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UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE PROMINAS Aluna - SUSANE SAVOLDI SIEGA Curso – Gestão Escolar- Administração, Supervisão e Orientação. ATIVIDADE AVALIATIVA - TEXTO DISSERTATIVO Plágio Acadêmico E Ética Na Pesquisa CORONEL FABRICIANO - MG 2018 Há alguns anos vivenciamos os avanços tecnológicos a passos largos, o que torna todas as pessoas a irem à busca desses conhecimentos para a vida social, particular e profissional. Nos dias atuais com todo esse acesso à informatização, o jovem passou a manter contato com o mundo, ou seja, os trabalhos escolares e as pesquisas feitas dentro e fora da escola ficaram mais práticas de serem feitas. Embora o problema não seja novo, a revolução que a Internet proporcionou nas atividades, de busca e no acesso às novas informações acabou aumentando o plágio no campo educacional. O exercício de pesquisar não pode ficar restrito ao primeiro site encontrado, mas buscando-se a veracidade dos fatos através de informações históricas e, portanto, verdadeiras. O que temos visto em prática é o famoso ditado que corre pelas práticas educativas, “você finge que me ensina e eu finjo que aprendo”. Os alunos são convidados a executar e entregar exercícios, testes ou soluções para problemas e todas as informações estão a apenas alguns cliques de distância. Além das facilidades propiciadas pelo meio digital, o plágio educacional é impulsionado pela limitação do tempo, a carga excessiva de trabalhos e a dificuldade das tarefas propostas. Discutir sobre plágio parece, sobretudo, retomar uma prática antes já usada na vida do estudante, ou seja, desde seus mais jovens contatos com a educação formal, esse hábito, e conhecido como a famosa “cola”, compartilha algumas atitudes de quem, em um determinado momento, vê-se em ‘apuros’. Dessa forma, ainda que representando uma atitude politicamente incorreta, notabiliza-se como sendo em menor escala, não atingindo, portanto, grandes proporções, digamos assim. Segundo Ferreira (1999), plágio é assinar ou representar como sua a obra artística ou científica de outrem, é imitar o trabalho alheio, apresentar como seu conteúdo intelectual da obra de outra pessoa ou grupo. Para Moraes (2004, p.95), plágio é uma imitação fraudulenta de uma obra, protegida pela lei autoral, ocorrendo um verdadeiro atentado aos direitos morais do autor: tanto à paternidade quanto à integridade de sua criação. O plágio é considerado antiético ou mesmo imoral e é qualificado como crime de violação de direito autoral no Brasil. No entanto, caso a ação passe a aumentar ao longo do tempo e representar um posicionamento concebido como normal, provavelmente, ao atingir um patamar mais elevado da carreira, as consequências desse ato podem atingir uma escala em maior grau – o que pode gerar ao aluno estudante alguns “encargos”, muitas vezes difíceis de serem liquidados. Enquanto alguém que se vê diante da incumbência de cumprir com prazos determinados, convivendo em meio a tantas falhas por parte do orientador, entre outras circunstâncias, muitas vezes acaba optando por caminhos sinuosos e sem volta, sem se dar conta de que ao mesmo tempo em que a internet ajuda na busca de referências diversas nas pesquisas escolares, ela também incentiva o plágio por facilitar demais o acesso do estudante ao conteúdo já pronto. Observamos que atualmente, estudantes dos ensinos médio e superior são os que mais fazem uso de pesquisas escolares copiadas na íntegra ou parcialmente. O plágio escolar pode estar relacionado à falha de caráter dos estudantes, à preguiça e à facilidade de copiar textos de terceiros, e com todo o entusiasmo de ter feito um trabalho perfeito para entregar ao professor, o aluno nem percebe que ele é o mais prejudicado, pois deixa de aprender. O plágio é e vai contra a ética e a moral de do ser humano enquanto ser pensante, criativo capaz de desafiar qualquer limite de conhecimento. O processo de apropriação das informações contidas na Internet leva à reflexão sobre diversas questões, no entanto, destacamos duas, consideradas importantes no processo de ensino-aprendizagem: a exigência de novas metodologias de ensinar e aprender e as questões éticas inerentes ao seu uso. Com toda via notamos que com o surgimento do computador, mais especialmente da Internet, e a inserção do indivíduo no meio do trabalho e educacional, essa inovação se constitui como necessidade e exigência da sociedade moderna, que vem a desencadear processos de revisão e de construção de novas metodologias que atendam às necessidades da produção do conhecimento. Sendo assim, é necessária uma reflexão, por parte dos envolvidos no processo de formação da criança e do adolescente, quanto aos meios e métodos usados nessa produção, cabe à escola ao professor, em sua função indispensável como intermediário, reconhecer seu papel como tal, ou seja, É papel dos professores esclarecer os estudantes de que o uso de citações e textos de outros autores deve acontecer mediante a apresentação dos créditos e referências bibliográficas, informar a eles que a cópia de textos ou parte deles, sem a devida referência da autoria, constitui crime de plágio, conforme a lei n°10.695/03, sobre direitos autorais, que “prevê detenção de três meses a um ano de prisão ou multa. Se a violação for feita com intuito de lucro, a reclusão pode ser de dois a quatro anos”. Mas não basta apenas explicar o que é plágio e falar sobre a lei. A escola, enquanto formadora de opiniões, deve criar valores éticos e morais, conscientizar os alunos de que copiar um texto pronto não é vantajoso, mas que o melhor é ele próprio ser autor do seu texto, escrevendo-o com suas palavras. Para o aluno, a falta de informação e de conscientização de que sua vida escolar é a responsável pelo seu futuro profissional, pode até ser aceita, em razão da imaturidade, pouca responsabilidade e falta de compromisso, normais da faixa etária. O que não dá pra engolir é a falta de compromisso dos profissionais, que não se colocam como educadores, como formadores de conceitos, se esquivando de suas responsabilidades sociais, mantendo atitudes favoráveis ao comodismo próprio, ao invés de lutar contra a educação de péssima qualidade. O professor como mediador tem um papel primordial na sua vida como educador, ou seja: [...] a de orientador/mediador intelectual – informa, ajuda a escolher as informações mais importantes, trabalha para que elas se tornem significativas para os alunos, permitindo que eles as compreendam, avaliem – conceitual e eticamente, reelaborem textos e adaptem-nas aos seus contextos pessoais. Ajuda a ampliar o grau de compreensão de tudo, a integrá-lo em novas sínteses provisórias. (MORAN, 2003, p. 30). Sendo assim subtende-se que a questão ética no uso da internet para o ensino aprendizagem dos educandos faz com que a pesquisa de Asenjo (1997) define quatro princípios éticos essenciais: São eles: 1. Intimidade: diz respeito à confidencialidade e à invasão dessa intimidade. Parte- se do princípio de que a informação é privada e só deve ser compartilhada com quem realmente tem direito a ela; assim, os usuários da Internet devem manter certo respeito com relação a essas informações, não as compartilhando com quem não tem direito ao seu uso. 2. Exatidão: requer que o usuário da informação encontrada na Internet a mantenha exatamente como a encontrou, sem alterá-la. 3. Propriedade Intelectual: requer que os usuários das informações respeitem os direitos de autoria e que sejam sempre citadas as referências adequadas, para o devido reconhecimento da propriedade pessoal e intelectual e para a investigação da autoria da redação.O usuário deve evitar copiar programas, bases de dados, arquivos, informações etc., pois, sendo propriedade intelectual que não lhe pertence, poderá estar cometendo delitos e, consequentemente, sofrerá punição por lei. 4. Acesso: trata dos direitos das pessoas à informação encontrada na Internet e que deve ser igual para todos, diminuindo as desigualdades sociais. Portanto todo aluno deve entender que quanto mais ler, pesquisar e investigar sobre o assunto desejado, mais conhecimentos vai adquirir, e que com esse saber adquirido vai ser capaz de produzir os seus próprios textos e trabalhos, basta ter criatividade e vontade de crescer em todas as áreas, e não copiar algo pronto e acabado que outra pessoa se esforçou para fazer, mas sim criar algo que o faça entender que é capaz de expor suas próprias ideias. Entende-se, portanto que a ação ética ancora-se, na intencionalidade da ação, na relação da consciência para consigo mesmo, na integridade do ser humano frente a seus semelhantes. A Partir dessa definição, espera ‐se que o sujeito, ao elaborar uma pesquisa científica considere a ética em suas buscas; que a sua pesquisa se baseie na consciência da verdade e as suas palavras tragam a integra dos resultados a partir de pensamentos únicos diante de um determinado problema; Que seja não apenas um sujeito ao elaborar uma pesquisa, mas um sujeito moral, capaz de distinguir entre o bem e o mal e, portanto, capaz de se desviar do caminho prescrito, e capaz de decidir, de escolher e de deliberar pelo reconhecimento da fronteira entre o justo e o injusto. Quando pensamos em ética, logo vem à ideia de virtude, moral, pois é nestes que a ética ancora sua verdade. Aristóteles (1987) define a virtude como uma disposição de espírito, que desabrocha pela força do hábito. Remeter‐se ao hábito requer, contudo, valorizar a formação: daí pode depreender a dimensão pedagógica da ética. A Ética é utilizada para conceituar deveres e estabelecer regras de um indivíduo seja em sua vida social, em suas atividades profissionais, em seu relacionamento com clientes e demais pessoas ou até mesmo nas amizades. Preocupados em como os profissionais atuam em suas áreas e levam a ética acima de qualquer decisão que envolve outro ser humano, surgem os códigos de ética profissionais, os quais oferecem orientações, estabelecem diretrizes, visto como um conjunto de princípios que regem a conduta de uma profissão. É o que se chamamos de ética profissional, existente em praticamente todas as profissões e na sociedade. Aristóteles não descarta, porém, o lugar da natureza na obtenção dos dons humanos. Pelo lugar natural, em tudo o que se revela expressão dos sentidos, o homem adquire a potência, a qual será, há seu tempo, exteriorizada em ato. No tocante à virtude, sucederia outro movimento: é pelo exercício que se adquire a prática do bem ao praticar a justiça, tornamo‐nos justos (ARISTÓTELES, 1987, p. 27). Pelos atos que praticamos com os outros homens nos tornamos justos ou injustos; pelo que fazemos em presença do perigo e pelo hábito do medo ou da ousadia, nos tornamos valentes ou covardes. O mesmo se pode dizer dos apetites da emoção e da ira: uns se tornam temperantes e calmos, outros intemperantes e irascíveis, portando‐se de um modo ou de outro em igualdade de circunstâncias. Numa palavra: as diferenças de caráter nascem de atividades semelhantes. É preciso, pois, atentar para a qualidade dos atos que praticamos (Idem, p. 27‐28). Portanto o Plagio é crime, e por isso, a propriedade intelectual, em qualquer de suas formas, é protegida por lei. A legislação brasileira protege a propriedade intelectual. De acordo com o Ministério da Cultura (MinC): A propriedade intelectual lida com os direitos de propriedade das coisas intangíveis oriundas das inovações e criações da mente estão sob proteção legal a propriedade industrial, os cultivares e também o chamado direito autoral. A propriedade intelectual protege as criações, permitindo que seus criadores usufruam direitos eco‐ nômicos sobre produtos e serviços que podem resultar de suas obras (BRASIL, 2008). Assim, o que temos atualmente é uma grande quantidade de pessoas acostumadas com o sistema de transcrição de trechos de enciclopédias ou revistas para a realização de trabalhos escolares e muitas outras que já nasceram na era digital, mas que seguem o mesmo princípio de transcrição, só que sem nem ao menos escrever. Com a facilidade das buscas por textos em ambientes virtuais, a prática de transcrição agora é reduzida ao famoso copiar e colar. Em muitos casos, as pessoas modificam apenas algumas palavras do texto e a partir daí o tratam como um texto “seu”. Sei que para muitos estudantes a sessão da fundamentação teórica é muito difícil de redigir, mas não se trata de uma sessão obrigatória no trabalho por acaso, é uma etapa essencial da pesquisa. Escrever sem leituras anteriores é realmente dificílimo. É necessário estudar o tema, iniciando por conhecer de forma ampla e então optar por questões a se aprofundar, até sentir que não há pontas soltas na explicação do problema. É preciso ler e sentir que dificilmente haverá como alguém (os leitores, a banca, a comunidade, você) ter a dúvida “de onde saiu isso?”, tanto conceitualmente (na formulação da ideia), quanto na indicação das fontes, pois estará claro no texto. Enfim, apesar dos esforços de avisos e alertas contra o plágio, acredito que para diminuir/acabar com essa prática, seria interessante buscar ensinar mais sobre os processos de leitura, estudo e pesquisa, preferencialmente desde o ensino básico. Na contramão das práticas imediatistas, é preciso ficar claro que se trata de um processo trabalhoso, que demanda tempo, mas que é muito recompensador em termos de descobertas e aprendizados, além do enriquecimento social trazido pelo conhecimento produzido. A reflexão sobre ética na pesquisa é uma preocupação bastante importante em todas as áreas da ciência, pois o uso da literatura e autores de modo errôneo e ofensivo vem demonstrando cada vez mais situações de plágio em trabalhos que deveriam ser sérios e éticos. Portanto a falta de ética na pesquisa cientifica indica a falta de capacidade do pesquisador, pois uma pessoa que copia obra alheia sem autorização e sem citar a fonte, se certifica da sua incapacidade, seja por falta de tempo em pesquisar ou simplesmente por não ter interesse. Acaba por se submeter a algo ilegal; o plágio acaba por revelar desonestidade intelectual. O plagio em décadas passadas dificilmente era diagnosticado. Mas nos dias atuais com tanta informação e com Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs as quais correspondem a todas as tecnologias que interferem e medeiam os processos informacionais e comunicativos dos seres, os plágios já podem ser identificados facilmente nos trabalhos de pesquisas. Essas tecnologias são entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções de hardware, softwaree e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem. A pesquisa cientifica quando plagiada, compromete a qualidade e os resultados dos trabalhos realizados. O mais importante é que todas as pessoas estejam atentas e sejam cuidadosas quanto ao problema do plágio, orientando-se pela consciência ética, a única capaz de preservar e potencializar uma sociedade, independentemente de processos e ideologias hegemônicas que tentam dominá-la. Cabe fomentar a discussão da função educativa que vai além do aspecto técnico do ato de pesquisar, mas que inclui o aspecto ético da produção e publicação científica. Referências ASENJO, P. B. Cuatro principios de ética em Internet. Australian Computer Journal,Chippendale, v. 29, n. 1,p. 2-5, fev. 1997. CABRAL, P. Revolução tecnológica e direito autoral. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1998. MORAN, J. M. Gestão ino%adora da escola com tecnologias. 2003. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/gestão.htm>. Acesso em: 20 out. 2018. BONETTE, Luzia Maristela Cabreira; VOSGERAU, Dilmeire Sant’Anna Ramos. .e plagiarism by means of the internet: an ethical this from school. Educação em Revista,Marília, v. 11, n.2, p. 7-22, Jul.-Dez. 2010. Contornos - Educação e Pesquisa: Plágio em trabalhos e relatórios: é ... http://www.contornospesquisa.org/2017/06/sobre-o-plagio-em-trabalhos-e.html 7 jun. 2017 acesso em 20/102018. ARISTÓTELES. “Ética a Nicômaco”. Coleção Os Pensadores, vol. II. São Paulo: Nova Cultural, 1987. BRASIL. Associação Brasileira de Educação a Distância. Implantação de um software detector de plagio para analise das questões dissertativas do ambiente virtual de aprendizagem TelEdic. Disponivel. em: http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2008/ARTIGO_17_ RBAAD_2008, acesso em 20 de outubro de 2018. LÉVY, PIERRE. As tecnologias da inteligência. Coleção trans. Editora 34, 1993. MAURER, H., KAPPE, F., & ZAKA, B. Plagiarism ‐ A survey. J‐Jucs, n. 12, vol. 8, 2006, p. 1050‐1084. PAIVA, V.L.M.O. Reflexões sobre ética na pesquisa. Revista Brasileira de linguística aplicada. Belo Horizonte, Vo. 5, n.1.p.43‐61, 2005. Moraes, r. O plágio na pesquisa acadêmica: a proliferação da desonestidade intelectual. Revista Diálogos Possíveis, Faculdade Social da Bahia, Bahia, n. 1, p. 92-109, 2004. http://www.contornospesquisa.org/2017/06/sobre-o-plagio-em-trabalhos-e.html http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2008/ARTIGO_17_RBAAD_2008 http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2008/ARTIGO_17_RBAAD_2008
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