Esse código nos 
ajuda a entender o cotidiano na mesopotâmia nos tempos dos patriarcas. A 
sociedade babilônica aparece dívida em três classes: a aristocracia, a classe 
média, e os escravos. 
Muitas das leis visavam à proteção da propriedade, dos empréstimos, do 
depósito de dinheiro em mãos de terceiros, de campos arrendados, etc. O 
adultério, o divórcio, bem como a disposição dos dotes de casamentos, recebia 
atenção do legislador. O parágrafo 170 estabelece os direitos dos filhos de 
uma escrava gerados pelo seu senhor. Nesse caso o pai deveria conhecê-lo 
como filho legítimo. (SCWHANTES, 1988, p.22)​. 
Estas legislações mais antigas do que a Bíblia, ajudam na compreensão 
de documentos e da legislação Bíblica. Podemos constatar certo paralelismo 
entre os usos e costumes praticados por Abraão e seus descendentes e as leis 
43 
44 ​dos códigos em voga na Mesopotâmia. De Ur Abraão dirigiu-se a cidade de ​Harã, 
essa cidade também é identificada pela arqueologia, existindo ainda 
hoje, como a moderna Harran, no vale do rio Balique, na alta Mesopotâmia. E 
como Ur, Harã era o centro do culto ao deus lunar Sin. 
Em Nuzi, cidade próxima de Harran, o prof. Eduardo Chiera, em 1925 
descobriu arquivos de várias famílias. Documentos sugerem que se um homem 
não tivesse herdeiro, era o caso de Abraão, podia designar alguém da sua 
escolha, mesmo que fosse um escravo. Outra lei previa que uma esposa estéril 
podia dar a seu marido uma escrava, a fim de receber um herdeiro por ela. 
Mas se posteriormente um filho nascesse da primeira esposa, o filho da 
escrava perdia a prerrogativa de primogênito. Compare com (Gn. 16.1-3 e 
21.10). ​Os textos de Nuzi mencinam os ídolos domésticos, comparáveis aos 
ídolos que Raquel furtou da casa de seu pai (Gn 31,19). A luz destes textos 
compreende-se que a posse destes ídolos equivalia a um título de 
propriedade. O que Raquel provavelmente quis fazer foi legitimar a favor de 
Jacó a posse dos rebanhos levados da fazenda paterna. 
Descobertas no Egito 
A Bíblia nos informa em (Gn 12.10) que algum tempo depois que Abraão 
chega a Canaã há uma fome e ele desce para o Egito. Descobertas 
arqueologias em sepulturas de rei egípcio mostra que era comum caravanas 
vindas da Ásia irem ao Egito em busca de comida. Em uma parede de uma 
sepultura encontra-se pintada uma caravana de semitas, e o nome do chefe da 
caravana era Abshar. 
“A vida tal como ela aparece nas narrativas do Gênese consagrado aos 
patriarcas, enquadra perfeitamente com o que se sabe hoje, por outras vias, do 
começo do segundo milênio, mas não se quadra com um período mais recente. 
É esta uma das contribuições mais importantes que a arqueologia terá trazido 
ao estudo do Velho Testamento no curso dos últimos quatro decênios.” 
(Schwantes 1988, p. 24). 
Reconhece-se geralmente que a descida de Jacó ao Egito deve ter 
coincidido com o período durante o qual os hiksos dominavam este país. Os 
hiksos representam uma camada da palestina que, sob a pressão de outros 
povos vindos do norte, invadiram e ocuparam o Egito durante um século, entre 
45 
46 ​(1680 a.c e 1580 a.c). Sua maioria era de origem semítica. Eles adotaram a ​escrita 
hieroglífica e a tradição religiosa do país. 
O fato de Jacó e sua família foram bem recebidos no Egito sugere que 
a descida ao Egito deve ter ocorrido durante o período dos hiksos. A política 
lhes era favorável. O egiptólogo americano Henry Breastes, escreveu: “Não é 
impossível imaginar que um chefe das tribos de Jacó tenha assumido, por um 
tempo, o poder neste período sombrio para o vale do Nilo”. 
Costumes e práticas egípcias descritas no gênese 
Apoiando-se sobre as numerosas referencias nos livros de Gênesis e 
êxodo aos costumes e práticas egípcia da época muitas autoridades 
reconhecem que a história de José leva o cunho da autenticidade. José não foi 
o único semita a ser vendido aos egípcios no curso do segundo milênio. Um 
antigo papiro do Museu de Brooklin contém o nome de 79 servos de uma 
grande mansão egípcia, dos quais 40 têm nomes puramente semíticos. 
Títulos como “chefe dos copeiros” e “chefe dos padeiros”, mencionados 
em (Gn 40.2), correspondem às funções bem conhecidas em documentos 
egípcios. A frase de (Gn 41:43): “E fê-lo subir ao seu segundo carro”, aponta 
para a época dos hiksos, porque foram eles os primeiros a introduzir carros no 
Egito. 
Um argumento favorável à estadia dos israelitas no Egito pode ser tirado 
da ocorrência de um grande número de nomes egípcios entre os parentes de 
Moisés. Ele mesmo tinha um nome egípcio. 
Como ocorre entre os povos semíticos, nomes egípcios eram 
frequentemente compostos do nome de um deus e de um verbo. Exemplos: 
Ramose, o deus-sol nasceu. Ahmose, o deus-lua nasceu; thumose, o deus thot 
nasceu. A uma omissão do nome de uma divindade no nome de Moisés. 
Certamente por ter renunciado o culto idolátrico. 
O vocabulário da última parte do livro de gênesis dá evidenciasda 
influência da língua egípcia sobre o hebraico. Em (Gn 41,42), palavra para 
linho fino é shesh. Em egípcio é shash. Não somente certas palavras tiveram 
sabor egípcio, mas, mesmo algumas cerimonias. “Serás um grande sacerdote 
de Amon. Seus tesouros e seus celeiros estarão debaixo do teu sinete.” 
O Êxodo e a conquista de Canaã (A Estela de Israel) 
A primeira menção de Israel em fontes extra 
bíblicas foi feita pelo Faraó, Merneptá, cerca de (1230 
a.C). Merneptá fez erigir uma estela para comemorar 
sua vitória sobre os líbios e seus aliados que tentaram 
invadir o Egito. Esta inscrição é conhecida como a ​estela 
de Israel​. Encontra-se no museu do Cairo. 
“Tehenu (a Líbia) esta desolada; Hatti esta pacificada; Cananã é 
Asquelão; tomada é Gezer; Janoã é reduzida a não existência; Israel é 
desolada, sua semente já não existe; Hurru tornou-se uma viúva para o Egito!” 
De acordo com esta inscrição, Israel é localizado na palestina ao tempo da 
47 
48 ​escrita da estela. ​Os historiadores não recebem auxílio de fontes egípcias quanto à 
estada de Israel no Egito ou a data do êxodo. Mas isso é compreensível 
devido os registros fragmentários dos registros históricos egípcios. O fato é que 
nenhum monarca faria questão de registar para a posteridade um episódio 
pouco lisonjeiro. 
A contribuição da arqueologia para esclarecer a rota do êxodo é 
extremamente modesta. Um povo em movimento de um lugar para outro não 
deixa muita evidência que possa ser detectada pela arqueologia. Tudo que se 
pode esperar da arqueologia é o esclarecimento da identidade de certos 
lugares mencionados no relato bíblico, especialmente os do começo e do fim 
da rota seguida. 
A localidade do Monte Sinai é um problema de geografia e não de 
arqueologia. A antiga tradição que identificava com Jebel Musa, a montanha a 
cuja tradição encontrava o Mosteiro de Sta. Catarina, deve ser abandonada. 
Há melhores razões para identificar o Monte Sinai com es-Safsafeh, um pico ao 
noroeste de Jebel Musa. 
Os Cananeus 
Influências culturais em Canaã, dentre os rivais mais persistentes de 
Israel pela posse de Canaã estavam os filisteus. O território todo foi chamado 
de palestina. De acordo com o profeta Amós, os filisteus teriam vindo de Caftor 
(Amos 9.7), identificada com a ilha de Creta. 
As descobertas arqueológicas na palestina impressionam, pois as 
formas e decorações não se parecem com os modelos canaanitas, mas 
com os modelos do mundo grego, de onde se crer que os filisteus teriam vindo. 
Os filisteus não construíram novas cidades. Simplesmente destruíam seus 
habitantes. Eram superiores aos Israelitas em questões tecnológicas. Ler (I 
Sam. 13: 19-21). 
Fica evidente a partir deste texto que no começo da Idade do Ferro, 
cerca de (1200 a.C), os filisteus retinham o monopólio dos produtos de ferro na 
Palestina. Não havia ferreiros em Israel que conhecesse os segredos do fundir 
e temperar o metal. Podemos imaginar que artigos de ferro custavam uma 
pequena fortuna, e os filisteus cobravam preços exorbitantes para afiá-los. 
Os cananeus, um ramo da população semítica do Crescente Fértil, 
ocupavam a Palestina no tempo da conquista israelita. Os cananeus tinham 
afinidades raciais e linguísticas com os fenícios, que habitavam no território 
correspondente com o os Líbios, e com os habitantes de Ugarite, importante 
centro comercial situado 200 km mais para o norte sobre o mediterrâneo. 
O hebraico é por sua vez aparentado com a língua falada pelos 
cananeus. (Isaias 19.18) refere-se ao dialeto de Canaã. A linguagem da Pedra 
Moabita, da qual falaremos , mostra quão parecidos eram todos estes dialetos. 
Se os hebreus não encontraram barreira linguística em Canaã é fácil 
compreender como eles seriam facilmente influenciados pelos costumes e a 
religião dos cananeus. Isso explica como o culto de divindades indígenas, tais 
como Baal e Astarote, pôde propagar-se entre os israelitas logo depois que 
Josué e sua geração saíram de cena. 
Ugarite ​Graças a descobertas feitas em Ugarite desde 1929 por Claude 
Schaeffer e seus colaboradores dispomos de muitas informações sobre a 
religião dos cananeus no passado. Os investigadores têm sido 
recompensados com a descoberta de vários documentos e arquivos (em forma 
de tabletes), na maior parte escrita na língua semítica. Os documentos em sua 
maioria tratam de questões comerciais, mas também têm sido encontrados 
textos religiosos. 
“Esta literatura fornece aos estudiosos uma ideia muito mais clara dos 
deuses e deusas, rituais, cantos, orações e mitos correntes entre os cananeus. 
49 
50 ​Visto que o Ugarítico e o hebraico são ramos do mesmo tronco semítico, não 
surpreende achar semelhanças entre o vocabulário religioso e analogias de 
estilo entre a poesia ugarítica e a de Israel.” (SCHWANTES, 1988, p. 42). 
“Um estudo dos poemas e lendas mostram que a religião praticada em 
Ugarite, na qual o culto da fertilidade desempenhava um papel importante, na 
era politeísta e grosseira. Cria-se que os rituais contribuíam para multiplicar as 
colheitas e os rebanhos. Baal era considerado o deus que enviava a chuva e 
engordava o gado. Não fosse a seriedade moral de profetas como Samuel e 
Elias, Israel não teria sobrevivido à sedução do culto pagão.” (SCWHANTES, 
1988, p.42). 
Invenção do alfabeto 
Uma das principais contribuições dos cananeus à cultura foi à invenção 
do alfabeto. As primeiras tentativas datam de (1800 a.C). Crê-se que foram os 
midianitas contratados pelos egípcios para trabalhar no rigoroso clima do Sinai, 
foram os primeiros a conceber a ideia de escrever com vinte e dois símbolos 
que representavam os sons consonantais fundamentais de sua língua. 
Uma teoria sugere que tomaram emprestados estes símbolos da escrita 
hieroglífica egípcia, e os adaptaram as suas necessidades. Por meio do 
comércio esta novidade teria chegado a Canaã e aos Fenícios. Os fenícios 
merecem crédito, não pela invenção do alfabeto, como se crê popularmente, 
mas por terem transmitidos o conhecimento do alfabeto aos povos ocidentais. 
O número de escritos nesse alfabeto primitivo já chegou a 25. É 
reconhecido que o alfabeto grego, bem como o nosso, é derivado do protótipo 
fenício. O alfabeto não teria sido introduzido na Grécia antes do nono século 
antes de nossa era. Os etruscos teriam tomado emprestado o alfabeto dos 
gregos e os teria transmitindo aos latinos, que por sua vez o transmitiram aos 
demais povos latinos da época. 
Mudança de cultura 
É de se esperar que as descobertas arqueológicas revelassem uma 
mudança de cultura depois que os israelitas ocupassem Canaã. Este foi 
realmente o caso. As vilas que surgiram em regiões montanhosa, cerca de 
(1200 e 1100 a.C), mostra que o nível cultural dos israelitas era inferior ao de 
seus vizinhos cananeus. As casas eram pobres e a cerâmica inferior. Isso é 
compreensível em virtude de que eles eram nômades e habitavam em tendas. 
Uma nova invenção permitiu o desenvolvimento de vilas maiores, que 
dependiam de abastecimento de água para sobreviverem. Esta inovação foi à 
criação de cisternas revestidas de cal, tornando-as impermeáveis. 
Moisés e o alfabeto 
A História tem calado muitos críticos da Bíblia. A redação do Pentateuco 
(os primeiros cinco livros da Bíblia) por Moisés é um bom exemplo. Pouco 
tempo atrás, afirmava-se que a invenção do alfabeto tinha sido feita entre os 
séculos (XII ou XI a.C). Isso era apresentado como um argumento para 
“provar” que Moisés não podia ter escrito o Pentateuco, visto que em seu 
tempo não haviam ainda inventado a arte de escrever. No entanto, escavações 
arqueológicas em Ur, na antiga Caldéia, têm comprovado que Abraão era 
cidadão de uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur, os meninos 
aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geografia. Três alfabetos foram 
descobertos: junto do Sinai, em Biblose em Ras Shamra, que são bem 
anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C). 
Estudiosos modernos sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética 
para escrever o Pentateuco. O arqueólogo William F. Albright datou essa 
escrita como sendo do início do século (XV a.C tempo de Moisés). Interessante 
é notar que essa escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a 
incumbência de escrever seus livros (Êxodo 17:14). Veja o que disse Merryl 
Unger sobre a escrita do Antigo Testamento: “A coisa importante é que Deus 
tinha uma língua alfabética simples, pronta para registrar a divina revelação, 
em vez do difícil e incômodo cuneiforme da Babilônia e Assíria, ou o complexo 
hieróglifo do Egito.” 
Deus sempre sabe mesmo o que faz! Pense bem. Se o alfabeto tivesse 
sido realmente inventado pelos fenícios, cuja existência foi bem posterior à de 
51 
52 ​Moisés, e se as escritas anteriores – hieroglífica e cuneiforme – foram apenas 
decifradas no século passado, como poderia Moisés ter escrito aqueles livros? 
Se o tivesse feito, só poderia fazê-lo em hieróglifos, língua na qual a 
própria Bíblia diz que Moisés era perito (Atos 7:22) e, nesse caso, o Antigo 
Testamento teria ficado desconhecido até o século passado, quando o francês 
Champollion decifrou os hieróglifos egípcios. Acontece que, no princípio do 
século XX, nos anos (1904 e 1905), escavações na península do Sinai levaram 
à descoberta de uma escrita muito mais simples que a hieroglífica, e era 
alfabética! Com essa descoberta, a origem do alfabeto se transportava da 
época dos fenícios para a dos seus antecessores, séculos antes, os 
canaanitas, que viveram no tempo de Moisés e antes dele. 
Portanto, foram estes antepassados dos fenícios que simplificaram a 
escrita. E passaram a usar o alfabeto em lugar dos hieróglifos, isto é, sinais 
que representam sons ao invés de sinais que representam ideias. Moisés, 
vivendo 40 anos numa região (Midiã) onde essa escrita era conhecida, viu nela 
a escrita do futuro, e passou a usá-la por duas grandes razões: (1) a impressão 
grandiosa que teve de usar uma língua alfabética para seus escritos e que se 
compunha de apenas 22 sinais bastante simples comparados com os 
ideográficos que aprendera nas escolas do Egito; (2) Moisés compreendeu que 
estava escrevendo para o seu próprio povo, cuja origem era semita como a dos 
habitantes da terra onde estava vivendo, e que não eram versados em 
hieróglifos por causa de sua condição de escravos. 
A ARQUEOLOGIA E O NOVO 
TESTAMENTO 
4 
Conhecimento 
Conhecer as principais descobertas da arqueologia e papirologia que se 
relacionam com o Novo Testamento. 
Habilidade 
Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser 
capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em 
ambiente acadêmico acerca do tema. 
Atitude 
Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto 
estudado e incorporá-la nas suas práxis. 
53 
54 
Arqueologia e a papirologia 
O estudo intensivo de mais de 3.000 manuscritos do (N.T) grego, 
datados do segundo século da era cristã em diante, tem demonstrado que o 
(N.T) foi notavelmente bem preservado em sua transmissão desde o terceiro 
século até agora. Westcott e Hort concluíram que apenas uma palavra em 
cada mil do (N.T) em grego possui uma dúvida quanto à sua genuinidade. 
Uma coisa é provar que o texto do (N.T) foi notavelmente preservado a 
partir do segundo e terceiro séculos; coisa bem diferente é demonstrar que 
os evangelhos, por exemplo, não evoluíram até sua forma presente ao longo 
dos primeiros séculos da era cristã, ou que Cristo não foi gradativamente 
divinizado pela comunidade cristã. Na virada do século XX uma nova ciência 
surgiu e ajudou a provar que nem os Evangelhos e nem a visão cristã de 
Cristo sofreram evoluções até chegarem à sua forma atual. 
Grenfell e Hunt (1896-1906) realizaram escavações no distrito de 
Fayun, no Egito e descobriram grandes quantidades de papiros, dando início 
à ciência da papirologia. Os papiros, escritos numa espécie de papel 
grosseiro feito com as fibras de juncos do Egito, incluíam uma grande 
variedade de tópicos apresentados em várias línguas. O número de 
fragmentos de manuscritos que contêm porções do (N.T) chega hoje a 77 
papiros. Esses fragmentos ajudam a confirmar o texto final encontrado nos 
manuscritos maiores, feitos de pergaminho, datados do quarto século em 
diante, ajudando assim a formar uma ponte mais confiável entre os 
manuscritos mais recentes e os originais. 
O impacto da papirologia sobre os estudos bíblicos foi fenomenal. 
Muitos desses papiros datam dos primeiros três séculos da era cristã. Assim, 
é possível estabelecer o desenvolvimento da gramática nesse período, e, 
com base no argumento da gramática histórica, datar a composição dos 
livros do (N.T) no primeiro século da era cristã. Na verdade, um fragmento do 
Evangelho de João encontrado no Egito pode ser paleograficamente datado 
de aproximadamente (125 d.C) Descontado um certo tempo para o livro 
entrar em circulação, deve-se atribuir ao quarto Evangelho uma data próxima 
55 
56 ​do fim do primeiro século - é exatamente isso que a tradição cristã ​conservadora 
tem atribuído a ele. Ninguém duvida que os outros 3 
Evangelhos são um pouco anteriores ao de João. Se os livros do (N.T) foram 
produzidos durante o primeiro século, foram escrito bem próximo dos eventos 
que registram e não houve tempo de ocorrer qualquer desenvolvimento 
evolutivo. 
Todavia, a contribuição dessa massa de papiros de todo tipo não para 
aí. Eles demonstram que o grego do (N.T) não era um tipo de linguagem 
inventada pelos seus autores, como se pensava antes. Ao contrário, era, de 
modo geral, a língua do povo dos primeiros séculos da era cristã. Menos de 
50 palavras em todo o (N.T) foram cunhadas pelos apóstolos. Além disso, os 
papiros demonstraram que a gramática do (N.T) grego era de boa qualidade, 
se julgada pelos padrões gramaticais do primeiro século, não pelos do 
período clássico da língua grega. Além do mais, os papiros gregos não 
bíblicos ajudaram a esclarecer o significado de palavras bíblicas cujas 
compreensão ainda era duvidosa, e lançaram nova luz sobre outras que já 
eram bem entendidas. 
Personagens mencionados no (N.T) 
Por toda a extensão do território bíblico existem diversas tumbas 
"tradicionalmente" atribuídas a vários personagens bíblicos, às vezes muitas 
para um único indivíduo. Em diversos casos, não há evidência histórica ou 
arqueológica para validar a identificação. No entanto, existem pelo menos sete 
ocasiões onde há fortes, senão conclusivas, evidências sobre a localização do 
local de sepultamento de uma pessoa, ou pessoas, descritas na Bíblia. 
Jesus. ​Na atual Jerusalém existem dois locais declarados como a 
tumba de Jesus: a Igreja do Santo Sepulcro e a Tumba do Jardim. Esta última 
foi identificada como a tumba de Jesus apenas no final do século XIX e carece 
de credibilidade histórica. Uma longa tradição, datada do primeiro século, 
atribui a tumba de Jesus ao local da Igreja do Santo Sepulcro na Antiga 
Cidade de Jerusalém. No século IV Constantino localizou o local da tumba 
abaixo de um templo romano do século II e construiu a igreja sobre o local. 
Esta igreja foi repetidamente restaurada e mantida pelos séculos desde então 
e é compartilhada por seis credos: Católico Romano, Ortodoxo Grego, 
Armênios, Sírios, Coptas e Etíopes. 
Caifás, o Sumo Sacerdote. ​Caifás foi o sumo sacerdote por 18 anos, 
de (18-36 d.C) Aparentemente, obteve esta posição através do casamento 
com a filha de Anás, chefe de um poderoso clã de sumo sacerdotes (Jo 
18:13). Caifás é considerado vil por ter sido o líder na conspiração que 
culminou na crucificação de Jesus. Em uma reunião de líderes religiosos, 
Caifás declarou que "vos convém quemorra um só homem pelo povo, e que 
não pereça a nação toda" (Jo 11:50). Ele se referia à possível intervenção 
de autoridades romanas caso os ensinamentos de Jesus gerassem uma 
insurreição. Suas palavras foram proféticas no sentido em que Jesus morreu 
pelas pessoas, por todas elas do mundo, como sacrifício de expiação dos 
pecados. 
Após ter sido preso, Jesus foi levado à casa de Caifás e ali detido pela 
noite. Os guardas zombavam dele e feriam-no (Lc 22:63-65). Na manhã 
seguinte Ele foi interrogado e novamente agredido. Caifás lhe perguntou "És 
tu o Cristo (Messias), o Filho do Deus bendito?" "Eu sou", Jesus respondeu 
(Mc 14:61-62). Caifás então entregou Jesus a Pilatos para ser julgado. 
Após a crucificação de Jesus, Caifás continuou a perseguir a igreja 
primitiva, levando os apóstolos a líderes religiosos e dizendo-lhes: "Não vos 
admoestamos expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que 
enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o 
sangue desse homem." Pedro e os outros apóstolos responderam: "Importa 
antes obedecer a Deus que aos homens" (At 5:28-29). 
A tumba da família de Caifás foi acidentalmente descoberta por 
operários que construíam uma estrada em um parque ao sul da Antiga 
Jerusalém. Os arqueologistas foram então ao local em regime de urgência e 
encontraram 12 ossuários (caixas para ossos feitas de calcário) ao examinar o 
local contendo os restos mortais de 63 indivíduos. O ossuário mais 
57 
58 ​ornamentado tinha a inscrição de nome "José filho de (ou da família de) ​Caifás." 
Este era o nome completo do sumo sacerdote que prendeu Jesus, 
documentado como Josephus (Antiguidades 18:2, 2;4, 3). No seu interior 
existiam os restos de um homem de 60 anos, que quase certamente 
pertenciam ao mesmo Caifás do Novo Testamento. Este memorável achado 
provê, pela primeira vez, os restos físicos de um indivíduo descrito na Bíblia. 
César Augusto - ​Um grande político e administrador, Augusto reinou 
sobre o Império Romano de (27 a.C. a 14 d.C). Foi justamente Augusto que 
decretou o censo que levou José e Maria a Belém, onde Jesus nasceu (Lc 
2:1-7). Augusto construiu para si mesmo um grande mausoléu em Roma, nas 
margens orientais do Rio Tibre, um quarto de milha a noroeste do Fórum 
Romano. Os restos mortais estão atualmente localizados no centro do Piazza 
Augusto Imperatore. O mausoléu possuía 285 pés de diâmetro e 143 pés de 
altura e tinha uma estátua do imperador em seu topo. Suas cinzas estavam 
em uma urna ao centro, enquanto as cinzas dos membros da dinastia foram 
colocadas em urnas em um corredor que circundava o salão. Embora algumas 
urnas tenham sido encontradas por escavações, as cinzas já haviam 
desaparecido há muito tempo. 
Cidades mencionadas no (N.T) 
Betel - ​Referência bíblica: "Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó 
vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza, mas em 
Betel daqui por diante não profetizarás mais, porque é o santuário do rei e 
casa real" (Am 7.12,13). " “Albright fez uma escavação de ensaio em Betel 
em 1927 e posteriormente empenhou uma escavação oficial em 1934. Seu 
assistente, Kelso, continuou as escavações de 1954 a 1960" (ACHTEMEIER, 
1985). 
Cafarnaum - ​Referência bíblica: "E, chegando eles a Cafarnaum, 
aproximaram-se de Pedro os que cobravam as dracmas, e disseram: O vosso 
mestre não paga as dracmas?" (Mt 17.24). "Cafarnaum foi identificada desde 
1856 e, a partir de então, tem sido alvo de escavações nos últimos 130 anos" 
(Achtemeier, Paul J., Th.D., Harpers Bible Dictionary San Francisco: Harper 
and Row, Publishers, Inc., 1985). 
Corazim - ​Referência bíblica: "Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! 
peque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se 
fizeram, há muito que se teriam arrependidos, com saco e com cinza" (Mt 
11.21). "Escavações na atual cidade deserta indicam que ela abrangeu uma 
área de doze acres e foi construída com uma série de terraços com o basalto 
da região montanhosa local" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harper's Bible 
Dictionary San Francisco: Harper ando 10. 
Éfeso - ​Referência bíblica: "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela 
vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus" (Ef 
1.1; grifo do autor). "E encheu-se de confusão toda a cidade e, unânimes, 
correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, 
companheiros de Paulo na viagem" (At 19.29) . A cidade em referência é 
Éfeso. "Arqueólogos austríacos encontraram em escavações, no século 
passado, um teatro de 24.000 assentos, bem como muitos outros edifícios 
públicos e ruas do primeiro e segundo séculos depois de Cristo, de forma que 
a pessoa que visita o local pode ter uma boa impressão da cidade como foi 
conhecida pelo apóstolo Paulo" (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harpers Bible 
Dictionary San Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc.,1985). 
Jope - ​Referência bíblica: "E, como Lida era perto de Jope, ouvindo os 
discípulos que Pedro estava ali, lhe mandaram dois varões, rogando-lhe que 
não se demorasse em vir ter com eles." (At 9.38). "Durante escavações no 
local da antiga cidade de Jope (XIII a.C.) o portão da fortaleza foi 
descoberto..." (Achtemeier, Paul J., Th.D., Harper's Bible Dictionary, San 
Francisco: Harper and Row, Publishers, Inc., 1985). 
Diante desta simples exposição, podemos afirmar como Sir Frederic 
Kenyon, que disse: "Portanto, é legítimo afirmar que, em relação à Bíblia, 
contra a qual diretamente se voltou à crítica destruidora da segunda metade 
do século dezenove, as provas arqueológicas têm restabelecido a sua 
autoridade. E mais: têm aumentado o seu valor ao torná-la mais inteligível por 
59 
60 ​meio de um conhecimento mais completo de seu contexto e ambiente. A 
arqueologia ainda não se pronunciou definitivamente a respeito, mas os 
resultados já alcançados confirmam aquilo que a fé sugere que a Bíblia só 
tem a ganhar com o aprofundar do conhecimento". 
Descobertas relacionadas a Jesus 
Nas últimas quatro décadas, descobertas espetaculares confirmam o 
pano de fundo histórico dos Evangelhos. Em 1968, por exemplo, o esqueleto 
de homem crucificado foi encontrado em uma caverna funerária na parte norte 
de Jerusalém. Foi um achado significativo: embora se saiba que os romanos 
crucificam milhares de supostos traidores, rebeldes e ladrões, os restos de 
uma vítima de crucificação jamais tinham sido encontrados. 
Os ossos, preservados num ossuário de pedra, pareciam pertencer a 
um homem entre 25 e 30 anos. Havia indícios de que seus pulsos tinham sido 
transpassados com pregos. Os joelhos haviam sido dobrados e virados para 
o lado, e um prego de ferro (ainda alojado no osso de um calcanhar) fora 
enfiado nos dois pós. As duas tíbias pareciam ter sido quebradas, quem sabe 
se confirmar o relato do Evangelho de João (19:32-33): "Foram pois os 
soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que 
com ele fora crucificado." 
Havia muito que se dizia que os carrascos romanos costumavam jogar 
os cadáveres dos crucificados em valas comuns ou abandoná-los na cruz 
para serem devorados por animais carniceiros. Mas a descoberta dos restos 
de um crucificado contemporâneo de Jesus em uma sepultura evidenciou que 
os romanos às vezes permitiam um enterro familiar, como relato do 
sepultamento de Jesus. 
Em 1990, durante a construção de um parque a pouco mais de três 
quilômetros ao sul do Monte do Templo, os operários descobriram uma 
câmara funerária secreta, datada do século 1o, contendo 12 ossuários de 
calcário. Em um deles, que guardava os ossos de um sexagenário, havia a 
inscrição "Yehosef bar Qayafa", ou seja, "José, filho de Caifás". Os 
especialistas acreditam que se trata dos restos de Caifás, o supremo 
sacerdote de Jerusalém que, segundo os Evangelhos, esteve envolvido na 
prisão de Jesus,

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