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Atividade de Filosofia

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“NÃO SE ENSINA FILOSOFIA, MAS A FILOSOFAR”
A afirmativa de Kant “Não se ensina Filosofia, mas a filosofar”, enseja
uma série de questionamentos acerca do ensino de filosofia. A assertiva
coloca uma questão importante, ou seja, se não se ensina filosofia, mas 
a filosofar, como se aprende a filosofar? Nesse sentido, há um ponto 
de partida importante que, por analogia, pode conduzir o raciocínio a 
partir da idéia de que em educação só se aprende “fazendo”.
 O ato de aprender está vinculado ao ato de fazer, ou seja, de inserir os conteúdos 
teóricos nas práticas em torno do objeto que se deseja conhecer. O raciocínio pode ser 
transportado analogicamente para o ensino de filosofia para concluir, pelo menos 
provisoriamente, de que se ensina a filosofia “filosofando”, daí poder-se inferir, por extensão 
de raciocínio, que “não se ensina a filosofia, mas a filosofar”.
O problema que se apresenta, a princípio, é o fato de que a filosofia não se define por 
um objeto e método próprios como na ciência. A idéia de que a filosofia abarca 
conhecimentos difusos e que também se ressente de um método próprio faz que alguns 
pensem que o filosofar não é seguro. A idéia difusa do conhecimento filosófico faz surgir um 
outro questionamento: em que consiste, então, essa ação que o filosofar aponta? O que 
deve caracterizar o filosofar?
A ação que o filosofar aponta é a exigência de um método na forma de um exercício, além de
uma atitude que deve ser filosófica LUCKESI (1992). A atitude filosófica requer o afastamento
de diversos preconceitos, entre eles, aquele que leva as pessoas a pensarem que o filosofar 
é inútil, difícil e complicado, como se fosse tarefa para gente ultra-especializada. No entanto, 
a atitude filosófica requer uma postura diferenciada, mesmo diante da constatação do alto 
grau de saber de alguns filósofos, deve-se entender que o filosofar não está fechado 
somente aos filósofos consagrados ou com formação acadêmica relevante.
A filosofia não se restringe ao campo limitado da ciência, embora possa ser uma 
reflexão sobre a ciência. A filosofia é um corpo de entendimentos que compreende e dá 
significado ao mundo e à existência. Nesse sentido, importa saber como é que se constitui
a filosofia, como é que se constrói esse corpo de entendimentos, que se pode assumir 
criticamente como aquele que se quer para o direcionamento da própria experiência e das 
questões fundamentais que envolver o ser, os valores, a realidade e as práticas.
O exercício do filosofar proposto por LUCKESI (1992), no capítulo denominado “o exercício 
do filosofar”, demanda a execução de três passos didaticamente seqüenciais, num 
processo dialético. 
1 - O primeiro passo do filosofar é inventariar valores que 
explicam e orientam a própria vida e a vida da sociedade, e 
que dimensionam as finalidades da prática humana. Deve-se, 
portanto, perguntar quais são os valores que dão sentido 
e orientam à vida familiar; se se está analisando a família, 
quais valores compreendem e orientam a vida econômica, 
se se estiver questionando a economia; quais valores compreendem e orientam a 
educação, se se estiver questionando a educação, ou seja, se esta for o objeto de 
estudos e assim por diante. 
O objetivo de questionamentos dessa natureza é levar o sujeito a tomar consciência 
das ações, do lugar para onde se está e da direção que toma a vida. Direção que nasce 
tanto da consciência popular como da sedimentação do pensamento filosófico e político que 
se formulou e se divulgou na sociedade com o passar do tempo.
2 - O segundo passo do filosofar é o momento da crítica. Depois de realizado o inventário 
de valores é preciso submetê-los à crítica, questioná-los por todos os ângulos possíveis para 
verificar se são significativos, e se compõem o sentido que se quer dar à existência.
3 - O terceiro passo do filosofar é o momento da construção crítica de valores que sejam 
significativos para compreender e orientar as vidas individuais e dentro da sociedade como 
guia da ação na direção mais correta.
A frase de Kant “Não se ensina filosofia, mas a filosofar” inserida nos processos de 
aprendizagem revela uma verdade da filosofia como corpo de entendimentos, mas se 
distancia de uma verdade absoluta nos confins da terminalidade genérica, que exige 
apreensão de conteúdos expressos nas idéias filosóficas e nas principais correntes de 
pensamento, e permita ao aluno, ao final, dizer que aprendeu filosofia.
REFERÊNCIAS
LUCKESI, C. C. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1992.
PALACIOS, José Gonzalo Armijos. Ensina-se a filosofar, filosofando. Disponível em: 
http://revistas.ufg.br/index.php/philosophos/issue/view/567/showToc. Acessado em: 
02.set.2009.
	“NÃO SE ENSINA FILOSOFIA, MAS A FILOSOFAR”

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