Buscar

Esquizofrenia - Aaron Beck

Prévia do material em texto

Aaruo ·r. lk:ck, ~1.D .• t profo.'i:..1 í:n:.énlU de 1hlq111a1na oa U ni\t:r!>1dátlt! <l.J Pt:ns1l~ 
vlni- t: prc.11..lt.:t~ do B~ ln!.:..l11Le- oí C..uy,;l1ll\'t: l h::r.L:>y :r... 1-lladélfi:i C.) cL. lió::k 
r~lvul\ ::u .J ~t.r aµ CO#\.lJ\- :l(~ ll.!wo tL. <lé:::arla di: l 9b0, ~uu.o j->!>L:t 111~ :~ 
UnLvt:~.d.::.dt! <l..t Pens1lv:lt1í3. 
f\cl l A. Rl:célur. l'IL D., ~ di:clc: 1 de pc.tfU!.:iii d.: ckpar"".:11t1~t!o ck p·~4ul3.u 1.1 do 
:iu:t:Lyb1t>ok Hi:a.:Ll, ::>et"ucc.o C..e.itt:t: i:.;n lut1.ll)Lo t: profi:.:.so1 ~i>..~u1dt1 de ~~4u1a· 
!.na 1.3 L n1,·e1 :.itl:ul~ de roron10. 
f\cal ~Lular. f\LD.-J'h. L>., ~ d1ro:=-.c: u~:':dt..::o t: c.Lre!o: :lu f':c t:lu bµt!L1:L dele 
t'Ji,).J (.O~•,;t1UVa lJ\CJ l) l:õi.L.:.l!tt!l~lO de 11!.o..:lbe L .. i l 'tUJ~. lt"...J;.i..;llUtl :t... r1~c.Jé.:fia 
õc·:u.t:Lo1 p!>l4.uàlr11:u pa:-.. - C.tGJ.!..·.~ H~lth .>'.!C"VlU::. e l't:i:i. 13cba ... k::JI Ht:alú1 
1~u .5:itlL1r cL L:ud:ul.t: dt: l~uua til i'i1rop.iLolo ~1)3 t: do (.i:ruro de l>e!>qu1sJ tt:1, 
1:.:4 ..L.ZOÍ:t:nta da ... t)l\'t:~d.:.dc da 1•c1~1Lv:lt11~. 
Pa!ll G râJLL. l"lt. L)_' e tLr 1.'.LOI d.t: f>'.::;q'Jlia itll'I t'.Sqlll ·ufn:rua. !!a Lu1d:ult:. !!e lb~l5:! 
~1 1 1'!>1cu1>ak:l..;t,1a do <l~p:;.tl.:!.1nt:r1Lo ::e p:.14uta.t:i3 t.la Un ''t:r!>1dadt: da l~~tl~l:ú3. 
13t:i.:k. klrun ·r . 
• e1.1p .... 1.:o~n1l1\'.3 tL. C..."4111..:.uf1t:.r1-t lr::cu~ c:::tró1.11.i;] I 
A:111.u. l. 13CL:I.... ... ltt al., , Lr.td..il,':lo lwn:i:Jo c..ai:Ld:> t.u!);.. 
-::01~:.i.!.ul"...J, .:.UP'.:t\'t!\JO t: 1::·.~.,,; lb:::r1!t:.:o.! l'au:..· .Kna:>:>. - L'a<l:~ 
::ld...-õrt~ '~. Pur-.u Alt:f,1:: :\ r.:nl!d l.0. 0. 
l:c..l .t.:.J t> wrt.!~1t1 co1nu h\'ru .lilj>I :::..-.o t:.:n .!G 1 O. 
l!l.bN 97B l:J~ .lCi.3 2237·7 
l. l'.:...4u1JL: 1a l:!)4u1..:.u:1 t!JW. 1. -~1~p~ i.:u11;uL1\'.3. 
L. '!'I! :ilo. 
C.í.)U 616.1:19~.~ 
Aaron T. Beck 
Neil A. Rec tor li Neal Stolar li Paul Grant 
• • 
a es u1zo ren1a 
Tradução: 
Rena .do Ca~aldo Costa 
Consu ltoria, supervisão e revisão técnica desta edição: 
Paulo Knap:> 
Ps1quta!4ra. "4,estre em Clf"'"ª ~tca pela u~RGS. 
Formaç.10 em Terap a CogJ'ltt lva no 6eck lnst1tiJte, Fll.adé~fta. 
Versão impressa 
desta obr.J: 201 O 
2010 
Ob;.1 or •• ~1.Jl;1\t:nte ;)1l:)lL~d3 ~b o Llt .êo :Xhf:.:lJft.rl'n~ 'CJ:r.:!L;\ e iJu:OI'); tt:.\t:;!.•.;.h, :1.nd li.e• 1.1.{JJ 
• .)B:-; 9/Ô · L·60b2J·Ôl8·..> 
() 2009 l hr.: GuLlfo1d J>;oi, - A IJ.\~!)l . or G . .ulfuu.I P11llllC!lU011!., IJLC. 
U:.t111 J fu...tl e, ~Cir..t Ht:rtdl'r SV/l s.n~ró 
l<e·K:\ü.d .:s toda:.. ll) <li:.eitus de p11blu ... .'t~u. eet linr,.13 port.i.,;uc.., l 
.A.RJ ~11:.8 J:.IJITOltA. s...A. 
/',\'. Jc:1ô1.i1111> tlc Or:lil~. (i'O .:latlWt1a. 
90040-340 - l't>rt:> Ak/té lb 
t-une.. (~ lj )027· 7000 t-ax... (~ 1) .lÚli · 1010 
E pruli>1da 3 dapll.~;:!!u u•J r::prutl .J.Çl,: d!:!.".e \•ul111:t.e, :L:) k:<l.: 011 e:n pa.11.!:, ~u Cllàl!>4ucr 
foru~ 011 iN• 4u~uc; u~::1u!> (~::l!Õliiw, u.::câr1L~o. :;ra\'ai;!o, Íúll.>'.;õpla., d1:i.~lbu.~o ua \','r.:L 
r.: oi.r.1(;:.), s-.:1!1 µr.:r1ctl.:>!.;! o t:.'ptr!>.·~• da t::d11ura. 
SÀO J~ ... LO 
P..\ '. • .\1 ·~ltw, . . W 1 Hl1:t~.õpolb 
0.217 100 SJ.,: l'.tul.'. SP 
t-une.. ( 11) JCi6~- •• Oú t-ax.. ( 11) _,(j(j 1-1.)..>..> 
-~11JRt:!).)0 NO l:iR.-b.L 
.•»1{1~' l W /.\ ' BRAL!L 
A n;.mJw aposa, filbüS t nt?ros 
J\ T.8 . 
• 4. Mora t? Zoe 
N .. •\.R. 
Em mt?ntflni:. de C)•rell. ta K\l!!T, 
r.d..rr.., 8radj e 5>ta'!lnon 
~.s. 
J\ Amv, Lrone e GR'g 
?.G 
Agradecimento1s 
G osc::.rf3mos de agradecer aos conselhos e sugestões de di,·cn;os 1ndiv1uuos 
que luam panes do original: ~tactncw Broornc, Daniel frcc.r.u.."1, Srcvc ~locl~er, 
Stcvc Sil\•crste1n e tlainc \\ra]kcr. Ta.rnbcm somas gralas a Dcb!>ie \\rarm::.n e tric 
Gr::.nholm. que concributrarn com s·..ia sabedoria e cxpcri~ncia para as divcr.sas 
ooru:citu::.çõcs contidas ncsLc livro. i\L~rn C.is.so. goxartarnos de 3gradcccr a )..t a.ry 
Scc.r.un e Z1ndcl Segai por seu inccnú\•o e apoio ::.os ::.•·a.nços na rcr.:.pi::. cogni-
uva para a psicose no Dcpar...amcnto de Psiqui::.L"ÍS eh Uni\"Crsichdc de Toronto. 
finalmente, queremos C'---prcss::.r noss::. g1l!.ttdlo a Bárbara ~1arinc:lb pela orr,1-
niz::.çii.o geral do projeto, e a ~{lc.hacl c:rooks, Bnanna ~{ann e Lctitia Trn.\aglin1 
por su::. lnt.3nsàv'Cl ::.juc:a cm digJt::.r e editar o rna."'luscrito e r~li.z::.r pcs<;ui:sas 
bil>l iogr.:.fica.s. 
Sumário 
l'reiâco • . . .•.. • • • • • • • • • • • • • •••••• . . . . .. . . ..... . . • 11 
1 \'são Cera ca EscJ zolrena •••• •••••• • • • • • • • • • • •• • ••••• . . 15 
2 co.-•• bu çôes 3 o óg tas . . . . . . . . .. . .. 
3 P. Conte :Maça.o Cogri t '•ª dos oe r os ..•.• 
. -. . . . . . . . . ...... . ............ 37 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 
4 A Corn:e :Maçao Cogr. l •t"a das A -'C ""ações Auo : •BS • • • • • • • • • ....... 
5 A Conte :_açao Cogr- t '•ª dos S rr.om.es Negai vos . . • . . .••..•. . ..... 
6 A Cooce :_açao Cog'1- l "'ª do lra".s~orno do l'aisa-nEfllo Forn'.a 
1 Ave a;âo . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . 
8 t:nga;amenlo e 1~romo-;oo ca He e;ão 1eraoêt.Jl e.a • . • . • 
9 J..va a;ao e le<apa Cogr r.,,as ~·a Oe ros . . . . . . . . . 
• • • • • • 
• • • • • • 
•••••• 
. . . . . . 
• • ••••• 
. . . .... 
• • • • • • 
. . 62 
. . 00 
1241 
137 
150 
162 
. 173 
1 O J..ve a;-An e lerap a Cog'" t v-as i:-a·a A oc naçôes A.lo t vas • . . . • . • . • • . . 193 
11 J..ve a;An e IEfapa Cog,.r•,as i:-a•a S.ntomes NeçaJ vos . • . . . • . . • . . • . . . . 212 
12 Ave açao e erap a Cog" r vas ~·a o rra.nstomo ao Pa"lsarnaito ~CITT'ISJ • • . . . 23'1 
13 Terap a <..;.ogn l a e f-&m1aroterap a • • • • . . . • • • • . • • . • • • . . • • • • . . 247 
14 O V=<ie o~n 1 10 lr.:.egrat-.'Oaa l:sc ... Lz!Y•en.a ...... . . . . . . . . . . . . . . . . . 252 
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •••••• 
Aptndica A l::!ect... Cogn: ·.-e ns g"': Scae 1BCIS) . • • . • . • 
• • • • • • • • • • • • 
• • • •• •••••• 
261 
. 263 
Ap6ndica e l:sc-c<e e ntetJ::<etaçao aa !:.:"': ~ [!3ecli Cogn: .-e ns>gr.t Sca.e) ...... 254 
Aptndica C ~t,ooe o s~-serao ~a·a a a.·ai eçAO ~sooog.-.::aips ou..!llr ca "'"Ca 255 
Ap6ndica D ô:Y,11 t:ve Assessroen: oi Fs~coos s lnventc<y (CAI 'IJ. • . . • • . 259 
Aptndica E Ir soes co;11 t vas oera !:renças ce r1Y1tes . • . . • . • . ...... 
Ap!.nlfa F .>s:!YÇ('..es co-;n t vas ObSE<\la::as em pai: ences com psieose •..•. _ 2:11 
Aptndite G 0 s.~orçces cogn 1 va3 espec'• cas da p& cose . . . . . . . . . ...•.• 2SO 
Ap ndicl H 1 htughl ..., sorcer ~wn ng Soa e l HC'i.A.I S1 .•• •••••••• . .....• 29-"• 
lielerâoc·as ...•.•.... . ... . . ... . . . . . . . . . . . . ....... . . ....... . -....... . 
i~oe . . . . . . . . . . . ... . . ....... . -. . .... ........... . . . . ..... -. . ..... 325 
H lStoncarncnlc, o transtorno ou transtor-
nos rnti.!lac:os como ·csaut:zofn::nia" t~ Lc-
vanr:zdo mmLasqu.cstõcs e diversos desafios. 
[ possi\'cl obter alg..lm sentido das crenças 
variadas e muitas \l:::es fantisttc;.s c:os pa-
cicnLes? Cx:istcm p!indptos que se apliqW-.m 
:;. todos os pacientes? é possl\•cl traLá-los 
com ps1001c:r::.pis' Qual ê a rclaçao cnLrc a.s 
c:cscobcnas orgl.'l1cas e o quadro cltnico? 
'.':'o<..sa tcnuti\'a de rcsponc:c:r css:ü auestõcs 
proporcionou o tmpc:to para preparar este 
h\TO. O material cvol..:1u da nos.l c.xpc.nt.'l-
da e pcsc;uiSll.S clinicas nas un1vers1&dcs e.a 
Pc.nsÜvl!nis e éc Toronto. Todos j3 l!~mos 
casos e.e csqwzofrcnta. supcTVlsionamos 
outros prof..ss1onais e realiz:.:.mos pcsou1sas 
s1stc:ma.ticas nessa área 
lnir.ialmeni::.c, o sucesso na aplicaçJo 
e.a tera.pia c:ognLLJ\'a (TC) 3 csc:;uizofrcnta 
no Reino t:nido nos le,·ou a conêurir cn-
sstos controlados randomizados com TC. 
primeiramente cm To:-onto e mais rcccni::.c-
mcntc na ril:;.dtlfia. Como inrucamos cm 
nos.>o rcs·.:.mo dos cns.a1os controlados cc: 
TC (ou terapia cogn1tiV(>·corn pona.rnc..'ltal. 
collKl ooslum:;. ser cham.aea), os rcs·.:.lLados 
c:os pnmCL!OS c:nsstos clínicos pubbca.c.oss.;.o prom1ssorc.s - mas a1nàa existe m·.:1to 
c:a.rnpo para ccscnvolvcr ~a \'erdaéc. o fato 
e.e que '..:m.1 in1ervcnÇ30 psloolõgica poêe 
melhorar subsLanc1::.lmcncc os result.aêos 
cllrucos al~m e.o trat::.rnento usual (que ge-
ralmente envolve farmacoLcrapta), t cl:;.ro. 
Prefácio 
f Ol .:.m:;. S'.lrprcsr:. para. m-.:.1tos pcsq'.1is3dores 
c clCnicos cnvo~·•idos no estudo e no mi.u-
mcn~o da CSG'.lizofrcnta. 
Dc\'cmos obscrvsr. logo de inicio, que 
a prcparaçao de: um tratan:ento psra um 
transtorno complexo como s csauizofrc-
ni.3 c.rjgc n:uito msLS que a descri~.;o de 
estratégias e técn1css cspcc.isli.za.das O tra-
tamento bem-sucedido depende de uma 
c.omprcc:ns.10 profunda da sua f cnorr.cnolo-
gi3 e causas. Alén: disso. o tcr1pcuta precisa 
de um modelo conccttual para scr\'ir como 
J:>Uis, assim como ur.: construtor prcciss da 
plsnt.a arqwcctôn1ca. ~este lL>TO. tentamos 
. 
apresentar, pnmctrnmcntc. UI:'.a c.omp::-cen-
s.10 d.a origem. desenvolvimento e manu-
tcnça.o dos s1nton'.as \dcltrios, alue.inações, 
transtorno do pensamento e sinton:as ne-
gativos). Em segundo lugar, ussmos no».1 
c.omprcensâo da sintor.-.atologis e nossa 
cxpcri~ncaa cc:raptu1tca, f on.alectcia pela 
pcsqm.c;a ncsS-1 área., para aprcscn:sr nossas 
SUE)cstôcs p~ra o tratamento do transto!-
no Finalmente:, tentamos integrar a \-'asta 
qusnudadc de pcsquisss sobre a biologia 
da esquizof:-cn1a ao trabalho n:lativan:ente 
cspsrso sobre seus a.sp;:cto.s psicol6gtcos, 
para f orr::.ar un: r..odclo psícobiológic.o 
i->rangcntc: ds csauizof rcni.3 
:\pôs aprcscntar urr_a \-isa.o geral da 
~uizof rcni.a. no Capitulo l e uma rc\'ls:1.o 
da complexa e: intrigante d3 r:curob1ologia 
do transtorno no (~a.pltulo 2. fazemos um 
12 Aa'co !:feck Neil A . Pl.!C'!et: Nea Sto w e l'eJ Gã!"t 
amplo lcvar:tamcr.to dos aspectos cl1nicos 
e psicológicas das dclt!ios (Capltulo ) ) . O 
que r.os chan:a a atenç.to 530 os aspcaos 
con:ur.s entre toclos 05 tipos de del(nos. 
De rr.ancu:a rr.ais cruaal, as crenças h1pcr-
salicntcs ,scjan: elas paranoidcs ou gran-
dtasas) cjram dos ir.di\1duos afetadas a ca-
paadadc dc p::-ocessar inío::m.açOcs ;\J~m 
dtsso. a caplctdadc dos pacu~n1es de cn-
~cr6ar seus pcnsan:entos, tr. tcrprctaçoes e 
crcr..ças aberrantes corr.o produtos rncr..tais 
su·ciu.1s a 3\'J.ÜaçJo é atenuada Eles const-
dcran: suas tdei3s paranoidcs ou grand io-
sas como faLOs e percebem SU3S f anta.sias 
como a real id.ldc. Diversos \•iescs cst:lo 
prcscr..tcs cm todos 05 dcllrios. Quando o 
paacntc ca.J cm un: n:.odo paranoidc, por 
exemplo, todas as suas cxpcnenc1as estão 
s·.i; Cltas à trtadc de ,;e.ses cg.OCL"ntricos, cx-
tcrnalizar:res e intcrrutl1zantcs: eles s3.o o 
objeto do ir:vcstimer.to de outras pessoas, 
suas ~ri~ncias inesperadas ou ir.usita-
das Slo caUS.3das po:- entidades externas, e 
essas entidades 530 mo\·idas para afetar seu 
bcn:-cstar ou autanorr.La. 
O Capítulo 4 sobre aluc~n.a-çocs. indica 
como cssss exycn~r.cias csuo rclacto:r.aêas 
• • com os pcr..samcntos e 1acus cos p..aoentes, 
auc: solo craraÍoTilll!dos cm imagcri.s a·..:diU\'35. 
O principal problema t o dcllno de auc as 
..-oz.cs s.to proé.uzid~ cxteJT.amcntc {à.s vezes 
por ums. entidade hosul) e c,uc elas s.10 on1-
prc.scntcs. o:r.iscicntcs e 1nco:r.trola\·cis. l\ ex-
~ncLa al::onatórla cOStuma csuzr encrus-
tada cm dcltnos parano1dc.s e., de fato. sc.g..:c 
um cor..tinuuni con: os dclinos do oonualc C:a 
memc (mscrçáo de pc:r..samerno.s, captur.:. êe 
pcns.mlentos e leitura ck mente). 
O CapLtulo 5, sobre os s1r:tomas nega-
tivos. abord.l o pro!:>lcma da relaçao entre 
can:pron:ct1mentos da atençao, rr.emoria 
e Ocxibdidade mental e a perda da proéu-
uv1dade, ancdorua e rctrnLmcr.to 50ctaJ . O 
c:lo perdido, con:o o de.scre\-cmos, csú r.as 
posturas nc&ativac; dos plCicn:es cm rela-
çao a suas opacidades, c.xpcctati\"35 de 
prazer e c.ompct~cias ir-.tcrpcsroa.is- todas 
resultando de um histórico de f ru.straçoc.s 
rclactonada.s com a disf unça.o r:eurocogni-
tl \'a ::-cal. Kossa formul.lÇlo do trar.stomo 
formal do pensamento ~Capitulo 5) explica 
as caractct1sticas de di\-agaÇlo como fun-
çao de meca.rusn:os lnib1tórios deficientes 
e a alogia como un:a tentativa de. prcser-
\"ar recursos. O pensamento desordena.do ~ 
desencadeado quando cogr..içócs altamen-
te carregarus sao ativadas e. cor:scquen-
1emente, penurbam o íluxo no:m.al das 
idei3s. /\presentamos dados de nos;;os pro-
prios estudos para sustentar as hiptltese.s 
relacionadas con: os sin:omas negativos e 
transtornos do pen.sarnento. 
A scçilo sobre o tratamento con1cça 
com Ul113 arnpl.l cli.scuss.10 sob:-c as \ 'ànas 
t&n1cas USJdas r.a ava1iaç.10 (Captculo 7) 
O Capitulo B lida com dtlículdades para 
promover a rclaçâo terap~utica e aprc.scnla 
diretrizes para lid.3r c:om a forma re~iccntc, 
atcnç:1o CUrt.1, cffictts dLversos e descon-
fiança dos pacientes. Problemas cspcdfi-
co5 da avihaçJo e abordagens tcrap~uticas 
para 05 deltnos sao de9:nto.s no C:S.pltulo 
9, com exemplos cor.eretos de como lidar 
com eles. De maneira scrr.dhanLe, o Cap1-
tulo 1 O, sobre a avabaç.ao e a terapta das 
alucinaçôcs, descreve urr.a série de estra-
tégias para ajudar o paciente a reduzjr a 
pc."LurbaçJ.o 3550ciac!a a \'OZCS e, cm algur.s 
casos, clin:tni-bs corr.plcc.an:cnte. A tera-
pia dos sintomas r.eôatii;os ~ descrita no 
Capttulo l l , demlh3r.do-sc di\-crsas 300!-
dagcns para r:cutralizar as posturas dcrro-
tislas e expectativas r.c.gat1vas. Em plntcu-
hr, f ormula-sc o objetÍ\'O ele ai...1mentar a 
qualidade de \ida, rcvisando-s~ estratégias 
~"d. alCãnçá-lo. 
Como o transtorno do pcnsamcnto 
pode ser um fator limitante ds eficsci3 e 
cnvolv1m.cnto interpessoais, o Capitulo 12 
descreve ums abordagem tcrapcutics que 
sjuds os paacntcs a awlis:r melhor as suas 
dlficuldadcs de ::omunu:açao e. de manei-
ra impons.ntc. reduzir os pensamentos e 
con:ponsmentos cstrC:SSSnLcs que Lcv::.m a 
desorgan1z.açllo do pensamento. Existem 
mu1tas aucstôcs sobre a rclaçJo entre a 
pstcotc.rapis e a fsrmacotcrapia da csqIDz.o-
frenis O Capitulo 13 descreve uma con:-
bi n.3Ç!O dessas duss abordagens O ultimo 
cap1tulo (Ca.pCtulo 1 ·~) busca apresentar um 
n:cdclo amplo da csqui:::of:rcnia, integrando 
f:;torcs consdtucionaLS. do csucs;c e psíoo-
lôglcos E.rr. ps:rticul3r, o C3pltulo v1sa rnos-
tmr o papel dos \1CSCS cognit1\·cs na pro-
duçJo dss rcsçOcs cxccs!avas As v1v~nclas 
de ,;da e os \.icsr..s cognitivos como o elo 
perdido entre os compromcdn:cntos nc·.l-
rológicos e os sintol"!'..a.s cltn]cos Postula-se 
a rcduç.to c!os recursos cognitivos como um 
(a.cor imponan;.c que lc\"s a pcnmruçto da 
coordensç..10 de funçôcs c:crci>raLS csscncutis 
p_l!a o teste de realidsde e outros processos 
• comp.etos. 
Os diversos c.aptt·..:.los dcsr.c l i\'!'O :re-
presc::ltll.m os csíorços cornb1nacos cc c::.d.a 
autor. Geralmente, um o·..:. alguns de nos 
ass·..::.m1ra.rn a rcspon.sa.biHdac.c por prep_lrar 
a estrutura para ·.:.m dctcrmuuc.o cap1ti:lo. 
Depois e.e c.LSc·i.:ssôcs com os outros auto-
res. os organ1z.adores propu.scra.T!l ·.:m esbo-
ço preliminar. Toéos re'li.samos e f_zcmos 
sugestões par.:. esboços succsst\'OS. /o..ssim, a 
vc.rs.to final de ach ap1aulo l!az contrib1.li-
çôcs de todos nôs. 
Visão Geral da Esquizofrenia 
S endo a pessoa mais conhccid:::. a ter cs-
cuizofrcnja, John forbcs '.'\ash SCT'\'C: e.orno 
ponto de pa.'lida natural pa."'a -..;m livro sobre 
o transtorno. }:ash tinha 30 anos q-.:.ando 
s-..:as difc.ulc:a.dcs se tomaram vistvcis para 
os outros !\tt cntJo, ele podcna pareceres-
tranho e socialmente in"'...apaz, m::.s era bcm-
-suce<!ido profissLon3lmcntc. tendo n::.ccbrdo 
na\'Í3 pouco uma oíena para ser profcs.sor 
titular no !\1as.;sc.ht:ssctts lnsúwtc of Tec.n-
nolom• (MIT). ·roo:;.,;:;. o próprio ~asb fala 
C.a ê.ccepça.o por s·..:a c.Jr."cira na.o cumprir 
as sJas cxpc~tiva.s (Bcc.k e Nash, 2005). 1\ 
pcnurl:x.lçJo prof unds do rrans:torno ps1có-
tico d~ '.\l:;.sh foi c.apt.acla pelo pcsqwsador 
~{tcnacl roster Grccn (200.3. p. 87): 
t: J..>UJ:t:y,..,_., :eciibra.:t... 4ue, 1::1 • 9~9 ele 
enL1 <>U ~ia d ia crn .J.:1....! .. a~ r..:· ri.tL . t: à:-
1neruui.: i;ú.t! .. 1natí:r.3 ~e cupa du Nt11. ii>rlt 
T:lf'..õ conllnha 1ner~;en:.. cr.1)l<!j1,1!1fa.tl~ ·ie 
ltl!~i.:.a10 de ui..Lra t';tl.ix!:I., :i :.u: ~:;.rne.nte cle 
1x:J~ia de::lfr"~r tu ! 1 t'::. ·it: ..... i.:a.!'. ·~J'Llll'lo 
~a.5h p.ru..;~ tr1tr.c1 .!.: e ~aui.Jo de hw.;:.Ll!!> 
J.l)•C u.1Gtr • .:Oó. Q ~ .. :ul<l:> :1;10 t:.!i~'..3 "" 1l>.;spl-
~a.:. t!.: J i:~ntu cornu L!Ul "lilt~ui.<. ~ d!it(' ', 
~ .11.: ~1!tb.t.!l\'.J cs Ot:tr e::.:.>1 e de t>11:t~.t":u:1 , 
"~,)1n ruupa~ ~u1.:>.~as. ;1 .. L.t:1.L1Jttdu par-J. !>• 
1C'lt:.i.1t10. t:!>l .. 11:" 1::.n~:> uten:.a/t:tl!> ll•!!>tt:n.csu:. 
1~:~ 4L!3êrw~·1t:fir llb -ar':> apõe> a.:1u· 
:'\ash nos mostra utr. ccr.á.rio tragico · um 
lrtd1vfduo cxc~"ltrico e tntcleau::.ln:c::Lc hn-
lharuc. 3C$5.:.do por urr.asintotr..atologia psi-
cwfilnca cxtra\'l!gante, que crla caos pessoal. 
soci..JI e vocactorul, lc\-ar.do a dtcaC.a.s de 
arcnC:irr.c.::Los c.1cbc.~ cm scri.;ços psioutálri· 
cos. Enf atiz.ar.do a rclaçâo encrc os sintotr.as 
i: a êcfiG~r.oa functon.al, a ê.iJic·..:ldadc global 
de ).;::,sh r.a v1d3 ootic:i.Jna parccu C5tll' c=:.rai-
uda nos sintomas positivos da C::S9JlZOÍrcr.ia 
(1\ncrcascn, 1984b. Cutung, 2003), q·.:.c 1n-
clucm aluct~çõcs (ouvia ·vozes·') delLnos 
(acroottava que o 1'.·n~ lorl1 Tirnc.s corair.h.3 
codigos especiais cn\'lados do C5p.:.ço p::.ra 
cle), comporu.mcnto btza.rro (anda\•a desar-
rumado e agia de forma cn.adcoua.da) e pre· 
sc::ça êe tra::storr.o do pensamento Íortr.a.l 
(s'i:.a fala era cií1cil de enu:.r.der) . Kash n:to 
parece ter sofrtdo dos .:.ir.tomas ncgatt\'OS: 
d.3 ~·.lizoírcru::.. que inc.1·..:cn: rcduçao da 
fi'Jlrcssp,·idadc \-crbal (a.lo-61a) e n.to \'crnal 
(::.Ícto cm;,ot.ado), bcrr. corno pouco cn,.oJ .. 'i-
mcnlo cm arivcd::.des oons:Lruti\'as (avohçâo), 
prazerosas (ancdoni::.) e soci315 (assoeis.bili· 
d.:.dc) (Ar.dreascr.. : 9'84a: KlrkpaLrick, Fcn-
Lo~. C.'.arpcntcr e ~1arrler, 2006). Esscr.d::.l-
mentc, a hlStori.s C:e ~ash é de esperança· 
~rn .:iv..:... · '~h et.:;nt:Çc .1 ..t a ;>1 ::.-<1\l.3r !>.· 
t'i:I..:.. d:: :t-cupc1:ir,;;tu ;a..; Íu\a! Lia dtcada. dt: 
• UdC . -~ 1 :.t.LL:!S p;uu ., l>U- t"~Cup1er ... ~:lo 
:uni.la ni!u s:l,; cl:.r-.c:. n:lc t:l>t...V'J. Lu1a .. 11du 
n~dlcaulenLo,, <~ u buM:ant.1,: .Jj .1d.J C..utr:ie· 
r,;uu a .tt:taii:u t(Úl-> uir1. Ih J1UL::1;i.L-c0:. l!.:ll 
.. #'- ..... • 
'\.1!.n 2:1:-:n:. q~ ~ ,·n=!:5 e::im 'J:-i .:."!.ecto ?rn 
C::'llnCIUC ~ !,;'~ apc.:-.lnet:: =.om l. ~c;.;::i.rent:i 
de;:le l 959 (Boeck e :-.;;i.~h. 2005). 
1'':1;:i..'t'! ~:t, i::clu.11:30 :il,,uns \'tdlr.:s 211:uf.' ... ~. 
EJ.t.:o, c:u • Y9 .. , l.>l!•~wu u 1~:t1:1.::> ~ i)x} t.le 
t.:1..,':wt1~i:L. (Gr1..~t. ll\' 3, u 1:i ;) 
,\pesar da s1ntorr.atologu1 intcr.sa, de-
sorean1zaç10 comporument.3. e dc.sajusta-
meruo, ~a.:.r. recuperou grande pane do fu.::-
ciorumen~o inu:rpc.ssoal e oc·..:pacion::.l q·.:e 
M\'U pcrd1do. 1\ rc:cupcraç1o da c.sq·.ll2ofrc-
ni.J fo i dcs::ri:a c.on:o uJr. processo continuo 
de controbr os sintom.:.s e e:stal>clccer um 
sc."".so de proposno (Ralph e Comi.'JlT. 2005). 
~esse senado, ~as.r. certamente se recu.pc-
rou. i\o mesn:o tempo q::.e Grccn observ:;, a 
\'trada de Kash com a c·..:tc.la 1mp::.rci3. C:e 
um \'Clerano pesquisador ds C.SQULz.cfrcru.:.. 
'\ JSh ;i;nb:.:1 l S'..ll propri:l me.hora a v::.no-.; 
fatores. scnco .;. pnnopal car.liJ o racioaruo 
logico likck e :\ 3..S."'., 2005) Para 11·..:strar essa 
q uc.st:lo, :\as.:-. dcscre\'CU, prin:ci ramcntc, 
que ~ con\'c::c.eu c:e cue JS aJ'.lcinJçõcs a·..:-
d1'1vas eram prod::.to c:as-.:.a propna mente e, 
depoLS, pcrsu::.d1ndo-se d::. 1mprobab1Lic.acc 
e grand1os1d.1dc Ci: rr.uttaS das su.as crenças 
rru.LS \'aJorizadas. 1\dapundo seu pcn.s.!mc=:-
to cm rchç10 .1S a!ucrr.açocs e dcltriCG, dimi-
nw·.l ::. pcn·..:rbaç!o siruorr.!ltic:a e gerou '.lma 
melhora cor.siccr3.\'Cl cm seu funaon:nncnlo 
condb.no. :-.;::.sh, assim cxernpltfic::i a abor-
d:t"cn: cogn~i\'3. .! csa::.tzofrc:-.1.3 q'.lc dc!c::-
dcrnos neste li\'ro. 
Iniciados r..a d&.:..da de 1 g6o (lkck, 
l 9óJ). os moêclos cogn1tivo-ccrr.por~mcr.­
lJ.t5, aue CX?hcam as respostas cn:ocionais 
e componamcru.al5 como produtos de pc::-
sarr.c:r.tos, 1n1crprc.t.Jçc.cs e crenças, mo5tra-
ram-sc !>asl..a.JllC: c.~1tosos no cr.tc.ndiJr.ento e 
LTa:.J.."ncnto C.:: urru stnc de pstcopJ.tOlol',las 
p5icui~nC•"5 - por c.~cn:plo, tr.1!".s1omos do 
humor ua.r.stomos ce r.sied3dc. abuso cc 
substJncr.as e aa:r.51Dr.:os alimentares (Gnr.l. 
Yo::.ng e DcR::.beis, 2005) - e de patologias 
som.luc.:.s. por c:xcm p•o cor crómca , \\'i;.-
tel'O\\'C, Bcck e Gr.ic::cr, 2001) .• 'utm dis-
so, centenas cc CSlUCOS ho e COm>!>OTJ.'Tl o 
modelo Cctlf.~Í\'O !)lStco, scr,-..:ndo o q'.:.al as 
crcnç:i.s p™=edcm e, cm -..:m grau arr.plo, dc-
tcrrr.inam as rcaçôcs emocior.:üs e con:pona-
n:cnta.is ,Clark. Bcck e .r\lforc 1999) Corr. 
base cm uah.llhas prclirr.ir.arcs rcab~dos nas 
E&ados L"n1cos (Beck, l 952 fiole. Rusc:h e 
Bcck, 1979), pcsq~isadorcs do Rcin.o L'nido 
co~~1ram cstc:-.cer o modelo cog,:-.u1 ... o 
p.:..ra a c:s911:ofrcma m.s d~cadas de 1050 e 
1 c;9J (Ci-.aê\\1c.·, Btrc.::\\·ooc e Trm•;cr .• 990, 
Fo\\·Lcr, c;.:i.rct~· e KWi)Cl'5. : 995; Kinp.do:: e 
:-::.rkir.gton 2005), gerando prom15.50rcs pro-
tocolos de tratamento psicossoctal au>altar 
voludos ~ra dcbriCG, aluctnaçôcs e ac:cs.;.o 
n:l:ctcamcntosa (Ro::tor e Bcck. 200.}. 
Es:ws formas de aborc.aJ:',Cn.5 ce>ptu\·.as 
da esq::.izofrcruz. certamente rr.clr.oraram o 
tratarrcr-.to desse tran..ctorr.o ~ s~rio . .'Lcrc-
d1tamos que t tn:pon.r.tc ::.dapw o no.sso 
cor.hcc1mcnto de tr.m...ctarnos n.lo ps>côticos 
ao cntct".dLmcnto e tratamento d::. cscw:!.Of re-
nu. De ~rto moêo as cstrattgias de f om:u-
laç:lo e traLamcnto que à clendcrr.os .3.to uma 
cxtcnsJo d::.s que foran: ::.phC3dJS com ~-
10 à ccprcs.sJ.o lBcc.k. R·.i,;h, Sha\\' e Cmcry, 
19:'9~. transtornos de at'...s1edacc , Bcck, 
E n:~f}' e G recr.beTE_ 198 5' e trl!"..:.torno,:, d.:. 
pcre.oruhdadc (Bcck Frccrr.J.r. Da\is e .·~ 
soc1a1c.s, 2003). :-0&\1:!. n.lo c.xistcm abor-
dagens ú::lCllS, pon.:.nto êc1;cmos Tt!'.'ls..:ir 
a m::.nctra con:o hcan:os com os p:!.::1entcs 
portadores de csquLZOÍJCOll 'B.JSlCZ!T'.C:-,te, t 
cruc13l c-:tcr.dcr o aspecto r.ci:.roce>gntti\'O e 
pSlcolôf.ico-cogruu'-o & csqi:.tz.ofrc:r.LJ bcn: 
con:o a sua s1np;ulandadc con:o transtorno 
ps1auutnco :-al\'cz haja urr. concrr,;.u .. m cn: 
termos Ce ncuror.:i.to(1:1gi.:. C distorçôcs CO'lj.1-
1 i\ ::.s .a mcd1c.a cue a\•ançarnos êas ::e..:ro.scs 
• 
p::.ra JS psiCOscs. Por~ assim con:o a Agua 
n:uca de CJ.r:?CLCJ15tira c;uandD ~553 co pon-
to de congclan:e:r.to e se t.ransfonr.a em gelo, 
os fcn.Omcno.s r.euro t..icos usu.:.is C\1ccr.oam 
uma forma de ·muc.a::çz profu.nc.a~ q·.:a::do 
se con~cbm ru. cs~izofrenu 
Este li\"m ob~ti\·a ser urn3 chbomçw d! 
aboroager.i copi.u\ a :t escui2of:-enu. :\c:-c-
éttJ.mos q·..:c::. mclho! prática psicDterapt!·.:.-
lica dcri\-a da teoria cogniciva cm,!,as.;.da cm 
C'tid~ncLas cicnuncas (Dcc.k, 1976). Porta.."l-
lo. o Livro ~ org::.nizado cm seções Looricas 
(Capltulos 2 a 6) e seções relacionac:as com 
o l!a.t.3mcnto {Captt·Jlos 7 a 13), cac:a uma 
contcnê.o cap1tulos cue abordam as quatro 
é1mcnsocs psicopatológicas pnrnànas c:o 
transtorno (c:ch!ios, aluaruçôcs, tr.:.nstorno 
éo pen.sarnento e slnt orru.s ncg;:.ti,"05). :\Lém 
éLS.SO. corno l.ar.lbcm q·..:crcmos promo,rcr o 
modelo cor,nití\•o da c:squizof reni.3, o 1'.llumo 
capítulo (Capltulo L 4) aprescnro. uma intc-
gra~o do modelo cognjt.l\•o com m~dclos 
ncurobiolôgJOOS c:a cscu1zofrenia. Este cap1-
tulo traz: uma brc..-e slntc.sc da c.squLZOfrenja 
e éa nossa abord.'lgcm cognitiv-.;. 
BREVE HISTÓRICO 
~esta scçJo, concentramo-nos nas contn-
nuiçõcs de t~ ptonciros da pcsouisa mo-
c:cm a em csq:.:izof rcnia. John 11ughlin~ 
Jackson, [mil Kracpclin e J:ugcn Blc1.:lcr. 
J\ prir.ici:a vista. os grupos de sintomas c:c 
1 luRhltngs Jackson cslAo so;,rcpostosà catc-
gona éc doença de Kracpcl•n, oom cxpbca-
çocs ci:.u.sai.s deriv::.das éo moéc1o mcihacio-
nal cogn1uvo de Dle-..ler. De maneira clara. 
iodes os tooricos atribuem ir.ipon.lnci:.:. aos 
sintomas ne~ü1;os, apc:sa! de suas difcrc.."l-
ças na dcfinl~O do transtorno. 
Hughllngs Jackson: positivo.negativo 
Um:.:. abo!dag1~m da 1nsantc!.adc bastante 
influcnlc pode ser encontrada cu obra do 
neurologista da era v1LOnana John l lughli."l-
~ Jackson (t\ndrcascn e Olscn, 1982; Sar-
nes e udà1c. 1990: BT'm''n e P]uck, 2000~. 
1 !ughl1n&'i Jackson o~·o·.:. ( 1931 }: 
lJt..z ~ •ue a i.:e1~~ 1..i.:.i.c.:L • ~1r11uu1"1!) d~ uL· 
.)Jt1.d.adi: ~ .t,•i:,; tt JJt - dPCn;a >(' 1t1i.:rnt: :>;e· 
duz !>1t1tu1:i....-. :llt:tll:Jb 1:.C:/állv:>!>, t:t1. té.!>pll!-· 
L3 ~ dcs.:i1•;i:!v~. e qut: tod~ os s.i1t:.)1t1~ 
tiJeJ.i.tl!> pa:.:.tt\t:!I c~h1>1JdLl!> (l:u!..~es • .Jui... 
llilÇÕt:!>, di:l!r.~:: 0.:1..<luw alt"J.var,:.i.~) 1::· 
~ulcLir~ da ;.1tlvtd..:;di.: de i:li:1.ilêJ.t~:. nc:vu~:o 
4u1:: n~u ~ .. fe.:il..: ... 1>1...1 1.::nh .cn pru:.t:!l.>u 
patulór,iLo, 4ue ~lt.:!> !>lllf,~'' lur.ul~ a ~.1\ •• 
daJ~ 1.:> 1~r' ::l !~.-u da c\·t:ilui,;;1..: (Lun!u1 
U:Je L.:L!.iL.,._:: t.:l!l .AJ.dtGl.!>~ll, • l}\)()b. f'· }) 
Composta na d~::.ada ê.c 1880, a formula-
ç2.o de l lughlingsjat.kson n:sum:! de forma 
sucinta o modelo teórico q-..:.c :;.inc:a oncn-
La a mator pane da pcsq~isa cm csquizo-
f rcnu (A.Tldrcasen, Arnct, : .JliE;cr, :-.tillc:- e 
Flaum, 1995; ~{ca.rc.s. 1999). Pelo menos 
t:-~ pontos dc\'cm ser mencionados Pri-
meiramente, l ]·.;;ghling.s j:.:.ckson c.lasstfi.ca 
a tnsaniêE.de como uma êocnça cerebral 
c:.us.!da por urro deu~rminzda patologia lo-
c:.liza.d.3 cm centros ncurologicas alLamcn-
tc cvol·.:.cdos (corneais). Em scg-..:.ndo lur,ar. 
cod1fica a sintomatolog1a cxtrcmamencc 
..-aria.1.-cl da insanidade cm um modelo bi-
c.::.mcnl e heurlsuco comparando-::. com a 
nornulLdaêe. As cl::.boraçôcs e CLStorçOcs 
das pcrccpçocs. crenças e compommcntos 
normais sao rcun1das sob a catcgona ampla 
de s4nCol"tru 'r.rn!.:l.ls pos:nvos, q-..:c s::.o rcs.1-
c.cs da c.'\'.pcn~ncia normal. Da mesma for-
rn::.. os dêfiocs n.3 f3la, motivaçao. cmoç1o e 
pr-.:.Zer .s.lo agrupaào:s e.orno suu.ont!45 '.lflattats 
r.ega.ti-..·0$. q-..:.c representam pc!das relati\-as 
à cxpcri~ncia normal. Em terceiro lu~r. e 
Lalvcz mais lrnpon.antc, ~1·..:ghling.s Jackson 
propóc una intwtiv:;. intcrf3cc causal cn-
l!C a biologia e a sintomatologia apresen-
tada: OS sincomas TICf,aU\'OS SW c::.-iaéos de 
d~f.cit e naturalmente sugerem cs1ruturas 
:::cre'..'lra.Js subjacentes comoromcud.as pcb 
doença (neuropatologia). :;.o pas.so que os 
sintomas posi ti,"Os s.lo claboraçocs daqi.:.tl o 
q-.:.c é normal e n:;.r..;ralmcntc s-.:.gcrcm um 
processo Cct~itivo sunjaccnLC \.fa]ru_ c:a Jni-
b1ç.to). Embora Hughbng.s Jackson nJo te-
nh:.:. cspccul:.:.do cm relaça.e ao p!ognôillco 
e desfecho clfn1co éas pacientes inss.nos, 
pode ser 1nfcnco cuc o processo ce cocnça 
do .. c.~rcbro c1\iJtdo" que post....:lo:..t ~~ o.> 
SlnlO~ nc?;tll\l>:O c;c1a c:.paz de indica.r-..:.m 
p::ognôslico (Xinicab.nncntc dcsúvori\-cl. 
O 1nf.ucn1c mooclo da esquizofrenia. do 
lipo L"11po 11 ce Cro\\' ( 1980), q'.lC CSSCJ".OJ.l-
mentc f. um.3 clabora~o m.odcrru co modelo 
de ~{'.lf,:'.ll~~Jackson , ccspcnou um mwcs-. . 
se rcno•·aco nos S1:r.loma.s nclf.11\'0S c:.J c.sqw-
zofrcnra ( ~!ornson , Rcntor •. Dunn, \\.1Uiams 
e Bcnull, 20CM). Compc!ido por n0\"35 dcs-
c.oberu; :r.a ncurobiologi:I d;;. csquizofre.n1a a 
é:pOCJ, Cro·~ propôs d1\1c1r a escu1zoírenia 
crr. do1s tran.-;tornos êisuntos lnc:.i\1d::as rcu-
ntcos n.1 csquizoírc:r.LJ do upo 1 rr.ar.tí~ 
sintomas po·itivos acentuados, rc::.-po:-.ckm 
bem 3. n:cd icaçao psicoJt1va e t~m '.ln: c.·.lrso 
de docnÇ? Clrac.tenu~o por .:m 1:r.lc10 subiU> 
e pro.,:r.Osl1co fJ\'OJA\'el no lo~go pr.azo. O.> 
1nc1\1Ô'.lOS agr.:pa..!os c.orr.o pon.:.do:cs d.:. cs-
out:ofrenu do upo 11 , cm c.onLrapaniêa, Ir..a-
ntlcs.::m st!".tocru.tolor,u predomu·..:mtcmcntc 
neg;1nv::. ~o responccrr. !>cm a. Ir.cc!tc:açlo 
e tW1 um curso c.araC4Cri::..aco por :.:m uucio 
1ns1dioso e progno-:·ico d~í.:.vor.lvcl no lo:-.-
go pri::o. Cro\.\' s.ri.r..:mcnt.:.. altm disso. c·..:c 
o dcscq-.:.1Llbrio n.curocutmico rclac1o:r.ado 
com o ncu.rouansm1s.sor dop::..muu. e su.'.:lja-
ccn.tc ~ csculZOÍrcni.:. ao upo 1, ao pa.cso q::c 
a anormalioc.c c.crcbral csllUl'l:.rat. tal como 
o vo)uJr.c c.crcbrJ.l redurido. cs!A por tr~ êa 
CSC'lllZOfrcnia do upo 11. 
O imp.lcto do rr.odclo de Crov.· Ío• cor.-
sidera\ cl ( Bc:1tall, 200-1', pois a paramctriz.a-
çao co:r.ce1 t-.:.al d í! a gru p :J.J si :it ornas pa;;i uvas 
e ncr,.:.ti\"O".> 1n.:.-pITT.da cm l lug?:li.'li:;; Jackson 
pJSSo·.: a dorr.tn:.r a tcort3 e a pcsq::isa cm 
cscwz.círc.::u (~lc:;.I;. 2002, De impon.1:-.oa 
f ..:ndamcntal, os pc".qUt:.acorc:; dcscn1.-01-
\'cram c.scal.:..s cc a\'aluçao vo.tacas para os 
smtom.15 pos&l\'OS e negativos da c:sc;uizofrc-
ni.:. - por cx.cn:plo. :i 5C!l1c íor t::c .\s.s.cs.smcru 
of Posiu\'c S)·mp1oms ICsc:.L.1 p-.:.ra J\\ .:.liaçl.o 
de ~i ntom.:.:. Poslll\ os ( 'li\P'>: ,•\:".d rca :,"!n. 
198·:-C), a 'ole for the :~cssmcm of ~ cg~-
,~e S;-rr.JX.oms (Escab p.1ra 1\\~lia~o cc Smt~ 
rr.as ~e",;ll.ivasl (S.\.\:S; .·\:r.drcas.cn l 984b) e a 
Pasiti\-c .:.nc: :'.'i:cpp.li\'c SV'".drome ~e (E..cc.al.J 
da; S1ndrorr..cs Posiu\'as e '\e~U\'il.SJ (P1\.\:~ ; 
K.:.;· ílSlbctn e Op cr, l <;37 •. 1\5 cscalJs de 
r\ndrcascr. ~S:1.PS e ").!\:'\'S , cm paruc:u.lar, s.lo 
irurrumcntos p1c.roninc.os e abran,,cntcs, 
capucs de m.ccitr !:ma v.mcd.adc coruiêerl\'cl 
de s1::toma.; cm term~ obscT\·3'>'eb (Capltulo 
7). Do ponto êc \W psacomctrico. css.:..> cs.-
ca1as t~m se mo51.rado confia.veis e scrulvcis a 
n:uCJ:".µs (:\ndw.: r;;;:n, l 9g{)a . 
A categoria hetorog6nea do K.raopolin 
Em!>ora Hughl1ngs jackso:i tcnna cnado 
um modelo cuc onenu a teona e pcscuis::. 
do ~:-cbro-componarncnto, f 01 o p3:iouutra 
alcrrw.o Emil Kmcpc in oucm criou o mo-
de:mo SL5tcnu cl~1fi~t0no, ou nosologi.a, 
p::.!a l csq .. LZofrcni.1 (Hca1)·, 2002, \\·1ni; e 
l\gra\\':ll. 2003). Com b-.:.Sc cm cxtcns1\-as 
ob-.:.cn-a~cs c:.e pactcntc.;, Kracpclin ( 1971) 
a&TUpou t:l!s man1fcsLaçoc.s c1\'crs:,.s ac in-
sa.'l.tda.dc - hcbcf reni.::. (<.or.ipor..:imcnto c.cs-
pmpo=itado, dcsofFan1Z3.êo e 1ncongr..:cn-
1c). ~Latoni::.. (falLa de mo\'tmcnt.o e cst.~por 
po: um taco; compon:lmcnto a&n::.do e 
incoercnle, por outro) e para.~oi.::. ldclírios 
de pcrscgu1ç.lo e grandeza) - e as coloco·..: 
cm uma ·jnica categoria de doenç.1 , que 
dcnominC'U dcl"1er.c1a prütcox. ()s sintomas 
cara::.tcrG-iicos inc.h.:.tam ::..Lg..:ns cos q::c l lu-
ghl1ng.> j ackson tc:i.J c.h.::.mado de pos1livos 
{alucin::..çôcs f3)a cc:sor@inizada e dclCtios) 
Toda\;s. ::.. dem~::ic1::. precoce era, cm ulli-
nu analise, um estaco de ~f.ci;, to:m.mdo 
centrais J. c.oc::iça sintoma.; cue l luthlL~SS 
Ja:::eson podem te! t:harna~o de ncg;;.11vos, 
ou sej.::.. Mcmbol!lr.lcnta cmoc.1c-rul, Wha cm 
O~r.o;.:oas qllC l1! i.:m;i d::;cu~o qwnw z :cn 
~õcs r.."l o:;uc:d;itl.c d3 ~\í..., e d;i ~\~S !!e tdm 
c15c~ os ~r.:n::n.:i1o d:a c~.:cr.:.-2 (;: ex., 1 io.o:in, 
:\r.n;; e !ll:.n.ct-.i..-i!, 2illki) 
:!U\'ldac.cs menta.is, pcrrla do domlnio so-
bre a Yoliç.3.o, do csf orço e da c.apadc.adc ce 
::.Çlo indcpenc.cntc" {conforr.i.e citação cm 
r ullc:r. Sch.:.ltz e 1\nc.rea.scn. 2003, p 25). 
É cs.sa Í-.lndamcntal croa.tc.idac.c e.a 
éocnça, c:ombi:r..aêa com um c·.:rso progrcs-
St\-amcmc dcgc.r.crauvo, q·.:c lc•;ou Kracpcbn 
::. categoruar a den1Er.na praeco.x corno algo 
éLStinto ce doca.ç~ psicOULlS clc&ic:Js e rc-
lac1onacb.s com o r..urr.or, como a man1a e a 
melancoh.a, que agrc"OU cm uma segunda 
c.a:cgori.3 e.e doença, a psicose: ms.n1aco-dc-
prcssiva. Desse: n:odo. o curso e o progr.Os-
tico de lo:r.go pr-ao oricr.t::.ram os ~forços 
r.osolôgicos de Kraepcli:r. ma.is do c;ue a sin-
1orr..atologia apresem.ada (l lealy. 2002.1. I:m-
bora acrcdiiassc c;uc os padcntc.s p·.:.dc.sscm 
se: recuperar da p;icruc rrumiaco-<lcprcssi\"::..Kracpc:lin era profundamcr.tc pessimista 
cuanto a. rccupcra~o da denter.na proecax 
(wlabrcsc e Com,gan, 2005; \1.rarncr. 200·'). 
En:.bora o i.cm:o c.kintl~Oa proeco.x tcrilia 
perdido o Í.3\'0ntisn:o, a C:itet;oria de Kra-
c:pc11n eslà br.stsntc evidente nos crittnos 
d1agnôsucos de duas influentes codificações 
de transtornos mentais o 1"1anua1 Dcagru>sti-
QUADRO 1.1 01ag~slico da eso-. :zo'renia 
Slntomaa 
ro e Estatut1CD àc Ttt1nswmos ,\,fencau d3 /\.s-
sociaç.lo Pstqulâtrica }\mcricans (2000), 4'" 
c<li~o (DS)..1-1\ '-TR) e a Clzs~caç120 Tr.ccr-
r.actona.I de Do!nças da O!õanizaçso ~tun­
disl da Sa~dc ri 993). 10" rc\'15.10 (OD-10). 
Segundo o DS~t-i\"-TR e a CCD-10 {Quadro 
l .1), e>astcm cinco sintomas 0.1ractcrtsucos 
cb csqu12ofrenia: dchrios, alucinações, fa.)3 
dcsorgar-.i.zads (frequente dcsroncx.lo ou ln-
cocrencia), componanrento g.:-osscirarncn:c 
dcsofl:)anizado ou c.atatôn1co e sin tomss 
ncgsti\·os {cmbotsmcnto afetivo, slogia ou 
avoliçao) {\\'ing e: Agra'.vs.l. 2.00J) Os do1s 
sistt!mas dlfcrcm cm alguns pontos. como 
ru quantidade de tcr.:po cm que os sinto-
ms.s dever.: ser cxpres"..ado.; para satisf azcr 
o cnttrio {DSM-1\' > ClD-10), hem como 
se a pcnurhaç:to funcional é intrínseca ao 
diagnóstico de csquizofrc:n1a (05::0.t-l\' = 
sirr."; CID-1 O = "ruo"). 
Toca\ia a hctcrogcnCJdacc: cst.á cmbu-
ud.3 na dcfniç~o de esquizofrenia: apenas 
dois dos clnco upos éc: stntor.us precisam 
b"'UT prcscntcS para ccnn1r o C:1agncstico 
e , cm oondiçôcs cspccifc.aca.s de grnv1da-
dc (du2.5 .,.ozcs c::uc comentam o com;>or-
Oo !l s.nlo'Tlas preser:es oo- pe o menos 1 mês. (?os:·~) ce hos, a _c11a;oes, la'e. ~SO<çanz.aoa, 
carpc<taMerito cesorç_.an z.aoo o_ ca~a:brt co (nega~ ·10s) e~oo:em=n10 a'e: '.'O a; og.a a•,1:1 çAO 
Olatunçao aoclal 
urra ou mas ârea!! a1e1a::as na ma e< pwte co teMpo Clesde o n'c o (ex~ co pe o OSVi-1\1), :raba ho, 
rea;oes .. .terpes.soa s cucaoos pessoas se ói.toote a ecoescê~a "!capa: dooe ele e..cança• o 
n \E adecuecc ce rea za;-ao lrlteroossoa. a::aoêfr. ca ou ocuoscooa 
Duraçào 
SntoMa!l a:: vos de oscose cevem OEf!i str naaus~ca ae 1ratame":o naC D-10. s n:omas S! ·.'OS 
p<lf ceio Me"Os 1 rrés ro CS V..JiV s ~tOMas a1 vos pCY oe o .menos 6 l""eses rc ..i rc.o s ntorras 
p<o!Y-"'!'lcos !? ·es o..a s (rega:·.«!)_ ~s ~vos a1tf'lus.~1. 
ExcltJ allo de ou1roa 11anstomoa 
o_ :'O!! e ag"6c...t ros c:crr s '1tcrras ps cu .A: cos oevem siY ex:: úocs lfs."stC<rY.:> esou.z:lalel YD, 
oeo'E!ssao meor com pscose ltM!!O'Tlos ocr ab..so oe s.~tstênc-es. :rans1omos rr-àd ~s como 
tra~"l"lat sm::> cran .ano, vascu te cerebra , oararre e Cle~nc a - -
L:.mcnto). apenas um s1ntor.u precisa c.st.ar 
presente O resultado di.»o e .a posstbilid::.-
de de que c.olS ~cientes que companilhcm 
o d1agnôs1ico de escuizof n:n1a possam ruo 
compaRHnar nenhum sintoma cm comum. 
~o cn~nto, essa nctero~cnc1êade do con-
cc1to de csc;uizofrenia. \"Cm d;;. ori~CJ:l . pois 
b!lSCta-se na. compo:r1ç.to e.e Kraepc11n c:c 
um:;. catcgona e.e doença mcnul a pantr de 
slndromcs caracr.c!izadas por uma. s1ntom:.-
tolop;i:;. cti\"C!5.3 ~&nta.ll 2004, 1 lc:!l) 2\302.). 
1\s.sirn. o escucrtl3 de c.scoL"lcr c.015 cm an-
co tipos de Slntomss permite ao DS~{-lV e! 
CJD-10 tnclu1r os suDtipos parano1dc, cam-
Lônico e ncbcfr~nico ,no D~~t-1\' ccsorgs-
nLZJ.rlo) de Kra-cpchn. pois o c:.~gnostico êc 
caca upo n.to c.Xt&c mais q ... e C:.OLS e.os ctnco 
sintomas e:;. cscuizofrcni.J ,\ltm cLSSo , as 
cllsstfi~çõcs 3.1U3LS êo D5~1-l\' e ca OD-
1 O seguem Kraepclin na C3tc&on::.içJ.o da 
esqu1zofren1::. scp::.rac::.mcntc d!ls psicoses 
afcL1va.c (transtorno bi po 1::.r). 
"\ nc1crogcnc1dadc 1nercn1e da catcgo-
ru csqu.L.?ojn.'":'tia comphc:,. a pcscuis;;i pois 
naturalr.tc.ntc lc1;a a rc.su.l~dos conLtUL"ltcs. 
"\lg..;.ns pc.squis.:.dorcs liC!l.r.lm com esse pro-
:ilcma tcnt.mdo ccfin1r s .. bc::.tcgona.s mais 
:lomo-g~ncas e.e csq.:iz:of:-en1::. (C'..arpentcr, 
l[cinrichs e \\'::.&m::.n , l988), ao passo que 
outros ab::.ndonaram o moe.cio c:ucgon-
co d,a doença optando pela dcf.n1çao éo 
tran~tomo cm Lermos de gravid::.de de -..:m 
conjunto especifico de dimensões de sin-
tom:?S (va..'l Os e \'crc.oux, 2CXl3) ToC:a\'ta, 
a cltficuld.:.de com a c as.s1fC3ç:to co DS~~­
(\' e pona.,to , kncpcltnllna n.10 se Limiu 
.l hctcrogcneldadc Cnt1cos ~[ lcal!:'t', 2.0(}2) 
obscn':lr::.m que o cscucm~ do DS~1 tem f.-
c.cC.tgrutlac.c ins;:.ti.sfalôria, e cuc :!!> suhcatc-
go nas n3..o sJ.o 1crnporalmcn1c excludentes 
(diferentes subttpos podem se apltc.a! ao 
mesmo p.Jcicntc cm d1fcrcntcs momentos). 
:\l~r.i dl.:5.SO, os sintom.lS e.a cscuizof renia 
• 
nlo 510 día~~os ou patognõrnicos Ou 
seja, os cchnos e aluc1na Oc:. poc!crt ser C."l-
con~rados crn uma stric de c:onêiçocs neu-
rolog1cas e ps1cológica..> (\\'ong e \'an Tol, 
2003), ~Jm como os Slntom::.s netativos e 
de ccsorganw.çJo (Brov.-n e Pl·..:ck 2000) 
Por fim apesar de ccmcrus de cst-..:dos par::. 
l~Li=ar os correlatos fisiológicos da co:~ui­
z.ofrcni.J n1o foi ccscoOcJto ncnh.._m m3!'-
c.;.dor h1ologico auc ~-tinga a f.siologia de 
aJg.:cm du~ost1cado com um dist~rbio 
psicouco cb f.sio.ogi.3 nornul (\\~1ng e .\gra-
\VJ.1, 2001: \\ong e \'an Tol 2003) De fato, 
a recente rc\'isJ.o q·..:anuLaL11:a de estudos 
h1o]ó!_?cos de ~Jcinnc.h (2005} mostra um~ 
cons1dcr.:.1.·cl sobrep0'5içao entre a cscuizo-
frcrua e os grupo.s. controle \.Úptn.1lo 2) 
O cognltivlamo de BleuJer 
O ps1q .. iatra sulço Eugcn Ble-..:lcr 
t 1911/1050) t o Mltro p::.1 func.ador da. cs-
q·..:lzofrcni~ e, de fato reccDe o credito por 
ter cunh.ldo o termo tsqr.uzofmua. !\ta.is im-
portante, ele c.aractcnzou a csq·..:Lzofrenis 
como -..;nu famtlLa d.e transtornos men~s 
{lical>·· 2002) e, ::.ssim, cxpandí:i. constdc-
ravelmcntc as frontciras cb inctus.:.o, mais 
alem d3 f orrnulaç10 éc Kracpclin /\ for-
m·.i..aç.10 de B.cu)cr era ecscncialmentc di-
menstonal (\\"ing e ,\gra\val 2003), po1s 
comprccnc.u desde uma disf...:nÇ3.o lc\·c d.:. 
pcrsonal1dac.c, do tipo que i,'iria a ser cha-
ma.Jo de csQu1zoLip1a/csq-..:LZotaxia, até a de-
•nl"trta pracco.x- p.ena e cron1ca O mcc.clo 
de psicopatologl3. e.e Bleuler, ::.sstm como o 
de 1 lughhnb§ jacl<-.con, car::.ctcnz.a\'3. a pcr-
1 ~rbzç!lo d3 csq ... tzofrcnia cm termos Je 
sintor.us pnmanos (f~ncamentai.s) e sccan-
d.:.nos ,acc:s.s.onos . Os sintom.15 pnm.;.nos 
- ncccs:jrios pm o ciJ.RTIOstico p~scn1cs 
cm lOdas os C3sos e c:.u.sados pcl.l ncuropa-
t ologia h.;,sic.;. - 1nch.:.iam a perda éa conti-
n>:icUêc das associações. pcrch c:a sens1bi-
lic:ade af ctiva, pcràa e.a atcnçJ.o perda d.> 
\oliç.;.o, 3.rnbi\':!lt!nci3 e autismo (ru11cr ct 
a] . 2003). Os sintomas scc·..!n~nos - n.to 
precis.::.\-am es:.!J!' prcsc.."'lLcs p:i!a o êiagnosu-
co e :ião cr.:im caUS3dos pela ne·.:mpawlo61a 
S".:bJ:lCCn~C - in..:lut.::.m :iJ~c:.ins.çôcs. ccl1rios. 
cat:;,tonia e pro:>lcm:;.s compommcnui.s 
(\\'a.mer. 200·1; \\.1ng e ,\grav.'a •. 2003) De 
. 
r.u..'"letra m·.1110 1mpor...!ntc , co ponto cc \"1.S-
ta tcorico, Blc:.:.ler propô.s que um processo 
cognuivo - airo.:x"J.mento ce associações -
ccscrnpcnhava um papel tn~c:rmedurio ou 
rnec1ac1onal en~rc :;. ncurop:;,tologi:;. v:;.ga e 
:;, cxprcs.:~o cc si'!"lLoma.:; e sinaLS Llractcrts-
ticos d::. esqui:oof rcni::. De fato. e ex:;,t.arnc.."'1-
tc esse :;.frouxanienlo ca.s assoc.i::.çocs q-.:e 
o Lermo C5.q" .. l!!:O;('.l'l'l'l1Ll (1 e.' SCrll.ZO = d1\-; d1:: 
ph"rr.C = mc...11te) \ i.s.t capt.:.r. 
O impacto de Ble· ... ler sobre a pesquisa 
ca csau1:ofren1;;. ~ considerlvc,. Primein:.-
r:tenLe. ele ampliou o corn:euo p.::.ra 1ncl·.:.tr 
aqueles q-.:e. m.JlS ta.rde, scnJ.r.1 c."UI:Udos 
cc traços csqu1:oup1cos e csc:uuoidcs. q-.:e 
;;.1u3.lmcn1e s>.o inc)'.ltdo:- no DS~1-1\' como 
traru1orn05 da pcrson.:.lidaéc 1\lém disso. 
grande p:;,rte ca pcsq...:LSa gen~uca, nc-.::o-
bioló~ca e ciiaRTiô5tlC3 decicou-se ' esse 
wcspcctro & c.sq-.:1.ZCfrcni:!· no.s ultimos 40 
anos \o·n~inn, Gru::cl>er, Bergman e S1evcr. 
2003) ~1alS 1mpon.:.nte poss:i,·elmen~. e a 
concc1t-.:aç3.o de Ble·.:lcr sobre osrneanis-
rnos co tr::.nstomo Ele postulou um proces-
so cogn1Li\'o intcrmcdjJ.no, cuc rclaoona a 
::.inca incen:;, net.ropatoloE;ia com os sLnto-
mas ,.;si veis do trans:omo (Bcntall, 2004 ). 
Teóricos de todas as linhas colocam-se sob o 
rna..1110 bleuJcn:mo. Dc:s.sc moe.o, os tcOnr.os 
cs. ncuropsiologi.J (1\ndreasen, 1999, rnm. 
l 9"l2: {.reen. Kcm Braff e ~11nt:. 2000). 
os pscodin3.m1cos {~1cGla.sh::.n , l{eL"lSSc.."l e 
r cnton 1900) e cogniu\•o-comporu.meffi.lts 
(Kingdon e Turk1ngton 2005) trabalh.mi 
todos êcntro co moêclo nle .. lcnano. :-.=os-
s::. ahordsgcm 1eO:rtca também e b1euleru.-
na (Capitulas 3 a o). :\ssim, o C'..aptt·.:.lo l ·l 
.;.presenta um no\."O modelo ca csquLZOfrc-
nu, cuc i:i.tcgra achacos chnicos cvol•.tu'."05. 
niolog1cos , cogn1uvos e ps1cologicos dentro 
e'ap a Cogn t ''ªe.a esc.. zolren :a 21 
de um moe.elo mcdiacioml q.:c motiva o ra-
ciodnio dln1co eh inten·cn""lo psicos.socul 
e idcntifCJ al\'os tcr.ipt!u:.1cos cspcctfcos. 
O QUE SABEMOS E O QUE 
NÃO SABEMOS SOBRE A 
ESQUIZOFRENIA, 
j:: faz ouzse 100 ::.nos dcsêc q·.:e Kr::.cpelin 
e Blcu}cr origirl3rarn o conce1to moderno de 
escw::ofrcni:;. e uma quanticadc enorme de 
pcsauisas se avol...:mou ao longo deste pc-
rtodo. cspcci:;,lmcnte nos ~lumos 25 anos. 
[m l 998, o a.rugo pnnctpal na cd1ç.lo in::.u-
gurnJ ca 5i:h.1~cpnmiic.1 Rt~~rutt"h JnUtWa\a-sc 
.:>c..'l1zophren1a. JUSl the f;;.cts: wh::.t do ..,,-e 
k.n01A· hO\J,' \\'Cll êo WC k."'lO\\' tt?" (\V\'alt, 
1\lCX3ndc! Egan e K:i!Ch, 1988'. ~\ htcratura 
sobre a cscui:ofren1a se tomou ''~-U e vo-
lur.iosa cemaLS pJ.r.1 sintetizar .:. manctra de 
\\~tl e col.lbo:radores. Toch\u, prct~"lde­
mas que csu. sc;.:.o seja um cs.:>oço ::oncLSo 
do csu.Jo atual do conhcc1mcn10 sobre a 
cscw::oírcnl.:l. 
Dlmel\Sões dos sintomas 
caracterraucos 
Corno j 3. vimos. a csqu1zofrcn 1a tem um 
q-.:adro c.1\·crso ce sintoms.s. e um impor-
tante pro&rama ce pcsqui.so! Lcm sido C:c1cr-
m1ru.r se os Slntoma.; tendem a .5t! agr.:.pa.r 
de algum modo pamcular Se. dig.:.mos. as 
aJ-..:cinaçôcs e os dellno.s tendem a ocorrer 
conjum.Jmc:ne, isso pode sugerir uma mes-
ma patologia ncurob1ol\lg1c.a sub1ar.cnte 
/uu:.;.lmenu.~. existe um consenso. basc:;.co 
' A .. 'ltJlS \b=Do:i:i:c! e o OTJj>G \l :....,nr:·4~ C".or.~:uu.s 
cs: :o rn::1p:!:::id:> :J!:'I:: !.:.-..:: ::n:::s co:n;:i!r.tll de Í::.Los 
~b.-e :1 ~J~:o!~nl::, pu:i:.:c:-'...'J n:: e:J ·~n d~ CU'm 
de 1009 :!o Sci-J~ r T;b 81.P..·1~ o tUIÚ'I ih SCÇ::> 
., • .ub.pu.dn do s:.u :i:!:;~õr.a, que .:.i:y.,..u r.o i::1c do 
.~. ~r.rhrrr.:i; Rõt-Jrrl: furs.m ("'""' ...... r r.l:l)phl"Cl:.:a 
• "'-.,,,.<Ir> ·\t. h:.~v. ur.nv. 1) c::i =das ~ 2007 
22 Aa'co !:feck Neil A . Pl.!C'!et: Nea Sto w e l'eJ Gã!"t 
cm cst-..:é.os de snâli.5e (atonal rcall.lldas cm 
várias culruras, de que. no mlnirno. trts dl-
mcnsocs cxpl1czm os símoma.s da esqu1zo-
frcni.a (.t\nc.rcascn c1 aJ .• 1995 2005, Barncs 
e Lic.dlc, 1990~ fuJlcr ct al . 2003; John, 
Khanna. Thc.nnaras-..: e R.c:dd)', 2003): ( 1) 
Slntcm:.s pstcóticos (::.lucin::.çôc.s e dclltios), 
(2) sintomas e.e dcsorg.:.ntzaçAo {compo11E.-
mcnLo btZ.a:rro e. prescn~ de transtorno e.o 
pc.nsamc.nco ÍoTm31 positi\'o) e {3) sintomas 
ncg::.t•vos (afclo em:'>otado, 3.logí:?.. a\'oliçao 
e ancdoni.a}. Esse consenso )e\"'OU a um::. \-a-
lH:bçao rlas dimensões sintomilicr:.s c.spc:cl-
ficas { úrns1 e K."ing, i 997) e, é.e. rn::.ncira 
corresponctc.ntc. preparou o csmL"'lho pl!'3 
a f orrn·.:.laça.o de cntcrios de rcrniss..10 C.os 
s1ntomas da csqu1zof rcnia (J\ .. "'lcrcascn ct 
ai., 2005). Carpc.ntcr (2006) observou q•.Lc 
o recente hancc de d::.dos de pcsauís::. so-
bre brupas C.c sinlomas ::.judeu a retornar 
o ccncc•to de. cscuizofrc.n1a a sua; raizcs • 
kraepcl•nianas e '.:>lc.·.:.lc:ri::.na.s , pois combc 
a dcf.niç~o cxc-c.s.siv::.mcnte cstrctts da cs-
quizofrcnis prc.êomuuntcmcntc. como '..im 
transtorno psicõuoo, q·.:.c tem sido procmL-
nentc na psiquiat!b. nos •.llnrnos ·rO anos. 
EpldlemloJogla 
Cor.forme obscri,ro·.:. John 11cGrath (2005J. 
a epidemiologia da esquizofrenia passou por 
llma m1r.imvo}uç.to r.a ·~ltim.a d6a:.da . . .\vi-
sa.o de q::c a ~uizofren1a é lltrà docn9'1 s.m-
pL!. c;uc aícta Lnc.\'.ora\'clmcntc ·.:.ma err_ caêa 
100 pc.$00.S ir.depc!:denlc de g~r.ero (B·.:.-
chanan e Carpcnter, 2005; Cm•.i:, 2007) esta 
abnndo espaço para un:a pcrspc:cuva com 
cru.is r.uanccs. J\ csquLZofrcrna parece ter ::ma 
l2.Xa é.e prc•.·aJ~cia de O, 7 % , que \':ma cons.1-
d cravclmeruc cnue as cullllras (·.:.ma difcrcr.-
ça de cinoo \'C.ZCS) . Os r.omens tbn um nsco 
Dt310r do que as mulheres de ê.esenvo}\'cr o 
transtorno e tendem a dcscnvDlv~-lo m.;.is 
cedo. 1\ inciê~oa de novos casos de -c.scu1-
zofrcnLJ é cc 0.03%-c. pocc csw dimir.wndo 
{~.1cGratl: ct aJ .. 200·1 ). A 1nc1d~cia tambtrr. 
\"aria cr.trc as culturas. Nasi:cr ou residir no 
n:.cio ·.irbano é assocLado a w:r.. nsco ma1or 
de dcscr.volvcr esquizofrenia (~{ortcnScn ct 
al. 1 : 99g). ~\lém cbs.so. o.; rmgran tcs ttm urr. 
risco rr.aior de dcscnvol\•er csq·.:izofrcniJ . 
lsso se apllG. cspccialn:entc se os m1grantc..'i 
tl!.m pele escura e nugram para uma arca coa: 
um gr.lpo dominante de pele clara (Boyêcll 
e ~.{urra)'. 2003}. Os aJm-arr.cnc.u:os t~n: 
t~ \'CZCS rru..is probabibdadc ée dcscnvol .. ·cr 
cscuizofrc.nia do que os none-JW.enc.anos 
dcscc.r.dcntcs de curopc:.:s (Bre.snah:m ct ai., 
2007). A cscuJZofrc::.1;3 t.amhtm e::.--u assooa-
' d::. 1 rr.orulLdadc 11l3LS aJta. LnCl"'·1êuos c.on:. 
csq·..:izofrcn1a morrcrr. prcn:ar.:ramcntc (Bro-
v.•n, 1997). O suldciio tem lltr.a cor.Lri~ul~o 
impoã...antc para essa diferença, e csunu-sc 
cr.:.c 5,6% cos ir.dr;fduos d"iJgnosticados 
com csq·..:.izofrcrna n:ormrr. por suu:td10, oon: 
o pcrlodo éc rr.:llor nsco ocorrendo curan-
te a fase trticial C.a cocnça (Palmcr. Pankratz 
e Bostv.ick, 2005}. t\lên1 de os indi\1êuos 
com csquizofrcni.:. terem .;. probab•Liciaee 13 
,·czcs maior cc: morrer por s::.tdC.io do cuc 
ir.di,1duos r.a populaçJ.o geral, ~tu e co}a-
boradorcs (Saha , ChanL e ~ic.Grath. 2007) 
n:ostrara.n:. rcccr.ccn:er.tc q::c os Lnd1\·tà1.los 
ponadorcs de esquizofrenia ranú>trr. t~ 
n:ortalidade elci;ada c.m ·.:.ma .:.mpl::. vancda-
de ce catcgori.:.s de doenças. 
Fatores de risco genéUcos 
e ambientais 
Genótlc.J 
Oitenta ::.nos de pc.squi.;a cm gcnétic::. 
comporumenl3l. na f orm::. de cst-..:c.os de 
g~cos. f::.mtlia e adoçito, inc.tc:am auc a 
csc;ui.zofrcnLJ é altamente hereéilárla. Es-
tudos com f::.mtlias mostram c.onsis1.cn1c-
mcntc que a cscuizofrerua ~ fam1li.al e que 
o grau de comp::.ntlh::.mento gcnéLico com 
o membro afetado t prcditor da prona.biü-
dadc de éc.s.::n\'ol\•cr csq_·.:.LZofrcn1a (N1co~ 
e Go1tcsm:;.n, L 9SJ). Urna recente n?\'Í.SJO 
cuantit:;.u\·a de 11 estudos de famílu bem 
êcbnca.dos mestra que os famibares cm pri-
meiro ~u e.e pessoas peru.doras de csauj-
zofrenta t~m 10 \'CZC.S rt1310T probabilLdac:e 
êe êcscn\'o}\'er csq·..:.tz0frcnia ru compara-
çáo com SUJcitos noto ps1qu1á.tric.os (Sulh-
v:;.n, Q\l.·cn, O'Donovan e Freed.ma.n, 2006). 
Os cscuêos d.e adoÇ!o proporcionam mais 
cvidt!nc1as e.a cont.rib..:.iÇ!o de f :;. tores gcnt-
ticos para o dcsen\'o}\'tmcnlo é.a csquizofrc-
nta. t..:m:;. re\'Ís~o cua.nút.aú\~ n!o cncon-• 
trou diferenças ns.s ta.Jtas de csq·..:.1zof::-cnia 
cm cnanças adotadas por indi\1d-..:os com 
e sem c:scuizofrc.."li3~ no cnc.aruo, i.'"ldiv1cluos • 
ado1.ados onunêos êc familiares biolugic.os 
com tsq'Jtzofrcn1a t~m cinco vezes maior 
pro.:>abit1dacc de dc.scn\"olvcr csauizof rc-
n1a do 'l·..:e os adotados onundos e.e íamí-
11a.rcs b1olõ&cos Gue nio t~m cs.qui.zof renia 
(Sulli\'an e1 al. , 2006) Em outras pllavr-...s. 
. . . 
c."1stcm poucas c\'lc.~ncta.s nesses csluc:os 
para s:~tcnt:;.r o plpcl de fatores 3.r.lb1cnt:;.i.; 
pôs-adoçJo ru;. cúolo&i3 e.a cso_u1zoírenia. ao 
contrjrio das C\'Íc~nd::.s e.e tníl~~'"lda gené-
tica. Em pares cc g~mcos ià~nticos, se -.:m 
g~meo tem csquizof rcn1a. o outro tem uma 
chance de qU3sC 50% de 1ambé.r.l dcscn-
volYc! o 'ranstorno (Carona e C10Ltesman.2000). Ess;;.s ux:;.s de conco~ocja c.:io cle-
\'"2.cUS lc\•a.ram muitos pcsqu.i.s.adorcs a cb-
scr..-ar cue uma granêc proporçao do risto 
para a csouizof:-cnia é genética (Gottcsman 
e Goulc., 2003; RilC)· e Kcndlcr. 2005). De 
fato, Su]h·van, Kcndler e Ncal (2003). cm 
uma rci,i.:;lo q·..:antitaa\r::. de 12 estudos êc 
g~rneos , propõem ·..:.ma csumauva de hcre-
ê1taricdac:c de 81 % para f atorcs genéticos 
no risco de êcsc.."'l\'o}vcr csquizof rcni:;. [m 
outras pa.la\rras , c;u.arro G'4:.lntos ca vanabi-
hdadc no risco de csc;uizoíreni..3 se dc\'cm a 
cfCJtos rcnéticos ac.itivos. 
Embora a pcsq:.:tSa crn gcnét1c:a corr.-
poT1.an:eJ1ta1 tenha cstabclcado a 1mport.!.."'l-
ci..3 dos genes no c!cscn\•ol\·in:cnto d3 esqw-
zof-rcnia. os genes específicos e a n:cd.n1ca 
gc:iética. ainé.a pcrmancccm 1n::.cnos Corr. 
c.xccÇlO de Cro~· {2oon qu.e acrcd1c.:. cuca 
csqlll2of rema e co~crica por um uni.co gene 
rcbao:iaêo com a ltng·i.:ascrr. a s.::r encontra-
do no cromossomo .sexual. o campo da cnt.-
Lica 2.a csqwzofrcrua '!-lojc acCJta a cooclusoto 
de auc m:.:ltos g.e:ncs q·..:c confc.rcm s::.sccp-
ubllid::.de: contribuem p::.ra ::. csq1.iizofrenta, 
a;.da ·.im com ·..:m pcquc."'lo cfCJto na criolo-
gia geral do transtorno {Go11csman e: Go-..:ld , 
2003; Su}Livan Cl ai. , 2006}. Desse moca, Íoi 
idcnuncada urr.a cnonr.e: \ -aricd3dc êc gcncs 
a.ndiêatos {S-..:lli va.'"I ct ai., 2006) . cn•e:n , 
Cr.ac.doc • e O' Dono\·an {2005) propõe:rr. 
q:.:c as 1:anaçócs a.so-controlc crn alguns 
poucos genes ca.nêidatos {a nc-.:rorrcgultru 
l e a protcl.na de hg..:.ç;.o d.a êLStrobcr..,ina 
l) foram rephc.sdas c:1vcrsas vez~. toman-
do ($,C5 genes o.s mais pro,·á\'cis d:?. csq1.ii-
zofrcn1a at~ o momento (C.l:iptc·..:lo 2). Esses 
melhores gl!TICS ca.ndiêaios, entretanto, ~o 
presentes cm u.rr.a r ra~o de pacte.ntcs con: 
c..<auiz.of rcnu (emrc ó e ~ 5%} e a·..:me:mam o 
risco e:rr. no rrux1mo um fator e.e dois l Gll-
morc e ~1urray, 200ó) 
AmbJ91ll9 
Enquanto a falta de conoordolncia perfeita 
-entre os gtmcos idtnt1cos ~ tor.iaC.a como 
cvid~ncia. do papel de fatores na.o gcné.~icos 
na ctiologi::. d:;. csou1zofrcni:;.. Sulliv:;.n e co-
bhorn.dorc.s (2003} , e:m sua rc\'isa.o q:.:an-
lltall\'a de csu.1.dos de g~rneos, expressam 
bastante s·Jrprcsa êc qu.e sua análLSC tam-
~rn rc\'clou. um cf cito s1gnificall\'O {u.rna 
e:sorruu-..·a de hcrrlahill~adc de 11 %) para o 
ambiente n:to c.omparulhsdo na ctiolog1a da 
cscuizofrc..'"lta.. Atualmente, existem cvid~n­
c.ias considcr~vcLS implicsndo f atorcs s.m-
b1e:n:ais na cuolo~a e.a csquLZOfrenia. ~ta.ry 
Cmnon e c.ol:;.bors.dorcs (2002). por exem-
plo, rcE.h.z.amm -.:ma rc-..i..go quantitativa 
idcn!.ifcando trl!:s agrup<!mcntos êc oompli-
c::.çôcs obst~lria:.s assoc1aêas ~ csou1zofre-
24 Aa<cn T. l:le:k N_ 1<. Aea::r. Nea Sto;w e Fa! Gra" 
ní.3· complic:açocs que cx:oT'!cram durante a 
gra\'ldcz (s::.ngramento. CL;c)Ctc '. compltc:.-
çocs cue ocorremm na hora do P3no (ccs:.-
runa de cmerg~ncia, asfixia) e crcsomento 
e dcscnvol\'1mcnLo fe:..:i1s anormais (baL'<O 
pc.so naul}. O ruco cc esauizofren1a as.so-
ci.Jdo :;. compJcaçucs obstetri.:as t o dobro 
do ob.scrvaco sem tai.; comphc.açocs, um 
cÍCJto pccucno compam\•cl cm magn1c·.:dc 
ao nsco 3.S.Soci.Jdo .l \"3.naçlo cm genes cspc-
c.lficos (G1lrnorc e ~!·.Lrrar, 2006). O segun-
do trimcs're a.a g.:st.:.ç.J.o ~ panicularmcnte 
fundamcntsl para o nc'l:irodcscn\'o)\'imento, 
e C..'<LSlcrn C'•tà~ncw de que prob.~ nes-
sa f.:.se CO CCSCn\'Ol\'ll'!lCnto (:;. m.:-c adc:uirir 
um:! 1nfccç.to ou se estressar c..xccssi\"3r.ten-
tc) ::.prox1mad.amcntc do:.:phcam o risco cc 
ouc os flho.s ccscn\"Oi\'am csquizofrcnu 
(C-..annon, Kcnàcll , ~usscr cjones. 2003}. 
ratares amb1c.."lt.:.t.s q·.:e ocorrem const-
dcra\'clmcnte depois co nJScimcnto tam-
btm foram implicados Como Jà vimo.;, 
a esquizofrenia. apresenta-se cm um n(\'el 
c!cspmporcion.:llmente m::.1or cm ::.~icntcs 
urbanos (~!cGrath ct ai., 2004). Dc\'1do à 
clcv~da corrctaçJ.o entre n3sccr e \1\'e:- no 
rnCJo ...:rOO.no ruo cst.i claro se as propor-
ções mais alus observaêas se dc\'cm a fa-
tores pre-nxais O'.l pcnnat.a.is a.s.soaados ao 
nasc:1mc!lto ur:>ano. ou .;e a ur.:>an1c1àade 
confere risco cm um momento posterior 
no d~cn\·ol\imcnto, na foTm.3 de cs~rcssc 
psLcossocial e isobmento socla.l (Boyccll e 
~lum}. 2003). ~esse sentido, t nouvcl -..:rn 
c.st ... do pro,;pccuvo recente q-...c cn\"Ol\·cu 
mais de 300.000 aàolcsccntcs isr.aelcnscs, 
cm q~e os pcsouJSadorc.s obscn·aram urna 
1ntcraç10 entre a êcn.sid3cic populacional 
e fatores rcl:v.:1onaào.; com o ruc.o gcnttico 
pam a esqu1zofrcoi.J (f uncion.Jmen.to social 
e cogn1Ll\'O dcfiocntc), ~.:.f,cnndo que o c.s-
L~ ca \'lda na cicadc pocc se combinar 
com a \'Ulncrabilt&de f,COt~iC!l pa!a p::"Od-.1-
:!ir a CSQu1zof rcni:;. \. \\'ciscr e~ ai • 2007). Ern 
Um3 lin~a scmclh::.ntc, um::. re'•ts.áo ciuan-
• • • 
UtaU\'3 recente ac .sete cs~ucos bl1ma que 
o uso de can1Ul.!;u durante 3 ::.d.olc.sc~nci::. 
aumcnt::. cm ê~as a tr~ \'e::!C~ o risco do 
dc~cnvol\'lrncn•o subsequente cc ps1cosc 
{l lcnouct. ~1Ur.'3)', Lln,,rcn e v.:.n Os, 2005) 
/ 1.ltr.i dJSSo h.,. evad~n~us a.e um=i. intcraç:lo 
entre genes e o amb:c.ntc, pcis os 1nci\1êuos 
q·..:c ttm ur:a va.naçao co gene c!a catccol-
-0-mcultransf crasc \.CO:\tn, .aprox1m::.cta-
mcntc 25 ~.., éa popula~ao s1o aq-...elcs cuc 
apresent.3m um risco aumentado l1550ci;;.do 
ao cons ... mo de c!4r.nabu na adolcsc~nci::. 
(C:asp1 ct ::.1. , 2005). t 1mporta!1LC rcssalt.ar 
q~e a CO ~!T ruo cs:z ::..s.soci.Jda ao consu-
mo elc\"3do de camt.abu 
Fatores neuroblológlco• 
C..Omo JJ \1mos, e de conheamc."lto ns. p:i-
qul3tn.a, êcsdc a metade co s.!culo XL.X c:uc 
os aspectos oomponamcnt::.i.s, cmoctoroi5 e 
cor,n1tivos ca c.sq"Jtzof rcnLa. devem Ler ral-
zes nos ctrcbros dos inct\·Cduos afetados 
( l{ugnhn&SJackson, 1931 ,, Ur.13 posru]a J.o 
foru;..cc1ca pelo cescnvol\'1mcnto de me-
dicamentos ~nttp.sicoucos cf c~i' os (~Jcalv, 
• 
2002). Uma disfunça.o ou anorm:;J1dadc 
cerebral ~chamada '"E.siop::.Lolog1a ) pode 
ser rc:spons.3\'cl pela cscuuofrcn1s. cc duas 
maneiras b::.sic::.s: (l) ::. cstrutum êo.; c~!c­
bros de indL•.-tdwos com csqu1zof rcrua pode 
d1fcn! d::. normal (patologia ::.rutôm1 .. i!), o..:. 
(2) a au\1dadc f•JncLona1 cos ccrcbros cc 1n-
cm1duos COT:l C.SCuízofrcnia pocc ê1f cnr eh 
nonnal , p1tologi.3 fisíologi.u). Por m.::.t.s c:uc 
essa fomr ... Laç.:io FX'-rcça s1rnpks e Ob\'11, 100 
ano= de pcsauis.a cm csq~i:rofreni::. a1nd::. 
n.:.o produziram -.:mz cxplu:::.çao coerente e 
conscns·..:al para os fatores e processos ncu-
robíoloi;tt:os ncccs.sanos e s-..:.ficicntc.s que 
dis11ng-... cm inciV1duos rom csc:wzof rcrua de 
ind1\1duos ouc n.10 descn\'o]\'cm o transtor-
no (\\"dli::.mson 200õ). J:m o-..:tras p::.b\-ras, 
a fisiop:i.tologu da cscut:ofrcni.J permanece 
d1flol cc cxphcar Capitulo 2) 
Anormal/dado anatómica 
Cnlrcun~o. for;;.m fc1Los 3\-a.'lços co:l.Sidc-
r.t\CLS ru corr.prec:is ... o d3 nc·.irobLO•Og'..a êa 
csq .. .:tzof rcrua. L·m.:. 1bord3scr.. e invcsti7.:.r 
a ::.n:itorr.u de ... ~retiros de 1:ici\ 1duos cor:! 
c.squU:of rcru.:. c:cpo15 êc n:orrcrcm Esse upo 
c:e pcsq-:.:s pOSl·..:ma procu.nu duas concl:.:-
sôcs 1mpon.:.nlcs l: a cscuizofrc:li3 nao ~ 
'\.:ma Jocnç~ neurocc~cncr::.li\-a no sentido 
cuc Kracpchn (197:) e scu.s scguic:orcs s·..:-
punharn, e (2) os pac1cntcs poru.dorcs de cs-
cwzof rcn1a aprcscnc.:.m cv1d~ncl.lS de t=.rcw-
tcu.irn. cc)ul::.r anorrn.3l, cm comparaçto com 
os c~rcbro..; c:c controle;s .sa·..:cLt\ cLS. Como 
c.~crnplo ~cs.;.c ultir:io efeito Davic: Lct.vis e 
coi.J.OOrac.orcs rr.oslraram cm \'anos csl'.idos 
cuc. err. relaµo aos coocrolcs os inêi\"tdUOcS 
cor.i. cscuizof renia C\iêl:!naarr. Cc."lSiê.aC:cs 
• 
r.tc."'lorcs n!lS c:mt3d:is êc ccl1.1las piran:id::.i..; 
e.entro do concx pre-frontal c:orsolatcral 
1.lc\\'15, G;.a."'lL2, Piem e s•,,,-c1:4, 2003) . 
/\ nc·.;.rotmai;cm cslru.tural f 01 o'.lt:a ,,a 
fr.:.ufcra para c:cscobrir diicrc.nça.s an.JtO-
r.iica..; 3S50CL3das a csqui=ofrcni:! Def::.to, a 
ncuroir.u"cm mais an11sa é.o ccrc.:>:-o \'Í\-o 
êe um inc:1\1c:uo dLJgnosucaao com csau1-
zofrcn13 t not.:.\·cl, nilo apcru.s poroue a pa-
ciente suponou a s-..:bstit· ... tç.:.o de sc·.i íl·.iido 
ccrcbrospin.31 por .:.r nus porauc o a.larga-
mcnLo dos •,·cnlrf..;ulo:. latcraLS é vislvc:I \ ).1 c-
ore. ~'athan, E1l10Ll e: La.ubach, 1935~. \'Cn-
tr1culos alarg;:.dos s.:.o assoc1::.dos a maior 
cuantid::.dc c:c: fluic:o cerebrospirutl e menor 
l3rn.Jnho cc:rc!'lra) e cstuêos subscquc:ntcs 
com im::.gc:m encontraram c\idencias de 
cuc o alarg;:.mento ,·cntricuhr e unu c:Jr.i.c-
tcrtst1ca geral e.a csquuofrenu Oonnstor.c e 
Ov.Ttcs, 2004 \'í.tzi. ct aJ., 20C'O). Em uma 
TC\is.:.o sLStcmatica de ·~O cstuc:os, l.J.v.Tic: e 
. .\buk.mc:il ( l 998) csu m:;.rarn um a .. r.v.:::ito 
r.iec:10 de 30 a ·10~ do vol-..:rnc do \'c:nt.rtc·.:.-
lo latc!ai q:.r..a."'ldo comp:t.""3.J"JJD fl'ltlentcs cs-
cui:ofren1cos com conLrolcs, ::.li!l:l de uma. 
rcd· .. ç.io mt.dia êc J% no \"Olumc ccrcbr::.l 
geral. Em uma rc\"153.o qu::.ntitali\."3 c:e 155 
e'ap a Cogn t ''ªe.a esc.. zolren :a 25 
pcsq<;jqs com tmar,cm cst."'1.ltur:il D::..,idson 
e ~icinrit.hs , 2003; rellc.am q-.:e JS cst:nuu-
ras fronUJS e Lcmpor.i.i.s, especialmente no 
hipocampo, tendem a ser menores cm pa-
aentcs com csau1:::ofrcn1a, cm rc)~ç.Jo aos 
controles Revisões m:llS recentes cs~bclc­
::crarn cuc a a.nonnal1d3dc volumétnc.a c;:,j 
presente no Ln1c:io n.3 e;squuofren:a., pois pa-
aentcs cm primeiro cpl5(ld10 JS. ttt\ \-Cnlrt-
c·..ilos maiores ..-oh•mc cerebral rec:uzido e 
volume lupocarn p:::.I rcdu:?ido, cm compara-
ç.:.o com controles correspondentes {Stcen, 
~tull . ~tcClure, 1 tamcr e Licbcrman, 2006, 
\'ita, De Pen, Sllcnn e D1cc1. 2006) De f::.to, 
os fa.miharcs nJ.o afetac:oi: também parccl:!m 
ter al:::.?1íifficnto ventricular e: rcdi.:ÇJo nipo-
campal crn rcl~o aos inru\1duo..; c!o gr.:.po 
conao)c (Boos, .\Jcman, C.:.hn, J{u~"loff Pol 
e Ka."ln. 2007), s .. gc:nndo que as c:1ícrcnÇ.lS 
a."'lator.i1cas podem estar rclac1onad3s com 
a •.-ul::icr::.;:,i11dac:e &c:né11c .:. csq·.:.1:?ofrcnia.. 
Toe.a\ ia. toCL'.l.S as rl1fcrcnças cstruturaLS ob-
sen ad.as sJo rcla1i1.-a.mcn1c peq-en.is \.0,5 
dCS'.ios-padrao DP entre os pactc."'ltcs e os 
controles. O.)) DP C."'llre p.3Cicntcs cr.i pri-
meiro cpi..;odio e os controles. um qainto de 
DP entre pare."'lLC5 nlo afc12.dos e: contmlcs), 
comparulh:;.nC:o uma sobrcpo51çJo consiêe-
ra\'cl com ::.s amosrras sa .:.d.avc:is ~11 CJnnchs, 
2005). Os resultados de um estudo recente 
com neuro1m::.gcm conc:1zcm com a con-
ch.:sJ.o c:c q-.:.e um conjunto complc.'lo de 
pequenas diferenças por todo o concx c:a-
raacrua a ê1íc:-cnça entre indi\1duos pona-
do:-cs c:e csauizofrc."ltJ e controles normais 
(03\'3.tzlko.s ct ::.1., 200 5) 
At>ormalit:Jado luncJonal 
!""azcr os pactc."ltcs trl!>alharcm crr. uma ta-
refa., c:ic:u::.nto se rr.cdc ::. a111,·1çlo ccrc:bra.l 
rcgion.Jl. t um rr.eío pror.,tsscr de deLCrnu-
n.Jr J.5 ctf crcnç::.s fisto.&giCll.S assoa::.das l 
cscuizofrcnu. Os prurtc.:ros cst·..:dos, usmüo 
tomo.-;rafu por cmis.sJ.::> de posttro~ (PCT), 
cv1dcnc1a.ram paêrõc.c anC'rr...aü; de anv:;.ç~o 
cm m-.:1la.s rci'JOC.S do c~rcbro c.re resposta 
a urr.a Larcfa {G·..:r e Gur. 2005). lJnu rc\11-
ss.o Quantitativa dessa hLerat.1.ra s·.:.gcrc qi.:c 
a m::.ior diíerc.i.-v;a t a f::.h.a de ativ~ .. ç.to rcl::.-
cion::.-d::. oom ::. carcfa nos lohos fronuLS (cha-
mach hipofro:italldadc) cm lndi\'fduos com 
csq1J.izof rc."'lla, cm comparaçito com concro-
lcs sa·..:d.á\•eis (Davidson e l lc:.nni:.'ls. 2003). 
Uma aruh.sc mJJS minuaosa de 12 estudos 
SUf::::rc CUCO padr3.o de ::.ti\'";;.ÇS.O cerebral d:.:-
rance ccs1cs êa memôrta de tr:C>alho t mais 
oomplc.~o do q:.:c a hlpótcsc da hLpof rontal1-
daêc nas faria crer, cn\'Olvcnc.o hLpoa.u\•açao 
e h.ipcrali\•aç.ao de urr.a V"arica.ac.c de cstr..:-
c·i.:ras (Gla'ln ct ai .• 2005). Foram JCcnuf.-
caêa.s mun.as outras d1f crenças na ati\•açJo 
rclar.ion.ada com Larcfas {Iklger e Dichlcr, 
2005; G-.:.r e G-.:r, 2005) cm ·..:ma vanc.da-
dc e.e urc:fas cognitivas , oompor.amcntai.; 
e emocionais .. •\ maioria envol\'c diferenças 
pc.c;ueru:.s. e rr.uiu:..s êela.s nao foram replica-
das - fatores c,ue impedem tirar conc.l·.LSOcs 
gcncral1z.aa.a.s crr. relaça.o a d1f crenças fun-
cionais ru csq::izofre..."'lia {Cap(tulo 2). 
Fatores neurocognlU~ 
Tanto Krncpcl1n quanto Bleulcr observaram 
d1ficulc.adcs nos processos cogniti\·os cU 
atcnç1o. memória e soluçao de pro.:>lc.mas 
cm pacicnt.cs cscuizof:tnícos, para os quais 
foram descnvol,idos testes sistemáticos na 
docada de 1940. Todavia. wance pane e.o 
• • • que se sa..'>e sonrc o comprome:umcnto cog-
nitivo n3 csq'-'izofrenLa acurnulo-.:-3C a panrr 
da décaêa de 1980. auando se LnicLou -..:m 
csf o~o conc~do de pesquisa ne:ssa arca 
(Golêbc1l:i. Da,'id e Gold , 2001). RCJchcn-
bcrg e l~::.rvcy (2007) punli::::.rar.l -.:.ma rc-
\'is~o de rc\isõcs quantitativas .5abrc 12 
domtn1os , incluindo capacidsde 1n1clect·..ial 
geral, mcmôna \'CT.Jal memoria n::.o ,·c:rbsl, 
!l!conhcc1mento, funções cxccuti\-..:.s. ru.bt-
ltd3dcs motoras, mcrnóri::. de trab.!lho. lin-
guagem, atcnr;.ao e \'elocidaêc do processa-
mcmo A pnnc1pal obscrvEçólo, condizente 
com estudas m::.LS antigas. é q-..:c ns pacien-
tes t(!m êcsempcnho inferior ao C.e con-
troles saudávcLS cr.t rt:\:ios os 12 com(nios 
ncurocogn1tt':os, fica.nco a diíercn1;2. m~di::. 
entre pacientes e controles entre 0,5 e 1,5 
dC5'.io-pae!3..o. Em •.iml! reVLS . .:lo q'-'antitativ.! 
de 20·i csruc.os bastante atada. Hcinrichs e 
Zabnis {1993) obscY\•aram que o desem-
penho dos pacientes ~ lnf erior cm todos 
os c.omfnios cogniti\ros, cm um:;. m~C.1a de 
q-.:asc um dcs.\'ÍO-p:!drao. I:xis.te bastante 
\-ana.nibê.ade entre os testes, com a mcmó-
ri::. verbal apresentando a maior c.1fcrcn~ 
(quase i S DP no paacntc mêdio. cm rela-
ça.o i rntcla dos controles entre os estudos) 
Heinnr..is (2005) observa c;ue as diferenças 
entre pac1cnte.s e controle.; cm t~tcs ncu-
rocogn1uvos sa.o m~Lto nuLorcs aue as di-
ferenças ob-.,,c!\'3.d::.s pam f ato!cs ncurobio.-
lógicos, oomo aauclcs medidos cm csLudo.s 
de imagem C:Slrut~ral Todavía, a.inda existe 
uma c;uanudade razoà1.-cl de sobrcpo-siç1o 
entre os doLs grupos. le,•ando à possibili-
d::.c!e de que ur.ia proporç.lo do.s pacientes 
se· a neuropsicolobicamcnte normal (Palmer 
ct a) .. l 997) - uma pos1r;.ao que n:":.o passo·..; 
inoontcstads {\.Vilk et ai., 200 5). 
EntrctanlO, as granccs difcrcnça.s oh.scr-
vac.as entre ~cientes e controles lc'Y';;.ram 
\'ânos autores a citar o cornprornc;.imcnto 
cogniti\-o como a caracrerlstica cc!"ltral d::. 
csquuofrc:nia , alcn de ser um elemento 
fundamental pan se entender ::. sua fisLopa-
tolog;a {G·..:r e Gur, 2005. ~lcLnnchs, 2u05, 
Kccfe e Ecslc}~ 2006, ~~acDon.ald e Carte!, 
2002: ~1::.rc:cr e fcnton , 2004). O compro-
metimcnro cogn1Li1.-o, de fato. emerge antes 
do in1cio da primclra psic~. Estudos lon-
gitud1nais proporcionam as mclnores c\i-
dcncias. Por c.xcmplo, obscí\rou-sc q·.:.c es-
cores baixas cm testes na inf1."lci:: previram 
o dcscn\.-ol\•lmcnto de csau1zofrcnia ::.dulu;. 
ern um::. amostra inglesa Ooncs , Rodgcrs. 
~1·.:rm)' e Marmoc, 199·' ). De maneira. scmc-
lha."'ILC, escores rn.lLS baixos cm s'i!btcstcs c:c 
Ql na sdotcsctncia prc\'irar.i o dcsc.nvolvi-
mc..'llO de cscuizof rcnca cm rocruLas succ.os 
(Oa\id, ~ta.lrnbcrg. Brandt. t\Ucbcckc lc\vis. 
L 997) e JSraclcnsc.s (Davidson ct al. , l 999). 
:\'cs.sc tltimo cst·.:do, o decl1nio Lntclca.ual 
começou durante a infl!.ncia e continuou 
aLra\its c:a adolcsc~ncLa, e era indcpc.ndc.ntc 
c:o g~nc.ro sr.ar.LS sooocconômu:o e ela ocor-
renc1a de t:ransc.omos psiquiatricos e ~o 
psiqui3trico.s (Rcu:..hcn:'>crg t:L al. , 2005}. 
Cs.sr..s mesmos pcsc:;uis.aêorcs rcadmL-
nl.SU'aram os subtestcs de Ql pa.""3. os 44 L"l-
C:l\1d-..:os q·.:c dcsenvolvCI':lm csauizofrerua 
e obscrvl1'3.m auc. embora albuns Lestes te-
nham aprc.scnuco dccltruo no ccscmpc.nho. 
no-:.:vc pouc.a mudança na mllona dos tes-tes. s..:.gcnooo que uma. proporção su:>.st.a.."l-
ci3l co dcchnio 1ntclccl·.:a1 j~ na\;:;. ocor.ido 
antes do inldo c:a primcin psu:o.sc ( Caspi 
et a1 • 2003), e parece c;uc a g.:-a\'idade do 
comprometimento ::ognitlvo no primeiro 
episódio ac csquizofrcn1s ~ indistingu1\•cl 
(d.a ordem de um DP c:c vana~o, cm mé-
êLa, no ccs.cmpcnho; co compromc1imcnlo 
obscf\'ll.do er.t lnd1i:têuos com esquizofrenia 
crôn1ca (c;o]d e C~recn , 2.005; Kccfc e Ecstcy. 
2006), sugerinco que s dcfic1~ncta nc·..:ro-
cogn1tt\'a é um c:cx; ::.spccto.i nuis cstá\•cis 
c:a csq·.:lzofrenh;. Cont.ribuindo pam essa 
pcrspccli\•a, revisôcs qusntitativa.s sugerem 
cuc o com prometimento cogn1d\•o e: -...m 
c:os mclnorcs indlc.ac:orcs dos problemas 
socais e vo::..:.cionais ::::.ractc.rl.sti~cs da '"3.5ta 
m3loria dos indiv1duo.s ponadorcs c:c csau1-
zof :rcnia (Grccn, 1996, Grecn Cl a1 . 2000j, 
Um s\•s.n~o tntcrcs.santc no cnLcndt-
mcnto da nc..:roc.ogn1Ç30 na csquizofrcnr.a é 
a observ::.çJ.o ba;t.antc repc.~iêa de que os fa-
mihares ~nétk:os de indivtduos oom esqui-
# • 
zo:rc..'lll apresentam wn compromcumcnto 
cogn1tivo atenuado, cuc é mais 6ravc c:o 
cuc nos controles s.a·.:d.á\•eLS (Rc1c.hcnbcrg 
e H3T\'C)', 2007). Em rnérua. 05 famtliarcs 
na.o ::.fctados diferem dos controles cm 0,2 
e•ap a Cogn 1 a ca esci_ zolren a 27 
l 0, 5 dc.sv10-p::.drao cm LOC.OS OS COr.ttruOS. 
Raquel e Rubcn G-..:r e .sc·.:s col.a'.:>oradorcs 
rcproéuz:iram esse mesmo psd!"lo de dados 
cm um c.c;t-..:do fam1li.3r mulu,gcncracional , 
demonstrando cuc 05 dorntn1os ncuroc:og-
nit1\'0s podem ser m::.rc.aêores gcnétlcos 
para a e:;quizofrcni.3 (Gur ct a1 , 2007}. 
Tratamento o prognóstico 
Conforme ob.scn-ac:o ru. scçJo anlcnor, a 
imagem moderna ds csquizofreni.3 ~ de llm3 
.stndromc complexa, c.i~da por uma '"3.ric-
dadc de fator~ gcnét..loo.s e ambicntat.s, CEda 
um m:.zc.né.o ur.u pequena contribu1ça.o 
para o dcscn>ol' .. imcnco de i:m l!ll.nstorno 
que cn\'ol\·c t~ c:1mcnsocs básicas de s1n-
toma.s. comprometimento ncurocogniti-....·o 
global e muitos dcf.cit.s ncuroanatõmioos 
e ncurofisiolôgicos pcqt:enos. Esta scça.o 
aborda uma dE..s gn:.ndcs w.·01uçocs d.a psi-
q·.:i.3tri3 modcm.J - o sd\"cnto do U'll.tamcnto 
aJ1tip.sicótico, qu.c se conccm natura.Lmcni:.e 
::om a disc11s".;.o sobre as resultados éc cur-
to e longo prazos a1car.i.çados por 1nc:1,1duos 
portadores de csauuofrcrua. 
Moclicamontos antipsjcóticos 
Parece diffcil acrcdic.ar que os n:cdicarr.cn-
Los antipsicõticos c:xistcm hâ apenas meio 
século. Um dos aucot'Cs (Bcck) lembra de 
forma ba.sta.ntc \1vida de um pertodo na r~­
sidcr:.cia crr. um t.ospaal ps1quiátrico onde 
p:icicnLCS com c.squizofrcrua eram tratados 
c.orn hidrotcrapia (algLLns deles se afoga-
varr.) e terapia por corr.a Jr . .sul.1nu:o (alguns 
deles morriam). Outros p:icicntcS, como a 
irm:l do famoso cscntor Tcnncsstt \\•'illia-
ms, faziam lobotomia fror.ta1, um tratamen-
to que cnav-a e.ar.tos problemas quer.Los os 
que rc.solv1a. [m Paris, cm 1952, Oenker e 
Dcby obscrvararr., quase por ac1der..tc. auc 
a clorpron:3.Zlna. o prin:ciro mcdicarncn-
Lo nc1..trolépcico, d1rninuCa as alucir..açôcs e 
delírios (l lcal)-, 2002), uma descoberta que 
a.ca~'>aria fX'! transformar o tra:an:ento da 
escuizofrcnia, levando à elimiroçlo dos 
tratamentos som.ldcos dubtos que dorr.i-
r.a\~ o trn.tan:ento do crn.ns:orr.o desde a 
\'lrada do ~culo XX. l\ clorprorr.az1r.a foi 
ll:L"'Oduz:ida nos [stados l:rtidos crr. 1951, 
e muitos corr.postas scmclr.antcs (da fa:n:.L-
l1a fouuiaitna) foram logo s1r.cecizados e 
tr:troduzidos, incluindo o haloperidol e a 
perfcnazina Com a 'ta.sta maiori.3 dos 1n-
d1\'1duos portadores de csqui=ofrcnta. r..o 
mundo dcscnvol\ido atualmcr.te tomando 
drogas antip.sicóucas, tal\·cz seja dif1cil er:-
cer:dcr o cctic:6-mo que recebeu os p!imct-
:os relatos da eficácia e.os medican:.entos 
r..eurol~pticos. Contudo, no começo da d~­
cada de 1960, t:.au vc dois falos no,·os. Pn-
mei:ramcntc, o [nsututo Kaaonal de Saúde 
~tenul (Kl ~tl 1) amcncano patrocinou um 
ensaio cor.L'1llado mndomizado rr.ultic~r..­
ctico, que dcrr.on.strou a eficácia das dro-
gas antipsicoli::as para reduzir os s1n1orr.as 
pslc6tu:os cm paacnccs corr. csquizof rcr..iJ. 
a.guaa (Guttmacr.er. 1964). rrr. scgur:do 
lugar, os pcsqutsadores haviam determina-
do que o mccar:ismo de aç1o dos medica-
mentos neurolépticos era o nloqucio d.os 
:rec<:ptorcs p0s--s1r:ap1 tcos do r..cu roL"'aru-
rni»Or dop.a.mina {1 IC:Jl;·, 2002; ~tiyamoco, 
Stroup. Duncan. :\o!lac Lieberman, 2003). 
Porém, as dror,.1s neurolépticas sâo ·sujas", 
r.o scnudo de que Lam:'>ém afctan: outros 
sistemas neurotransmissores no cérebro, 
causar.do efeitos colaterais corr.o s.:da~o. 
sanho de peso C efeitos co}aLet'alS CXtrapi-
:amtd3..lS ( C3pttulos 2 e 13, para rn.JlS dcca-
tt:.cs sobre a (armxodt~ca dos rerr.&bos 
antipsicõc1cos). 
Desde a n:ecaé.e da d~cada de 1970, 
ac.umutam-sc cvid~nc.ias de que os medi-
camentos an:ipsicOcicos ajudam a prc\'cnir 
rccatda.s: os padenLcs que dcscor.ttr.uarr. a 
rr..cdtcaçâo tl:m 3 a 5 ~.,.czcs matar prob.11l1-
lidade de ter uma recalda do que pacien-
tes que rrao dcsc.or.11r.uam a n:cdica~o. e 
os 1l3Cicnces que rrocam para um placebo 
apre.sentam uma taxa de rccafda ele,~ada, 
cm corr.paraçao com pacientes mar:udos 
com med1caçAo ar..tipsicóc.ica (~.tarder e 
\\'irshing. 2C03~ St:roup, Krai.ls e Mllrdcr, 
200õ). A introduçâo da clozaptr:a na d~­
cada de 1980 trouxe a segur..da gcraç3.o 
de rr.cd1c:imen1os antipsícóticos (Healy, 
2002). Esses agcr:tcs , que incluíam a ris-
pcTidona e a olanz.aptr.a. s:io os rcm~dios 
maLS prescritos para esquizofrenia nos [s... 
tados t:r..1dos e na E:.iropa, e arualrr.er.tc 
dominan: o craurr.cnto do transtorno. 1\s 
d rogas da segunda ge:raçâo t~n: um meca-
nismo de aç3.o d1fcrcnte (elas ar.tllsoniz.arr. 
a serotonina, al~m da dopam.ina) e foram 
considc:rad_as um marco cm termos de efi-
cácia (melhor). perfil de efeitos colatcraLS 
(rr.ais fa\·orá\"C]) e comprome11mcnto cog-
nitivo (reduzido) (He::aly, 2002). Todavia, 
os resultados das pesquisas foran:. decep-
c1onar.tcs ncs.sc scrttido, poLs csiudos bcn: 
delír.cados apresentaram pouca d1f crença 
err. eficácia entre os medicamentos antip-
sic()ÚCOS de prirr.el:ra e scgur.da ge:raç.10 
(Licberman cL al., 2005) Nenhum teve 
efeito melhor sobre a r.curocogr.içJo (Ke-
efe el ai.. 2007), levando 11.lgurtS pesqui-
sadores a qucsLtonar o maior custo dos 
rerr.~ios rr.ais r.ovos, cspcc:i.alrr.erttc pcl o 
elevado nsco de cf ei1os colarcrats mcu-
ból1cos, como di3bele (Ro.scnheck e~ ai • 
2006) Har.ow e Jobc (2007) rcccnt.emcn-
LC pubJicaram o resultado de um es;udo 
prospcc:ii:o de 1 S anos, no qual idcr.tifi-
caram urr. subgrupc de indi,·lduos corr. 
csqu1zofrcn1a que dcscor.tinuaram a me-
dicação an:ipsicótica e c1vemm perlodos 
de rccuperaç1o. Os autores propõc.m que 
seus resultados su&ercrr. a cxisrtncta de 
um subgrupo de indlvíduos com c.squ1zo-
frcr.la que rt3.o precisam pcrmar:ccer con~ 
tanLementc medicados para alcançar urr. 
bom :re::.-uluado. 
Prognóstico 
t\ d1Scord~no::. qu::.nto ao prognOSt.1co na 
csqutzofrcrua pocc, como mu1us out!JS 
cots::.s. ser rastread::. :ué Blc· ... lcr e Kracpe-
hn. Como já , -imos Kra.epchn era profun-
ca.mente pCS-'2-ir.lisu cu.ante a poss1bilid.acc 
cc uma melhora si&nifu:.au1,·a, e mu.110 m::.i.s 
êc rccupcmç~o \.K!"acpelin 197 ~). De f.Jw. 
Kraepclin a.rgumc:tt.:.\ a que ~ualcuc.r p~­
cicntc man1fcstando os s1n1orru:.s da dmcr:-
'.;a pra.t'Cax e crue melhoras"C postcnonnc.ntc 
tcn.a s1do êtagnosticado tncorrcw.mentc no 
1ntao (Runc 1990) B1cu1cr ( 1911/1950). 
por outro l::.d:>. obseri. ou cue 3 ~iori~ dos 
seus plCie::tlc:s melhora\:.?.. o sufic1cnlc para 
manter o emprego e a auto=-.suf1ci~nc1a. 
\\'arner ,2004) s-.;gcrc que a pcrspcctt\'3. 
J:U.15 otunlSl.3. cc Blculcr robrc os resuludm 
na. cscui2ofrc.nia. pode ser rcs ... lta1.,;o de seu 
Moc!.clo de tratamento s ..:penar, :>cm como 
cas cot'ldiçôc.s econômici!.S mais (avorj\•ei.; 
cuc caraacrizav::.m a Sulça nacuelatpca. 
üla!lrcse e Corrip;.n (2005) obser\'am 
cuc, alem êo prof•.indo 1mpac10 do seu 
trabalno nosolôgico , a \i.s1o pessimista ce 
Kra.cpcltn so!>:-c o ~Lllt::.do na c.sqüuofrc-
nu tC\"C üm 1mpac10 cc lonr,o prazo sobre 
:r. psiauutna, ?L'1.tc....:l.armcnte cm rcl.J~o as 
CA'JlCCtaUvas para o traLar.lcnto. Como la. \''i-
Mos a pcsqüisa nJ.o corroboro ... a aJegaÇJo 
central de Kracpclin de que a d~cnci.a. pra-
«ax e ncurodebc...,erau1;a. CC'ncuao, as c\'Í-
ctncl3S s.to m.JLS ambl~.llS qui.""ILO às ~'<a; 
ce rcc'.lpcraç:lo. O pc.ss1misrno kracpcl1ni.a-
no tende a p:c\i;.)cccr na. p:~icuiatru nonc-
-:unenun.a. cm cspcc.i:il Po: isso, ao di.sc.:.-
tir o rcsaluco n::. csq....:iz.ofrcni.a os a•.itorcs 
co DS:\.1-lll ,,\mc.ncan Ps\'Ch1ztr1c :\ssoci3-
' t1on, 1980. p. 6·r). ecoando o ptonciro, ac-
vcncm cue a :-crni.s.sJo dos s1ruoma.s oa o 
rc1omo ao func1onamcnto pre-morhido .slo 
t.ao raros q·..:e pro\'3\'clrncnLc rcsült.J.nJ.rn no 
qucsuoriamcnt~ cltnico êo êugnôsttco on-
girul". O DS~t-1\"-TR (/uncrica."1 Psychutnc 
:\sooa.tion, 2000 p. 30Q) nlo t muito m.lis 
oumist.'.!. no que t:L"lf;C ao tema do proAJlôs-
uc.o n:! esquizofreni.a. ·a :-cmiss.lo completa 
(o retomo ao íunctonament.o pr~-môrbtdo 
pleno) pro,~.;.vc.lmcntc n.ao scj::. comum nes-
se 1:a..""l.5tomo". 
t.xistc cc:sJ.Cordo qu.anto ao fato de a 
in1roduç!lo d.a mccicaç.;:,o antipsicô· ic:i ter 
melhorado os resultados o!luoos por 1nd11,1-
duos por...adorcs cc cscwzof rerua. 1 lcga.rt)' e 
colabora.dores ~1 lcga.ny, Balc~.;.nni, Tohcn, 
\\'atcrnaux e Ocpcn. 1994) publicar:im re-
sult::.dos de uma rnct::.náli.se mostrando cuc 
a propol\..10 ce boru prognôs11cos aumen-
10·..: entre 1950 e 1980. ;.:m pcnoelo cm cu.e 
os mcc1camen1os se LO!'!lamm ampla.mente 
di.sponfvcis. cm cooparaç.J.o com 1930-
1950. \\'arner ,2004) e O'.ltros (Hcaj7, 2002; 
Pcuskens. 2002) a:gurncnt::.rilm por o ..:.tro 
laca, com nasc cm revisões da bt.erat•..tra , 
q..:e os prognôsticos fu."lcion::.LS n.lo muca-
ram ce f onna scnstv·cl desde a introduç~o 
dos antips1cótico!' De qi..:alcucr modo .;ma 
grancc proporçJo de pacten1cs continua 
a t.er prognôs1icos dcsfuvor.t\·e1s no lon-
go pr:uo. l ~::.fncr e van der llciêen {2003) 
estimam cae a proporç.to de pacientes cm 
pnT:lcr•o cp~soê~o que apresentam mclno-
ra nos sintonus e mo t.tm recalda por m:us 
de cinco anos \"ana e.e 21 a 30%, sugcnnClo 
que a m.:.iori:;. cos paaenCccs t~m rccorrenci.a 
ou s1n1ona1olog1::. conttnu::. A mcta."l~l isc 
de Hcga.n}' e co1ahoracorc:s ~ l 094} estima 
que uma rnatori.a clara cc paacntcs entre os 
c.sludos t~l":l prognô.sticos ·cc.s(avor3.\"CÍs~ 
Oi.: ·cr0n1cos· Ro!>tr-..son e colaboraêorcs 
(2.004), ta1vC2 no melhor estudo do llPO , 
o~;,crvaram q'.lc 'i0% dos pac1enu:s de prt-
mc1 ro episódio úveram dois anos de rcrni.s-
s.ao dos sintomas (ni:.o m.a1s que sin~om.15 
positt\'OS •JcvcsN bem -::orno nJo maLS cuc 
sintomas ncgJU\'OS ·moêemdos") ao lons;o 
do pcnoC!o êc scg..:tmcn<.o cc cinco anos ::.o 
passo que 25$ U\'cram dois anos de funcio-
namento sociJ.l e \'OC2cionzl :i.Jcq:..a-o e, de 
man..::1:-a 1mporuntc, aocnas 12 sau.sfizc-
ram Locas os crittnos de rccupcraçJ.o por 
dois anos ou. mais. Devido à elevada qu.all-
dade do tratamento e adcsJ.o n~ e:studo, 
o result.aéo é '-"rn n:.:r.:.LO ln.'i~ie;tnte els cfica-
cb. da rncêic:.~J.o C.'=lStcn~ e de tmtamr.."ltos 
aLL'<ill::.rcs (Xl!3. mc.lhorar o f-..:noonamenlo 
social e \"O::::.oonal. 
c:alabrcse e CorriiJ?.n ,200.5) comentam 
os de:.z csruéos publicados sobre o curso êe 
lor.go prazo d::. csquizoíren1a. c::jo lcmpo 
mtd10 para a a\-::.liaçao de scg-.:in:er.Lo foi éc 
15 ar.os ou m.aLS. rmbora esses csrudoe dif-
ram ca: t.ennos da naclon.ahd::.de êos pMU-
cipr.1cs (alcmA. japo~1csa, smça. none-amc-
ricana). a ddtniç.to de csau1Z0frcnu lampls. 
ou restrita), a dcfiniç.l.o de rccupcr::.ç.10/ 
melhora (baseada nos sintotr.JS ou r.o fu::-
cior.am.cnto) e o tempo para o scg..:Ln:cr.LO {a 
a\"al1aç~o de seg..:1n:c:r.to a:~cia nesse .~po 
de c.stuéos é de 27 anos, e a Í3i.xa ~de 15 a 
37 anos). os rcsu.lt.>.d06 parecem ser bastaJ".te 
consl.Slcntes: o:i. seja, aproximaéamcntc 50% 
dos pacientes ~o classlficados como ·sem 
melhora 0 1.l crônicos", s1gnifc:.nêo c;ue. cm 
mtdia, esse gr..:po de ~acr..tcs tem m::.is êe 
duas docaéas e mcaa de incapaauçao. O es-
L'l:do lntcrnaaor.al sobre a esquizofrenia éa 
Organiz.:.~o ~·..:nd ial éa Saudc lHarrison 
c1 al., 2001) ítusua cs;a q::cstto de maneira 
Lnsugantc. J:nvolvcndo 18 Cc.!".lros de pcscw-
sa lnLcr:-..acionais e 1.633 pacientes c.om ::ma 
doença psicooc.a, os ::.utorcs relatam que os 
progr.ósticos foram fu.\'oráveLS p.1l'l tr.zus êe 
50% ca amostra ac.otr.p::.n.r.aêa.. Toc.a.\'i.a, essa 
c.oncl ... sao baseia-se cm uma avabaçao cllr.ica 
fc.iu cm ::.m:. CSC2.la de ·r pontos, e H.:.rnson 
e c.ob:,ora.dorcs (2001) argun:cnr.am q·.:.c 
dcf.niçOcs rru.i.; restritivas de prognósticos 
fa\'Orlve:is com cnttrío.; c.xpllcitos cc fur.-
c.ionarr.cr.to sa.o mais sLgn1fic.ati\'as. Quando 
cs.abelcccrr. ·..:m por.10 de cone mJr.itr.o para. 
o f..:incionamc.nto {t\valia-ç!o Global êo fur.-
c.ionaa:cr.to cf.:: õO ou Jll.31$1 lnêicando ')e\"C. 
mlnim.3 o·..: ncn.r.r.irr.a êificuldadc no f::.ru:Lo-
namcnto sociar), a oorccntagcm de prognôs-
tices favorá\rcis é de .38%. Quando se CXJgc, 
ad.idor .almcr.tc, a·..:e os paderucs na.o tc.r.h.:.rr. 
um suno aue exija crwi.mcnto pclo penado 
de cais ar.os. a porccntag•::m de progr.osticos 
íavora\-ci..; e de 16% Esse n·:mcro asscrnclha-
sc aos resultados êc Robinson e colaborado-
res (2004), é&utidos antcnonr..c.!".Lc. 
i\s eVlê~naas C:.'\:lSLCntcs 1usuficarn a 
conc.h~o de c,uc ·..:ma proporção Sl,&n1ftcati-
va de inci,1duos cugnastu:ados com csqui-
zofrc..."lla ~m prognóscicos àcsfa\"OrS.1."ClS. IX 
rr.ane:ira impomw.c. sc;am a\•ahados por pe-
r1oéos mcoorcs (5 a :o J.'los) o·.i maiores (15 
anos o..:. r.uis). os pro.gnásucos func1o:l3lS da 
rr.aiom dos ind1vlduos con: c.squizoírcnia 
p.arcce:rr. panic·..:farrr.encc compromel1cos, 
u:rn n:suJt::.do que ocorre mesmo cuando se 
aérrunistra o lratamcnto psicoI.:.nr.acolôgi-
co 1dc::.I por todo o pcnodo ce seguimento 
Para :rnclnorar os prognósticos dc.s.;cs i!ldi-
\ici.ios. ~ t"".:.ZOO\'cl cuc se dc\-am idcntifirar 
os Í3torcs cuc causam a disfu:nç.ao social e 
oc'l:~cional o~n-ada. E.sscs fatores. c:ruJo, 
podem scnir como meus cc inter.\'!nçocs, 
dcscnMchs cxpliaurn.cn.te p::.ra :melhorar os 
prognósticos e a qualiêaêc de \ida de JOOl\'(-
d::.os d13&1osuc:.dos com c.sa·..:tz0fre:."lLa. 
TERAPIA COGNITIVA PARA 
ESQUIZOFRENIA 
Os rncé1carncn1os an1ips1côticos, a1nc::. 
q-..:c eficazes t~m Li mtt::.çôcs importantes 
m'.litos pactentcS continuam a ter sini:omzs 
rcslduaLS êe pcnuf.">aç!o, apesar de: torna-
rem doses aceq·..:::.das, e, como J1 \'tmos, 
\ "árul.S cas caractcr1sticas maJS d6tlita."ltC:S 
da esquizofrc.ni::. s~o relatl\'amcntc: pou-
co ll"3.La.das pelos rncdicamc.."ltos (sintorru;.s 
ncgauvos, comprornc~imcntos funcional e 
desempenho ncurotOf:nitivo prc;udicaco) 
Essas hm1r::.çõcs, combtrucas com ::. po:i.c:. 
qualu:L:.dc ê.c ,;6 da rru.iori::. dos Lndi,·Cêuos 
com ~au1zofrcn1.a, leva.mm ao dcsc:n\."Ol\i-
me:nto da terapia cogntll'•'ª como tralllmcn-
to adjuvante. par::. Lndv.iduos clagnostLt:::.dos 
com esquizofrenia (Ch::.d"'lck c1 ::.l., 1996: 
r o\\·lcr e~ al., 1995; Kingcon e. Turkingt on. 
l 99·4). Embora CSS3 a.?ordagcm para :;. cs-
C'Uizofreni..l mostre a influcncta de pioneiros 
e.a ps1au1atri::.. como . .\.dol p.'1 ).le)'Cr, f lcnl'}· 
Stack S-.;lli\~an e Syf,·ano Areti. inílu~nc1as 
rnaJorc.s e mais próximas sa.o o moe.cio e.e 
Bcck para a c.c:pres~o (Bcck c:L sl., l 979) e a 
abordagem de D.l\'ld Cbrk para os tra~or­
nos de ::.nsicd::.dc ( l 986). ~c:sta s~a.o. con-
sjdcra:mos in1cial~nlc: a 00sc de c.vid(!noas 
cuc emergiu. principalmente no Reino Uni-
c.o, cm apoio à terapia cobftiuva para a cs-
cuizofrcnis. Depois, esboçamos nrc\"CrnC.'1Lc 
:;. f omr..:bçao e ::. tcrap1a co~1tiV"'...s para caêa 
1.:m dos p!incipa15 slntornas da esq"JLZOÍrc-
n1a, que. dcscre\-cremos

Continue navegando

Outros materiais