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Junho/ 2019 Professor: Me. Enio Caldeira Pinto Coordenadoria de Ensino a Distância: Dr. Marcos Orison Nunes de Almeida Projeto Gráfico e Capa: Mauro S. R. Teixeira - D.D.I. - Departamento de Desenvolvimento Institucional Todos os direitos em língua portuguesa reservados por: Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR 86055-670 Tel.: (43) 3371.0200 3Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | SUMÁRIO Bíblia I - Introdução à Bíblia Unidade I - Geografi a Bíblica Área de Bíblia: Uma breve apresentação...............................................................04 1. O sentido da terra na Bíblia..............................................................................08 2. O crescente fértil.................................................................................................12 3. Os povos da Bíblia...............................................................................................17 4. Localizações geográfi cas...................................................................................24 Unidade II - Arqueologia Bíblica Introdução...............................................................................................................51 1. A arqueologia é a revelação de culturas antigas............................................52 2. A relevância da arqueologia para o mundo cristão.......................................60 3. Os sítios arqueológicos bíblicos......................................................................70 Unidade III - Tribalismo Introdução...............................................................................................................87 1. O nomadismo Hebreu.......................................................................................88 2. A estrutura e organização tribal em Israel..........................................................99 3. As doze tribos.....................................................................................................115 4. Os juízes..............................................................................................................121 Unidade IV - Monarquia Introdução.............................................................................................................126 A função do rei e o modo de produção tributário..........................................127 2. O reino de judá e o reino de Israel...................................................................135 3. O império Assírio e o Império Babilônico.......................................................143 4. O império Persa, o império Grego e o Império Romano..................................155 Para assistir os vídeos, ouvir os podcasts e fazer os exercícios, acesse o AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) Atenção! Lembre-se que faz parte de suas obrigações: 1 - Participação na disciplina por meio da realização dos exercícios; 2 - Exercício integrativo - Resumo da disciplina, 1500 palavras; 3 - 2 Provas objetivas (5 questões cada); 4- Leitura de textos complementares (100 páginas); Consulte o “Programa de curso” e veja mais detalhes! | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA4 ÁREA DE BÍBLIA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO Prezado(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Área de Bíblia! A Resolução n° 4 de 16 de setembro de 2016 institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Teologia, em cujo artigo 7°, parágrafo 2 diz: § 2º O eixo de formação fundamental deverá contemplar conteúdos de formação básica que caracterizam o curso de graduação em Teologia, no qual deverão ser ministradas disciplinas relacionadas ao estudo: I - das narrativas e textos sagrados ou ofi ciais que podem ser tidos como fontes da Teologia, segundo a Tradição própria; II - das línguas das fontes da Teologia; III - das normas ou regras de interpretação das referidas fontes; IV - do desenvolvimento da Tradição; V - do método, dos temas e das correntes teológicas construídas ao longo da história e contemporaneamente; VI - da natureza da Tradição religiosa e de sua história, inclusive códigos legais ou assemelhados. Baseando nestas diretrizes, a FTSA estruturou o Curso de Graduação em Teologia à Distância em quatro grandes eixos, nos quais as disciplinas são agrupadas conforme os conteúdos. É no Eixo Fundamental que se encontra a Área de Bíblia, que se refere ao conjunto de oito disciplinas que irão desenvolver as temáticas das unidades e respectivas aulas. A Área de Bíblia compreende 640 horas/aula e é a responsável por apresentar os conteúdos que foram subdivididos em oito disciplinas. O quadro abaixo apresenta esta estrutura e a respectiva carga horária de cada uma das disciplinas. 5Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | 1. Bíblia Bíblia I Introdução à Bíblia Estudo histórico, arqueológico, geográfi co e sociológico dos povos do Antigo Oriente que formam as principais culturas presentes na Bíblia. 80 Bíblia II Introdução ao Antigo Testamento Estudo do contexto histórico e geográfi co do antigo oriente, análise literária dos livros do Antigo Testamento. 80 Bíblia III - Introdução ao Novo Testamento Estudo do contexto histórico e geográfi co do mundo greco- romano, análise literária dos livros do Novo Testamento. 80 Bíblia IV - Línguas Bíblicas Estudo instrumental do Hebraico e Grego bíblicos. 80 Bíblia V - Hermenêutica Bíblica Estudo dos princípios e dos métodos de interpretação dos textos bíblicos. 80 Bíblia VI - Teologia Bíblica do Antigo Testamento Estudo das principais ênfases teológicas do Antigo Testamento e sua relevância para a fé cristã na atualidade. 80 Bíblia VII - Metodologia Exegética Estudo dos métodos exegéticos e sua aplicação ao Antigo e Novo Testamentos. 80 Bíblia VIII - Teologia Bíblica do Novo Testamento Estudo das principais ênfases teológicas do Novo Testamento e sua relevância para a fé cristã na atualidade. 80 CARGA HORÁRIA TOTAL DA ÁREA DE BÍBLIA 640 | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA6 Especifi camente, a Área de Bíblia, ao longo dos três anos de curso, irá colocar o estudante de Teologia em contato com o conhecimento bíblico, a fi m de que ele obtenha uma visão panorâmica de três ênfases: histórica, teológica e literária. Para isto, as competências a serem desenvolvidas são: conhecer e dominar o conteúdo da área de Bíblia quantos às variedades do tempo e do espaço, do desenvolvimento religioso e da produção literária enquanto textos sagrados. E as habilidades serão: situar e interpretar temporalmente os grandes processos e desenvolvimentos históricos do povo de Deus descritos na Bíblia (Antigo e Novo Testamentos) e ser capaz de transmiti-los em benefício do ensino e da aprendizagem das comunidades cristãs. Estas competências e habilidades são melhores descritas quando o(a) estudante tiver acesso às disciplinas. Por ora, vale dizer aqui que será preciso obter um conhecimento panorâmico sobre a Bíblia. Afi nal, este conhecimento irá fortalecer a vida cristã e, potencialmente, o ministério do graduando em Teologia. A história irá revelar os conteúdos dos povos dos tempos bíblicos: Antigo Oriente Próximo (Egito, Palestina e Babilônia) e Ásia, África e Europa (Impérios Assírio, Babilônico, Persa, Grego e Romano) e, com mais ênfase, a História de Israel. O estudo histórico permitirá ao estudante situar os acontecimentos desde o tribalismo (cerca de 1200 a.C.) até o Império Romano na época de Jesus Cristo (30 d. C., mas lembrando que a queda do Império Romano se deu em 476 d.C.). A literatura irá proporcionar o reconhecimento das tipologias textuais (gênero literário, estrutura literária e recursos estilísticos), a composição dos escritos (autoria, data e lugar), as línguas bíblicas (hebraico, aramaico e grego) e panoramicamente a evolução dos manuscritos (processo de formação do cânon), as regras de interpretação (Hermenêutica) e os métodos exegéticos (extração do sentido e signifi cado do texto). Aliada à história, a literatura tambémenfatizará as questões culturais dos povos que contribuíram signifi cativamente para a formação da Bíblia. E a teologia irá apresentar aos estudantes os grandes temas bíblicos do Antigo e Novo Testamentos, enfatizando os princípios da revelação 7Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | textual como paradigma do ensino divino ao seu povo. É neste momento que cada aluno irá concatenar os fundamentos da Palavra escrita, revelados em um contexto social cujo impacto proporcionou a mudança de comportamento do povo de Deus e serviu como hermenêutica em toda a história bíblica. Em termos mais comuns, o estudo da teologia bíblica refere-se à interpretação dos ensinos de Deus ao seu povo e sua relevância para os dias atuais. A teologia, acompanhada da história e da literatura, completará a tríade das competências e habilidades que o(a) estudante de Teologia precisará comprovar. Portanto, o conselho para cada estudante é que o processo da leitura seja atencioso e feito com ganho de conhecimento. É aconselhável a leitura bíblica como complemento das aulas, inclusive comparando as situações e momentos históricos. Gaste tempo em pesquisas com os assuntos bíblicos cujo interesse seja pessoal e também da comunidade cristã. Os docentes da FTSA enfatizam sempre o estudo das Escrituras. É uma das ações que mais transparece a identidade da instituição. Para os docentes, a Área de Bíblia tem como função ajudar o estudante de Teologia construir um panorama de conhecimentos históricos e geográfi cos, linguísticos e literários, sociológicos e teológicos, bem como proporcionar o domínio das competências e habilidades adequadas para interpretação das Escrituras e para o ensino e anúncio da Palavra de Deus com fi delidade e relevância para os dias atuais. Estes conhecimentos devem também infl uenciar no crescimento do estudante, para uma direção de uma espiritualidade cristocêntrica e solidária e da prática da missão integral da Igreja, a partir da motivação e capacitação inicial para o estudo sério das Escrituras, visando a uma teologia profundamente bíblica, evangélica e contextual. Veja a exposição sobre a área de Bíblia neste vídeo: Agora acesse o AVA e assista o vídeo! Vídeo de Apresentação à Área de Bíblia - Professor Ênio Caldeira | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA8 UNIDADE 1: GEOGRAFIA BÍBLICA Introdução Nesta unidade o conteúdo da geografi a bíblica será brevemente apresentado, a fi m de situar o estudante quanto à localização territorial (aspectos físicos), orografi a (relevos, principalmente montes e montanhas), hidrografi a (rios) e outros aspectos geográfi cos. É aconselhável sempre acompanhar a aula com o texto bíblico e com o uso de mapas da época bíblica. O objetivo geral desta unidade é conhecer as três grandes regiões do Antigo Oriente Próximo (Palestina, Babilônia e Egito) como pano-de- fundo para o conhecimento da história bíblica. E os objetivos específi cos podem ser defi nidos em três, a saber: (a) dominar a localização gráfi ca do Antigo Oriente Próximo, comumente chamada de Crescente Fértil, (b) situar o movimento de peregrinação do povo de Deus, desde o Egito até a Palestina; e (c) familiarizar-se com as narrativas bíblicas quanto à localização geográfi ca. Serão realizados três tipos de exercícios durante esta unidade, cuja intenção é reforçar o estudo durante a própria aula. Eles serão: (a) exercícios de fi xação, ou seja, de um reforço sobre conceitos, defi nições ou mesmo argumentos que precisam ser lembrados quanto à sua assimilação e aprendizagem; (b) exercícios de refl exão, a partir do qual você terá que ser capaz de emitir argumentos que se relacionam com o conteúdo, diante de uma questão dada; e (c) exercícios de aplicação, que se refere a um conceito, ou ideia, que você deverá tanto refl etir e/ou argumentar sobre a questão, salientando a sua aplicabilidade, ou seja, como o aprendizado de um item deve e pode ser aplicado tanto para a vida pessoal como comunitária. Esta unidade é importante porque introduzirá você a uma abordagem crítica sobre o conteúdo bíblico, mas também carregada com os olhos da fé. Ela será crítica, porque irá trabalhar chaves de leituras (hermenêuticas) 9Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | para o Antigo e Novo Testamentos. E também será com os olhos da fé porque o ensino proposto pela FTSA é aquele que dá continuidade ao desenvolvimento da espiritualidade cristã, isto é, contar a história do povo de Deus. 1. O SENTIDO DA TERRA NA BÍBLIA O mundo da Bíblia é estudado pela sua geografi a, literatura e movimentação histórica. A geografi a é o estudo do relevo, das dimensões territoriais e da hidrografi a de cada região. A Geografi a Bíblica corresponde à representação em mapas da Palestinologia, isto é, todas as possíveis localizações fornecidas pelos textos bíblicos. Através dos mapas, por exemplo, a distribuição das tribos de Israel é alinhada ao território, bem como a maquete do templo, a expansão do reino, a entrada dos invasores e as viagens missionárias. Enfi m, a geografi a está presente no estudo das Escrituras, e sua importância está na construção da localização espaço-temporal do mundo bíblico. Em todos os textos do Antigo Testamento, a terra possui uma importância teológica, tanto para os escritores como para os leitores. Para o povo de Deus, a terra é origem e fi nitude da vida humana, promessa, dom e bênção. É no texto de Gênesis, especifi camente os capítulos 1 e 2, que a narrativa sobre a criação do homem e da mulher tem uma explicação muito clara sobre a relevância da terra: a fi gura humana ‘Adam (homem, varão) foi tirado da ‘Adamar (terra). Em Gênesis 12:1-4, Deus faz uma grande promessa ao patriarca Abrão: “De ti farei uma grande nação”. E a Moisés, Deus disse que daria uma terra boa e larga (Ex 3:7-8), entre outros. Enfi m, a terra faz parte da promessa da aliança de Deus com o seu povo. Comparando estes textos, percebe-se que a terra é um presente de Deus a ser possuído (ou conquistado) e que o cuidado desta terra implicava em mantê-la segura, livre das abominações e prospera. Eis os textos com destaques sobre a terra: | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA10 Gênesis 2:7 Gênesis 13:14-16 Êxodo 3:7-8 O Senhor Deus modelou o homem com o pó apanhado do solo. Ele insufl ou nas suas narinas o hálito da vida, e o homem se tornou um ser vivo. TRADUÇÃO ECUMÊNICA DA BÍBLIA Então, depois que Ló foi embora, prometeu o SENHOR Deus a Abrão: “Ergue teus olhos e observa bem, do lugar em que estás, para o norte e para o sul, para o oriente e para o ocidente. Toda a terra que vês, Eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre. Tornarei a tua posteridade como poeira da terra: quem tiver a capacidade de contar os grãos de poeira da terra poderá também contar o número dos teus descendentes! BÍBLIA ALMEIDA REVISTA E ATUALIZADA E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a afl ição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do ferezeu, e do heveu, e do jebuseu. BÍBLIA ALMEIDA REVISTA E CORRIGIDA Salmo 146:3-4 Não confi eis em príncipes, nem com os homens incapazes de salvar: seu sopro partirá, eles voltarão ao seu pó, e naquele dia, é a ruína dos seus planos. TRADUAÇÃO ECUMÊNICADA BÍBLIA É claro que Deus se preocupou em orientar o seu povo com respeito à terra que foi concedida. Tanto os profetas como os sacerdotes entenderam que a posse da terra não era a garantia da presença de Deus, mas enquanto o povo mantivesse os cuidados com esta terra, administrando-a com o direito (retidão, mishpat no hebraico) e a justiça (tsadiq e sedeq no hebraico), então Deus habitaria entre eles (1 Reis 8). Por isto, há muitasrepresentações fi gurativas (metáforas) sobre a terra. São alusões poéticas feitas à presença do ser humano sobre a terra, comparando-o, inclusive, como uma árvore plantada junto à água (Salmo 1:3), que sempre fl oresceria. Da mesma forma, a chuva e o orvalho sobre a terra são como a bênção do Senhor (Jl 2:23 e 3:18), ou ainda, a unção (Sl 133). E até a atividade pastoril seria representada como riqueza dada pela terra, pois produzia leite e mel. 11Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Exercício de fi xação Leia o texto do Salmo 67, a seguir. BÍBLIA NOVA VERSÃO INTERNACIONAL Que Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós, Pausa para que sejam conhecidos na terra os teus caminhos, a tua salvação entre todas as nações. Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os povos. Exultem e cantem de alegria as nações, pois governas os povos com justiça e guias as nações na terra. Pausa Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os povos. Que a terra dê a sua colheita, e Deus, o nosso Deus, nos abençoe! Que Deus nos abençoe, e o temam todos os confi ns da terra. Com base na leitura deste Salmo e observando o sentido que ele produz a respeito da terra, qual das alternativas abaixo afi rmar esta proposição: a) ( ) O salmista entende que o temor a Deus é o princípio do exercício da justiça sobre a terra, cujas ações deveriam ser praticadas pelos líderes, e, assim, o louvor poderia se estender aos povos vizinhos. b) ( ) O salmista convida todos os povos ao conhecimento de Deus, pois a soberania dele se estende até os confi ns da terra. Por isto, seria necessário para Israel extrair da terra o sustento para as guarnições militares, com vistas ao domínio de territórios. c) ( ) O salmista diz que a terra de Israel é meio pelo qual todas as nações serão abençoadas. Por isto, todos os povos precisam vir à Jerusalém para louvar a Deus e receber a bênção. d) ( ) O salmista compara a bênção dada por Deus ao povo, mediante o conhecimento que cada um tem do Senhor e pela boa colheita realizada em cada safra. e) ( ) O salmista faz um convite ao louvor de todos os povos, através do qual Deus abençoará aqueles que o temem e cuja liderança tem guiado o povo com justiça e retidão, tornando seu nome conhecido. E, neste sentido, a terra é o espaço desta bênção! Acesse o AVA para fazer o exercício e ver a reação do professor! | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA12 2. O CRESCENTE FÉRTIL Um dos recursos literários que ajuda a compreender o porquê da Geografi a ser importante no estudo das Escrituras é indicado em Gênesis 2:4a, que diz: “Esta é a história das origens dos céus e da terra,...” (NVI). O termo para o substantivo “história” é toledot, ou seja, um vocábulo cuja tradução pressupõe vários sinônimos: relato, narrativa, lista, descrição, descendência, geração, fi lhos de, biografi as, etc., podendo ser traduzido tanto no singular como no plural. Na verdade, este termo pressupõe uma chave de leitura para todo o livro de Gênesis. São descritos dez toledots em todo o livro que se referem aos ciclos dos patriarcas. Ou seja, para cada patriarca é dedicado um conjunto de narrativas de sua vida e realizações. Se atentar para a história de Abrão (dentro do sexto toledot), descrita em Gênesis 12, há a indicação de ele saiu de Ur, da região da Caldeia (Mesopotâmia) e foi para Padã-Arã, região bem distante de seu povo. Depois ele desceu até o Egito e, após um episódio com o faraó e sua Mauro Riscado 13Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | esposa, retornou para a Padã- Arã. É neste momento que a Geografi a começa a fazer sentido, porque o estudo da terra que foi percorrida pelo patriarca facilita a visualização de sua jornada. O mapa abaixo irá demonstrar três grandes regiões no formato de um chapéu nordestino, ou ainda, da fase lunar “crescente”, para referir- se à localização de regiões de terra e água que caracterizam a riqueza fértil em meio a grandes regiões áridas e de escassez de alimentos. Do ponto de vista bíblico, esta designação refere-se ao berço da civilização, quando menciona-se que o Jardim do Éden localizava-se entre os rios Tigres e Eufrates. Mas o “Crescente Fértil” é muito mais amplo que esses dois rios apenas. Os estudos paleontológicos, acompanhados da antropologia, datam cerca de 10.000 a.C. para afi rmar a respeito da origem da humanidade. Embora fala-se do Antigo Oriente Médio (ou Próximo), os achados confi rmam que a humanidade teve seus ancestrais originários da África. Seja como for, vale aqui o estudo desta “meia lua”. A primeira região a ser demonstrada é a Mesopotâmia (do grego meso, meio, metade; e de potamos, rio), que irrigada pelos rios Tigre e Eufrates, desenvolveu-se política e economicamente na região. E, no campo cultural, promoveu diferenças signifi cativas às civilizações vizinhas, através da escrita, literatura, arte e pintura. Muitas vezes, a região “mesopotâmica” também é sinônimo do Grande Império Assírio e do Grande Império Babilônico. Foi na Mesopotâmia que mencionou-se a existência e a localização do Jardim do Éden. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA14 Vídeo Assista ao vídeo a seguir, que trata a respeito da narrativa do Jardim do Éden, um breve documentário sobre o Código de Hamurabi e o Zigurat, dentre outros. Civilizações Perdidas – Mesopotâmia: Retorno ao Éden, disponível em: h� ps://youtu.be/ZTpEq1JqePU - Duração: 46:48 A segunda região é proveniente do norte da África, o Egito. Este país abrigava o grande Rio Nilo e o seu grande delta (bifurcações de vários pequenos afl uentes que se direcionam para o mesmo destino, ou seja, deságuam no Mar Mediterrâneo). Ele nasce no nordeste do continente africano, abaixo da linha do Equador e deságua ao norte no Mediterrâneo). É considerado o mais extenso (comprimento) do mundo, mas o Amazonas (no Brasil) é o maior em quantidade de água. Para o Egito, não haveria prosperidade sem a presença do Nilo. Heródoto, um historiador, diz que o Egito foi um grande presente dado pelo Nilo ao mundo. Pois, através dele, houve o desenvolvimento da agricultura e do comércio, tornando o país um império de cultura, civilização e armamento. Vídeo Assista aos vídeos abaixo e entenda o processo de irrigação do rio Nilo. “A agricultura no Egito Antigo”, disponível em: h� ps://youtu.be/0RaXqodVzAc - Duração: 3:54 “Uma dádiva do Nilo”, disponível em h� ps://youtu.be/doJGjkv1QsM Duração: 3:02 E, por fi m, a região da Palestina, que, na época bíblica, compreendia a planície do Rio Jordão com vilarejos agrícolas e atividade pastoril. Esta região era praticamente a responsável pela produção de alimentos para todo o povo. O período tribal proporcionou a passagem do povo 15Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | por esta região (Abraão, Moisés, etc) e, após a conquista por Josué, deu-se a fi xação do povo e a distribuição das terras. Canaã, como era designada na época, foi o ancestral de Cam, o fi lho amaldiçoado de Noé. Originariamente, Cam foi o ancestral do povo cananeu. A importância do Crescente Fértil se dá para explicar o fenômeno da mudança do “nomadismo” para a fi xação em terra, também denominado de “sedentarismo”. Uma vez que os constantes deslocamentos em busca de alimento e água, as regiões com água e terra fértil criaram condições de desenvolvimento da agricultura, produção de alimentos e, ao longo de um processo social, o desenvolvimento político, econômico e religioso. Tais aspectos foram dando condições de compreender a formação cultural das etnias do Antigo Oriente Médio. Portanto, com a residência fi xa da população, nas proximidades ao Nilo, ao Tigre e Eufrates e ao Jordão, surgiram as cidades, as relações de comércio, a produção artística e científi ca. Sobre a ciência, a história e a arqueologia afi rmam que os instrumentos utilizados por estas civilizações eram bem elaborados para condições de produção agrícola, pecuária, comercial e educação.Pelo olhar da sociologia, as funções sociais foram também resultados de especulação econômica e política. Cada região tornou-se um centro de desenvolvimento, a ponto de criar condições de sustentabilidade, provisão e proteção da população. A sedentarização deu origem aos aglomerados populacionais, pois as cheias dos rios condicionavam as terras com húmus fertilizante, tornando a associação “água e terra” como compreensão de que nestes espaços a vida humana estava garantida. Ainda sobre o Crescente Fértil vale a pena conhecer uma chave de leitura oferecida pela Sociologia. Trata-se da interpretação que se dá para uma sociedade primitiva, a partir da identifi cação do seu modo de produção. As sociedades antigas mantinham a sua organização política e social, sustentadas pela atividade que as mantinha enquanto grupo social. No período do nomadismo (o povo de Deus formado por tribos), a relação econômica era pelo sistema de trocas e relações familiares. No caso de Israel, o culto também contribuía para esta unidade patriarcal. Por isto, o modo de produção do período de Gênesis até Juízes é denominado | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA16 Tribalismo. E, após a instalação da monarquia, com o rei Saul, a fonte econômica determinada pela administração era da criação do exército permanente, sustentado pelos anciãos de Galaad. Neste sentido, os tributos pagos pelas tribos patrocinavam o empreendimento militar do rei. Logo, o período da monarquia será chamado de modo de produção Tributário. Vídeo Veja o vídeo que traz uma exposição bem detalhada sobre o Crescente Fértil, fazendo associação com os dois Modos de Produção, o Tribal e o Tributário: Inserir o vídeo sobre o Crescente Fértil, gravado pelo professor Ênio Após assistir o vídeo, o exercício a seguir irá proporcionar uma refl exão muito peculiar sobre alguns conceitos já estudados aqui e a sua opinião. Exercício de reflexão Veja a manchete, publicada no portal G1, do site globo.com, em cuja matéria divulga a migração dos paranaenses para o Estado de Mato Grosso. 17Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Diante da mensagem divulgada, quais são as possíveis causas que dão aos paranaenses a maior taxa de participação migrante ao Estado de Mato Grosso? (máximo de 100 palavras) 3. OS POVOS DA BÍBLIA Outro assunto ainda a ser tratado nesta primeira unidade é com respeito aos povos da Bíblia. Na verdade, não há como tratar todos os povos mencionados nesta unidade, mas há sim como situar o estudante de Teologia a respeito de uma hermenêutica, isto é, uma proposta de leitura sobre os povos. Do ponto de vista exegético, que corresponde à análise de um texto bíblico (perícope), cujo objetivo é extrair o sentido e signifi cado do contexto em que foi escrito, ressaltando-se o público alvo (grupo social) que recebeu a mensagem e o impacto produzido. Em outras, palavras, destina-se a relevância de um método exegético aplicado em um texto, a fi m de reproduzir os seus resultados para o mundo contemporâneo. Por isto, muitas perguntas surgem quando se fala sobre os povos da Bíblia. Seria como pesquisar a origem do brasileiro antes da conquista do Brasil pelos portugueses. Talvez, algum pesquisador iria dizer sobre | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA18 os tamoios, outros afi rmariam ser os jês-tapuias, outros ainda, os tupi- guaranis, e até os kaing-gangs. A verdade é que a menção dos povos é vista também como uma chave de leitura aos textos bíblicos. Do ponto de vista literário, ou seja, da própria fonte escriturística das Escrituras, os vários povos formaram-se a partir dos três fi lhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. A fi gura abaixo ilustra a genealogia dos fi lhos de Noé. São ricas informações que ilustram o progresso que cada linhagem teve na descrição bíblica. Os fi lhos de Noé, com suas respectivas esposas, participaram do evento do dilúvio (Gênesis, capítulos 6 a 10). Eles participaram tanto do processo de construção, como também o de captura dos animais, recepção deles e acomodação nos compartimentos da arca. Ao total, foram oito pessoas que adentraram à arca, quando começou o dilúvio. É salutar dizer que, após a cessão das águas, percebeu-se que somente esses três fi lhos e respectivas esposas fi caram sobre a terra com a fi nalidade de povoá-la. Neste sentido, Sem, Cam e Jafé tiveram muitos fi lhos e os seus descendentes continuaram o processo de povoamento, ou seja, esses três fi lhos seriam os fundadores de vários outros povos. 19Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Há um episódio em Gênesis no qual é narrada a maldição que Noé faz a Cam, seu fi lho. Trata-se do relato no qual diz que Noé havia plantado uma vinha e, em comemoração à colheita, embebedou-se com o próprio vinho. Em meio às festividades, acabou fi cando nú em sua tenda. Cam vê seu pai nú e quis aproveitar-se do pai e vai ainda contar aos seus irmãos. Diante disto, os irmãos cobrem o pai e conta-lhe o que havia ocorrido. Então, Noé amaldiçoou a Cam e abençoou Sem e Jafé. Vale a pena observar esta narrativa, descrita em Gênesis 9:20-27. Para o escritor bíblico, os descendentes destes patriarcas deram origem a vários outros povos e se espalharam pela Terra. Os comentários bíblicos afi rmam que os descendentes de Jafé decidiram ir para o norte, distanciando-se de seus irmãos camitas (ou canaanitas). A literatura diz que este povo foi em direção à Europa e à Ásia. Já os descendentes de Cam, os que haviam sido amaldiçoados por Noé, se espalharam pelo sul da Palestina e norte da África. E, por fi m, os descendentes de Sem se estabeleceram na região do Oriente Médio, precisamente da região do deserto da Arábia até os limites dalém da Mesopotâmia. Como já dito, em perspectiva da leitura literária, tais povos foram os que povoaram o mundo após o dilúvio. E, neste sentido, o escritor bíblico procurou manter esta mesma linha de construção de signifi cado a respeito dos povos que foram se originando, após o dilúvio (Gn 10). A teoria sobre a formação das nações após o dilúvio é cheia de controvérsias, polêmicas e ainda debaixo de investigação arqueológica e histórica. Até aqui, adota-se esta teoria para exemplifi car o conteúdo bíblico com o surgimento das demais nações e suas localizações no mundo antigo. Portanto, são referências cuja cosmovisão refl ete a teoria bíblica sobre as nações do mundo. As fi guras seguintes mostram como o conteúdo bíblico pode ser vislumbrado sobre a extensão territorial dos povos que habitaram a terra. Cada autor vai aumentando seu campo de compreensão para explicar o alcance que cada povo teve. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA20 21Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Um comentário mais específi co precisa ser feito sobre a teoria dos povos, bem como o ensino teológico que os acompanha. Por exemplo, “sair por aí dizendo que os africanos são ‘negros’ porque é a maldição de Noé sobre Cam e, por isto, a África é amaldiçoada”. Este tipo de interpretação é um erro gravíssimo, tanto do ponto de vista teológico como exegético. Pois, na mesma linha de pensamento, os camitas (também chamados de canaanitas) habitavam Canaã, a região que mana leite e mel e que fora prometida por Deus. Então, como é uma terra próspera, boa e produtora de vida se fora bem antes amaldiçoada pelo próprio Deus? E se você tomar, por exemplo, a linha teológica que o povo de Deus veio dos fi lhos de “Sem”, os semitas, então terá problemas, pois Abrão saiu dentre os semitas e foi até o Egito, em cuja ocasião sua própria esposa havia dormido com o faraó. Logo, | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA22 o grande patriarca da fé teve mais mancha em sua trajetória genealógica do que o próprio Cam. Seja como for, esta é apenas uma tentativa de explicar a distribuição dos povos e a localização delas no mundo bíblico. Os povos na Bíblia, principalmente os descritos no Antigo Testamento, servem como indicadores da atuação de Deus através do seu povo escolhido.Esta eleição tinha o propósito missionário de trazer todos os demais povos à redenção divina. Neste sentido, os povos mencionados devem ser vistos como alvo da missão de Deus. UM BREVE RESUMO! As genealogias dos fi lhos de Noé estão em Gênesis 10 e Gênesis 11. Canaã, fi lho de Cam (fi lho de Noé) é, de acordo com a Bíblia, o ancestral dos cananeus. Apesar disso, os israelitas são cananeus teoricamente e segundo a arqueologia. Os fi lhos de Noé foram Sem, Cam (ou Cam/Cã) e Jafé, e os fi lhos de Cam foram Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. Canaã teve dois fi lhos, Sidom e Hete, e foi o ancestral dos jebuseus, amoritas, girgaseus, heveus, arqueus, sineus, arvadeus, zemareus e hamateus. Canaã foi amaldiçoado por Noé porque Cam, seu pai, viu Noé nu, após Noé ter se embriagado e debochou de acordo com a maldição, Canaã seria servo de Sem e de Jafé. Exercício de aplicação O texto a seguir é de Gênesis 12:2-4, a partir do qual constata-se a promessa de Deus feita a Abrão sobre o projeto divino para todas as nações. Leia-o: “Eu farei de ti uma grande nação e te abençoarei. Tornarei grande o teu nome. Tu sejas uma bênção. Eu abençoarei os que te abençoarem, e quem te injuriar, eu o amaldiçoarei: em ti serão abençoadadas todas as famílias da terra”. BÍBLIA TEB, 1994, p. 39. 23Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Ao cruzar informações com os descendentes dos fi lhos de Noé, percebe-se que esta bênção foi se direcionando tradicionalmente por intermédio de uma única linhagem, a do povo semita. E, ao chegar em Abraão, seus descendendes foram perpetuando-se até à chegada do Filho de Deus, narrada pelo evangelista Mateus 1:1-17. Todavia, foi o apóstolo Paulo quem sentenciou a máxima da bênção à confi guração de um único povo, assinada por ele em Romanos 1:16,17, ao dizer: Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. BÍBLIA A. R. A. Diante disto, é possível concluir que o povo de Deus é formado por aqueles que aceitam pela fé Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Sendo assim, assinale abaixo a alternativa que explicaria a inclusão do povo brasileiro no processo de salvação de Deus? a. ( ) Devido aos dados do último censo de 2010, que confi rmou o crescente número dos “sem religião”, é possível dizer que esta lacuna abriu espaço para a salvação do povo brasileiro. b. ( ) O povo brasileiro não está incluído, pois seus descendentes não são da linhagem dos fi lhos de Noé. c. ( ) Somente os descendentes dos judeus e dos gregos, da época de Jesus Cristo, foram os últimos povos a serem incluídos. Nem mesmo os romanos foram incorporados no processo da salvação. d. ( ) A representatividade do povo brasileiro se confi gura a partir da aceitação da mensagem de que Cristo é Salvador. e. ( ) O povo brasileiro foi incluído porque Portugal localiza-se na Europa e, segundo a tradição dos Jefi tas, os portugueses foram incluídos. Acesse o AVA para fazer os exercícios e ver a reação! | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA24 4. LOCALIZAÇÕES GEOGRÁFICAS Doravante, serão oferecidas algumas passadas sobre relatos bíblicos cuja compreensão se dá também pela localização geográfi ca. São eles: o Jardim do Éden, a Viagem de Abraão, a Peregrinação no Deserto e o Monte Sinai. Em certo sentido, será uma panorâmica sobre os livros de Gênesis e Êxodo. 4.1. O Jardim do Éden Em Gênesis, 2:8-15 encontram-se as seguintes informações: 8 E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. 9 Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. 10 E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços. 11 O primeiro chama-se Pisom; é o que rodeia a terra de Havilá, onde há ouro. 12 O ouro dessa terra é bom; também se encontram lá o bdélio e a pedra de ônix. 13 O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda a terra de Cuxe. 14 O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates. 15 Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. Este jardim é uma referência ao sentido de um oásis, isto é, uma pequena região com água e plantações diversas, em meio aos terrenos áridos e desérticos. Há sim mananciais de água e plantas no deserto! São raros e surgem como confi guração da natureza para dar prosseguimento à sobrevivência de seres humanos e animais. Desde a presença de grama, árvores, fl ores, frutos (fl ora) como de insetos, répteis, mamíferos, ovíparos, herbívoros, etc (fauna). É a provisão divina sendo doada a toda 25Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | a criação, é Deus concedendo à sua criação os elementos necessários para a sobrevivência, cuidado e manutenção de todos os seres. As possíveis traduções para a palavra hebraica ´Eden são jardim, paraíso, oásis, prazer, planície, estepe, etc. Na língua hebraica, há possibilidades dos termos serem próximos entre si, pois depende-se da intenção da mensagem a ser pronunciada (anunciada). Neste sentido, em Gênesis 2:8 há a junção do termo jardim e ́ eden, isto é, gan ́ eden, que literalmente signifi ca o Jardim do Éden. Há muita especulação sobre a localização exata deste jardim. O que pode-se dizer é que, pelas informações do próprio texto bíblico, trata-se de uma ilhota no início da bifurcação dos rios Tigre, Eufrates, Pisom e Giom. No texto abaixo, há uma excelente explicação sobre a possível localização deste jardim. Do lado esquerdo, há três mapas que fornecem informações topográfi cas em três dimensões de distâncias que colaboram para entender o porquê do jardim ser uma especulação literária, histórica e teológica. E, no lado direito, encontram-se os argumentos sobre a localização do jardim. São fotos tiradas via satélite pelo GoogleEarth, nas quais concentram-se a demarcação provável do Jardim do Éden. Trata- se de uma pequena faixa de terra, ampliada, a fi m de ilustrar o espaço de terra habitado pela família de Adão. Saiba mais A PROVAVÉL LOCALIZAÇÃO DO JARDIM DO ÉDEN Disponível em: h� ps://sites.google.com/site/estudosbiblicosrevelados/home | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA26 Ora, plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, ao oriente, e pôs ali o homem que tinha formado ( Gênesis 2:8). Vemos neste versículo que Deus plantou um jardim em um lugar chamado Éden, ao oriente do Éden, e este jardim foi plantado geografi camente em um lugar identifi cado por um rio principal com quatro braços. E saía um rio do Éden para regar o Jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços (Gênesis 2: 10). Nota-se que saía um rio do Éden para regar este jardim que estava na parte oriental da região chamada de Éden naquele tempo. O jardim não chama Éden, a região onde o jardim estava plantado é que chamava Éden, na verdade o jardim não tinha um nome próprio. O jardim era regado só por um rio, quando passava o jardim se dividia em quatro braços indo para outras terras fora da região chamada de Éden. 27Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | O nome do primeiro (braço) é Pisom: este é o que rodeia toda terra Havilá, onde há ouro; o nome do segundo (braço) rio é Giom; este é o que rodeia toda terra de Cuche. O nome do terceiro (braço) rio é Tigre: Este é o que corre pelo oriente da Assíria. E quarto (braço) rio é o Eufrates (Gênesis 2:11, 13, 14). 1 - rio Pisom - terra de Havilá, / 2 - rio Giom - terra de Cuche, 3 - rio Tigre - região da Assíria, / 4 - rio Eufrates Estes quatro braços deste rio que saía do Éden não regava o jardim mas o rio que saia do Éden é o que regava o jardim que DEUS plantou, e dali do Jardim onde era regado pelo rio, é que se dividia ese tornava em quatro braços, nisto, notamos que estes braços já entravam em terras diferentes da região do Éden, como por exemplo dos versos acima escritos. Esta região neste mapa está localizada na Turquia no começo do braço do Rio Eufrates e também o braço do Rio Tigre e um rio principal onde se divide estes famosos rios onde provavelmente foi plantado o Jardim que Adão e Eva habitaram antes do pecado no Éden. Quero colocar um esclarecimento para leitor que o jardim do Éden foi plantado antes do Dilúvio, e tinha querubins e uma espada fl amejante para guardar o caminho da árvore da vida. Gênesis 3:24 Não sei ao certo, falar abertamente, mais há uma pergunta que nós os cristãos fazemos para nós mesmos: será que o jardim no Éden sobreviveu o Dilúvio e passou junto com Noé para época das gerações de seus três fi lhos e existem hoje guardados pelos querubins como antes? porque até a topografi a geográfi ca da terra em muitos lugares mudou por causa das águas do Dilúvio. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA28 Há ainda que considerar a interpretação do Jardim do Éden mais como uma referência mitológica, ou seja, uma narrativa que procura descrever o surgimento dos elementos presentes na natureza. Neste sentido, há vários textos (gêneros literários) que se tornam referências “universais” para o entendimento acerca destas narrativas. Por exemplo, as cosmogonias são os relatos de como surgiu o universo. As culturas primitivas são fontes cujos conteúdos indicam as linhas de interpretação da própria cultura. Por isto, cada cultura indica o seu mito a respeito da criação: os hindus, os mesopotâmicos, os hebreus, os aborígenes, etc. Já as teodiceias referem-se às várias tentativas de interpretar o surgimento do bem e do mal nas culturas primitivas. São os primeiros traços do sentido axiomático (valores éticos e morais) que o grupo social dita para o entendimento acerca da vida e da morte, do desenvolvimento e dos limites, da sabedoria e da ignorância, entre outros. O episódio descrito em Gênesis 3, denominado A Queda, exemplifi ca como o “erro” do comportamento de Adão e Eva foram essenciais para interpretar o pecado como “essência da soberba e da desobediência” que passou a toda a criação. E também em Gênesis encontra-se o relato da história entre dois irmãos, Caim e Abel. O propósito deste episódio é confi gurar a interpretação acerca do mal que afeta a relação das pessoas humanas: a inveja em contextos religiosos. E, em maior quantidade, há os mitos, isto é, os relatos que dão sentido aos elementos da natureza e das experiências dos grupos sociais. Os mitos sempre vêm recheados com símbolos, descritos em linguagem religiosa e, essencialmente, reforçadas por memórias afetivas, celebrativas e ritualísticas. Dentre os muitos mitos existentes nas religiões, o da criação é o mais concorrido no estudo literário, fi losófi co e teológico. Por questão de orientação, mito não signifi ca “aquilo que não é real, ou que não existe”. Ele é um termo usado literariamente para designar como são explicados os conceitos de temas abstratos (criação, pecado, morte, felicidade, etc). E, devido à sua peculiaridade literária, os mitos utilizam elementos simbólicos para fazer os argumentos. 29Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | E, associado com os mitos, há as epopeias, ou seja, conjunto de narrativas e/ou poemas que tratam de um herói que explica, participa ativamente de competições e guerras para ganhar territórios, sobreviver em catástrofes, salvar e/ou ser salvo milagrosamente de situações impossíveis e direcionar o seu povo à continuação da vida, entre outras notáveis realizações. Foi justamente o que aconteceu com Noé, no relato do dilúvio. E é comum, nos dias atuais, fazer a comparação dos relatos de dilúvio das grandes culturas primitivas. Saiba mais: O QUE É A EPOPEIA DE GILGAMESH? SILVA, Daniel Neves. “O que é a Epopeia de Gilgamesh?”, Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-epopeia- gilgamesh.htm>. Acesso em 25 de maio de 2019. Sobre “O que é a Epopeia de Gilgamesh?”, podemos dizer que essa obra a respeito das aventuras do rei de Uruk é um poema épico da literatura suméria de 2000 a.C. A Epopeia de Gilgamesh narra os feitos de Gilgamesh, rei de Uruk, em sua procura pela imortalidade. Ela é considerada a obra de literatura mais antiga da humanidade. Como parâmetro disso, basta lembrar que os famosos poemas homéricos surgiram cerca de 1500 anos depois dessa epopeia suméria. A Epopeia de Gilgamesh foi localizada por arqueólogos em doze tábuas de argila, cada qual contendo cerca | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA30 de 300 versos. No entanto, historiadores consideram apenas as 11 primeiras tábuas, uma vez que a 12ª possui uma versão sintética da história que contradiz as outras inscrições. Essas tábuas foram encontradas em uma escavação que ocorreu no século XIX, na região onde fi cava a antiga cidade assíria de Nínive. Essas escavações eram conduzidas pelo arqueólogo britânico Austen Harry Layard, que, em 1849, localizou uma série de itens pertencentes à Biblioteca de Nínive, dos quais as tábuas da Epopeia de Gilgamesh faziam parte. O trabalho de tradução da obra foi realizado por Henry Rawlinson e George Smith na segunda metade do século XIX. A tradução desse poema épico somente foi possível graças à Inscrição de Dario, que transcrevia caracteres cuneiformes para três idiomas: persa, babilônio e elamita. Esse trabalho foi ampliado quando novos trechos da história foram encontrados posteriormente. A obra encontrada nessa época foi escrita pelos sumérios e recebeu o nome de Sha-naqba-imru (Aquele que viu a profundeza) ou Shutur- eli-sham (Aquele que se eleva sobre todos os reis). Tempos depois, o original dela em sumério foi transcrito a mando do rei assírio Assurbanípal (668 a.C. - 627 a.C.) e foi armazenado na Biblioteca de Nínive. A Epopeia de Gilgamesh parece ter sido bastante conhecida na região, pois pesquisas localizaram diversas traduções e adaptações feitas a partir dela, em idiomas como o hitita e hurrita e em diferentes locais como Nippur, Uruk e na antiga capital hitita, que se chamava Hattusa|1|. Narrativa da Epopeia de Gilgamesh A narrativa da Epopeia de Gilgamesh conta os eventos de Gilgamesh, rei de Uruk. De acordo com a Lista Real Sumeriana (lista de todos 31Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | os reis sumérios), ele foi o quinto rei dessa cidade. Segundo ainda essa lista, o reinado de Gilgamesh sobre Uruk foi de 126 anos, e ele aparece no épico como fi lho da deusa Ninsuna. Esse rei sumério existiu, provavelmente, no período entre 2800 a.C. e 2500 a.C. Na história narrada pelo poema, Gilgamesh é apresentado como um rei despótico, arrogante e que oprimia o povo da cidade de Uruk. Os deuses, então, criaram Enkidu do barro e enviaram-lhe ao encontro de Gilgamesh com a missão de torná-lo mais humilde. Os dois tornaram- se amigos e iniciaram uma trajetória marcada por muitas aventuras, e, em uma dessas aventuras, ambos desrespeitaram a deusa Inana. Os deuses resolveram matar Enkidu como punição pelo desrespeito a essa deusa, e, Gilgamesh, entristecido, iniciou uma outra jornada em busca da imortalidade. Nessa jornada pela imortalidade, Gilgamesh foi ao encontro de Utnapishtim, um herói conhecido por ter alcançado a imortalidade após sobreviver a um grande dilúvio. Durante esse grande dilúvio, Utnapishtim teria construído uma grande arca a mando dos deuses e abrigado sua família e um grande número de animais nela. Esse herói prometeu a imortalidade para Gilgamesh, desde que ele cumprisse algumas missões. Entretanto, o rei falhou nessas missões e retornou para Uruk. A menção ao dilúvio é uma parte da narrativa que chama a atenção por causa da semelhança com a narrativa bíblica sobre o dilúvio e a trajetória de Noé. Os historiadores acreditam que a história suméria tenha servido de infl uênciapara a formulação da narrativa hebraica sobre o dilúvio. Esses especialistas sugerem ainda que, além desse, existam outros aspectos da cultura hebraica que também foram herdados da cultura suméria. |1| CARREIRA, José Nunes. Gilgamesh em veste hitita, p. 37. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA32 Exercício de fi xação Leia atentamente abaixo as descrições bíblicas e depois faça o que se pede. I - Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele (Colossenses 1:15,16). II - Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Romanos 5:12). III - Como caíste do céu, ó estrela da manhã, fi lho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo (Isaías 14:12-14). A partir do conteúdo descrito em I, II e III é possível afi rmar que: Em I, o hino de Colossenses refere-se ao Deus Filho, Jesus Cristo, que, na elaboração da teologia cristã, ele também é criador. Em II, a ênfase hermenêutica de Paulo aos Romanos é sobre o efeito que o pecado de Adão causou a todos os integrantes da criação. Em III, a descrição é sobre Lúcifer para explicar que a origem de sua queda foi a de querer ser e estar acima de Deus. Portanto, assinale a alternativa correta. a. ( ) I e II são epopeias porque consideram Jesus Cristo o herói que vence o pecado. b. ( ) O relato da queda e a parênese de Paulo em II são argumentos acerca dos símbolos do mito do pecado. c. ( ) Satanás é um anjo caído, por isto não foi detalhado nos relatos de cosmogonias. d. ( ) O conteúdo de III é um relato sobre a criação dos seres angelicais. e. ( ) Paulo é apóstolo. Sendo assim, ele não é referência para os relatos de mito. 33Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | 4.2. A viagem de Abraão É muito familiar para o estudante do Antigo Testamento a menção do patriarca Abraão como referência para a origem do povo de Deus. Do ponto de vista da Geografi a Bíblica, é relevante perceber que sua jornada (literalmente, seu deslocamento de uma região para outra) é interpretada a partir de uma linha teológica, isto é, a chamada dele feita por Deus (Gn 12). No entanto, esta jornada precisa ser compreendida também pela ilustração dos mapas, pois caracteriza um entendimento acerca do nomadismo. Em Gênesis 12:1-9 encontram-se as instruções dadas por Deus a Abrão. Diz o texto bíblico que o patriarca saiu de Ur dos Caldeus (ou Caldeia) e dirigiu-se para a região de Harã. A cidade de Ur tinha um porto com grande proeminência comercial para além das demais grandes cidades em direção à Palestina e Egito. Devido à sua localização, ou seja, | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA34 encontrava-se no meio da rota para leste e oeste, havia herdado as condições econômicas dos centros da Mesopotâmia, Nínive, Babilônia e outras cidades ao longo dos rios Tigre e Eufrates. No mapa ao lado, veja que Ur está localizada ao sul da Mesopotâmia, indicando a saída de Abraão até à região do Egito. Pode se dizer que a viagem do patriarca Abraão está dividida em quatro fases. A primeira é a saída dele e de sua família de Ur, que pertencia à região da Mesopotâmia, sob a liderança dos Caldeus (pois eram da Caldeia) e era um aglomerado de outros clãs (aldeias). Este relato está em Gênesis 11:31. Seguindo os rios Eufrates e Tigre, há uma outra região, Padã-Harã, quando inicia-se a segunda fase. Nesta época, esta região pertencia à grande potência Assíria, próxima à capital Nínive. Em Harã, houve o chamado específi co de Deus para Abraão (Gn 12:1-5). É possível que esta região tenha sido fortemente habitada pelos chefes de famílias (também patriarcas), mas debaixo de uma liderança maior, a de Abrão, pois em tempos futuros, Eleazar (o servo de Abrão) volta à esta região para buscar uma noiva para Isaque. Em Canaã, mais precisamente a região de Siquém e Jerusalém, Abrão faz acampamento com sua família e permanece bom tempo ali. Quando sai de Canaã para o Egito, ele passa por Betel e Ai. A terceira fase associa-se com informações históricas para exemplifi car a rota que Abrão e sua família tomam para dirigir-se até o Egito. Devido a uma situação de fome e escassez de alimentos, o patriarca teve que descer até o grande Império Egípcio e ali abrigar-se por um bom tempo como estrangeiro. Ocorre alí também o episódio do Faraó com Sara. É interessante observar as questões culturais neste relato. A jornada de Abraão para o Egito é descrita em Gênesis 12:10. Por fi m, a quarta fase é a volta de Abraão e família para a região do Negueb, descrita em Gênesis 13:1. 35Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Saiba mais: Breve explicação sobre o episódio de Sara e o Faraó Quando ele chegou perto do Egito, ele disse a Sarai, sua esposa: “Veja agora, eu sei que você é uma mulher bonita; e quando os egípcios virem você, dirão: ‘Esta é sua mulher’; e eles me matarão, mas te deixarão viver. “Por favor, diga que você é minha irmã para que ele possa ir bem comigo por sua causa e que eu viva por sua causa” (Gênesis 12:11 - 13). O plano de Abraão funciona, mas causa muitos problemas para os egípcios. Primeiro, não apenas sua vida é poupada, ele é bem tratado e recebe doações do faraó do Egito (Amenemhat II) quando o governante leva Sarah para sua casa. Deus, no entanto, traz pragas a Faraó e sua casa por causa de Sara. O governante enfurecido logo confronta Abraão sobre sua mentira. Então o rei (Faraó do Egito) mandou chamar Abrão e perguntou-lhe: ‘O que você fez comigo? Por que você não me disse que ela era sua esposa? Por que você disse que ela era sua irmã e me deixou tomá- la como minha esposa? . . . ‘(Gênesis 12:18-19) Em questões culturais, o egípcio podia tomar uma segunda esposa desde que ela não tivesse já sido prometida ou em compromisso com alguém. Neste caso, a mentira de Abraão havia colocado o Faraó em situação de vexame, uma vez que ele havia estado com uma mulher já casada. Veja, a seguir, um resumo das viagens de Abraão com cenas antigas e atuais dos episódios e com narração em português. Assista o vídeo: Livro 1 – Gênesis: Viagens de Abraão Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7ewOfYMJW1g | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA36 4.3 A peregrinação das tribos de Israel Na Unidade II será estudada a divisão das doze tribos, a partir de informações do Pentateuco. Neste momento aqui, será feita uma pequena exposição sobre o período de peregrinação do povo de Deus no deserto. Pode-se dizer que a peregrinação é também uma chave de leitura para o entendimento acerca do chamado do povo de Deus. O ponto de partida é um pouco antes da saída do povo de Deus do Egito, ou seja, do momento em que Moisés havia fugido do Egito e ido até à região de Midiã. Nesta terra, encontrou-se com um patriarca e sacerdote, Jetro (segundo a tradição linguística, é possível também ser chamado de Ragüel e de Jobab). Enamorou-se de Zípora, a fi lha mais velha de Jetro, e casou-se com ela. Por não possuir bens materiais, Moisés teve que ajudar na criação de ovinos (Ex 2:11-22; 3:1). É, pois, neste período que Jetro ouve acerca da opressão que o Faraó do Egito exercia sobre os fi lhos de Israel. E é também neste momento que Moisés teve seu chamado, junto à sarça ardente, tradicionalmente no Monte Sinai, no qual Deus o vocaciona para ser o Libertador do povo hebreu. Consciente do seu chamado, Moisés então vai até o Faraó e discursa sobre a exigência que Javé faz, a fi m de libertar o povo. É certo que a estruturaegípcia confronta os dizeres de Moisés e não admite libertar o povo. Após nove tentativas de conscientização, denominadas pragas, chega-se à última delas, conhecida como morte dos primogênitos. E, após este evento, o Faraó decidiu sair o povo. Todavia, logo em seguida, arrepende-se e vai atrás do povo, a fi m de exterminá-lo, uma vez que o povo encontrava-se diante do Mar Vermelho. O relato comenta sobre o fi m desta perseguição, quando milagrosamente Deus abre o Mar Vermelho e deixa o povo passar. Em seguida, os egípcios fazem perseguição, mas as águas voltam ao curso normal e muitos morrem afogados. 37Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | A partir de então, o povo passa a vaguear pelo deserto em busca de direção divina para prosseguir em busca de uma terra a ser mostrada por Deus. A peregrinação pelo deserto é compreendida como uma luta muito dura para o povo, pois signifi cava morrer à mingua do deserto. Para muitos, foi como se não tivesse caixões sufi cientes para todo o povo. Defi nitivamente, existem aqueles que preferem a escravidão do Egito. É claro que a residência fi xa dava ao povo a conotação de que “habitava” uma terra diferente – daí o nome o povo da terra, pois cuidava de animais da terra (no hebraico ‘apiru). E, no deserto, por não ter uma terra, o povo sentia-se peregrino. Como peregrinos, o povo enxerga nos acontecimentos a ação de Deus: durante o dia são guiados por uma nuvem, e durante à noite são guiados por uma coluna de fogo. Os hebreus do Egito e os sinaítas dão início a uma série de acampamentos durante o processo de peregrinação. Na verdade foram 42 sessões de parada e levantamentos de destacamentos para o povo de Deus. Levaria-se entre 11 a 30 dias de caminhada até Canaã, todavia a peregrinação perdurou por 40 anos. Durante a peregrinação no deserto, houve a construção da tenda e havia duas disposições sobre como o acampamento deveria ser formado. A primeira delas se referia à disposição dos participantes da tribo de Levi, que fi caram responsáveis pelo trabalho de preparação, celebração e demais serviços da liturgia e do culto perante o Tabernáculo. Como o Tabernáculo representava a “habitação de Deus entre o seu povo”, então os levitas foram dispostos em formação de contorno, compreendendo os quatro pontos cardeais do Tabernáculo. Na fi gura abaixo, há a indicação desta disposição, bem como os dados do censo realizado e descrito no Livro de Números. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA38 Nesta disposição, entende-se que a centralidade é o tabernáculo do acampamento. E a divisão foi feita segundo os fi lhos de Moisés e Arão. De certa maneira, os quatro lados da Tenda eram contemplados pela disposição dos levitas. Neste sentido, a divisão de trabalhos e participação contínua dava sentido de ‘serviço ao Senhor’, isto é, servir ao Senhor signifi cava cumprir com os trabalhos do tabernáculo. Já na segunda fi gura, estima-se a disposição de todos os demais participantes do povo, ou seja, as tribos. Cada conjunto de três tribos fi xaram-se ao redor do tabernáculo, logo após a disposição dos levitas. Neste esquema, as tribos guardavam os levitas, que, por sua vez, guardavam o tarbernáculo. Veja, a seguir, a descrição dada pelos editores do Manual Bíblico (páginas 201 e 202) sobre as possíveis rotas e acampamentos do povo de Deus no Deserto. As Rotas do Êxodo, do Manual Bíblico, 39Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA40 4.4 O estudo dos montes bíblicos Há dois termos técnicos que se preocupam com o estudo dos diferentes relevos do mundo da Bíblia. Um deles é a orografi a, que diz respeito ao estudo dos montes, montanhas, cordilheiras, elevações de terras, vales, planícies, depressões e alguns aspectos do território físico (dimensões territoriais). O outro é a toponomia, que diz respeito às regras, normas e convenções técnicas de confi gurações do estudo dos relevos. No caso da Bíblia, há vários montes mencionados e que se tornam também chaves de leitura para a compreensão das passagens bíblicas. Neste momento, você terá acesso a uma lista dos montes, com o nome descrito e a referência do acontecimento. Alguns deles ainda permanecem muito próximos da época bíblica, mas outros já foram urbanizados e transformados em cidades e povoamento. Esta é a lista dos montes mencionados na Bíblia: NOME EVENTOS Monte Ararate Gênesis 8:4 O Monte Ararate foi onde a arca de Noé repousou após as águas do dilúvio diminuírem o seu nível. O Monte Ararate fi ca na atual Turquia e possui dois cumes, cujo maior supera cinco mil metros de altitude. Monte Moriá G ê n e s i s 22:2 2 Crônicas 3:1 O Monte Moriá fi ca na região para o qual Abraão partiu com seu fi lho Isaque para oferecê-lo em sacrifício a Deus. Posteriormente o Templo de Salomão foi construído no Monte Moriá. Isso signifi ca que sua localização está na cidade de Jerusalém. 41Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Monte Seir Gênesis 36:8 O Monte Seir fi ca ao sul do Mar Morto. As montanhas de Seir fi caram conhecidas na Bíblia por ter sido o local para onde Esaú foi após a morte de seu pai, Isaque. Monte Sinai (Monte Horebe) Êxodo 19:2- 25 O Monte Sinai sem dúvida é um dos montes mais emblemáticos da Bíblia. Nem todos sabem, mas o Monte Sinai é o mesmo Monte Horebe citado em outras partes da Bíblia. No Monte Sinai a Lei foi dada a Moisés. Mais tarde o profeta Elias também esteve no Monte Sinai, mas na ocasião chamado de Horebe. Sua localização exata é debatida, mas acredita-se que fi ca próximo do Egito. Monte Ebal No Monte Ebal foi ordenado que os israelitas construíssem um altar após entrarem na Terra Prometida. O Monte Ebal fi cava próximo do Monte Gerizim. Monte Nebo (Monte Pisga) O Monte Nebo é mais outro monte que é mencionado na Bíblia por dois nomes diferentes. O Monte Nebo, ou Monte Pisga, foi o local de onde Moisés avistou a Terra Prometida. Monte Hermom Josué 11:3,17 O Monte Hermom é citado no livro de Josué como sendo uma cadeia de montanhas que fi cava no limite norte do território conquistado de Canaã. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA42 Monte Tabor Juízes 4:6 O Monte Tabor fi cou conhecido principalmente pela batalha em que Baraque atacou Sísera, o general do exército do rei cananeu Jabim. Monte Tabor, que fi ca a poucos quilômetros a leste de Nazaré (cerca de 10 quilômetros) também servia de fronteira natural entre os territórios de Issacar e Zebulom. Monte Gilboa 1 Crônicas 10:1,8 O Monte Gilboa foi o local onde muitos israelitas foram mortos, incluindo o rei Saul e seus fi lhos, após uma batalha desastrosa contra os fi listeus. Monte Sião Samuel 5:7 O Monte Sião é outro monte que possui um signifi cado bíblico muito grande. O monte em si originalmente refere- se à área sudoeste de Jerusalém. Mas posteriormente passou a ser usado para designar toda Jerusalém e de forma a incluir até mesmo o Monte Moriá onde o Templo foi edifi cado. Além disso, o Monte Sião também é citado várias vezes de forma simbólica. Monte Líbano 1Reis 5:14,18 A região montanhosa do Líbano aparece na Bíblia como sendo o local de onde veio o cedro e as pedras usadas pelo rei Salomão na construção do Templo em Jerusalém. 43Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Monte Carmelo 1 Reis 18:19 O Monte Carmelo sempre é lembrado na Bíblia por ter sido o local onde fogo desceu do céu e consumiu o holocausto. Foi ali que Elias desafi ou e derrotou os profetas de Baal. Monte Gerizim João 4:20 No Monte Gerizim ocorreu o encontro entre Jesus e a mulher samaritana junto a um poço. Nos tempos do Antigo Testamento foi ali que os samaritanos construíram um templo. Monte das Oliveiras Marcos 13:3,4 Sem dúvida o Monte das Oliveiras é um dos montes da Bíblia mais conhecidos. Várias ocasiões importantes do ministério ocorreram nesse monte ou nas proximidades dele. O sermão escatológico de Jesus,por exemplo, foi feito no Monte das Oliveiras. Gólgota Mateus 27:33,34 Além desses montes, há também o Calvário ou Gólgota, que por alguns também é chamado de Monte Caveira. Mitos não o consideram exatamente um monte, até pela discussão que há sobre a localização correta desse lugar. O que se sabe é que era um lugar que fi cava fora de Jerusalém e provavelmente era uma pequena colina. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA44 Há muitos outros montes citados na Bíblia. Uma lista completa, você poderá encontrar na seção da Leitura Complementar. Trata-se de um estudo feito pelo professor Francisco de Abreu Neto. Todavia, para ajudá- lo a estudar e conhecer os montes da Bíblia, faz-se uma sugestão de como tais montes devem ser estudados. Primeiro, anota-se o nome do monte mencionado na Bíblia e a respectiva referência. Segundo, realiza- se uma breve pesquisa a respeito das características do relevo (altura, dimensões, localização, etc). Terceiro, ao fi nalizar a pesquisa, sugere-se também, quando possível, adicionar a seleção de uma ou mais fotos, a fi m de ilustrar o monte. Esta pesquisa poderá ser feita através da internet e ou por meio de atlas bíblicos. Por exemplo: PESQUISA SOBRE O MONTE SINAI Do grego, o Monte Sinai (também conhecido em hebraico como Monte Horeb, ou em árabe como Jebel Musa, que signifi ca “Monte de Moisés”) está situado no sul da península do Sinai, no Egito. Esta região é considerada sagrada por três religiões: judaísmo, cristianismo e islamismo. É um pico de granito com uma altitude de 2285 metros onde, segundo a Bíblia e a tradição judaica, Moisés recebeu as Tábuas da Lei. Ao longo dos séculos foram sendo construídos sobre o monte e à sua volta vários locais de culto e acumulados tesouros da cultura religiosa. 45Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | No pico do monte encontra-se a pequena Capela da Santíssima Trindade, construída em 1934 sobre as ruínas de uma igreja do século XVI, onde se pensa que existiria a sarça ardente – no entanto, o Mosteiro de Santa Catarina, no sopé do monte, clama a mesma localização. Entre a base e o pico, existe uma escadaria escavada na rocha com cerca de 4000 degraus (leva 3 horas a subir), chamada “Sikket Saydna Musa”, que signifi ca, em árabe, “O Caminho de Moisés”. A 750 degraus abaixo do pico, existe uma plataforma onde Aarão e os 70 sábios esperaram, enquanto Moisés recebia as Tábuas da Lei (Êxodo 24:14) e uma caverna, chamada “Retiro de Elias”, local onde Deus falou com Elias após 40 dias de caminhada pelo deserto (1 Reis 19:8-9). A noroeste deste ponto, encontra-se o monte Safsaafa, onde viveram eremitas bizantinos, como São Gregório e, logo abaixo deste pico, encontra-se a planície de ar-Raaha, onde os israelitas acamparam enquanto Moisés subia à montanha e onde, depois ergueu o primeiro tabernáculo. Esta ligação do Monte Sinai com a Bíblia atraiu muitos peregrinos ao longo dos séculos e uma das mais famosas foi a Imperatriz Helena de Bizâncio, no século IV que fez ali construir uma igreja, a Capela da Sarça Ardente, no local onde ainda se encontra vivo um arbusto de Rubus sanctus, que os monges acreditam ser a sarça ardente original. Imediatamente se estabeleceu ali uma comunidade monástica e, para proteger a igreja e os monges dos ataques de beduínos, o imperador Justiniano I mandou construir uma muralha à volta da igreja, no ano 542 e os edifícios que são hoje o Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina. Retirado de: h� ps://pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Sinai, acessado em 27/05/2019 e comparado com: DOWLEY, Tim. Pequeno atlas bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA46 Exercício de aplicação Na Bíblia, os montes foram importantes referências naturais para exemplifi car o relacionamento de Deus com o povo. Foi, pois, no Monte Sinai que Deus concedeu a Moisés a escrita das Dez Tábuas (o Decálogo). O monte, assim como os rios, as planícies, o clima, é sempre uma marcação física que dá orientação às pessoas e animais, bem como serve como ponto de localização para demarcação de outros referenciais. 47Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Além disto, há algumas localidades que também podem fi gurativamente receber um segundo nome, por causa das interpretações religiosas. Por exemplo, Jerusalém é uma cidade que, por sua vez, se encontra no Monte Sião. Todavia, em algumas situações os dois nomes são intercambiáveis, isto é, tanto se refere à cidade como ao Monte. Considerando as informações acima, leia a notícia ao lado (O GLOBO). Nela comenta-se a prática dos adoradores, provenientes de comunidades religiosas na cidade do Rio de Janeiro. A partir do entendimento acerca de elementos da natureza como indicadores (ou referências) dos acontecimentos de Deus com o seu povo, é correto afi rmar que: a. ( ) A topografi a dos montes evidencia a prática da oração, facilitando o acesso entre Deus e a humanidade. b. ( ) Uma excelente forma de atualizar a leitura dos textos bíblicos é encontrar os pontos naturalmente altos da cidade e torná-los espaços sagrados. c. ( ) A oração só pode ser feita no monte que foi pesquisado academicamente por um especialista em religião. d. ( ) Os montes atraem as pessoas religiosas porque são excelentes espaços de refl exão, caracterizando proximidade com Deus, com a natureza e com os demais religiosos. e. ( ) Os montes de uma região tornam-se espaços sagrados quando os religiosos sobem nele e fazem suas orações. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA48 Conclusão Nesta primeira unidade, você estudou sobre a relevância da Geografi a para o contexto do conteúdo bíblico. Esta ciência tem como primazia o estudo da terra e de suas características (físicas, topográfi cas, hidrográfi cas, climáticas e de ocupações humanas) que favorecem a presença dos seres da natureza. Diante disto, percebeu-se que o Crescente Fértil constituiu-se em uma faixa de terra, que ia desde a antiga Mesopotâmia, passando pela Palestina e chegando até o Egito, cujos rios garantiam a atividade agrícola e pastoril e promoviam a sobrevivência das culturas babilônicas, cananeias e egípcias. Além do sentido da terra para os povos do Antigo Oriente enquanto bênção, promessa e dom, destacou-se também o estudo da origem dos povos da Bíblia, a partir de uma informação literária, ou seja, os três fi lhos de Noé habitaram o mundo, após o dilúvio: Sem foi responsável para gerar descendentes que povoassem a Mesopotâmia; Cam iria situar-se ao sul de Canaã e chegar até o norte da África; e, por fi m, os fi lhos de Jafé que iriam habitar o norte de Canaã e as regiões da Europa e Ásia. Acentuando-se as localizações geográfi cas, primeiro foi pontuada a possível localização do Jardim do Éden, enquanto referência que ilustra o surgimento da humanidade. Segundo, apresentou-se as quatro fases das viagens do patriarca Abraão, demonstrando o processo de chamada, peregrinação e construção do sentido do pai da fé a habitar a terra que mana leite e mel. Terceiro, foi ilustrado os 40 anos de peregrinação do povo de Deus no deserto, logo após a saída do Egito e a aproximação à Cades Barneia. E, por fi m, exemplifi cou-se o como a orografi a (estudo dos montes) deve ser feito pelo(a) estudante de Teologia. 49Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | Le itura Complementar CERESKO, Anthony R. Introdução ao Antigo Testamento numa perspectiva libertadora. São Paulo: Paulus, 1996, p. 33-46 Capítulo 3: O contexto histórico do Antigo Oriente Médio. O crescente Fértil e o Nascimento da Civilização. Para facilitar o aprendizado do(a) estudante, é oferecido um roteiro de leitura. É um formulário que ajudará no processo de assimilação da leitura. Não é uma atividade obrigatória, mas ela colabora para o aprendizado. Fique à vontade para adotá-lo para esta disciplina. E, para você compreender como funciona, veja o modelo abaixo, baseado na leitura de: SCHLAEPFER, Carlos; OROFINO, FranciscoRodrigues; MAZZAROLO, Isidoro. A Bíblia: introdução historiográfi ca e literária. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 11-25. Parágrafo introdutório O mundo da Bíblia é estudado pela sua geografi a, literatura e movimentação histórica. É o estudo do relevo, das dimensões territoriais e culturais de cada região. Objetivo do autor No primeiro capítulo, os autores introduzem o leitor ao conhecimento da Palestinologia, cuja preocupação é estudar os mapas que compõem o Crescente Fértil. No segundo capítulo, o objetivo é problematizar a respeito da legitimidade da terra de Canaã sob os domínios da tradição patriarcal. Estrutura (sumário) Os autores eboçam os dois capítulos da seguinte maneira: 1. Introdução à geografi a bíblica; 1.1. A meia lua ou crescente fértil; 1.2. As três grandes linhas da humanidade; 2. A Palestina; 2.1. De quem é esta terra? Metodologia Os autores baseiam-se na topografi a (lugares) e cartografi a (mapas) para indicar a situação e a localização histórica e literária de Israel. Conclusão A importância do estudo da geografi a se dá na construção da localização espaço-temporal do mundo bíblico. | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA50 Fique à vontade para melhorar a estrutura de seu resumo. A anotação torna-se um hábito de registro de informação. Você é quem irá escrever mais ou menos em seu resumo. Referências ABREU NETO, Francisco de. Geografi a bíblica sistematizada. Uma abordagem histórico-geográfi ca da Terra Santa. Curitiba: AD Santos, 2015. ANDRADE, Claudionor de. Geografi a bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2013. BÍBLIA. Português. Bíblia de Referência Thompson. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição revista e corrigida. Compilado e redigido por Frank Charles Thompson. São Paulo: Vida, 1992. BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição revista e atualizada no Brasil. Brasília: Sociedade Bíblia do Brasil, 1969. BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos NVI. São Paulo: Vida, 2016. HERÓDOTO (484-485 a.C.). História. Traduzido por Pierre Henri Larcher. Texto acessado em 15/05/2019 e disponível na internet em h� p://www. ebooksbrasil.org/adobeebook/historiaherodoto.pdf TRADUÇÃO ECUMÊNICA DA BÍBLIA. São Paulo: Loyola, 1994. 51Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | UNIDADE 2: ARQUEOLOGIA BÍBLICA Introdução Nesta unidade o conteúdo a ser estudado será o da Arqueologia Bíblica. Geralmente, nos cursos de Graduação em Teologia, esta matéria é sempre esquecida, ou deixada em segundo plano. No entanto, aqui na FTSA, ela tem sua importância no currículo: trata-se de uma visão panorâmica sobre os principais sítios arqueológicos dos achados bíblicos, cuja intenção principal é situar o(a) estudioso(a) dos textos bíblicos quanto à atualização dos dados, à comprovação de alguns fatos e à confi rmação de grupos sociais mencionados na Bíblia. Por um lado, a arqueologia bíblica tem sido hoje mais estudada com vistas aos achados de manuscritos, pois há muita especulação sobre as origens e os conteúdos dos textos bíblicos. Neste sentido, a arqueologia tem contribuído muito para o estudo do aparato crítico que se encontra tanto nas versões do Antigo como do Novo Testamentos. E, por outro lado, as recentes escavações ainda realizadas na Palestina vêm contribuir para ratifi car os vários textos sobre os fatos da História de Israel e os seus desdobramentos, tais como: as inúmeras invasões de grandes impérios, a infl uência grega na cultura judaica e, com mais ênfase ainda, o processo de misturas culturais com a língua, cultura e política romana. O objetivo geral desta unidade é fazer com que o(a) estudante tenha um contato com o estudo da arqueologia bíblica, com a fi nalidade de “conhecer sobre o passado da história bíblica” (RICHELLE, 2017, p. 15). Neste sentido, a arqueologia é um convite para uma viagem no tempo. Uma viagem e um trabalho: a retirada de grandes quantidades de areia, alguns fragmentos de pedra e até mesmo algumas edifi cações para descobrir o que se encontra “embaixo de entulhos”. Será uma unidade interessante porque os exercícios irão promover uma leitura de estudo de conteúdo bíblico com bases arqueológicas, cuja relevância é aprender a história e as várias outras ciências que ajudam | Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA52 a construir o sentido dela, tais como: arqueologia, geografi a, linguística, antropologia, numismática, heráldica, paleontologia, etc. Afi nal, os estudos arqueológicos são propostas de leitura dos textos bíblicos que, com segurança, fornecem dados culturais que complementam o sentido e o signifi cado da mensagem bíblica. Nesta unidade, você irá perceber como a fé deixa de ser um conceito amplamente abstrato e passa a obter consistência em argumentação e persuasão. Na verdade, o(a) estudante começa a reformular seus argumentos diante de vários textos bíblicos, porque tem contato com conhecimento atualizado acerca de regiões, aspectos culturais e achados documentais. E, mesmo havendo controvérsias, a confi guração da fé vai sendo aperfeiçoada e “reformada” ao passo que se tornando clara, inteligível e pertencente à história cristã. 1. ARQUEOLOGIA É A REVELAÇÃO DE CULTURAS ANTIGAS Dentre as muitas ciências que se conectam com o estudo das culturas antigas, a Arqueologia é a que se destaca pelo excelente trabalho de evidenciar a existência de diferentes grupos sociais, através da utilização técnica de vários restos de materiais. O objetivo é procurar vestígios desses materiais em lugares que as pessoas costumavam viver. No mundo todo, a presença de arqueólogos é relevante porque recupera os traços da existência de culturas passadas, exemplifi cando os processos históricos da sociedade. Para a Arqueologia Bíblica, a referência de estudo é sempre sobre as regiões mencionadas na Bíblia e/ou espaços da presença direta e indireta de cristão próximas à época bíblica. Uma execlente defi nição encontra- se no Manual Bíblico, que diz: Arqueologia bíblíca é o estudo sistemático de restos materiais/físicos de pessoas da antiguidade nas terras em que a história bíblica transcorreu. Essas terras abrangem a Palestina (o Israel de hoje), a Transjordânia (a Jordânia 53Bíblia I - Introdução à Bíblia | FTSA | de hoje), Egito, Síria, Líbano, Turquia (a antiga Ásia Menor), Grécia e Itália. Um arqueólogo bíblico procura relacionar descobertas arqueológicas com narrativas bíblicas. (MANUAL BÍBLICO VIDA NOVA, 2001, p. 94). É interessante observar que as regiões mencionadas compreendem tanto a presença do Antigo como do Novo Testamento. No caso do Antigo Testamento, as descobertas realizadas no Iraque também contribuem ao estudo arquoeológico da Bíblia, caso tenham relação com o mundo dos impérios assírio, medopersa, babilônico, persa, e outros mais. Enfi m, qualquer região que esteja direta e/ou indiretamente relacionada com informações dos textos bíblicos torna-se investigação do campo da Arqueologia. Para a Arqueologia, todo e qualquer material encontrado é uma grande fonte de informação. O termo chave que dá sentido e signifi cado para o entendimento da arqueologia é “restos”. Sim, pequenos indícios de materiais que restaram da presença humana em um determinado lugar. As classifi cações dos restos podem se assim defi nidas: Restos de culturas antigas Montes (chamados de tells), cavernas, túmulos e sepulturas feitas pelos homens Restos de esqueletos Pessoas e animais, Restos de artefatos variados pedaços de cerâmica e outros artefatos de metal pedra e vidro Restos de Inscrições Pedras com texto, pergaminhos, papiro, barro cozido, Restos de moedas Moedas em variados materiais de cunhagem (ferro, prata, ouro, etc) Restos de construções Prédios, casas, colunas, altares, estatuetas, artigos religiosos e legais, objetos de culto, estruturas comerciais (estradas, pontes, etc) Restos de vestimentas Roupas, armaduras, coletes, etc | Bíblia I - Introdução à Bíblia |
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