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Tema: Contratos Empresariais – Noções e princípios Disciplina: Contratos Empresariais Professora: Karin Cristina Bório Mancia Contratos empresariais 1.Noções gerais (aula passada): • O empresário celebra diversos contratos. Podem ser empresariais, de trabalho, de consumo e com a Administração Pública. • Contrato é um tipo de negócio jurídico, onde há acordo de vontades tendo por fim criar, modificar ou extinguir direitos. • Será MERCANTIL ou EMPRESARIAL quando os dois contratantes forem empresários, ou seja, quando ambos exercerem, profissionalmente, atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços (art. 966, CC). Contratos empresariais • Podem eventualmente se submeter às regras do Código de Defesa do Consumidor – CDC (Lei n. 8.078/1990), bastando para tanto que um dos contratantes assuma a posição de consumidor, ou seja, de destinatário final do produto ou serviço negociado, nos termos do art. 2º do CDC. • Não houve unificação substancial entre o Direito Civil e o Direito Empresarial, entretanto, no campo obrigacional, tanto os contratos cíveis quanto os empresariais são regidos pela MESMA DISCIPLINA GERAL: o Código Civil de 2002, arts. 421 a 480. Para qualificá-los como cíveis ou empresariais, depende das circunstâncias que são celebrados. Contratos empresariais 2. Teoria Geral do Direito Contratual • Os contratos são uma espécie de negócio jurídico. • Os negócios jurídicos podem ser unilaterais (forma-se a partir da declaração de vontade de uma única pessoa) e bilaterais (formam-se a partir de declarações coincidentes de vontade de mais de um indivíduo). • O contrato é uma espécie de negócio jurídico BILATERAL. Contratos empresariais 3. Princípios Gerais dos Contratos a) AUTONOMIA DA VONTADE – assegura às partes a liberdade de contratar, desde que respeitada a função social dos contratos (CC, art. 421). • As partes são livres para escolher: COM QUEM, O QUE, COMO. • Autonomia não é absoluta, limitada pela necessidade de atendimento à função social (art. 421) e também pelos preceitos de ordem pública e respeito aos bons costumes. Contratos empresariais Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. – redação original. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade Econômica. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes será excepcional. –MP 881/2019. Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. – Projeto de Lei de Conversão 17/2019. Contratos empresariais • Nas relações empresariais há uma maior liberdade de contratar, mas isso não significa que tudo pode ser contratado, pois, somente poderá ser contratado aquilo que não ofenda terceiro. • Outra perspectiva do princípio é relativa à possibilidade conferida às partes para criação de contratos atípicos, expressamente consagrada pelo art. 425 do CC. A atipicidade deveria ser a regra geral nos contratos empresariais (liberdade para celebrar qualquer tipo de contrato). Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Contratos empresariais • Alguns autores desdobram o princípio em dois: liberdade de contratar (faculdade de realizar ou não o contrato) e liberdade contratual (estabelecer livremente o conteúdo do contrato). • Enunciado 21 (1ª Jornada de Direito Comercial, CJF). Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural das relações interempresariais. • Enunciado 26 (1ª Jornada de Direito Comercial, CJF). O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial. • Enunciado 29 (1ª Jornada de Direito Comercial, CJF). Aplicam- se aos negócios jurídicos entre empresários a função social do contrato e a boa-fé objetiva (arts. 421 e 422 do Código Civil), em conformidade com as especificidades dos contratos empresariais. Contratos empresariais b) PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO – basta para a constituição do vínculo contratual o acordo de vontades entre as partes, sendo desnecessária qualquer outra condição – negócio jurídico bilateral. • As partes são livres para escolher: COM QUEM, O QUE, COMO. • Fogem esta regra os contratos reais (necessitam da entrega de determinada coisa, por ex. mútuo, comodato, depósito, etc.) e os contratos solenes (exigem formalidades específicas, sem as quais a relação contratual não se aperfeiçoa). Contratos empresariais c) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE – a relação contratual produz efeitos somente entre as partes contratantes e aos seus herdeiros (salvo quando personalíssimo) e não se estende além do objeto da avença. Pode-se dizer que o princípio apresenta dois aspectos: • Aspecto subjetivo – vale entre as PESSOAS que o celebram, não produzindo efeitos perante terceiros estranhos à relação. • Aspecto objetivo – está restrito ao seu OBJETO, não atingindo bens estranhos a este. Contratos empresariais • EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO – existem alguns contratos que produzem efeitos em relação a terceiros, não vinculados à relação contratual. Ex.: seguros em favor de terceiros. • TEORIA DA APARÊNCIA – quando um contratante engana- se diante de uma situação aparente, tomando-a como verdadeira, podem ser criadas obrigações em relação a terceiros que não atuaram diretamente na constituição do vínculo contratual. Ex.: excesso de mandato, continuação de mandato encerrado, representação comercial além das orientações do representado. Contratos empresariais d) PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA – os direitos e deveres assumidos no contrato valem como lei entre as partes (pacta sunt servanda). Em consequência da força obrigatória dos contratos, está implícita a cláusula geral de irretratabilidade e de intangibilidade, fundamental para a garantia da segurança jurídica das relações contratuais. • EXCEÇÃO - TEORIA DA IMPREVISÃO – os direitos e deveres assumidos em um determinado contrato podem ser revisados SE houver uma alteração significativa e imprevisível nas condições econômicas que originaram a constituição do vínculo contratual (cláusula rebus sic stantibus) – CC, art. 478. Contratos empresariais Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. • Segundo alguns autores a teoria da imprevisão deve ser afastada dos contratos empresariais. Alguns fatos considerados extraordinários e imprevisíveis em contratos de consumo não o são nos contratos empresariais. A esse respeito enunciados 23 e 25 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: Contratos empresariais Enunciado 23 (1ª Jornada Direito Comercial, CJF). Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto contratual. Enunciado 25 (1ª Jornada Direito Comercial, CJF). A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve-se presumir a sofisticação dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada. Contratos empresariaise) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ - entende-se que não se deve fazer prevalecer, sobre a real intenção das partes, apenas o que está escrito no acordo firmado. Em todos os contratos há certas regras implícitas, decorrentes da própria natureza da relação contratual firmada. Além disso configura a necessidade das partes contratantes atuarem com boa fé na celebração do contrato, bem como na sua execução. (CC, art. 422). Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Contratos empresariais Enunciado 27 (1ª Jornada Direito Comercial, CJF) Não se presume violação à boa-fé objetiva se o empresário, durante as negociações do contrato empresarial, preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de informações reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em risco a competitividade de sua atividade. (Obs. O contrato de NDA – “Non Disclosure Agreement” [Contrato de Confidencialidade] é um acordo que as partes que o assinam concordam em manter determinadas informações confidenciais) Enunciado 170 (3ª Jornada de Direito Civil, CJF). A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. Contratos empresariais • EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO – uma parte contratante não pode exigir o cumprimento da obrigação da outra parte se não cumpriu também a sua obrigação respectiva (exceptio non adimpleti contractus). Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar- se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. Contratos empresariais 3) Requisitos de Validade • Capacidade das partes. • Objeto lícito. • Forma prescrita ou não defesa em lei. • Consentimento recíproco entre os contratantes.
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