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Atitudes Preconceito e Cultura ATITUDES A cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência a um objeto. Toma-se uma atitude em relação a que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo ou uma instituição social. O afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos, que, por sua vez, gera uma atitude positiva; ou gerar sentimentos negativos que pode gerar atitudes negativas. O comportamento – a predisposição: Sentimentos positivos levam à aproximação Sentimentos negativos, ao esquivamento Preconceito Os preconceitos estão essencialmente relacionados às práticas e comportamentos discriminatórios frente a membros dos grupos sociais, por sua pertença (Brown, 1995). Para Adorno (1950), a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Prezam pelo seguimento às normas e pelo respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Uma das características da personalidade autoritária é a rigidez, que se manifestaria em diferentes níveis da cognição e da afetividade, do comportamento e da conduta, sendo uma dimensão influenciadora na formação e ativação de preconceitos sociais. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, essas pessoas tendem a rejeitar os grupos sociais aos quais não pertencem, assim como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita. Há fontes cognitivas de preconceito que são tentativas de simplificar e organizar seu pensamento social. A simplificação exagerada leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e discriminação. Estereótipo Pode-se definir estereótipo social como crença coletivamente compartilhada acerca de algum atributo, característica ou traço psicológico, moral ou físico atribuído extensivamente a um agrupamento humano (Pereira e Lima, 2004). É formado mediante a aplicação de um ou mais critérios, como, por exemplo, idade, sexo, inteligência, moralidade, profissão, estado civil, escolaridade, formação política e filiação religiosa. Quando estiverem associados a sentimentos, estereótipos sociais passam a constituir estruturas psicológicas de maior complexidade, caracterizadas como atitudes e preconceitos sociais (Pereira e Lima, 2004). Esta complexidade deriva precisamente da presença de sentimentos, ora positivos, ora negativos, em relação a um objeto social que, na situação considerada, é um grupo humano. O efeito imediato de preconceitos sociais é a discriminação que, essencialmente, é um tratamento injusto. Ou seja, uma forma de relacionamento, avaliação e atendimento comparativamente desigual e desfavorável, proporcionado a uma coletividade humana ou individualmente. Esse tratamento injusto pode assumir formatos diversos, dependendo da situação. Assim, pode haver discriminação social: ➢ Na contratação de empregados ➢ Na seleção de alunos ➢ Na escolha de colegas ou parceiros E também pode se dar em outros contextos, de maior abrangência, como: ➢Na política ➢Nas relações com imigrantes O preconceito, então, um conjunto de características presumidamente partilhadas por membros de uma categoria social. É um esquema simplista, mas mantido de maneira muito intensa e que não se baseia necessariamente em muita experiência direta. Pode envolver praticamente qualquer aspecto distintivo de uma pessoa: ➢ Idade ➢ Sexo ➢ Etnia ➢Profissão ➢ Local de residência ➢Grupo ao qual é associada Morin (2002a) considera a existência de dois tipos de pensamento: O pensamento racional, ligado à lógica, ao cálculo e à razão. E o pensamento mítico, relacionado a um âmbito mitológico, do imaginário, das analogias e dos símbolos. Segundo o autor, o raciocínio humano acontece a partir da articulação destes dois tipos de pensamento, que não podem ser vistos separadamente, de forma que a esfera imaginária – dos mitos, religiões, crenças – adquire para o ser humano tanta importância quanto a esfera do pensamento racional. Diante disso, Morin coloca que o conhecimento é uma reconstrução do real pelo ser humano e que, portanto, não é completo, nem pode ser encarado como uma cópia exata do mundo objetivo, sendo sempre permeado por constantes “erros e ilusões”. Dessa forma, para Morin, o conhecimento humano não se encerra nos princípios da razão e da lógica, e deve ser sempre considerado dentro de seus limites e incertezas. A partir desta premissa, destaca-se o estudo das relações entre as crenças pessoais e o pensamento humano. Considerando, desta forma, que tanto o pensamento quanto a construção do conhecimento são permeados não apenas por processos relativos à racionalidade e à lógica... ... mas também por fatores de outra natureza, em que medida as crenças – enquanto construção cultural, proveniente do imaginário, da “esfera mitológica” podem vir a influenciar a organização do pensamento? Partindo do pressuposto de que as crenças possuem suas raízes na cultura, é possível afirmar que o sujeito, ao mesmo tempo em que possui determinadas crenças e tende a agir de acordo com elas, é também, em certa maneira, tomado por suas crenças, passando assim a pensar e a enxergar o mundo através delas. Neste aspecto, a crença é ao mesmo tempo uma forma de guiar as condutas e também de limitá-las. O ser humano está em constante interação com o mundo físico, com os fenômenos naturais e, principalmente, com outros sujeitos ao seu redor. Cultura É desta interação entre os seres humanos que nasce a cultura. Própria da natureza humana e da vida coletiva, a cultura é definida por Morin (2002b: 35) como sendo constituída pelo: Conjunto de hábitos, costumes, práticas, saberes, normas, estratégias, crenças, ideias, valores, mitos, que se perpetua de geração em geração, reproduz-se em cada indivíduo, gera e regenera a complexidade social. Em cada sociedade, de geração em geração, a cultura é protegida, nutrida, regenerada e, ao mesmo tempo, modificada, para que não seja destruída, não caia em extinção. As relações entre cultura e sujeito são estreitas e mútuas. Se, por um lado, a cultura depende da vida em sociedade, por outro, o ser humano, em sua constituição, também possui muito da cultura à qual pertence.